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Agora é que é?
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Há uma forte pressão da opinião pública para que os relatórios financeiros emitidos pelos
Estados demonstrem maior solidez e transparência. Os governos, demonstrando o seu
compromisso com estes princípios, permitem assim uma melhor tomada de decisões e uma
melhor gestão do bem comum.
É também importante que, quem faz as leis contabilísticas para o setor empresarial, adote um
padrão elevado no seu sistema de contabilidade. O SNC-AP, novo Sistema de Normalização
Contabilística para a Administração Pública vai, nesta linha orientadora, permitir uma melhoria
na credibilidade das contas públicas.
Este sistema, que resulta da adaptação das Normas Internacionais de Contabilidade (IPSAS)
aplicadas ao setor público, irá aumentar a qualidade das informações financeiras de cada
organismo e facilitar a comparação e interoperabilidade entre setores e organizações
governamentais.
Claro que o Estado não tem uma contabilidade única. Tem centenas, uma por cada organismo
público, central e local. E é assim em todo o mundo com exceção de poucos países como
parece ser o caso da Nova Zelândia, um exemplo de pioneirismo nesta área.
A ideia de que um único software de contabilidade para todo o Estado possa resolver este
assunto está errada. O importante é o cumprimento da normalização e, em simultâneo, a
agilidade em responder aos requisitos específicos de cada entidade.
Até agora era muito difícil comparar e consolidar contas entre organismos, mesmo à posteriori,
ou seja depois do ano fechado, quanto mais em tempo real, que seria praticamente impossível.
Daí a grande incerteza em torno de indicadores importantes com o défice público ou outros,
menos solicitados, como o valor dos ativos ou o número de funcionários públicos e seus
vencimentos anuais.
Por outro lado, a exigência dos cidadãos é no sentido de uma maior eficiência dos serviços
públicos, maior qualidade e maior credibilidade e transparência na gestão dos recursos da
comunidade.
Um duro golpe nas espetativas de muitos atores nesta área, que ainda hoje está por explicar.
Diz-se que alguns ministérios e direções gerais, dependentes de fornecedores de software
estrangeiro, ou de desenvolvimentos internos, não iriam conseguir ter tudo pronto no prazo
fixado por lei. E, por isso… alterou-se a lei.
As pessoas são sempre o fator mais importante nestes processos de mudança e uma boa
gestão das expetativas de todos os envolvidos é fundamental. Veremos se a conjugação dessa
gestão com os interesses políticos e com as competências técnicas, vai permitir a velocidade
necessária ao arranque, com sucesso, do novo sistema e cumprir o novo prazo agora fixado
pela lei.
27 de Julho de 2017
https://www.computerworld.com.pt/2017/07/27/snc-ap-e-a-nova-gestao-publica-agora-e-que-e/#A-