Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
São Paulo
2015
MAYARA VIEIRA DAMASCENO
VERSÃO CORRIGIDA
(versão original disponível no Serviço de Biblioteca)
São Paulo
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO
Data: ___/___/___
Banca Examinadora
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Aos meus pais, Ana Maria e Manoel Eraldo, meus maiores motivos de orgulho e inspiração.
AGRADECIMENTOS
O desejo de estudar na USP veio acompanhado da distância da minha família. E essa sempre
foi a parte mais difícil. Por ter conseguido cumpri-la, preciso agradecer a muita gente que fez
com que esse sonho se tornasse realidade.
Primeiramente, agradeço a Deus, por sempre me abençoar e permitir que esse caminho fosse
trilhado em paz.
A “painho” e “mainha”, pelo amor e apoio incondicional. Obrigada por comemorar comigo
todas as minhas conquistas, por nunca medirem esforços para me dar o melhor e por tanta
dedicação à criação de seus filhos. Vocês que sempre me disseram que a educação é o bem
mais precioso que os pais podem deixar para os filhos, saibam que meu doutorado é mais uma
prova do que vocês fizeram por mim. Nunca vou ter palavras suficientes para agradecer a
vocês.
Aos meus irmãos Maryana e Matheus, os melhores e mais engraçados do mundo. Mesmo à
distância, obrigada por sempre me fazerem sorrir, por transformarem fatos corriqueiros nas
piadas mais engraçadas e por fazerem minha vida mais completa. Vocês só me fazem querer
chegar mais longe, pra que eu continue tentando ser motivo de inspiração pra meus irmãos
mais novos.
Ao meu tio Afonso, que me recebeu de braços abertos quando cheguei a São Paulo e me deu o
apoio inicial que precisei.
A toda minha família, em especial minha tia Amparo e meu tio Romilton, por acreditarem no
meu sucesso e por todas as caronas do aeroporto pra minha casa em Maceió!
Às minhas melhores amigas Robertta e Gisa, por não deixarem a distância e o tempo
abalarem nossa amizade e por serem pessoas que eu sempre pude (e posso) contar.
Ao Léo. Meu namorado. Você foi mais do que importante, foi essencial. Não sei o que seria
de mim aqui sem você. Obrigada por me fazer enxergar a vida sempre pelo lado positivo, a rir
dos meus próprios erros e por estar ao meu lado 24 horas por dia. Ter você comigo torna tudo
mais leve, mais fácil, e te ter ao meu lado me torna uma pessoa cada dia melhor. Obrigada por
me mostrar que sempre há algo novo a ser aprendido e por ser a pessoa que me ensina tudo
isso! Te amo!
Ao Dr. Felipe Hardt, que sempre esteve disposto a auxiliar em tudo que foi preciso.
Ao meu orientador, Professor Rômulo Bertuzzi, pela dedicação ao seu trabalho e aos seus
alunos. Obrigada pela paciência e pelos conselhos. Muitas vezes você acreditou mais em mim
do que eu mesma, mostrando que era possível insistir. Também tenho que agradecer pelos
puxões de orelha. Além do profissional, você sempre se preocupou com a nossa formação
pessoal, e isso é mais um motivo que te faz diferente. Você é um exemplo de profissional e de
pessoa, e eu espero ter aprendido um pouco com você.
Agradeço de coração a todos que de alguma forma contribuíram para a versão final desse
trabalho. Muito obrigada!
―Dar menos que seu melhor é sacrificar o dom que você recebeu‖.
(Prefontaine)
RESUMO
The aim of the present study was to analyze the impact of an 8-week strength-training
program on performance and pacing strategy adopted by runners during a self-paced
endurance running. Eighteen endurance runners were allocated into either strength training
group (STG, n = 9) or control group (CG, n = 9) and performed the following tests before and
after the training period: a) anthropometric measures and maximal incremental treadmill test,
b) running speed-constant test, c) 10-km running time trial, d) drop jump test, e) 30-s Wingate
anaerobic test, f) maximum dynamic strength test (1RM), g) time to exhaustion test.
Electromyographic activity of vastus medialis and biceps femoris was measured during 1RM
test. In the STG, the magnitude of improvement for 1RM (23.0 ± 4.2%, P = 0.001), drop jump
(12.7 ± 4.6%, P = 0.039), and peak treadmill speed (2.9 ± 0.8%, P = 0.013) was significantly
higher compared to CG. This increase in the 1RM for STG was accompanied by a tendency to
a higher electromyographic activity (P = 0.080). The magnitude of improvement for 10-km
running performance was higher (2.5%) for STG than for CG (-0.7%, P = 0.039).
Performance was improved mainly due higher speeds during the last seven laps (last 2800 m)
of the 10-km running. Nevertheless, there were no significant differences between before and
after training period for pacing strategy, maximal oxygen uptake, respiratory compensation
point, running economy, and anaerobic performance for both groups (P > 0.05). In
conclusion, these findings suggest that, although a strength-training program does not alter the
pacing strategy, it offers a potent stimulus to counteract fatigue during the last parts of a 10-
km running, resulting in an improved overall running performance.
Key words: maximal incremental treadmill test, maximal dynamic strength, running
economy, performance, recreational runners.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 17
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 17
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 18
2.1 Estratégia de prova ..................................................................................................... 18
2.1.1 Estratégia positiva ................................................................................................ 20
2.1.2 Estratégia negativa................................................................................................ 21
2.1.3 Estratégia parabólica............................................................................................. 22
2.1.4 Estratégia constante .............................................................................................. 24
2.2 Fatores que influenciam a escolha da estratégia de prova ............................................ 25
2.2.1 Regulação da estratégia de prova .......................................................................... 25
2.2.2 Fatores psicológicos ............................................................................................. 27
2.2.2.1 Influência do adversário .................................................................................. 27
2.2.2.2 Conhecimento do ponto final do evento e feedback incorreto da distância ....... 29
2.2.2.3 Influência da música ....................................................................................... 31
2.2.3 Fatores ambientais ................................................................................................ 32
2.2.3.1 Temperatura .................................................................................................... 32
2.3 Fatores fisiológicos e neuromusculares ....................................................................... 33
2.4 Adaptações neuromusculares ao treinamento de força ................................................ 36
2.4.1 Adaptações neurais ............................................................................................... 36
2.4.2 Adaptações estruturais .......................................................................................... 38
2.4.3 Adaptações metabólicas ........................................................................................ 40
2.5 Treinamento de força aplicado aos esportes de longa duração: Adaptações neurais,
estruturais, metabólicas e suas transferências para o desempenho físico ............................... 41
2.5.1 Consumo máximo de oxigênio .............................................................................. 45
2.5.2 Economia de corrida ............................................................................................. 47
2.5.3 Velocidade no VO2máx e tempo até a exaustão na vVO2 máx ............................... 50
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 52
3.1 Participantes ............................................................................................................... 52
3.2 Desenho experimental ................................................................................................ 52
3.3 Antropometria ............................................................................................................ 53
3.4 Teste progressivo até a exaustão voluntária ................................................................ 53
3.5 Teste de economia de corrida ..................................................................................... 54
3.6 Teste de 1 RM ............................................................................................................ 55
3.7 Simulação da prova de 10 km ..................................................................................... 55
3.8 Teste de wingate......................................................................................................... 56
3.9 Drop jump .................................................................................................................. 56
3.10 Tempo até a exaustão na velocidade do VO2máx (Tlim) ........................................... 56
3.11 Análise da atividade eletromiográfica ....................................................................... 57
3.12 Treinamento de força................................................................................................ 58
3.13. Análise estatística .................................................................................................... 58
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 59
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................67
6 CONCLUSÃO......................................................................................................................71
REFERÊNCIAS ....... ........................................................................................................ 72
ANEXOS .......................................................................................................................... 84
15
1 INTRODUÇÃO
distância que possuíam maior economia de corrida, maior velocidade de pico na esteira (VPE)
e menor concentração de lactato a 15 km.h-1 quando comparado a outro grupo de corredores,
foram capazes de adotar uma EP mais agressiva, provavelmente devido aos reduzidos sinais
aferentes durante a corrida. Por sua vez, usando um modelo de regressão múltipla, um estudo
recente de nosso grupo de pesquisa mostrou que a força dinâmica máxima (1RM), a VPE e o
VO2máx explicaram 80% da variação de velocidade durante a parte média (400 – 9600 m) de
uma corrida de 10 km (BERTUZZI et al., 2013). Interessantemente, a VPE, que integra
potência aeróbia máxima e características anaeróbias dos membros inferiores, foi a única
variável capaz de predizer o sprint final (últimos 400 m), respondendo sozinha por 66% da
variação de velocidade. Uma proposição interessante a partir desses achados é que
intervenções capazes de alterar estas características neuromusculares e fisiológicas, e,
portanto, os sinais aferentes originários dos músculos, podem permitir aos atletas mudarem a
EP (LAMBERT et al., 2005). Contudo, ainda é desconhecido se a EP pode ser alterada em
resposta a adaptações nesses parâmetros produzidas pelo treinamento físico.
Ao longo das últimas três décadas tem aumentado o número de estudos que
demonstraram a importância de programas de treinamento de força (TF) para a melhora de
variáveis relacionadas ao desempenho em provas de longa duração (HICKSON et al., 1980;
STØREN et al., 2008; TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011). Støren et al. (2008)
reportaram significantes aumentos na força dinâmica máxima (~33%), na economia de
corrida (5%) e no tempo até a exaustão na velocidade aeróbia máxima (~21%) após 8
semanas de TF realizado por corredores de longa distância. De maneira similar, Mikkola et al.
(2011) observaram um aumento significativo na velocidade de pico na esteira (~3%) em
corredores fundistas após 8 semanas de TF, ao passo que Taipale et al. (2010) encontraram
uma maior atividade eletromiográfica (EMG) dos extensores da perna e uma melhora do
desempenho anaeróbio em um grupo similar de atletas. Essas adaptações contribuiriam para
alterar o padrão de recrutamento das unidades motoras e a capacidade de produzir e manter a
aplicação de força durante a corrida. Isso parece especialmente importante durante os estágios
finais de uma corrida, quando os atletas atingem as maiores velocidades. De fato, achados
prévios demonstraram que a velocidade de corrida e a EMG dos membros inferiores foram
aumentadas durante a volta final de uma corrida contrarrelógio de 5 km, o que sugere que os
atletas aumentaram o seu recrutamento muscular, apesar do desenvolvimento da fadiga
(NUMMELA et al., 2006). Assim, pode-se esperar que uma maior força muscular após um
programa de TF poderia ser acompanhada por um sprint final mais rápido.
17
1.1 OBJETIVOS
1
O principal artigo científico originário dessa tese foi publicado em Damasceno et al. Effects of
resistance training on neuromuscular characteristics and pacing during 10-km running time trial. Eur J
Appl Physiol. 115(7): 1513-22, 2015 (ANEXO I).
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
Figura 1. Representação gráfica das estratégias de prova positiva (a), negativa (b), parabólica
(c) e constante (d).
De acordo com Tucker (2009), a EP pode ser estudada de duas maneiras diferentes. A
primeira é observar qual a EP espontaneamente adotada pelos atletas. Isto permite que fatores
externos (por exemplo, temperatura) sejam manipulados para verificar quais mecanismos
poderiam ser responsáveis por modificações na EP utilizada. A segunda maneira é interferir
diretamente nesta EP, manipulando determinadas partes da prova para que se possa
compreender quais modificações psicológicas e/ou fisiológicas ocorrem no atleta e, a partir
disso, tentar melhorar seu desempenho.
Todavia, é importante destacar que, dependendo da EP utilizada, as respostas
metabólicas podem ser diferentes e desencadear eventos fisiológicos relacionados à fadiga
aguda (BISHOP et al., 2002). A manipulação da largada pode ser utilizada para exemplificar
essa situação. Se por um lado uma saída mais rápida poderia acelerar a taxa de quebra de
fosfocreatina e aumentar o consumo de oxigênio (VO2) durante a transição do repouso para o
esforço físico (HANON et al., 2008; TURNES et al., 2014), por outro lado isso poderia
aumentar demasiadamente os valores de lactato sanguíneo ou da percepção subjetiva de
esforço (PSE) (THOMPSON et al., 2003). Consequentemente, uma saída acelerada demais
poderia prejudicar o desempenho final do atleta. Nesse sentido, os tópicos a seguir relatam em
quais eventos os perfis de EP citados acima são geralmente utilizados e quais as principais
respostas obtidas pelos pesquisadores quando a EP é manipulada, englobando assim, as duas
maneiras de estudar a estratégia de prova.
20
mais rápido no VO2. Em virtude de um menor déficit de oxigênio, esse processo resultaria em
uma menor utilização do metabolismo anaeróbio no início do exercício, permitindo a
utilização dessa via metabólica na parte final da prova.
De maneira similar, Bishop et al. (2002) atribuíram à cinética mais rápida do VO2 a
melhora do desempenho dos atletas em uma prova de dois minutos de caiaque com o uso da
EP positiva. Um aumento no VO2 inicial elevaria a ressíntese de ATP via processos oxidativos
(HANON et al., 2008). Desse modo, assumindo não haver nenhuma mudança na produção
anaeróbia de ATP, uma cinética mais rápida do VO2 melhoraria o desempenho por aumentar o
ATP total disponível para sustentar o exercício (BISHOP et al., 2002).
Assim, parece que a eficácia acerca do uso da EP positiva é superior aos outros perfis
de EP quando as provas em questão são de alta intensidade e curta duração. Essa resposta
positiva no desempenho se deve em grande parte pelo mecanismo de aceleração da cinética
do VO2, aumentando a contribuição oxidativa no início do exercício e ―poupando‖ as reservas
anaeróbias para a parte final do evento.
potência em provas mais longas, demonstrando que a alta intensidade inicial teve um impacto
direto no resultado final da prova.
Já no estudo de Bini et al. (2008), foi observado que em uma prova de ciclismo de 40
km a EP negativa foi espontaneamente adotada pelos atletas, demonstrada através de um
aumento na produção de potência em direção ao final da prova. Esta maior produção de
potência foi acompanhada por um aumento na EMG do vasto lateral. Além disso, foi
verificada uma alta correlação da potência mecânica externa com a EMG do vasto lateral (r =
0,95) e do reto femoral (r = 0,94), indicando que o controle da produção de potência estava
relacionado com a ativação destes músculos.
Por outro lado, Aisbett et al. (2003) não verificaram diferenças no desempenho, no
VO2 e no acúmulo de lactato sanguíneo em um exercício máximo de seis minutos de ciclismo
quando as EP negativa, positiva e constante foram comparadas. Em parte, os autores
atribuíram estes resultados ao reduzido tamanho da amostra (n=6), fator que, devido à
variação individual dentro do grupo, pode ter mascarado pequenas diferenças significativas
entre os três tipos de EP. Além disso, talvez a característica da prova (curta duração e alta
intensidade) tenha sido responsável pelas divergências encontradas entre este estudo e os de
Mattern et al. (2001) e Bini et al. (2008), o que ressalta a importância da duração da prova na
escolha da melhor EP.
Em resumo, a maior parte dos estudos acerca dessa temática sugere que o benefício da
utilização da EP negativa em provas mais longas reside no fato dela minimizar o acúmulo
antecipado de metabólitos relacionados à fadiga e assim não prejudicar o desempenho final do
atleta. Isso parece ser especialmente importante em eventos esportivos com duração superior a
30 minutos.
utilizada por atletas profissionais em competições de alto nível. Por sua vez, ao caracterizar as
EP utilizadas por atletas de elite em campeonatos mundiais de natação realizados entre os
anos de 2006 a 2010, um estudo conduzido pelo nosso grupo identificou que o uso da
estratégia parabólica era o mais comum nas provas de 800 e 1500 m estilo crawl
(DAMASCENO et al., 2013). Este aumento da intensidade próximo ao fim do evento indica
que, durante a parte média do exercício, o atleta adota uma intensidade que é submáxima
relativa à sua capacidade próxima ao ponto final (TUCKER, 2009). Isto pode ser evidenciado
pela velocidade alcançada na última parte da prova, que muitas vezes pode chegar a ser igual
ou maior que a velocidade inicial (LIMA-SILVA et al., 2010).
Em outro estudo realizado em colaboração com o nosso grupo de pesquisa (LIMA-
SILVA et al., 2010), foi demonstrado que esse perfil de EP também era adotado
espontaneamente por atletas de corrida de fundo. Foi detectado que os corredores de 10 km
classificados como de melhor desempenho (tempo nos 10 km = <35,6 min), começavam a
prova em uma velocidade mais alta do que a média de velocidade da corrida, diminuíam
gradativamente no trecho médio da prova e aceleravam no final, sendo que esta velocidade
não foi significativamente diferente do início da prova. Além disso, também foi observado
que os corredores com menor nível de desempenho (tempo nos 10 km = >39,1 min) adotaram
uma EP mais conservadora, com uma distribuição mais uniforme da velocidade ao longo da
prova, similar à EP constante.
De uma perspectiva fisiológica, acredita-se que a vantagem dessa maior intensidade
inicial encontrada na EP parabólica pode ser explicada pelos mesmos mecanismos atribuídos
à EP positiva. Maiores taxas de quebra de fosfocreatina são necessárias durante uma saída
mais rápida para suprir a demanda das maiores velocidades empregadas. Isto fornece um
estímulo para o aumento no VO2 (BISHOP et al., 2002), que por sua vez pode diminuir o
déficit de oxigênio no início da corrida (LIMA-SILVA et al., 2010).
Outra característica marcante deste tipo de EP é a presença do sprint final. Apesar dos
mecanismos responsáveis pela realização desse sprint não estarem bem elucidados, sugere-se
que este aumento na intensidade do exercício na parte final da prova pode ser explicado
através de um modelo de teleantecipação (ULMER, 1996). Tem-se proposto que, a partir de
um processo considerado antecipatório, o atleta regula a distribuição da velocidade a partir do
conhecimento prévio da distância total do evento. Deste modo, ao conhecer previamente o
ponto final a ser alcançado, o atleta sabe, em teoria, quando deve aumentar ou diminuir a
intensidade da prova para que o sprint final não seja prejudicado (ULMER, 1996;
NIKOLOPOULOS et al., 2001; ST CLAIR GIBSON et al., 2006).
24
Por sua vez, Mauger et al. (2012) afirmaram que a presença do sprint final pode
representar uma capacidade de reserva que só pode ser acessada quando a fadiga prematura é
improvável. Além desta explicação, esses autores sugerem também que o sprint final pode ser
o resultado de uma mudança na tática da competição como resultado da estratégia dos outros
competidores ou ainda um erro nas seções anteriores da prova, causando um ritmo de trabalho
menor que o ideal.
Dessa forma, parece que a escolha da EP ideal pode estar relacionada não apenas à
duração da prova como sugerido por Abbiss e Laursen (2008), mas também às características
extrínsecas da modalidade esportiva em questão. Por exemplo, em modalidades como a
natação, em que a resistência da água é maior que a resistência do ar, grandes variações na
velocidade podem resultar em maior custo energético (ZAMPARO et al., 2005), fazendo com
que o desempenho total dos atletas seja otimizado quando a aceleração e a desaceleração são
minimizados (SWAIM, 1997).
modelo sugere que, teoricamente, o SNC modifica continuamente o ritmo do atleta a partir de
um sistema dinâmico, complexo e não linear que media as mudanças na ativação neural na
tentativa de otimizar o desempenho e prevenir mudanças críticas à homeostase. Também é
previsto por esse modelo que a produção de potência (taxa de trabalho) é continuamente
ajustada com base nos cálculos metabólicos realizados subconscientemente pelo SNC.
Em outras palavras, sugeriu-se que o controle eferente dos músculos esqueléticos
durante o exercício é determinado centralmente através de uma integração complexa de sinais
aferentes periféricos, da PSE e da experiência que o atleta possui naquela tarefa (LAMBERT
et al., 2005). Isto permite a seleção da EP ótima para se completar a tarefa no modo mais
eficiente possível enquanto é mantida uma capacidade de reserva fisiológica e metabólica (ST
CLAIR GIBSON; NOAKES, 2004). Por exemplo, a partir de feedbacks aferentes vindos de
numerosos sistemas fisiológicos, Tucker (2009) propuseram que a PSE seria a manifestação
consciente das mudanças fisiológicas ocorrendo durante o exercício, podendo assim contribuir
para a regulação da intensidade aplicada.
Contudo, um fato interessante que se opõe a essa teoria ocorreu em 2012, no Payton
Jordan Cardinal Invitation, tradicional campeonato de atletismo organizado pela
Universidade de Stanford. Durante a prova de 5000 m, o atleta sudanês Lopez Lomong errou
a contagem das voltas e, pensando que restava apenas uma volta, iniciou o sprint final
faltando 800 m para o fim da corrida. Após completar a volta, quando já estava diminuindo a
velocidade, ouviu avisos que faltava mais uma volta. Então Lomong acelerou novamente e
ganhou a corrida, estabelecendo o melhor tempo do ano nos 5000 m (13min11s63). De acordo
com o modelo do governador central, o atleta não teria conseguido acelerar novamente, visto
que ele teria calculado a intensidade máxima para a penúltima volta, já que pensava ser a
última da prova.
Pode-se ainda citar outros exemplos. Um deles é observar atletas de elite desistindo da
prova. Considerando o modelo proposto por Noakes et al. (2004), se a intensidade está
demasiadamente alta, o sistema de feedbacks vindos da periferia envia esta informação ao
cérebro, fazendo com que a velocidade do atleta diminua para ele conseguir continuar sem
maiores danos aos sistemas fisiológicos. Todavia, se o atleta ―quebra‖, é sinal que isso não
ocorre e ele para. Adicionalmente, ainda há estudos que induziram uma saída rápida e
observaram melhoras no desempenho (GOSZTYLA et al., 2006). Por exemplo, no estudo de
Gosztyla et al. (2006), corredores realizaram uma prova de 5 km com o primeiro 1,63 km em
três diferentes velocidades: a) velocidade igual à média do melhor tempo de prova, b) 3%
mais rápido e c) 6% mais rápido que a média do melhor tempo. Foi observado que as provas 3
27
teste de ponto final desconhecido foi comparado com o teste de distância conhecida. A partir
destes resultados, foi suposto que a ausência do conhecimento do comprimento da prova
provavelmente influenciou a PSE devido ao processo de teleantecipação. Através desse
modelo, o cérebro estima subconscientemente um comprimento máximo que pode ser
sustentado. Essa estimativa é associada com a PSE máxima que o voluntário considera
tolerável. Na situação com ponto final desconhecido, foi sugerido que os valores da PSE
relatados pelos participantes seriam dados de acordo com um máximo tolerável abaixo de 20,
havendo assim a redução da PSE quando comparada à prova com a distância conhecida.
Por sua vez, um estudo realizado por Mauger et al. (2009) mostrou que, além do
conhecimento prévio da distância, a experiência do atleta na prova a ser realizada é um fator a
ser levado em consideração no estabelecimento da EP. Nesse estudo, os autores submeteram
ciclistas treinados (VO2 máx = 61 ± 5 ml.kg -1.min-1) a quatro provas de 4 km de ciclismo,
porém a única informação dada anteriormente à realização das provas era que todas elas
possuíam a mesma distância, sem informar que distância seria essa. Para um segundo grupo
de ciclistas foi dito que as provas possuíam a distância de 4 km e era dado feedback do quanto
já tinha sido percorrido durante as provas. Os autores observaram que quando o tempo e a
produção de potência da primeira prova de cada grupo foram comparados, houve uma
diferença significativa entre eles, com o grupo que conhecia a distância realizando a prova em
um menor tempo e com uma maior produção de potência. Contudo, a magnitude dessa
diferença foi diminuída ao longo das provas seguintes, de forma que na última prova de cada
grupo não foram detectadas diferenças significativas entre elas, com a média de tempo sendo
apenas 0,5% diferente entre os grupos. Os autores destacam que, a cada prova completada, os
atletas eram capazes de adquirir um conhecimento relativo da distância mais preciso,
sugerindo que é possível adotar uma EP bem sucedida baseado somente na experiência prévia
(MAUGER et al., 2009).
Especificamente com relação ao papel do feedback externo no desempenho, esse
mesmo autor investigou se o fornecimento de feedback visual afetaria a EP e o tempo para
completar uma prova de ciclismo de 4 km (MAUGER et al., 2011). Os atletas realizaram uma
primeira prova (baseline) sem feedback, e a partir do desempenho nela o feedback era dado
(correta ou incorretamente) para as provas posteriores. Os autores observaram que a prova
com o feedback correto foi realizada em um tempo significativamente mais rápido comparada
à situação de falso feedback. Além disso, na primeira condição os atletas foram capazes de
realizar o sprint final, aumentando a velocidade na última parte da prova, situação que não se
repetiu na prova com o falso feedback.
31
que continham diferentes tipos de música. Porém, nesse estudo não houve medida de
desempenho, o que limita a comparação com outros trabalhos.
Por sua vez, Chtourou et al. (2012) demonstraram que a adição de música durante 10
minutos de aquecimento levou a uma produção de potência (potência média e de pico)
significativamente maior durante o teste de wingate quando este foi comparado à condição
sem música durante o aquecimento. Similarmente, Simpson e Karageorghis (2006) mostraram
que o efeito ergogênico da música também pôde ser observado em uma corrida de 400 m,
visto que a condição com música aumentou o desempenho dos atletas quando comparado a
condição sem música.
Além da influência sobre o desempenho total, Lima-Silva et al. (2012) demonstraram
que a música pode influenciar a EP adotada durante uma corrida de 5 km. Nesse estudo,
homens fisicamente ativos realizaram duas corridas controle e duas com a presença da música
no primeiro 1,5 km (Minício) ou no último 1,5 km (Mfinal). Os principais achados foram que a
velocidade média do primeiro 1,5 km foi significativamente maior na condição M início que na
condição controle, com uma redução nos pensamentos associativos neste trecho para a
primeira condição. Todavia, a PSE não foi diferente entre as condições. Em conjunto, esses
achados sugerem que a música afeta alguns fatores psicológicos, como foco de atenção e
afetividade, permitindo os participantes aumentarem a velocidade com uma mesma PSE
(LIMA-SILVA et al., 2012). Portanto, essas evidências demonstram a capacidade da música
de agir positivamente como um auxílio ergogênico, influenciando no estado psicológico dos
participantes, podendo resultar em um melhor desempenho durante provas de curta a média
duração.
uma potência média significativamente menor, o que, em conjunto com um maior tempo para
completar a prova prejudicou o desempenho total na condição quente quando comparada à
condição frio.
Um comportamento similar da potência foi observado em outro estudo de Tucker et al.
(2006b). Nesse estudo, os participantes realizaram provas de ciclismo a 15°, 25° e 35°C,
sendo instruídos a manterem uma PSE pré-determinada, que correspondia a 16 na escala de
Borg. Foi observado que a produção de potência declinou de maneira linear nas três
condições, sendo essa taxa de declínio significativamente maior na condição quente (35°). A
explicação para os achados desses estudos é similar. Segundo esses autores, tais respostas
fazem parte de um mecanismo antecipatório, que ajusta a potência e o recrutamento muscular
para reduzir a produção de calor, garantindo que a homeostase termal seja mantida (TUCKER
et al., 2004).
Similarmente, Abbiss et al. (2010) estudaram a influência da temperatura na produção
de potência e na ativação muscular em uma prova de 100 km de ciclismo (estratégia auto
selecionada) em um ambiente quente (34°) ou frio (10°). Foi observado um menor
desempenho no ambiente quente, com redução na ativação muscular e na produção de
potência a partir do quilômetro 28 até o final da prova. A explicação para os achados destes
estudos partem do princípio que em exercícios contrarrelógio, em que a intensidade é auto
selecionada, a potência é ajustada na tentativa de impedir aumentos precoces na temperatura.
Acredita-se que esta redução na produção de potência seja uma evidência de uma redução
antecipatória na ativação muscular para evitar a obtenção de temperaturas centrais críticas
(TUCKER et al., 2004; ABBISS et al., 2010). Portanto, parece que este mecanismo de
controle é compatível com a ideia da EP regulada centralmente, onde a redução na intensidade
do exercício ocorre de forma a prevenir o desenvolvimento de um nível prejudicial de calor.
uma menor altura no salto vertical pós alongamento, essa diminuição na velocidade foi
atribuída a um prejuízo na função neuromuscular. Em conjunto, estes achados demonstraram
o papel fundamental do sistema periférico na velocidade auto selecionada durante a fase
inicial da corrida.
Desta forma, ao considerar o impacto que o ritmo de prova pode promover no
rendimento esportivo (DE KONNING et al., 1999), o atleta deve levar em consideração
diversos fatores ao escolher a melhor EP (ABBISS; LAURSEN, 2008). Em resumo, o
controle da EP ideal parece ser dependente de vários fatores intrínsecos (fisiológicos) e
extrínsecos (ambientais, duração do evento, características inerentes das provas) que
influenciam a intensidade do exercício e a escolha da EP mais apropriada, fazendo com que o
atleta seja capaz de terminar a prova no menor tempo possível, mantendo a homeostase
fisiológica.
antagonistas. Por sua vez, Rutherford e Jones (1986) analisaram a reposta de doze semanas de
treinamento de força dos extensores da coxa em homens saudáveis e atribuíram grande parte
do acréscimo nas cargas de treino a um aumento na capacidade de coordenar outros músculos
envolvidos no movimento, como aqueles usados para estabilizar o corpo.
Além da coordenação intermuscular, outra evidência de adaptação neural pode ser
observada através do fenômeno denominado ―educação cruzada‖ ou cross education. Na
educação cruzada, o treinamento de um dos membros leva a aumentos na força não apenas do
membro treinado, mas também no membro contralateral (SHIMA et al., 2002; MUNN et al.,
2005). Por exemplo, Shima et al. (2002) encontraram aumentos na força de contração
isométrica máxima e na EMG do membro contralateral após seis semanas de treinamento dos
flexores plantares. Por sua vez, Munn et al. (2005) observaram que seis semanas de
treinamento de flexão do cotovelo resultou em um aumento médio de 7% na força do membro
contralateral. Visto que não houve aumento na área de secção transversa, esses autores
atribuem o efeito contralateral do treinamento a uma melhorada ativação voluntária via
recrutamento de unidades motoras e a um aumento na taxa de disparo através de mecanismos
neurais centrais (MUNN et al., 2005).
Nesse sentido, os estudos citados anteriormente indicam que o treinamento de força
resulta em diferentes adaptações neurais que, entre outros fatores, levam a um aumento na
força e na coordenação muscular, o que parece ser de especial importância em diversas
atividades diárias e modalidades esportivas. É importante destacar que essas adaptações
podem ser observadas ainda na fase inicial do treinamento, visto que tanto estudos mais curtos
(6 semanas) quanto mais longos (24 semanas), foram capazes de detectá-las
(RUTHERFORD; JONES, 1986; HAKKINEN et al., 2003; MUNN et al., 2005).
de 1RM) ou com intensidades mais intensas (70% de 1RM). Após doze semanas de
intervenção, os autores observaram um aumento na área de secção transversa do quadríceps
nos dois grupos estudados (+3% no primeiro grupo e +8% no segundo grupo). Por sua vez,
Ronnestad et al. (2010) mostraram que esta adaptação também ocorre em grupos previamente
treinados aerobiamente, visto que os autores detectaram um aumento de 4,6% na área de
secção transversa do quadríceps de ciclistas bem treinados após 12 semanas de treinamento de
força.
Além da distinção nas amostras, estudos utilizando diferentes durações de treinamento
também encontraram resultados similares em relação a esta variável. Por exemplo, Seynes et
al. (2007) aplicaram um treinamento de força de alta intensidade e observaram que um
período de apenas 35 dias foi suficiente para que fosse detectado um aumento de 7% na área
de secção transversa do quadríceps, demonstrando que o método utilizado e o estímulo de
treinamento adequado podem detectar hipertrofia antes do tempo geralmente descrito.
Outra variável que pode ser modificada através do treinamento é a área das fibras
musculares. Hakkinen et al. (2003) observaram que 21 semanas de treinamento concorrente
(somente força ou força combinado com endurance) em homens saudáveis aumentou a área
das fibras tipo I, IIa e IIb. Da mesma forma, Staron et al. (1991) verificaram que 20 semanas
de treinamento de força levou a hipertrofia dos três principais tipos de fibras (I, IIa e IIb) em
mulheres destreinadas. Este aumento na área das fibras musculares também foi observado
com menores períodos de treinamento. Por exemplo, Kadi et al. (2004) treinaram homens
saudáveis 3 vezes por semana durante 3 meses, e observaram um aumento gradual na área de
secção transversa das fibras musculares de 6,7% em 30 dias e 17% ao final dos 90 dias.
Assim como as fibras musculares, o fascículo muscular também parece responder a
um período de treinamento de força. Tentando verificar a influência do modo de contração
nas mudanças da arquitetura do quadríceps, Reeves et al. (2009) aplicaram treinamento
excêntrico ou convencional em idosos por 14 semanas. Os autores observaram que houve um
maior aumento no comprimento do fascículo no grupo que treinou excêntrico e um aumento
no ângulo de penação somente no grupo que realizou o treino convencional. Adicionalmente,
os dois grupos aumentaram similarmente a área de secção transversa do vasto lateral. Os
autores sugeriram que as maiores cargas com o treinamento excêntrico podem ter induzido a
um maior alongamento nas fibras musculares, servindo como um estímulo mais potente para a
adição dos sarcômeros em série, o que leva a um aumento no comprimento do fascículo
(REEVES et al., 2009). Por sua vez, o aumento no ângulo de penação é consistente com o
aumento de sarcômeros em paralelo. Visto que a carga absoluta foi similar, os autores
40
sugeriram que ao invés do stress mecânico, como o que ocorre no treinamento excêntrico,
alguma forma de stress metabólico seja responsável pela adição de sarcômeros em paralelo,
levando a um maior ângulo de penação. Através de um maior ângulo de penação, um maior
número de fibras em paralelo pode ser colocado num mesmo volume. Assim, para um mesmo
volume muscular, um músculo com maior ângulo de penação terá uma maior área de secção
transversa e uma maior capacidade de geração de força (FUKUNAGA et al., 2001).
correlacionada com aumentos no tempo até a exaustão durante o exercício exaustivo. Assim,
os autores sugeriram que a capacidade anaeróbia pode ser aumentada pelo treino de força.
Em conclusão, as adaptações advindas do treinamento de força incluem desde
mudanças na ativação e no recrutamento muscular até o aumento na área de secção transversa
do músculo. Este conjunto de adaptações também é capaz de influenciar variáveis importantes
para o treinamento de endurance, demonstrando a capacidade do treinamento de força de
modificar parâmetros em diversos âmbitos, seja neural, estrutural ou metabólico.
Possivelmente, esses ajustes promovidos pelo treinamento de força são fundamentais para os
esportes de longa duração, especialmente nas fases iniciais e finais de uma prova quando os
atletas atingem as maiores velocidades.
2.5 Treinamento de força aplicado aos esportes de longa duração: Adaptações neurais,
estruturais, metabólicas e suas transferências para o desempenho físico
Historicamente, o treinamento realizado por atletas de endurance leva em consideração
o princípio da especificidade. Dessa forma, as características que compõem o treinamento do
atleta são similares ao tipo de prova realizada. Portanto, atletas de provas de longa duração
geralmente treinam por longos períodos de tempo em menor intensidade, ou ainda realizam
treinos mais intensos, porém com um volume menor. Um aspecto marcante em provas de
longa duração é a predominância do metabolismo aeróbio na transferência metabólica de
energia (LAURSEN, 2010). Assim, é bem documentado na literatura científica que o
treinamento específico para estes atletas tem a capacidade de melhorar parâmetros
determinantes da aptidão aeróbia, como por exemplo, VO2 máx, limiares metabólicos e
economia de corrida (HICKSON et al., 1981; RAMSBOTTOM et al., 1989).
Todavia, diversas evidências sugerem que fatores relacionados à produção de força e à
potência muscular também têm considerável importância para os atletas engajados nesses
esportes (PAAVOLAINEN et al., 1999a; NUMMELA et al., 2006). Inclusive, tem-se
proposto que alguns fatores neuromusculares podem ser mais relevantes que o VO2 máx,
especialmente quando os atletas possuem o mesmo nível de desempenho físico (NOAKES,
1988). Adicionalmente, mediante as adaptações neurais e estruturais proporcionadas pelo
treinamento de força, estudos prévios demonstraram que variáveis determinantes da aptidão
aeróbia podem ser modificadas por esse tipo de intervenção (PAAVOLAINEN et al., 1999b).
A Tabela 1 apresenta uma síntese dos achados de diversos estudos que investigaram o
impacto do treinamento de força sobre parâmetros fisiológicos e neuromusculares
determinantes do desempenho em provas de longa duração.
42
Tabela 1 – Impacto do treinamento de força sobre parâmetros fisiológicos e neuromusculares determinantes do desempenho em provas de longa
duração.
Estudo Participantes Duração Frequência Número de Número Intensidade Parâmetros Parâmetros Resposta no
(semanas) semanal exercícios de séries neuromusculares fisiológicos Desempenho
Sedano et Corredores 12 2x 4 3 70% 1 RM EM VP
al. (2013) treinados 1RM SCM VO2 máx Tempo 3 km
Mikkola et Corredores 8 2x 2 3 4 – 6 RM 1 RM EM VP
al. (2011) treinados EMG VL vMART
SCM [La] 12km.h-1
43
Parte dos achados dos estudos presentes na Tabela 1 indica que os protocolos de
treinamento investigados resultaram em modificações em variáveis neuromusculares, as quais
têm se mostrado importantes no que concerne à melhora no desempenho nas provas de
endurance (HICKSON et al., 1980; STOREN et al., 2008; GUGLIELMO et al., 2009).
Trabalhos que realizaram intervenções com o treinamento de força vêm tentando elucidar os
mecanismos responsáveis por esta melhora desde a década de 80 do século passado
(HICKSON et al., 1980). O que tem sido frequentemente encontrado são adaptações
neuromusculares envolvendo aumento na força e na ativação muscular, bem como aumentos
na taxa de desenvolvimento de força e na altura de salto (PAAVOLAINEN et al., 1999b;
MIKKOLA et al., 2007; TAIPALE et al., 2012). Dessa forma, os próximos tópicos dessa
revisão de literatura apresentam a influência do treinamento de força sobre variáveis
determinantes do desempenho aeróbio e os mecanismos responsáveis por possíveis
adaptações.
investigados neste estudo, diversos autores afirmam que uma melhora nas características
neuromusculares, na eficiência mecânica e na coordenação muscular (SALE, 1988;
PAAVOLAINEN et al., 1999b; HOFF et al., 1999) estão entre as principais adaptações
advindas do treinamento de força relacionadas com a melhora na EC. Adicionalmente, um
aumento na força de 1RM permite que os músculos gerem mais força sem um aumento
proporcional na demanda energética, visto que as fibras musculares serão capazes de realizar
contrações com um menor percentual da força máxima, tornando uma carga submáxima
relativamente menor (HOFF et al., 2002).
Além dos mecanismos supracitados, as modificações na EC após a realização de um
período de treinamento de força podem ser causadas a partir de mudanças no stiffness
musculotendíneo (SMT). Achados prévios indicaram uma correlação negativa entre EC e
flexibilidade (JONES, 2002; TREHEARN; BURESH, 2009), sugerindo que corredores com
um maior SMT podem possuir uma melhor EC. Acredita-se que um maior SMT é capaz de
elevar o armazenamento e a restituição da energia elástica acumulada pelas estruturas
passivas do músculo esquelético, reduzindo assim o gasto energético na corrida
(PAAVOLAINEN et al., 1999b; KUBO et al., 2001). De fato, Paavolainen et al. (1999b)
verificaram que após um período de 9 semanas de treinamento de força explosiva, as
melhoras encontradas no grupo de corredores que treinou simultaneamente força explosiva e
endurance foram significativas para EC, desempenho nos 5 km e velocidade máxima no teste
de corrida anaeróbio máximo quando comparadas ao grupo controle. De acordo com
Paavolainen et al. (1999b), o treinamento de força explosiva foi capaz de melhorar as
características neuromusculares, incluindo regulação do SMT, que foram transferidas para a
EC.
Diferentemente dos estudos anteriormente citados, alguns autores não verificaram
modificações na EC após um período de treinamento de força (KELLY et al., 2008;
TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011). No estudo de Kelly et al. (2008), conduzido
com corredoras recreacionais, um programa de treinamento de força máxima com duração de
dez semanas foi adicionado a um treinamento de endurance. Apesar de um significante
aumento na força medida pelo teste de 1RM (17,9%) para o grupo que realizou o treinamento
combinado (força e endurance), os autores não detectaram mudanças na EC ao final deste
período de treinamento. Da mesma forma, Taipale et al. (2010) e Mikkola et al. (2011) não
encontraram mudanças na EC após 8 semanas de treinamento de força máxima em corredores
recreacionais, mesmo com mudanças significativas nas características neuromusculares
(aumento de força máxima e EMG). Mikkola et al. (2011) sugeriram que a magnitude de
50
diferenças detectadas na força muscular pode ser responsável por essa falta de consistência
nos achados, haja vista que Storen et al. (2008) encontraram aumento de 33% no teste de
1RM, ao passo que Mikkola et al. (2011) só encontraram 3,6% de aumento nesse mesmo
teste.
Em resumo, embora seja bem estabelecido que a EC possa ser influenciada por uma
grande quantidade de fatores, parece claro que após um período de treinamento de força são
modificações nas características neuromusculares que desempenham um papel fundamental
na melhora desta variável.
2.5.3 Velocidade no VO2máx (vVO2 máx) e tempo até a exaustão na vVO2máx (Tlim)
A velocidade associada ao VO2máx (vVO2 máx) pode ser definida como a velocidade
mínima em que se atinge o VO2 máx em um protocolo com incremento da intensidade até a
exaustão voluntária (BILLAT; KORALSZTEIN, 1996), enquanto o tempo até a exaustão na
vVO2máx, denominado como tempo limite (Tlim), representa o tempo em que o indivíduo
consegue manter se exercitando nesta velocidade (SAMOGIN LOPES et al., 2010).
Acredita-se que o Tlim está relacionado com a contribuição do metabolismo anaeróbio
durante exercícios aeróbios de alta intensidade (FAINA et al., 1997). De fato, Renoux et al.
(1999) encontraram uma correlação significante e positiva entre Tlim e déficit de oxigênio
expresso em ml de O2.kg-1, e entre Tlim a 100% e a 120% da velocidade aeróbia máxima.
Estas correlações demonstram, respectivamente, que o déficit de O2 aumentou com o aumento
do Tlim, e que a capacidade anaeróbia desempenha um papel fundamental na capacidade de
sustentar a corrida na velocidade aeróbia máxima. Adicionalmente, em um estudo conduzido
pelo nosso grupo de pesquisa, foi observado que a capacidade de gerar força rapidamente com
os membros inferiores é um parâmetro importante para o Tlim de corredores fundistas
recreacionais (BERTUZZI et al., 2012).
Diversos estudos têm demonstrado que o Tlim e suas intensidades relativas, bem como
a vVO2máx, são parâmetros frequentemente utilizados para prescrição de treinamentos de alta
intensidade (BILLAT et al., 1999; BILLAT, 2001; LAURSEN; JENKINS, 2002). Billat et al.
(1994) demonstraram que o Tlim estava altamente relacionado ao desempenho de corredores
em provas de longa distância (21 km), enquanto Morgan et al. (1989) observaram que a
vVO2máx estava mais associada com as variações no tempo em uma corrida de 10 km do que
o VO2 máx e a economia de corrida, deixando clara a importância destes parâmetros para o
sucesso em corridas de endurance.
51
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Participantes
Vinte corredores recreacionais do sexo masculino participaram voluntariamente desse
estudo. Eles foram divididos em grupo controle (GC, n = 10) e grupo treinamento (GT, n =
10) de forma contrabalançada com base no desempenho nos 10 km. Os atletas eram incluídos
no estudo se fossem capazes de percorrer a distância de 10 km com um tempo entre 35-45
minutos, possuir experiência em treinamento de corrida superior a dois anos e treinar pelo
menos três vezes por semana com o volume semanal mínimo acima de 30 km. O volume de
treinamento dos participantes foi expresso como a distância total média percorrida
semanalmente, avaliado através de um registro de treinamento das três semanas anteriores ao
início do estudo e das últimas três semanas antes do término do estudo. Adicionalmente, eles
não poderiam ter participado de qualquer tipo de TF ou fazerem uso de substâncias
ergogênicas nos últimos seis meses. Todos os voluntários assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido, contendo a descrição de todos os riscos e benefícios dos
procedimentos experimentais (ANEXO II). Os procedimentos adotados nesse estudo foram
aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa da EEFE-USP (processo n° 2011/38).
todos os testes foram realizados com a temperatura ambiente semelhante (20-24°) e duas
horas após a última refeição. O intervalo mínimo de 48 horas foi mantido entre as sessões
experimentais. Abaixo segue um time-line do desenho experimental.
3.3 Antropometria
Todas as medidas antropométricas foram realizadas por um único avaliador
experiente, de acordo com os procedimentos sugeridos por Norton e Olds (1996). A massa
corporal total foi medida com uma balança eletrônica com precisão de 0,1 kg (Filizola,
modelo ID 1500, São Paulo, Brasil) e a estatura foi mensurada com um estadiômetro com
precisão de 0,1 cm. As dobras cutâneas foram medidas em oito pontos anatômicos (triceps
braquial, suprailíaca, abdominal, peitoral, subescapular, axilar média, coxa e perna) usando
um compasso da marca Harpenden (West Sussex, UK). A mediana dos valores dessas
medidas, as quais foram realizadas em triplicata e ao lado direito do corpo, foi empregada na
estimativa da composição corporal. A densidade corporal foi estimada pela equação
generalizada de Jackson e Pollock (1985) e o percentual de gordura estabelecido pela equação
de Brozek et al. (1963).
sendo UEC a velocidade no último estágio completo realizado pelo voluntário, e TUEI o
tempo em segundos que o voluntário permaneceu no último estágio incompleto.
em que o sujeito retirou as mãos da barra de segurança da esteira e voltou a se apoiar nela. O
VO2 de pico nessa tarefa foi estabelecido pela média dos últimos trinta segundos, ao passo que
a freqüência cardíaca de pico foi determinada pelo maior valor mensurado ao final do
exercício. Os participantes que fizeram parte do grupo treinamento de força realizaram o teste
de Tlim na vVO2 max correspondente ao pré treinamento, ou seja, na mesma velocidade
absoluta. Amostras de sangue (25 µl) foram coletadas do lóbulo da orelha direita em repouso,
no primeiro, terceiro, quinto e sétimo minutos de recuperação para a determinação da
concentração de lactato sanguíneo de pico por espectrofotometria (EONC, Biotek
Instruments, USA).
4 RESULTADOS
LV (km.h-1) 13,0 ± 0,5 13,0 ± 0,5 1,8 ± 3,5 12,6 ± 0,5 12,8 ± 0,7 0,1 ± 4,0
PCR (km.h-1) 15,8 ± 1,0 15,7 ± 1,2 1,2 ± 5,9 15,4 ± 1,1 16,0 ± 1,2 3,8 ± 3,4
EC12 41,8 ± 4,6 41,0 ± 4,2 -1,9 ± 10,4 42,5 ± 3,2 41,9 ± 4,0 -1,4 ± 3,6
(ml.kg-1.min-1)
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. VO2max = consumo máximo de
oxigênio. VPE = velocidade de pico na esteira. LV = limiar ventilatório. PCR = ponto de
compensação respiratória. EC12 = economia de corrida determinada na velocidade de 12
km/h. * Significativamente diferente do grupo controle (P < 0,05).
Tabela 6 – Variáveis neuromusculares mensuradas durante o teste de drop jump antes e após
a intervenção com o programa de treinamento de força
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
AS (cm) 23,7 ± 6,1 22,5 ± 6,7 25,3 ± 7,2 27,9 ± 5,3
TC (segundos) 0,277 ± 0,08 0,289 ± 0,09 0,328 ± 0,12 0,287 ± 0,08
IFR (cm/s) 94,1 ± 37,2 91,9 ± 38,9 83,4 ± 26,7 103,4 ± 30,8
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. AS = altura do salto vertical. TC =
tempo de contato com o solo. IFR = índice de força reativa.
Tabela 8 – Tempo até a exaustão e variáveis fisiológicas mensuradas durante o teste de tempo
limite na velocidade correspondente ao consumo máximo de oxigênio antes e após a
intervenção com o programa de treinamento de força.
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
Tlim (s) 335 ± 173 359 ± 173 322 ± 74 340 ± 62
VO2pico (ml.kg-1.min-1) 51,6 ± 6,6 51,7 ± 9,5 53,8 ± 6,1 54,0 ± 6,5
FCpico (bpm) 179 ± 11 175 ± 15 170 ± 13 180 ± 5
[La]pico (mmol/l) 11,8 ± 4,3 11,5 ± 5,2 9,9 ± 4,7 10,4 ± 6,1
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. Tlim = tempo até a exaustão.
VO2pico = pico do consumo de oxigênio. FCpico = frequência cardíaca de pico. [La]pico =
pico das concentrações sanguíneas de lactato.
62
Pré treinamento
Pós treinamento
180
*
160
120
100
80
60
40
20
GC GT
Figura 4. Força dinâmica máxima dos membros inferiores determinada a partir do teste de
uma repetição máxima no exercício de meio agachamento antes e após a intervenção com o
programa de treinamento de força. Os valores são apresentados como média ± desvio padrão.
* = Significativamente maior que as demais condições (P < 0,05).
130
Intensidade de treinamento (% de 1 RM)
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
1 2 3 4 5 6 7 8
Semanas de treinamento
Pré treinamento
Pós treinamento
Pré controle
Pós controle
final
Trecho da prova de 10 km
médio
inicial
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Sujeitos
5 DISCUSSÃO
estão de acordo com estudos anteriores que encontraram um aumento significativo no teste de
1RM (~ 18,0%), iEMG (16,2%) e altura do salto (6,1%), em um grupo similar de atletas após
6-8 semanas de treinamento de força (MIKKOLA et al., 2011; TAIPALE et al., 2010;
BERTUZZI et al., 2013). Além disso, não detectamos alterações estatísticas nas medidas
antropométricas (ou seja, peso e gordura corporal) em ambos os grupos após o período de
treinamento, o que sugere que a melhoria da capacidade de produzir força no GT pode não ter
sido associada a hipertrofia muscular. De fato, os resultados anteriores sugerem que um
aumento na área de secção transversa é encontrado quando um maior volume de treinamento
e o número de exercícios por grupo muscular é usado (DOCHERTY; SPORER, 2000). Um
segundo mecanismo envolve uma menor força relativa gerada por passada, resultando em um
maior recrutamento de fibras tipo I e atrasado recrutamento de fibras tipo II, retardando a
fadiga. Esta adaptação poderia permitir os corredores manter uma velocidade relativamente
maior no último terço da prova devido a uma maior disponibilidade de ATP via metabolismo
aeróbio (TANAKA; SWENSEN, 1998). Em conjunto, estes dados reforçam a sugestão de que
um programa de TF é capaz de promover mudanças nas características neuromusculares,
aumentando a capacidade de produzir força em atletas de endurance (TAIPALE et al., 2010;
MIKKOLA et al., 2011).
Por outro lado, não foram detectadas diferenças estatísticas para o desempenho
anaeróbio em ambos os grupos (GT e GC) após o período de treinamento. Este achado difere
de outros estudos que relataram melhora no desempenho anaeróbio em corredores de longa
distância após 8-9 semanas de um programa de treinamento de força (PAAVOLAINEN et al.,
1999b; MIKKOLA et al., 2011). Estas discrepâncias entre os estudos podem ser parcialmente
explicadas por diferenças nos regimes de treinamento. O protocolo de treinamento utilizado
no presente estudo teve maior intensidade e menor volume do que a maioria dos estudos
anteriores realizados com corredores de longa distância (PAAVOLAINEN et al., 1999b;
TAIPALE et al., 2010; TAIPALE et al., 2013). Como resultado, nosso protocolo pode ter
produzido um menor estresse na via glicolítica, o que não melhorou a capacidade do
metabolismo anaeróbio lático para ressintetizar ATP. Isto está de acordo com achados prévios
indicando que o treinamento de força aumenta a capacidade anaeróbia em atletas que
tradicionalmente usam regimes de treinamento com maior volume do que o utilizado no
presente estudo (PIZZA et al., 1996). Além disso, tem sido relatado que aumentos na força
muscular após o treinamento com maiores cargas (4-6RM), como o usado nas últimas
semanas do nosso programa de treinamento (últimas 4 semanas), poderiam ser atribuídos a
adaptações neurais incluindo aumento de ativação de unidades motoras, frequência de disparo
69
condicionamento aeróbio inicial, visto que estudos que observaram mudanças no VO2 max e
no PCR após um período de treinamento de força utilizaram indivíduos sedentários ou
aerobiamente destreinados (VO2max < 40 ml∙kg-1∙min-1) (GETMAN et al., 1978;
KAIKKONEN et al., 2000). Acredita-se que um período agudo de treinamento de força
requer valores de consumo de oxigênio inferiores a 50% da capacidade máxima (HURLEY et
al., 1984). Assim, é improvável que isto forneça um forte estímulo para melhorar a potência
aeróbia, pois o treinamento de endurance que resulta em melhoras da aptidão aeróbia em
corredores treinados normalmente são realizados em intensidades que requerem pelo menos
70-85% do VO2 max (TANAKA et al., 1986; BILLAT et al., 2004). No entanto, é interessante
observar que foi encontrado um aumento significativo no percentual de alteração da
velocidade de pico na esteira (VPE) para o GT após o programa de treinamento. Acredita-se
que a VPE é influenciada não somente pela potência aeróbia máxima, mas também pela
economia de corrida e fatores anaeróbios e neuromusculares (NOAKES, 1988; MIKKOLA et
al., 2011). No presente estudo, o programa de treinamento de força não mudou a economia de
corrida e o desempenho anaeróbio, mas os parâmetros neuromusculares foram melhorados
(i.e. 1 RM, DJ, TC e IFR). Portanto, os resultados do presente estudo sustentam o conceito de
que um ligeiro aumento da VPE induzido pelo programa de treinamento de força é causado
por alterações nas características neuromusculares, aumentando a capacidade de produzir
força.
É necessário reconhecer algumas limitações do estudo. Primeiramente, é importante
observar que nossa amostra foi composta de atletas moderadamente treinados. Além disso, os
participantes não tinham experiência prévia com treinamento de força ou pliométrico. Esses
atletas podem ser mais responsivos a esse tipo de treinamento do que atletas altamente
treinados. Assim, recomenda-se cautela ao extrapolar estes resultados para atletas altamente
treinados que frequentemente realizam sessões de treinamento com exercícios de força e
potência. Em segundo lugar, o protocolo de treinamento foi limitado a quatro exercícios, que
podem ter resultado em um volume de treinamento de força mais baixo do que aqueles que
são frequentemente utilizados no "mundo real". Assim, estudos futuros devem comparar a
eficácia de diversas modalidades de exercício, intensidade e duração para determinar quais
treinamentos são mais eficazes para alterar a estratégia de prova selecionada por atletas de
longa distância.
71
6 CONCLUSÃO
Com base nos achados e nas limitações do presente estudo, pode-se concluir que:
REFERÊNCIAS
AAGAARD, P. et al. Increased rate of force development and neural drive of human skeletal
muscle following resistance training. Journal of Applied Physiology, v. 93, p. 1318-1326,
2002.
AAGAARD, P. et al. Effects of resistance training on endurance capacity and muscle fiber
composition in young top-level cyclists. Scandinavian Journal of Medicine and Science in
Sports, v. 21(6), p. 298-307, 2011.
ABBISS, C.R.; LAURSEN, P.B. Models to explain fatigue during prolonged endurance
cycling. Sports Medicine, v. 35(10), p. 865-898, 2005.
ABBISS, C.R.; LAURSEN, P.B. Describing and understanding pacing strategies during
athletic competition. Sports Medicine, v. 38(3), p. 239-252, 2008.
ABBISS et al. Effect of hot versus cold climates on power output, muscle activation, and
perceived fatigue during a dynamic 100-km cycling trial. Journal of Sports Sciences, v.
28(2), p. 117–125, 2010.
AISBETT, B. et al. The influence of pacing during 6-minute supramaximal cycle ergometer
performance. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 6(2), p. 187—198, 2003.
AISBETT, B. et al. Influence of all-out and fast start on 5-min cycling time trial performance.
Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 41, p. 1965-1971, 2009.
ATKINSON, G. et al. Effects of music on work-rate distribution during a cycling time trial.
International Journal of Sports Medicine, v.25, p. 611-615. 2004.
BAILEY, S.J. et al. Fast-start strategy improves VO2 kinetics and high-intensity exercise
performance. Medicine Science in Sports and Exercise, v. 43(3), p. 457–467, 2011.
BARWOOD, M.J. et al. Early change in thermal perception is not a driver of anticipatory
exercise pacing in the heat. British Journal of Sports Medicine. v. 46(13), p. 936-42, 2012.
73
BASSETT, D.R.; HOWLEY, E.T. Limiting factors for maximum oxygen uptake and
determinants of endurance performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, v.
32(1), p. 70-84, 2000.
BATH, D. et al. The effect of a second runner on pacing strategy and RPE during a running
time trial. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 7, p. 26-32,
2012.
BILLAT, V.L.; KORALSZTEIN, J.P. Significance of the velocity at VO2max and time to
exhaustion at this velocity. Sports Medicine, v. 22, p. 90-108, 1996.
BILLAT, V.L. et al. Determination of the velocity associated with the longest time to
exhaustion at maximal oxygen uptake. European Journal of Applied Physiology, v. 80, p.
159-161, 1999.
BILLAT, V.L. Interval training for performance: a scientific and empirical practice. Part I:
aerobic interval training. Sports Medicine, v. 31, p. 13-31, 2001.
BILLAT, V.L. et al. Training effect on performance, substrate balance and blood lactate
concentration at maximal lactate steady state in master endurance runners. Pflurgs Archive:
European Journal of Physiology, v. 447, p. 875-83, 2004.
BILLAT, V.L. et al. Nonlinear dynamics of heart rate and oxygen uptake in exhaustive
10.000 m runs: influence of constant vs. freely paced. The Journal of Physiological
Sciences, v. 56(1), p. 103-111. 2006.
BINI, R.R. et al. Physiological and electromyographic responses during 40-km cycling time
trial: Relationship to muscle coordination and performance. Journal of Science and
Medicine in Sport, v. 11, p. 363-370, 2008.
BISHOP, D. et al. The effects of strength training on endurance performance and muscle
characteristics. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 31(6), p. 886-891, 1999.
BISHOP, D. et al. The influence of pacing strategy on VO2 and supramaximal kayak
performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 34(6), p. 1041-1047, 2002.
74
BORG, G.A. Psychophysical bases of perceived exertion. Medicine and Science in Sports
and Exercise, v. 14(5), p. 377-381, 1982.
CHTOUROU, H. et al. Listening to music affects diurnal variation in muscle power output.
International Journal of Sports Medicine, v. 33 p. 43-47, 2012.
CONLEY, D.L.; KRAHENBUHL, G.S. Running economy and distance running performance
of highly trained athletes. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 12, p. 357, 1980.
CORBETT, J. An analysis of the pacing strategies adopted by elite athletes during track
cycling. International Journal of Sports Physiology and Performance, v. 4, p. 195-205,
2009.
COSTILL, D.L. The relationship between selected physiological variables and distance
running performance. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 7(2), p. 61-
6, 1967.
CREER, A.R. et al. Neural, metabolic, and performance adaptations to four weeks of high-
intensity sprint-interval training in trained cyclists. International Journal of Sports
Medicine, v. 25, p. 92-98, 2004.
DAMASCENO, M.V. et al. Estratégia adotada em provas de natação estilo crawl: uma análise
das distâncias de 800 e 1500m. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho
Humano, v. 15(3), p. 361-370, 2013.
DAMASCENO, M.V. et al. Acute static stretching alters neuromuscular function and pacing
strategy during a 3-km time-trial running test. PloS One, v. 9(6):e99238, p. 1-8, 2014.
DE KONING, J.J. et al. Determination of optimal pacing strategy in track cycling with an
energy flow model. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 2, p. 266–277, 1999.
DE KONING, J.J. et al. Regulation of Pacing Strategy during Athletic Competition. PLoS
One, v. 6(1), p. 1-6, 2011.
DOCHERTY, D.; SPORER, A. Proposed model for examining the interference phenomenon
between concurrent aerobic and strength training. Sports Medicine v. 30(6), p.385–394,
2000.
ENOKSEN, E. et al. The effect of high- vs. low-intensity training on aerobic capacity in well-
trained male middle-distance runners. Journal of Strength and Conditioning Research, v.
25(3), p.812-818, 2011.
FAINA, M. et al. Anaerobic contribution to the time to exhaustion at the minimal exercise
intensity at which maximal oxygen uptake occurs in elite cyclists, kayakists and swimmers.
European Journal of Applied Physiology and Occupation Physiology, v.76, p. 13-20,
1997.
FAULKNER, J. et al. The rating of perceived exertion during competitive running scales with
time. Psychophysiology, v. 45, p. 977–985, 2008.
FOSTER, C. M. et al. Pacing strategy and athletic performance. Sports Medicine, v. 17(2), p.
77-85, 1994.
FRANCH, J. et al. Improved running economy following intensified training correlates with
reduced ventilator demands. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 30, p. 1250-
1256, 1998.
FUKUNAGA, T. et al. Muscle volume is a major determinant of joint torque in humans. Acta
Physiologica Scandinavica, v. 172(4), p. 249-55, 2001.
GARLAND, S.W. An analysis of the pacing strategy adopted by elite competitors in 2000m
rowing. British Journal of Sports Medicine, v. 39, p. 39-42, 2005.
GETTMAN, L.R. et al. The effect of circuit weight training on strength, cardiorespiratory
function, and body composition of adult men. Medicine Science in Sports and Exercise, v.
10(3), p. 171-176, 1978.
GETTMAN, L.R. et al. A comparison of combined running and weight training with circuit
weight training. Medicine Science in Sports and Exercise, v. 14(3), p. 229-234, 1982.
GOSZTYLA, A.E. et al. The impact of different pacing strategies on five-kilometer running
time trial performance. Journal of Strength Conditioning Research, v. 20, p.882-886, 2006.
HAKKINEN, K.; KOMI P.V. Electromyographic changes during strength training and
detraining. Medicine Science in Sports and Exercise, v. 15 (6), p. 455-60, 1983.
HAKKINEN, K. et al. Changes in agonist-antagonist EMG, muscle CSA, and force during
strength training in middle aged and older people. Journal of Applied Physiology, v. 84(4),
p. 1341–1349, 1998.
HANON, C. et al. Pacing strategy and VO2 kinetics during a 1500-m Race. International
Journal of Sports Medicine, v.29, p. 206–211, 2008.
HETTINGA, F.J. et al. Pacing strategy and the occurrence of fatigue in 4000-m cycling time
trials. Medicine Science in Sports and Exercise, v. 38, p.1484-1491, 2006.
HICKSON, R.C, et al. Strength training effects on aerobic power and short-term endurance.
Medicine Science in Sports and Exercise, v.12, p. 336-339, 1980.
HICKSON, R.C. et al. Time course of the adaptive responses of aerobic power and heart rate
to training. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 13(1), p.17-20, 1981.
HICKSON, R.C. et al. Potential for strength and endurance training to amplify endurance
performance. Journal of Applied Physiology, v. 65, p. 2285-90, 1988.
HILL, A.V.; LUPTON, H. Muscular exercise, lactic acid, and the supply and utilization of
oxygen. Quarterly Journal of Medicine, v. 16, p.135–71, 1923.
HOFF, J. et al. Maximal strength training improves work economy in trained female cross-
country skiers. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 31(6) v. 870-877, 1999.
HOLM, L. et al. Changes in muscle size and MHC composition in response to resistance
exercise with heavy and light loading intensity. Journal of Applied Physiology, v. 105, p.
1454–1461, 2008.
HOWLEY, E.T. et al. Criteria for maximal oxygen uptake: review and commentary.
Medicine Science in Sports and Exercise, v. 27, p. 1292-1301, 1995.
JAMES, D.V.B. et al. Relationship between maximal oxygen uptake and oxygen uptake
attained during treadmill middle-distance running. Journal of Sports Sciences, v. 25(8), p.
851-858, 2007.
JONES, A.M. et al. Influence of pacing strategy on O2 uptake and exercise tolerance.
Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, v. 18, p. 615-626, 2008.
JUNG, A.P. The impact of resistance training on distance running performance. Sports
Medicine, v. 33(7), p. 539-552, 2003.
KADI, F. et al. The effects of heavy resistance training and detraining on satellite cells in
human skeletal muscles. The Journal of Physiology, v. 558(3), p. 1005-12, 2004.
KAIKKONEN H, et al. The effect of heart rate controlled low resistance circuit weight
training and endurance training on maximal aerobic power in sedentary adults. Scandinavian
Journal of Medicine & Science in Sports v. 10(4), p. 211-215, 2000.
KOHN, T.A. et al. Do skeletal muscle phenotypic characteristics of Xhosa and Caucasian
endurance runners differ when matched for training and racing distances? Journal of Applied
Physiology, v. 103(3), p. 932-40, 2007.
KUBO, K. et al. Effects of isometric training on the elasticity of human tendon structures in
vivo. Journal of Applied Physiology, v. 91, p. 26-32, 2001.
LAMBERT, E.V. et al. Complex systems model of fatigue: integrative homoeostatic control
of peripheral physiological systems during exercise in humans. British Journal of Sport
Medicine, v.39, p. 52-62, 2005.
LAURSEN, P.B.; JENKINS, D.G. The scientific basis for high-intensity interval training.
Sports Medicine, v. 32(1), p. 53-73, 2002.
LIMA-SILVA, A.E. et al. Effect of performance level on pacing strategy during a 10-km
running race. European Journal of Applied Physiology, v. 108(5), p. 1045-1053, 2010.
78
LIMA-SILVA, A.E. et al. Listening to Music in the First, but not the Last 1.5 km of a 5-km
Running Trial Alters Pacing Strategy and Improves Performance. International Journal of
Sports Medicine, v. 33(10), p. 813-8, 2012.
LUCIA, A. et al. The key to top-level endurance running performance: a unique example.
British Journal of Sports Medicine, v. 42(3), p.172-4, 2008.
MAUGER, A.R. et al. Influence of Feedback and Prior Experience on Pacing during a 4-km
Cycle Time Trial. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 41(2), p. 451–458,
2009.
MAUGER, A.R. et al. The effect of non-contingent and accurate performance feedback on
pacing and time trial performance in 4-km track cycling. British Journal of Sports
Medicine. v.45(3):225-9, 2011.
MAUGER, A.R. et al. Analysis of pacing strategy selection in elite 400-m freestyle
swimming. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 44(11), p. 2205-12, 2012.
MCLAUGHLIN, J.E. et al. Test of the classic model for predicting endurance running
performance. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 42, p. 991-997, 2010.
MIKKOLA, J. et al. Concurrent endurance and explosive type strength training improves
neuromuscular and anaerobic characteristics in young distance runners. International
Journal of Sports Medicine, v. 28, p. 602–611, 2007.
MORGAN, D.W. et al. Ten kilometer performance and predicted velocity at VO2máx among
well-trained male runners. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 21, p. 78-83,
1989.
MUNN, J. et al. Training with unilateral resistance exercise increases contralateral strength.
Journal of Applied Physiology, v. 99, p. 1880–1884, 2005.
NETHERY, V.M. Competition between internal and external sources of information during
exercise: influence on RPE and the impact of the exercise load. The Journal of Sports
Medicine and Physical Fitness, v. 42, p. 172–178, 2002.
NOAKES, T.D. et al. Peak treadmill running velocity during the VO 2 max test predicts
running performance. Journal of Sports Science, v. 8(1), p. 35-45, 1990.
Noakes, T.D. et al. From catastrophe to complexity: a novel model of integrative central
neural regulation of effort and fatigue during exercise in humans British Journal of Sports
Medicine, v. 38(4), p. 511-514, 2004.
NOAKES, T.D. et al. Which lap is the slowest? An analysis of 32 world mile record
performances. British Journal of Sports Medicine, v. 43, p. 760-764, 2009.
NUMMELA, A. et al. Fatigue during a 5-km running time trial. International Journal of
Sports Medicine, v. 29, p. 738-745, 2008.
OSTERNIG, L.R. et al. Co-activation of sprinter and distance runner muscles in isokinetic
exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 18(4) p.431-435, 1986.
PIACENTINI, M.F. et al. Concurrent strength and endurance training effects on running
economy in master endurance runners. Journal of Strength and Conditioning Research, v.
27(8), p. 2295-303, 2013.
PIZZA, F.X. et al. Maximal accumulated oxygen deficit of resistance-trained men. Canadian
Journal of Applied Physiology, v. 21(5), p. 391-402, 1996.
RAUCH, H.G.L. et al. A signaling role for muscle glycogen in the regulation of pace during
prolonged exercise. British Journal of Sports Medicine, v. 39(1), p. 34-38, 2005.
RENOUX, J.C. et al. Oxygen deficit is related to the exercise time to exhaustion at maximal
aerobic speed in middle distance runners. Archives of Physiology and Biochemistry, v. 107,
p. 280-285, 1999.
RONNESTAD, B.R. et al. Effect of heavy strength training on thigh muscle cross-sectional
area, performance determinants, and performance in well-trained cyclists. European Journal
of Applied Physiology, v. 10, p. 965–975, 2010.
RUTHERFORD, O.M.; JONES, D.A. The role of learning and coordination in strength
training. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology, v. 55, p.
100-105, 1986.
SALE, D. Neural adaptations to resistance training. Medicine and Science in Sports and
Exercise, v. 20(5), p. 135-145, 1988.
SAMOGIN LOPES, F.A. et al. Is acute static stretching able to reduce the time to exhaustion
at power output corresponding to maximal oxygen uptake? Journal of Strength and
Conditioning Research, v. 24(6), p. 1650-1656, 2010.
81
SANDALS, L.E. et al. Influence of pacing strategy on oxygen uptake during treadmill
middle-distance running. International Journal of Sports Medicine, v. 27, p. 37-42, 2006.
SAUNDERS, P.U. et al. Factors affecting running economy in trained distance runners.
Sports Medicine, v. 34(7), p. 465-485, 2004.
Sawyer, B.J et al. Strength training increases endurance time to exhaustion during high-
intensity exercise despite no change in critical power." Journal of Strength and
Conditioning Research v. 28(3), p. 601-609, 2014.
SEDANO, S. et al. Concurrent training in elite male runners: The influence of strength versus
muscular endurance training on performance outcomes. Journal of Strength and
Conditioning Research, v. 27(9), p. 2433–2443, 2013.
SEYNNES, O.R. et al. Early skeletal muscle hypertrophy and architectural changes in
response to high-intensity resistance training. Journal of Applied Physiology v. 102, p. 368–
373, 2007.
SHIMA, N. et al. Cross education of muscular strength during unilateral resistance training
and detraining. European Journal of Applied Physiology, v. 86, p. 287–294, 2002.
SIMPSON, SD.; KARAGEORGHIS, C.I. The effects of synchronous music on 400-m sprint
performance. Journal of Sports Sciences, v. 24(10), p. 1095–1102, 2006.
SPURRS, R.W. et al. The effect of plyometric training on distance running performance.
European Journal of Applied Physiology, v. 89, p. 1-7, 2003.
ST CLAIR GIBSON, A; NOAKES, T.D. Evidence for complex system integration and
dynamic neural regulation of skeletal muscle recruitment during exercise in humans. British
Journal of Sports Medicine, v.38, p.797–806, 2004.
ST CLAIR GIBSON, A. et al. The role of information processing between the brain and
peripheral physiological systems in pacing and perception of effort. Sports Medicine, v.
36(8), p. 705-722, 2006.
STOREN, O. et al. Maximal strength training improves running economy in distance runners.
Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 40, p. 1087-1092, 2008.
SWAIN, D. P. A model for optimizing cycling performance by varying power on hills and in
wind. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 29(8), p. 1104-1108, 1997.
TAIPALE, R.S.et al. Neuromuscular adaptations during combined strength and endurance
training in endurance runners: maximal versus explosive strength training or a mix of both.
European Journal of Applied Physiology, v. 113(2), p. 325-35, 2012.
THIEL, C. et al. Pacing in Olympic track races: Competitive tactics versus best performance
strategy. Journal of Sports Sciences, v. 30(11), p. 1107–1115, 2012.
THOMPSON, K.G. et al. An analysis of selected kinematic variables in national and elite
male and female 100-m and 200-m breaststroke swimmers. Journal of Sport Sciences, v. 18,
p. 421-431, 2000.
THOMPSON, K.G. et al. The effect of even, positive and negative pacing on metabolic,
kinematic and temporal variables during breaststroke swimming. European Journal of
Applied Physiology, v. 88, p. 438-443, 2003.
TUCKER, R. et al. The rate of heat storage mediates an anticipatory reduction in exercise
intensity during cycling at a fixed rating of perceived exertion." Journal of Physiology, v.
574, p. 905-915, 2006b.
TUCKER, R. The anticipatory regulation of performance: The physiological basis for pacing
strategies and the development of a perception-based model for exercise performance. British
Journal of Sports Medicine, v. 43(6), p. 392-400, 2009.
TURNES T, et al. A fast-start pacing strategy speeds pulmonary oxygen uptake kinetics and
improves supramaximal running performance. PLoS One, v. 9(10): e111621, 2014.
ULMER, H.V. Concept of an extracellular regulation of muscular metabolic rate during heavy
exercise in humans by psychophysiological feedback. Experientia, v. 52(5), p. 416-20, 1996.
WESTON, A.R. et al. Running economy of African and Caucasian distance runners.
Medicine Science in Sports and Exercise, v. 32(6), p. 1130-4, 2000.
WILSON, M.G. et al. Influence of accurate and inaccurate ‗split-time‘ feedback upon 10-mile
time trial cycling performance. European Journal of Applied Physiology, v. 112(1), p. 231-
6, 2012.
YOUNG, W. B.; BEHM, D. G. Effects of running, static stretching and practice jumps on
explosive force production and jumping performance. Journal of Sports Medicine and
Physical Fitness, v. 43, p. 21–27, 2003.
ANEXOS
1. DADOS DO INDIVÍDUO
Nome completo
Sexo Masculino
Feminino
RG
Data de nascimento
Endereço completo
CEP
Fone
e-mail
2. RESPONSÁVEL LEGAL
Nome completo
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
Sexo Masculino
Feminino
RG
Data de nascimento
Endereço completo
CEP
Fone
e-mail
2. Pesquisador Responsável
Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi
3. Cargo/Função
Docente
5. Duração da Pesquisa
4 meses
Figura 1 – Time line do desenho experimental. Sessão 1 – antropometria (Ant) e familiarização 1 no meio agachamento e no
drop jump (F1). Sessão 2 – familiarização 2 no meio agachamento e no drop jump (F2) e teste de wingate (W). Sessão 3 –
teste de economia de corrida (EC). Sessão 4 – teste progressivo até a exaustão (TPE). Sessão 5 – 10 km em pista (10K).
Sessão 6 – drop jump (DJ) e 1RM no meio agachamento (1RM). Sessão 7 – Teste de tempo limite (Tlim). TF – treinamento
de força.
Você irá realizar três testes em esteira rolante. O primeiro será o teste de carga constante, no qual você irá correr na
velocidade de 12 km.h-1 durante 6 minutos. O segundo será o teste progressivo até a exaustão, no qual a velocidade inicial de
10 km.h-1 será aumentada em 1 km.h-1.min-1 até a sua exaustão. A última velocidade alcançada durante esse teste será
utilizada no teste de tempo limite, no qual você correrá o máximo de tempo nesta velocidade até a sua exaustão. Durante os
testes máximos ficará uma pessoa em prontidão ao lado da esteira, para sua segurança. Durante todos os testes, o consumo de
oxigênio (VO2) será mensurado respiração a respiração por um analisador de gases.
Para avaliar a potência e a força máxima de membros inferiores, você irá realizar um teste de drop jump (salto em
profundidade) e o teste de 1RM no aparelho Smith machine (barra guiada), respectivamente. Durante o teste de 1RM, será
realizada uma série de tentativas para que seja mensurada a carga máxima suportada por você nesse exercício. O aparelho
Smith machine possui uma trava de segurança, que garante o suporte da carga caso haja necessidade.
Para avaliação da sua composição corporal, serão medidas 8 dobras cutâneas por um avaliador com experiência
nesse tipo de avaliação.
Você também realizará o teste de wingate. Este teste consiste em pedalar em esforço máximo em um
cicloergômetro durante 30 segundos com a carga correspondente a 7,5% do seu peso corporal.
Além dos testes supracitados, você realizará uma corrida de 10 km em uma pista de 1000m, simulando um evento
competitivo. Nesta sessão será mensurada sua freqüência cardíaca e percepção subjetiva de esforço. Durante toda a prova,
será oferecida água à vontade e a sua velocidade será registrada através de um GPS para análise da estratégia de prova
adotada.
Caso você faça parte do grupo experimental, irá participar de um treinamento de força que consistirá no protocolo
com quatro exercícios: meio agachamento no aparelho Smith, leg press, flexão plantar e extensão de joelhos. Este
treinamento terá duração de oito semanas, com frequência de duas vezes por semana.
Todos os testes serão acompanhados por, no mínimo, dois pesquisadores com experiência prévia nos
procedimentos realizados.
Em vista dos procedimentos aplicados, provavelmente existem poucos riscos e desconfortos. Dentre os possíveis
desconfortos estão os relacionados ao teste progressivo até a exaustão voluntária e o teste de tempo limite, como náu seas,
vômitos e enjôos. Entretanto, menos de 1% da população americana apresenta desconforto extremo durante este tipo de teste
(American College of Sports Medicine). Além disso, esse tipo de teste é rotineiro em laboratórios de avaliação física, com
poucos casos de desconforto excessivo por parte dos pacientes.
Ao final dos testes e das análises, você terá total acesso aos seus dados. Com os testes realizados, poderão ser
fornecidos valores de VO2max, frequência cardíaca máxima, composição corporal, força máxima de membros inferiores e
valores de VO2 submáximo (na intensidade do teste de carga constante), além do resultado da sua prova de 10km.
Você poderá utilizar essas variáveis, por exemplo, em programas de treinamento.