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PASSADO • 19 DE OUTUBRO DE 2001 A 29 DE MAIO DE 2002

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Brasil: corpo e alma

Brasil: Corpo e Alma é uma grande exposição que mostra as artes do Brasil
em duas fases fundamentais de seu desenvolvimento, o Barroco (século 17
ao início do século 19) e o Moderno (dos anos 1920 até o presente). O
Brasil é uma nação caracterizada por sua diversidade, e a mostra apresenta
uma de nição ampla da cultura artística do país, com ênfase nas artes
tradicionais religiosas e seculares, artes dos povos indígenas, contribuições
afro-brasileiras, além de muitas formas visuais modernas e contemporâneas.
de expressão.

A complexidade da cultura visual no Brasil re ete seu vasto tamanho. Maior

que os Estados Unidos continentais, o Brasil se desenvolveu como um
produto de múltiplas camadas de inspiração cultural. Mesmo antes do
primeiro contato com os europeus em 1500, os povos indígenas das regiões
costeiras e do interior criaram formas de adorno pessoal usando penas,
tecidos e bras. O contato com os portugueses, que colonizaram o Brasil e
permaneceram no poder até 1822, trouxe estilos de pintura, escultura e
arquitetura que foram rapidamente adaptados para atender às necessidades
do local tropical. Posteriormente, a imigração de outras regiões da Europa e,
eventualmente, do Leste Asiático, trouxe elementos adicionais de expressão
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cultural que foram tecidos na estrutura da sociedade brasileira. Entre as
tradições mais importantes
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Brasil por artistas estrangeiros no século XVII. Frans Post e Albert Eckhout
criaram as primeiras representações do Brasil tiradas da vida. Eles vieram
para o Brasil em 1636, e trabalharam em uma colônia holandesa de vida
curta estabelecida perto das cidades de Recife e Olinda pela Companhia
Holandesa das Índias Ocidentais. A exposição inclui uma série de obras
importantes de Post que foram descritas como as primeiras paisagens
americanas. As paisagens foram criadas pelo artista durante sua estada no
Brasil e após seu retorno à Holanda.

A maior seleção de arte barroca apresentada na exposição é tridimensional e

feita em madeira. Existem muitos estilos esculturais regionais diferentes. Os
exemplos da Bahia e de outras regiões do Nordeste geralmente são muito
dramáticos. O Rio de Janeiro produziu esculturas so sticadas com
referências a modelos europeus contemporâneos (principalmente
portugueses). As obras mineiras são elegantes e frequentemente pintadas em
tons pastéis. Essa região, que no século 18 enriqueceu com as minas de ouro
e diamantes, foi a casa do mais conhecido escultor barroco do Brasil,
Antônio Francisco Lisboa, também chamado de O Aleijadinho, que está
amplamente representado ao longo da mostra.

Enquanto a maioria das esculturas barrocas da exposição se destinava a ser

vista em igrejas ou capelas, outras são representativas de aspectos mais
privados da devoção, incluindo altares domésticos e santuários portáteis,
chamados oratôrios (oratórios), ou as pequenas imagens de madeira
chamadas ex-votos (um termo latino para algo oferecido ou realizado em
cumprimento de um voto). Os ex-votos doados a igrejas ou capelas são
chamados de milagres (milagres). Freqüentemente, assumem a forma de
partes do corpo - cabeças, corações, mãos, estômagos, seios - o que signi ca
que a pessoa para quem o milagre foi feito foi curada de uma doença
especí ca daquela área do corpo.
Brazil: Body and Soul também contém importantes exemplos da pintura
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barroca. A maioria deles
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um dos muitos santos negros venerados no Brasil. Essas peças atestam a
importância do impacto da África na sociedade brasileira.

A fase posterior da arte barroca brasileira, o Rococó, é caracterizada por uma

forma decorativa viva. Os estilos de pintura, escultura e arquitetura rococó
sobreviveram até as primeiras décadas do século 19, após os quais os artistas
adotaram novas formas europeias, como o neoclassicismo e o romantismo.
Em 1900, São Paulo havia se tornado o centro econômico e industrial do
Brasil devido ao comércio de café. A imigração em grande escala da Europa
e, eventualmente, do Japão, foi responsável pelo rápido crescimento da
cidade. Foi em São Paulo que surgiu o movimento modernista na década de
1920, a partir do famoso festival de artes Semana de arte moderna(Semana
de Arte Moderna) organizada no Teatro Municipal em fevereiro de 1922.
Entre os artistas mais importantes que surgiram nessa época estavam os
pintores Emiliano Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo Monteiro e o escultor
Victor Brecheret. Todos eles passaram um tempo na Europa,
especi camente Paris, estudando as últimas tendências da arte moderna.
Também faz parte desse grupo a mais célebre modernista, Tarsila do Amaral.
Tarsila, como é invariavelmente chamada no Brasil, passou vários anos em
Paris com os amigos e professores Constantin Brancusi, Albert Gleizes,
Fernand Léger e André Lhote. Um estilo individual desenvolvido nas
pinturas de Tarsila executadas entre 1923 e 1930 que mesclou o cubismo, o
purismo e outras tendências contemporâneas com temas e cores
distintamente brasileiros. Mais tarde, ela se voltou para o realismo social,

A arte dos anos 1930 foi marcada, em parte, pela conjuntura política do
Brasil. O presidente Getúlio Vargas chegou ao poder após um golpe militar.
Sua ditadura, conhecida como Estado Novo , buscou fomentar o orgulho
nacional entre os cidadãos, inclusive artistas como Cândido Portinari, cujas
pinturas de trabalhadores rurais sintetizavam o realismo social da época.
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paisagens de Minas Gerais possuem uma qualidade de sonho.
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A evolução da pintura e da escultura com base em proporções geométricas
estritas, denominada arte concreta, começou no início dos anos 1950. A arte
concreta - desenvolvida por Luis Sacilotto, Mary Viera, Franz Weissmann e
outros - manifestou o engajamento brasileiro com uma variedade de
tendências internacionais. Um grande estímulo para os artistas brasileiros na
década de 1950 foi a criação da primeira Bienal de São Pauloem 1951 e o
aumento da visibilidade da arte europeia contemporânea. No nal da década
de 1950, a rigidez da exatidão geométrica e a abordagem intelectualizada da
arte concreta deram lugar à próxima fase da arte moderna no Brasil. A arte
neoconcreta foi praticada por Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape, que

defendiam a importância de um maior dinamismo e de um engajamento

físico interativo entre as obras e o público. Suas peças geralmente assumiam
a forma de roupas ou outros itens que as pessoas podiam tocar e
experimentar.

O panorama da arte moderna brasileira também inclui a obra de muitos

mestres que estão fora das categorias históricas convencionais (muitas vezes
eurocêntricas) da arte. Arthur Bispo do Rosario, artista visionário que criou
capas, faixas e outras peças têxteis esplendidamente enigmáticas, não teve
formação artística e desenvolveu seu trabalho como paciente na Colônia
Juliano Moreira para doentes mentais no Rio de Janeiro. Outros artistas
empregam a religião como a força por trás de suas inovações. Mestre Didi e
Ronaldo Rego estão associados às religiões afro-brasileiras do Candomblé e
Umbanda, respectivamente, e seus objetos e construções são carregados
espiritualmente de uma forma altamente emocional.

Artistas brasileiros contemporâneos formaram parte integrante da cultura

artística internacional nos últimos anos. Brasil: Corpo e Alma não apresenta
uma visão abrangente dos desenvolvimentos da última década. A seleção de
artistas contemporâneos pretende sugerir algumas das muitas estratégias
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artísticas e vocabulários visuais usados hoje - instalação, escultura, fotogra a
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constituem elos críticos em um diálogo fundamental com a narrativa
contínua e uida de expressão artística no Brasil.

—Edward J. Sullivan, Curador

O Museu Solomon R. Guggenheim agradece a ajuda da BrasilConnects.
Esta exposição foi viabilizada pela generosidade dos Amigos do BrasilConnects.

Catálogo

PUBLICADO EM 2001

Brasil: corpo e alma

Editado por Edward J. Sullivan

Com contribuições de Nelson Aguilar , Emanoel Araújo , Affonso Ávila , Cristina Ávila ,
Rebecca Parker Brienen , Haroldo de Campos …

HORAS