Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
vu
Editorial
Não vamos neste editorial fazer um sumário dos textos do Bole-
tim, eles estão aí para ser lidos, relidos e interiorizados na sua tota-
lidade.
Um evoliano de além-mar que nos contactou e que tem vindo a
acompanhar o nosso trabalho pretende, em terras do Brasil, reunir
gente a quem Julius Evola influenciou e criar aí, de alguma forma,
uma “simbiose” com a Legião Vertical.
É sempre bom sabermos que estamos a ter “audiências” por esse
mundo fora e, como lhe dissemos, nós precisamos de gente limpa e
saudável e com vontade de fazer coisas… sem demasiado alarido,
sem grande fogo, mas com uma pequena chama tranquilamente
acesa, à qual possamos facilmente colocar a mão à frente para a
proteger de tempestades.
Uma chama que não se apague e que seja cuidadosamente porta-
da por legionários com características precisas pode, se necessário, Capa: uma das estátuas expostas no Foro Italico
Evocação
Teoria
2. Sobre a imagem de Platão na Alemanha deste período veja-se: J. Bannes, Hitlers Kampf und Platons Staat, Berlim e Leipzig 1933 e Die Philoso-
phie des heroischen Vorbildes; C. Bering, Der Staat der Königlichen Weisen, 1932; K. Gabler, Platon der Führer, 1932; H. Kutter, Platon und die
europäische Entscheidung; F. J. Brecht, Platon und der George-Kreis, Leipzig 1929.
3. Platon als Hüter des Lebens, Munique 1928, p. 66.
4. Op. cit., p. 39.
5. Op. cit., p. 46.
Boletim Evoliano 6 www.boletimevoliano.pt.vu
oras da Europa»
escrever um texto que Romualdi, é talvez neste texto mais
hoje, quase setenta anos protagonista do que nunca, precisa-
depois desses dias, tem mente por desenrolar-se nestas últi-
tanta importância e actua- mas e terríveis horas uma furiosa e
lidade. desesperada luta na qual a Europa
Independentemente dos jogava a sua própria existência.
factos históricos, que não Naquelas últimas horas, mostrou-se
obstante, é preciso recor- mais real do que nunca a consciên-
dar desde uma perspectiva cia da verdadeira identidade euro-
diferente da da propagan- peia e da necessidade da luta sem
da dos vencedores, sobeja- quartel contra aqueles que com a
mente conhecida, e que força das armas destruíam o sonho
Romualdi, como bom his- do renascer europeu, a herança mile-
toriador, relata e contra- nar e os princípios de uma civilização
põe de forma magistral, que se recusava a desaparecer.
talvez o mais importante Aqueles foram os últimos momentos
deste livro seja a mensa- da Europa, mas não da ideia de Euro-
gem que o seu autor dá a pa, uma ideia que deve fortalecer-se
conhecer, sendo funda- na luta ainda não finalizada, uma
mentais duas ideias: por luta que como Romualdi bem sabia
um lado, o exemplo de começa nos que se reconhecem her-
abnegação, resistência e deiros dos valores e exemplo daque-
heroísmo de uma geração les que morreram heroicamente pela
de militantes que levou os única e verdadeira Europa, valores
seus valores e ideais de que constituem o fundamento para a
defesa da identidade e recuperação de ideais quase esque-
essência da Europa às últi- cidos, ficando patente com este últi-
mas consequências, repre- mo sacrifício, que daquela derrota
sentando um exemplo e os devem surgir as energias e a vontade
valores hoje necessários, para a recuperação da identidade,
para quem se sabia resistente face a mais do que nunca, para resistir às futuro e destino europeu.
um mundo que em todas as suas últimas e mais perigosas fases do Adriano Romualdi encarrega-se,
dimensões lhe era estranho e inimi- processo de dissolução que se ini- trinta e cinco anos depois da sua
go. Por isso, não é de estranhar que ciou para a Europa durante as jorna- partida, com este magnífico e reco-
um tema como o dos últimos dias da das em que decorre este relato. Por mendável texto, de manter viva a
última Guerra Mundial tenha desper- outro lado, a ideia de Europa, presen- chama desta antiga e eterna luta.
tado nele o interesse suficiente para te em toda a obra e pensamento de
Doutrina
O problema da raça
Julius Evola* Estado, apresentou-se como a mistu- domínio da raça física, se pudesse
———————————————— ra entre uma variante da ideologia alcançar a reintegração quase auto-
nacionalista de fundo pangermanista mática de todos os aspectos da vida
O racismo, como sabemos, teve e ideias do cientismo biológico. Rela- de uma estirpe e de uma nação. O
desde o início uma grande importân- tivamente a estas últimas, Trotsky que, de uma maneira geral, se pode-
cia no âmbito do nacional- não andava muito longe da verdade ria considerar justo neste conjunto
socialismo; sob as suas for- de ideias, seria a ideia segun-
mas extremistas, pouco mais do a qual não é o Estado, a
que primitivas, sob as quais o sociedade ou a civilização em
mesmo tinha sido em geral abstracto que têm um valor
afirmado em tal movimento, decisivo, mas sim uma “raça”
constituía um dos aspectos correspondente, mas apenas
mais problemáticos e neces- na condição de se conceber a
sitados de rectificação do III raça num sentido superior,
Reich. Se por um lado o racis- quer dizer, como a substância
mo se associou ao anti- humana mais profunda e ori-
semitismo, por outro acabou ginária. Podia-se assim reco-
por criar tendências “pagãs”, nhecer a importância e a
cujo principal representante oportunidade de uma “luta
foi Alfred Rosenberg. Na épo- pela visão do mundo” confor-
ca de Imperialismo Pagão me ao homem ariano e espe-
Rosenberg, que conheci pes- cialmente nórdico-ariano, ten-
soalmente, supôs que eu do por finalidade uma revisão
seria o representante italiano geral dos valores que vieram
duma corrente análoga à sua. a tornar-se predominantes no
Na realidade, as diferenças mundo ocidental. Por seu
eram muito importantes. No lado, o fanatismo anti-semita
seu livro mais conhecido, O aparecia como negativo, ten-
Mito do Século XX, Rosenberg do-se lamentavelmente torna-
também se referiu a autores do para muitos em sinónimo
como Wirth e Bachofen, pro- de racismo.
curou remeter-se à tradição Tive oportunidade de tomar
nórdica das origens e dar várias vezes posição contra o
uma interpretação dinâmica, racismo materialista. A pro-
sob uma base racista, das pósito do neo-paganismo nazi
diferentes civilizações e da declarei, numa conferência
sua história. Mas tudo isto de de imprensa a propósito da
forma superficial e aproxima- Estátua da autoria de Arno Breker, representação perfeita conferência que proferi em
da, e sobretudo num contexto do ideal racial nacional-socialista 1936 no Kulturbund de Viena,
adaptado às finalidades políti- que as teorias em questão
cas quase exclusivamente alemãs. quando definia o racismo como um eram de modo “a tornar católico até
Faltava pois, a Rosenberg, qualquer materialismo zoológico. Recorreu-se aquele que tivesse a melhor disposi-
compreensão da dimensão da sacra- à biologia, à eugenia, à teoria da ção para se professar pagão”. É tam-
lidade e do transcendente: daí sur- hereditariedade tomadas tal como bém significativo que Mussolini
gia, entre outras coisas, uma polémi- eram, ou seja, nos seus pressupostos tenha prestado atenção a um ensaio
ca primitivíssima contra o catolicis- totalmente materialistas. Chegou-se meu intitulado “Raça e Cultura”, apa-
mo a qual, numa espécie de Kultur- a supor uma dependência unilateral recido em 1935 na Rassegna Italia-
kampf renovada, não recusava os do superior em relação ao inferior, na, tendo feito saber à revista a sua
argumentos mais disparatados de quer dizer, da parte psíquica e supra- aprovação. Neste ensaio, eu afirma-
inspiração iluminista e laica. O “mito biológica do ser humano em relação va a proeminência de uma ideia for-
do século XX” deveria ter sido o mito à parte biológica: mesmo a adição mativa sobre o simples elemento
do sangue, da raça: “novo mito da de uma espécie de mística do san- biológico e étnico (defendi a mesma
vida chamado a criar um novo tipo gue não mudava grande coisa. Daqui tese numa página especial de Regi-
de vida e, portanto, de Estado e de também a grande ilusão consistente me Fascista). Também um editorial
civilização”. em crer que com meras medidas meu sobre o tema, para o jornal de
Quanto ao racismo alemão de profiláticas biológicas, ou seja, do Balbo, Corriere Padano, foi notado
www.boletimevoliano.pt.vu 9 Boletim Evoliano
nas altas esferas: tinha como título tanto, que Mussolini tomasse contra- nenhuma nação moderna correspon-
“Responsabilidade de se dizer aria- medidas. Por outro lado, aquilo que de a uma raça, e a Itália muito
no” e também aí combati o fetichis- os judeus sofreram em Itália (sem menos. As diferentes raças euro-
mo da raça física. Eu indicava o comparação com o que lhes aconte- peias distinguidas pelo racismo figu-
carácter insignificante duma “ariani- ceu na Alemanha), ficou a dever-se à ram, pelo contrário, como compo-
dade” reduzida a não ser judeu ou de orientação dos seus correligionários nentes de quase todas as nações oci-
raça de cor, em vez de se definir em de além-fronteiras. Houve também dentais.
termos essencialmente espirituais e uma terceira razão, a mais importan- Em 1937 o editor Hoepli encarre-
éticos, o que comportava uma res- te. Mussolini esperava que a sua gou-me de escrever uma história do
ponsabilidade precisa para consigo “revolução” não tivesse um alcance racismo. O livro teve o título de O
próprio. No racismo existiam pois Mito do Sangue e apareceu em
algumas exigências legítimas. Trata- segunda edição durante a guerra.
Todos os desvios apre-
va-se de redimensionar a totalidade
dos problemas de maneira adequa-
da e sobre bases diferentes.
Entre os ambientes alemães
“ sentados pelo racismo
derivavam do facto deste
partir de uma imagem do
Nesse texto falei dos antecedentes
do racismo no mundo antigo (onde a
“raça” não era um mito, mas uma
realidade vivente), examinando os
atrás mencionados, tentei exercer homem profundamente percursores existentes nos séculos
uma influência em tal sentido. No materialista. Pelo contrário, seguintes. Depois elaborei um resu-
entanto, a ocasião para uma tomada tomei como base firme da mo das formas modernas desta dou-
de posição completa apresentou-se minha formulação a concep- trina, apresentando as ideias funda-
no momento da viragem “racista” do ção tradicional que reconhe- mentais de Gobineau, de Woltmann,
fascismo, acontecida em 1938 com ce no homem um ser com- de Vacher de Lapouge, de Chamber-
a promulgação do “Manifesto da posto por três elementos: o lain e de muitos outros autores. Tam-
Raça”. corpo, a alma e o espírito. bém mencionei as teorias da antro-
Como acontece com muitas Uma teoria completa da raça pologia e da genética, da hereditarie-
outras coisas do regime precedente, teria portanto que conside- dade e da tipologia racista. Final-
a maior parte das pessoas tem uma rar estes três elementos e mente, abordei a concepção racista
visão distorcida de tal viragem. Pen- distinguir uma raça do cor- da história, as bases do anti-
sa-se que o fascismo se acoplou pas- po, uma raça da alma e uma semitismo e apresentei um quadro
sivamente ao hitlerismo e que o raça do espírito.” do racismo politizado do período
racismo em Itália foi um simples pro- hitleriano, nos seus vários aspectos.
duto de importação. É certo que o Já neste livro, essencialmente expo-
racismo não tinha em Itália prece- simplesmente político, mas que sitivo, tive a ocasião de fazer várias
dentes de importância, e isto tam- pudesse criar um novo tipo de italia- precisões e críticas.
bém por causa dos antecedentes his- no; ele pensava – e com razão – que O estudo do material necessário
tóricos de tal nação e nem sequer tanto um movimento como um Esta- para a compilação d’O Mito do San-
tinha aí um terreno propício. Todavia, do têm necessidade, para sobreviver gue acabou por me levar à formula-
foram motivos intrínsecos suficiente- e se afirmarem, de uma correspon- ção de uma doutrina da raça. Foi o
mente legítimos que determinaram dente substância humana bem dife- que aconteceu com a obra Síntese
tal viragem. Para começar, e após a renciada. E temos de reconhecer as de Doutrina da Raça, editada igual-
criação do império africano e dos possibilidades oferecidas, a este res- mente com Hoepli em 1941, com
novos contactos com os povos de peito, pelo mito da raça e do sangue. um apêndice iconográfico de 52 foto-
cor, impunha-se o reforço do senti- No entanto, o “Manifesto da grafias (mais tarde apareceu tam-
mento de distância e de consciência Raça” italiano, redigido apressada- bém uma edição alemã ligeiramente
da própria raça em sentido genérico, mente por ordem de Mussolini, não modificada através da Runge-Verlag
de modo a prevenir perigosas pro- passou de um rascunho. Na verdade, de Berlim).
miscuidades e tutelar um necessário faltavam em Itália elementos com É evidente que o conceito de raça
prestígio. De resto, foi esta a linha uma preparação séria para fazer depende da imagem que se tem do
rigidamente seguida pela Inglaterra face a questões deste género. A homem e é a partir desta imagem
até ontem, linha esta que, a ser man- mediocridade revelou-se também na que se define também o nível de
tida pelos povos brancos, teria torna- campanha racial, na qual o papel toda a doutrina da raça. Todos os
do impossível o desenrolar das revol- essencial foi assumido por uma polé- desvios apresentados pelo racismo
tas “anti-colonialistas” de que, como mica minúscula e virulenta. Da noite derivavam do facto deste partir de
que por uma justa Némesis, após a II para o dia, todo um conjunto de uma imagem do homem profunda-
Guerra Mundial, a Europa desfale- homens de letras e jornalistas fascis- mente materialista, baseada em pos-
cente padece as consequências dele- tas apercebem-se de que afinal tam- turas de cientismo e naturalismo.
térias. bém eram “racistas” e puseram-se a Pelo contrário, tomei como base fir-
A segunda razão foi a reacção empregar o termo “raça” por tudo e me da minha formulação a concep-
contra a atitude antifascista do por nada, designando as coisas mais ção tradicional que reconhece no
judaísmo internacional, acção bem disparatadas e menos pertinentes. homem um ser composto por três
documentada e que se intensificou à Chegou-se mesmo ao ponto de se elementos: o corpo, a alma e o espí-
medida que a Itália se colocava do falar em “raça italiana”, algo comple- rito. Uma teoria completa da raça
lado da Alemanha. Foi natural, por- tamente sem sentido, pois que teria portanto que considerar estes
Boletim Evoliano 10 www.boletimevoliano.pt.vu
natureza humana é, pelo contrário, preponderantemente numa dada raça física) na sua origem, uma tradi-
diferenciada; diferenciação esta que raça física, numa determinada estir- ção permitiu formar um tipo heredi-
se exprime, entre outras coisas, na pe ou povo. Isto se aplicava já ao tário bem reconhecível, a tal ponto
diversidade dos sangues e das raças. conceito de “ariano” ou de “judaico”. que os judeus fornecem um dos
Esta diferença representa o elemen- A arianidade e a judaidade deviam exemplos mais característicos de
to primário. Não é apenas a condição referir-se a atitudes típicas não tenaz unidade racial da história. Um
natural dos seres, é também um necessariamente presentes em outro exemplo, mais recente, é a
valor, quer dizer, algo cuja existência todos os indivíduos de sangue ariano América setentrional: o tipo america-
é boa, que deve ser defendido e pro- ou judeu. De tal maneira podia-se no tomou forma com traços suficien-
tegido. Ao contrário de certos racis- evitar qualquer presunção e unilate- temente precisos (especialmente
tas, para mim este reconhecimento ralidade: ficava como verdadeira- como raça interior), graças à força
não conduzia necessariamente a mente decisivo aquilo que cada um formadora da alma de uma civiliza-
uma atomização de grupos humanos é, como forma interna. Definiam-se ção, a qual agiu sob a mistura étnica
fechados sobre si próprios e ao des- também responsabilidades precisas, mais inverosímil. Isto elimina a ideia
conhecimento de todo o princípio segundo aquilo que tinha já exposto que qualquer condicionamento unila-
superior. É possível conceber-se uma no citado artigo publicado no Il Cor- teral a partir do inferior, quer dizer,
unidade superior, mas no cume: uni- riere Padano. É por tudo isto, acres- pelo simples bios.
dade que reconhece e mantém no centarei, que após a segunda guerra As possíveis aplicações práticas
seu plano as diferenças. A unidade de toda esta ordem de ideias, no
“na base”, a unidade niveladora pró- domínio daquilo que Vacher de
pria da democracia, da “integração”, Lapouge tinha denominado como
do humanitarismo, do falso universa- “antropologia política”, eram eviden-
lismo, do colectivismo é, pelo contrá- tes. Numa nação na qual o Estado
rio, regressiva. Contra orientações revista a dignidade de um superior
deste tipo já Gobineau se tinha insur- princípio activo e formativo é conce-
gido, fazendo valer o racismo essen- bível uma acção diferenciadora
cialmente em termos de uma exigên- sobre a própria substância étnica.
cia aristocrática. Aqui podia-se reconhecer aquilo que
Outro aspecto positivo genérico certas exigências do racismo alemão
do racismo, solidário com o primeiro, tinham de justo. Havia que distinguir
era indicado pelo seu anti-racionalis- o racismo negativo, destinado a pro-
mo, ou seja, pela sua valorização de teger a comunidade nacional de fac-
qualidades, disposições e dignidades tores de alteração e de mesclas peri-
diferentes de tudo o que pode ser gosas, de um racismo positivo, dirigi-
adquirido e construído, insubstituí- do a uma diferenciação no interior
veis, indetermináveis a partir do exte- da comunidade através da consolida-
rior e não derivadas do ambiente, ção e reforço de um tipo superior.
ligadas à totalidade vivente da pes- Sabemos que o racismo moderno
soa, tendo raízes em algo profundo e Capa da revista Neues Volk, um exemplo do não considera somente as grandes
orgânico. A personalidade, contraria- ideal nórdico nacional-socialista raças distinguidas nos manuais aca-
mente ao simples indivíduo abstrac- démicos de antropologia – raça bran-
to e informe, tem a sua base efectiva mundial tive que afirmar o absurdo ca, negra, amarela, etc. Também no
em tudo isto. A este respeito, e para que era insistir sobre o problema interior de uma comunidade branca,
evitar qualquer desvio, seria suficien- “judeu” ou “ariano”, de um ponto de “ariana” ou indo-europeia são reco-
te ater-se ao conceito completo da vista superior: justamente porque o nhecidas diferentes raças, entendi-
raça indicado por mim, tendo presen- comportamento negativo atribuído das como unidades mais elementa-
te que não podemos falar da raça da aos judeus está já presente em gran- res, como a raça mediterrânica, nór-
mesma maneira no caso do homem de parte dos arianos, sem que estes dica, dinárica, eslava, etc., variando
e de um gato ou cavalo, por exemplo, últimos tenham sequer, como os pri- as denominações segundo os auto-
tendo em conta que a essência e a meiros, a atenuante da predisposi- res. Com Rassenseelekunde, L.F.
vida do primeiro não se esgota no ção hereditária. Clauss tentou também uma descri-
plano dos instintos e do bios, como Em segundo lugar, o conceito de ção da alma e do estilo interior de
nos segundos. raça interior conduzia ao de raça tais raças. Em cada nação europeia
A concepção da “raça interior” e como energia formativa. Poderíamos figuram como componentes, em
da sua primazia era fecunda de um sobretudo explicar a aparição de um diferentes proporções, tais raças ele-
ponto de vista duplo. Acima de tudo, dado tipo comum suficientemente mentares. A exigência do racismo
num plano moral. A mesma levava a constante a partir de misturas étni- político era individuar em tal mescla
considerar uma raça como um modo cas por efeito de um poder formador aquela raça à qual se pudesse reco-
de ser a definir-se sobretudo em si e interno, tendo a sua expressão mais nhecer o direito de predominar e dar
por si mesmo, como universal a prio- directa numa dada civilização ou tra- a própria marca ao resto da nação.
ri, quase como uma “ideia” platóni- dição. O próprio povo judeu oferecia Na Alemanha reconhecia-se à raça
ca, ainda que empiricamente a mes- o melhor exemplo disto: não tendo nórdico-ariana este papel.
ma possa aparecer e reencontrar-se qualquer homogeneidade étnica (de Pois bem, coloquei o mesmo pro-
Boletim Evoliano 12 www.boletimevoliano.pt.vu
imagem a negro na qual se havia para a rectificação da componente teria de estudar a raça da alma
colocado uma estrela hebraica. Pois “mediterrânica” no relativo à moral (comportamentos psíquicos, reac-
bem, fiz notar que aquele era o rosto sexual e às relações entre os dois ções, etc.), a qual, no entanto, nos
de Antínoo, o conhecido homosse- sexos. seus aspectos propriamente caracte-
xual do período imperial: exem- rológicos teria que ser captada
plo de uma raça do corpo que por L. F. Clauss, que tinha aceite
podia também ser pura em rela- o nosso convite para colaborar.
ção a uma degeneração da raça Finalmente, eu teria que ocupar-
interior. me da raça do espírito e para tal
Quanto aos católicos, estes pensava, entre outras coisas,
ficavam bastante preocupados recorrer a testes apropriados, a
com uma doutrina que, como a questionários sobre problemas
minha, dava relevância acima de espirituais fundamentais. A co-
tudo à raça do espírito e que missão teria que examinar, em
também sobre o plano do espíri- várias regiões e cidades italia-
to afirmava o princípio da desi- nas, membros de antigas famí-
gualdade dos seres humanos. A lias locais. Os resultados desta
concepção da raça do espírito primeira investigação teriam
conduzia além do mais ao pro- que ser apresentados num tomo
blema da concepção do mundo, com numerosas fotos de diferen-
na qual tal raça se expressa, e tes tipos. Mas os acontecimen-
que tem um papel central na tos impediram também a colo-
sua acção formativa desde o cação em marcha desta iniciati-
interior. A nível particular coloca- va, não desprovida de interesse
va-se o problema de definir e sem precedentes, para a qual
aquela concepção do mundo, do se tinham já realizado vários
sagrado, dos valores supremos, preparativos.
que fosse na realidade conforme Antínoo, exemplo de “raça do corpo” pura e de Quando Mussolini me chamou
ao tipo superior; no caso de Itá- “raça da alma” degenerada e deu o mencionado juízo sobre
lia ao tipo ariano-romano: e aqui Síntese de Doutrina da Raça, dis-
aparecia como evidente a necessida- Assim, Mussolini, que apesar de se querer saber de que modo a cultu-
de de uma revisão a respeito de mui- todas as aparências era um homem ra italiana tinha acolhido o livro. Nes-
tas ideias de origem certamente não que se deixava influenciar facilmen- sa altura Pavolini, ministro para a
ariano-romana da religião que se te, começou a duvidar. Daí a ordem Cultura Popular, lançou um “boletim”
tinha tornado predominante entre as mencionada, transmitida à embaixa- para assinalar aquela obra à impren-
raças do Ocidente. Ainda que evitan- da de Berlim. Quando regressei a sa. Mas tais boletins, quase sempre
do as posturas extremistas e pouco Roma, tomei conhecimento de que solicitados pelos autores, eram
ponderadas de Imperialismo Pagão, as disposições eram também de sus- enviados em grandes quantidades; já
tornava a abordar a problemática pender pelo momento o projecto da eram tão habituais, que quase não
deste livro. Da parte dos católicos revista Sangue e Espírito. Mas o cur- se prestou atenção a tal indicação.
foram portanto vistos os perigos do so da guerra rapidamente não deixa- Ao inteirar-se disto, Mussolini irritou-
interesse demonstrado por Mussolini ria mais lugar para iniciativas de tal se e fez repetir de forma categórica
nas minhas ideias, perigos acentua- tipo. tal indicação. Naturalmente, apare-
dos pela projectada colaboração íta- Isso também impediu a realiza- ceu então uma chuva de resenhas,
lo-alemã. Com habilidade jesuítica, ção de outro projecto, já aprovado desde o áulico Corriere della Sera
tais elementos católicos não ataca- por Mussolini. Eu tinha proposto até outros importantes periódicos
ram frontalmente; passando por empreender uma pesquisa sobre os que nunca se tinham ocupado dos
cima daquilo que os afectava sobre- componentes raciais do povo italia- meus livros. E foi assim que fiquei
maneira, eles encontraram maneira no. Se, como mencionei, o conceito conhecido em Itália quase tão-só por
de apresentar a Mussolini uma expo- de “raça italiana” é um absurdo, ser o autor de um livro sobre a raça e
sição na qual eram colocados em podia-se no entanto examinar os por isso me foi aplicada a etiqueta,
relevo todos os aspectos das minhas principais componentes raciais desta difícil de retirar, de “racista”, quase
concepções que contradiziam algu- nação. Entravam em tema os três como se nunca me tivesse ocupado
mas ideias centrais do fascismo: o aspectos da raça e teria que ser de nenhum outro tema. Tal como
racismo discriminativo atacava a dada uma especial importância à creio ter demonstrado suficiente-
ideia de unidade nacional e relativi- constatação da presença, ou da sub- mente nos capítulos anteriores, na
zava o conceito de pátria, os elemen- sistência, do tipo ariano-romano. realidade tinha-me esforçado por
tos de estilo ariano-romano estavam Para tal fim foi nomeada uma comis- aplicar ao problema da raça princí-
em contraste com a “latinidade”, e são composta por um antropólogo pios de carácter superior e espiritual;
assim sucessivamente, até inclusiva- que teria a seu cargo a raça do cor- tratava-se para mim de um domínio
mente aspectos escandalizantes po, por um psicólogo (tratava-se de totalmente subordinado, e o fim prin-
sobre o que eu tinha tido ocasião de um docente do Instituto de Psicolo- cipal era combater os erros das
expor contra o costume burguês e gia da Universidade de Florença) que variedades do racismo materialista e
Boletim Evoliano 14 www.boletimevoliano.pt.vu
Duas Espanhas?
o horizontal, o lunar, o instável, o to, extrapolável à história de Espa-
mutável, o decíduo, o perecedouro, o nha. Daí que escrevêssemos que
matriarcal, o sensual, o instintivo, o “José António, no seu escrito «Germa-
hedonista, o concupiscente…” nos contra Berberes» coloca por trás
Inclusivamente, concentrando- das grandes gestas da história de
nos num plano psíquico ou anímico Espanha o espírito germânico («luz
“poderíamos dizer que a Luz do Nor- do norte») nela existente e, conse-
te presidiria àquele que emana auto- quentemente, é a ele que atribui a
domínio, equilíbrio, serenidade, so- Reconquista de uma Península Ibéri-
briedade, coerência, pru- ca que tombara sob a subjugação
dência, temperança, medi- muçulmana; também a ele atribui a
da, discrição, calma… conquista da América. Em contrapar-
enquanto a Luz do Sul tida, atribui outros períodos nefastos
«iluminaria» os indivíduos da história hispânica (coincidentes
propensos ao dissoluto e com a sua decadência como potên-
dissolvente, ao descomedi- cia mundial) e certas tendências polí-
mento, à desordem referen- tico-culturais decadentes, à influên-
te a hábitos e mo-dos de cia preponderante de certo substrato
vida, à instabilidade, ao de mentalidade levantina impregna-
desequilíbrio, à diversão do, portanto, pela «luz do sul»”.6
ruidosa, à bebedice…”4 Ernesto Milà escreveu há uns
Com base no critério ofere- quantos anos atrás o que havia de
cido por esta antagóni- ser alguns dos capítulos de um livro,
ca dicotomia, Evola inacabado, cujo título seria «História
explica-nos o porquê de Mágica das Duas Espanhas». Afirma-
episódios e de etapas tão disse- va na introdução do capítulo “O inter-
melhantes no decorrer da história regno visigodo: da renovação à perda
acontecida no solo da Península Itáli- de Espanha” que “a nossa história é
ca. Assim, afirmávamos noutra oca- uma luta eterna entre duas luzes: a
sião que “Evola reivindica para a his- «Luz do Norte» e a «Luz do Sul», tal
tória de Itália boa parte da antiga como foram definidas por Julius Evo-
Roma e, por exemplo, rejeita, por la em «Revolta contra o Mundo
liberal e anti-tradicional, o período do Moderno»”. Sob a mesma perspecti-
Risorgimento que terminará com a va redigiu um outro capítulo, que
unificação da Península Transalpina. tinha por título “Falange contra o
Também noutra ocasião3 esclare- Ademais, imputa à hegemonia e rea- Opus Dei: a grande contradição sob o
cemos que “a denominada como «luz parição do espírito inerente ao subs- Franquismo”.
do norte» estaria ligada a conceitos trato pré-indo-europeu, existente em No primeiro dos capítulos mencio-
como a hierarquia, a diferença, o ver- terras italianas antes da aparição e nados, Milà assinalava como próprio
tical, o solar, o estável, o imutável, o triunfo de Roma, os momentos cre- da Luz do Sul esse encadeamento
eterno, o imorredoiro, o patriarcal e a pusculares de Roma e as restantes que, seguramente desde as posições
valores como a honra, o valor, a dis- etapas históricas negativas – segun- teológicas do arianismo, próprio dos
ciplina, o heroísmo, a fidelidade… E, do a perspectiva da Tradição – de visigodos que entraram na Península
pelo contrário, a conhecida como «luz Itália.”5 Ibérica, levaria a uma concepção uni-
do sul» simbolizaria conceitos como Esta exemplificação para Itália já tária – ou unívoca, segundo a nossa
o igualitarismo, o uniforme e amorfo, a considerámos nós, no seu momen- opinião – do divino, muito comum às
1. “Rebelión contra el mundo moderno”, II parte, capítulo 5: “Norte y Sur”, da edição em castelhano, Ediciones Heracles, 1994.
2. “Mantenerse en un mundo en ruinas”, de Janus Montsalvat.
3. No nosso escrito “José António y Evola”.
4. Citado no nosso ensaio “El Deje Andaluz, el Flamenco y Otros Asuntos”.
5. “José Antonio y Evola”.
6. Op. cit.
Boletim Evoliano 16 www.boletimevoliano.pt.vu
“
definiu a maneira de conceber o fac-
to espiritual de muitos dos witizia- mento de muitos líderes falangistas, bem como certo
nos7 que acabaram por se aliar aos ritualismo e muita da simbologia da Falange, com o
muçulmanos que terminariam por tipo de religiosidade, meramente devocional, inerente ao
ocupar o nosso solo durante quase Opus Dei. Na Falange encontraríamos muitos vestígios da
oito séculos. Em oposição a isto, Luz do Norte e, ao contrário, o Opus Dei estaria impreg-
seria próprio da Luz do Norte uma nado até à medula de Luz do Sul.”
maneira plural de perceber o Trans-
cendente, que foi comum às espiri-
tualidades pré-cristãs do mundo parcelas de poder e de influência modo, vivas nos nossos dias? Defen-
indo-europeu e que o cristianismo social e cultural. demos que a resposta a esta pergun-
que, para esclarecer conceitos, pode- Indubitavelmente, com base nes- ta é negativa dado que, hodierna-
ríamos definir como catolicismo ta maneira de interpretar a história mente, é ilusório falar de segmentos
(quando se torna religião oficial do poderíamos explicar os diferentes da nossa população que ajam guia-
Império Romano e no Alto Medievo), episódios que marcaram a história dos por essa Luz do Norte que foi res-
assimilou e concretizou num trinita- de Espanha. Poderíamos, talvez, ponsável pela escrita dos momentos
rismo que concebia a divindade não compreender algumas das causas mais excelsos e nobres da nossa his-
de forma unívoca mas sim multifor- pelas quais certos povos da Penínsu- tória. Se ainda continuam a existir
me (ou triforme) e ao qual aderiam la Ibérica se aliaram, durante a será no seio de minorias que, além
boa parte dos seguidores do rei Dom Segunda Guerra Púnica, aos exérci- disso, não têm outro destino que o
Rodrigo. Um trinitarismo que ao tos do cartaginês Aníbal e outros, em de serem silenciadas e abafadas
assumir Jesus Cristo como homem troca, se colocaram do lado dos pelo establishment político e cultural
divino («Deus feito homem») quebra romanos. Ou o porquê da rapidez, hegemónico. Uma única luz parece
esse hiato intransponível que as reli- lentidão ou negação, na hora de se agir nos nossos dias: a Luz do Sul.
giões do Livro tinham colocado entre converter ao Islão, por parte da popu- Uma única Espanha podem os nos-
Deus e o homem e cuja teologia cria- lação que ficou sob o seu jugo após a sos sentidos e o nosso entendimento
cionista ex nihilo está em total con- conquista muçulmana do Reino Visi- desvendar: a do materialismo mais
traste com o imanentismo próprio da gótico a partir da invasão ocorrida no descarnado, a do egoísmo mais in-
espiritualidade indo-europeia pré- ano 711; ficam à margem, obvia- concebível, a do individualismo sem
cristã que sempre considerou, quer o mente, outras considerações como limites, a do consumismo compulsi-
homem quer o resto do Cosmos, as da maior ou menor repressão ou vo, a da estreiteza das perspectivas,
como o resultado da manifestação, as da carga exagerada de impostos a do desvario, a do hedonismo mais
por emanação, do Princípio Supremo para os não conversos (moçárabes) degradante, a da vulgarização mais
Imutável e Imperecedouro que se ao Islão. Ou as razões primordiais extrema, a do triunfo do ruim, a do
encontra na origem de todo o mundo que dividiram a Espanha nos dois reino da mentira, a do charlatanismo
manifestado. Encontraríamos, pois, bandos que se confrontaram na Gue- mais oco, a das aparências, a do
nestas cosmovisões tão dissímeis as rra de Sucessão espanhola (1701- nivelamento por baixo, a do triunfo
causas mais profundas do que aca- 1714): austracistas (partidários da da quantidade e do número, a do
bou por ser uma guerra civil de resul- continuidade da Espanha Tradicional poder da massa ou a do fervilhar de
tados nefastos e irremediáveis no e foral-orgânica) e pró-bourbónicos seres desequilibrados e depressivos.
seio da Espanha visigoda. (que defendiam um modelo unifor- Não vemos uma outra Espanha
No segundo capítulo do livro pla- me e centralista do Estado e uma senão uma Espanha de farragem,
neado, Ernesto Milà também con- filosofia proto-iluminista). Ou apreen- amorfa, insensata, cobarde, taima-
fronta boa parte do pensamento de der, numa chave diferente das ofere- da, pusilânime, desordeira, voluptuo-
muitos líderes falangistas, bem cidas pela historiografia oficial, a sa, vermicular, volúvel, corrupta,
como certo ritualismo e muita da razão das três guerras civis que no reles, trivial e tribal. Uma Espanha,
simbologia da Falange, com o tipo de decurso do século XIX opuseram car- em suma, infectada de Luz do Sul,
religiosidade, meramente devocio- listas e liberais. sem alternativa visível, que possa
nal, inerente ao Opus Dei. Na Falan- Porém, estas duas Espanhas que fazer engendrar esperanças de que a
ge encontraríamos muitos vestígios se digladiaram de forma irreconciliá- Luz do Norte reine como já o fez nou-
da Luz do Norte e, ao contrário, o vel ao longo da nossa história tras datas pretéritas ou, no mínimo,
Opus Dei estaria impregnado até à (embora por vezes da pugna aberta tenha hipótese de lutar por tentar
medula de Luz do Sul. No seio do se tenha passado à hegemonia políti- fazer ver a sua transfiguradora, edifi-
franquismo estas duas tendências ca e/ou socio-religiosa-cultural de cante e ordenadora claridade.
pugnaram estrenuamente por obter uma delas), continuam, de igual
7. Partidários de Akhila (filho de Witiza, penúltimo rei visigodo) na disputa pela sucessão ao trono visigodo.
www.boletimevoliano.pt.vu 17 Boletim Evoliano
Doutrina
sas. A vitória dos homens espelha a Conhecemos o papel desempe- tradição nórdico-ariana, conservado
vitória de Zeus sobre as forças anti- nhado pela águia na história dos apenas de forma fragmentária e cre-
olímpicas e bárbaras e era prevista povos nórdicos e germânicos. Este puscular por diferentes povos do
pela aparição do animal de Zeus, a símbolo parece ter abandonado o período das invasões. De qualquer
águia. solo romano por um longo período e maneira, a águia acabou por não ter
Isto permite compreender bem o ter-se trasladado para as raças ger- mais do que um valor heráldico e o
papel que a águia tinha nas insígnias mânicas, de tal maneira que aparece seu significado profundo e original
romanas dos signa e vexilla das ori- como um símbolo essencialmente foi esquecido. Como muitos outros, a
gens, tendo um significado profundo nórdico, o que não é exacto. Esque- águia tornou-se um símbolo sobrevi-
de origem tradicional e sagrada não ce-se a origem da águia que ainda vente e, por consequência, susceptí-
se tratando de uma mera alegoria. A hoje figura como emblema da Ale- vel de servir de suporte a ideias e
águia era já na época republicana de manha, como também o foi do impé- formas muito diferentes. Seria pois
Roma a insígnia das legiões, dizen- rio austríaco, último herdeiro do absurdo supor a presença
do-se: “uma águia por legião e Sacro Império Romano-Germânico. A “sonâmbula” de concepções como as
nenhuma legião sem águia”. Em águia germânica é simplesmente a que acabamos de mencionar onde
geral o emblema era composto por águia romana. Foi Carlos Magno que, quer que se vejam, hoje em dia,
uma águia de asas estendidas segu- em 800, no momento de declarar a águias sobre insígnias ou emblemas
rando um raio nas suas garras. renovatio romani imperii, recuperou europeus. Para nós, herdeiros da
Assim se confirma o simbolismo o símbolo fundamental, a águia antiga romanidade, poderia ser dife-
olímpico: o signo da força de Júpiter romana, e a adoptou como símbolo rente, tal como para o povo, hoje em
junta-se ao animal que lhe é consa- do seu Império. Historicamente, não dia ao nosso lado e que é herdeiro do
grado, pois é com o raio que o deus é mais do que a águia romana que império romano germânico. O conhe-
combate e extermina os titãs. Existe se conservou até aos nossos dias cimento do significado original do
um detalhe que merece ser sublinha- como símbolo do Reich. Em todo o simbolismo ariano da águia, emble-
do: as insígnias das tropas bárbaras caso, isto não impede que, de um ma ressuscitado dos nossos povos,
não tinham águia. No entanto nos ponto de vista mais profundo, supra- poderia assinalar assim o significado
signa auxiliariaum encontramos ani- histórico, possamos pensar em algo mais elevado da nossa luta e ligar-se
mais sagrados ou “totémicos” que se mais do que uma simples importa- com o empenho, que nisto repete,
referem a outras influências, como o ção. Com efeito, a águia figurava já em certa medida, a aventura idênti-
touro ou o carneiro. Somente mais na mitologia nórdica como um dos ca na qual o antigo povo ariano, sob
tarde estes signos se infiltraram na animais consagrados a Odin-Wotan e o signo olímpico e evocador da força
romanidade, associando-se à águia e nessa qualidade foi adicionada às olímpica destruidora das entidades
dando lugar a um duplo simbolismo: insígnias romanas das legiões, e obscuras e titânicas, poderia se sen-
o segundo animal, junto da águia também figurava nos escudos dos tir como as milícias das forças do
nas insígnias de uma legião, repre- antigos chefes germânicos. Podemos alto e afirmar um direito superior e
sentava as suas características, pois conceber que Carlos Magno, ao uma função superior de poder e
enquanto que a águia era o símbolo adoptar a águia como símbolo do ordem.
geral de Roma. Na época imperial, Império ressuscitado, tendo presente
por outro lado, a águia passa de a Roma antiga, tenha simultanea- ————————————————————————
* Artigo publicado em 1941 e incluído poste-
insígnia militar e transforma-se em mente e inconscientemente retoma- riormente na colectânea “Símbolos e Mitos da
símbolo do próprio Imperium. do também um símbolo da antiga Tradição Occidental”.
Boletim Evoliano 20 www.boletimevoliano.pt.vu
Doutrina
Para alguns, estas máximas Com relação aos “mistérios”, se ção e a posse perfeita de sua nature-
podem parecer algo inquietantes. sublinhava em Elêusis e não sem za. As outras são; transcenderam
São, no entanto, verdadeiras em um uma certa ostentação paradoxal, que esta vida mesclada com a agitação
plano superior. Para a antiguidade um Agesilas ou um Epaminondas, vã e com a morte; e que, interior-
clássica (como para os antigos aria- dois exemplos de homens ilustres no mente, é uma fúria e desejo contí-
nos orientais) o mais alto ideal era plano humano, uma vez que não nuos.
um ideal divino e não o ideal de uma haviam sofrido a modificação atribuí-
“moralidade” burguesa. da aos ritos mistéricos, se encontra- O que é o Bem?
Que fique bem claro: a Grécia vam na mesma situação que qual-
dórica, bem como a Roma dos pri- quer outro mortal frente ao estado Plotino diz: “O que é o bem para o
meiros tempos, aparecem como de post mortem, enquanto que um homem? (para o homem completo,
exemplos imortais de força ética. O destino diferente aguardava a quem para o spoudaios). É, assim mesmo,
que significa que o que é certo em houvesse limpado as faltas humanas seu próprio bem. A vida que possui é
nível superior, “supra-moral”, não mediante a purificação mistérica. perfeita. Possui o bem, portanto não
pode no entanto ser alcançado pelo Segundo a tradição, a força trans- está buscando mais nada. Rejeitar
direito comum: a necessidade e a mitida pelo rito da consagração de tudo que é outro em relação a teu
força de uma ética ali onde deve apli-
car-se.
A concepção clássica do mundo distinguia duas
“
Plotino chamava à “virtude” dos
homens “imagem de uma imagem”. regiões: a inferior das coisas que «passam» e a supe-
Isso implica que não há que confun- rior das coisas que «são».”
dir iniciação e realização. Tomemos
um exemplo: uma coisa é o processo
mediante ao qual com uma “tinta” um sacerdote se reveste de um próprio ser, é purificar-se. Em uma
se pode dar a algo, suponhamos um carácter permanente, mesmo que relação simples contigo mesmo, sem
metal, a aparência exterior de outro inclusive venha a cair na indignidade obstáculo em uma unidade pura,
e outra coisa é a transformação efec- moral; disto, pode se deduzir que sem que nada esteja mesclado inte-
tiva de um metal em outro, por con- subsiste ainda hoje um eco das reve- riormente com essa pureza, sendo tu
sequência da qual, por meio espon- lações antigas relativas a um plano somente em uma pura luz, te conver-
tâneo e definitivo, este metal apare- de espiritualidade absoluta. tes em visão. Estando aqui, tu te ele-
ce dotado de novas propriedades. No entanto, é preciso ser pruden- vaste. Não tens necessidade de um
O ideal “divino” da antiguidade te neste terreno. Embora não haja guia. Fixa teu olhar e verás.”
estava ligado à noção de iniciação, e dúvidas sobre o carácter do que Com uma concisão singular se
esta última era precisamente conce- Nietzsche chamava de “pequena encontram expressos aqui os traços
bida como uma mudança radical de moral”, convém, apesar de tudo, de uma ascese viril e o que, em um
um estado de existência a outro. recordar a antiga máxima hindu: sentido supra-moral, metafísico,
Para um homem antigo, um deus “Que o sábio não confunda o espírito deve ser qualificado como “bem”: a
não era um modelo moral, era outro do ignorante com a sua própria sabe- ausência de tudo que, penetrando
ser. doria”. em si, possa levar para fora de si.
O homem bom não deixa de ser “Os maus também podem tirar a Plotino aponta o alcance espiri-
um “homem” pelo facto de ser água dos rios. Aquele que dá, ignora tual de tal conceito dizendo que o
“bom”; da mesma forma que o o que dá, simplesmente dá.” (Plotino) homem superior pode entretanto
macaco continua sendo macaco ain- “Qual é a posição do homem “buscar outras coisas na medida que
da que consiga reproduzir artificial perante o Todo? É uma parte? Não: é são indispensáveis, não para si mes-
ou espontaneamente tal ou qual ges- um todo, que pertence a si mesmo. mo, mas sim para quem está próxi-
to da criatura humana. Sempre e por Convertendo-se no Um, ele (o mo dele: ao corpo que lhe está rela-
todas as partes onde o homem homem) se possui a si mesmo e a cionado, à vida do corpo que não é a
tenha se elevado a tal ordem de coi- grandeza total e à beleza. Não flui sua vida. Sabendo que dá o que é
sas esta verdade tem sido reconheci- fora de si mesmo e não foge indefini- necessário ao corpo mas sem que
da. damente. Está agora inteiramente estas coisas tenham dominado a
Assim, em algumas tradições agrupado em sua unidade.” (Plotino) vida”.
espirituais da Idade Média se ensina- A concepção clássica do mundo O mal, segundo o espírito clássi-
va que: “Nossa obra é a conversão e distinguia duas regiões: a inferior das co, é o sentido de necessidade no
a mudança de um ser em outro ser, coisas que “passam” e a superior das espírito, que não sabendo governar-
de uma coisa em outra, da debilida- coisas que “são”. As coisas que se a si mesmo se deixa levar ora
de em força, da corporalidade em “flúem” ou que “passam”, que são aqui ora ali, dominado pelo desejo,
espiritualidade.” impotentes para alcançar a realiza- tentando completar-se mediante a
Boletim Evoliano 22 www.boletimevoliano.pt.vu
“ ponde a uma alma acanhada. Deve-se, portanto, rejeitar o conceito de “meu reino
não é deste mundo” e também as ideias de que uma força do alto possa dar felicida-
de no além, como recompensa aos “virtuosos” que desprovidos de poder nesta vida
preferem sofrer e suportar com humildade e resignação a injustiça. O Espírito viril do
homem clássico desprezou tais abordagens escapistas e as desprezou por fidelidade a
uma concepção metafísica.”
incorporação disto ou daquilo. dos indo-europeus do Irão. Nas tradi- concepções ordinárias do homem
Enquanto subsiste esta “necessi- ções clássicas o “Herói” convertido doméstico, convertido em “social”. O
dade”, enquanto subsiste esta insufi- em imortal ao invés de beber a “águ- “mal” segundo os homens não tem
ciência interna e radical sempre a do Esquecimento” bebe “a água da nenhum lugar na realidade, e em
segundo o espírito clássico, não pode Recordação” e “do Despertar”. “Ser” uma perspectiva metafísica que é
existir o “Bem”. O qual não poderia equivale pois a estar “desperto”. A uma perspectiva segundo a realida-
ser circunscrito por um substantivo e experiência de todo o ser, concentra- de aplicada a um mundo superior.
que é, somente, uma experiência do na claridade intelectual, na simpli- Metafisicamente, não existe
que pode determinar o espírito, des- cidade de um acto, dá a experiência “bem” ou “mal”; existe o que é verda-
fazendo-se, naturalmente, da ideia; “daquilo que é”. de e o que não é. E o grau de “reali-
de toda espécie de “outro” e reconci- Abandonar-se, desvanecer-se, tal dade” (entendida no sentido espiri-
liando-se virilmente consigo mesmo. é o segredo do não-ser. A fadiga tual que definimos com respeito ao
Aparece então um estado de cer- mediante a qual a unidade interna se significado do “ser”) dá a medida do
teza e plenitude. (…) Plotino diz preci- relaxa e se dispersa, a energia íntima grau de “virtude”. Sabe-se que Virtus
samente que tal ser possui a para dominar cada parte, de forma na época clássica e inclusive até ao
“perpetuidade” e que está totalmen- que brota uma multiplicidade de ten- Renascimento, não significava nada
te de posse de sua própria vida: sen- dências, instintos, de movimentos mais que força, senão energia. Para
do apenas e de maneira subpessoal irracionais, quer dizer, a degradação o olhar frio e viril do homem clássico
“eu” nada a partir de agora poderia do espírito que se humilha em for- somente um estado de “privação” do
ser acrescentado ou retirado, nem no mas cada vez mais obscuras, até ser é um “mal”; a fadiga, o abandono
presente nem no porvir. Vamos ver chegar à forma limite da decadência e o retardamento da força interior,
agora a que desenvolvimento Plotino que a obscuridade da matéria. É um esta direcção que, no limite, faz
dá a esse conceito: erro, afirma Plotino, dizer que a tomar, como vimos, a “matéria”.
“O estado de ser consiste em matéria é, quando na realidade, a Nem o “mal” nem a “matéria” são
estar presente. Ser significa acto e essência da matéria é o não-ser. Seu pois princípios em si mesmos. Não
estar em acção. O prazer é o acto da poder de ser dividida até o infinito mais que derivados aos quais se che-
vida. Inclusive neste universo, as indica precisamente esta “queda” gam por “degradação” e “dissolu-
almas podem conhecer a felicidade. fora da Unidade que lhe deu origem. ção”. Plotino se expressa neste ter-
Se não acontece assim, as almas se Sua inércia é pesada, resistente, mos:
acusam a si mesmas e não ao uni- confusa e tal é ela própria que desva- “É a por causa do desvanecimen-
verso; neste caso sucederam nesta necendo-se, não pode mais conduzir- to do Bem que a obscuridade apare-
luta cuja recompensa coroa a virtu- se e cai como um “corpo morto.” Tal ce e vive. E para a alma, o mal é este
de.” Plotino aponta também o signifi- é, em termos de interioridade, o desvanecimento gerador de obscuri-
cado do “ser”: ser significa estar “em segredo do material da realidade físi- dade. Tal é o primeiro mal. A obscuri-
acção”. Ademais, fala de uma “natu- ca. Que a “verdade” do conhecimen- dade é algo que lhe precede e a natu-
reza intelectual sem letargia”, com to físico seja diferente importa muito reza do mal não actua na matéria
referência àquele que “é” por exce- pouco. A existência corporal aparece mas sim antes da matéria (no cerne
lência. Aqui os termos “desperto” e como o não-ser da espiritual. Este da tensão espiritual que deu nasci-
“sempre desperto” opostos ao esta- estado supremo na unidade de um mento à matéria)”. E Plotino comple-
do de letargia que é assimilado ao “acto”, é o “ser” e é um só com o menta: “O Prazer é o acto da Vida”.
homem comum, pertencem a um “bem”. Esta opinião já havia sido expressa
amplo simbolismo tradicional. De sorte que “matéria” e “mal” se por outro grande espírito clássico,
Sabe-se que o termo “Buda” signi- identificam por sua vez. E não há Aristóteles, que havia ensinado que
fica o “Desperto”. A concepção do outro mal que a matéria. Para com- toda actividade é feliz se é perfeita.
deus Mitra concebido como “guer- preender esta ideia fundamental do Tais são, ao menos, a felicidade e
reiro sem sono” que combate contra pensamento clássico, é preciso natu- o prazer em sua forma pura e livre;
os inimigos da religião ariana é típica ralmente deixar de lado todas as de uma plenitude como coroação da
www.boletimevoliano.pt.vu 23 Boletim Evoliano
vida que se realiza e que, realizando- limites impostos pelas forças inferio- entregam ao Todo ou esperam que
se, “é” e realiza o “bem” e não a feli- res e coisas exteriores se enraízam os deuses se preocupem com eles de
cidade e prazer passivos e mistura- em um estado de degradação do tanto ouvir orações e lamentos.
dos, desordenados, fugidios em si “Bem” é inconcebível e logicamente “Não há deus que combata por
mesmos, cedendo a uma temerida- contraditório que subsista como prin- aqueles que não estão em
de turbulenta de satisfação dos dese- cípio de desgraça e servidão naquele armas” (Plotino).
jos e dos instintos. De novo, somos que haja destruído essas raízes e Tal é o princípio fundamental do
conduzidos aqui a um ponto de vista onde haja enraizado o bem no senti- estilo guerreiro que, além de ter o
“real” sem relações com as conces- do clássico. valor de exemplo, se refere por sua
sões “humanas” e os enternecimen- Se o “bem” é, o “mal”, o sofrimen- justificação superior, aos conceitos já
tos sentimentais. to, a paixão, a escravidão não podem desenvolvidos sobre a identificação –
Desta mesma felicidade, o grau ser porque o bem também é poder. desde o ponto de vista metafísico –
do ser é o segredo e a medida. Por Se subsistem, isto significa então entre “realidade”, “espiritualidade” e
consequência, Plotino afirma “virtude”.
que neste universo as almas O desleixo e a negligência
também podem conhecer a feli- não podem ser bons, ser “bom”
cidade, recordando um aspecto implica ter uma alma de herói.
importante do pensamento E a perfeição do herói é o triun-
clássico. fo.
Ali onde a virtude era enten- Pedir a vitória à divindade
dida como realização espiritual equivaleria a pedir-lhe a “virtu-
dominadora, implicando potên- de” pois a vitória é o corpo no
cia, não se pode conceber que qual se realiza o estado perfeito
o “bem” não esteja acompa- e, poderíamos dizer, sobrenatu-
nhado da “felicidade”, como tão ral e sobre-humano da virtude.
pouco a glória pode ser separa- Tal como já dissemos a pro-
da da vitória. Quem quer que pósito da doutrina mística do
fosse vencido por uma subjuga- triunfo, o qual demonstra da
ção exterior ou interior, segun- forma mais sensível que tais
do a ordem real das coisas que ideias não nasceram em abso-
mencionamos antes, não pode- luto de um ateísmo mas antes
ria ser “bom”. da ideia de uma síntese supe-
E que alguém assim pudesse ser que a “virtude” é ainda imperfeita e o rior entre a força e o espírito, huma-
feliz seria contrário à natureza e, em “ser” ainda está incompleto e a capa- nidade e divindade, presente nos
todo caso, apenas como um golpe de cidade de actuar e a unidade estão momentos de Transfiguração herói-
sorte. E seria ele mesmo e não o alteradas. ca.
mundo que deveria ser a causa de Diz Plotino: “Há aqueles que não “Polibio diz que os romanos usam
sua derrota. têm armas. Mas aquele que tem a força em todas as circunstâncias,
De qualquer maneira, a coisa armas, combate. Não há deus que seguros de que o que tenham decidi-
está clara; reduzir a “virtude” a uma combata por aqueles que estão sem do tem necessariamente que aconte-
simples disposição moral, a um fan- armas. A lei requer que na guerra, a cer e que nada do que decidiram um
tasma interior corresponde a uma vitória pertença aos valorosos, não dia é impossível de realizar, e em
alma acanhada. É bom, portanto, aos que rogam. É justo que os covar- muitas ocasiões são levados à vitória
rejeitar o conceito de “meu reino não des sejam dominados pelos maus”, por conta deste hábito.”
é deste mundo” e também as ideias novas expressões características da Os soldados de Fábio, partindo
de que uma força do alto possa dar virilidade espiritual, guerreira, roma- para a guerra não juraram vencer ou
felicidade no além, como recompen- na, novo contraste com as atitudes morrer. Juraram vencer e retornar
sa aos “virtuosos” que desprovidos de renúncia e de fuga de certa forma vencedores. E foi como vencedores
de poder nesta vida preferem sofrer de religiosidade de um tipo que não que voltaram.
e suportar com humildade e resigna- é nem romano, nem ariano, mas sim O Espírito romano e o Espírito
ção a injustiça. O Espírito viril do asiático-semita. Novo desprezo con- destes conceitos de Plotino coinci-
homem clássico desprezou tais abor- tra aqueles que se alongam em pro- dem e, inclusive em nossos dias nos
dagens escapistas e os desprezou postas contra a injustiça das coisas transmitem uma viva mensagem.
por fidelidade a uma concepção da terra e que em lugar de reconhe-
metafísica. cer sua própria covardia, ou de resig- ————————————————————————
Se o mal e sua materialização e narem-se à sua própria impotência, * A conclusão deste texto será publicada no
próximo número do Boletim Evoliano.
sua expressão mediante impulsos e ou de enfrentar um fim heróico, se