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Manual de práticas

Recomendadas
Coordenação Modular
Caderno 1 – Habitação de interesse Social

EquipE
Sérgio R. Leusin
de Amorim, Supervisor
Silke Kapp, Colaboradora
Christine Fontenele
Eksterman, Autora
Ramon Miranda
Chaves, Estagiário

MiNuTA30/12/2010
xxxxx AMORIM, Sergio R. Leusin de.
Manual de Práticas Recomendadas - Coordenação Modular:
Caderno 1 - Projeto em Habitação de Interesse Social – HIS/
Sergio Roberto Leusin de Amorim; Silke Kapp; Christine Fon- Equipe:
tenele Eksterman – Rio de Janeiro, 2010.
51p. Sérgio R. Leusin de Amorim, Supervisor
Silke Kapp, Colaboradora
Christine Fontenele Eksterman, Autora
1. Coordenação Modular. 2. Habitação de Interesse Ramon Miranda Chaves, Estagiário
Social. 3. Projeto. 4. Construção.
I. Título.
Editora
CDU - xxxxx
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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Apresentação
O Manual de Práticas Recomendadas de Coordenação
Modular Aplicada ao Projeto em Habitação de Interesse Social
é uma iniciativa do MDIC – Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior para a difusão da norma NBR
15.873/2010-Coordenação Modular, parte do esforço de mo-
Nota dos Autores
dernização da construção no Brasil, em conjunto com o Minis-
tério das Cidades e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Para o desenvolvimento deste texto e das
Industrial. soluções que o exemplificam foram consulta-
Este caderno faz parte de um conjunto de cinco Manuais de dos especialistas e bibliografia especializada.
Práticas Recomendadas de Coordenação Modular, cobrindo Entretanto, por se tratar de tema novo no mer-
os seguintes temas: Habitação de Interesse Social, Vedações cado nacional, ainda sem oferta de uma ampla
Verticais, Revestimentos, Coberturas e Esquadrias. O objetivo gama de produtos conformes, sua aplicação
principal dos cadernos é habilitar e incentivar os fornecedo-
em casos reais certamente vai resultar em um
res, profissionais e construtores a trabalhar com a Coordena-
aprimoramento das propostas aqui apresenta-
ção Modular de maneira corrente.
das. Por isto os autores pedem a colaboração
A coordenação modular é parte fundamental do proces-
de todos os interessados no sentido de apon-
so de desenvolvimento da interoperabilidade técnica e da
tarem possíveis incorreções ou sugestões de
construção industrializada aberta no país, sendo estratégica e
essencial para que se criem as condições necessárias para que melhorias, através do endereço eletrônico:
sejam alcançados os níveis de produtividade necessários para contato@construirdesenvolvimento.com.br.
a sustentabilidade do crescimento econômico do setor.
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Resumo
Este CADERNO apresenta as práticas a serem observadas na
produção de habitações de interesse social que atendam aos prin-
cípios da coordenação modular. Ele compõe-se da apresentação
da norma de coordenação modular e seus princípios, o estudo de
sua aplicação nas fases de projeto; o estudo das medidas prefe-
renciais de compartimentos, a interação dos compartimentos com
os outros componentes construtivos, e as diferentes adaptações
de projeto de acordo com os métodos construtivos escolhidos.
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SUMÁRIO

Apresentação..........................................................................................................................................................3
Resumo ...................................................................................................................................................................4
Introdução ..............................................................................................................................................................6

1ª PARTE – A COORDENAÇÃO MODULAR ...............................................................................................7


1. O que é a Coordenação Modular ....................................................................................................................7
2. Histórico .............................................................................................................................................................9
3. A Norma 15873/2010 – Coordenação Modular ...........................................................................................10
3.1 Princípios da Coordenação Modular..........................................................................................................12
3.2 Vocabulário Básico ........................................................................................................................................19
3.3 Características de um componente ou conjunto modular.......................................................................20

2ª PARTE – A APLICAÇÃO DA COORDENAÇÃO MODULAR EM PROJETOS DE HABITAÇÃO


DE INTERESSE SOCIAL ..................................................................................................................................24
1. A aplicação em projeto e construção de interesse social ...........................................................................24
2. Fases de Projeto ...............................................................................................................................................24
2.1 Estudo de Viabilidade...................................................................................................................................25
2.2 Estudo Preliminar..........................................................................................................................................25
2.3 Anteprojeto .....................................................................................................................................................27
2.4 Projeto Executivo ...........................................................................................................................................29
3. Métodos Construtivos ....................................................................................................................................29
4. Séries Preferenciais ..........................................................................................................................................30
5. Medidas Preferenciais de Compartimentos ................................................................................................32
Referências ............................................................................................................................................................50
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Introdução
Este Manual faz parte do projeto de difusão da norma 15.873-2010 – Coordenação Modular, desenvolvido em Convênio
firmado com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e a Fundação Euclides da Cunha da Univer-
sidade Federal Fluminense (FEC-UFF), que tem como principal objetivo a efetiva implantação da Coordenação Modular na
Construção Civil brasileira.
Neste Caderno de Habitação de Interesse Social, o foco principal está nas práticas de projeto e nas adaptações a
serem observadas no projeto e produção de habitações de interesse social coordenadas modularmente. Busca-se a
redução de custos e de perdas de materiais e de homens-hora aplicados, assim como uma maior agilidade de proces-
sos e de produção. O vocabulário da coordenação modular e seus princípios são apresentados de forma ilustrada e são
demonstradas as formas de adaptação caso a caso.

O Manual é dividido em duas partes:


1. A apresentação da Coordenação Modular e seus princípios;
2. A Coordenação Modular Aplicada à Habitação de Interesse Social.
A primeira parte introduz o conceito de Coordenação Modular, seu histórico normativo e seus princípios, assim
como o vocabulário básico ilustrado da nova norma NBR 15.873/2010.
A segunda parte e apresenta as principais práticas dirigidas aos interessados em desenvolver projetos de Habitação
de Interesse Social coordenados modularmente.
São tratados caso a caso os principais equívocos com relação à Coordenação Modular.
A Coordenação Modular vem sendo tratada, desde o seu início, de forma fragmentada, com o foco nos componentes
e elementos e não na construção como um todo. A proposta deste caderno é auxiliar a concepção de edificações basea-
das na coordenação modular desde o início do empreendimento, otimizando assim as etapas de projeto.
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1ª PARTE – A COORDENAÇÃO MODULAR

1. O quE É A COORDENAÇÃO MODuLAR


A coordenação modular é um instrumento de compati-
bilização de medidas para projeto e construção baseado no
módulo único M de valor igual a 100mm.
Esse espaço, denominado espaço de coordenação, inclui
o elemento ou componente propriamente dito e as folgas
perimetrais requeridas em razão de suas deformações (me-
cânicas, térmicas ou por umidade), suas tolerâncias (de fa- Figura 1 - planos de Referência tridimensionais
bricação, marcação e montagem), seu processo de instalação
e seus materiais de união com componentes ou elementos
vizinhos. Tais folgas perimetrais são denominadas ajustes de
coordenação.
A caracterização do módulo básico pressupõe a criação de
planos de referência tridimensionais (Figura 1) cujos valores
modulares repetirão o valor do módulo básico ou, a partir da
escolha do método construtivo, valores múltiplos do módulo
básico (2M, 3M, 4M).
Esses planos de referência são rebatidos em malhas (grids)
de referência que em geral são baseadas em múltiplos do
módulo básico, para melhor atender as necessidades especí-
ficas de produto. O tamanhos mais usuais para estas malha
são, 2M, 3M e 4M (Figura 2)

Figura 2 - Tamanhos usuais de Malha - 1M, 2M e 4M


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Os tamanhos usuais da unidade da malha deverão ser Um dos princípios que objetivamente difere a coordena-
escolhidos de acordo com o método construtivo selecionado, ção modular da simples coordenação dimensional é o que
buscando-se facilitar a aplicação dos componentes escolhi- considera, no interior da medida modular ou medida de
dos e também de maneira que a modulação fique facilmente coordenação de cada componente construtivo, os valores ad-
legível em planta e em corte, para que o desenho não fique mitidos de fabricação e construção para tolerâncias, ajustes,
excessivamente carregado. Por exemplo, é comum que se folgas e instalação. Desta forma, o desenho é mais simples,
escolham malhas baseadas em 2Mx2M ou de 2Mx4M ou de e a compreensão é facilitada, pois os detalhes executivos de
4Mx4M para blocos estruturais de cimento (Figura 3). medidas já estão contidos no desenho modular (Figura 4).

Figura 3 - Tamanhos variados de malha - Duas opções para blocos estruturais Figura 4 - Desenho em planta de esquadria modular mostrando os ajus-
tes de coordenação (fonte: adaptado de Lucini)
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Por exemplo, no desenho executivo do encontro de um 2. HiSTÓRiCO


vão de janela com a esquadria, no caso de um desenho téc-
nico, há necessidade de diversas informações referentes à
execução da tarefa: espessura de massa, indicação de folga e Embora a Coordenação Modular tenha sido difundida
juntas de dilatação do material. No caso do projeto confor- internacionalmente a partir da década de 1940, o Brasil foi
um dos primeiros países a normalizá-la, com a NB-25R, já em
me a coordenação modular, mesmo no desenho executivo a
1950 1.
representação é mais “limpa”, pois o conceito de espaço de
As primeiras normas da International Organization for Stan-
coordenação já pressupõe as folgas tanto do vão quanto da
dardization (ISO) datam somente da década de 1970.
esquadria modular (Figura 5).
Houve um esforço significativo para a normalização deta-
Trata-se da mesma esquadria da figura 4, mas os ajustes de
lhada e para a adoção desse instrumento nas décadas de 1960
coordenação já estão “embutidos”, ou implícitos no sistema.
e 1970, sobretudo com o Banco Nacional da Habitação (BNH).
Porém, as quase 30 normas de Coordenação Modular da As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas não chegaram a uma
implantação efetiva, em razão das características dos proces-
sos construtivos convencionalmente utilizados no país e da
pouca expressão internacional do setor.
Com as mudanças dos processos de trabalho na construção
civil brasileira, ocorridas desde a década de 1980 e mais mar-
cadamente na década de 1990, tornou-se evidente a necessida-
de de uma retomada da Coordenação Modular, com o objeti-
vo de melhorar a produtividade dos processos construtivos,
a versatilidade de componentes construtivos e a comunicação
entre os agentes do setor (fabricantes, construtores, projetis-
tas, usuários, poder público). Nesse sentido, destacamos duas
iniciativas recentes:

Figura 5 - Desenho simplificado pelo uso da Coordenação Modular 1


Greven, 2007.
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1) Em 2006, a Financiadora de Estudos e Projetos (FI- plano de difusão estão incluídos nas ações prioritárias deste
NEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançou um Acordo de Cooperação.
edital de projetos de pesquisa (CHAMADA PÚBLICA MCT/ Em julho de 2009, em função deste acordo foi reaberta a “Co-
FINEP/FNDCT/CAIXA - HABITARE - 01/2006) que incluiu, missão de Coordenação Modular para Edificações” na ABNT,
entre as linhas propostas, o desenvolvimento da Coordenação com da Rede Finep, do MDIC, da UFF, além de participantes
Modular para a produção habitacional. Projetos de oito insti- dos mais diversos segmentos da cadeia produtiva da construção
tuições de pesquisa (UFAL, UFC, UFMG, UFPB, UFPR, UFR- civil. A nova norma-diretriz de Coordenação Modular, elaborada
GS, UFSC, USP) foram aprovados nessa linha, formando-se, por este grupo, entrou em vigência em 01 de outubro de 2010, em
assim, uma Rede Colaborativa de pesquisa, que examinou as substituição às normas anteriores . Esta nova norma se constitui
normas vigentes de Coordenação Modular, bem como identi- na base para a difusão nacional destes conceitos e para a elabo-
ficou os principais obstáculos à sua implantação. ração de normas complementares, ou ajustes em outras normas
2) Em 2008, a União, por intermédio do Ministério do existentes, quando pertinentes.
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o
Ministério das Cidades (MCidades), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
3. A NORMA 15.873/2010
(ABDI), celebraram um Acordo de Cooperação Técnica com COORDENAÇÃO MODuLAR
a Federação da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a
Fundação Euclides da Cunha de Apoio Institucional à Univer- A nova norma de coordenação modular teve sua funda-
sidade Federal Fluminense (FEC) para a promoção, o fortaleci- mentação nos princípios da Coordenação Modular interna-
mento e a realização de atividades que contribuam para a me- cionalmente acordados, praticados e formalizados em normas
lhoria do ambiente de negócios, o desenvolvimento industrial, técnicas de diversos países, resumidos em três normas ISO:
tecnológico, para a elevação do patamar competitivo da cadeia
produtiva da construção civil, através de ações alinhadas com 2
Os serviços da etapa de desenvolvimento de texto base estiveram a cargo do Grupo
os objetivos e metas estabelecidos na Política de Desenvolvi- MOM, sob coordenação de Silke Kapp, que integra a supramencionada Rede Colabora-
tiva de Pesquisa. A partir do conhecimento assim adquirido, auxiliou também a articu-
mento Produtivo – PDP e com estratégias e ações do Fórum lação entre a Rede e as ações do MDIC e da UFF, no âmbito do Acordo de Cooperação
de Competitividade da Cadeia Produtiva da Construção Civil, Técnica, para a revisão das normas brasileiras concernentes ao tema.
de modo especial com foco na redução do déficit habitacio- 3
Normas ABNT NBR5706:1977, 5707:1982, 5708:1982, 5709:1982, 5710:1982,
nal e na modernização da Construção no país. A revisão das 5711:1982, 5713:1982,5714:1982, 5715:1982, 5716:1982, 5717:1982, 5718:1982, 5719:1982,
5720:1982,5721:1982, 5722:1982, 5723:1982, 5724:1982, 5725:1982, 5726:1982,
normas de Coordenação Modular e o desenvolvimento de um 5727:1982,5728:1982, 5729:1982, 5730:1982 e 5731:1982.
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• ISO 1006-1983 - Building Construction - Modular Coor-


dination - Basic Module
• ISO 1791-1983 - Building Construction - Modular Coordina-
tion - Vocabulary
• ISO 2848-1984 - Building Construction - Modular Coordina-
tion - Principles and Rules 4
A Norma 15.873/2010 substitui as normas anteriores 5. O
principal objetivo desta revisão é facilitar a aplicação dos con-
ceitos da Coordenação Modular na proposta de modernização
da construção civil no Brasil.
A compatibilidade dimensional entre elementos construti-
vos definidos em projeto, e componentes construtivos, deter-
minados por fabricantes, é a chave do processo da Coorde-
nação Modular.
Por exemplo, o projeto define o vão com 6Mx8M, e o
fabricante de esquadria oferece o produto que encaixa neste Figura 6 - Tamanhos modulares de vãos, esquadrias e paredes – Malha de 2Mx2M
vão, ambos com folgas e tolerâncias compatíveis (Figura 6).
A esquadria de 6Mx8M funciona da mesma maneira: é
O vão de 6Mx8M, dependendo do método construtivo esco- sempre um pouco menor que o tamanho modular de 6Mx8M,
lhido – alvenaria tradicional ou estrutural, placas cimentícias, variando de acordo com as necessidades de folgas e ajustes e
placas de gesso – varia de tamanho, mas é sempre maior que a materiais de instalação definidos pelos fabricantes. Mas deve
medida de projeto, de modo a acomodar as tolerâncias de seu ser fabricada de forma a prever o ajuste ao vão modular de
processo produtivo. 6Mx8M.
4
ISO 1006-1983 – Construção Civil – Coordenação Modular – Módulo Básico; Esse conceito comum permite uma série de vantagens, den-
ISO 1791-1983 - Construção Civil – Coordenação Modular – Vocabulário; tre as quais é importante destacar:
ISO 2848-1984 - Construção Civil – Coordenação Modular – Princípios e Regras. (trad.
da autora) • A redução da variedade de medidas utilizadas na fabricação
5
Ver nota 3. de componentes;
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• A simplificação da coordenação dimensional nos projetos Então as medidas de coordenação do componente devem
das edificações (atualmente elaborada caso a caso); ser calculadas de acordo com a fórmula acima, onde Mc é
o resultado da medida nominal de fabricação somada aos
• A simplificação da marcação do canteiro de obras para posi-
ajustes de coordenação (folgas, tolerâncias, etc.). Note-se
cionamento e montagem de componentes construtivos;
que estes ajustes podem variar tanto em função do processo
• A redução de cortes e ajustes de componentes e elementos produtivo do componente como do processo construtivo,
construtivos; sendo necessário prever estas combinações.
• O aumento da intercambialidade de componentes tanto na As medidas do espaço de coordenação, quando múltiplas
construção inicial quanto em reformas e melhorias ao longo da do módulo básico de 100mm (M), são denominadas medidas
vida útil da edificação. modulares.
• A ampliação da cooperação entre os diversos agentes da • 3. Definição das medidas de fabricação, ou medida no-
cadeia produtiva da construção. minal, princípio que é derivado do anterior, onde se compre-
ende que o objeto final fabricado é calculado em função da
medida modular que ele deve ter. Ou seja, é determinado,
3.1 princípios da Coordenação Modular inicialmente, o espaço de coordenação do objeto, para que
A norma de coordenação modular norteia-se por 6 princípios. depois deste sejam subtraídos os ajustes e se obtenha a me-
São eles: dida nominal esperada de fabricação (Figura 4).
• 1. O valor do módulo básico M = 100mm
Mc = Mn - Ac
• 2. A definição do espaço de coordenação, que inclui além
Onde
do componente, suas folgas e tolerâncias, além do processo
Mc é a medida de coordenação do elemento ou componente,
de instalação. A estas folgas perimetrais chamam-se ajustes de determinada primeiro;
coordenação. Mn é a medida nominal;
Ac é o ajuste de coordenação
Mc = Mn + Ac
Onde Quadro 2 - Definição da medida nominal de fabricação
Mc é a medida de coordenação do elemento ou componente;
Mn é a medida nominal; Desta forma, definindo a medida modular e depois sub-
Ac é o ajuste de coordenação traindo os ajustes, têm-se a garantia da compatibilidade entre
os diferentes componentes e elementos construtivos a serem
quadro 1 - Medida de Coordenação (fonte: NBR 15.873/2010)
utilizados na coordenação modular.
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Os diferentes tipos de medida dos componentes cons- são, e seus respectivos conceitos estão apresentados no
trutivos são um ponto-chave da Coordenação Modular Quadro 3.

Tomemos como exemplo


o bloco de concreto. Quando medimos um
Temos, primeiro, as componente depois de
medidas nominais de fabricado, provavelmente
fabricação: aqui, 19cm x encontraremos medidas
19cm x 39 cm. um pouco diferentes: são
as medidas reais. Cada
Elas são as dimensões exemplar do bloco varia
esperadas do produto, ao um pouco em relação à
término de seu processo sua medida nominal.
de fabricação.

Essa variação não é


Quando medimos
problema, porque a
um componente
medida nominal inclui
depois de fabrica-
uma tolerância. A NBR
do, provavelmente
6136 estabelece que
encontraremos
a tolerância de blocos
medidas um pouco
de concreto é de 2mm
diferentes: são as
na largura e 3mm no
medidas reais. Cada
comprimento e na altu-
exemplar do bloco
ra. Este bloco pode ser
varia um pouco em
usado sem problemas
relação à sua medi-
de coordenação.
da nominal.

quadro 3 - Conceitos de Medidas - Bloco de Concreto


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Como esses valores


são múltiplos de 10cm,
podem ser designados
por módulos (M).
O bloco mede
2M x 2M x 4M...

quadro 3 - Conceitos de Medidas - Bloco de Concreto

Figura 7 - incremento submodular - blocos de concreto estrutural (Malha


de 2Mx2M)

• 4. INCREMENTOS SUBMODULARES
Deve-se notar que os incrementos submodulares não po-
Nem todos os componentes podem ou necessitam apre- dem ser usados como medidas modulares ou medidas de ma-
sentar medidas sempre múltiplas do módulo. Pode haver lhas de referencia; nem como distâncias de planos modulares
também a necessidade de se utilizar incrementos submodu- de um mesmo sistema de referência, tampouco como medidas
lares. Eles têm como valores normalizados M/2 (50mm), M/4 de coordenação de quaisquer componentes.
(25mm) e M/5(20mm).
De acordo com a norma este recurso dimensional só pode
ser utilizado em alguns casos, basicamente para ajustar a me- • 5. POSICIONAMENTO DE ELEMENTOS E
dida de coordenação de componentes construtivos com medi- COMpONENTES MODuLARES
das menores ou maiores que 1M que precisem de incrementos Cada elemento ou componente modular, ao ser colocado na
menores que 1M. Por exemplo, paredes de alvenaria estrutu- malha modular de referência, passa a ocupar um espaço modu-
ral com espessura nominal de 15cm (Figura 7). lar, definido pelos planos modulares que o limitam. (Figura 8)
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O posicionamento preferencial de elementos e componen-
tes, atualmente , é o alinhado com a malha (Figura 9). Isto
permite uma legibilidade melhor da coordenação dos outros
componentes.6

Figura 9 - Alinhamento dos componentes e elementos com a Malha de


4Mx4M (fonte: Adaptado de CDHu)

Figura 8 - Exemplo de espaços modulares de componentes no sistema de


da coordenação modular. Os elementos e componentes po-
referência (fonte: NBR 15.873/2010)
dem, eventualmente, ter posicionamento em eixo, em ângulo
Há um equívoco comum, derivado de práticas antigas de ou de forma assimétrica em relação à malha, mas estes devem
desenho técnico, de encaixar estruturas pelo eixo em malhas ser evitados e justificados quando necessários.
de referência. Isto, porém, não se traduz em aplicação correta “Sistemas de referência podem ser justapostos, sobrepostos
ou combinados entre si com diferentes distâncias multimodula-
res entre seus planos ou em diferentes ângulos. Os espaços de
6
Já foram aceitas, em norma técnica, outras formas de posicionamento. A mais sim- interrupção com medidas não modulares (...) são denominados
ples revelou-se a alinhada com a face da malha, pois facilita as interconexões.
espaços amodulares.” (NBR 15.873/2010)
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A interseção dos planos de referência modulares pode também A solução vertical pode ser amodular na altura da laje – ou
dar lugar a espaços ou planos amodulares. Esses espaços serão seja, ter uma altura não múltipla de M, o que resulta em inter-
essenciais no projeto e na construção para priorizar elementos e rupções de planos amodulares (ver Figura 11 e Figura 12).
componentes a serem coordenados modularmente – nem sem-
pre todos os elementos serão passíveis de coordenação modular,
então poderá acontecer uma seleção ou priorização do que será
coordenado, de acordo com requisitos de projeto.
Exemplos: O terreno pode ser irregular, e por exigência de
projeto, alguns encontros perpendiculares da malhas podem
resultar em espaços amodulares (Figura 10).

Figura 10 - Aplicação dos limites da construção e disposição dos espaços


amodulares (Adaptado de BNH, 1978, e GREVEN, 2007) Figura 11 - interrupção dos planos amodulares na laje – Corte
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14718:2001 Guarda-corpos para edificação, que recomenda
um mínimo de 1100 mm de altura a partir do piso acabado.
Porém nos caso de edificações térreas esta norma pode ser
desconsiderada. Além disso, a coordenação modular em
geral considera as dimensões em osso e, no caso do peitoril
deve ser considerada então a espessura do contrapiso. As-
sim sendo é comum que a dimensão vertical seja múltipla

Figura 12 - Vista da fachada com a utilização de planos amodulares nas


lajes de piso e cobertura

6. SÉRiES DE MEDiDAS pREFERENCiAiS Ou


SÉRiES DE MuLTiMÓDuLOS
As medidas verticais mais usuais são pé direito básico
de 2,60 m, pois devemos considerar a sua maior medida em
um pavimento, admitindo-se variações em geral de 20cm. Já
peitoris podem ser considerados com regulados pela NBR Figura 13 - Altura do Guarda Corpo (adaptado de NBR 14.718/2001)
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de 2M ou 3m, prevendo-se se for o caso peças com-


plementares para guarnição de vãos de esquadrias
e o guarda corpo propriamente dito. As medidas de
componentes devem considerar também sua aplica-
ção aos projetos, ou seja, as dimensões mais usuais
de compartimentos no mercado visado. Deste modo
será mais fácil obter uma variação menor nos tipos
de componentes para compor o elemento. Devemos
considerar tanto a dimensão horizontal, largura e
comprimento dos compartimentos, como peitoris e
pé direito.
A altura mínima dos peitoris e guarda-corpos
é definida pela norma ABNT NBR 14.718/2001 em
1,10m. É possível determinar esta altura em proje-
to coordenado modularmente, de acordo com a ,
mesmo com a utilização de blocos estruturais de 2M
de altura.
No desenho do guarda corpo, é possível considerar
como altura modular e altura real 11M. (Figura 13)
No caso do peitoril (Figura 14), neste exemplo foi
utilizado, para a compensação da altura bloco de
contraverga com altura de 12,5cm (que inclui um
incremento submodular). Foi considerada a altura
modular de 11M a partir do vão livre da janela, lem-
brando que dependendo do fabricante da esquadria
a altura real do peitoril pode sofrer então uma varia-
ção de até ¼ M.
As séries de medidas preferenciais ou de multi-
módulos são escolhidas também por suas proprie- Figura 14 - Altura do peitoril (adaptado de NBR 14.718/2001)
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dades matemáticas. Elas apresentam a possibilidade de 3.2 Vocabulário básico


reduzir a variedade de medidas praticadas por fabricantes A Norma 15.873/2010, que substitui as anteriores, define a
e projetistas mediante o uso de séries de multimódulos, terminologia básica para que sejam compreendidos todos os
como, por exemplo, as séries n x 2M, n x 3M ou séries de elementos da Coordenação Modular. Ainda há, no mercado,
incremento variado. Exemplo: A série 6M pode ser combi- muita confusão entre padrão, padronização, coordenação
nada com multimódulos de 2M e de 3M (Figura 15). dimensional, coordenação modular. A criação de termino-
20 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

logias normatizadas regula a utilização destes vocabulários • Medida de coordenação: espaço de coordenação de
em catálogos técnicos e projetos, e serve como orientação um elemento ou componente, inclui folgas e ajustes, e Es-
específica para os profissionais da área e de áreas afins7. paço de instalação e se é igual ao módulo básico ou multi-
módulo, é chamada de Medida modular.
• Tolerância: ”Diferença admissível entre uma medida real e
Padronização ≠Coordenação Dimensional ≠Coordenação Modular
a medida nominal correspondente.” (NBR15.873/2010)
• Ajuste de coordenação: “Diferença entre uma medida
nominal e a medida de coordenação correspondente.” (NBR
• Padronização: significa simplesmente a compra ou 15.873/2010) É o ajuste de coordenação que assegura o
especificação de componentes ou materiais iguais; que é espaço para as deformações naturais , como as variações
diferente de... térmicas, as tolerâncias de fabricação e de instalação.
• Coordenação dimensional: relação de medidas de
elementos construtivos e das edificações; que não necessa-
riamente parte de um módulo básico de 100mm; mas a ...
3.3 Características de um componente
ou conjunto modular
• Coordenação modular: é a coordenação dimensional
Um componente construtivo modular é um produto for-
mediante o emprego do módulo básico ou de um multimó-
mado como uma unidade distinta, de geometria definida e
dulo (que é um múltiplo inteiro do módulo básico).
medidas especificadas nas três dimensões, isto é, um ob-
• Espaço de coordenação: Espaço necessário a um ele- jeto que, normalmente, é fabricado para ser instalado na
mento ou componente construtivo, incluídas folgas para edificação sem cortes ou ajustes. Para que um componente
deformações e instalação, tolerâncias e materiais de união. construtivo possa ser utilizado em edificações coordenadas
• Medida real: Verificada no objeto fabricado ou cons- modularmente, basta que suas medidas de coordenação
truído. sejam iguais ao módulo básico de 100mm ou a um multi-
• Medida nominal: Esperada de um objeto, definida módulo. O componente é então denominado componente
preliminarmente pelo fabricante ou projetista. modular.
Exemplo: Os Blocos de Alvenaria Estrutural são compo-
nentes comuns utilizados na coordenação modular (Figura 16).
7
Estão, no momento, sendo revisadas as terminologias de outras áreas técnicas pela
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), como Esquadrias e Revestimentos.
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
21

Figura 17 - Exemplo de multimódulo gerado a partir de componente não-


modular(fonte: ABNT NBR 15.873/2010)

Figura 16 - Bloco de Alvenaria Estrutural 2Mx3M

O bloco acima é mostrado com suas medidas nominais de


fabricação. A estas medidas somam-se 0,5cm de todos os la-
dos – são os ajustes de coordenação. Assim, obtém-se a medi-
da modular, ou medida de coordenação, de 2Mx3M.

A FORMAÇÃO DE MuLTiMÓDuLOS
Um componente que em sua origem não é modular pode se
tornar modular através da formação de um multimódulo com
a combinação de um determinado número de componentes
que formem um módulo nM. Por exemplo, um cobogó, pode
Figura 18 - Exemplo de multimódulo gerado a partir de componente não-
formar multimódulos (Figura 17 e Figura 18). modular(fonte: ABNT NBR 15.873/2010)
22 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

As medidas nominais de um componente modular dificil- conveniências de consumidores e fabricante, pois as subdivi-
mente serão iguais ao módulo básico ou a um multimódulo, sões internas do componente não interferem na coordenação
uma vez que isso significaria ajustes de coordenação nulos, o modular da edificação. Assim, por exemplo, uma esquadria
que, por sua vez, pressupõe a total ausência de deformações, será modular em razão de suas medidas de coordenação (ex-
tolerâncias, folgas de montagem e materiais de união. ternas), não importando a paginação das folhas, o perfil utili-
zado, o tamanho dos vidros etc.

Um conjunto modular é constituído por componentes cons-


trutivos que, individualmente, não são modulares, mas cuja
soma ou justaposição resulta modular (Figura 20). Conjuntos
modulares podem ter quaisquer medidas e disposições geomé-
tricas, desde que, a intervalos regulares, apresentem medidas
de coordenação iguais a um multimódulo (Figura 21). Nesses
casos, cabe ao fabricante informar o menor espaço modular
resultante de um conjunto e, se necessário, fornecer soluções de
arremate para o preenchimento desse espaço.

Figura 19 - Componente modular parte de multimódulo (parte não-


modular) O conjunto, em
conexão com seus
vizinhos, a cada
Um componente modular (Figura 19) pode ter medida não 9 componentes
modular em uma dimensão (particularmente, a espessura), forma um conjunto
desde que ela não interfira diretamente na sua coordenação de medidas modu-
lares.
com os demais elementos e componentes da edificação ou
que, unida a outros componentes, integre novamente uma
medida modular.
Finalmente, um componente modular pode ter quaisquer
medidas e disposições geométricas no seu interior, conforme
Figura 20 - Multimódulo de partes não-modulares
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
23
Os diversos componentes e soluções arquitetônicas
coordenadas modularmente adotadas nos espaços e a
interrelação dos elementos devem ser tratados como
A cada 18 compo-
conjuntos de práticas e soluções matemática e constru-
nentes o desenho
se repete idêntico, tivamente viáveis. Por exemplo, estabelece-se a rela-
formando um conjun- ção entre um tipo de componente e outro de acordo
to modular de 40cm x com o tipo de objetivo desejado para o projeto, e não
70cm ou 4M por 7M.
de acordo com o tipo de componente construtivo.
O espaço de coorde-
nação é ortogonal,
ainda que os compo-
nentes dentro dele
não sejam.

Figura 21 - Multimódulo

Vale lembrar que a Coordenação Modular reduz e evita


cortes, mas cabe ao fabricante oferecer as soluções de arrema-
tes e conectividade com outros componentes.
Isso se reflete na prática do projeto e na concepção dos
componentes da construção.
A partir de uma abordagem sistêmica de projeto, os requi-
sitos de coordenação modular se fazem presentes desde os
estudos de viabilidade e a adoção do partido até a execução
da obra.
24 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

2ª PARTE - A APLICAÇÃO também conforme com as diretrizes de coordenação.

DA COORDENAÇÃO MODULAR O capítulo se divide em: fases de projeto, métodos cons-


trutivos, séries preferenciais, medidas preferenciais de
EM PROJETOS HIS compartimentos, e equívocos comuns.

1. A ApLiCAÇÃO EM pROJETO E CONSTRuÇÃO 2. FASES DE pROJETO


DE HABiTAÇÕES DE iNTERESSE SOCiAL De acordo com a NBR 13.531, são “etapas de atividades
A segunda parte deste caderno tem como principal técnicas do projeto da edificação, de seus elementos, instalações
objetivo orientar fornecedores, projetistas e construtores e componentes: o Estudo de Viabilidade, o Estudo Prelimi-
nas práticas recomendadas de projeto e nas orientações de nar, Anteprojeto e/ou Projeto de Aprovação, e o projeto
aplicação dos princípios da Coordenação Modular destina- de Execução”. (ABNT, 1995)
dos a projeto e execução de habitações de Interesse Social.
Pode-se produzir um projeto coordenado modularmen-
A implantação da Coordenação Modular depende de te a partir de qualquer de suas fases de desenvolvimento,
pelo menos três fatores: mas quanto mais cedo a coordenação modular for inserida
• Prática de projetistas e construtores; na concepção do projeto, mais simples será a realização do
empreendimento e menos retrabalho será gerado.
• Legislação urbana, exigências de programas de finan-
ciamento, normas técnicas; A seguir, são apresentadas as fases tradicionais de pro-
jeto de edificações e as decisões e/ou requisitos de Coorde-
• Características dos componentes construtivos disponí-
nação que devem ser realizados nas diferentes fases.
veis no mercado.
É oportuno explicitar que existe uma relação proporcio-
O foco desta parte do caderno é o primeiro fator: am-
nal entre detalhamento e aprofundamento das diretrizes
pliar a prática de projetistas e construtores para a efetiva
de coordenação: quanto mais o projeto avança, mais as deci-
implantação da Coordenação Modular. Desta forma, pre-
sões, os detalhes e as diretrizes são precisas.
tende-se contribuir para a difusão da norma de Coordena-
ção Modular no Brasil. Os ajustes legais e normativos, bem As definições dos espaços amodulares, essenciais para o
como a oferta de componentes conformes com a coordena- desenvolvimento do projeto, são tomadas a partir do estudo
ção modular dependem de diversos fatores, mas o primei- preliminar, e devem ser especificadas de acordo com o deta-
ro aspecto sempre será o desenvolvimento de um projeto lhamento do mesmo.
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
25
ETApAS GERAiS DO pROJETO COORDENADO: exigência dos requisitos da coordenação modular em proje-
tos públicos, por exemplo. A coordenação modular se vale
de conceitos de sustentabilidade, redução de desperdício e
aumento da agilidade da obra. Todos estes aspectos devem
ser mensurados na hora de se escolher trabalhar com a Coor-
denação Modular em um projeto.
2. Escolha de 3. Adaptação do Estudos realizados nos últimos anos demonstraram que a
Métodos Projeto/Priorização implantação da Coordenação Modular depende de caracte-
construtivos de Componentes
rísticas dos componentes construtivos disponíveis no mer-
cado. Contudo, algumas adaptações são passíveis de serem
feitas com produtos e fabricantes existentes hoje no merca-
do, e estão sendo realizadas pesquisas neste sentido.

Figura 22 - Etapas Gerais do projeto Coordenado 2.2 Estudo preliminar:


Diretrizes de Coordenação:
• Definição de Planos de Referência Coordenados
2.1 Estudo de Viabilidade:
Na maioria das vezes, o projeto começa sem uma defini-
A primeira decisão é a de projetar conforme as diretrizes
ção de método construtivo. Para que ele nasça compatível
da coordenação modular. Para que esta seja uma escolha
com a coordenação modular, é importante que se defina,
fundamentada, é necessário que se faça um levantamento
desde o início, os Planos de Referência Coordenados. Os
dos materiais e fornecedores disponíveis, assim como os
Planos de Referência serão sempre baseados na malha mo-
técnicos e a mão-de-obra especializada para trabalhar na
dular básica com módulo unitário M=100mm, mas podem
construção.
se utilizar de valores maiores, de acordo com a conveniên-
Dependendo da região do país, a efetiva implantação da cia, a escala do projeto, e o nível de detalhe. Os planos de
coordenação modular poderá ser mais ou menos demorada, referência usuais costumam ser de 2M e 4M. Se no momento
de acordo com a disponibilidade de materiais regionais e da escolha do plano de referência o método construtivo a
do treinamento de pessoal local, mas também do interesse ser utilizado já estiver definido, este comandará a escolha do
da iniciativa privada e dos incentivos públicos - através da tamanho básico da malha.
26 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

verticalmente a laje entre pisos é a de considerá-la um espa-


ço amodular .
• Decisões básicas sobre estrutura – portante, metálica,
concreto armado, etc.
• Desenhar estrutura pretendida sobre malha básica – ou
lançar paredes estruturais (Figura 24).

Figura 23 - plano de Referência ou de Coordenação horizontal e vertical na


construção

Nesta fase, deve-se proceder ao seguinte:


• Aplicação da Malha de 1M sobre terreno e marcação de
limites da construção ou construções pretendidas.
• Definição dos planos ou espaços amodulares horizontais
e verticais
Exemplo:
Em alguns casos, a definição de onde vão estar os espaços
amodulares – se existirem – e como serão tratados – pode
ser realizada ainda nesta etapa. Os espaços amodulares são
muito utilizados também no tratamento de espaços verticais Figura 24 - plano de Referência ou de Coordenação horizontal e vertical na
entre planos de referência – uma das formas de coordenar construção
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
27

Figura 26 - Marcação de paredes portantes na Malha

2.3 ANTEpROJETO:
Diretrizes de Coordenação:
Nesta fase, deve-se proceder ao seguinte:
•Priorização dos componentes a serem coordenados mo-
dularmente.
Em alguns casos, é impossível a coordenação modular de
Figura 25 - Marcação da Estrutura na malha modular- Estrutura indepen- todos os componentes do projeto. Para estes, existem solu-
dente (cotas acumuladas) – Malha de 4Mx4M ções previstas e estudadas de forma a atender satisfatoria-
28 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

mente as exigências técnicas e normativas. Esta priorização • Em um segundo caso, o mesmo conjunto se insere na
deve acontecer, sobretudo, nos casos de: modulação vertical através de planos modulares de referência
1. Compatibilização de planos de referência horizontais e intermediários ou de incrementos modulares específicos para
verticais de fachada, onde pode ocorrer o seguinte: este fim (Figura 28).

• Em um primeiro caso, a laje - ou “conjunto laje-piso” é


tratada como espaço amodular, restando aos vãos de vedação
as medidas modulares de preenchimento (Figura 27).

Figura 27 - Laje tratada como espaço amodular Figura 28 - Tratamento do Espaço de Laje como espaço Modular
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
29
2.3 Compatibilização de estrutura e ve- 3. MÉTODOS CONSTRuTiVOS
dações: As decisões sobre métodos construtivos podem ou não
Nesta fase do projeto, deve-se decidir sobre o posiciona- acompanhar o desenvolvimento inicial do projeto. Quando a
mento da malha em relação a estrutura e vedações. definição do método construtivo é uma decisão mais tardia,
há necessariamente um trabalho de adequação de projeto aos
• Definição das séries preferenciais de medidas a serem
requisitos da coordenação modular.
utilizadas para otimização dos espaços. (Ver tabela 57, com
quadro de mobiliário e exemplos de medidas mínimas) Os métodos construtivos mais comuns para utilização em
projetos de HIS são:
• Projeto básico das divisões internas de acordo com
pré-definição de método construtivo.
• Coordenação modular de planos verticais de acordo
Estrutura
com planos horizontais pré definidos (Detalhamento de • Blocos de Concreto Estrutural
fachadas e coordenação de planos de referência e planos • Estrutura independente de concreto (concreto armado)
amodulares verticais). • Estrutura metálica
• Painéis-paredes de concreto

2.4 projeto Executivo: Vedações


Diretrizes de Coordenação: • Blocos de Concreto estrutural/não estrutural
Esta fase, voltada ao Desenvolvimento dos desenhos • Alvenaria Tradicional
executivos deve considerar as diretrizes da coordenação • Painéis cimentícios
na representação gráfica dos componentes, assim como , • Painéis paredes de concreto (celular ou comum)
nos cadernos de encargos e memoriais de projeto, destacar
estas diretrizes e considerá-las nas especificações dos pro- Cobertura
dutos a serem utilizados • Telhas de Fibrocimento sobre estruturas de madeira ou aço
No caso de estrutura de alvernaria portante, é nesta • Telhas cerâmicas sobre estruturas de madeira ou aço
etapa que será feita a compatibilização das elevações das • Telhas de concreto sobre estruturas de madeira ou aço
paredes com as instalações e esquadrias. • Lajes planas com proteção de telhas cerâmicas
• Lajes planas impermeabilizadas.
30 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

Contudo, apesar de haver grande seleção de produtos de Na coordenação modular, compreender a interface dos
vários níveis de qualidade para o segmento HIS, não existe componentes significa saber como ajustar uns aos outros
hoje no mercado um grande número de produtos conformes para manter as medidas de projeto sem que se incorram em
com as diretrizes da Coordenação Modular. Embora isto difi- ajustes e cortes inesperados na obra.
culte o projeto veremos que isto não impede a sua aplicação.
Nos cadernos de Práticas Recomendadas de Esquadrias,
A compreensão do tipo de interface que cada componen- serão tratadas, por exemplo, as formas de interface das dife-
te pode ter com os outros é importante para que o resultado rentes esquadrias (portas, janelas), suas características, seus
final não se afaste do que foi inicialmente projetado. materiais (alumínio, madeira) com o material de construção
O Quadro 4 apresenta a lista de componentes cuja aplica- da vedação vertical onde estão instaladas.
ção está detalhada nos demais Cadernos desta Série.

4. SÉRiES pREFERENCiAiS
As séries preferenciais são séries matemáticas, inicialmen-
Tipo de componente Função na Peculiaridades te trabalhadas por suas propriedades. Dessas séries matemá-
edificação
ticas – baseadas em estudos teóricos - foram desenvolvidas
Blocos cerâmicos séries de medidas modulares que pudessem ser utilizadas
Estrutura e/ou Interface com
Blocos de concreto
vedação instalações para a combinação de componentes e elementos da cons-
Paineis de gesso trução de forma a facilitar a redução nas séries de medidas
modulares dos componentes destinados a preencher deter-
Telhas cerâmicas Interface com
subcoberturas e minado espaço modular. (BNH, 1978)
Telhas de fibrocimento Cobertura
estruturas de
Telhas de aço sustentação As séries podem abranger de submúltiplos do módulo a
múltiplos do módulo.
Esquadrias de aço
A ISO 1040/1983, define os multimódulos horizontais.
Esquadrias de alumínio Interface com
Abertura
vedações São eles: 3,6,12,30 e 60M. A partir destes multimódulos, a
Esquadrias de PVC
ISO 6513/1982, define as séries de dimensões preferenciais
Esquadrias de madeira
para medidas horizontais, pretendidas para o dimensiona-
Revestimentos
Acabamento
Interface com mento de componentes, grupos de componentes e espaços.
cerâmicos vedações
Estas séries são determinadas em função dos multimódu-
quadro 4 - Tipos de componentes utilizados em HiS e suas interfaces los 2M ou 3M (Tabela 1).
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
31

Multimódulos
3M 6M 12M 15M 30M 60M
3M
6M 6M
Tabela 1 - Séries de dimensões horizontais preferenciais multimodulares (fonte:iSO 6513/1982)

9M
12M 12M 12M
15M 15M
18M 18M
21M
24M 24M 24M
27M
Séries de Valores

30M 30M 30M 30M


33M
36M 36M 36M
39M
42M 42M
45M 45M
48M 48M 48M
54M
60M 60M 60M 60M 60M
66M
72M 72M
75M
78M
84M 84M
90M 90M 90M
96M 96M
105M
108M
120M 120M 120M 120M
Etc. Etc. Etc. Etc.
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5. MEDiDAS pREFERENCiAiS
DE COMpARTiMENTOS
O Estudo das Séries Preferenciais de Medidas toma Compartimentos:
como base o estudo realizado pelo BNH em 1978. Contu- A partir das medidas usuais de compartimentos utiliza-
do, levando-se em conta a necessidade de atualização de das em composições de habitações de interesse social, foi
parâmetros para o que é considerado usual para a habi- composto um quadro com séries preferenciais de medidas
tação de interesse social atualmente, optamos por con- para os compartimentos e componentes a serem utiliza-
siderar a casa de dois quartos com sala e cozinha, área dos em propostas de HIS coordenadas modularmente. Foi
de serviço e um banheiro, para uma família média de 5 computado o mobiliário usual utilizado em cada caso, a
pessoas,considerando, então um quarto de casal e um de partir do número de habitantes/quartos em cada unidade
solteiro com mais de uma pessoa. Foi considerada a opção residencial. (Ver Quadro de Mobiliário ao final do capítulo).
do quarto de solteiro com uma pessoa, como uma alterna-
tiva para o caso de famílias pequenas , em geral com ido-
sos ou jovens.

! iMpORTANTE:

As medidas mínimas apresentadas nos desenhos a seguir são exemplos obtidos a


partir de layouts de mobiliário considerados “minimamente confortáveis”. Con-
tudo, dependendo do método construtivo definido, as medidas reais podem ser
diferentes. Pequenas diferenças também podem ser desprezadas, para facilitar,
por exemplo, a consideração dos revestimentos.
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
33
5.1. Sala:
Os móveis considerados para a sala podem variar
grandemente. Foi considerado o uso de um único com-
partimento como sala de estar e jantar, com a utilização
dos móveis sofá de 3 ou 2 lugares, mesa de apoio de
5Mx5M, mesa/estante para televisão, mesa de jantar
para 4 ou 6 lugares. Outras combinações podem ser
utilizadas.

Figura 30 - Layout mínimo Sala de Estar/Jantar 24Mx40M

Figura 29 - Layout mínimo Sala de Estar/Jantar 26Mx44M


34 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

uma geladeira. A cozinha deve ter, necessariamente, instala-


5.2. Cozinha:
ções de água e esgoto, e, como opção, uma bancada pequena
Os eletrodomésticos fixos considerados para o estudo das para refeições. (Ver exemplos)
medidas mínimas das cozinhas foram um fogão de 04 bocas e

Figura 31 - Layout Mínimo de Cozinha - Exemplo - 16Mx26M Figura 32 - Layout Mínimo Cozinha - 20Mx22M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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5.3 Banheiro:

Figura 34 - Layout mínimo banheiro 1 - 12Mx18M

Figura 33 - Layout Mínimo Cozinha - 22Mx26M


36 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

5.3 Banheiro:

Figura 35 - Layout mínimo banheiro 2 - 16Mx18M Figura 36 - Layout mínimo banheiro 3 - 16Mx16M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
37
5.4 quarto 1- casal:
O mobiliário utilizado para o quarto de casal foi uma cama
de casal tamanho padrão, mínimo de uma mesa de cabeceira
e um armário e, quando possível, uma mesa de estudos.

Figura 37 – Layout Mínimo quarto de Casal 1 - 32M x 30M Figura 38 - Layout Mínimo quarto de Casal 2 - 32M x 28M
38 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

Figura 39 - Layot Mínimo quarto de Casal 3 - 26Mx32M

Figura 40 - Layout mínimo quarto de solteiro 1 - 2 camas - 30Mx36M


MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
39
5.5 quarto 2 – solteiro 2 a 3 pessoas
(2 camas ou 1 cama e 1 beliche):
Para o quarto de solteiro, foram considerados os seguintes móveis:
armário, 2 camas ou 2 camas e um beliche (não mostrado nos dese-
nhos), mesa de cabeceira e/ou mesa de estudos com cadeira.

Figura 41 - Layout mínimo quarto de solteiro 2 - 2 camas - 26Mx40M Figura 42 - Layout mínimo quarto de solteiro 3 - 2 camas - 30Mx32M
40 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

5.6 Solteiro individual:


Para o quarto de solteiro individual, consideramos o mo-
biliário básico uma cama de solteiro, um armário e uma mesa
de estudos que serve também como cabeceira.

Figura 43 - Layout mínimo para quarto de solteiro individual - 24Mx30M Figura 44 - Layout mínimo para quarto de solteiro individual - 24Mx28M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
41
5.7 Serviço 5.8 Estudo de Compartimentos compatíveis
Para a área de serviço, foi considerado um tanque e uma com a norma de acessibilidade (NBR 9050/2004)
máquina de lavar roupas. Ambos possuem instalação de A norma de acessibilidade estabelece que as áreas comuns de
água e esgoto, sendo que a instalação da máquina pode ser conjuntos habitacionais e edificações multifamiliares de interesse
compartilhada com o primeiro. Foram consideradas largura e social devem obrigatoriamente ser acessíveis – e que as unidades
comprimento de 14M, para área fechada por cobogós. (Estas autônomas acessíveis devem ser em rotas de fuga também aces-
são inferiores à maioria dos Códigos de Obras Municipais). síveis. A lei estabelece o percentual das unidades autônomas que
deve ser projetado de acordo com a norma de acessibilidade.
A NBR 9050 define como módulo de referência9 para o espa-
ço ocupado por uma pessoa em cadeira de rodas, as seguintes
dimensões (figura 45):

Figura 46 - Módulo de Referência


(fonte: NBR9050/2004)
Figura 47 - Vãos de porta e de apro-
ximação (fonte: NBR 9050/2004)

Não confundir este módulo de referência com o módulo básico M=100mm da co-
9

Figura 45 - Layout Área de Serviço - 14M x 14M ordenação modular.


42 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

O vão livre da porta deve ter 80cm. Para garantir este vão, da acessibilidade, como a mesa de jantar na sala, a mesa de
o ideal é que se estabeleça, em projeto, o vão de coordenação refeição na cozinha, o box e o lavatório no banheiro.
de 90cm (figura 48). A seguir são apresentados os compartimentos com as adap-
Para o projeto de unidades autônomas acessíveis, é ne- tações dimensionais para torná-los acessíveis.
cessário considerar os parâmetros da NBR 9050/2004. Desta
forma, alguns itens de mobiliário constantes da tabela 55 COZiNHA
como “dimensões usuais”, tiveram de ser alterados em função

SALA DE ESTAR/JANTAR

Figura 48 - Layout mínimo para sala de Estar/Jantar acessível - 34Mx54M Figura 49 - Layout Mínimo para Cozinha acessível - 30Mx32M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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quARTO DE CASAL quARTO DE SOLTEiRO DupLO

Figura 50 - Layout Mínimo para quarto de casal acessível - 32Mx40M Figura 51 - Layout mínimo para quarto de solteiro duplo - 34Mx40M
44 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

quARTO DE SOLTEiRO BANHEiRO

Figura 53 - Layout mínimo para banheiro acessível 22x32M

Figura 52 - Layout Mínimo para quarto de solteiro individual acessível -


30Mx32M
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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ÁREA DE SERViÇO

Figura 54 - Layout mínimo para área de serviço acessível - 20Mx20M


46 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

Abaixo, um quadro com o mobiliário (e suas medidas


usuais) e os espaços de circulação considerados mínimos para
habitação de interesse social, que servem de base para o estu-
do de compartimentos. (Quadro 5 - Mobiliário)
quadro 5 - Mobiliário
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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quadro 5 - Mobiliário
48 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

ANÁLiSE E CONCLuSÕES SOBRE O ESTuDO DE COMpARTiMENTOS

quadro 6 - Conclusão do estudo das séries preferenciais para compartimentos

* O número entre parênteses


mostra a quantidade de mó-
dulos acrescida ou retirada do
desenho original para encaixar
na série preferencial.
MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA
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O estudo gerado a partir das dimensões e quantidades Destaca-se facilmente que a modulação de 4M tem predo-
mínimas de mobiliário teve como resultado dimensões muito minância nesta série e se apresenta como a mais conveniente
próximas das preconizadas pelas séries preferenciais de me- para as dimensões dos elementos horizontais:
didas horizontais da ISO 6513/83. Em alguns casos, não houve
sequer acréscimo de área no resultado (como no caso dos três 8M 12M 16M 20M 24M 28M 32M 40M 44M
primeiros exemplos de cozinha, onde se adicionou um módu-
lo à largura e se retirou um ao comprimento. (Quadro 6)
Note-se que estas dimensões podem ser obtidas pela com-
A utilização das séries de medidas preferenciais para com-
binação de diferentes componentes básicos.
partimentos, das quais o estudo acima é um ponto de parti-
da10, possibilita a coordenação de revestimentos internos e de
esquadrias de maneira mais simples. Os espaços resultantes,
após a aplicação dos módulos, são múltiplos de 6M, 3M, e
alguns também de 2M. O que amplia a escolha e a possibili-
dade de variar os revestimentos, além de poder realizar mais
combinações no espaço resultante.
Cruzando-se as series das normas ISO acima referidas com
as recomendações relativas aos compartimentos é possível
estabelecer as medidas horizontais mais usadas nos projetos
de HIS:

8M 12M 16M 18M 20M 22M 24M 26M 28M 30M 32M 40M 44M

10
Deve-se sempre consultar a Legislação local (Códigos de Obras municipais) a res-
peito de medidas mínimas de compartimentos.
50 MANuAL DE pRÁTiCAS RECOMENDADAS COORDENAÇÃO MODuLAR - CADERNO 1 pROJETO EM HABiTAÇÃO DE iNTERESSE SOCiAL – HiS MiNuTA

Referências:
ABNT, NBR 15.873/2010 – Coordenação Modular
ABNT, NBR 13531/1995 – Elaboração de Projetos de Edifi-
cações – Atividades Técnicas.
ABNT, NBR 14.718/2001 – Guarda-corpos para edificação.
ABNT, NBR 9050/2004 – Acessibilidade a edificações, mobi-
liário, espaços e equipamentos urbanos.
BNH/IDEG, Coordenação Modular da Construção. Edição
da Secretaria de Divulgação, BNH, 1978.
LUCINI, Hugo Camilo, Manual Técnico de Modulação de
Vãos de Esquadrias.Editora PINI, São Paulo, 2001.
GREVEN, Hélio Adão, BALDAUF, Alexandra Staudt Foll-
mann , Introdução à Coordenação Modular da Construção
no Brasil – Uma abordagem atualizada. (Coleção Habitare/FI-
NEP, nº9) ANTAC, Porto Alegre, 2007. Disponível em: http://
www.habitare.org.br/pdf/publicacoes/arquivos/colecao10/
primeiras.pdf
Consultado em: 15/09/2010
ISO 6513 – Building Construction – Modular Coordination
– Series of Preferred Multimodular sizes for horizontal dimen-
sions. International Organization for Standardization, 1982.
ISO 1040 – Building Construction – Modular Coordina-
tion –Multimodules for horizontal coordination dimensions.
International Organization for Standardization, 1983 (2nd
Edition).
Executores

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