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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE

Influência do treinamento de força sobre a estratégia de prova e o desempenho


de corredores de longa distância em um teste contrarrelógio de 10 km

MAYARA VIEIRA DAMASCENO

São Paulo
2015
MAYARA VIEIRA DAMASCENO

Influência do treinamento de força sobre a estratégia de prova e o desempenho


de corredores de longa distância em um teste contrarrelógio de 10 km

VERSÃO CORRIGIDA
(versão original disponível no Serviço de Biblioteca)

Tese apresentada à Escola de Educação Física e


Esporte da Universidade de São Paulo, como
requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Ciências.

Área de concentração: Estudos Biodinâmicos da


Educação Física e Esporte

Orientador: Prof. Dr. Rômulo Cássio de Moraes


Bertuzzi

São Paulo
2015
FOLHA DE APROVAÇÃO

Autor: DAMASCENO, Mayara Vieira


Título: Influência do treinamento de força sobre a estratégia de prova e o desempenho de
corredores de longa distância em um teste contrarrelógio de 10 km.
.

Tese apresentada à Escola de Educação Física e


Esporte da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências

Data: ___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Prof. Dr.:__________________________________________________________________
Instituição:_______________________________ Julgamento: _____________________
Aos meus pais, Ana Maria e Manoel Eraldo, meus maiores motivos de orgulho e inspiração.
AGRADECIMENTOS

O desejo de estudar na USP veio acompanhado da distância da minha família. E essa sempre
foi a parte mais difícil. Por ter conseguido cumpri-la, preciso agradecer a muita gente que fez
com que esse sonho se tornasse realidade.

Primeiramente, agradeço a Deus, por sempre me abençoar e permitir que esse caminho fosse
trilhado em paz.

A “painho” e “mainha”, pelo amor e apoio incondicional. Obrigada por comemorar comigo
todas as minhas conquistas, por nunca medirem esforços para me dar o melhor e por tanta
dedicação à criação de seus filhos. Vocês que sempre me disseram que a educação é o bem
mais precioso que os pais podem deixar para os filhos, saibam que meu doutorado é mais uma
prova do que vocês fizeram por mim. Nunca vou ter palavras suficientes para agradecer a
vocês.

Aos meus irmãos Maryana e Matheus, os melhores e mais engraçados do mundo. Mesmo à
distância, obrigada por sempre me fazerem sorrir, por transformarem fatos corriqueiros nas
piadas mais engraçadas e por fazerem minha vida mais completa. Vocês só me fazem querer
chegar mais longe, pra que eu continue tentando ser motivo de inspiração pra meus irmãos
mais novos.

Ao meu tio Afonso, que me recebeu de braços abertos quando cheguei a São Paulo e me deu o
apoio inicial que precisei.

A toda minha família, em especial minha tia Amparo e meu tio Romilton, por acreditarem no
meu sucesso e por todas as caronas do aeroporto pra minha casa em Maceió!

Às minhas melhores amigas Robertta e Gisa, por não deixarem a distância e o tempo
abalarem nossa amizade e por serem pessoas que eu sempre pude (e posso) contar.

Ao Léo. Meu namorado. Você foi mais do que importante, foi essencial. Não sei o que seria
de mim aqui sem você. Obrigada por me fazer enxergar a vida sempre pelo lado positivo, a rir
dos meus próprios erros e por estar ao meu lado 24 horas por dia. Ter você comigo torna tudo
mais leve, mais fácil, e te ter ao meu lado me torna uma pessoa cada dia melhor. Obrigada por
me mostrar que sempre há algo novo a ser aprendido e por ser a pessoa que me ensina tudo
isso! Te amo!

A todos os amigos do GEDAE-USP e do LADESP, Rogério, Carlos Rafaell, Marcos, Renata,


Beto, Salomão, Rafael, Ramon e Patrícia, que estiveram juntos comigo todos os dias,
compartilhando todas as fases desse processo, seja ajudando na coleta de dados e assistindo
minhas apresentações de projeto, ou ouvindo reclamações quando algo não saía como o
planejado e comemorando juntos quando os aparelhos funcionavam! No fim tudo deu certo!

Ao Dr. Felipe Hardt, que sempre esteve disposto a auxiliar em tudo que foi preciso.

Ao Edson, técnico do LADESP, pela ajuda com materiais, equipamentos e impressões.

Ao Professor Adriano, meu primeiro orientador, que me mostrou a possibilidade de entrar na


USP e abriu as portas de uma nova fase na minha vida.

Ao meu orientador, Professor Rômulo Bertuzzi, pela dedicação ao seu trabalho e aos seus
alunos. Obrigada pela paciência e pelos conselhos. Muitas vezes você acreditou mais em mim
do que eu mesma, mostrando que era possível insistir. Também tenho que agradecer pelos
puxões de orelha. Além do profissional, você sempre se preocupou com a nossa formação
pessoal, e isso é mais um motivo que te faz diferente. Você é um exemplo de profissional e de
pessoa, e eu espero ter aprendido um pouco com você.

A todos os voluntários que participaram da pesquisa e disponibilizaram tempo e boa vontade


para a realização de todos os testes.

Ao Professor Valmor Tricoli, pela disponibilização dos equipamentos e do espaço necessário


para a realização do período de treinamento dos corredores no Laboratório de Adaptação ao
Treinamento de Força.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pela concessão do


auxílio financeiro para a realização da pesquisa e da bolsa de estudo.
À Ilza, Márcio, Mariana, Maria e Paulo, da Comissão de Pós Graduação, pela eficiência
extraordinária em resolver todas as questões sempre que precisei.

Agradeço de coração a todos que de alguma forma contribuíram para a versão final desse
trabalho. Muito obrigada!
―Dar menos que seu melhor é sacrificar o dom que você recebeu‖.
(Prefontaine)
RESUMO

DAMASCENO, M. V. Influência do treinamento de força sobre a estratégia de prova e o


desempenho de corredores de longa distância em um teste contrarrelógio de 10 km.
2015. Tese (Doutorado) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2015.

O objetivo do presente estudo foi analisar o impacto de oito semanas de um programa de


treinamento de força sobre a estratégia de prova e o desempenho de corredores de longa
distância durante uma prova contrarrelógio de 10 km. Antes e após a fase de intervenção com
o programa de treinamento de força, dezoito corredores recreacionais divididos nos grupos
treinamento (GT) (n = 9) e controle (GC) (n = 9) foram submetidos aos seguintes testes: a)
antropometria e teste progressivo até a exaustão voluntária, b) teste com velocidade
submáxima constante, c) simulação de uma prova de 10 km para análise da estratégia de
prova, d) teste de drop jump, e) teste de wingate, f) teste de uma repetição máxima (1RM) e g)
teste de tempo limite. A atividade eletromiográfica dos músculos vasto medial e bíceps
femoral foi medida durante o teste de 1RM. No GT, a magnitude de melhora para o 1RM
(23,0 ± 4,2%, P = 0,001), drop jump (12,7 ± 4,6%, P = 0,039), e velocidade de pico na esteira
(2,9 ± 0,8%, P = 0,013) foi significativamente maior em relação ao GC. Este aumento do
1RM para o GT foi acompanhado por uma tendência a uma maior atividade eletromiográfica
(P = 0,080). A magnitude de melhora no desempenho na prova de 10 km foi maior (2,5%) no
GT que no GC (-0,7%, P = 0,039). O desempenho foi melhorado principalmente devido a
velocidades mais elevadas durante as últimas sete voltas (últimos 2800 m) da prova de 10 km.
No entanto, não houve diferenças significativas antes e após o período de treinamento para o
padrão de estratégia de prova utilizada, consumo máximo de oxigênio, ponto de compensação
respiratória, economia de corrida e desempenho anaeróbio para ambos os grupos (P > 0,05).
Em conclusão, estes resultados sugerem que, embora um programa de treinamento de força
não altere a estratégia de prova adotada, ele oferece um potente estímulo para combater a
fadiga durante as últimas partes de uma corrida de 10 km, resultando em um melhor
desempenho total.

Palavras-chave: teste progressivo máximo; força dinâmica máxima; economia de corrida;


desempenho; corredores recreacionais.
ABSTRACT

DAMASCENO, M. V. Influence of strength training on pacing strategy and performance


in long distance runners in a 10-km running time trial. 2015. Tese (Doutorado) – Escola
de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

The aim of the present study was to analyze the impact of an 8-week strength-training
program on performance and pacing strategy adopted by runners during a self-paced
endurance running. Eighteen endurance runners were allocated into either strength training
group (STG, n = 9) or control group (CG, n = 9) and performed the following tests before and
after the training period: a) anthropometric measures and maximal incremental treadmill test,
b) running speed-constant test, c) 10-km running time trial, d) drop jump test, e) 30-s Wingate
anaerobic test, f) maximum dynamic strength test (1RM), g) time to exhaustion test.
Electromyographic activity of vastus medialis and biceps femoris was measured during 1RM
test. In the STG, the magnitude of improvement for 1RM (23.0 ± 4.2%, P = 0.001), drop jump
(12.7 ± 4.6%, P = 0.039), and peak treadmill speed (2.9 ± 0.8%, P = 0.013) was significantly
higher compared to CG. This increase in the 1RM for STG was accompanied by a tendency to
a higher electromyographic activity (P = 0.080). The magnitude of improvement for 10-km
running performance was higher (2.5%) for STG than for CG (-0.7%, P = 0.039).
Performance was improved mainly due higher speeds during the last seven laps (last 2800 m)
of the 10-km running. Nevertheless, there were no significant differences between before and
after training period for pacing strategy, maximal oxygen uptake, respiratory compensation
point, running economy, and anaerobic performance for both groups (P > 0.05). In
conclusion, these findings suggest that, although a strength-training program does not alter the
pacing strategy, it offers a potent stimulus to counteract fatigue during the last parts of a 10-
km running, resulting in an improved overall running performance.

Key words: maximal incremental treadmill test, maximal dynamic strength, running
economy, performance, recreational runners.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Representação gráfica das estratégias de prova positiva (a),


negativa (b), parabólica (c) e constante (d)................................ 19
FIGURA 2 – Time line do desenho experimental. Sessão 1 – antropometria
(Ant) e familiarização 1 no meio agachamento e no drop jump
(F1). Sessão 2 – familiarização 2 no meio agachamento e no
drop jump (F2) e teste de wingate (W). Sessão 3 – teste de
economia de corrida (EC). Sessão 4 – teste progressivo até a
exaustão (TPE). Sessão 5 – 10 km em pista (10 km). Sessão 6
– drop jump (DJ) e 1RM no meio agachamento (1RM). Sessão
7 – Teste de tempo limite (Tlim). TF – treinamento de
força............................................................................................ 53
FIGURA 3 – Percentual de mudança de variáveis neuromusculares do pré
para o pós treinamento nos grupos treinamento de força e
controle....................................................................................... 62
FIGURA 4 – Força dinâmica máxima dos membros inferiores determinada
a partir do teste de uma repetição máxima no exercício de
meio agachamento antes e após a intervenção com o programa
de treinamento de força.............................................................. 63
FIGURA 5 – Intensidade de treino aplicada em cada semana de treinamento
expressa como percentual da força dinâmica máxima (1
RM)............................................................................................. 63
FIGURA 6– Velocidade e percepção subjetiva de esforço durante o teste
contrarrelógio de corrida de 10 km............................................ 65
FIGURA 7 – Trechos da prova de 10 km demonstrando onde as maiores
velocidades foram encontradas nos dois
grupos......................................................................................... 66
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Impacto do treinamento de força sobre parâmetros


fisiológicos e neuromusculares determinantes do desempenho
em provas de longa duração....................................................... 42
TABELA 2 – Variáveis morfológicas e fisiológicas de corredores de elite de
diferentes países/continentes...................................................... 48
TABELA 3 – Progressão da carga do treinamento de força............................. 58
TABELA 4 – Características antropométricas e idade dos participantes antes
e após a intervenção com o programa de treinamento de
força............................................................................................ 59
TABELA 5 – Variáveis mensuradas durante o teste progressivo até a
exaustão e o teste de economia de corrida antes e após a
intervenção com o programa de treinamento de força............... 60
TABELA 6 – Variáveis neuromusculares mensuradas durante o teste de
drop jump antes e após a intervenção com o programa de
treinamento de força................................................................... 61
TABELA 7 – Variáveis mecânicas mensuradas durante o teste anaeróbio de
Wingate antes e após a intervenção com o programa de
treinamento de força................................................................... 61
TABELA 8 – Tempo até a exaustão e variáveis fisiológicas mensuradas
durante o teste de tempo limite na velocidade correspondente
ao consumo máximo de oxigênio antes e após a intervenção
com o programa de treinamento de
força............................................................................................ 61
LISTA DE ABREVIAÇÕES

1 RM – Uma repetição máxima


AS – Altura de salto
BF – Bíceps femoral
CVM – Contração voluntária máxima
DJ – Drop jump
EC – Economia de corrida
EP – Estratégia de prova
FC – Frequência cardíaca
GC – Grupo controle
GT – Grupo treinamento
iEMG – Atividade eletromiográfica
IFR – Índice de força reativa
LV – Limiar ventilatório
MAOD – Máximo déficit acumulado de oxigênio
MART – Teste de corrida anaeróbio máximo
PCR – Ponto de compensação respiratória
PM – Potência média
PP – Potência de pico
PSE – Percepção subjetiva de esforço
SCM – Salto com contramovimento
SMT – Stiffness musculotendíneo
SNC – Sistema nervoso central
TC – Tempo de contato
TDF – Taxa de desenvolvimento de força
TF – Treinamento de força
Tlim – Tempo limite
TPE – Teste progressivo até a exaustão
VM – Vasto medial
VO2máx – Consumo máximo de oxigênio
vVO2máx – Velocidade associada ao VO2máx
VPE – Velocidade de pico na esteira
W – Teste de wingate
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15
1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 17
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 17
1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 17
2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 18
2.1 Estratégia de prova ..................................................................................................... 18
2.1.1 Estratégia positiva ................................................................................................ 20
2.1.2 Estratégia negativa................................................................................................ 21
2.1.3 Estratégia parabólica............................................................................................. 22
2.1.4 Estratégia constante .............................................................................................. 24
2.2 Fatores que influenciam a escolha da estratégia de prova ............................................ 25
2.2.1 Regulação da estratégia de prova .......................................................................... 25
2.2.2 Fatores psicológicos ............................................................................................. 27
2.2.2.1 Influência do adversário .................................................................................. 27
2.2.2.2 Conhecimento do ponto final do evento e feedback incorreto da distância ....... 29
2.2.2.3 Influência da música ....................................................................................... 31
2.2.3 Fatores ambientais ................................................................................................ 32
2.2.3.1 Temperatura .................................................................................................... 32
2.3 Fatores fisiológicos e neuromusculares ....................................................................... 33
2.4 Adaptações neuromusculares ao treinamento de força ................................................ 36
2.4.1 Adaptações neurais ............................................................................................... 36
2.4.2 Adaptações estruturais .......................................................................................... 38
2.4.3 Adaptações metabólicas ........................................................................................ 40
2.5 Treinamento de força aplicado aos esportes de longa duração: Adaptações neurais,
estruturais, metabólicas e suas transferências para o desempenho físico ............................... 41
2.5.1 Consumo máximo de oxigênio .............................................................................. 45
2.5.2 Economia de corrida ............................................................................................. 47
2.5.3 Velocidade no VO2máx e tempo até a exaustão na vVO2 máx ............................... 50
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 52
3.1 Participantes ............................................................................................................... 52
3.2 Desenho experimental ................................................................................................ 52
3.3 Antropometria ............................................................................................................ 53
3.4 Teste progressivo até a exaustão voluntária ................................................................ 53
3.5 Teste de economia de corrida ..................................................................................... 54
3.6 Teste de 1 RM ............................................................................................................ 55
3.7 Simulação da prova de 10 km ..................................................................................... 55
3.8 Teste de wingate......................................................................................................... 56
3.9 Drop jump .................................................................................................................. 56
3.10 Tempo até a exaustão na velocidade do VO2máx (Tlim) ........................................... 56
3.11 Análise da atividade eletromiográfica ....................................................................... 57
3.12 Treinamento de força................................................................................................ 58
3.13. Análise estatística .................................................................................................... 58
4 RESULTADOS ............................................................................................................... 59
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................67
6 CONCLUSÃO......................................................................................................................71
REFERÊNCIAS ....... ........................................................................................................ 72
ANEXOS .......................................................................................................................... 84
15

1 INTRODUÇÃO

A compreensão dos fatores limitantes do sucesso nos esportes cíclicos e de longa


duração tem sido objeto de estudo nas ciências do esporte desde o início do século passado
(HILL; LUPTON, 1923). Além das variáveis tradicionalmente relacionadas ao desempenho
nesses esportes (ex: consumo máximo de oxigênio, limiares metabólicos e economia de
corrida) (COSTILL, 1967; CONLEY; KRAHENBUHL, 1980; TANAKA et al., 1983),
muitos estudos têm utilizado o tempo até a exaustão em testes de carga constante como
critério de desempenho (HICKSON, et al. 1988; HOFF et al., 2002). Todavia, este tipo de
teste pode não representar precisamente a relação com o desempenho, haja vista que a
velocidade de corrida adotada pelos atletas durante uma situação real de prova apresenta uma
considerável variação (TUCKER et al., 2006a; THIEL et al., 2012).
Nesse sentido, diversos estudos têm demonstrado que a escolha da estratégia de prova
é um dos fatores que pode interferir diretamente no resultado final de uma competição
(JONES et al., 2008; AISBETT et al., 2009). O termo estratégia de prova (EP) se refere à
maneira pela qual os atletas distribuem a velocidade e, consequentemente, o gasto energético
durante um evento competitivo (ABBISS; LAURSEN, 2008; JONES et al., 2008; STONE et
al., 2011). Visto que a escolha de uma EP é dependente de fatores intrínsecos e extrínsecos ao
atleta (ST CLAIR GIBSON et al., 2006; LIMA-SILVA et al., 2010), analisar a EP
naturalmente adotada e verificar quais variáveis podem influenciar nessa escolha significa
representar mais precisamente o que ocorre durante uma competição.
De fato, estudos prévios têm demonstrado que alguns fatores psicofisiológicos são
capazes de influenciar a EP escolhida pelos atletas (ST CLAIR GIBSON et al., 2006;
FAULKNER et al., 2008). Faulkner et al. (2008) relataram que durante corridas de longa
distância (11 e 21 km), a distribuição de velocidade em relação a distância da prova era
caracterizada por um perfil de ―U‖, enquanto a percepção subjetiva de esforço (PSE)
aumentava de forma linear, independentemente das mudanças na velocidade de corrida. Tem
sido hipotetizado que este perfil linear da PSE reflete um sistema de controle centralmente
regulado, que monitora padrões biomecânicos de movimento e do metabolismo muscular, na
tentativa de minimizar o estresse fisiológico e prevenir o término prematuro do exercício
(ULMER, 1996).
Adicionalmente, alguns estudos sugerem que a interpretação de múltiplos sinais
internos utilizados no monitoramento da EP pode ser originária dos sistemas fisiológicos e
neuromuscular. Por exemplo, Lima-Silva et al. (2010) observaram que corredores de longa
16

distância que possuíam maior economia de corrida, maior velocidade de pico na esteira (VPE)
e menor concentração de lactato a 15 km.h-1 quando comparado a outro grupo de corredores,
foram capazes de adotar uma EP mais agressiva, provavelmente devido aos reduzidos sinais
aferentes durante a corrida. Por sua vez, usando um modelo de regressão múltipla, um estudo
recente de nosso grupo de pesquisa mostrou que a força dinâmica máxima (1RM), a VPE e o
VO2máx explicaram 80% da variação de velocidade durante a parte média (400 – 9600 m) de
uma corrida de 10 km (BERTUZZI et al., 2013). Interessantemente, a VPE, que integra
potência aeróbia máxima e características anaeróbias dos membros inferiores, foi a única
variável capaz de predizer o sprint final (últimos 400 m), respondendo sozinha por 66% da
variação de velocidade. Uma proposição interessante a partir desses achados é que
intervenções capazes de alterar estas características neuromusculares e fisiológicas, e,
portanto, os sinais aferentes originários dos músculos, podem permitir aos atletas mudarem a
EP (LAMBERT et al., 2005). Contudo, ainda é desconhecido se a EP pode ser alterada em
resposta a adaptações nesses parâmetros produzidas pelo treinamento físico.
Ao longo das últimas três décadas tem aumentado o número de estudos que
demonstraram a importância de programas de treinamento de força (TF) para a melhora de
variáveis relacionadas ao desempenho em provas de longa duração (HICKSON et al., 1980;
STØREN et al., 2008; TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011). Støren et al. (2008)
reportaram significantes aumentos na força dinâmica máxima (~33%), na economia de
corrida (5%) e no tempo até a exaustão na velocidade aeróbia máxima (~21%) após 8
semanas de TF realizado por corredores de longa distância. De maneira similar, Mikkola et al.
(2011) observaram um aumento significativo na velocidade de pico na esteira (~3%) em
corredores fundistas após 8 semanas de TF, ao passo que Taipale et al. (2010) encontraram
uma maior atividade eletromiográfica (EMG) dos extensores da perna e uma melhora do
desempenho anaeróbio em um grupo similar de atletas. Essas adaptações contribuiriam para
alterar o padrão de recrutamento das unidades motoras e a capacidade de produzir e manter a
aplicação de força durante a corrida. Isso parece especialmente importante durante os estágios
finais de uma corrida, quando os atletas atingem as maiores velocidades. De fato, achados
prévios demonstraram que a velocidade de corrida e a EMG dos membros inferiores foram
aumentadas durante a volta final de uma corrida contrarrelógio de 5 km, o que sugere que os
atletas aumentaram o seu recrutamento muscular, apesar do desenvolvimento da fadiga
(NUMMELA et al., 2006). Assim, pode-se esperar que uma maior força muscular após um
programa de TF poderia ser acompanhada por um sprint final mais rápido.
17

Apesar dos estudos citados anteriormente relatarem que o TF é capaz de melhorar


variáveis fisiológicas e neuromusculares relacionadas com o desempenho em provas de longa
duração, ao menos em nosso conhecimento nenhum estudo examinou se as adaptações
oriundas do TF têm algum impacto na EP adotada pelos atletas durante uma corrida de longa
distância. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar o impacto de oito semanas de
um programa de TF sobre a EP durante uma corrida contrarrelógio de 10 km. Ao considerar
as modificações nas variáveis fisiológicas e neuromusculares obtidas através do TF, a
hipótese do nosso estudo é que tais modificações influenciariam a EP dos corredores, levando
a um melhor desempenho na prova de 10 km após o programa de TF.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral


Analisar o impacto de um programa de oito semanas de treinamento de força sobre a
estratégia de prova adotada por corredores recreacionais e o desempenho durante uma corrida
contrarrelógio de 10 km1.

1.1.2 Objetivos específicos


Foram objetivos específicos dessa tese de doutorado analisar o impacto de um
programa de treinamento de força sobre:
a) parâmetros neuromusculares, tais como a atividade eletromiográfica dos membros
inferiores, a força e a potência muscular;
b) variáveis fisiológicas e mecânicas, tais como a economia de corrida, o VO2 máx, o
tempo até a exaustão na vVO2 máx, a velocidade de pico, a capacidade e a potência
anaeróbia de membros inferiores.

1
O principal artigo científico originário dessa tese foi publicado em Damasceno et al. Effects of
resistance training on neuromuscular characteristics and pacing during 10-km running time trial. Eur J
Appl Physiol. 115(7): 1513-22, 2015 (ANEXO I).
18

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Estratégia de prova


A maximização do desempenho esportivo pode ser considerada o principal objetivo
dos cientistas do esporte e de treinadores nas mais diversas modalidades. Dentro deste
contexto, deve-se levar em conta uma variedade de fatores que influencia no treinamento do
atleta e no resultado de uma competição. Entre estes fatores, a estratégia de prova tem sido
considerada um dos mais importantes nos últimos anos (DE KONING et al., 2011;
CORBETT et al., 2012; DAMASCENO et al., 2013). A estratégia de prova (EP) se refere ao
modo pelo qual o atleta distribui a sua velocidade durante uma determinada competição. De
modo geral, em todas as provas de atletismo, sejam elas de velocidade, fundo e meio fundo,
além de esportes como remo e ciclismo, o atleta adota uma EP com o objetivo de alcançar o
ponto final do exercício no tempo mais rápido possível, sem que haja exaustão antes do fim
do evento (ST CLAIR GIBSON et al., 2006; TUCKER, 2009).
De acordo com Abbiss e Laursen (2008), o principal fator a ser considerado na escolha
da melhor EP é a duração do evento esportivo em questão. As principais EP encontradas na
literatura são a positiva (fast start), a negativa (slow start), a parabólica e a constante. A
Figura 1 demonstra uma representação da distribuição de velocidade em cada uma das EP
citadas. A EP positiva (painel A da Figura 1) parece ser indicada em provas mais curtas, com
até cinco minutos de duração. É necessário destacar que o termo ―positivo‖ refere-se à
velocidade na parte inicial da prova, portanto, este perfil de EP se caracteriza por um início
mais rápido, com declínio de velocidade ao longo da prova.
Por sua vez, o perfil de velocidade oposto ao da EP positiva é denominado estratégia
negativa (painel B da Figura 1), já que a velocidade inicial é menor e tende a aumentar em
direção ao final da prova. A junção das EP positiva e negativa dá origem ao terceiro perfil
citado, a EP parabólica (painel C da Figura 1). A característica marcante deste perfil de
estratégia é a presença do sprint final, evidenciado pelo aumento significativo da intensidade
na parte final da prova, após a aceleração inicial e um período de menor velocidade na parte
média. A corrida de 10 km, considerada de longa duração entre as provas de atletismo, é um
exemplo de prova onde essa EP é geralmente adotada. Por fim, há a EP constante (painel D da
Figura 1), que tem como principal característica a manutenção de uma velocidade constante
durante toda a prova.
19

Figura 1. Representação gráfica das estratégias de prova positiva (a), negativa (b), parabólica
(c) e constante (d).

De acordo com Tucker (2009), a EP pode ser estudada de duas maneiras diferentes. A
primeira é observar qual a EP espontaneamente adotada pelos atletas. Isto permite que fatores
externos (por exemplo, temperatura) sejam manipulados para verificar quais mecanismos
poderiam ser responsáveis por modificações na EP utilizada. A segunda maneira é interferir
diretamente nesta EP, manipulando determinadas partes da prova para que se possa
compreender quais modificações psicológicas e/ou fisiológicas ocorrem no atleta e, a partir
disso, tentar melhorar seu desempenho.
Todavia, é importante destacar que, dependendo da EP utilizada, as respostas
metabólicas podem ser diferentes e desencadear eventos fisiológicos relacionados à fadiga
aguda (BISHOP et al., 2002). A manipulação da largada pode ser utilizada para exemplificar
essa situação. Se por um lado uma saída mais rápida poderia acelerar a taxa de quebra de
fosfocreatina e aumentar o consumo de oxigênio (VO2) durante a transição do repouso para o
esforço físico (HANON et al., 2008; TURNES et al., 2014), por outro lado isso poderia
aumentar demasiadamente os valores de lactato sanguíneo ou da percepção subjetiva de
esforço (PSE) (THOMPSON et al., 2003). Consequentemente, uma saída acelerada demais
poderia prejudicar o desempenho final do atleta. Nesse sentido, os tópicos a seguir relatam em
quais eventos os perfis de EP citados acima são geralmente utilizados e quais as principais
respostas obtidas pelos pesquisadores quando a EP é manipulada, englobando assim, as duas
maneiras de estudar a estratégia de prova.
20

2.1.1 Estratégia positiva


Como anteriormente descrito, a EP positiva (ou fast start) é caracterizada pelo declínio
gradual da velocidade ao longo da distância (ABBISS; LAURSEN, 2008). Frequentemente,
esse tipo de EP é observado em provas de até cinco minutos de duração, tais como a corrida
de 800 m (~ 112 s) (SANDALS et al., 2006), a natação estilo peito nas distâncias de 100 (~
65 s) e 200 m (~ 141 s) (THOMPSON et al., 2000) e o remo de 2000 m (330 – 460 s)
(GARLAND et al. 2005).
Ao analisarem nadadores de elite, Thompson et al. (2000) observaram que, no estilo
peito e nas distâncias de 100 e 200 m, a EP preferencialmente adotada nas duas provas foi a
positiva, onde a velocidade da primeira parcial (50 m) foi a mais rápida, diminuindo
gradativamente ao longo da prova. Este perfil de EP também foi encontrado por Tucker et al.
(2006a) ao analisarem os recordistas mundiais na corrida de 800 m. Esses autores relataram
que as maiores velocidades foram alcançadas na primeira volta de 400 m, caracterizando,
portanto o uso da EP positiva. Por sua vez, quando este perfil de EP foi comparado com a
negativa e a constante em um exercício de alta intensidade, Jones et al. (2008) descreveram
que o tempo até a exaustão foi significativamente maior com o uso da EP positiva.
Teoricamente, essa forma de distribuição da velocidade deve-se ao fato de provas com
essas durações induzirem a uma progressiva diminuição da capacidade de geração de potência
muscular, ocasionada por um grande acúmulo de metabólitos relacionados à fadiga aguda e
uma aumentada PSE, o que resulta na redução na intensidade do exercício (TUCKER, 2009).
Porém, mesmo com esta diminuição de intensidade ao final da prova, parece que a maior
produção de potência na primeira parte é suficiente para obter um desempenho superior com
este tipo de EP (TUCKER et al., 2006a; CORBETT, 2009). De fato, Tucker et al. (2006a)
reportaram que, entre 26 recordes mundiais analisados na corrida de 800 m, em 24 deles a
primeira volta foi significativamente mais rápida que a segunda.
Além dos mecanismos supracitados, diversos autores sugerem que a EP positiva pode
melhorar o desempenho através da aceleração da cinética do VO2 (HANON et al., 2008;
JONES et al., 2008; AISBETT et al., 2009; BAILEY et al., 2011). Bailey et al. (2011)
demonstraram que uma prova de três minutos de ciclismo de alta intensidade resultou em um
maior trabalho total e uma maior produção de potência durante o sprint final quando a EP
positiva foi comparada tanto com a negativa quanto com a constante. Esses autores sugeriram
que o balanço de ATP é proporcional às mudanças na concentração de fosfocreatina por
unidade de tempo. Desta forma, a EP positiva permitiria uma maior taxa de redução na
concentração de fosfocreatina no início do exercício, o que seria associado com um aumento
21

mais rápido no VO2. Em virtude de um menor déficit de oxigênio, esse processo resultaria em
uma menor utilização do metabolismo anaeróbio no início do exercício, permitindo a
utilização dessa via metabólica na parte final da prova.
De maneira similar, Bishop et al. (2002) atribuíram à cinética mais rápida do VO2 a
melhora do desempenho dos atletas em uma prova de dois minutos de caiaque com o uso da
EP positiva. Um aumento no VO2 inicial elevaria a ressíntese de ATP via processos oxidativos
(HANON et al., 2008). Desse modo, assumindo não haver nenhuma mudança na produção
anaeróbia de ATP, uma cinética mais rápida do VO2 melhoraria o desempenho por aumentar o
ATP total disponível para sustentar o exercício (BISHOP et al., 2002).
Assim, parece que a eficácia acerca do uso da EP positiva é superior aos outros perfis
de EP quando as provas em questão são de alta intensidade e curta duração. Essa resposta
positiva no desempenho se deve em grande parte pelo mecanismo de aceleração da cinética
do VO2, aumentando a contribuição oxidativa no início do exercício e ―poupando‖ as reservas
anaeróbias para a parte final do evento.

2.1.2 Estratégia negativa


O aumento gradativo na velocidade é a principal característica da EP negativa
(ABBISS; LAURSEN, 2008). Teoricamente, este perfil de EP é superior aos demais quando
são analisadas provas mais longas, como o 40 km de ciclismo (BINI et al., 2008), já que neste
tipo de competição a fase de aceleração tem uma menor contribuição no tempo total do evento
quando comparada a provas mais curtas. Além disso, a EP negativa parece ser benéfica por
reduzir a taxa de depleção de glicogênio muscular (ABBISS; LAURSEN, 2005) e limitar o
acúmulo de metabólitos relacionados à fadiga (MATTERN et al., 2001).
Por exemplo, no estudo de Mattern et al. (2001), observou-se que em uma prova de
ciclismo de 20 km na qual foram manipulados os primeiros 4 minutos com diferentes EP, a
EP negativa produziu menores valores de lactato sanguíneo e um maior VO2. Essa menor
concentração de lactato no início da prova influenciou diretamente no resultado final, pois a
alta concentração de lactato vista nas demais EP (positiva e constante) foi associada com a
menor capacidade dos atletas de manter uma alta intensidade, diminuindo a produção de
potência. Os autores argumentaram que a acidose advinda da alta concentração de lactato
pode ser tolerada em provas curtas (1–4 km) sem significante mudança no perfil de
velocidade produzido pelo atleta. Porém, os atletas são forçados a diminuir a produção de
22

potência em provas mais longas, demonstrando que a alta intensidade inicial teve um impacto
direto no resultado final da prova.
Já no estudo de Bini et al. (2008), foi observado que em uma prova de ciclismo de 40
km a EP negativa foi espontaneamente adotada pelos atletas, demonstrada através de um
aumento na produção de potência em direção ao final da prova. Esta maior produção de
potência foi acompanhada por um aumento na EMG do vasto lateral. Além disso, foi
verificada uma alta correlação da potência mecânica externa com a EMG do vasto lateral (r =
0,95) e do reto femoral (r = 0,94), indicando que o controle da produção de potência estava
relacionado com a ativação destes músculos.
Por outro lado, Aisbett et al. (2003) não verificaram diferenças no desempenho, no
VO2 e no acúmulo de lactato sanguíneo em um exercício máximo de seis minutos de ciclismo
quando as EP negativa, positiva e constante foram comparadas. Em parte, os autores
atribuíram estes resultados ao reduzido tamanho da amostra (n=6), fator que, devido à
variação individual dentro do grupo, pode ter mascarado pequenas diferenças significativas
entre os três tipos de EP. Além disso, talvez a característica da prova (curta duração e alta
intensidade) tenha sido responsável pelas divergências encontradas entre este estudo e os de
Mattern et al. (2001) e Bini et al. (2008), o que ressalta a importância da duração da prova na
escolha da melhor EP.
Em resumo, a maior parte dos estudos acerca dessa temática sugere que o benefício da
utilização da EP negativa em provas mais longas reside no fato dela minimizar o acúmulo
antecipado de metabólitos relacionados à fadiga e assim não prejudicar o desempenho final do
atleta. Isso parece ser especialmente importante em eventos esportivos com duração superior a
30 minutos.

2.1.3 Estratégia parabólica


A EP denominada parabólica pode ser vista como resultado da junção das EP positiva
e negativa, pois ela tem como princípio uma largada mais rápida (positiva), seguida por um
declínio da velocidade até a parte média da prova, quando ocorre novamente um aumento na
intensidade na última parte do evento (negativa) (ABBISS; LAURSEN, 2008).
Ao analisarem a EP utilizada por recordistas mundiais em corridas de uma milha entre
os anos de 1886 e 1999, Noakes et al. (2009) detectaram que o tempo necessário para
percorrer a primeira (57,8 ± 1,9 s) e a última volta (58,3 ± 3,5 s) era estatisticamente menor (p
< 0,05) quando comparado com o tempo necessário para percorrer a segunda (60,6 ± 2,9 s) e
terceira (61,3 ± 3,5 s) voltas. Esses dados demonstram que a EP parabólica é comumente
23

utilizada por atletas profissionais em competições de alto nível. Por sua vez, ao caracterizar as
EP utilizadas por atletas de elite em campeonatos mundiais de natação realizados entre os
anos de 2006 a 2010, um estudo conduzido pelo nosso grupo identificou que o uso da
estratégia parabólica era o mais comum nas provas de 800 e 1500 m estilo crawl
(DAMASCENO et al., 2013). Este aumento da intensidade próximo ao fim do evento indica
que, durante a parte média do exercício, o atleta adota uma intensidade que é submáxima
relativa à sua capacidade próxima ao ponto final (TUCKER, 2009). Isto pode ser evidenciado
pela velocidade alcançada na última parte da prova, que muitas vezes pode chegar a ser igual
ou maior que a velocidade inicial (LIMA-SILVA et al., 2010).
Em outro estudo realizado em colaboração com o nosso grupo de pesquisa (LIMA-
SILVA et al., 2010), foi demonstrado que esse perfil de EP também era adotado
espontaneamente por atletas de corrida de fundo. Foi detectado que os corredores de 10 km
classificados como de melhor desempenho (tempo nos 10 km = <35,6 min), começavam a
prova em uma velocidade mais alta do que a média de velocidade da corrida, diminuíam
gradativamente no trecho médio da prova e aceleravam no final, sendo que esta velocidade
não foi significativamente diferente do início da prova. Além disso, também foi observado
que os corredores com menor nível de desempenho (tempo nos 10 km = >39,1 min) adotaram
uma EP mais conservadora, com uma distribuição mais uniforme da velocidade ao longo da
prova, similar à EP constante.
De uma perspectiva fisiológica, acredita-se que a vantagem dessa maior intensidade
inicial encontrada na EP parabólica pode ser explicada pelos mesmos mecanismos atribuídos
à EP positiva. Maiores taxas de quebra de fosfocreatina são necessárias durante uma saída
mais rápida para suprir a demanda das maiores velocidades empregadas. Isto fornece um
estímulo para o aumento no VO2 (BISHOP et al., 2002), que por sua vez pode diminuir o
déficit de oxigênio no início da corrida (LIMA-SILVA et al., 2010).
Outra característica marcante deste tipo de EP é a presença do sprint final. Apesar dos
mecanismos responsáveis pela realização desse sprint não estarem bem elucidados, sugere-se
que este aumento na intensidade do exercício na parte final da prova pode ser explicado
através de um modelo de teleantecipação (ULMER, 1996). Tem-se proposto que, a partir de
um processo considerado antecipatório, o atleta regula a distribuição da velocidade a partir do
conhecimento prévio da distância total do evento. Deste modo, ao conhecer previamente o
ponto final a ser alcançado, o atleta sabe, em teoria, quando deve aumentar ou diminuir a
intensidade da prova para que o sprint final não seja prejudicado (ULMER, 1996;
NIKOLOPOULOS et al., 2001; ST CLAIR GIBSON et al., 2006).
24

Por sua vez, Mauger et al. (2012) afirmaram que a presença do sprint final pode
representar uma capacidade de reserva que só pode ser acessada quando a fadiga prematura é
improvável. Além desta explicação, esses autores sugerem também que o sprint final pode ser
o resultado de uma mudança na tática da competição como resultado da estratégia dos outros
competidores ou ainda um erro nas seções anteriores da prova, causando um ritmo de trabalho
menor que o ideal.

2.1.4 Estratégia constante


A EP constante tem como característica principal a manutenção de um ritmo
relativamente estável, de modo que a velocidade permanece sempre em torno de uma média
durante toda a prova (ABBISS; LAURSEN, 2008). A grande maioria dos trabalhos investigou
a EP constante comparando-a com outros perfis de EP, sendo poucos os que demonstraram
este perfil de EP espontaneamente adotado em provas específicas. Por exemplo, um dos
primeiros estudos a demonstrar a superioridade deste perfil de EP em relação às demais foi
realizado por Foster e colaboradores na década de 90. Nesse estudo, ciclistas foram instruídos
a realizarem cinco provas de 2 km com diferentes EP durante o primeiro quilômetro. Foi
observado que os tempos mais rápidos foram encontrados quando a EP constante foi utilizada
(FOSTER et al., 1994). Porém, os autores não possuíam medidas que elucidassem os
mecanismos responsáveis por estas diferenças.
Por sua vez, Thompson et al. (2003) compararam três tipos de EP (constante, negativa
e positiva) durante um evento de 200 m de natação estilo peito. Observou-se que a EP
constante produziu menores valores de lactato sanguíneo pós-exercício e um menor índice de
percepção de esforço, indicando que com a adoção desse tipo de EP ocorre um menor estresse
físico nos nadadores. Além disso, a freqüência de braçadas no início da prova detectada na EP
constante foi menor do que na positiva, o que pode fazer com que os nadadores desenvolvam
mais tardiamente a fadiga local, mantendo a técnica por mais tempo.
Interessantemente, estudos com provas mais longas observaram que a EP constante
não foi a mais eficaz. Por exemplo, Billat et al. (2006) demonstraram que em uma prova de 10
km de corrida, este tipo de EP obteve uma maior demanda fisiológica (considerando VO2,
freqüência cardíaca e concentração de lactato sanguíneo) quando comparada à EP livre. De
forma similar, a EP constante também não foi responsável por um melhor desempenho no
estudo de Gosztyla et al. (2006), quando corredores executaram uma prova de 5 km com a
primeira parte (1,63 km) realizada em três diferentes velocidades (constante, positiva 3% ou
positiva 6%).
25

Dessa forma, parece que a escolha da EP ideal pode estar relacionada não apenas à
duração da prova como sugerido por Abbiss e Laursen (2008), mas também às características
extrínsecas da modalidade esportiva em questão. Por exemplo, em modalidades como a
natação, em que a resistência da água é maior que a resistência do ar, grandes variações na
velocidade podem resultar em maior custo energético (ZAMPARO et al., 2005), fazendo com
que o desempenho total dos atletas seja otimizado quando a aceleração e a desaceleração são
minimizados (SWAIM, 1997).

2.2 Fatores que influenciam a escolha da estratégia de prova


Embora a escolha da EP seja dependente do tempo de duração e das características
extrínsecas dos eventos esportivos, existem vários fatores intrínsecos que estão associados ao
controle da EP. Esta regulação parece estar ligada diretamente à habilidade do atleta de
resistir à fadiga, apesar dos mecanismos exatos responsáveis por isso serem pouco claros
(ABBISS; LAURSEN, 2008). De acordo com Joseph et al. (2008), a EP para realizar uma
certa tarefa no tempo mais curto possível é parte de um programa motor integrado que leva
em consideração a capacidade de produzir potência, a experiência prévia de esforços similares
e feedbacks de receptores centrais e periféricos. Dentro desse contexto, existem alguns
mecanismos de controle que tentam explicar como a EP é controlada durante o exercício e
como fatores intrínsecos e extrínsecos podem afetar a EP adotada (ULMER, 1996; ST.
CLAIR GIBSON; NOAKES, 2004; LAMBERT et al., 2005), os quais são discutidos nos
próximos subtópicos dessa revisão de literatura.

2.2.1 Regulação da estratégia de prova


Um dos mecanismos de controle mais utilizados para explicar como a EP é regulada
durante competições atléticas é a teleantecipação (ULMER, 1996). O modelo de
teleantecipação é um sistema de controle que sugere que o sistema nervoso central (SNC)
estabelece subconscientemente uma potência externa máxima que pode ser seguramente
sustentada sem mudanças extremas nos diferentes sistemas fisiológicos (ULMER, 1996).
Através deste sistema, o cérebro tem de realizar cálculos complexos em que são levadas em
consideração as reservas metabólicas, o quanto destas reservas estão sendo utilizadas no
momento e o tempo necessário para concluir o exercício. A partir dessas informações, o atleta
é capaz de ajustar a intensidade ideal do esforço para concluir o exercício de maneira ótima.
Tendo como base o modelo de Ulmer (1996), St. Clair Gibson e Noakes (2004)
propuseram um mecanismo de controle denominado modelo do governador central. Esse
26

modelo sugere que, teoricamente, o SNC modifica continuamente o ritmo do atleta a partir de
um sistema dinâmico, complexo e não linear que media as mudanças na ativação neural na
tentativa de otimizar o desempenho e prevenir mudanças críticas à homeostase. Também é
previsto por esse modelo que a produção de potência (taxa de trabalho) é continuamente
ajustada com base nos cálculos metabólicos realizados subconscientemente pelo SNC.
Em outras palavras, sugeriu-se que o controle eferente dos músculos esqueléticos
durante o exercício é determinado centralmente através de uma integração complexa de sinais
aferentes periféricos, da PSE e da experiência que o atleta possui naquela tarefa (LAMBERT
et al., 2005). Isto permite a seleção da EP ótima para se completar a tarefa no modo mais
eficiente possível enquanto é mantida uma capacidade de reserva fisiológica e metabólica (ST
CLAIR GIBSON; NOAKES, 2004). Por exemplo, a partir de feedbacks aferentes vindos de
numerosos sistemas fisiológicos, Tucker (2009) propuseram que a PSE seria a manifestação
consciente das mudanças fisiológicas ocorrendo durante o exercício, podendo assim contribuir
para a regulação da intensidade aplicada.
Contudo, um fato interessante que se opõe a essa teoria ocorreu em 2012, no Payton
Jordan Cardinal Invitation, tradicional campeonato de atletismo organizado pela
Universidade de Stanford. Durante a prova de 5000 m, o atleta sudanês Lopez Lomong errou
a contagem das voltas e, pensando que restava apenas uma volta, iniciou o sprint final
faltando 800 m para o fim da corrida. Após completar a volta, quando já estava diminuindo a
velocidade, ouviu avisos que faltava mais uma volta. Então Lomong acelerou novamente e
ganhou a corrida, estabelecendo o melhor tempo do ano nos 5000 m (13min11s63). De acordo
com o modelo do governador central, o atleta não teria conseguido acelerar novamente, visto
que ele teria calculado a intensidade máxima para a penúltima volta, já que pensava ser a
última da prova.
Pode-se ainda citar outros exemplos. Um deles é observar atletas de elite desistindo da
prova. Considerando o modelo proposto por Noakes et al. (2004), se a intensidade está
demasiadamente alta, o sistema de feedbacks vindos da periferia envia esta informação ao
cérebro, fazendo com que a velocidade do atleta diminua para ele conseguir continuar sem
maiores danos aos sistemas fisiológicos. Todavia, se o atleta ―quebra‖, é sinal que isso não
ocorre e ele para. Adicionalmente, ainda há estudos que induziram uma saída rápida e
observaram melhoras no desempenho (GOSZTYLA et al., 2006). Por exemplo, no estudo de
Gosztyla et al. (2006), corredores realizaram uma prova de 5 km com o primeiro 1,63 km em
três diferentes velocidades: a) velocidade igual à média do melhor tempo de prova, b) 3%
mais rápido e c) 6% mais rápido que a média do melhor tempo. Foi observado que as provas 3
27

e 6% mais rápidas produziram melhores desempenhos comparadas à primeira situação,


resultado que vai de encontro ao modelo de Noakes, visto que a melhor intensidade não foi
escolhida pelo atleta e, mesmo assim, o desempenho deles foi superior nas situações impostas.
Portanto, algumas considerações acerca de um sistema centralmente regulado devem
ser realizadas. Como anteriormente citado, a principal característica do modelo do governador
central é a regulação da produção de potência para permitir ao atleta alcançar o ponto final do
exercício o mais rápido possível sem induzir uma falha catastrófica nos sistemas fisiológicos.
Isso poderia ocorrer se a velocidade escolhida pelo atleta fosse excessiva em algum ponto
durante o evento (ST CLAIR GIBSON et al., 2006). Porém, se o ajuste da intensidade
proposto pela teoria do governador central é preciso o suficiente, não faria sentido o atleta
parar antes do término da prova ou melhorar o desempenho quando a intensidade é imposta e
não escolhida naturalmente. Assim, é importante não atribuir a existência de uma hierarquia
do sistema nervoso central para o periférico em todas as situações, já que estudos com carga
constante podem apresentar mecanismos de fadiga distintos de estudos realizados com EP, o
que levaria a uma generalização equivocada do modelo teórico apresentado.
Em resumo, apesar de algumas possíveis limitações, os mecanismos de controle que
regulam a EP durante o exercício têm como principal objetivo monitorar e ajustar o uso das
reservas fisiológicas de forma a permitir que o atleta finalize a tarefa o mais rápido possível,
mantendo a homeostase fisiológica. Assim, tendo em mente que o princípio que regem estes
mecanismos de controle é similar, os tópicos a seguir discorrem como fatores psicológicos,
ambientais e fisiológicos podem interferir na EP adotada de acordo com a explicação dos
mecanismos de controle citados anteriormente.

2.2.2 Fatores psicológicos


2.2.2.1 Influência do adversário
A inclusão de atletas marcadores de ritmo comumente chamados de ―coelhos‖ é
bastante comum nas competições de alto nível. Apesar da grande quantidade de evidências
empíricas relatando a importância desse fato, ainda não há suficiente embasamento na
literatura científica que mostre, realmente, os benefícios para os atletas que tem o ritmo de
corrida estabelecido pelos coelhos, com os poucos estudos existentes demonstrando
resultados contraditórios.
Por exemplo, Perrault et al. (1998) mostraram, em uma simulação de ciclismo de doze
minutos, que os competidores pedalavam mais rápido quando perdiam a liderança da prova.
Os autores explicam que experimentar o chamando ―impulso psicológico‖ (fator influenciado
28

por motivação, confiança e percepção de controle) levava a uma melhora no desempenho em


tarefas que exigem um alto grau de esforço. Portanto, estes achados indicam que os atletas
podem modificar a EP previamente estabelecida em resposta ao adversário, na tentativa de
recuperar a posição de líder.
Os achados de Perrault et al. (1998) são corroborados pelo estudo de Corbett et al.
(2012). Esses autores submeteram ciclistas treinados a uma prova contrarrelógio de 2000 m
realizada individualmente ou uma situação onde o ciclista acreditava estar competindo contra
outro atleta. Nesta segunda situação, o tempo de prova foi mais rápido quando comparado a
prova que ele realizou sozinho. Além disso, este tempo mais rápido foi acompanhado por uma
modificação na EP adotada, com velocidades maiores nos últimos 1000 m da prova na
situação contra outro competidor.
Similarmente, um recente estudo do nosso grupo de pesquisa também observou
melhora no desempenho de corredores que realizaram uma prova na presença de adversários
se comparada à prova que foi realizada individualmente (TOMAZINI et al., 2015). Nesse
estudo, corredores recreacionais foram submetidos a uma simulação de corrida de 3 km,
realizada coletiva ou individualmente. Os autores observaram que na condição coletiva os
atletas adotaram uma saída mais agressiva, com maiores velocidades nos primeiros 500 m,
resultando em um melhor desempenho total nessa condição.
Por outro lado, Bath et al. (2012) realizaram um estudo com o objetivo de observar a
influência de um segundo competidor na EP e na PSE de corredores recreacionais durante
corridas de 5 km. Os atletas realizaram duas corridas individuais e três corridas com a
presença de um segundo corredor. Nessas três corridas, o segundo corredor permanecia à
frente do atleta, atrás do atleta ou próximo a ele. Apesar de os corredores acharem que a
presença do segundo corredor foi benéfica para o desempenho, os autores não encontraram
diferenças significativas na EP adotada, na PSE ou no desempenho.
Todavia, deve-se destacar que talvez o desenho experimental utilizado por Bath et al.
(2012) não tenha possibilitado encontrar as diferenças inicialmente suspeitadas. Como o
segundo corredor era instruído a se manter sempre na posição estabelecida (à frente, atrás ou
próximo ao atleta), talvez o fator motivacional não tenha sido suficiente para aumentar o
desempenho do atleta, já que não havia perda ou troca de posições. Além disso, os autores
supõem que a EP previamente estabelecida não tenha se modificado devido aos atletas serem
de nível recreacional, já que atletas de elite são capazes de tolerar maiores distúrbios na
homeostase na tentativa de ganhar a competição (BATH et al., 2012).
29

Adicionalmente, é necessário destacar que em competições reais, atletas de alto nível


podem modificar sua estratégia dependendo da etapa do campeonato que está sendo realizado.
Por exemplo, Muehlbauer e Melges (2011) compararam a EP adotada nas eliminatórias e nas
finais em sete campeonatos mundiais de remo entre os anos de 2001 e 2009. Os autores
observaram que o padrão de distribuição de velocidade durante as eliminatórias foi mais bem
representado por uma linha de tendência linear, enquanto uma linha de tendência quadrática
(similar à estratégia parabólica) foi a que melhor explicou as finais. A resposta para estas
diferenças pode estar na característica da competição. Como as primeiras disputas são
eliminatórias, quando os atletas percebem que conseguiram um tempo suficiente para passar
para as próximas fases, eles ajustam a velocidade, diminuindo-a em direção ao fim da corrida.
Porém, como na etapa final a habilidade das equipes é mais homogênea, todas têm que
realizar a prova no menor tempo possível, o que explica o sprint ao final da prova.
Interessantemente, no estudo de Thiel et al. (2012), os autores observaram que nas
finais de atletismo de 1500 m a 10000 m na Olimpíada de Pequim em 2008, o resultado foi
decidido por diferenças no sprint final, com os atletas alcançando suas velocidades de pico
nos últimos 400 m. Assim, parece que realizar uma competição na presença de um adversário
pode modificar a EP, sobretudo pelo fator motivacional. Isso faz com que os atletas ajustem a
velocidade de prova de modo a melhorar o desempenho na tarefa pretendida, principalmente
no cenário de alto nível, onde a colocação final muitas vezes é mais importante que o tempo
total de prova.

2.2.2.2 Conhecimento do ponto final do evento e feedback incorreto da distância


Dentre os fatores conhecidos por influenciar a EP, vários autores sugerem que o mais
importante no estabelecimento da EP é o conhecimento do ponto final do evento (ULMER,
1996; ST CLAIR GIBSON et al., 2006; ABBISS; LAURSEN, 2008). Como anteriormente
apresentado, no modelo de teleantecipação proposto por Ulmer (1996), o conhecimento do
ponto final do exercício é de primordial importância para que o cérebro consiga criar um
algoritmo particular para determinado exercício. Assim, a produção de potência ou velocidade
pode ser ajustada mais precisamente.
No estudo de Coquart e Garcin (2008), esses autores objetivaram analisar o efeito do
conhecimento prévio do comprimento do evento sobre a PSE. Os voluntários realizaram três
testes de intensidade similar (90% da velocidade aeróbia máxima), porém com o comprimento
diferentemente expresso (ponto final desconhecido, sabendo somente a duração ou somente a
distância a ser percorrida). Foi observado que a PSE foi significativamente menor quando o
30

teste de ponto final desconhecido foi comparado com o teste de distância conhecida. A partir
destes resultados, foi suposto que a ausência do conhecimento do comprimento da prova
provavelmente influenciou a PSE devido ao processo de teleantecipação. Através desse
modelo, o cérebro estima subconscientemente um comprimento máximo que pode ser
sustentado. Essa estimativa é associada com a PSE máxima que o voluntário considera
tolerável. Na situação com ponto final desconhecido, foi sugerido que os valores da PSE
relatados pelos participantes seriam dados de acordo com um máximo tolerável abaixo de 20,
havendo assim a redução da PSE quando comparada à prova com a distância conhecida.
Por sua vez, um estudo realizado por Mauger et al. (2009) mostrou que, além do
conhecimento prévio da distância, a experiência do atleta na prova a ser realizada é um fator a
ser levado em consideração no estabelecimento da EP. Nesse estudo, os autores submeteram
ciclistas treinados (VO2 máx = 61 ± 5 ml.kg -1.min-1) a quatro provas de 4 km de ciclismo,
porém a única informação dada anteriormente à realização das provas era que todas elas
possuíam a mesma distância, sem informar que distância seria essa. Para um segundo grupo
de ciclistas foi dito que as provas possuíam a distância de 4 km e era dado feedback do quanto
já tinha sido percorrido durante as provas. Os autores observaram que quando o tempo e a
produção de potência da primeira prova de cada grupo foram comparados, houve uma
diferença significativa entre eles, com o grupo que conhecia a distância realizando a prova em
um menor tempo e com uma maior produção de potência. Contudo, a magnitude dessa
diferença foi diminuída ao longo das provas seguintes, de forma que na última prova de cada
grupo não foram detectadas diferenças significativas entre elas, com a média de tempo sendo
apenas 0,5% diferente entre os grupos. Os autores destacam que, a cada prova completada, os
atletas eram capazes de adquirir um conhecimento relativo da distância mais preciso,
sugerindo que é possível adotar uma EP bem sucedida baseado somente na experiência prévia
(MAUGER et al., 2009).
Especificamente com relação ao papel do feedback externo no desempenho, esse
mesmo autor investigou se o fornecimento de feedback visual afetaria a EP e o tempo para
completar uma prova de ciclismo de 4 km (MAUGER et al., 2011). Os atletas realizaram uma
primeira prova (baseline) sem feedback, e a partir do desempenho nela o feedback era dado
(correta ou incorretamente) para as provas posteriores. Os autores observaram que a prova
com o feedback correto foi realizada em um tempo significativamente mais rápido comparada
à situação de falso feedback. Além disso, na primeira condição os atletas foram capazes de
realizar o sprint final, aumentando a velocidade na última parte da prova, situação que não se
repetiu na prova com o falso feedback.
31

Os mecanismos responsáveis por estes achados envolvem o papel da motivação e a


criação de ―moldes‖ para aquele determinado exercício. Por exemplo, se é dito que o atleta
está mais lento que a prova baseline, ele pode ajustar a intensidade de acordo com o molde
construído para esta prova, sabendo que algum possível erro ocorreu e que é capaz de
aumentar a velocidade, ajustando assim a EP (MAUGER et al., 2011). Por sua vez, Wilson et
al. (2012) compararam a influência do feedback no desempenho de uma prova de 16 km de
ciclismo comparando quatro situações (feedback correto, falso positivo (+ 5% da potência
realmente gerada), falso negativo (- 5%) e sem nenhum feedback). Os autores não observaram
diferenças na potência média e no tempo final quando as quatro situações foram comparadas.
Porém, a EP foi diferente entre a situação de feedback correto e as outras três situações, nas
quais a segunda parte da prova foi realizada com uma velocidade significativamente mais
lenta em relação à primeira metade.
Nesse sentido, parece que o feedback é capaz de influenciar a EP adotada. Porém
ainda é inconclusivo se tal alteração da EP é capaz de melhorar o desempenho em provas de
curta e média duração. Além disso, futuros estudos poderiam investigar os principais
mecanismos psicofisiológicos responsáveis pela melhora do desempenho mediante a presença
de feedbacks.

2.2.2.3 Influência da música


É cada vez mais comum observar pessoas se exercitando ao som de música.
Empiricamente, pode-se afirmar que a simples presença da música durante a prática de
exercícios ou durante competições amadoras tem a capacidade de interferir nos aspectos
psicológicos das pessoas, embora dessa forma não se possam ter respostas cientificamente
válidas sobre o desempenho. Por outro lado, pesquisadores têm procurado desvendar quais os
mecanismos que explicariam diferentes respostas psicológicas e de desempenho envolvendo a
música durante o exercício.
Alguns estudos sugerem que a influência da música pode ser observada através de
respostas psicofísicas, como PSE e afetividade (ATKINSON et al., 2004; LIMA-SILVA et
al., 2012). Tem sido sugerido que a música é capaz de interferir na resposta da PSE,
reduzindo os valores desta variável durante exercícios de moderada a alta intensidade
(POTTEIGER et al., 2000; NETHERY, 2002). No trabalho de Potteiger et al. (2000), foram
realizados quatro sessões de 20 minutos de ciclismo a 70% do VO2 máx. A PSE foi
significativamente maior na condição controle quando comparada às outras três condições,
32

que continham diferentes tipos de música. Porém, nesse estudo não houve medida de
desempenho, o que limita a comparação com outros trabalhos.
Por sua vez, Chtourou et al. (2012) demonstraram que a adição de música durante 10
minutos de aquecimento levou a uma produção de potência (potência média e de pico)
significativamente maior durante o teste de wingate quando este foi comparado à condição
sem música durante o aquecimento. Similarmente, Simpson e Karageorghis (2006) mostraram
que o efeito ergogênico da música também pôde ser observado em uma corrida de 400 m,
visto que a condição com música aumentou o desempenho dos atletas quando comparado a
condição sem música.
Além da influência sobre o desempenho total, Lima-Silva et al. (2012) demonstraram
que a música pode influenciar a EP adotada durante uma corrida de 5 km. Nesse estudo,
homens fisicamente ativos realizaram duas corridas controle e duas com a presença da música
no primeiro 1,5 km (Minício) ou no último 1,5 km (Mfinal). Os principais achados foram que a
velocidade média do primeiro 1,5 km foi significativamente maior na condição M início que na
condição controle, com uma redução nos pensamentos associativos neste trecho para a
primeira condição. Todavia, a PSE não foi diferente entre as condições. Em conjunto, esses
achados sugerem que a música afeta alguns fatores psicológicos, como foco de atenção e
afetividade, permitindo os participantes aumentarem a velocidade com uma mesma PSE
(LIMA-SILVA et al., 2012). Portanto, essas evidências demonstram a capacidade da música
de agir positivamente como um auxílio ergogênico, influenciando no estado psicológico dos
participantes, podendo resultar em um melhor desempenho durante provas de curta a média
duração.

2.2.3 Fatores ambientais


2.2.3.1 Temperatura
Talvez o fator ambiental mais estudado pela sua grande influência no desempenho seja
a temperatura ambiente. Diversos estudos têm sido conduzidos na tentativa de explicar os
mecanismos pelos quais este fator pode desempenhar um papel tão importante no resultado
final de um evento esportivo (TUCKER et al., 2004; ABBISS et al., 2010; BARWOOD et al.,
2011). Em um estudo realizado por Tucker et al. (2004), os atletas foram submetidos a duas
provas de ciclismo de 20 km, sendo uma à temperatura de 15°C (frio) e outra a 35°C (quente).
Os autores observaram que a produção de potência na condição quente começou a declinar
progressivamente a partir dos primeiros 30% da distância total da prova, sendo
significativamente menor que na condição frio dos 80% da prova até o final. Isto resultou em
33

uma potência média significativamente menor, o que, em conjunto com um maior tempo para
completar a prova prejudicou o desempenho total na condição quente quando comparada à
condição frio.
Um comportamento similar da potência foi observado em outro estudo de Tucker et al.
(2006b). Nesse estudo, os participantes realizaram provas de ciclismo a 15°, 25° e 35°C,
sendo instruídos a manterem uma PSE pré-determinada, que correspondia a 16 na escala de
Borg. Foi observado que a produção de potência declinou de maneira linear nas três
condições, sendo essa taxa de declínio significativamente maior na condição quente (35°). A
explicação para os achados desses estudos é similar. Segundo esses autores, tais respostas
fazem parte de um mecanismo antecipatório, que ajusta a potência e o recrutamento muscular
para reduzir a produção de calor, garantindo que a homeostase termal seja mantida (TUCKER
et al., 2004).
Similarmente, Abbiss et al. (2010) estudaram a influência da temperatura na produção
de potência e na ativação muscular em uma prova de 100 km de ciclismo (estratégia auto
selecionada) em um ambiente quente (34°) ou frio (10°). Foi observado um menor
desempenho no ambiente quente, com redução na ativação muscular e na produção de
potência a partir do quilômetro 28 até o final da prova. A explicação para os achados destes
estudos partem do princípio que em exercícios contrarrelógio, em que a intensidade é auto
selecionada, a potência é ajustada na tentativa de impedir aumentos precoces na temperatura.
Acredita-se que esta redução na produção de potência seja uma evidência de uma redução
antecipatória na ativação muscular para evitar a obtenção de temperaturas centrais críticas
(TUCKER et al., 2004; ABBISS et al., 2010). Portanto, parece que este mecanismo de
controle é compatível com a ideia da EP regulada centralmente, onde a redução na intensidade
do exercício ocorre de forma a prevenir o desenvolvimento de um nível prejudicial de calor.

2.3 Fatores fisiológicos e neuromusculares


Se os mecanismos de controle propostos para ajustar a intensidade do exercício
baseiam-se em feedbacks vindos da periferia para construírem informações na tentativa de
regular a intensidade do exercício, deve-se destacar a importância de fatores fisiológicos e
neuromusculares na escolha de determinada EP.
Em relação às variáveis fisiológicas, a concentração inicial de glicogênio muscular
parece ser uma das mais relevantes para o controle da EP, pois as respostas metabólicas ao
exercício parecem ser determinadas largamente por esta variável (RAUCH et al. 2005). No
estudo de Rauch et al. (2005) foi observado que, durante uma hora de ciclismo, uma dieta
34

carregada em carboidrato administrada aos ciclistas melhorou a produção de potência média e


a velocidade alcançada quando comparada à mesma prova com uma dieta normal. Além
disso, foi notado que, apesar dos sujeitos começarem ambas as provas em uma taxa de
trabalho aproximada e terminarem com a mesma quantidade de glicogênio independente da
dieta, um minuto após o início do teste a potência externa na prova com a dieta carregada em
carboidrato foi em média 14 W maior quando comparada a dieta normal. Isso demonstra a
mudança na EP feita entre os minutos 1 e 2 da prova. Portanto, pode-se pressupor que um
objetivo da EP adotada durante exercícios prolongados é terminar o exercício com uma
concentração de glicogênio muscular específica.
Além da concentração de glicogênio, evidências prévias sugerem que o padrão de
distribuição das reservas aeróbias e anaeróbias também pode influenciar a EP adotada. No
estudo de Hettinga et al. (2006), esses autores demonstraram que em provas de 4 km de
ciclismo realizadas com diferentes EP (constante, positiva e negativa) nos primeiros 2 km, o
perfil da EP foi definido pela distribuição da potência anaeróbia. De acordo com de Konning
et al. (1999), a principal diferença entre as EP é a variação de velocidade através da regulação
do gasto energético, e assim, do padrão da produção de potência. Desta forma, um dos
principais achados do estudo de Hettinga et al. (2006) foi que, enquanto a potência aeróbia
aumentou até o fim da prova independente da EP, a potência anaeróbia acompanhou as
mudanças na produção de potência total. Portanto, estes resultados sugerem que diferentes EP
podem ser influenciadas principalmente pela variação na contribuição do metabolismo
anaeróbio, visto que a quantidade de energia gerada por este metabolismo é limitada
(HETTINGA et al., 2006).
Não obstante, deve-se ressaltar também o papel de variáveis tradicionalmente
relacionadas com o desempenho em provas de longa duração, como a economia de corrida e a
velocidade de pico (VP) mensurada ao final de um teste progressivo até a exaustão. Nesse
contexto, Lima-Silva et al. (2010) analisaram a influência destas variáveis sobre a EP adotada
por corredores de diferentes níveis de desempenho em uma corrida de 10 km. Os autores
observaram uma alta correlação entre a VP e todas as parciais de velocidade durante a prova
de 10 km (r = 0,88, p < 0,05). Além disso, foi verificado que o grupo de corredores
classificado como alto nível realizou os primeiros 400 m em um percentual acima da sua VP
(105,2%), diferentemente do grupo de nível inferior (92,0%). O primeiro grupo também era
energeticamente mais econômico e capaz de empregar maiores velocidades na parte inicial da
prova, quando comparado ao segundo grupo. Esses resultados sugerem que essas variáveis
são determinantes na escolha da EP durante uma corrida de 10 km.
35

Além das variáveis citadas anteriormente, diversos estudos sugeriram que as


características neuromusculares dos membros inferiores são fundamentais para o sucesso nas
provas de corrida de longa duração (PAAVOLAINEN et al., 1999a; NUMMELA et al.,
2008). Estas características estão relacionadas à ativação neural reflexa ou voluntária,
produção de força, elasticidade muscular e mecânica de corrida (HÄKKINEN, 1994; JUNG,
2003). Por exemplo, Paavolainen et al. (1999a) demonstraram que corredores de 10 km
classificados como ―alta performance‖ possuíam um menor tempo de contato e uma maior
pré-ativação durante a fase de propulsão quando comparados a corredores ―baixa
performance‖, destacando a importância de produzir força rapidamente para o desempenho
neste esporte.
Por sua vez, Nummela et al. (2008) encontraram correlações significativas entre a
diminuição de velocidade durante uma prova de 5 km e o aumento no tempo de contato com o
solo (r = -0,92), e entre o aumento no tempo de contato com o solo e a diminuição da pré-
ativação (r = -0,80). Esses resultados sugerem que as mudanças na regulação do stiffness
musculotendíneo podem ter um papel importante na redução de velocidade durante uma prova
de 5 km (NUMMELA et al., 2008). Além disso, em outro estudo os mesmos pesquisadores
encontraram uma associação entre a velocidade da volta final (144 m) em uma corrida de 5
km e a velocidade em um teste anaeróbio máximo, sugerindo que a capacidade de transferir
energia anaerobiamente é decisiva nas corridas em distância durante a volta final
(NUMMELA et al., 2006).
Adicionalmente, um estudo recente do nosso grupo de pesquisa (BERTUZZI et al.,
2014) determinou através de um modelo de regressão múltipla as variáveis que melhor
explicariam a EP adotada durante uma corrida de 10 km. Os autores observaram que na parte
média da prova (400 – 9600 m) a velocidade de pico, o VO2máx e a força dinâmica máxima
explicaram 80% da variação de velocidade. Por sua vez, apenas a velocidade de pico (66%)
explicou os 400 m finais da corrida de 10 km. Esses achados parecem ter considerável
relevância, haja vista a quantidade de estudos (NOAKES et al., 1990; STOREN et al., 2008;
GUGLIELMO et al., 2009; TAIPALE et al., 2010) demonstrando a importância destas
variáveis para o desempenho de corredores fundistas.
Outra importante variável capaz de influenciar a EP é o alongamento estático.
Damasceno et al. (2014) submeteram corredores recreacionais a duas corridas de 3 km, sendo
uma delas com um período prévio de alongamento estático. Os autores observaram que, na
situação com alongamento, os corredores iniciaram a prova em uma velocidade
significativamente menor quando comparada a condição controle. Visto que também houve
36

uma menor altura no salto vertical pós alongamento, essa diminuição na velocidade foi
atribuída a um prejuízo na função neuromuscular. Em conjunto, estes achados demonstraram
o papel fundamental do sistema periférico na velocidade auto selecionada durante a fase
inicial da corrida.
Desta forma, ao considerar o impacto que o ritmo de prova pode promover no
rendimento esportivo (DE KONNING et al., 1999), o atleta deve levar em consideração
diversos fatores ao escolher a melhor EP (ABBISS; LAURSEN, 2008). Em resumo, o
controle da EP ideal parece ser dependente de vários fatores intrínsecos (fisiológicos) e
extrínsecos (ambientais, duração do evento, características inerentes das provas) que
influenciam a intensidade do exercício e a escolha da EP mais apropriada, fazendo com que o
atleta seja capaz de terminar a prova no menor tempo possível, mantendo a homeostase
fisiológica.

2.4 Adaptações neuromusculares ao treinamento de força


2.4.1 Adaptações neurais
Durante a fase inicial do treinamento de força, observa-se um aumento na capacidade
do músculo em gerar tensão sem uma concomitante mudança na morfologia e na arquitetura
do músculo. Este aumento na força muscular é uma evidência das adaptações neurais que
surgem logo após o início do treinamento. Genericamente, consideram-se como adaptações
neurais as mudanças que ocorrem no sistema nervoso relacionadas à ativação, recrutamento
e/ou desempenho de unidades motoras ou grupo muscular como um todo (JUNG, 2003).
Estas adaptações podem incluir melhor recrutamento e sincronização de unidades motoras,
melhor atividade reflexa e melhoras no ciclo alongamento-encurtamento (SALE, 1988;
PAAVOLAINEN et al., 1999b; AAGARD et al., 2002).
Na tentativa de verificar as adaptações neurais após um período de treinamento,
diversos autores têm empregado a medida da atividade eletromiográfica (EMG)
(HAKKINEN; KOMI, 1986; PAAVOLAINEN et al., 1999a). A EMG se caracteriza pela
soma da atividade elétrica das unidades motoras e de suas frequências de ativação
(AAGAARD; MAYER, 2007) e alguns autores encontraram uma correlação positiva entre o
aumento na força muscular e a resposta da EMG (HAKKINEN; KOMI, 1986). Desta forma,
uma EMG elevada após um período de treinamento sugere um aumento do drive neural
eferente para as fibras musculares (AAGAARD; MAYER, 2007). Por exemplo, Hakkinen e
Komi (1986) demonstraram que após 12 semanas de treinamento de força máxima houve um
aumento na força muscular e na EMG dos músculos extensores da perna (vasto medial e
37

lateral) de homens fisicamente ativos, enquanto Hakkinen et al. (2003) observaram um


aumento na EMG do vasto lateral (+26%) com concomitante ganho na força muscular em
homens saudáveis após 21 semanas de treinamento de força máxima/explosiva. Assim, pode-
se afirmar que a medida da EMG é capaz de refletir mudanças na ativação muscular após um
período de treinamento de força, podendo ser utilizada em estudos longitudinais como uma
forma relativamente simples de demonstrar as adaptações neurais que ocorrem com o
treinamento.
Associado a um aumento na EMG, Hakkinen et al. (2003) observaram também uma
maior taxa de desenvolvimento de força (TDF) após um período de treinamento. A TDF
(Δforça/Δtempo) reflete a capacidade do sistema neuromuscular de gerar aumentos na força
no início da contração, o que tem grande significado funcional durante movimentos rápidos e
vigorosos, como na corrida de sprint (AAGARD et al., 2002; AAGARD, 2003). De fato,
Aagard et al. (2002) detectaram um aumento na TDF após 14 semanas de treinamento de
força máxima em homens saudáveis. Os autores afirmaram que o aumento no drive neural
eferente em resposta ao treinamento pode primariamente refletir um aumento na freqüência de
disparo dos motoneurônios, como evidenciado por aumentos na amplitude do sinal
eletromiográfico e na taxa de aumento da EMG na fase inicial da contração muscular
(AAGARD et al., 2002).
Além do aumento da EMG nos músculos primariamente responsáveis por determinado
movimento, alguns estudos também observaram que, após um período de treinamento de
força, havia uma modificação na ativação dos músculos antagonistas, o que resultaria em uma
melhor coordenação durante o movimento estudado (RUTHERFORD; JONES, 1986;
HAKKINEN et al., 1998). Por exemplo, Hakkinen et al. (1998) observaram que a maior
ativação dos músculos vasto medial e lateral durante a ação de extensão do joelho foi
acompanhada por uma diminuição na coativação do bíceps femoral em idosos submetidos a
seis meses de treinamento de força máxima combinado com exercícios de força explosiva.
Essa menor coativação também foi encontrada em um grupo de corredores após 21 semanas
de treinamento concorrente (HAKKINEN et al., 2003) e pode ter contribuído para aumentar o
desenvolvimento de força dos músculos agonistas (HAKKINEN et al., 1998).
Diferenças na coordenação entre agonistas e antagonistas também podem ser
observadas ao comparar a EMG de corredores de sprint com corredores de longa distância.
Ao realizarem extensão e flexão de joelho máxima nestes dois grupos de corredores, Osternig
et al. (1986) observaram que a coativação dos isquiotibiais do primeiro grupo foi quatro vezes
maior do que a do segundo grupo durante a fase de extensão, onde estes músculos agem como
38

antagonistas. Por sua vez, Rutherford e Jones (1986) analisaram a reposta de doze semanas de
treinamento de força dos extensores da coxa em homens saudáveis e atribuíram grande parte
do acréscimo nas cargas de treino a um aumento na capacidade de coordenar outros músculos
envolvidos no movimento, como aqueles usados para estabilizar o corpo.
Além da coordenação intermuscular, outra evidência de adaptação neural pode ser
observada através do fenômeno denominado ―educação cruzada‖ ou cross education. Na
educação cruzada, o treinamento de um dos membros leva a aumentos na força não apenas do
membro treinado, mas também no membro contralateral (SHIMA et al., 2002; MUNN et al.,
2005). Por exemplo, Shima et al. (2002) encontraram aumentos na força de contração
isométrica máxima e na EMG do membro contralateral após seis semanas de treinamento dos
flexores plantares. Por sua vez, Munn et al. (2005) observaram que seis semanas de
treinamento de flexão do cotovelo resultou em um aumento médio de 7% na força do membro
contralateral. Visto que não houve aumento na área de secção transversa, esses autores
atribuem o efeito contralateral do treinamento a uma melhorada ativação voluntária via
recrutamento de unidades motoras e a um aumento na taxa de disparo através de mecanismos
neurais centrais (MUNN et al., 2005).
Nesse sentido, os estudos citados anteriormente indicam que o treinamento de força
resulta em diferentes adaptações neurais que, entre outros fatores, levam a um aumento na
força e na coordenação muscular, o que parece ser de especial importância em diversas
atividades diárias e modalidades esportivas. É importante destacar que essas adaptações
podem ser observadas ainda na fase inicial do treinamento, visto que tanto estudos mais curtos
(6 semanas) quanto mais longos (24 semanas), foram capazes de detectá-las
(RUTHERFORD; JONES, 1986; HAKKINEN et al., 2003; MUNN et al., 2005).

2.4.2 Adaptações estruturais


Após a fase inicial do treinamento em que predominam as adaptações neurais, podem-
se observar também modificações estruturais, ou seja, na morfologia e na arquitetura dos
músculos. Entre as principais adaptações estão o aumento na área de secção transversa,
aumento no ângulo de penação e aumento na área e no comprimento das fibras musculares
(HAKKINEN et al., 2003; SEYNES et al., 2007; HOLM et al., 2008; REEVES et al., 2009).
Talvez a modificação estrutural mais estudada seja o aumento na área de secção
transversa do músculo. Estudos com diferentes protocolos e duração de treinamento
observaram este aumento em diversos músculos. Holm et al. (2008) aplicaram dois protocolos
de treinamento em homens sedentários, no qual eles treinavam com intensidades leves (15%
39

de 1RM) ou com intensidades mais intensas (70% de 1RM). Após doze semanas de
intervenção, os autores observaram um aumento na área de secção transversa do quadríceps
nos dois grupos estudados (+3% no primeiro grupo e +8% no segundo grupo). Por sua vez,
Ronnestad et al. (2010) mostraram que esta adaptação também ocorre em grupos previamente
treinados aerobiamente, visto que os autores detectaram um aumento de 4,6% na área de
secção transversa do quadríceps de ciclistas bem treinados após 12 semanas de treinamento de
força.
Além da distinção nas amostras, estudos utilizando diferentes durações de treinamento
também encontraram resultados similares em relação a esta variável. Por exemplo, Seynes et
al. (2007) aplicaram um treinamento de força de alta intensidade e observaram que um
período de apenas 35 dias foi suficiente para que fosse detectado um aumento de 7% na área
de secção transversa do quadríceps, demonstrando que o método utilizado e o estímulo de
treinamento adequado podem detectar hipertrofia antes do tempo geralmente descrito.
Outra variável que pode ser modificada através do treinamento é a área das fibras
musculares. Hakkinen et al. (2003) observaram que 21 semanas de treinamento concorrente
(somente força ou força combinado com endurance) em homens saudáveis aumentou a área
das fibras tipo I, IIa e IIb. Da mesma forma, Staron et al. (1991) verificaram que 20 semanas
de treinamento de força levou a hipertrofia dos três principais tipos de fibras (I, IIa e IIb) em
mulheres destreinadas. Este aumento na área das fibras musculares também foi observado
com menores períodos de treinamento. Por exemplo, Kadi et al. (2004) treinaram homens
saudáveis 3 vezes por semana durante 3 meses, e observaram um aumento gradual na área de
secção transversa das fibras musculares de 6,7% em 30 dias e 17% ao final dos 90 dias.
Assim como as fibras musculares, o fascículo muscular também parece responder a
um período de treinamento de força. Tentando verificar a influência do modo de contração
nas mudanças da arquitetura do quadríceps, Reeves et al. (2009) aplicaram treinamento
excêntrico ou convencional em idosos por 14 semanas. Os autores observaram que houve um
maior aumento no comprimento do fascículo no grupo que treinou excêntrico e um aumento
no ângulo de penação somente no grupo que realizou o treino convencional. Adicionalmente,
os dois grupos aumentaram similarmente a área de secção transversa do vasto lateral. Os
autores sugeriram que as maiores cargas com o treinamento excêntrico podem ter induzido a
um maior alongamento nas fibras musculares, servindo como um estímulo mais potente para a
adição dos sarcômeros em série, o que leva a um aumento no comprimento do fascículo
(REEVES et al., 2009). Por sua vez, o aumento no ângulo de penação é consistente com o
aumento de sarcômeros em paralelo. Visto que a carga absoluta foi similar, os autores
40

sugeriram que ao invés do stress mecânico, como o que ocorre no treinamento excêntrico,
alguma forma de stress metabólico seja responsável pela adição de sarcômeros em paralelo,
levando a um maior ângulo de penação. Através de um maior ângulo de penação, um maior
número de fibras em paralelo pode ser colocado num mesmo volume. Assim, para um mesmo
volume muscular, um músculo com maior ângulo de penação terá uma maior área de secção
transversa e uma maior capacidade de geração de força (FUKUNAGA et al., 2001).

2.4.3 Adaptações metabólicas


Por fim, o treinamento de força também pode ser responsável por adaptações
metabólicas. Estas adaptações contribuem para uma maior capacidade de realizar exercícios
de curta duração e alta intensidade (PIZZA et al., 1996). Tanaka et al. (1998) afirmam que
uma melhora na potência anaeróbia adquirida através do treinamento de força pode ajudar
corredores nas subidas ou no sprint final, o que aumentaria o desempenho na corrida.
Devido ao MAOD (do inglês maximal accumulated oxygen deficit) ser capaz de
representar a capacidade anaeróbia, Pizza et al. (1996) utilizaram esse teste e observaram que
homens treinados em força possuíam um maior MAOD quando comparados a homens
treinados em endurance. A partir da correlação positiva encontrada entre o MAOD e a massa
muscular do grupo treinado em força, os autores concluíram que o maior MAOD foi
influenciado pela maior massa muscular dos membros inferiores deste grupo. Nesse sentido,
sugeriu-se que a capacidade de ressintetizar moléculas de ATP anaerobiamente poderia ser
elevada pela hipertrofia muscular induzida pelo treinamento de força.
Por sua vez, Mikkola et al. (2007) e Paavolainen et al. (1999b) encontraram um
aumento na velocidade do teste chamado MART (do inglês maximal anaerobic running test)
após oito semanas de treinamento concorrente (endurance e força explosiva) em atletas de
endurance. Similarmente, Mikkola et al. (2011) também observaram melhora na velocidade
do MART em corredores de endurance após oito semanas de treinamento de força máxima,
demonstrando a eficácia destes dois tipos de treinamento na melhora deste parâmetro. Esses
achados indicam que o treinamento de força é capaz de elevar a capacidade do músculo
esquelético em ressintetizar ATP anaerobiamente.
Outra evidência acerca da influência do treinamento de força em parâmetros
anaeróbios pode ser vista no estudo de Sawyer et al. (2014). Estes autores aplicaram oito
semanas de treinamento de força em homens saudáveis e estimaram a capacidade de trabalho
anaeróbia utilizando o modelo de potência crítica. Foi observado que o treinamento de força
melhorou a capacidade anaeróbia pelos dois modelos e que essa melhora estava
41

correlacionada com aumentos no tempo até a exaustão durante o exercício exaustivo. Assim,
os autores sugeriram que a capacidade anaeróbia pode ser aumentada pelo treino de força.
Em conclusão, as adaptações advindas do treinamento de força incluem desde
mudanças na ativação e no recrutamento muscular até o aumento na área de secção transversa
do músculo. Este conjunto de adaptações também é capaz de influenciar variáveis importantes
para o treinamento de endurance, demonstrando a capacidade do treinamento de força de
modificar parâmetros em diversos âmbitos, seja neural, estrutural ou metabólico.
Possivelmente, esses ajustes promovidos pelo treinamento de força são fundamentais para os
esportes de longa duração, especialmente nas fases iniciais e finais de uma prova quando os
atletas atingem as maiores velocidades.

2.5 Treinamento de força aplicado aos esportes de longa duração: Adaptações neurais,
estruturais, metabólicas e suas transferências para o desempenho físico
Historicamente, o treinamento realizado por atletas de endurance leva em consideração
o princípio da especificidade. Dessa forma, as características que compõem o treinamento do
atleta são similares ao tipo de prova realizada. Portanto, atletas de provas de longa duração
geralmente treinam por longos períodos de tempo em menor intensidade, ou ainda realizam
treinos mais intensos, porém com um volume menor. Um aspecto marcante em provas de
longa duração é a predominância do metabolismo aeróbio na transferência metabólica de
energia (LAURSEN, 2010). Assim, é bem documentado na literatura científica que o
treinamento específico para estes atletas tem a capacidade de melhorar parâmetros
determinantes da aptidão aeróbia, como por exemplo, VO2 máx, limiares metabólicos e
economia de corrida (HICKSON et al., 1981; RAMSBOTTOM et al., 1989).
Todavia, diversas evidências sugerem que fatores relacionados à produção de força e à
potência muscular também têm considerável importância para os atletas engajados nesses
esportes (PAAVOLAINEN et al., 1999a; NUMMELA et al., 2006). Inclusive, tem-se
proposto que alguns fatores neuromusculares podem ser mais relevantes que o VO2 máx,
especialmente quando os atletas possuem o mesmo nível de desempenho físico (NOAKES,
1988). Adicionalmente, mediante as adaptações neurais e estruturais proporcionadas pelo
treinamento de força, estudos prévios demonstraram que variáveis determinantes da aptidão
aeróbia podem ser modificadas por esse tipo de intervenção (PAAVOLAINEN et al., 1999b).
A Tabela 1 apresenta uma síntese dos achados de diversos estudos que investigaram o
impacto do treinamento de força sobre parâmetros fisiológicos e neuromusculares
determinantes do desempenho em provas de longa duração.
42

Tabela 1 – Impacto do treinamento de força sobre parâmetros fisiológicos e neuromusculares determinantes do desempenho em provas de longa
duração.
Estudo Participantes Duração Frequência Número de Número Intensidade Parâmetros Parâmetros Resposta no
(semanas) semanal exercícios de séries neuromusculares fisiológicos Desempenho
Sedano et Corredores 12 2x 4 3 70% 1 RM EM VP
al. (2013) treinados 1RM SCM VO2 máx Tempo 3 km

Piacentini et Corredores 6 2x 5 4 85-90% 1 RM EM ---


al. (2013) treinados 1RM SCM

Bertuzzi et Corredores 6 2x 1 3–6 >70% 1RM 1 RM VO2 máx ---


al. (2013) treinados Tlim
Wae

Barrett et al. Ciclistas 8 3x 1 4 85-90% 1 RM VO2pico ---


(2012) treinados 1RM TDF EM

Taipale et Corredores 8 1 – 2x 3 3 80-85% 1 RM VO2 máx VP


al. (2013) treinados 1RM EMG VL EM

Mikkola et Corredores 8 2x 2 3 4 – 6 RM 1 RM EM VP
al. (2011) treinados EMG VL vMART
SCM [La] 12km.h-1
43

Aagard et Ciclistas 16 2-3x 4 4 5 – 10 RM CVM VO2 max PM em 45‘


al. (2011) treinados TDF EM de ciclismo

Sunde et al. Ciclistas 8 3x 1 4 4 RM 1 RM EM Tlim


(2010) treinados TDF

Ronnestad Ciclistas 12 2x 4 3 4 – 10 RM 1 RM --- PM 40‘ de


et al. (2010) treinados PP Wingate ciclismo

Guglielmo Corredores 4 2x 6 3–4 6 RM 1 RM EM ---


et al. (2008) treinados vOBLA

Storen et al. Corredores 8 3x 1 4 4 RM 1 RM EM Tlim


(2008) treinados TDF

Kelly et al. Corredoras 10 3x 4 3 >85% 1 RM 1 RM VO2pico Tempo


(2008) treinadas EM 3 km

Loveless et Homens 8 3x 1 4 85% 1 RM 1 RM EM ---


al. (2005) destreinados
44

Hoff et al. Esquiadores 8 3x 1 3 85% 1 RM 1 RM EM Tlim


(2002) treinados TDF

Millet et al. Triatletas 14 2x 6 3–5 >90% 1 RM 1 RM EM ---


(2002) treinados vVO2 máx

Bishop et Ciclistas 12 2x 1 3–5 2 – 8 RM 1 RM VO2máx PP em


al. (1999) treinadas LL 60‘de ciclismo

Hickson et Homens/ 10 3x 4 3 80% 1 RM 1 RM VO2máx Tlim


al. (1988) mulheres
treinados
Hickson et Homens 10 5x 5 3 80% 1 RM 1 RM VO2máx Tlim
al. (1980) destreinados
1 RM: uma repetição máxima; VO2 máx: consumo máximo de oxigênio; Tlim: tempo limite na intensidade correspondente ao VO2máx; LL:
limiar de lactato; PP: potência de pico; EM: economia de movimento; vVO2máx: velocidade associada ao VO2máx; TDF: taxa de
desenvolvimento de força; vOBLA: velocidade associada ao início de acúmulo de lactato no sangue; PM: potência média; CVM: contração
voluntária máxima; EMG VL: atividade eletromiográfica do vasto lateral; SCM: salto com contramovimento; VP: velocidade de pico; WAE:
Contribuição aeróbia. Aumento; Diminuição; Manutenção.
45

Parte dos achados dos estudos presentes na Tabela 1 indica que os protocolos de
treinamento investigados resultaram em modificações em variáveis neuromusculares, as quais
têm se mostrado importantes no que concerne à melhora no desempenho nas provas de
endurance (HICKSON et al., 1980; STOREN et al., 2008; GUGLIELMO et al., 2009).
Trabalhos que realizaram intervenções com o treinamento de força vêm tentando elucidar os
mecanismos responsáveis por esta melhora desde a década de 80 do século passado
(HICKSON et al., 1980). O que tem sido frequentemente encontrado são adaptações
neuromusculares envolvendo aumento na força e na ativação muscular, bem como aumentos
na taxa de desenvolvimento de força e na altura de salto (PAAVOLAINEN et al., 1999b;
MIKKOLA et al., 2007; TAIPALE et al., 2012). Dessa forma, os próximos tópicos dessa
revisão de literatura apresentam a influência do treinamento de força sobre variáveis
determinantes do desempenho aeróbio e os mecanismos responsáveis por possíveis
adaptações.

2.5.1 Consumo máximo de oxigênio


O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) é a medida que representa a potência
aeróbia máxima e que reflete a maior taxa pela qual o oxigênio pode ser captado, transportado
e utilizado durante um exercício severo (BASSET; HOWLEY, 2000). Como descrito
anteriormente, o VO2máx faz parte dos principais componentes da aptidão aeróbia
(MCLAUGHLIN et al., 2010), sendo uma importante variável preditora do desempenho
quando o grupo em questão é heterogêneo em termos de rendimento físico (STRATTON et
al., 2009). Portanto, altos valores nesta variável são comuns entre atletas de elite de diversas
modalidades esportivas, tais como as corridas de longa distância (BILLAT et al., 2001), ski
cross country (HOFF et al., 2002) e remo (BISHOP et al., 2002).
Está bem documentado que o treinamento aeróbio é capaz de melhorar o VO2máx
(HICKSON et al., 1981; ENOKSEN et al., 2011). Por outro lado, tem-se observado que a
adição de treinamentos de força máxima ou explosiva, na maioria das vezes não modifica o
VO2máx, principalmente quando a amostra estudada já possui um alto valor dessa variável
(BISHOP et al., 1999; HOFF et al., 2002). De fato, em um dos primeiros estudos descrevendo
os efeitos do treinamento de força máxima sobre o desempenho de endurance, Hickson et al.
(1988) não observaram mudanças no VO2máx após 10 semanas de treinamento de força em
um grupo de indivíduos treinados (VO2máx = 60 ml.kg-1.min-1).
46

Vários trabalhos posteriores encontraram resultados semelhantes aos descritos por


Hickson et al. (1988) (BISHOP et al., 1999; MIKKOLA et al., 2011; AAGAARD et al.,
2011). Por exemplo, após 12 semanas de treinamento de força, Bishop et al. (1999) não
observaram mudanças no VO2máx de ciclistas treinados, mesmo com um aumento de 35% na
força dinâmica máxima. Recentemente, Mikkola et al. (2011) também não encontraram
mudanças no VO2máx de corredores treinados após 8 semanas de intervenção, sendo as
adaptações neurais as principais responsáveis pela melhora nas outras variáveis analisadas,
como por exemplo, a velocidade em um teste anaeróbio máximo e a altura do salto com
contramovimento.
Por outro lado, estudos que aplicaram um período de treinamento de força com
menores intensidades e utilizaram indivíduos destreinados, observaram mudanças no VO2máx
(GETTMAN et al., 1978; GETTMAN et al., 1982). Gettman et al. (1982) verificaram um
aumento de 12% nessa variável após 12 semanas de treinamento de força em um grupo de
indivíduos destreinados (VO2máx = <40 ml.kg-1.min-1). Neste estudo, o protocolo adotado foi
composto por intensidades de apenas 50% da força máxima medida no teste de 1RM, estando
bem abaixo da intensidade usada nos estudos que não observaram diferenças para o VO2máx
(MIKKOLA et al., 2011).
A explicação para os valores similares de VO2 máx pré e pós-treinamento de força
observados nos estudos anteriores é frequentemente descrita pelo fato deste tipo de
treinamento requerer um percentual de aproximadamente 50% do VO2máx (HURLEY et al.,
1984). Esse estímulo é substancialmente inferior ao dos treinamentos predominantemente
aeróbios tradicionais que são realizados em intensidades que requerem um percentual de 70-
85% do VO2 máx (TANAKA et al., 1986; BILLAT et al., 2004). Portanto, as diferenças
encontradas nos valores desta variável podem ser atribuídas às divergências nos protocolos de
treinamento, às diferenças na intensidade aplicada e às características da amostra.
Assim, parece plausível sugerir que a adição de um período de treinamento de força
não tem efeitos sobre o VO2 máx quando se utiliza cargas máximas ou próximas da máxima,
bem como quando o grupo analisado possui um grande histórico de treinamento aeróbio e
altos valores desta variável, o que dificultaria a sua melhora através do treinamento de força
aplicado.
47

2.5.2 Economia de corrida


A economia de corrida (EC) é definida como o gasto energético para uma dada
velocidade submáxima de corrida (FRANCH et al., 1998; SPURRS et al., 2003), podendo ser
expressa como o consumo de oxigênio (VO2) em uma determinada intensidade. Do ponto de
vista prático, os corredores energeticamente mais econômicos apresentam um menor custo de
oxigênio em velocidades submáximas e, consequentemente, tendem a correr mais rápido
determinadas distâncias ou correrem maiores distâncias em uma velocidade constante
(GUGLIELMO et al., 2009).
Tem-se observado que a EC é uma das principais variáveis que determinam o sucesso
em corridas de longas distâncias em atletas altamente treinados que possuem valores similares
de VO2máx (MORGAN et al., 1989). Por exemplo, Conley e Krahenbuhl (1980)
demonstraram que 65,4% da variação observada no desempenho de atletas de 10 km com
valores similares de VO2máx foi explicada pela variação na EC. Inclusive, tem-se proposto
que a EC pode explicar porque corredores africanos possuem desempenhos superiores aos
corredores caucasianos, quando estes dois grupos de atletas apresentam valores similares de
VO2máx. A Tabela 2 apresenta os valores de EC de atletas de diferentes países/continentes.
Por exemplo, Weston et al. (2000) demonstraram que em um teste de seis minutos na
velocidade de 16,1 km.h-1, os corredores africanos foram 5% mais econômicos que os
caucasianos. Além disso, quando os dois grupos correram durante seis minutos nas suas
respectivas velocidades médias dos 10 km, os primeiros conseguiram se exercitar utilizando
um maior percentual do seu VO2máx (92,2% vs 86,0%), mas com um similar acúmulo de
lactato quando comparados aos segundos sujeitos.
48

Tabela 2 – Variáveis morfológicas e fisiológicas de corredores de elite de diferentes


países/continentes.
Origem Estatura Peso corporal Economia de corrida
(cm) (kg) (ml∙kg-1∙min-1)
Cáucaso1 178,3 ± 5,3 64,9 ± 5,3 49,9 ± 2,4 a 16,0 km∙h-1
Espanha2 172,0 ± 6,0 60,5 ± 7,8 59,7 ± 3,1 a 17,0 km∙h-1
África (geral)1 172,4 ± 5,3 61,4 ± 7,0 47,4 ± 3,2 a 16,0 km∙h-1
África do Sul3 172,0 ± 6,0 59,6 ± 7,4 55,5 ± 3,8 a 16,1 km∙h-1
Eritréia2 174,0 ± 8,0 57,2 ± 3,3 52,5 ± 6,4 a 17,0 km∙h-1
Eritréia4 (Tadesse Zersenay*) 163,0 54 52,9 a 17,0 km∙h-1
Estudos: 1 = Weston et al. (2000); 2 = Lucia et al. (2006); 3 = Kohn et al. (2007).4 = Lucia et
al. (2008); * Ex-recordista mundial e vencedor da meia-maratona do Rio de Janeiro de 2008.

As diferenças encontradas na EC podem ser atribuídas a uma grande variedade de


fatores (SAUNDERS et al., 2004), os quais podem ser influenciados pelo treinamento de
força (MILLET et al. 2002, STOREN et al., 2008, GUGLIELMO et al., 2009). Por exemplo,
Guglielmo et al. (2009) aplicaram um treinamento de força máxima de quatro semanas em
corredores treinados e observaram que após este período houve uma melhora de 6,2% na EC.
Apesar de não ter sido determinada, a conversão entre os tipos de fibras (de IIb para IIa) foi
um dos fatores apontados pelos autores na melhora na EC, já que um aumento no percentual
de fibras IIa pode levar a um aumento na capacidade oxidativa dos músculos treinados.
Adicionalmente, também foi sugerido que a melhora na EC ocorreu devido a uma
modificação nos fatores neurais, tais como aumento da ativação neural e recrutamento mais
eficiente de unidades motoras. De forma similar, Millet et al. (2002) também observaram uma
melhora significativa na EC após 14 semanas de treinamento de força máxima, atribuindo esta
melhora a uma diminuição na carga relativa de trabalho, já que com o aumento na força
máxima seria necessário um menor percentual desta força para um mesmo nível de tensão
muscular.
Modificações na EC também foram detectadas no estudo de Storen et al. (2008) após 8
semanas de treinamento de força. Neste trabalho, os autores demonstraram que os corredores
bem treinados tiveram ganhos de 5% e 33,2% na EC e no teste de 1RM, respectivamente.
Segundo esses autores, o aumento da força no teste de 1RM se deve principalmente às
adaptações neurais e às mudanças no padrão de recrutamento em resposta ao treinamento.
Embora os mecanismos responsáveis pela melhora na EC não tenham sido apropriadamente
49

investigados neste estudo, diversos autores afirmam que uma melhora nas características
neuromusculares, na eficiência mecânica e na coordenação muscular (SALE, 1988;
PAAVOLAINEN et al., 1999b; HOFF et al., 1999) estão entre as principais adaptações
advindas do treinamento de força relacionadas com a melhora na EC. Adicionalmente, um
aumento na força de 1RM permite que os músculos gerem mais força sem um aumento
proporcional na demanda energética, visto que as fibras musculares serão capazes de realizar
contrações com um menor percentual da força máxima, tornando uma carga submáxima
relativamente menor (HOFF et al., 2002).
Além dos mecanismos supracitados, as modificações na EC após a realização de um
período de treinamento de força podem ser causadas a partir de mudanças no stiffness
musculotendíneo (SMT). Achados prévios indicaram uma correlação negativa entre EC e
flexibilidade (JONES, 2002; TREHEARN; BURESH, 2009), sugerindo que corredores com
um maior SMT podem possuir uma melhor EC. Acredita-se que um maior SMT é capaz de
elevar o armazenamento e a restituição da energia elástica acumulada pelas estruturas
passivas do músculo esquelético, reduzindo assim o gasto energético na corrida
(PAAVOLAINEN et al., 1999b; KUBO et al., 2001). De fato, Paavolainen et al. (1999b)
verificaram que após um período de 9 semanas de treinamento de força explosiva, as
melhoras encontradas no grupo de corredores que treinou simultaneamente força explosiva e
endurance foram significativas para EC, desempenho nos 5 km e velocidade máxima no teste
de corrida anaeróbio máximo quando comparadas ao grupo controle. De acordo com
Paavolainen et al. (1999b), o treinamento de força explosiva foi capaz de melhorar as
características neuromusculares, incluindo regulação do SMT, que foram transferidas para a
EC.
Diferentemente dos estudos anteriormente citados, alguns autores não verificaram
modificações na EC após um período de treinamento de força (KELLY et al., 2008;
TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011). No estudo de Kelly et al. (2008), conduzido
com corredoras recreacionais, um programa de treinamento de força máxima com duração de
dez semanas foi adicionado a um treinamento de endurance. Apesar de um significante
aumento na força medida pelo teste de 1RM (17,9%) para o grupo que realizou o treinamento
combinado (força e endurance), os autores não detectaram mudanças na EC ao final deste
período de treinamento. Da mesma forma, Taipale et al. (2010) e Mikkola et al. (2011) não
encontraram mudanças na EC após 8 semanas de treinamento de força máxima em corredores
recreacionais, mesmo com mudanças significativas nas características neuromusculares
(aumento de força máxima e EMG). Mikkola et al. (2011) sugeriram que a magnitude de
50

diferenças detectadas na força muscular pode ser responsável por essa falta de consistência
nos achados, haja vista que Storen et al. (2008) encontraram aumento de 33% no teste de
1RM, ao passo que Mikkola et al. (2011) só encontraram 3,6% de aumento nesse mesmo
teste.
Em resumo, embora seja bem estabelecido que a EC possa ser influenciada por uma
grande quantidade de fatores, parece claro que após um período de treinamento de força são
modificações nas características neuromusculares que desempenham um papel fundamental
na melhora desta variável.

2.5.3 Velocidade no VO2máx (vVO2 máx) e tempo até a exaustão na vVO2máx (Tlim)
A velocidade associada ao VO2máx (vVO2 máx) pode ser definida como a velocidade
mínima em que se atinge o VO2 máx em um protocolo com incremento da intensidade até a
exaustão voluntária (BILLAT; KORALSZTEIN, 1996), enquanto o tempo até a exaustão na
vVO2máx, denominado como tempo limite (Tlim), representa o tempo em que o indivíduo
consegue manter se exercitando nesta velocidade (SAMOGIN LOPES et al., 2010).
Acredita-se que o Tlim está relacionado com a contribuição do metabolismo anaeróbio
durante exercícios aeróbios de alta intensidade (FAINA et al., 1997). De fato, Renoux et al.
(1999) encontraram uma correlação significante e positiva entre Tlim e déficit de oxigênio
expresso em ml de O2.kg-1, e entre Tlim a 100% e a 120% da velocidade aeróbia máxima.
Estas correlações demonstram, respectivamente, que o déficit de O2 aumentou com o aumento
do Tlim, e que a capacidade anaeróbia desempenha um papel fundamental na capacidade de
sustentar a corrida na velocidade aeróbia máxima. Adicionalmente, em um estudo conduzido
pelo nosso grupo de pesquisa, foi observado que a capacidade de gerar força rapidamente com
os membros inferiores é um parâmetro importante para o Tlim de corredores fundistas
recreacionais (BERTUZZI et al., 2012).
Diversos estudos têm demonstrado que o Tlim e suas intensidades relativas, bem como
a vVO2máx, são parâmetros frequentemente utilizados para prescrição de treinamentos de alta
intensidade (BILLAT et al., 1999; BILLAT, 2001; LAURSEN; JENKINS, 2002). Billat et al.
(1994) demonstraram que o Tlim estava altamente relacionado ao desempenho de corredores
em provas de longa distância (21 km), enquanto Morgan et al. (1989) observaram que a
vVO2máx estava mais associada com as variações no tempo em uma corrida de 10 km do que
o VO2 máx e a economia de corrida, deixando clara a importância destes parâmetros para o
sucesso em corridas de endurance.
51

Vários autores sugerem que os mecanismos responsáveis pela melhora na vVO2máx e


no Tlim dizem respeito a modificações nas características neuromusculares, já que um
aumento na força muscular e uma maior atividade eletromiográfica (EMG) acompanham a
melhora nestas variáveis (TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011). Além disso, o que
tem sido observado é que após um período de treinamento de força, a vVO2 máx e o Tlim
estão entre as variáveis que mais respondem pela melhora no desempenho de endurance
(HOFF et al., 2002; TAIPALE et al., 2010; MIKKOLA et al., 2011).
Fazendo o uso de dois tipos de treinamento de força, Taipale et al. (2010)
demonstraram que a combinação do treinamento de endurance com o treinamento de força
máxima ou explosiva, resultou em aumentos na força de 1RM, na EMG e na vVO2 máx para
os dois grupos, sem um aumento significante do VO2 máx para nenhum dos grupos de
corredores recreacionais. Ao considerar esses achados, é provável que as melhoras
encontradas na força e na EMG tenham contribuído para uma melhora na vVO2 máx, já que o
aumento do VO2 máx não foi significativo. Em outras palavras, é possível afirmar que uma
melhora na função neuromuscular induzida pelo treinamento de força, aumentando a ativação
e a coordenação muscular, tenha levado a uma maior eficiência dos músculos, melhorando a
vVO2máx. Considerando que em corridas de meia e longa distância a prova é realizada em um
alto percentual do VO2máx (BASSET; HOWLEY, 2000; JAMES et al., 2007), uma melhora
no tempo em que o atleta consegue se manter nesta velocidade é de extrema importância para
o desempenho total na prova.
Adicionalmente, Storen et al. (2008) observaram que após oito semanas de
treinamento de força houve um aumento na força máxima e no Tlim, sem mudanças
significativas no VO2máx, sugerindo que o treinamento de força pode modificar o Tlim por
aumentar o SMT, diminuindo o custo metabólico através de um ciclo alongamento-
encurtamento mais eficiente. Da mesma forma, Paavolainen et al. (1999a) também sugeriram
que através de um uso mais efetivo de energia elástica e de um aumento na produção de força,
fatores neuromusculares poderiam exercer um importante papel no desempenho de corredores
de 10 km, visto que foi observado que corredores mais experientes possuíam uma maior pré-
ativação e EMG relativa e um menor tempo de contato quando comparados a corredores
menos experientes.
Em síntese, parece que a adição de um período de treinamento de força é capaz de
melhorar a vVO2máx e o Tlim sem modificações no VO2 máx, enfatizando a importância das
características neuromusculares relacionadas à ativação neural reflexa e voluntária, força e
52

elasticidade muscular, bem como o papel das características anaeróbias em atletas de


endurance (HÄKKINEN et al., 1994).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Participantes
Vinte corredores recreacionais do sexo masculino participaram voluntariamente desse
estudo. Eles foram divididos em grupo controle (GC, n = 10) e grupo treinamento (GT, n =
10) de forma contrabalançada com base no desempenho nos 10 km. Os atletas eram incluídos
no estudo se fossem capazes de percorrer a distância de 10 km com um tempo entre 35-45
minutos, possuir experiência em treinamento de corrida superior a dois anos e treinar pelo
menos três vezes por semana com o volume semanal mínimo acima de 30 km. O volume de
treinamento dos participantes foi expresso como a distância total média percorrida
semanalmente, avaliado através de um registro de treinamento das três semanas anteriores ao
início do estudo e das últimas três semanas antes do término do estudo. Adicionalmente, eles
não poderiam ter participado de qualquer tipo de TF ou fazerem uso de substâncias
ergogênicas nos últimos seis meses. Todos os voluntários assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido, contendo a descrição de todos os riscos e benefícios dos
procedimentos experimentais (ANEXO II). Os procedimentos adotados nesse estudo foram
aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa da EEFE-USP (processo n° 2011/38).

3.2 Desenho experimental


A duração total do estudo foi de catorze semanas, sendo as três primeiras e as três
últimas semanas destinadas aos testes pré e pós-treinamento, respectivamente. Após
receberem as orientações acerca dos procedimentos adotados no estudo, os participantes
foram conduzidos a familiarização dos testes. Além de manterem as suas respectivas rotinas
de treinamento de corrida, os participantes foram submetidos ao TF por oito semanas com
duas sessões semanais. Antes e após a fase de intervenção com o programa de TF, eles foram
submetidos às seguintes medidas: a) antropometria (massa corporal total, estatura, percentual
de gordura), b) teste de wingate, c) teste com velocidade submáxima para a determinação da
economia de corrida; d) teste progressivo até a exaustão voluntária para determinação do
VO2máx, e) simulação de uma prova de 10 km para análise da estratégia de prova, f) teste de
drop jump e teste de uma repetição máxima (1RM) e g) teste de tempo limite. Após as
familiarizações, as sessões a, b, c, d, e e f foram aleatórias. Com exceção da prova de 10 km,
53

todos os testes foram realizados com a temperatura ambiente semelhante (20-24°) e duas
horas após a última refeição. O intervalo mínimo de 48 horas foi mantido entre as sessões
experimentais. Abaixo segue um time-line do desenho experimental.

Figura 2. Time line do desenho experimental. Sessão 1 – antropometria (Ant) e familiarização


1 no meio agachamento e no drop jump (F1). Sessão 2 – familiarização 2 no meio
agachamento e no drop jump (F2) e teste de wingate (W). Sessão 3 – teste de economia de
corrida (EC). Sessão 4 – teste progressivo até a exaustão (TPE). Sessão 5 – 10 km em pista
(10 km). Sessão 6 – drop jump (DJ) e 1RM no meio agachamento (1RM). Sessão 7 – Teste de
tempo limite (Tlim). TF – treinamento de força.

3.3 Antropometria
Todas as medidas antropométricas foram realizadas por um único avaliador
experiente, de acordo com os procedimentos sugeridos por Norton e Olds (1996). A massa
corporal total foi medida com uma balança eletrônica com precisão de 0,1 kg (Filizola,
modelo ID 1500, São Paulo, Brasil) e a estatura foi mensurada com um estadiômetro com
precisão de 0,1 cm. As dobras cutâneas foram medidas em oito pontos anatômicos (triceps
braquial, suprailíaca, abdominal, peitoral, subescapular, axilar média, coxa e perna) usando
um compasso da marca Harpenden (West Sussex, UK). A mediana dos valores dessas
medidas, as quais foram realizadas em triplicata e ao lado direito do corpo, foi empregada na
estimativa da composição corporal. A densidade corporal foi estimada pela equação
generalizada de Jackson e Pollock (1985) e o percentual de gordura estabelecido pela equação
de Brozek et al. (1963).

3.4 Teste progressivo até a exaustão voluntária


O teste progressivo até a exaustão foi realizado em uma esteira rolante (Inbrasport,
Porto Alegre, Brazil). Após um aquecimento de cinco minutos na velocidade de 8 km.h-1, o
teste foi iniciado com a velocidade da esteira em 10 km.h-1 sendo aumentada em 1 km·h-1 a
cada três minutos até a exaustão voluntária do participante, que recebeu encorajamento verbal
para continuar o teste durante o maior tempo possível. Cada estágio foi separado por um
período de 30 s de repouso durante o qual uma amostra de sangue (25 µl) foi obtida do lóbulo
da orelha direita para análise da concentração sanguínea de lactato, realizada por
54

espectrofotometria (EONC, Biotek Instruments, USA). Amostras de sangue também foram


coletadas antes do início do teste e no primeiro, terceiro, quinto e sétimo minutos de
recuperação para a determinação da concentração de lactato sanguíneo de pico. O consumo de
oxigênio (VO2) foi medido respiração a respiração através de um analisador de gases (Cortex
Metalyzer 3B, Cortex Biophysik, Leipzig, Germany) e subsequentemente convertido em
médias de 30 s. Antes de cada teste, o analisador de gases foi calibrado de acordo com as
especificações do fabricante. Brevemente, foi utilizado o ar ambiente e um gás de composição
conhecida contendo 12% O2 e 5% CO2. A turbina foi calibrada usando uma seringa de 3L
(Quinton Instruments, Seattle, WA, USA). A freqüência cardíaca (FC) foi mensurada
continuamente utilizando um cardiofrequencimetro (Polar s810i, Kempele, Finlandia) e foi
definida como o maior valor obtido ao final do teste. O limiar ventilatório (LV) e o ponto de
compensação respiratória (PCR) foram determinados de maneira independente por três
pesquisadores experientes como: o ponto de perda de linearidade da relação VE/VO2 (LV) e o
ponto de perda de linearidade da relação VE/VCO2 associado ao primeiro aumento na fração
de CO2 expirada (PCR) (MEYER et al., 2005). O VO2 max foi determinado quando pelo
menos dois dos seguintes critérios fossem reunidos: 1) um aumento do VO2 menor que 2,1
ml·kg-1·min-1 entre os dois últimos estágios, 2) a razão de trocas respiratórias > 1,10, 3)
atingir 90% da freqüência cardíaca máxima predita pela idade (220-idade), 4) atingir a
concentração de lactato sangüíneo de pico ≥ 8 mmol·l-1 (HOWLEY et al. 1995). A vVO2máx
foi estabelecida como a mínima velocidade em que o VO2 máx fosse alcançado. A maior
velocidade alcançada durante o teste foi registrada como a velocidade de pico na esteira
(VPE). Quando os voluntários não eram capazes de completar o último estágio, a VPE foi
calculada através da seguinte equação (KUIPERS et al., 2003):

VPE = UEC + (TUEI/180*1)

sendo UEC a velocidade no último estágio completo realizado pelo voluntário, e TUEI o
tempo em segundos que o voluntário permaneceu no último estágio incompleto.

3.5 Teste de economia de corrida


Os procedimentos realizados no teste de velocidade constante referentes à mensuração
do VO2 foram similares aos adotados no teste progressivo até a exaustão. Após um
aquecimento de cinco minutos na velocidade de 8 km.h -1, os participantes descansaram por 3
55

minutos e então realizaram um período de 6 minutos na velocidade de 12 km·h -1. A economia


de corrida (EC) foi definida como a média do VO2 durante os últimos 30 segundos nesta
velocidade.

3.6 Teste de 1RM


A força dinâmica máxima no exercício de meio agachamento foi medida através do
teste de 1RM no aparelho Smith (barra guiada) (Hammer Strength, Life Fitness, Illinois,
EUA), de acordo com procedimentos padrões (BROWN; WEIR 2001). Antecedendo o teste
de 1RM, os participantes foram submetidos a duas sessões de familiarização. Após o
aquecimento geral de cinco minutos correndo na esteira com a velocidade de 8 km·h -1, os
voluntários realizaram um aquecimento específico que consistiu em duas séries, uma com
cinco e outra com três repetições, nas intensidades de 50% e 70% da carga estimada para o
1RM, respectivamente. Foi utilizado o intervalo de três minutos entre as séries e entre a
última série do aquecimento e a primeira tentativa do teste de 1RM. Os participantes
iniciaram o teste em pé e com a barra apoiada sobre os ombros. Em seguida, eles flexionaram
os membros inferiores até que a parte posterior das coxas estivesse paralela ao solo e, em
seguida, retornaram a posição inicial. Foram permitidas, no máximo, cinco tentativas para a
determinação da carga individual do 1RM, as quais foram separadas por 3 minutos de
recuperação passiva. Caso a carga de 1RM não fosse encontrada após estas cinco tentativas, o
sujeito realizaria uma sessão extra 24h após o primeiro teste.

3.7 Simulação da prova de 10 km


Os participantes realizaram uma simulação de prova de 10 km em uma pista de 400 m
e foram instruídos a terminar o mais rápido possível, simulando um evento competitivo.
Antes da prova, eles aqueceram durante 10 minutos em intensidade leve (velocidade entre 8 e
9 km.h-1) e foram instruídos a manter o consumo regular de água nas seis horas anteriores ao
teste. Durante a corrida, a água foi disponibilizada ad libitum. A distância foi informada a
cada quilômetro percorrido, mas nenhum feedback foi dado a respeito do tempo de prova. A
velocidade foi registrada a cada 100 m via GPS (Forerunner® 405, Garmin, Kansas, Oregon,
EUA) e a média de velocidade a cada parcial de 400 m foi calculada. A estratégia de prova foi
determinada pela curva da velocidade vs distância. A percepção subjetiva de esforço (PSE) foi
relatada pelos participantes a cada 1000 m usando a escala de Borg 6 a 20 (BORG, 1982). Os
valores da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar foram fornecidos pelo Instituto
56

de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo e


apresentaram valores 22,8 ± 3,8°C e 61 ± 8,2%, respectivamente.

3.8 Teste de Wingate


Para a aplicação do teste de Wingate foram seguidas as recomendações descritas por
Bar-Or (1987). Brevemente, antes da execução desse teste, os participantes realizaram um
aquecimento de 5 minutos com a resistência inercial do equipamento tendo a inclusão de dois
tiros, cada um de 4 s, realizados no segundo e quarto minutos. Após 10 minutos de repouso,
os participantes foram verbalmente encorajados a pedalarem na maior velocidade possível
durante 30 s contra a resistência de 0,075 kp.kg-1 da massa corporal. A potência externa foi
calculada a cada 1 s por meio de um software (Wingate test, Cefise, Brasil). A maior potência
externa gerada no início do teste foi utilizada para representar a potência de pico (PP),
enquanto a média aritmética da potência gerada durante os 30 s foi utilizada para representar a
potência média (PM).

3.9 Drop jump


A altura de salto e o tempo de contato foram mensurados através do drop jump
realizado em um tapete de contato (MultiSprint, Hidrofit, Brasil). Os participantes foram
instruídos a sair de uma altura de 40 cm e, após tocar no solo, tentar alcançar a maior altura
vertical possível com um curto tempo de contato (próximo a 200 ms) (YOUNG; BEHM,
2003). Uma demonstração foi realizada pelos pesquisadores para que os participantes
minimizassem a flexão e a extensão dos joelhos durante o salto. Todos os saltos foram
realizados com as mãos nos quadris, e cinco repetições foram realizadas com um intervalo de
30 segundos entre elas. O maior e o menor valor foram descartados e a média dos três valores
restantes foi calculada e usada para análise estatística. A altura do salto (AS) foi determinada
pelo tempo de voo, enquanto o índice de força reativa (IFR) foi determinado como a altura de
salto dividida pelo tempo de contato (TC).

3.10 Tempo até a exaustão na velocidade do VO2 máx (Tlim)


Os participantes realizaram um breve aquecimento de cinco minutos na velocidade de
10 km.h-1, seguido por cinco minutos de exercícios de alongamentos leves que eles
frequentemente utilizam em sua rotina de treino. A velocidade correspondente ao VO2max
(vVO2max) foi previamente implementada e o Tlim foi mensurado entre o intervalo de tempo
57

em que o sujeito retirou as mãos da barra de segurança da esteira e voltou a se apoiar nela. O
VO2 de pico nessa tarefa foi estabelecido pela média dos últimos trinta segundos, ao passo que
a freqüência cardíaca de pico foi determinada pelo maior valor mensurado ao final do
exercício. Os participantes que fizeram parte do grupo treinamento de força realizaram o teste
de Tlim na vVO2 max correspondente ao pré treinamento, ou seja, na mesma velocidade
absoluta. Amostras de sangue (25 µl) foram coletadas do lóbulo da orelha direita em repouso,
no primeiro, terceiro, quinto e sétimo minutos de recuperação para a determinação da
concentração de lactato sanguíneo de pico por espectrofotometria (EONC, Biotek
Instruments, USA).

3.11 Análise da atividade eletromiográfica


A atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos vasto medial (VM) e bíceps
femoral (BF) da perna esquerda dos voluntários foi registrada no teste de 1RM durante toda a
amplitude de movimento (fases excêntrica e concêntrica) em todas as tentativas de alcance da
carga máxima. Antes de cada teste, eletrodos duplos (Ag/AgCl) com 1 cm de diâmetro e um
espaço de 2 cm de centro-a-centro (Noraxon, Scottsdale, AZ, EUA) foram posicionados nos
músculos VM e BF seguindo as orientações do SENIAM (do inglês Surface
Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles) para preparação da pele e
posicionamento dos eletrodos. Na primeira sessão, a posição dos eletrodos foi marcada na
pele com uma caneta dermográfica para garantir que o local do eletrodo durante todo o
período experimental fosse consistente (HAKKINEN; KOMI, 1983). O sinal da EMG foi
registrado com um sistema telemétrico, o qual tem um ganho de 1000 vezes e um
comprimento de banda (–3 dB) de 10 a 500 Hz. A interação desse sistema com o computador
é feita via uma conversor de 16 bits A/D (Myotrace 400, Noraxon, Scottsdale, AZ, EUA). Os
dados da EMG foram filtrados por um filtro passa-banda de 20-400 Hz, e o envelope
representando a ativação muscular foi determinando com um filtro RMS móvel com uma
janela de 50 ms. O período de ativação de cada músculo foi determinado como o período onde
o sinal estava acima de um limiar de 15% da atividade máxima daquele músculo durante o
teste por, no mínimo, 100 ms. Estes parâmetros foram selecionados baseados na relação sinal-
ruído dos dados da EMG e foram visualmente verificados para corretamente identificar os
períodos de ativação muscular. Para cada período de ativação, foi calculada a EMG integrada
(iEMG), definida como a área sob a curva da EMG versus o tempo dividida pelo período de
ativação.
58

3.12 Treinamento de força


Ambos os grupos continuaram com seu treinamento habitual de corrida, mas
diferentemente do grupo controle, o grupo experimental realizou o período de oito semanas de
treinamento de força (TF). O treinamento foi prescrito com a intensidade entre 3 e 10 RM de
acordo com a Tabela 3. Os exercícios e o volume (séries e repetições) do TF ao longo das
semanas estão descritos abaixo. Cada série foi separada por 3 minutos de recuperação. Este
treinamento teve a frequência de duas vezes por semana, sempre com um intervalo de 48 h
entre as sessões semanais. No total, foram realizadas 16 sessões de treinamento.

Tabela 3 – Progressão da carga do treinamento de força.


Exercícios Fase (semanas) Volume
1–2 3 séries 8-10 RMs
Meio agachamento, leg
3–4 3 séries 6-8 RMs
press, flexão plantar e
5–6 3 séries 4-6 RMs
extensão de joelhos
7–8 2 séries 3-5 RMs
RMs: repetições máximas.

3.13 Análise estatística


A distribuição dos dados foi previamente analisada pelo teste Shapiro-Wilk e todos
mostraram uma distribuição gaussiana. A estatística descritiva foi reportada como média ±
desvio padrão. O efeito do treinamento foi testado usando uma ANOVA two-way tendo o
grupo (GC e GT) e o momento (Pré e Pós) como fatores independentes. Quando um valor de
F significante foi detectado, o teste post-hoc de Tuckey foi utilizado para identificar as
diferenças. Comparações entre os grupos para o percentual de mudança (%) encontrado após
o período experimental foram realizadas através de um teste t para amostras independentes.
Todas as análises foram realizadas usando o software Statistica (Statistica 8, StataSoft Inc.,
Tulsa, OK, EUA). Para todos os tratamentos foi adotado um nível de significância inferior a
5% (P < 0,05).
59

4 RESULTADOS

Como previamente descrito, a amostra inicial foi composta por 20 corredores


recreacionais. Todavia, durante o período experimental, dois sujeitos declinaram da
participação no estudo por motivos pessoais (dificuldade no deslocamento e falta de tempo
disponível). Assim, os dados a seguir foram gerados a partir da participação de 18 sujeitos
(grupo controle n = 9 e grupo treinamento n = 9).
O volume de treinamento em termos de km/semana foi 38,6 ± 4,4; 41,3 ± 9,1; 36,3 ±
7,7 e 37,2 ± 4,2 km para os grupos treinamento (pré e pós) e controle (pré e pós),
respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas em nenhuma das
comparações realizadas (P > 0,05). A Tabela 4 apresenta as características antropométricas e a
idade dos corredores. Da mesma forma, nenhuma diferença significativa foi observada para
essas variáveis nas comparações entre grupos e momentos (P > 0,05). As variáveis
fisiológicas e mecânicas mensuradas durante o teste progressivo até a exaustão e o teste de
economia de corrida estão presentes na Tabela 5. Devido a problemas de armazenamento das
amostras sanguíneas, não foi possível realizar a análise da concentração de lactato dos testes
progressivos até a exaustão, e os limiares foram verificados pelo método ventilatório. Após o
período de treinamento, não foram encontradas diferenças no VO2 máx, LV, PCR e EC12 em
nenhuma das comparações (P > 0,05). Contudo, houve uma diferença significativa entre os
grupos para o percentual de mudança na VPE, com o GT tendo um maior percentual de
mudança quando comparado ao GC (P = 0,013).

Tabela 4 – Características antropométricas e idade dos participantes antes e após a


intervenção com o programa de treinamento de força.
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
Massa corporal (kg) 71,0 ± 3,8 74,7 ± 3,8 67,5 ± 3,1 67,2 ± 2,7
GC (%) 11,8 ± 1,7 11,3 ± 1,2 11,2 ± 1,2 9,5 ± 1,1
Estatura (cm) 174,3 ± 9,9 -//- 173,7 ± 11,4 -//-
Idade (anos) 32,9 ± 9,2 -//- 34,1 ± 7,7 -//-
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. GC = gordura corporal. -//- = não
foi determinado após o treinamento.
60

Tabela 5 – Variáveis mensuradas durante o teste progressivo até a exaustão e o teste de


economia de corrida antes e após a intervenção com o programa de treinamento de força.
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Mudança Pré Pós Mudança
(%) (%)
VO2 max 55,8 ± 5,3 56,8 ± 6,0 1,7 ± 7,5 54,3 ± 5,4 54,4 ± 5,3 0,2 ± 4,2
(ml.kg-1.min-1)
VPE (km.h-1) 17,6 ± 1,1 17,7 ± 1,5 0,6 ± 7,1 16,7 ± 1,3 17,2 ± 1,6 2,9 ± 2,6*

LV (km.h-1) 13,0 ± 0,5 13,0 ± 0,5 1,8 ± 3,5 12,6 ± 0,5 12,8 ± 0,7 0,1 ± 4,0

PCR (km.h-1) 15,8 ± 1,0 15,7 ± 1,2 1,2 ± 5,9 15,4 ± 1,1 16,0 ± 1,2 3,8 ± 3,4

EC12 41,8 ± 4,6 41,0 ± 4,2 -1,9 ± 10,4 42,5 ± 3,2 41,9 ± 4,0 -1,4 ± 3,6
(ml.kg-1.min-1)
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. VO2max = consumo máximo de
oxigênio. VPE = velocidade de pico na esteira. LV = limiar ventilatório. PCR = ponto de
compensação respiratória. EC12 = economia de corrida determinada na velocidade de 12
km/h. * Significativamente diferente do grupo controle (P < 0,05).

As Tabelas 6, 7 e 8 apresentam, respectivamente, as variáveis neuromusculares


mensuradas durante o teste drop jump, durante o teste anaeróbio de Wingate e durante o Tlim.
Nenhuma diferença estatística foi encontrada para as variáveis mensuradas em nenhum dos
testes (P > 0,05). Da mesma forma, não houve interação significativa entre os fatores grupo
(treinamento e controle) e momento (pré e pós) para essas variáveis (P > 0,05). Contudo,
houve uma diferença significativa para o percentual de mudança na AS (P = 0,039), TC (P =
0,048) e IFR (P = 0,004) no GT quando comparado ao GC (Figura 3).
61

Tabela 6 – Variáveis neuromusculares mensuradas durante o teste de drop jump antes e após
a intervenção com o programa de treinamento de força
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
AS (cm) 23,7 ± 6,1 22,5 ± 6,7 25,3 ± 7,2 27,9 ± 5,3
TC (segundos) 0,277 ± 0,08 0,289 ± 0,09 0,328 ± 0,12 0,287 ± 0,08
IFR (cm/s) 94,1 ± 37,2 91,9 ± 38,9 83,4 ± 26,7 103,4 ± 30,8
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. AS = altura do salto vertical. TC =
tempo de contato com o solo. IFR = índice de força reativa.

Tabela 7 – Variáveis mecânicas mensuradas durante o teste anaeróbio de Wingate antes e


após a intervenção com o programa de treinamento de força.
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
PP (W) 673,1 ± 141,3 700,1 ± 146,5 613,2 ± 140,3 667,8 ± 135,0
PM (W) 550,1 ± 112,4 567,0 ± 108,3 505,7 ± 109,0 530,8 ± 109,1
PPRELA (W/kg) 9,5 ± 1,2 9,4 ± 1,7 9,0 ± 1,2 9,9 ± 1,0
PMRELA (W/kg) 7,7 ± 0,8 7,6 ± 1,1 7,5 ± 0,9 7,9 ± 0,9
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. PP = potência de pico. PM =
potência média. PPRELA = potência de pico relativa à massa corporal. PMRELA = potência
média relativa à massa corporal.

Tabela 8 – Tempo até a exaustão e variáveis fisiológicas mensuradas durante o teste de tempo
limite na velocidade correspondente ao consumo máximo de oxigênio antes e após a
intervenção com o programa de treinamento de força.
Grupo Controle (n = 9) Grupo Treinamento (n = 9)
Pré Pós Pré Pós
Tlim (s) 335 ± 173 359 ± 173 322 ± 74 340 ± 62
VO2pico (ml.kg-1.min-1) 51,6 ± 6,6 51,7 ± 9,5 53,8 ± 6,1 54,0 ± 6,5
FCpico (bpm) 179 ± 11 175 ± 15 170 ± 13 180 ± 5
[La]pico (mmol/l) 11,8 ± 4,3 11,5 ± 5,2 9,9 ± 4,7 10,4 ± 6,1
Os valores são apresentados como média ± desvio padrão. Tlim = tempo até a exaustão.
VO2pico = pico do consumo de oxigênio. FCpico = frequência cardíaca de pico. [La]pico =
pico das concentrações sanguíneas de lactato.
62

Figura 3. Percentual de mudança de variáveis neuromusculares do pré para o pós treinamento


nos grupos treinamento de força (GT) e controle (GC). 1RM = força dinâmica máxima; iEMG
= atividade eletromiográfica; AS = altura de salto; TC = tempo de contato; IFR = índice de
força reativa. * Significativamente diferente entre os grupos (P < 0,05).

A Figura 4 demonstra os valores do teste de 1RM. Nenhuma diferença estatística foi


encontrada entre os grupos no período pré-treinamento (P > 0,05). Por outro lado, os valores
de 1RM do GT mensurados no período pós-treinamento foram estatisticamente superiores aos
valores mensurados pré-treinamento (P = 0,001). Além disso, esses valores também foram
superiores aos do GC nas condições pré e pós-treinamento (P = 0,05 – 0,01). Esse aumento no
1RM foi acompanhado por uma tendência a um aumento no percentual de mudança da iEMG
(GT = 476,2 ± 249,9 e 616,4 ± 275,2 µV; GC = 401,2 ± 366,1 e 378,2 ± 120,6 µV; pré e pós,
respectivamente) (P = 0,080).
63

Pré treinamento
Pós treinamento
180
*
160

Força dinâmica máxima (kg)


140

120

100

80

60

40

20
GC GT

Figura 4. Força dinâmica máxima dos membros inferiores determinada a partir do teste de
uma repetição máxima no exercício de meio agachamento antes e após a intervenção com o
programa de treinamento de força. Os valores são apresentados como média ± desvio padrão.
* = Significativamente maior que as demais condições (P < 0,05).

A Figura 5 demonstra a progressão da intensidade de treino no exercício meio


agachamento, expressa como percentual da força dinâmica máxima (1RM) pré treinamento da
primeira até a última semana de treinamento.

130
Intensidade de treinamento (% de 1 RM)

120

110

100

90

80

70

60

50

40

30
1 2 3 4 5 6 7 8

Semanas de treinamento

Figura 5. Intensidade de treino aplicada em cada semana de treinamento expressa como


percentual da força dinâmica máxima (1 RM). Os valores são apresentados como média ±
desvio padrão.
64

Antes do período de treinamento, não houve diferenças significativas entre os grupos


no tempo total para percorrer os 10 km (GT = 2626 ± 307 s; GC = 2514 ± 226 s; P > 0,05).
Após o período de treinamento, o GT melhorou seu desempenho em 2,5 %, que foi maior que
o encontrado para o GC (−0.7 %) (P = 0,039). A Figura 6 apresenta a distribuição de
velocidade e a resposta da PSE ao longo do teste contrarrelógio de corrida de 10 km.
Nenhuma diferença significativa na velocidade foi encontrada quando os grupos e os
momentos foram comparados (painéis A e B) (P > 0,05). Além disso, o padrão da estratégia
de prova foi similar em todas as situações. Contudo, quando observamos apenas a distribuição
de velocidade do GT (painel A), nota-se que a partir do quilômetro sete as curvas não mais se
sobrepõem, destacando as maiores velocidades alcançadas após o período de treinamento.
Essas diferenças ficam evidentes quando comparamos o percentual de mudança na velocidade
de corrida (painel C), onde nas últimas sete parciais o GT mostrou valores significativamente
maiores que o GC. O painel D apresenta o comportamento da PSE, que demonstrou um
padrão linear independentemente do grupo e do momento. Por sua vez, não foram observadas
diferenças em nenhuma das comparações quando a velocidade foi analisada em relação ao
trecho inicial (primeiros 400 m), médio (entre 400-9600 m) e final (últimos 400 m) do teste
contrarrelógio de corrida de 10 km (painel E) (P > 0,05). Por outro lado, a PSE mensurada no
trecho médio foi significativamente maior que no trecho inicial (P < 0,05), do mesmo modo
que a PSE do trecho final, que foi significativamente maior que nos trechos inicial e médio
dentro do mesmo grupo e momento. Todavia, não foram observadas diferenças entre os
grupos quando o momento foi comparado (P > 0,05) (painel F).
65

Figura 6. Velocidade e percepção subjetiva de esforço durante o teste contrarrelógio de


corrida de 10 km. Painéis A e B: Valores médios da velocidade pré e pós treinamento
mensurados a cada 400 m nos grupo treinamento e controle, respectivamente. Painel C:
Percentual de mudança da velocidade em ambos os grupos. Painel D: Resposta da PSE ao
longo da prova de 10 km. Painéis E e F, respectivamente: Valores médios da velocidade e da
percepção subjetiva do esforço mensurados no trecho inicial, médio e final do teste. GT =
grupo treinamento. GC = grupo controle. § = significativamente maior que o GC; * =
significativamente maior que o trecho inicial dentro do mesmo grupo e momento; # =
significativamente maior que o trecho médio dentro do mesmo grupo e momento. P < 0,05.
66

A Figura 7 demonstra os trechos da prova de 10 km em que os sujeitos atingiram as


maiores velocidades. Através da análise individual, observa-se que tanto no momento pré
quanto no pós treinamento, todos os voluntários alcançaram as maiores velocidades no trecho
inicial ou final da corrida, o que está de acordo com a estratégia de prova geralmente
observada para este tipo de prova. Porém, esta distribuição não foi modificada após o
treinamento de força.

Pré treinamento
Pós treinamento
Pré controle
Pós controle

final
Trecho da prova de 10 km

médio

inicial

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Sujeitos

Figura 7. Trechos da prova de 10 km demonstrando onde as maiores velocidades foram


encontradas nos dois grupos. (■ e □) grupo treinamento (● e ○) grupo controle.
67

5 DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi verificar se um programa de treinamento de força


realizado durante oito semanas alteraria a estratégia de prova e o desempenho de corredores
de longa distância em uma corrida de 10 km. Nossos principais achados demonstraram que
apesar do padrão de estratégia de prova adotado pelos corredores não ter se modificado, o
treinamento de força produziu melhoras significativas nas características neuromusculares,
que foram acompanhadas por velocidades finais mais altas para a mesma PSE. Isto resultou
em um melhor desempenho nos 10 km para o grupo treinamento de força (GT) comparado ao
grupo controle (GC). Portanto, embora a influência do treinamento de força no desempenho
de endurance já tenha sido relatada (STOREN et al., 2008; TAIPALE et al., 2010), ao menos
em nosso conhecimento este é o primeiro estudo a demonstrar em qual trecho de um teste
contrarrelógio ocorre essa melhora.
A capacidade do músculo esquelético em produzir força tem sido relacionada a fatores
neurais e metabólicos (AAGAARD; MAYER, 2007). Nesse sentido, estudos prévios têm
usado atividade eletromiográfica (MIKKOLA et al., 2007), exercícios all out (RONNESTAD
et al., 2015), salto vertical (MIKKOLA et al., 2011) e testes de 1 RM (BERTUZZI et al.,
2013) para avaliar as adaptações anaeróbias e neuromusculares obtidas com o treinamento de
força em atletas de endurance. Uma melhora na capacidade de produzir força máxima e
explosiva é esperada quando participantes sem experiência em treinamento de força
completam um programa de 4 a 8 semanas de treinamento. Em particular, o treinamento de
força pode aumentar o desempenho de endurance por, no mínimo, dois mecanismos distintos.
Primeiro, uma maior sincronização de unidades motoras produz um simultâneo aumento na
amplitude e diminuição na frequência do sinal eletromiográfico, resultando em
potencialização da força, o que melhora a eficiência e a coordenação. Assim, uma maior
eficiência devido a alterações neurais atrasaria o início dos sinais relacionados à fadiga
(CREER et al., 2004), permitindo aos corredores produzirem maiores velocidades de corrida.
Além disso, um menor tempo de contato parece ser uma adaptação importante para o
desempenho de endurance (PAAVOLAINEN et al., 1999a), visto que tem sido mostrado que
é na fase de contato com o solo durante a corrida que o atleta pode aplicar força, destacando a
importância da força reativa e do tempo de contato para essa modalidade (BEATTIE et al.,
2014). Em nosso estudo, encontramos uma melhora de 26,7% para o desempenho no teste de
1 RM, 47% para a iEMG, 10,3% para a altura do salto, 12,5% para o tempo de contato
medido durante o teste de salto e 24% para o índice de força reativa no GT. Estes resultados
68

estão de acordo com estudos anteriores que encontraram um aumento significativo no teste de
1RM (~ 18,0%), iEMG (16,2%) e altura do salto (6,1%), em um grupo similar de atletas após
6-8 semanas de treinamento de força (MIKKOLA et al., 2011; TAIPALE et al., 2010;
BERTUZZI et al., 2013). Além disso, não detectamos alterações estatísticas nas medidas
antropométricas (ou seja, peso e gordura corporal) em ambos os grupos após o período de
treinamento, o que sugere que a melhoria da capacidade de produzir força no GT pode não ter
sido associada a hipertrofia muscular. De fato, os resultados anteriores sugerem que um
aumento na área de secção transversa é encontrado quando um maior volume de treinamento
e o número de exercícios por grupo muscular é usado (DOCHERTY; SPORER, 2000). Um
segundo mecanismo envolve uma menor força relativa gerada por passada, resultando em um
maior recrutamento de fibras tipo I e atrasado recrutamento de fibras tipo II, retardando a
fadiga. Esta adaptação poderia permitir os corredores manter uma velocidade relativamente
maior no último terço da prova devido a uma maior disponibilidade de ATP via metabolismo
aeróbio (TANAKA; SWENSEN, 1998). Em conjunto, estes dados reforçam a sugestão de que
um programa de TF é capaz de promover mudanças nas características neuromusculares,
aumentando a capacidade de produzir força em atletas de endurance (TAIPALE et al., 2010;
MIKKOLA et al., 2011).
Por outro lado, não foram detectadas diferenças estatísticas para o desempenho
anaeróbio em ambos os grupos (GT e GC) após o período de treinamento. Este achado difere
de outros estudos que relataram melhora no desempenho anaeróbio em corredores de longa
distância após 8-9 semanas de um programa de treinamento de força (PAAVOLAINEN et al.,
1999b; MIKKOLA et al., 2011). Estas discrepâncias entre os estudos podem ser parcialmente
explicadas por diferenças nos regimes de treinamento. O protocolo de treinamento utilizado
no presente estudo teve maior intensidade e menor volume do que a maioria dos estudos
anteriores realizados com corredores de longa distância (PAAVOLAINEN et al., 1999b;
TAIPALE et al., 2010; TAIPALE et al., 2013). Como resultado, nosso protocolo pode ter
produzido um menor estresse na via glicolítica, o que não melhorou a capacidade do
metabolismo anaeróbio lático para ressintetizar ATP. Isto está de acordo com achados prévios
indicando que o treinamento de força aumenta a capacidade anaeróbia em atletas que
tradicionalmente usam regimes de treinamento com maior volume do que o utilizado no
presente estudo (PIZZA et al., 1996). Além disso, tem sido relatado que aumentos na força
muscular após o treinamento com maiores cargas (4-6RM), como o usado nas últimas
semanas do nosso programa de treinamento (últimas 4 semanas), poderiam ser atribuídos a
adaptações neurais incluindo aumento de ativação de unidades motoras, frequência de disparo
69

mais rápida, melhor sincronização e co-contração de antagonistas (DOCHERTY; SPORER,


2000). Assim, esses resultados podem sugerir que as características do nosso protocolo de
treinamento podem ter levado a maiores adaptações nas características neuromusculares do
que no metabolismo anaeróbio.
Em relação à estratégia de prova e ao desempenho, os nossos resultados mostraram
que a média de melhora de 2,5% no tempo da prova de 10 km no GT parece ser o resultado de
uma maior velocidade no último terço da corrida. Contudo, essas maiores velocidades não
modificaram o padrão geral da estratégia de prova, visto que antes e após o treinamento os
corredores adotaram um início mais rápido, diminuíram a velocidade na parte média da prova
e aceleraram novamente no final. O que se pode observar é que após o treinamento de força, a
curva velocidade-distância do GT foi deslocada para cima nos últimos três quilômetros da
prova, o que permitiu um melhor desempenho total para esse grupo. Curiosamente, este
aumento na intensidade do exercício não foi acompanhado por uma alteração na PSE,
indicando que os atletas foram capazes de manter velocidades de corrida mais elevadas com
percepção de esforço similar após um período de treinamento de força. Estudos anteriores
propuseram que a PSE é gerada como uma consequência dos numerosos sinais aferentes
durante o exercício e atua como um mediador de alterações na ativação do músculo
esquelético (DE MORREE et al., 2012). Neste sentido, a PSE representa a integração das
alterações nos sistemas fisiológicos durante o exercício dinâmico, e é considerada um
regulador primário da estratégia de prova (TUCKER, 2009). Portanto, parece que melhoras
nas características neuromusculares induzidas pelo treinamento de força podem ter permitido
aos atletas se exercitarem em uma maior intensidade para o mesmo nível de esforço
percebido. Além disso, é possível também que a maior sincronização e recrutamento de
unidade motoras tenha permitido que os atletas do GT atingissem velocidades de corrida mais
elevadas após o treinamento, mas com perturbações periféricas semelhantes em comparação
com as observadas antes do período de treinamento. Estes resultados suportam a noção de que
mecanismos neuromusculares relacionados à fadiga periférica são algumas das possíveis
variáveis utilizadas pelo sistema nervoso central para regular a intensidade do exercício,
particularmente durante a fase final de uma corrida contrarrelógio.
Por sua vez, em relação aos parâmetros fisiológicos relacionados à aptidão aeróbia,
nossos resultados são consistentes com estudos anteriores que não observaram alterações para
o VO2max e PCR em atletas de longa distância após participarem de um programa de
treinamento de força (STOREN et al., 2008; MIKKOLA et al., 2011; BERTUZZI et al.,
2013). Parece que mudanças nessas variáveis fisiológicas são dependentes de
70

condicionamento aeróbio inicial, visto que estudos que observaram mudanças no VO2 max e
no PCR após um período de treinamento de força utilizaram indivíduos sedentários ou
aerobiamente destreinados (VO2max < 40 ml∙kg-1∙min-1) (GETMAN et al., 1978;
KAIKKONEN et al., 2000). Acredita-se que um período agudo de treinamento de força
requer valores de consumo de oxigênio inferiores a 50% da capacidade máxima (HURLEY et
al., 1984). Assim, é improvável que isto forneça um forte estímulo para melhorar a potência
aeróbia, pois o treinamento de endurance que resulta em melhoras da aptidão aeróbia em
corredores treinados normalmente são realizados em intensidades que requerem pelo menos
70-85% do VO2 max (TANAKA et al., 1986; BILLAT et al., 2004). No entanto, é interessante
observar que foi encontrado um aumento significativo no percentual de alteração da
velocidade de pico na esteira (VPE) para o GT após o programa de treinamento. Acredita-se
que a VPE é influenciada não somente pela potência aeróbia máxima, mas também pela
economia de corrida e fatores anaeróbios e neuromusculares (NOAKES, 1988; MIKKOLA et
al., 2011). No presente estudo, o programa de treinamento de força não mudou a economia de
corrida e o desempenho anaeróbio, mas os parâmetros neuromusculares foram melhorados
(i.e. 1 RM, DJ, TC e IFR). Portanto, os resultados do presente estudo sustentam o conceito de
que um ligeiro aumento da VPE induzido pelo programa de treinamento de força é causado
por alterações nas características neuromusculares, aumentando a capacidade de produzir
força.
É necessário reconhecer algumas limitações do estudo. Primeiramente, é importante
observar que nossa amostra foi composta de atletas moderadamente treinados. Além disso, os
participantes não tinham experiência prévia com treinamento de força ou pliométrico. Esses
atletas podem ser mais responsivos a esse tipo de treinamento do que atletas altamente
treinados. Assim, recomenda-se cautela ao extrapolar estes resultados para atletas altamente
treinados que frequentemente realizam sessões de treinamento com exercícios de força e
potência. Em segundo lugar, o protocolo de treinamento foi limitado a quatro exercícios, que
podem ter resultado em um volume de treinamento de força mais baixo do que aqueles que
são frequentemente utilizados no "mundo real". Assim, estudos futuros devem comparar a
eficácia de diversas modalidades de exercício, intensidade e duração para determinar quais
treinamentos são mais eficazes para alterar a estratégia de prova selecionada por atletas de
longa distância.
71

6 CONCLUSÃO

Com base nos achados e nas limitações do presente estudo, pode-se concluir que:

 O período de oito semanas de treinamento de força não foi capaz de modificar a


estratégia de prova adotada;
 Não foram observadas diferenças nas variáveis fisiológicas determinantes do
desempenho de endurance após o treinamento de força;
 Por outro lado, foram detectadas melhoras nas características neuromusculares dos
corredores que realizaram o treinamento de força, o que resultou em velocidades finais mais
rápidas e sustentadas em uma corrida de 10 km.
 Em resumo, esses achados sugerem que as características neuromusculares podem ser
um determinante importante da intensidade do exercício durante as fases média e final de uma
corrida de 10 km.
 Adicionalmente, é possível sugerir que o ganho de força após um programa de
treinamento pode contribuir para reduzir a fadiga periférica em atletas de longa distância
durante a fase final de um evento de endurance, resultando em um melhor desempenho total.
72

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84

ANEXOS

ANEXO I – Principal artigo científico da presente Tese


ANEXO II – Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. DADOS DO INDIVÍDUO
Nome completo

Sexo Masculino
Feminino

RG
Data de nascimento
Endereço completo
CEP
Fone
e-mail

2. RESPONSÁVEL LEGAL
Nome completo
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)

Sexo Masculino
Feminino

RG
Data de nascimento
Endereço completo
CEP
Fone
e-mail

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do Projeto de Pesquisa


INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE A ESTRATÉGIA DE PROVA EM UMA CORRIDA DE
10 KM.

2. Pesquisador Responsável
Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi

3. Cargo/Função
Docente

4. Avaliação do risco da pesquisa:


X RISCO MÍNIMO RISCO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo)

5. Duração da Pesquisa
4 meses

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO INDIVÍDUO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A


PESQUISA, DE FORMA CLARA E SIMPLES, CONSIGNANDO:
É bem documentado que a estratégia de prova influencia o desempenho em corridas de longa duração. Entre as
variáveis fisiológicas relacionadas ao desempenho e que influenciam a escolha da estratégia está a economia de corrida.
Como já está bem descrito, o treinamento de força tem se mostrado bastante eficaz na melhora deste parâmetro. Assim, pode -
se pressupor que as adaptações neuromusculares promovidas pelo treinamento de força são capazes de modificar a economia
de corrida e, consequentemente, a estratégia de prova de corredores de longa distância. Portanto, o objetivo do estudo é
averiguar se após a aplicação de um programa de treinamento de força, há alteração na estratégia de prova em uma corrida de
10 km.
O estudo terá duração total de doze semanas, sendo as duas primeiras e as duas últimas destinadas aos testes pré e
pós treinamento. Abaixo segue um time-line do desenho experimental.

Figura 1 – Time line do desenho experimental. Sessão 1 – antropometria (Ant) e familiarização 1 no meio agachamento e no
drop jump (F1). Sessão 2 – familiarização 2 no meio agachamento e no drop jump (F2) e teste de wingate (W). Sessão 3 –
teste de economia de corrida (EC). Sessão 4 – teste progressivo até a exaustão (TPE). Sessão 5 – 10 km em pista (10K).
Sessão 6 – drop jump (DJ) e 1RM no meio agachamento (1RM). Sessão 7 – Teste de tempo limite (Tlim). TF – treinamento
de força.

Você irá realizar três testes em esteira rolante. O primeiro será o teste de carga constante, no qual você irá correr na
velocidade de 12 km.h-1 durante 6 minutos. O segundo será o teste progressivo até a exaustão, no qual a velocidade inicial de
10 km.h-1 será aumentada em 1 km.h-1.min-1 até a sua exaustão. A última velocidade alcançada durante esse teste será
utilizada no teste de tempo limite, no qual você correrá o máximo de tempo nesta velocidade até a sua exaustão. Durante os
testes máximos ficará uma pessoa em prontidão ao lado da esteira, para sua segurança. Durante todos os testes, o consumo de
oxigênio (VO2) será mensurado respiração a respiração por um analisador de gases.
Para avaliar a potência e a força máxima de membros inferiores, você irá realizar um teste de drop jump (salto em
profundidade) e o teste de 1RM no aparelho Smith machine (barra guiada), respectivamente. Durante o teste de 1RM, será
realizada uma série de tentativas para que seja mensurada a carga máxima suportada por você nesse exercício. O aparelho
Smith machine possui uma trava de segurança, que garante o suporte da carga caso haja necessidade.
Para avaliação da sua composição corporal, serão medidas 8 dobras cutâneas por um avaliador com experiência
nesse tipo de avaliação.
Você também realizará o teste de wingate. Este teste consiste em pedalar em esforço máximo em um
cicloergômetro durante 30 segundos com a carga correspondente a 7,5% do seu peso corporal.
Além dos testes supracitados, você realizará uma corrida de 10 km em uma pista de 1000m, simulando um evento
competitivo. Nesta sessão será mensurada sua freqüência cardíaca e percepção subjetiva de esforço. Durante toda a prova,
será oferecida água à vontade e a sua velocidade será registrada através de um GPS para análise da estratégia de prova
adotada.
Caso você faça parte do grupo experimental, irá participar de um treinamento de força que consistirá no protocolo
com quatro exercícios: meio agachamento no aparelho Smith, leg press, flexão plantar e extensão de joelhos. Este
treinamento terá duração de oito semanas, com frequência de duas vezes por semana.
Todos os testes serão acompanhados por, no mínimo, dois pesquisadores com experiência prévia nos
procedimentos realizados.
Em vista dos procedimentos aplicados, provavelmente existem poucos riscos e desconfortos. Dentre os possíveis
desconfortos estão os relacionados ao teste progressivo até a exaustão voluntária e o teste de tempo limite, como náu seas,
vômitos e enjôos. Entretanto, menos de 1% da população americana apresenta desconforto extremo durante este tipo de teste
(American College of Sports Medicine). Além disso, esse tipo de teste é rotineiro em laboratórios de avaliação física, com
poucos casos de desconforto excessivo por parte dos pacientes.
Ao final dos testes e das análises, você terá total acesso aos seus dados. Com os testes realizados, poderão ser
fornecidos valores de VO2max, frequência cardíaca máxima, composição corporal, força máxima de membros inferiores e
valores de VO2 submáximo (na intensidade do teste de carga constante), além do resultado da sua prova de 10km.
Você poderá utilizar essas variáveis, por exemplo, em programas de treinamento.

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA:


1. Acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa,
inclusive para dirimir eventuais dúvidas;
2. Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do estudo, sem que isto traga
prejuízo à continuidade da assistência;
3. Salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade; e
4. Disponibilidade de assistência no HU ou HCFMUSP, por eventuais danos à saúde, decorrentes da pesquisa.
V - INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS RESPONSÁVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E
REAÇÕES ADVERSAS.
Rômulo Cássio de Moraes Bertuzzi
Av. Professor Mello Moraes, 65
Telefone: (11) 2985-6185
Mayara Vieira Damasceno
Endereço: Av. Professor Mello Moraes, 65
Telefone: (11) 98583-8674

VI. - OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO


Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em
participar do presente Projeto de Pesquisa.

São Paulo, _____/_____/_____

assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador


ou responsável legal (carimbo ou nome legível)

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