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2019-2020

Lógica - Introdução
Lógica - Introdução
O termo lógica deriva do grego logiké (relativo a logos, isto
é, pensamento, razão, discurso), que significa cabalmente o
estudo do pensamento e designa uma das mais antigas
disciplinas filosóficas.

A lógica é caracterizada como a disciplina que procede a um


estudo sistemático das condições de validade do pensamento
e do discurso, avaliando os argumentos, de modo a aferir se
são formalmente válidos ou inválidos.
O que é a Lógica?

A lógica não nos diz que crenças devemos ter, mas sim que
crenças se seguem das crenças que temos. Por outras
palavras, a lógica diz-nos como devemos raciocinar de
modo a garantir que, partirmos de verdades,
chegaremos a verdades.

• Ex:

Se todos os algarvios são portugueses e se a Joana é

algarvia, então a Joana é portuguesa.


Lógica
Lógica

Lógica Formal Lógica Informal

Lógica Proposicional Retórica


Frases e proposições
● Uma frase é uma sequência de palavras que usamos para

exprimir ideias, desejos e emoções, mas também para

implorar ordenar, interrogar, etc.

● Uma proposição é o pensamento literalmente expresso

por uma frase declarativa.


Frases e proposições

Exemplos de Frases:

1. A neve é branca.

2. Quem dera que nevasse no Algarve!

3. Que interessante, a lógica!

4. Passa o sal!

5. Quem telefonou?
Conceitos e termos
Nas proposições afirmam-se ou negam-se relações entre os conceitos. O
conceito é a representação mental, abstrata e unívoca das características
essenciais de um conjunto de seres ou objetos.

O termo é a palavra ou o conjunto de palavras que são usadas para


exprimir o conceito.
Extensão e compreensão de um termo
O termos podem ser considerados a partir da sua extensão e a partir da
sua compreensão.

A extensão é o conjunto de seres ou objetos aos quais um conceito se


aplica. Por, exemplo, a extensão do conceito de cão é o conjunto de todos
os cães. A extensão do conceito pastor alemão, diz respeito apenas a uma
determinada raça de cães. Dessa forma, cão é mais extenso do que pastor
alemão.
Extensão e compreensão de um termo
A compreensão é o conjunto de características, qualidades ou
propriedades, que constituem e definem um conceito. No exemplo
apresentado, pastor alemão tem maior compreensão que cão.

Acerca da relação entre extensão e compreensão podemos afirmar que,


quanto maior for a compreensão de um conceito, menor, será a
sua extensão (e vice-versa).

Pastor Alemão
Compreensão
Cão
Quadrúpede
Mamífero
Extensão
Ser Vivo
Argumentos
● Um argumento é um conjunto de proposições organizadas

de tal forma que se pretende que uma delas, a que

chamamos conclusão, é apoiada por outra ou outras, a que

chamamos premissas.

Ex: Premissas

Todos os homens são mortais


Sócrates é homem
Logo, Sócrates é mortal
Conclusão
Entimemas

● Um entimema é um argumento com uma ou mais

premissas suprimidas. Premissa


suprimida
Ex:

Todos os homens são mortais.


Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal.
Estrutura de uma proposição categórica
Quantificador Sujeito Cópula Predicado

“Alguns filósofos são crentes.”

 Quantificador: Número de elementos tomados em consideração na


proposição. Nesta caso o quantificador é “alguns”.

 Sujeito: aquilo acerca do qual se afirma ou nega algo.


O sujeito deste juízo é “filósofos”

 Predicado: a qualidade ou característica que se afirma pertencer ao sujeito.


O predicado deste juízo é “crentes”.

 Cópula: o elemento de ligação entre o sujeito e o predicado. Representado


pelo verbo ser.
Quantidade e qualidade de uma proposição
A quantidade de uma proposição está relacionada com a extensão em
que o sujeito é tomado.

A qualidade de uma proposição é da pelo seu carácter afirmativo ou


negativo.

Universal

1. Quantidade Particular

2. Qualidade Afirmativa

Negativa
Proposições segundo a quantidade

Classificar os juízos segundo a quantidade é classificá-los segundo a


sua extensão.

Juízos universais
O sujeito é tomado em toda a sua extensão; representa todos
os membros de uma classe.

Ex: Todos os mamíferos são vertebrados.

Juízos particulares
O sujeito é tomado numa parte da sua extensão; só
representa uma parte dos membros de uma classe

Ex: Alguns mamíferos são bípedes.


Proposições segundo a qualidade

A qualidade de uma proposição é a propriedade que ela tem de ser


afirmativa ou negativa. Desta forma, existem dois tipos de proposições
quanto à qualidade:

Afirmativa predicado convém ao sujeito

Ex: Alguns vertebrados são herbívoros.

Negativa predicado não convém ao sujeito

Ex: Alguns seres vivos não têm pulmões.


Tipos de proposições categóricas

Combinando a qualidade e quantidade é possível obter quatro tipos de


proposições:

Universal afirmativa Tipo A Todo A é B

Universal negativa Tipo E Nenhum A é B

Particular afirmativa Tipo I Algum A é B

Particular negativa Tipo O Algum A não é B


Indicadores de premissas e de conclusão
Na linguagem corrente, nem sempre os argumentos são
apresentados na sua forma canónica. Para que seja mais fácil trabalhar
o argumento do ponto de vista lógico, é necessário distinguir
claramente o que são premissas e o que é a conclusão.

Vejamos o seguinte exemplo:

Como os homens são mortais, é forçoso admitir que Sócrates é mortal,


uma vez que é homem.

Na sua forma canónica o argumento é o seguinte:

Todos os homens são mortais


Sócrates é homem
Logo, Sócrates é mortal
Indicadores de premissas e de conclusão
De forma a construir um argumento na sua forma canónica é
necessário compreender o que são indicadores de premissas e o que
são indicadores de conclusão.

Indicadores de premissas: Indicadores de conclusão

- Se… - Então…
- Dado que… - Logo…
- Porque… - Daqui se infere…
- Pois que… - Portanto…
- Atendendo a que… - Assim…
- Pelo facto de… - Por isso…
- Como… - Verifica-se…
- Uma vez que… - Consequentemente…
Valor de verdade
● Porque só as frases declarativas afirmam ou negam algo,

só essas podem ser verdadeiras ou falsas. Isto é, só as

frases declarativas têm valor de verdade.

● O valor de verdade de uma proposição é a propriedade

de ser verdadeira ou falsa e só as frases que exprimem

proposições podem ser verdadeiras ou falsas.


Validade e Verdade
Validade e verdade são conceitos muitas vezes confundidos
como sinónimos, mas em rigor, são bem distintos.
Vejamos as diferenças:

● A validade é uma propriedade dos argumentos.

● A verdade é uma propriedade das proposições.


Validade e Verdade

Assim, apenas os argumentos podem ser válidos ou


inválidos. Por outro lado, apenas as proposições podem ser
consideradas verdadeiras ou falsas.

Dessa forma:

Argumentos não podem ser verdadeiros nem falsos mas


sim válidos ou inválidos.

Proposições não podem ser válidas nem inválidas mas sim


verdadeiras ou falsas.
Definição de validade
● Um argumento é válido quando, em função da sua estrutura, é
impossível ter premissas verdadeiras e conclusão falsa, ou
seja, se o argumento for válido, da verdade das premissas segue-
se necessariamente uma conclusão verdadeira.

Ex: Todos os filósofos são inteligentes


Sócrates é filosófo
Logo, Sócrates é inteligente Argumento
Válido!
Definição de invalidade
● Um argumento é inválido quando, em função da sua estrutura, é
possível ter premissas verdadeiras e conclusão falsa, ou seja,
se o argumento for válido, da verdade das premissas não se
segue necessariamente uma conclusão verdadeira.

Ex: Sócrates é filósofo.


Argumento
Sócrates é inteligente.
Logo, Todos os filósofos são inteligentes
Inválido!
Definição de verdade
Desde os primeiros pensadores, a definição de verdade foi dos conceitos
mais difíceis de definir. As dificuldades do conceito vão ser abordadas no
2º capítulo do programa do 11º ano, mas para já, vamos apresentar
uma primeira definição.

Definição de verdade:

Uma proposição é verdadeira, se e só, está de acordo com o


estado de coisas do mundo real. Por oposição, uma proposição é
falsa, se e só se, não está de acordo com o estado de coisas do
mundo real.
Definição de verdade
Ex:
i) A neve é branca.

A Proposição i) é verdadeira se o actual estado de coisas do mundo


confirmar que a neve é branca. No caso do planeta Terra e de acordo
com a visão humana do mundo a neve é de facto branca. Logo, a
proposição expressa pela frase “a neve é branca” é verdadeira.
Argumentos válidos e argumentos sólidos

Já compreendemos que a validade diz respeito à estrutura dos


argumentos, ou seja, quanto à sua estrutura podemos
categorizá-los como válidos ou inválidos. No entanto,
podemos ainda defini-los como sólidos ou não sólidos.

Um argumento é sólido quando para além de apresentar uma


estrutura válida, as suas premissas foram comprovadas
empiricamente.
Argumentos válidos e argumentos sólidos
Ex:1 Ex2:
Todos os homens vivem na lua Todos os homens são mamíferos
João é um homem João é um homem
Logo, João vive na lua Logo, João é um mamífero

Qual a diferença entre os dois argumentos? Do ponto de vista da forma,


ambos os argumentos obdecem à mesma estrutura e são argumentos
válidos:

Todo A é B
Todo C é A
Logo, todo C é B ARGUMENTO VÁLIDO!!
Argumentos válidos e argumentos sólidos
Mas será igualmente razoável aceitar as conclusões de ambos os
argumentos? A diferença é que no primeiro exemplo a primeira premissa
não é empiricamente verificada, ao passo que no segundo exemplo todas
as premissas se confirmam empiricamente. Assim, podemos afirmar que
ambos são argumentos válidos, mas só o segundo é sólido.

Conclusão: todos os argumentos sólidos são válidos, mas nem


todos os argumentos válidos são sólidos

Inválidos

Não sólidos
Argumentos
Válidos
Sólidos
O quadrado da oposição
Quadrado da oposição
O quadrado da oposição é uma disposição que nos permite
fazer inferências imediatas. Permite-nos representar as
seguintes quatro relações lógicas entre proposições:

1. Contradição;

2. Contrariedade;

3. Subcontrariedade;

4. Subalternidade.
Relação de contraditoriedade

São contraditórias as proposições categóricas que se


opõem em quantidade e em qualidade. Se o valor de
verdade de uma proposição for V, a sua contraditória será
F. Se o valor de verdade de uma proposição for F, a sua
contraditória será V.
Relação de contrariedade

São contrárias as proposições categóricas universais que


se opõem em qualidade. Se o valor de verdade de uma
proposição for V, a sua contrária será F. Se o valor de
verdade de uma proposição for F, a sua contrária terá
valor de verdade indefinido.
Relação de sub-contrariedade

São sub-contrárias as proposições categóricas


paritculares que se opõem em qualidade. Se o valor de
verdade de uma proposição for F, a sua subcontrária será
V. Se o valor de verdade de uma proposição for V, a sua
subcontrária terá valor de verdade indefinido.
Relação de subalternidade

São subalternas as proposições categóricas que se


opõem em quantidade mas não em qualidade. Se o valor
de verdade de uma proposição for V, a sua subalterna
será V. Se o valor de verdade de uma proposição for F, a
sua subalterna terá valor de verdade indefinido.

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