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CAPÍTULO 1 – Volume 1

MATERIAIS PARA
CONCRETO ARMADO

1.1- Introdução
ƒ Concreto: agregados + cimento + água + aditivos.
ƒ Sua resistência depende: do consumo de cimento, fator água-cimento,
grau de adensamento, tipo de agregado.

ƒ Concreto armado = concreto + barras de aço.

ƒ Só existe concreto armado por causa da aderência.


ƒ O concreto protege as armaduras contra a corrosão (desde que sejam
respeitados o cobrimento mínimo e a abertura limite das fissuras).

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Concreto protendido: concreto armado + cabos de aço de alta
resistência, os quais sofrem tensão prévia (protensão).
1) Aplicação da força de 2) Ancoragem e liberação
tração no cabo do cabo

P e P P e P

3) Flexo-compressão
induzida pela protensão
t,P

S Tensões em S + tração
P P

M=Pe - compressão
M=Pe c,P

c,q
4) Carregamento aplicado compressão
à viga -
Tensões em S
q +
tração
t,q

Podem-se escolher P e e de tal modo que c,P+ t,q=0


(protensão total: a seção fica sem tração)

ƒ Vantagens do concreto armado: economia; facilidade de


execução; resistência ao fogo, aos agentes atmosféricos e ao
desgaste mecânico; praticamente não requer manutenção ou
conservação; permite facilmente a construção de estruturas
hiperestáticas (com reservas de segurança).

ƒEstrutura isostática:
transforma-se em
mecanismo.
ƒEstrutura hiperestática:
redistribui os esforços.

ƒ Desvantagens do concreto armado: elevado peso das


construções; dificuldades para a execução de reformas ou
demolições; menor proteção térmica.

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1.2- Concreto em compressão simples
Resistência à compressão: fc

ƒ Ensaios padronizados de curta duração (carregamento rápido).


ƒ Idade padrão do ensaio: 28 dias.
ƒ Corpos de prova: cilíndricos de 15cm x 30cm.
ƒ Verifica-se grande dispersão dos resultados.

f cm = resistência média à compressão.

f ck = resistência característica à compressão.


f ck = f cm − 1,645S
n
∑ ( f ci − f cm )2 (n − 1)
= desvio
S=
padrão
i =1

Resistência de dosagem: f cm = f ck + 1,645S

Na fase de projeto: f cm = f ck + Δf

Grupos de resistência: Classes de resistência:


Grupo I C15, C20, C25, C30, C35, C40,
C45, C50
Grupo II C55, C60, C70, C80, C90

Exemplo: Concreto C20: f ck = 20 MPa aos 28 dias.

NBR-6118:
ƒ Para concreto armado: f ck ≥ 20 MPa.

ƒ Para concreto protendido: f ck ≥ 25 MPa.

ƒ Em obras provisórias e concreto sem fins estruturais: permitido C15.


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A resistência do concreto depende dos seguintes fatores:

ƒ Composição (consumo e tipo de cimento, fator água-cimento)


ƒ Condições de cura (temperatura e umidade)
ƒ Forma de aplicação da carga (ensaio estático ou dinâmico)
ƒ Duração do carregamento (ensaio de curta ou de longa duração)
ƒ Idade do concreto (efeito do envelhecimento)
ƒ Estado de tensões (compressão simples ou multiaxial)
ƒ Forma e dimensões dos corpos de prova
ƒ No Brasil: adotamos o corpo de prova cilíndrico 15cm x 30cm.

Observações:

ƒ Concretos normais: possuem massa específica seca com valor


médio de 2400 kg/m3.
ƒ Peso específico do concreto simples: 24 kN/m3.
ƒ Peso específico do concreto armado: 25 kN/m3.

1.3- Concreto em tração simples


Tração direta f ctm = resistência média à tração
Pu Pu
fct=Pu/A (axial).
A f ctk = resistência à tração
Compressão diametral
característica (axial).
Pu
f ctk ,inf = valor característico inferior
fct,sp=2Pu/(πdh)
(quantil de 5%).
d

h
f ctk ,sup = valor característico superior
Flexão de vigas
(quantil de 95%).

f ctk ,inf ≅ 0,7 f ctm f ctk ,sup ≅ 1,3 f ctm


Pu Pu

h fct,fl=6aPu/(bh2)

b
a a

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⎛f ⎞
CEB/90: f ctm = 1,40⎜ ck ⎟ , MPa
⎝ 10 ⎠ São iguais

EC-2 e NBR-6118:
f ctm = 0,3( f ck )2 3 , se f ck ≤ 50 MPa
f ctm = 2,12 ln (1 + 0,11 f ck ) , se f ck > 50 MPa

CEB/90: f ctm = 0,9 f ct , sp

1,5(h 100)0 ,7
f ctm = f ct , fl
1 + 1,5(h 100 )
0 ,7

onde h > 50 mm é a altura da viga.


Fazendo h = 200 mm, f ctm = 0,7 f ct , fl (como consta na NBR-
6118).

Observações:

ƒ A resistência à tração depende dos mesmos fatores que afetam a


resistência à compressão.
ƒ Ela é desprezada no dimensionamento das estruturas.
ƒ Ela é considerada nas verificações sob as cargas de serviço.

O projeto estrutural compreende duas fases:

ƒ Estados limites últimos: estamos interessados em garantir a


segurança da estrutura contra a ruína; dimensionamos as seções
dos elementos estruturais e as armaduras para garantir a
segurança.
ƒ Estados limites de utilização: devemos verificar o
comportamento da estrutura nas condições normais de uso;
limitamos as flechas e as aberturas das fissuras para as cargas de
serviço.

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1.4- O módulo de deformação longitudinal do
concreto ƒ Módulo tangente
σc 1
Ec ƒ Segundo o CEB/90:
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fc ⎛ f ck + 8 ⎞
Ec = 21500 ⎜ ⎟ MPa
⎝ 10 ⎠
Ecs
1
0,4fc
ƒ Módulo secante:

Ecs = 0,85 Ec
εo εu εc

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NBR-6118/2007:
Expressão retirada do ACI, com
Ec = 5600 f ck , MPa
pequeno arredondamento

NBR-6118/2013:

ƒNo projeto de revisão em curso, já apresentaram diversas tabelas,


mistura de fórmulas do CEB e ACI, etc. Estão perdidos!

ƒA comparação com 424 resultados de ensaio mostra que a melhor


correlação é dada pela equação do CEB/90.

ƒA equação do CEB/90 será usada neste Curso.

Ver artigos sobre o tema em www.editoradunas.com.br/revistatpec


Número 12: “Modelos de previsão do módulo de deformação
longitudinal do concreto: NBR-6118 versus CEB”

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1.5- Relações tensão-deformação para o
concreto
ƒ Diagrama parábola-retângulo

σc
[
ε c < ε o : σ c = f cm 2η − η 2 ]
fcm
ε o ≤ ε c ≤ ε u : σ c = f cm
parábola εc > εu : σc = 0
do 2o grau
η = εc εo

εo εu εc εo = 2 o oo
ε u = 3,5 o oo

(Para concretos do grupo I)

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ƒ Equação do CEB:

⎛ kη − η 2 ⎞ Eε
σ c = f cm ⎜⎜ ⎟ ;
⎟ k= c o ; f cm = f ck + 8 , MPa
⎝ 1 + (k − 2 )η ⎠ f cm

Esta equação mais sofisticada é indicada para a realização de análise


não linear.

O diagrama parábola-retângulo é usado no dimensionamento.

Coeficiente de Poisson do concreto: valor médio = 0,2.

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1.6- Evolução das propriedades do concreto
ƒ As propriedades do concreto em uma idade t dias dependem do tipo
de cimento e das condições de cura (temperatura e umidade). A
temperatura média de referência é 20 oC.

⎧⎪ ⎡ ⎛ 28 ⎞1 2 ⎤ ⎫⎪
f cm (t ) = β cc (t ) f cm ; β cc (t ) = exp⎨s⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎬ CEB/90
⎪⎩ ⎢⎣ ⎝ t ⎠ ⎥⎦ ⎪⎭
f cm = resistência média aos 28 dias.
s=0,20 para cimentos de endurecimento rápido (cimento de alta
resistência inicial CP V-ARI);
s=0,25 para cimentos de endurecimento normal (cimento comum CPI e
cimento composto CP II) ;
s=0,38 para cimentos de endurecimento lento (cimento de alto forno
CP III e cimento pozolânico CP IV).

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ƒ Para temperatura de cura diferente de 20 oC, substituímos a idade


real t pela idade equivalente te:
n ⎡ 4000 ⎤
te = ∑ Δti exp ⎢13,65 − ⎥ ; Δti = número de dias em que a
i =1 ⎣ 273 + Ti ⎦ temperatura foi igual a Ti oC.

Neste exemplo, te>28 dias,


Exemplo: pois houve um aquecimento
em relação à temperatura de
referência.

ƒ Módulo de deformação longitudinal em uma idade t dias:


Ec (t ) = [β cc (t )]1 2 Ec CEB/90

Os efeitos da temperatura no módulo de deformação longitudinal são


considerados tomando-se a idade equivalente.

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EC2:
f ctm (t ) = β cc (t )α f ctm

α = 1 para t < 28 , α = 2 3 para t ≥ 28 .

EC2 e NBR-6118:

Ec (t ) = [β cc (t )]0 ,3 E c Para fck > 50MPa

CEB/90:

Ec (t ) = [β cc (t )]1 2 E c (usado na NBR-6118 para


fck<=50MPa)

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1.7- Resistência do concreto sob carga de longa


duração
Efeito Rüsch: redução da resistência do concreto sob carga de longa
duração. A resistência depende da duração do carregamento.

1.2 Limite de fcm = resistência média aos 28 dias de


resistência idade obtida no ensaio rápido
1.0
A convencional.
0.8
Relação f c/fcm

B fc = resistência obtida.
0.6
Ensaio rápido No projeto limitamos a tensão de
0.4
compressão no concreto em 85% da
0.2 Ensaio muito lento
resistência convencional.
⎛ f ck ⎞
0.0
Deformação σ cd = 0,85⎜ ⎟
⎝ 1,4 ⎠
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1.8 - Comportamento reológico do concreto

ƒ Comportamento reológico: comportamento dependente do tempo.


ƒ Deformações diferidas: deformações dependentes do tempo.
ƒ Fluência: acréscimo das deformações, mesmo para uma tensão
constante.
ƒ Retração: redução de volume do material na ausência de carga
externa.

ƒ A fluência e a retração diminuem se:


ƒ Reduzir o fator água-cimento
ƒ Reduzir o consumo de cimento
ƒ Reduzir a temperatura ambiente
ƒ Aumentar a espessura do elemento estrutural
ƒ Aumentar a umidade do ambiente

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ƒ Efeitos indesejáveis:

aumento das flechas de lajes e vigas; perdas de protensão em


estruturas de concreto protendido; aumento da curvatura de pilares;
fissuração das superfícies externas devido à retração; introdução de
esforços em estruturas aporticadas devidos à retração (e, também, à
dilatação térmica), o que exige a adoção de juntas.

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ƒ Efeitos favoráveis da fluência:

eliminação de concentrações de tensões (em nós de pórticos, por


exemplo) e de tensões impostas por recalques de apoios em estruturas
hiperestáticas.

Formulação do CEB/90:

Considera os principais fatores que afetam a fluência e a retração:

ƒ Composição do concreto: por meio da resistência fcm


ƒ Temperatura de cura
ƒ Umidade do ar
ƒ Espessura do elemento estrutural
ƒ Tipo de cimento
ƒ Idade de aplicação da carga
ƒ Idade ao final da cura (início da retração)

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ƒ Deformação de fluência:

Ec = módulo de deformação aos 28 dias


σ c (to )
ε cc (t ) = ϕ (t , to ) σ c (to ) = tensão aplicada na idade to dias
Ec
ϕ (t, to ) = coeficiente de fluência.

ϕ∞ = ϕ (t∞ , to ) = coeficiente final de fluência

ƒ Caso particular: to = 28 dias:


ϕ RH
ϕ∞ ≅ 8,2 , com fck em MPa;
f ck + 8
1 − RH 100
sendo: ϕ RH = 1 +
0,46(ho 100 )1 3

22
2 Ac
ho = = espessura equivalente
u
Ac = área da seção transversal do elemento.

u = perímetro em contato com a atmosfera.


RH = umidade relativa do ar.

Valores de ϕ ∞ para fck=20 MPa

ho (mm) RH = 50% RH = 70% RH = 90%


50 3,7 2,8 2,0 ƒ Valor médio de
100 3,2 2,6 1,9 referência: ϕ ∞ = 2,5
150 3,0 2,4 1,8
200 2,9 2,4 1,8
250 2,8 2,3 1,8
300 2,7 2,3 1,8

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ƒ Retração

Para f ck = 20 MPa e cimento de endurecimento normal:

ε cs∞ = −63x10 −5 para RH = 50%

ε cs∞ = −48x10 −5 para RH = 70%

ε cs∞ = −20x10 −5 para RH = 90%

Valor adotado nos exemplos numéricos: ε cs∞ = −50x10 −5

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1.9 - Aços para concreto armado

ƒ Barras: obtidas por laminação a quente, sem deformação a frio


posterior, e apresentam um patamar de escoamento no diagrama
tensão-deformação.

ƒ Fios: obtidos por deformação a frio (processo de trefilação) e não


apresentam patamar de escoamento.

Norma brasileira: ABNT. NBR-7480: Aço Destinado a Armaduras


Para Estruturas de Concreto Armado.
Rio de Janeiro, 2007.

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Tabela 1 - Características das barras e fios de acordo com a NBR-7480


Fios Barras Diâmetro Área da Massa Perímetro
nominal (mm) seção linear (cm)
(cm2) (kg/m)
2,4 2,4 0,045 0,036 0,75
3,4 3,4 0,091 0,071 1,07
3,8 3,8 0,113 0,089 1,19
4,2 4,2 0,139 0,109 1,32
4,6 4,6 0,166 0,130 1,45
5 5,0 0,196 0,154 1,75
5,5 5,5 0,238 0,187 1,73
6 6,0 0,283 0,222 1,88
6,3 6,3 0,312 0,245 1,98
6,4 6,4 0,322 0,253 2,01
7 7,0 0,385 0,302 2,20
8 8 8,0 0,503 0,395 2,51
9,5 9,5 0,709 0,558 2,98
10 10 10,0 0,785 0,617 3,14
12,5 12,5 1,227 0,963 3,93
16 16,0 2,011 1,578 5,03
20 20,0 3,142 2,466 6,28
22 22,0 3,801 2,984 6,91
25 25,0 4,909 3,853 7,85
32 32,0 8,042 6,313 10,05
40 40,0 12,566 9,865 12,57

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f y = tensão de escoamento f st = tensão de ruptura

Es = módulo de elasticidade longitudinal


εu = deformação de ruptura
Es = 200GPa (CEB e demais normas internacionais)

Es = 210GPa (NBR-6118: única norma a adotar esse valor)


27

ƒ Categorias das barras de aço: CA-25, CA-50, CA-60.

CA-25: barras lisas (de baixa aderência)


CA-50: barras nervuradas (de alta aderência)
CA-60: fios lisos, entalhados ou nervurados (de alta aderência)

ƒ Diâmetros comerciais:
CA-50: 6,3 ; 8,0 ; 10,0 ; 12,5 ; 16,0 ; 20,0 ; 25,0 ; 32,0 ; 40,0

CA-60: 4,2 ; 5,0 ; 6,0 ; 7,0 ; 8,0 ; 9,5

CA : indica aço para concreto armado. O número indica o valor da


tensão de escoamento característica fyk em kN/cm2.

CA-50: fyk=50 kN/cm2 (=500 MPa)

CA-60: fyk=60 kN/cm2 (=600 MPa)

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ƒ Além do ensaio de tração, as barras de aço devem ser submetidas ao
ensaio de dobramento a 180o sem que ocorra ruptura nem fissuração
na zona tracionada.

ƒ O comprimento de fornecimento das barras e dos fios deve ser de


12m, com uma tolerância de mais ou menos 1%.

ƒ A NBR-7480 exige que as barras nervuradas tenham marcas de


laminação em relevo, identificando o fabricante, a categoria do material
e o diâmetro nominal.

ƒ A identificação dos fios lisos e entalhados CA-60 também deve ser


feita por marcas em relevo. Neste caso, a identificação do fabricante
pode ser feita por etiqueta.

ƒ A identificação das barras CA-25 deve ser feita por etiqueta.

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Tabela 2 - Características exigíveis das armaduras (NBR-7480)


Categoria CA-25 CA-50 CA-60
f yk (kN/cm2) 25 50 60
f st 1,20 f y 1,08 f y 1,05 f y *
ε u ** 18% 8% 5%
Diâmetro do 2φ 1 3φ 1 5φ 1

pino de 4φ 2 6φ 2
dobramento

1
para barras com φ < 20 ; 2 para barras com φ ≥ 20 .
* f st mínimo de 66 kN/cm2.
** ε u é a deformação de ruptura (alongamento)
medida em um comprimento de 10φ .
φ é o diâmetro (em mm)

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1.10 - Considerações sobre o concreto armado
ƒ Só existe concreto armado por causa da aderência.

a) Viga com aderência:


A armadura se deforma,
“arrastada” pelo concreto,
e fica submetida a uma
tensão.

b) Viga sem aderência:


εs=0 A armadura escorrega e
εs>0 fica sem tensão. Neste
caso, o que se tem é uma
a b viga de concreto simples.

31

Concreto entre fissuras: colaboração na rigidez (em serviço)

No dimensionamento: desprezamos o concreto tracionado

32
ƒ Arranjos usuais das armaduras das vigas

seção
transversal

armadura longitudinal de compressão

armadura longitudinal de tração

estribos para
cisalhamento

barra dobrada (ver Cap.6)

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1.11 - A durabilidade das estruturas de concreto


armado

Tabela 3 - Classes de agressividade ambiental

Classe de Agressividade Risco de


agressividade deterioração
ambiental da estrutura
I fraca insignificante
II moderada pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado

34
Tabela 4 - Classes de agressividade ambiental em função das
condições de exposição
Região onde se Tipo de ambiente
localiza a estrutura
Ambientes Ambientes
internos externos
A B C D
Rural I I I I
Urbana I II I II
Marinha II III --- III
Industrial II III II III
Industrial (*) III IV IV IV
Respingos de maré --- --- --- IV
Submersa --- --- --- I
Solo --- --- (**) (***)
(*) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes,
indústrias químicas.
(**) Adotar a classe I se o solo for seco e não agressivo.
(***) Adotar a classe II, III ou IV se o solo for úmido e agressivo.

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Ambiente A: ambientes internos secos (com umidade relativa do ar


menor ou igual a 65%).
Exemplos: interiores de apartamentos residenciais e de conjuntos
comerciais, ou ambientes com concreto revestido com argamassa e
pintura.

Ambiente B: ambientes internos úmidos ou caracterizados por ciclos


de molhagem e secagem.
Exemplos: vestiários e banheiros coletivos, cozinhas e lavanderias
industriais, garagens.

Ambiente C: ambientes externos secos (com umidade relativa do ar


menor ou igual a 65%).
Exemplos: obras em regiões de clima seco, partes protegidas da
chuva em ambientes predominantemente secos.

Ambiente D: ambientes externos úmidos ou caracterizados por


ciclos de molhagem e secagem.
Exemplos: obras externas em geral, partes não protegidas da chuva.

36
Tabela 5 - Exigências de qualidade do concreto em função da
agressividade do ambiente
Concreto Classe de agressividade
Tipo I II III IV
relação água-cimento CA 0,65 0,60 0,55 0,45
máxima (em massa) CP 0,60 0,55 0,50 0,45
classe de resistência CA C20 C25 C30 C40
mínima CP C25 C30 C35 C40
CA: elementos estruturais de concreto armado
CP: elementos estruturais de concreto protendido
Tabela 6 - Cobrimento nominal (cm) das armaduras para concreto
armado - cnom
Elemento Classe de agressividade
I II III IV
Laje 2,0 2,5 3,5 4,5
Viga e pilar 2,5 3,0 4,0 5,0
Em contato 3,0 3,0 4,0 5,0
com o solo
37

ƒ Havendo controle de qualidade rigoroso, os valores da tabela 6 podem


ser reduzidos de 0,5cm, mas a exigência de controle rigoroso deve ser
explicitada nos desenhos de projeto.

ƒ Em todos os casos, o cobrimento nominal de uma determinada barra


deve ser, no mínimo, igual ao diâmetro da própria barra. No caso de
feixes de barras, o cobrimento nominal não deve ser menor que o
diâmetro do círculo de mesma área do feixe (diâmetro equivalente).

ƒ A dimensão máxima característica do agregado graúdo utilizado no


concreto, d max , não pode superar 20% do cobrimento nominal, ou
max ≤ 1,2cnom
seja, d .
Diâmetro equivalente do feixe:
n=3 n=4
n=2 πφ 2 πφe2
As = n =
4 4
barra isolada Feixes de barras
φe = φ n

38
ƒ Diâmetro máximo do agregado graúdo em função do cobrimento
nominal para Classe de Agressividade Ambiental I:

Lajes: cnom=2,0 cm ..... dmax= 24 mm (usar dmax=19 mm


Vigas e pilares: cnom=2,5 cm .... dmax=30 mm no projeto)

ƒ Altura útil d: Vigas e pilares:


d ′ = c + φt + 0,5φ

Lajes maciças:
d′ = c +φ

d = h − d'

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Tabela 7 – Parâmetro d’ para vigas e pilares (cm)


Classe de φ = 10 mm φ = 20 mm
agressividade
I 3,5 4,0
II 4,0 4,5
III 5,0 5,5
IV 6,0 6,5
(Considerando estribos de 5mm)

Tabela 8 – Parâmetro d’ para lajes maciças (cm)


Classe de φ = 5 mm φ = 10 mm
agressividade
I 2,5 3,0
II 3,0 3,5
III 4,0 4,5
IV 5,0 5,5

40
Abertura máxima das fissuras:

ƒ Classe de agressividade I: abertura máxima de 0,4mm;


ƒ Classes de agressividade II e III: abertura máxima de 0,3mm.
ƒ Classe de agressividade IV: abertura máxima de 0,2mm.

ƒ Em casos específicos, esses limites devem ser reduzidos.


Ex.: nos reservatórios, para garantir a estanqueidade.

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SUGESTÕES PARA ESCOLHA DA CLASSE DE


AGRESSIVIDADE AMBIENTAL

Edifícios residenciais e de escritórios situados em


zona urbana, afastados do mar ou de indústrias
poluidoras
1. Interior do edifício

1.1) Dormitórios, sala, cozinha, banheiro, despensa, etc.


Pode-se considerar a classe I para todos os elementos.

1.2) Garagens

ƒ Pode-se considerar a classe I se a garagem for seca.


ƒ Em garagens úmidas, geralmente situadas no subsolo, deve-se
considerar a classe II.

42
I
2. Exterior do edifício
I ou II I
I
2.1) Vigas e pilares de fachada I Interior de
edifício I
Fachada
I

Fig. 1
Apenas as faces externas das vigas e dos pilares de fachada estão
submetidas à ação da chuva. Para essas faces, deve-se considerar a
classe I, nas regiões secas, e a classe II, nas regiões úmidas.

Para uniformizar o projeto, sugere-se o seguinte:


ƒ Se a fachada for rebocada e pintada, ou revestida com pastilhas
cerâmicas ou outro revestimento similar, considerar a classe I para os
elementos estruturais nessa fachada.

ƒ Se a fachada for em concreto aparente, considerar a classe II.


43

2.2) Sacadas

ƒ Para sacadas fechadas, pode-se considerar a classe I (igual ao


interior de apartamento).

ƒ Para sacadas permanentemente abertas, sujeitas a chuvas, deve-se


considerar a classe I, em regiões secas, e a classe II, em regiões
úmidas.

Se a estrutura for rebocada e o piso da sacada for do tipo


impermeável (piso cerâmico ou similar), é possível considerar a classe
I mesmo em regiões úmidas, desde que sejam tomadas as precauções
quanto à drenagem da água da chuva.

44
2.3) Marquises

ƒ Em geral, deve-se considerar a classe II, devido à possibilidade de


acúmulo de água da chuva e infiltração através das fissuras na face
superior, próximo ao engaste.
ƒ Pode-se considerar a classe I, desde que fique claro no projeto a
exigência de impermeabilização da face superior, conforme a fig. 2.

manta impermeável
fissura

Classe II Classe I
Fig. 2

*** Observar o caimento na face superior da marquise, para evitar


acúmulo de água da chuva.

45

I ou II
2.4) Reservatórios superiores Tampa

II
ƒ Para as faces internas das
paredes e do fundo, pode-se
I ou II I I
considerar a classe I (submersa). I ou II

I
ƒ A face inferior da tampa deve ser
considerada como classe II (ambiente
Fundo
interno úmido e caracterizado por ciclos II
de molhagem e secagem: respingos). Fig. 3

ƒ Para a face superior da tampa e as faces externas das paredes, pode-


se ter a classe I, em regiões secas, ou a classe II, em regiões úmidas.

ƒ Para a face inferior do fundo, deve-se considerar a classe II (ambiente


externo úmido, pois geralmente não pega sol).

Sugestão: Considerar, para o reservatório, a classe II.

46
RESUMO:

ƒ Para um edifício situado em zona urbana, longe de indústrias


poluidoras e longe do mar (quanto ?), é possível considerar a classe I,
desde que os elementos estruturais expostos à chuva (vigas e pilares
de fachada, marquises e sacadas) sejam protegidos através de
adequada impermeabilização.

ƒ Em alguns casos, como para as marquises, recomenda-se que tal


exigência de impermeabilização seja explicitada no projeto.

ƒ Para o reservatório superior e para as garagens úmidas, situadas em


subsolo, deve-se considerar a classe II.

47

3. Fundações

Em geral, o solo é úmido, sendo necessário considerar a classe II. Se


o solo for agressivo, deve-se considerar classe III ou IV (fazer análise
química do solo para definir).

4. Muros de arrimo

Neste caso, deve-se considerar o solo úmido, conforme indicado na


fig. 4. Se o solo não é agressivo, pode-se considerar a classe II.

Em todos os casos onde houver contato


da estrutura com solos agressivos, deve-
se avaliar o grau de agressividade para o
enquadramento na classe III ou na classe
IV.

Fig. 4

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