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29/08/2014
No último dia 6 de agosto, o anúncio da Polícia Militar de Minas Gerais de que iria
cumprir a ordem de despejo das ocupações da região do Isidoro - Esperança,
Vitória e Rosa Leão - apresentou ao país a complexa questão do uso e da
destinação deste território, que envolve aspectos sociais, econômicos, políticos,
jurídicos, ambientais e fundiários. No meio de um emaranhado de interesses,
ambições e de empreendimentos imobiliários tão milionários quanto nebulosos,
está uma população de trabalhadores pobres, estimada em 8 mil famílias, e uma
comunidade remanescente quilombola. Ambas lutam pelo reconhecimento do
direito à moradia e à terra.
Planos milionários
Batalha jurídica
Em julho de 2014, o Ministério Público propõe uma Ação Civil Pública apontando
irregularidades e nulidades nas ações de reintegração de posse. Entre as
irregularidades está a ausência de um cadastro das famílias. Em audiência pública
realizada na Assembléia Legislativa de Minas Gerais - ALMG, a promotora Claudia
Spranger, que está na promotoria há 25 anos, afirmou que poucas vezes viu tantos
equívocos processuais. Ainda assim, a juíza Luzia Divina manteve o despejo, o que
leva o Ministério Público, em agosto, a entrar com ação afirmando que a juíza é
parcialmente suspeita para julgar a reintegração de posse. Luiza Divina rejeita a
ação, ainda assim o processo avança.
Uma outra pauta que atesta abuso e violação de direitos é o fato de que no dia 12
de agosto, às 11h da manhã, foi alterado o itinerário das linhas de ônibus 607 e
5534, sentido Zilah Espósito, para que não chegassem às ocupações da região do
Isidoro. Conforme o comunicado, afixado no ponto final das linhas, essa mudança
ocorreu devido à operação policial de despejo que poderia acontecer a qualquer
momento.
Tal ação é, primeiramente ilegal e fruto de uma ação coercitiva da PM, um
atentado ao direito de ir e vir das pessoas, especialmente das(os) moradoras(es),
trabalhadoras(es) e estudantes das ocupações Rosa Leão, Vitória e Esperança.
Diálogo negado
#ResisteIsidoro
Uma rede de colaboração foi criada nas redes sociais para viabilizar a
comunicação, transmitir os informes e notícias, bem como as convocatórias para a
ação prática. Nessa rede, as demandas das ocupações são comunicadas para que
os apoiadores possam se organizar para prestar ações concretas de solidariedade.
Grupos de Trabalho foram criados para facilitar a organização dos apoiadores,
dividindo-se basicamente em seis eixos que contemplam as necessidades das
ações de resistência: GT Comunicação; GT Doações/transporte/logística; GT
Criança e adolescente; GT Programação Cultural; GT Técnica; GT Mobilização
direta (vizinhança, comunidade).