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TIPOS DE BARRAGENS

De acordo com Fernanda Gouveia, a tipologia da barragem é definida em função de sua


forma construtiva e do material utilizado em seu corpo principal. Conheça cada uma:
• Barragem de terra: é a mais comum no Brasil, caracterizada por vales muito largos e
ombreiras suaves. Pode ser de terra homogênea, construída com apenas um tipo de material; ou
de terra zoneada, aquela que, por falta de área de empréstimo com material argiloso suficiente
para a construção de todo o aterro, prioriza o núcleo argiloso, no centro. Por ser uma estrutura
menos rígida, permite fundações mais deformáveis, transmitindo esforços baixos para as
fundações de qualquer tipo de solo ou rocha.
• Barragem de enrocamento com face de concreto: é constituída de enrocamentos e
placas de concreto sobre o talude de montante. Deve ser dada atenção especial à ligação entre as
placas de concreto, pois se apoiam em meio deformável, constituído pela camada de
enrocamento que pode sofrer recalques significativos no primeiro enchimento. Exige atenção
também com a ligação entre a face de concreto e a fundação para garantir a estanqueidade dessa
região. Vantagens: construção mais rápida, pois independe do clima; taludes mais íngremes,
proporcionando menores volumes de material e maior altura da estrutura. Desvantagem: a
fundação deve ser em rocha sã, pois a estrutura não pode sofrer recalques excessivos.
 Barragem de contraforte: é um tipo raramente utilizado no Brasil e em queda no
exterior, em favor dos tipos de gravidade aliviados.
 Barragem de gravidade aliviada: é alternativa à barragem de gravidade maciça. Nesta
última, o concreto está mal aproveitado porque as solicitações são muito menores que a
resistência do concreto. Na comparação, constata-se que a barragem de gravidade
aliviada traz economia no volume e diminuição das áreas sobre as quais pode agir a
subpressão e a pressão intersticial.
 Barragem de concreto estrutural com contrafortes: é formada por uma laje impermeável
a montante, apoiada em contrafortes verticais, exercendo compressão na fundação,
maior do que na barragem de gravidade. A fundação, neste caso, deve ser rocha com
elevada rigidez. Se comparada com as barragens de gravidade, as principais vantagens
são menor volume e menor subpressão na base. No entanto, as barragens com
contrafortes exigem um projeto estrutural mais complexo e o uso de um número maior
de fôrmas na execução dos contrafortes.
 Barragens em arco: são particularmente apropriadas para vales estreitos e com boas
condições de ombreiras. Essas estruturas tiram partido das propriedades de compressão
do concreto, transmitindo os empuxos hidráulicos para as ombreiras. Este tipo de
barragem usa uma menor quantidade de concreto em comparação com as demais, elas
admitem fundações de pior qualidade em relação às barragens em contrafortes, porque
uma menor parte da carga é efetivamente transferida para a fundação. Mas elas também
exigem boas condições e ombreiras, e a concretagem do arco requer tecnologia mais
sofisticada de locação, fôrma, armação e aplicação.

PROJETO DE UMA BARRAGEM


O projeto de uma barragem, em qualquer das etapas de seu desenvolvimento, tem
caráter multidisciplinar, pois envolve todas as especialidades da área de Engenharia Civil, a
saber: Hidrologia, Hidráulica, Geologia, Geotecnia, Mecânica dos Solos e das Rochas,
Estruturas, Métodos Construtivos, Tecnologia de Materiais, e das áreas de Engenharia
Mecânica, Elétrica e Meio Ambiente. Além disso, é de extrema importância que se tenha
conhecimento de dados preliminares, tais como: topografia, condições hidrológicas e geologia
da região, para que se possa viabilizar a obra de uma barragem.
Assim, a implantação de um dado aproveitamento, desde a sua viabilização até a sua
construção, deve obedecer aos procedimentos normativos pré-estabelecidos, que indicam as
etapas de estudo e projeto a serem seguidas, bem como as atividades de engenharia a serem
desenvolvidas em cada uma delas. As etapas de implantação são:

 Estimativa do Potencial Hidrelétrico, que se faz a partir de uma análise preliminar das
características da bacia hidrográfica, principalmente quanto aos aspectos topográficos,
geológicos, hidrológicos e ambientais;
 Estudo de Inventário, onde se avalia o potencial hidrelétrico da bacia, estabelecendo-se
a melhor divisão de queda, tendo em conta o máximo de geração com o mínimo de
impacto ambiental e determinando-se as principais características e estimativas de custo
dos aproveitamentos;
 Estudos de Viabilidade, em que são analisadas as alternativas viáveis e feita a escolha
daquela que conduza a uma otimização técnica-econômica do aproveitamento;
 Projeto Básico, onde se procede a um aprofundamento dos estudos para o
aproveitamento escolhido na viabilidade e se elaboram os documentos eletromecânicos
para licitação das obras civis e dos equipamentos e se determinam os quantitativos de
materiais para o orçamento;
 Projeto Executivo, onde se elaboram os documentos detalhados das obras civis e dos
equipamentos eletromecânicos e implantam-se os programas ambientais para
possibilitar a sua execução.

Concluída a implantação, inicia-se a fase de operação, onde serão de grande importância


os trabalhos a serem desenvolvidos na manutenção e monitoramento das obras civis.
PLANO DE CONSTRUÇÃO

O plano de construção é constituído pelo projeto executivo, especificações técnicas,


quantitativos e cronograma de trabalhos, que devem permitir assegurar a qualidade da
construção. O plano de trabalho, visando assegurar a eficácia do cronograma, controle e
coordenação executiva da obra, deve:
 Apresentar a sequência de todas as atividades relevantes a desenvolver, indicando o
tempo previsto para cada uma delas, as datas para início e conclusão de cada atividade e
as interdependências das diferentes tarefas;
 Atentar para as implicações que as condições meteorológicas e hidrológicas podem ter
nos prazos previstos para as atividades;
 Procurar que o desvio do rio seja realizado na estiagem, em especial, quando em canal,
galeria ou túnel;
 Prever a instalação do canteiro, munido de laboratórios para recepção e controle
tecnológico dos materiais, dos depósitos provisórios e definitivos e de outras instalações
necessárias às obras, bem como a execução e reposição de acessos;
 Permitir o controle de segurança da obra, sem prejuízo do ritmo de construção;
 Explicitar a sequência de construção das estruturas e do tratamento das respectivas
fundações. O plano de trabalho deve indicar datas-chave, correspondentes à realização
de tarefas que condicionem e possam comprometer outras atividades, assim como deve
considerar eventuais condicionantes, associadas a aspectos ambientais ou patrimoniais.

O plano de trabalho deve indicar datas-chave, correspondentes à realização de tarefas


que condicionem e possam comprometer outras atividades, assim como deve considerar
eventuais condicionantes, associadas a aspectos ambientais ou patrimoniais.
Os materiais a serem utilizados na construção devem satisfazer as exigências do projeto
e respeitar as propriedades, definidas nas especificações técnicas e normas técnicas aplicáveis,
de acordo com os ensaios laboratoriais de caracterização. As origens dos materiais devem ser
indicadas, e as áreas de estocagem devem ser definidas, de forma adequada, atendendo,
também, a aspectos ambientais. O canteiro deve ser dotado de um laboratório adequado à
importância do empreendimento, destinado aos ensaios correntes de caracterização de materiais
previstos nas especificações técnicas. Os ensaios restantes devem ser efetuados por um
laboratório oficial ou certificado, ou outro laboratório idôneo, proposto pela empreiteira e aceito
pelo empreendedor.
A instalação do canteiro e a execução da obra não devem prejudicar a circulação na rede
viária existente. As instalações elétricas do canteiro, quer sejam de força motriz, iluminação,
usos gerais ou telecomunicações, devem ser realizadas em concordância com os respectivos
projetos, normas e regulamentos específicos em vigor.
A realização e operação das instalações elétricas do canteiro devem ser asseguradas pela
empreiteira, providenciando a permanência, no local, de técnico devidamente habilitado, de
modo a garantir que as instalações se mantenham em adequadas condições de funcionamento.
Essas instalações devem assegurar uma iluminação geral, com os níveis de iluminação
recomendados por regulamentos específicos, bem como o adequado funcionamento dos
equipamentos para que foram projetadas, garantindo a segurança e as boas condições de
trabalho aos usuários.
As jazidas para obtenção dos materiais a serem utilizados na construção da barragem
devem, sempre que possível, estar localizadas no interior do reservatório, de modo a diminuir a
sua distância às obras e a reduzir os impactos ambientais. No início da construção, devem ser
efetuados trabalhos de investigação geotécnica complementar, relativamente ao estudo realizado
no projeto sobre as jazidas de solos, filtros, drenos ou transições, bem como de potenciais
pedreiras, destinadas ao fornecimento e utilização de agregados para a fabricação de concretos,
argamassas e enrocamentos.
As escavações devem ser executadas de acordo com o projeto geotécnico e com as
técnicas mais aconselháveis, atendendo à natureza do terreno e aos condicionamentos
específicos de cada caso, segundo planos previamente aprovados pela supervisão da obra. As
escavações devem ser acompanhadas por técnicos qualificados, com formação geológica e
geotécnica. Os trabalhos de escavação devem ter um programa de acompanhamento executivo,
ajustado à dimensão das escavações e envolvendo as seguintes ações:
 Levantamento geológico e geotécnico dos maciços escavados, indicando as principais
feições, tais como falhas, mergulhos, planos de estratificação, preenchimento das
descontinuidades, ocorrência de heterogeneidade e surgências, e sua comparação com
as previsões do projeto;
 Detecção e controle de problemas de estabilidade, decorrentes das escavações ou que as
dificultem, e estudo das medidas a serem tomadas para resolução desses problemas; •
Definição de sondagens e ensaios complementares, que se afigurem necessários, e
interpretação dos resultados obtidos;
 Controle da evolução de surgências durante a construção;
 Elaboração de relatório, descrevendo os trabalhos efetuados e os aspectos importantes
para a segurança da obra. A empreiteira deve adotar medidas eficazes de proteção, no
sentido de evitar eventuais efeitos nocivos sobre instalações e elementos de obra já
executados ou em execução.

No projeto executivo dos equipamentos hidromecânicos e respectivas instalações de


comando e controle, elaborado de acordo com a legislação em vigor, devem estar devidamente
justificadas as soluções adotadas e indicadas as características dos materiais a utilizar e os
tratamentos previstos, bem como um plano de operação e manutenção dos equipamentos
hidromecânicos e respectivas instalações de comando e controle, com indicação das ações a
serem realizadas e a respectiva periodicidade.
As instalações elétricas definitivas da obra devem ser executadas pela empreiteira, de
acordo com o projeto, respeitando as normas, regulamentos e demais legislações em vigor.
Essas instalações devem garantir os adequados níveis de operacionalidade e segurança dos
equipamentos e infraestruturas a que se destinam, respeitando as disposições dos respectivos
regulamentos específicos.

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