Recomendadas
Coordenação Modular
Caderno 1 – Habitação de interesse Social
EquipE
Sérgio R. Leusin
de Amorim, Supervisor
Silke Kapp, Colaboradora
Christine Fontenele
Eksterman, Autora
Ramon Miranda
Chaves, Estagiário
MiNuTA30/12/2010
xxxxx AMORIM, Sergio R. Leusin de.
Manual de Práticas Recomendadas - Coordenação Modular:
Caderno 1 - Projeto em Habitação de Interesse Social – HIS/
Sergio Roberto Leusin de Amorim; Silke Kapp; Christine Fon- Equipe:
tenele Eksterman – Rio de Janeiro, 2010.
51p. Sérgio R. Leusin de Amorim, Supervisor
Silke Kapp, Colaboradora
Christine Fontenele Eksterman, Autora
1. Coordenação Modular. 2. Habitação de Interesse Ramon Miranda Chaves, Estagiário
Social. 3. Projeto. 4. Construção.
I. Título.
Editora
CDU - xxxxx
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
3
Apresentação
O Manual de Práticas Recomendadas de Coordenação
Modular Aplicada ao Projeto em Habitação de Interesse Social
é uma iniciativa do MDIC – Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior para a difusão da norma NBR
15.873/2010-Coordenação Modular, parte do esforço de mo-
Nota dos Autores
dernização da construção no Brasil, em conjunto com o Minis-
tério das Cidades e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Para o desenvolvimento deste texto e das
Industrial. soluções que o exemplificam foram consulta-
Este caderno faz parte de um conjunto de cinco Manuais de dos especialistas e bibliografia especializada.
Práticas Recomendadas de Coordenação Modular, cobrindo Entretanto, por se tratar de tema novo no mer-
os seguintes temas: Habitação de Interesse Social, Vedações cado nacional, ainda sem oferta de uma ampla
Verticais, Revestimentos, Coberturas e Esquadrias. O objetivo gama de produtos conformes, sua aplicação
principal dos cadernos é habilitar e incentivar os fornecedo-
em casos reais certamente vai resultar em um
res, profissionais e construtores a trabalhar com a Coordena-
aprimoramento das propostas aqui apresenta-
ção Modular de maneira corrente.
das. Por isto os autores pedem a colaboração
A coordenação modular é parte fundamental do proces-
de todos os interessados no sentido de apon-
so de desenvolvimento da interoperabilidade técnica e da
tarem possíveis incorreções ou sugestões de
construção industrializada aberta no país, sendo estratégica e
essencial para que se criem as condições necessárias para que melhorias, através do endereço eletrônico:
sejam alcançados os níveis de produtividade necessários para contato@construirdesenvolvimento.com.br.
a sustentabilidade do crescimento econômico do setor.
4 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
Resumo
Este CADERNO apresenta as práticas a serem observadas na
produção de habitações de interesse social que atendam aos prin-
cípios da coordenação modular. Ele compõe-se da apresentação
da norma de coordenação modular e seus princípios, o estudo de
sua aplicação nas fases de projeto; o estudo das medidas prefe-
renciais de compartimentos, a interação dos compartimentos com
os outros componentes construtivos, e as diferentes adaptações
de projeto de acordo com os métodos construtivos escolhidos.
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5
SUMÁRIO
Apresentação..........................................................................................................................................................3
Resumo ...................................................................................................................................................................4
Introdução ..............................................................................................................................................................6
Introdução
Este Manual faz parte do projeto de difusão da norma 15.873-2010 – Coordenação Modular, desenvolvido em Convênio
firmado com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Fundação Euclides da Cunha da Univer-
sidade Federal Fluminense (FEC-UFF), que tem como principal objetivo a efetiva implantação da Coordenação Modular na
Construção Civil brasileira.
Neste Caderno de Habitação de Interesse Social, o foco principal está nas práticas de projeto e nas adaptações a
serem observadas no projeto e produção de habitações de interesse social coordenadas modularmente. Busca-se a
redução de custos e de perdas de materiais e de homens-hora aplicados, assim como uma maior agilidade de proces-
sos e de produção. O vocabulário da coordenação modular e seus princípios são apresentados de forma ilustrada e são
demonstradas as formas de adaptação caso a caso.
Os tamanhos usuais da unidade da malha deverão ser Um dos princípios que objetivamente difere a coordena-
escolhidos de acordo com o método construtivo selecionado, ção modular da simples coordenação dimensional é o que
buscando-se facilitar a aplicação dos componentes escolhi- considera, no interior da medida modular ou medida de
dos e também de maneira que a modulação fique facilmente coordenação de cada componente construtivo, os valores ad-
legível em planta e em corte, para que o desenho não fique mitidos de fabricação e construção para tolerâncias, ajustes,
excessivamente carregado. Por exemplo, é comum que se folgas e instalação. Desta forma, o desenho é mais simples,
escolham malhas baseadas em 2Mx2M ou de 2Mx4M ou de e a compreensão é facilitada, pois os detalhes executivos de
4Mx4M para blocos estruturais de cimento (Figura 3). medidas já estão contidos no desenho modular (Figura 4).
Figura 3 - Tamanhos variados de malha - Duas opções para blocos estruturais Figura 4 - Desenho em planta de esquadria modular mostrando os ajus-
tes de coordenação (fonte: adaptado de Lucini)
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1) Em 2006, a Financiadora de Estudos e Projetos (FI- plano de difusão estão incluídos nas ações prioritárias deste
NEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou um Acordo de Cooperação.
edital de projetos de pesquisa (CHAMADA PÚBLICA MCT/ Em julho de 2009, em função deste acordo foi reaberta a “Co-
FINEP/FNDCT/CAIXA - HABITARE - 01/2006) que incluiu, missão de Coordenação Modular para Edificações” na ABNT,
entre as linhas propostas, o desenvolvimento da Coordenação com da Rede Finep, do MDIC, da UFF, além de participantes
Modular para a produção habitacional. Projetos de oito insti- dos mais diversos segmentos da cadeia produtiva da construção
tuições de pesquisa (UFAL, UFC, UFMG, UFPB, UFPR, UFR- civil. A nova norma-diretriz de Coordenação Modular, elaborada
GS, UFSC, USP) foram aprovados nessa linha, formando-se, por este grupo, entrou em vigência em 01 de outubro de 2010, em
assim, uma Rede Colaborativa de pesquisa, que examinou as substituição às normas anteriores . Esta nova norma se constitui
normas vigentes de Coordenação Modular, bem como identi- na base para a difusão nacional destes conceitos e para a elabo-
ficou os principais obstáculos à sua implantação. ração de normas complementares, ou ajustes em outras normas
2) Em 2008, a União, por intermédio do Ministério do existentes, quando pertinentes.
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o
Ministério das Cidades (MCidades), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
3. A NORMA 15.873/2010
(ABDI), celebraram um Acordo de Cooperação Técnica com COORDENAÇÃO MODuLAR
a Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a
Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Univer- A nova norma de coordenação modular teve sua funda-
sidade Federal Fluminense (FEC) para a promoção, o fortaleci- mentação nos princípios da Coordenação Modular interna-
mento e a realização de atividades que contribuam para a me- cionalmente acordados, praticados e formalizados em normas
lhoria do ambiente de negócios, o desenvolvimento industrial, técnicas de diversos países, resumidos em três normas ISO:
tecnológico, para a elevação do patamar competitivo da cadeia
produtiva da construção civil, através de ações alinhadas com 2
Os serviços da etapa de desenvolvimento de texto base estiveram a cargo do Grupo
os objetivos e metas estabelecidos na Política de Desenvolvi- MOM, sob coordenação de Silke Kapp, que integra a supramencionada Rede Colabora-
tiva de Pesquisa. A partir do conhecimento assim adquirido, auxiliou também a articu-
mento Produtivo – PDP e com estratégias e ações do Fórum lação entre a Rede e as ações do MDIC e da UFF, no âmbito do Acordo de Cooperação
de Competitividade da Cadeia Produtiva da Construção Civil, Técnica, para a revisão das normas brasileiras concernentes ao tema.
de modo especial com foco na redução do déficit habitacio- 3
Normas ABNT NBR5706:1977, 5707:1982, 5708:1982, 5709:1982, 5710:1982,
nal e na modernização da Construção no país. A revisão das 5711:1982, 5713:1982,5714:1982, 5715:1982, 5716:1982, 5717:1982, 5718:1982, 5719:1982,
5720:1982,5721:1982, 5722:1982, 5723:1982, 5724:1982, 5725:1982, 5726:1982,
normas de Coordenação Modular e o desenvolvimento de um 5727:1982,5728:1982, 5729:1982, 5730:1982 e 5731:1982.
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• A simplificação da coordenação dimensional nos projetos Então as medidas de coordenação do componente devem
das edificações (atualmente elaborada caso a caso); ser calculadas de acordo com a fórmula acima, onde Mc é
o resultado da medida nominal de fabricação somada aos
• A simplificação da marcação do canteiro de obras para posi-
ajustes de coordenação (folgas, tolerâncias, etc.). Note-se
cionamento e montagem de componentes construtivos;
que estes ajustes podem variar tanto em função do processo
• A redução de cortes e ajustes de componentes e elementos produtivo do componente como do processo construtivo,
construtivos; sendo necessário prever estas combinações.
• O aumento da intercambialidade de componentes tanto na As medidas do espaço de coordenação, quando múltiplas
construção inicial quanto em reformas e melhorias ao longo da do módulo básico de 100mm (M), são denominadas medidas
vida útil da edificação. modulares.
• A ampliação da cooperação entre os diversos agentes da • 3. Definição das medidas de fabricação, ou medida no-
cadeia produtiva da construção. minal, princípio que é derivado do anterior, onde se compre-
ende que o objeto final fabricado é calculado em função da
medida modular que ele deve ter. Ou seja, é determinado,
3.1 princípios da Coordenação Modular inicialmente, o espaço de coordenação do objeto, para que
A norma de coordenação modular norteia-se por 6 princípios. depois deste sejam subtraídos os ajustes e se obtenha a me-
São eles: dida nominal esperada de fabricação (Figura 4).
• 1. O valor do módulo básico M = 100mm
Mc = Mn - Ac
• 2. A definição do espaço de coordenação, que inclui além
Onde
do componente, suas folgas e tolerâncias, além do processo
Mc é a medida de coordenação do elemento ou componente,
de instalação. A estas folgas perimetrais chamam-se ajustes de determinada primeiro;
coordenação. Mn é a medida nominal;
Ac é o ajuste de coordenação
Mc = Mn + Ac
Onde Quadro 2 - Definição da medida nominal de fabricação
Mc é a medida de coordenação do elemento ou componente;
Mn é a medida nominal; Desta forma, definindo a medida modular e depois sub-
Ac é o ajuste de coordenação traindo os ajustes, têm-se a garantia da compatibilidade entre
os diferentes componentes e elementos construtivos a serem
quadro 1 - Medida de Coordenação (fonte: NBR 15.873/2010)
utilizados na coordenação modular.
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Os diferentes tipos de medida dos componentes cons- são, e seus respectivos conceitos estão apresentados no
trutivos são um ponto-chave da Coordenação Modular Quadro 3.
• 4. INCREMENTOS SUBMODULARES
Deve-se notar que os incrementos submodulares não po-
Nem todos os componentes podem ou necessitam apre- dem ser usados como medidas modulares ou medidas de ma-
sentar medidas sempre múltiplas do módulo. Pode haver lhas de referencia; nem como distâncias de planos modulares
também a necessidade de se utilizar incrementos submodu- de um mesmo sistema de referência, tampouco como medidas
lares. Eles têm como valores normalizados M/2 (50mm), M/4 de coordenação de quaisquer componentes.
(25mm) e M/5(20mm).
De acordo com a norma este recurso dimensional só pode
ser utilizado em alguns casos, basicamente para ajustar a me- • 5. POSICIONAMENTO DE ELEMENTOS E
dida de coordenação de componentes construtivos com medi- COMpONENTES MODuLARES
das menores ou maiores que 1M que precisem de incrementos Cada elemento ou componente modular, ao ser colocado na
menores que 1M. Por exemplo, paredes de alvenaria estrutu- malha modular de referência, passa a ocupar um espaço modu-
ral com espessura nominal de 15cm (Figura 7). lar, definido pelos planos modulares que o limitam. (Figura 8)
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O posicionamento preferencial de elementos e componen-
tes, atualmente , é o alinhado com a malha (Figura 9). Isto
permite uma legibilidade melhor da coordenação dos outros
componentes.6
A interseção dos planos de referência modulares pode também A solução vertical pode ser amodular na altura da laje – ou
dar lugar a espaços ou planos amodulares. Esses espaços serão seja, ter uma altura não múltipla de M, o que resulta em inter-
essenciais no projeto e na construção para priorizar elementos e rupções de planos amodulares (ver Figura 11 e Figura 12).
componentes a serem coordenados modularmente – nem sem-
pre todos os elementos serão passíveis de coordenação modular,
então poderá acontecer uma seleção ou priorização do que será
coordenado, de acordo com requisitos de projeto.
Exemplos: O terreno pode ser irregular, e por exigência de
projeto, alguns encontros perpendiculares da malhas podem
resultar em espaços amodulares (Figura 10).
logias normatizadas regula a utilização destes vocabulários • Medida de coordenação: espaço de coordenação de
em catálogos técnicos e projetos, e serve como orientação um elemento ou componente, inclui folgas e ajustes, e Es-
específica para os profissionais da área e de áreas afins7. paço de instalação e se é igual ao módulo básico ou multi-
módulo, é chamada de Medida modular.
• Tolerância: ”Diferença admissível entre uma medida real e
Padronização ≠Coordenação Dimensional ≠Coordenação Modular
a medida nominal correspondente.” (NBR15.873/2010)
• Ajuste de coordenação: “Diferença entre uma medida
nominal e a medida de coordenação correspondente.” (NBR
• Padronização: significa simplesmente a compra ou 15.873/2010) É o ajuste de coordenação que assegura o
especificação de componentes ou materiais iguais; que é espaço para as deformações naturais , como as variações
diferente de... térmicas, as tolerâncias de fabricação e de instalação.
• Coordenação dimensional: relação de medidas de
elementos construtivos e das edificações; que não necessa-
riamente parte de um módulo básico de 100mm; mas a ...
3.3 Características de um componente
ou conjunto modular
• Coordenação modular: é a coordenação dimensional
Um componente construtivo modular é um produto for-
mediante o emprego do módulo básico ou de um multimó-
mado como uma unidade distinta, de geometria definida e
dulo (que é um múltiplo inteiro do módulo básico).
medidas especificadas nas três dimensões, isto é, um ob-
• Espaço de coordenação: Espaço necessário a um ele- jeto que, normalmente, é fabricado para ser instalado na
mento ou componente construtivo, incluídas folgas para edificação sem cortes ou ajustes. Para que um componente
deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união. construtivo possa ser utilizado em edificações coordenadas
• Medida real: Verificada no objeto fabricado ou cons- modularmente, basta que suas medidas de coordenação
truído. sejam iguais ao módulo básico de 100mm ou a um multi-
• Medida nominal: Esperada de um objeto, definida módulo. O componente é então denominado componente
preliminarmente pelo fabricante ou projetista. modular.
Exemplo: Os Blocos de Alvenaria Estrutural são compo-
nentes comuns utilizados na coordenação modular (Figura 16).
7
Estão, no momento, sendo revisadas as terminologias de outras áreas técnicas pela
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), como Esquadrias e Revestimentos.
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A FORMAÇÃO DE MuLTiMÓDuLOS
Um componente que em sua origem não é modular pode se
tornar modular através da formação de um multimódulo com
a combinação de um determinado número de componentes
que formem um módulo nM. Por exemplo, um cobogó, pode
Figura 18 - Exemplo de multimódulo gerado a partir de componente não-
formar multimódulos (Figura 17 e Figura 18). modular(fonte: ABNT NBR 15.873/2010)
22 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
As medidas nominais de um componente modular dificil- conveniências de consumidores e fabricante, pois as subdivi-
mente serão iguais ao módulo básico ou a um multimódulo, sões internas do componente não interferem na coordenação
uma vez que isso significaria ajustes de coordenação nulos, o modular da edificação. Assim, por exemplo, uma esquadria
que, por sua vez, pressupõe a total ausência de deformações, será modular em razão de suas medidas de coordenação (ex-
tolerâncias, folgas de montagem e materiais de união. ternas), não importando a paginação das folhas, o perfil utili-
zado, o tamanho dos vidros etc.
Figura 21 - Multimódulo
2.3 ANTEpROJETO:
Diretrizes de Coordenação:
Nesta fase, deve-se proceder ao seguinte:
•Priorização dos componentes a serem coordenados mo-
dularmente.
Em alguns casos, é impossível a coordenação modular de
Figura 25 - Marcação da Estrutura na malha modular- Estrutura indepen- todos os componentes do projeto. Para estes, existem solu-
dente (cotas acumuladas) – Malha de 4Mx4M ções previstas e estudadas de forma a atender satisfatoria-
28 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
mente as exigências técnicas e normativas. Esta priorização • Em um segundo caso, o mesmo conjunto se insere na
deve acontecer, sobretudo, nos casos de: modulação vertical através de planos modulares de referência
1. Compatibilização de planos de referência horizontais e intermediários ou de incrementos modulares específicos para
verticais de fachada, onde pode ocorrer o seguinte: este fim (Figura 28).
Figura 27 - Laje tratada como espaço amodular Figura 28 - Tratamento do Espaço de Laje como espaço Modular
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
29
2.3 Compatibilização de estrutura e ve- 3. MÉTODOS CONSTRuTiVOS
dações: As decisões sobre métodos construtivos podem ou não
Nesta fase do projeto, deve-se decidir sobre o posiciona- acompanhar o desenvolvimento inicial do projeto. Quando a
mento da malha em relação a estrutura e vedações. definição do método construtivo é uma decisão mais tardia,
há necessariamente um trabalho de adequação de projeto aos
• Definição das séries preferenciais de medidas a serem
requisitos da coordenação modular.
utilizadas para otimização dos espaços. (Ver tabela 57, com
quadro de mobiliário e exemplos de medidas mínimas) Os métodos construtivos mais comuns para utilização em
projetos de HIS são:
• Projeto básico das divisões internas de acordo com
pré-definição de método construtivo.
• Coordenação modular de planos verticais de acordo
Estrutura
com planos horizontais pré definidos (Detalhamento de • Blocos de Concreto Estrutural
fachadas e coordenação de planos de referência e planos • Estrutura independente de concreto (concreto armado)
amodulares verticais). • Estrutura metálica
• Painéis-paredes de concreto
Contudo, apesar de haver grande seleção de produtos de Na coordenação modular, compreender a interface dos
vários níveis de qualidade para o segmento HIS, não existe componentes significa saber como ajustar uns aos outros
hoje no mercado um grande número de produtos conformes para manter as medidas de projeto sem que se incorram em
com as diretrizes da Coordenação Modular. Embora isto difi- ajustes e cortes inesperados na obra.
culte o projeto veremos que isto não impede a sua aplicação.
Nos cadernos de Práticas Recomendadas de Esquadrias,
A compreensão do tipo de interface que cada componen- serão tratadas, por exemplo, as formas de interface das dife-
te pode ter com os outros é importante para que o resultado rentes esquadrias (portas, janelas), suas características, seus
final não se afaste do que foi inicialmente projetado. materiais (alumínio, madeira) com o material de construção
O Quadro 4 apresenta a lista de componentes cuja aplica- da vedação vertical onde estão instaladas.
ção está detalhada nos demais Cadernos desta Série.
4. SÉRiES pREFERENCiAiS
As séries preferenciais são séries matemáticas, inicialmen-
Tipo de componente Função na Peculiaridades te trabalhadas por suas propriedades. Dessas séries matemá-
edificação
ticas – baseadas em estudos teóricos - foram desenvolvidas
Blocos cerâmicos séries de medidas modulares que pudessem ser utilizadas
Estrutura e/ou Interface com
Blocos de concreto
vedação instalações para a combinação de componentes e elementos da cons-
Paineis de gesso trução de forma a facilitar a redução nas séries de medidas
modulares dos componentes destinados a preencher deter-
Telhas cerâmicas Interface com
subcoberturas e minado espaço modular. (BNH, 1978)
Telhas de fibrocimento Cobertura
estruturas de
Telhas de aço sustentação As séries podem abranger de submúltiplos do módulo a
múltiplos do módulo.
Esquadrias de aço
A ISO 1040/1983, define os multimódulos horizontais.
Esquadrias de alumínio Interface com
Abertura
vedações São eles: 3,6,12,30 e 60M. A partir destes multimódulos, a
Esquadrias de PVC
ISO 6513/1982, define as séries de dimensões preferenciais
Esquadrias de madeira
para medidas horizontais, pretendidas para o dimensiona-
Revestimentos
Acabamento
Interface com mento de componentes, grupos de componentes e espaços.
cerâmicos vedações
Estas séries são determinadas em função dos multimódu-
quadro 4 - Tipos de componentes utilizados em HiS e suas interfaces los 2M ou 3M (Tabela 1).
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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Multimódulos
3M 6M 12M 15M 30M 60M
3M
6M 6M
Tabela 1 - Séries de dimensões horizontais preferenciais multimodulares (fonte:iSO 6513/1982)
9M
12M 12M 12M
15M 15M
18M 18M
21M
24M 24M 24M
27M
Séries de Valores
5. MEDiDAS pREFERENCiAiS
DE COMpARTiMENTOS
O Estudo das Séries Preferenciais de Medidas toma Compartimentos:
como base o estudo realizado pelo BNH em 1978. Contu- A partir das medidas usuais de compartimentos utiliza-
do, levando-se em conta a necessidade de atualização de das em composições de habitações de interesse social, foi
parâmetros para o que é considerado usual para a habi- composto um quadro com séries preferenciais de medidas
tação de interesse social atualmente, optamos por con- para os compartimentos e componentes a serem utiliza-
siderar a casa de dois quartos com sala e cozinha, área dos em propostas de HIS coordenadas modularmente. Foi
de serviço e um banheiro, para uma família média de 5 computado o mobiliário usual utilizado em cada caso, a
pessoas,considerando, então um quarto de casal e um de partir do número de habitantes/quartos em cada unidade
solteiro com mais de uma pessoa. Foi considerada a opção residencial. (Ver Quadro de Mobiliário ao final do capítulo).
do quarto de solteiro com uma pessoa, como uma alterna-
tiva para o caso de famílias pequenas , em geral com ido-
sos ou jovens.
! iMpORTANTE:
Figura 31 - Layout Mínimo de Cozinha - Exemplo - 16Mx26M Figura 32 - Layout Mínimo Cozinha - 20Mx22M
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5.3 Banheiro:
5.3 Banheiro:
Figura 35 - Layout mínimo banheiro 2 - 16Mx18M Figura 36 - Layout mínimo banheiro 3 - 16Mx16M
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5.4 quarto 1- casal:
O mobiliário utilizado para o quarto de casal foi uma cama
de casal tamanho padrão, mínimo de uma mesa de cabeceira
e um armário e, quando possível, uma mesa de estudos.
Figura 37 – Layout Mínimo quarto de Casal 1 - 32M x 30M Figura 38 - Layout Mínimo quarto de Casal 2 - 32M x 28M
38 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
Figura 41 - Layout mínimo quarto de solteiro 2 - 2 camas - 26Mx40M Figura 42 - Layout mínimo quarto de solteiro 3 - 2 camas - 30Mx32M
40 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
Figura 43 - Layout mínimo para quarto de solteiro individual - 24Mx30M Figura 44 - Layout mínimo para quarto de solteiro individual - 24Mx28M
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5.7 Serviço 5.8 Estudo de Compartimentos compatíveis
Para a área de serviço, foi considerado um tanque e uma com a norma de acessibilidade (NBR 9050/2004)
máquina de lavar roupas. Ambos possuem instalação de A norma de acessibilidade estabelece que as áreas comuns de
água e esgoto, sendo que a instalação da máquina pode ser conjuntos habitacionais e edificações multifamiliares de interesse
compartilhada com o primeiro. Foram consideradas largura e social devem obrigatoriamente ser acessíveis – e que as unidades
comprimento de 14M, para área fechada por cobogós. (Estas autônomas acessíveis devem ser em rotas de fuga também aces-
são inferiores à maioria dos Códigos de Obras Municipais). síveis. A lei estabelece o percentual das unidades autônomas que
deve ser projetado de acordo com a norma de acessibilidade.
A NBR 9050 define como módulo de referência9 para o espa-
ço ocupado por uma pessoa em cadeira de rodas, as seguintes
dimensões (figura 45):
Não confundir este módulo de referência com o módulo básico M=100mm da co-
9
O vão livre da porta deve ter 80cm. Para garantir este vão, da acessibilidade, como a mesa de jantar na sala, a mesa de
o ideal é que se estabeleça, em projeto, o vão de coordenação refeição na cozinha, o box e o lavatório no banheiro.
de 90cm (figura 48). A seguir são apresentados os compartimentos com as adap-
Para o projeto de unidades autônomas acessíveis, é ne- tações dimensionais para torná-los acessíveis.
cessário considerar os parâmetros da NBR 9050/2004. Desta
forma, alguns itens de mobiliário constantes da tabela 55 COZiNHA
como “dimensões usuais”, tiveram de ser alterados em função
SALA DE ESTAR/JANTAR
Figura 48 - Layout mínimo para sala de Estar/Jantar acessível - 34Mx54M Figura 49 - Layout Mínimo para Cozinha acessível - 30Mx32M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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Figura 50 - Layout Mínimo para quarto de casal acessível - 32Mx40M Figura 51 - Layout mínimo para quarto de solteiro duplo - 34Mx40M
44 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
quadro 5 - Mobiliário
48 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
8M 12M 16M 18M 20M 22M 24M 26M 28M 30M 32M 40M 44M
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Deve-se sempre consultar a Legislação local (Códigos de Obras municipais) a res-
peito de medidas mínimas de compartimentos.
50 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
Referências:
ABNT, NBR 15.873/2010 – Coordenação Modular
ABNT, NBR 13531/1995 – Elaboração de Projetos de Edifi-
cações – Atividades Técnicas.
ABNT, NBR 14.718/2001 – Guarda-corpos para edificação.
ABNT, NBR 9050/2004 – Acessibilidade a edificações, mobi-
liário, espaços e equipamentos urbanos.
BNH/IDEG, Coordenação Modular da Construção. Edição
da Secretaria de Divulgação, BNH, 1978.
LUCINI, Hugo Camilo, Manual Técnico de Modulação de
Vãos de Esquadrias.Editora PINI, São Paulo, 2001.
GREVEN, Hélio Adão, BALDAUF, Alexandra Staudt Foll-
mann , Introdução à Coordenação Modular da Construção
no Brasil – Uma abordagem atualizada. (Coleção Habitare/FI-
NEP, nº9) ANTAC, Porto Alegre, 2007. Disponível em: http://
www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/colecao10/
primeiras.pdf
Consultado em: 15/09/2010
ISO 6513 – Building Construction – Modular Coordination
– Series of Preferred Multimodular sizes for horizontal dimen-
sions. International Organization for Standardization, 1982.
ISO 1040 – Building Construction – Modular Coordina-
tion –Multimodules for horizontal coordination dimensions.
International Organization for Standardization, 1983 (2nd
Edition).
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