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7/4/2019 » As secas como modos de enredamento

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CLIMACOM CULTURA CIENTÍFICA - PESQUISA, JORNALISMO E ARTE | ANO


01 - VOLUME 01

As secas no sertão central cearense e no

como
Vale do rio Jaguaribe –-, como
antropólogo que estuda as relações

modos de entre as sociedades e o meio

enredamento
ambiente, há mais de uma década.
Minhas visões e pensamentos sobre
a seca são, consequentemente,
Introdução decorrências destas minhas
experiências etnográfico-
 Como todo desastre, as secas não sertanejas.
são “coisas”, mas sim processos.
Diferentemente das demais  
categorias de desastre, por sua
vez, as secas se caracterizam por Os tempos da
ausências, e não pela presença seca
inconveniente de algo fora do lugar
Uma marca distintiva muito
(como são tornados, furacões e
característica de uma seca é sua
inundações, por exemplo). É essa
temporalidade: ao mesmo tempo
dimensão de ausência que afeta
distendida, incerta e cíclica. Aqui
todas as coisas e relações do
se sobrepõem três escalas
contexto em que ocorre e que faz
temporais: num plano mais
da seca, mais do que algo, um
estendido, as secas são parte da
campo de possibilidades, e,
variabilidade natural, cíclica, dos
portanto, um campo de embates
ecossistemas. Ao mesmo tempo, na
matizado por distintos graus de
escala das estações, são
incerteza, o que pretendo analisar
fenômenos insuportavelmente
neste texto. Ou seja, proponho-
lentos. E em escala temporal ainda
me, aqui, a pensar as dimensões
mais reduzida, da vivência
ontológicas das secas – no seu viés
cotidiana do tempo
mais específico das corporalidades
(meteorológico), é marcada por um
e materialidades –, dentro de um
alto grau de incerteza – é
panorama mais amplo do estudo
praticamente impossível
das relações entre o meio
estabelecer quando se inicia ou
ambiente, a cultura e a política no
quando se encerra uma seca.
Brasil.
Um ícone da dimensão de longo
Venho trabalhando no sertão
prazo, no contexto do sertão, é a
nordestino – mais especificamente

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vegetação xerófila da caatinga – política do desastre tem raízes na


aquela formada por espécies cujas importação e imposição forçada de
folhas verdes desaparecem na um regime de ocupação do
estação seca e retornam, na forma território oriundo de terras com
de explosão, nos primeiros dias de outros regimes de variabilidade
chuva –, adaptada ao ciclo de ecossistêmica: o nomadismo,
variação dramática dos níveis de forma mais comum de adaptação
umidade. Pensando em termos de da vida a ambientes áridos e
tempo de transformação biológica semiáridos ao redor do mundo, e
no processo de adaptação orgânica praticado por populações de
dos seres vivos às variações do animais e de indígenas da região, é
ecossistema (ou seja, no tempo desarticulado com a introdução,
necessário para que os organismos pelo invasor português, do regime
se transformem e se adaptem ao de propriedade particular da terra,
ambiente), vemos que a ocorrência o que privatizou também as fontes
cíclica das estiagens não é de água. A história do embate
novidade no sertão nordestino há entre os portugueses e as secas é a
pelo menos dezenas de milhares de pedra fundamental da história
anos. Como elemento típico do política colonial da região
ciclo natural da região, coloca-se Nordeste: Pero Coelho de Souza
aqui um primeiro questionamento: chegou à costa cearense em 1603,
se a seca, em sua dimensão e foi obrigado a abandonar a região
biofísica, é um elemento ordinário em 1607, por causa,
do ecossistema, em que sentido principalmente, de uma seca
ela se configura como desastre? (GIRÃO, 1947).
Poderíamos dizer, sob a inspiração
do conceito de acidentes normais,  
cunhado por Charles Perrow
(1999), que as secas são desastres O(s) corpo(s) do
ordinários (TADDEI, 2014a). Esse desastre
termo é interessante porque,
As disputas simbólicas sobre como
enquanto o termo normal evoca
representar o ambiente devem ser
uma dimensão ao mesmo tempo
tomadas em seu viés performático
estatística e psicológica (ligada às
(TADDEI, 2013), ou seja, em sua
expectativas do senso comum), o
dimensão mais propriamente
conceito de ordinário, oriundo de
constitutiva, em razão do fato de
ordem, ressalta a dimensão
que, para poder manipular política
sociopolítica.
e economicamente a seca, é
Não há nada de novo aqui: as secas preciso fazê-la existir como
são mais desastres políticos do que elemento político e/ou econômico.
a “natureza que (supostamente) Ou seja, o que estou afirmando é
saiu do seu curso”. Há, nesse caso que não há nada inerentemente
em particular, detalhes históricos biofísico, político ou econômico em
relevantes que precisam ser uma estiagem; é o choque entre os
mencionados para que se entenda fluxos variáveis de substância e
como se constituem tais desastres. energia do meio ambiente contra
No caso do sertão, a dimensão os sistemas humanos (e não

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humanos) de pensamento e verde durante a estiagem. Não é


organização do mundo que de se estranhar, desta forma, que
“precipitam” a seca enquanto a árvore seja um símbolo mais
coisa com a qual se pode conveniente à ordem instituída:
relacionar – ou seja, a seca é duas das mais importantes cidades
“inventada” da mesma forma como do interior do Nordeste, Juazeiro
a cultura o é, na concepção dada da Bahia e Juazeiro do Norte, no
ao termo por Roy Wagner (2010). É Ceará, levam seu nome (há ainda a
nesse sentido que a seca se cidade de Juazeiro do Piauí, de
transforma em um modo de menor porte). Conforme afirmei
enredamento, ou em um em outro ocasião,
emaranhado de linhas de devir
(INGOLD, 2011), como descreverei O juazeiro, então, é
a seguir. […] convenientemente
capturado por lógicas
No que tange tanto às e discursos exógenos à
corporalidades quanto às vida na caatinga:
materialidades, é interessante ver aves, insetos e
como se dão os embates simbólicos animais migram; o
sobre o espaço sertanejo, e de que juazeiro não migra,
forma a materialidade dos corpos porque não pode.
se transforma nos símbolos que Quem migra, migra
codificam redes e processos porque pode. No caso
políticos mais amplos. Tomemos o da história do Ceará,
caso de uma árvore e de uma ave: uma das
o Juazeiro e a Asa Branca. manifestações desse
fenômeno era a
A ave simboliza a migração em propriedade de terras
época de estiagem, como vemos no no Maranhão por parte
trecho da famosa canção de Luiz dos fazendeiros do
Gonzaga: estado, de modo que o
Inté mesmo a asa gado fosse para lá
branca transferido na
ocorrência de secas. O
Bateu asas do sertão gado era beneficiado
com a possibilidade da
Então eu disse, adeus mobilidade, enquanto
Rosinha grande parte da
Guarda contigo meu população sertaneja
coração era abandonada à
própria sorte. Salvava-
(Gonzaga; Teixeira, se, assim, o que
1989). importava à elite
cearense: as vacas e
O Juazeiro, por sua vez, simboliza as formas de domínio
a capacidade de resistência à da terra. Tais formas
variabilidade do clima. Por não ser de uso da terra,
parte da vegetação xerófila da introduzidas pelo
caatinga, o juazeiro se mantém

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colonizador português impactar as finanças estaduais,


na forma de reage na direção contrária: evoca
propriedade privada, e incertezas, questiona ansiedades
a decorrente injustificadamente adiantadas no
privatização das tempo etc.
fontes de água, são
coisas que reduzem Se a barreira do governo estadual é
dramaticamente a quebrada, declarações de
mobilidade humana, emergência são reconhecidas pelo
para o desastre Estado e enviadas à Coordenação
coletivo de todo o Nacional de Defesa Civil, no
semiárido. O juazeiro Ministério da Integração Nacional
se coloca como outro (TADDEI; GAMBOGGI, 2010). As
fluxo energético, de declarações chegam em fluxo
contracorrente, por caudaloso, e em Brasília são
assim dizer, e mais recebidas com frieza e resistência:
perigoso. secretários e ministros irão
mencionar a “indústria das secas”
(Taddei, 2014b, p. e a exploração política do impacto
602). emocional das imagens
sensacionalistas veiculadas pela
No que diz respeito às dimensões imprensa sobre a opinião pública
temporais de mais curto prazo – do Sudeste e do Sul (estando esta,
tanto o desenrolar lento quanto a concomitantemente, segura de que
incerteza a respeito da sua efetiva o Bolsa Família é parte de cínicas
ocorrência – tomemos o fato de manipulações eleitoreiras que têm
que todas as secas nascem de nas secas seu principal
fórceps: no sertão cearense, se as combustível).
chuvas não se establizaram até o
final de janeiro, começa-se a falar No entanto, nada disso é possível
em secas nos meios rurais, como sem a interpelação de corpos e
forma de preparação da materiais: o agricultor leva o
organização política necessária fotógrafo do jornal da capital até o
para mover as engrenagens dos pé de milho ressecado, ou ao
sistemas de ajuda governamental. cadáver ressecado do boi, na beira
As lideranças locais começam a da estrada (que pode ter sido
pressionar vereadores e prefeitos, atropelado; a secura do cadáver,
que começam a contatar políticos no entanto, cumpre a função de
na Assembleia Legislativa, em indexar e iconizar a secura da
Fortaleza, na tentativa de chegar atmosfera). O governo evoca
ao governador e ao secretário de estatísticas, leis, relatórios
agricultura; ao mesmo tempo, técnicos, medições feitas com
começam a acionar a imprensa, equipamentos sofisticados. Surgem
elemento fundamental na coisas como seca verde, seca
articulação política para afetar as hidrológica, seca climatológica,
ações do governo. O governo categorias estatísticas de chuva
estadual, no entanto, temendo (como “abaixo da media
uma avalanche de declarações de histórica”): tudo embasado por
situação de emergência, que pode argumentação técnica impecável,

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e ainda assim entendida, por boa esta altura efetivamente


parte da população sertaneja, enredados, tem que lidar.
como malabarismos conceituais no
intento, por parte do governo, de  
evadir-se da obrigação de
mobilizar recursos e tomar Hemorragia
decisões necessárias, mas custosas
A relação entre temporalidade,
(TADDEI, 2006). Afinal, dinheiro
materialidade e corporalidade está
gasto em mitigação de impactos
presente em outras estratégias
não deixa marcas físicas (e,
performáticas de plasmar a seca
portanto, não gera os rituais
enquanto coisa palpável. O tipo de
políticos oficiais preferidos da elite
solo dominante no sertão cearense,
política do sertão, as inaugurações,
de natureza arenosa, faz com que
não trazendo, assim, dividendos
a água da chuva se infiltre nele
políticos), e é menos dinheiro para
com muita rapidez, e igualmente
a “modernização” do estado, tão
escoe em direção ao mar, nos rios,
necessária quanto incompleta
em pouco tempo. Por essa razão,
(TADDEI; GAMBOGGI, 2011).
os rios cearenses só tem vazão
  natural na época das chuvas. Antes
da construção de açudes, que hoje
são mais de 3 mil no estado, o
Ceará só possuía rios
intermitentes. Demócrito Rocha,
importante poeta, jornalista e
político da primeira metade do
século 20 no estado, comparou o
rio Jaguaribe, maior rio do Norte
do Nordeste, a uma veia aberta,
em hemorragia, demandando uma
pinça hemostática que a estanque.
O poema onde isso se encontra
descrito está reproduzido no
mirante do açude de Orós, ao lado
da estátua de tamanho natural de
Juscelino Kubitschek, em cujo
governo a açude foi construído.

Figura 1 – Cadáver ressecado do boi | Foto: Douglas Ma

Ou, ao contrário, é o governo que


mobiliza as fotos, e os agricultores
(pelo menos os que não estão no
governo) quem evocam medições e
leis, isso pouco importa: no final
do processo, a seca é plasmada
enquanto sujeito político com o
qual todos os demais sujeitos, a

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pessoas. O segundo é que, uma vez


efetivamente construído, o açude
não possuiu válvula de liberação de
água até 1980, quando então
passou a perenizar o rio Jaguaribe.
Ou seja, por duas décadas a água
apenas entrava no açude, e da lá
não saía (sendo usada pelos
municípios localizados à sua
margem, portanto).

A ideia de hemorragia que precisa


ser contida se reproduz
continuamente nos embates e
conflitos ligados à água no estado.
Nos anos de 2008 e 2009, um
volume grande de chuvas encheu o
açude do Castanhão, o maior do
estado. No entanto, todo grande
açude tem não apenas a função de
acumular água, mas também de
controlar cheias, ou seja, de
conter a enchente que devastaria o
vale a jusante da represa. Estando
cheio, o Castanhão havia perdido,
assim, a capacidade de controlar
cheias. Em razão disso, a,
Companhia de Gestão dos Recursos
Hídricos (COGERH), agência
estadual de gestão de águas, em
cooperação com o Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS), decidiu liberar água do
açude. A população do vale, e os
políticos locais, em particular,
imediatamente se levantaram
Figura 2 – Estátua de Juscelino Kubitschek com poema
contra a ação da agência,
Há dois detalhes interessantes na atacando-a na imprensa local e
história do açude de Orós, ambos estadual.
ligados à ideia de represamento O fenômeno se repete em distintas
como “pinça hemostática”, e seu escalas, como exemplifica o caso
fracasso como hemorragia: o que me foi narrado por um
primeiro é o fato de que, durante a engenheiro do município de
sua construção, pouco após a meia Limoeiro do Norte. Em
noite do dia 26 de março de 1960, determinada época, ele fora
a parede do açude rompeu-se e contratado pelo governo do estado
inundou todo o baixo vale do rio para a construção de poços
Jaguaribe, afetando 170 mil artesianos movidos à base de rodas

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de vento (moinhos). Numa disso, em como entender as formas


determinada região do município como populações se relacionam
de Canindé, a construção do poço com a água, e como atuar sobre
e da roda de vento foi isso de modo a lidar com
comemorada pela comunidade. O problemas de abastecimento, e
engenheiro seguiu então para a aqui há toda a diferença do mundo
próxima localidade; em alguns entre o uso racional e o uso
minutos, uma senhora da emocional ambientalmente feliz.)
comunidade anterior chega
correndo, tomada de ansiedade, Uma forma de entender o(s)
dizendo que a roda de vento tinha enredamento(s) que aproxima(m) e
problemas. O engenheiro volta à põe(m) em relação corpos de
comunidade, e lá descobre que o gentes, animais e plantas,
problema é que, por ser simples e previsões científicas, coberturas
mecânica, a roda de vento não jornalísticas, ações oficiais de
podia ser “desligada”, e em função mitigação e os elementos, no
disso a água era bombeada processo que plasma a seca e ao
continuamente. Ao entender esse mesmo tempo configura os mesmos
fato, a comunidade mostra-se corpos, previsões, coberturas e
horrorizada: a primeira pior coisa ações como marcados por ela, é
do mundo era não ter água; a ver isso tudo como uma grande
segunda era desperdiçá-la. No final ecologia emocional. Cada
do relato, o engenheiro tinha os elemento do todo é indutor de
olhos mareados de lágrimas. certas configurações afetivas e
certas gramáticas emocionais. O
  enredamento põe em contato
gramáticas muitas vezes
Conclusão: o uso contraditórias, e, ao fazê-lo,
emocional da reconfigura as redes envolvidas.
água Tomemos a questão da resiliência,
Estou convencido de que não se por exemplo. Nossas capacidades,
usa a água racionalmente, como estratégias e ferramentas
querem os técnicos; nem de forma ambientais, bem como nossas
consciente, como querem os expectativas e medos, são
jornalistas. Dada a sua condição de profundamente marcadas pelas
elemento visceral, a água se usa, e relações que temos com o Estado
só pode ser usada, (TADDEI; GAMBOGGI, 2010). No
emocionalmente. O que ocorre é momento em que este texto está
que há usos emocionais mais ou sendo escrito, uma seca de grandes
menos ambientalmente felizes. proporções castiga a maior região
(“Dá no mesmo”, diria um metropolitana do País, a cidade de
hidrólogo. Talvez, mas ainda assim São Paulo e seu entorno, desde a
só se restringirmos nossa visão a segunda metade do ano de 2013. A
um elemento apenas, dentro de principal diferença entre a
um todo complexo: a quantidade experiência sertaneja e a
de água acumulada nos paulistana, no que diz respeito à
reservatórios. Pensemos, ao invés forma como os habitantes destas
regiões vivem a seca, é a

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quantidade e os tipos de ajuda a viver o ambiente, e não


intermediários técnicos, políticos e nos ajuda a viver crises
emocionais entre os sujeitos e o ambientais. No cenário dos
ambiente. impactos previstos das mudanças
climáticas, São Paulo precisa de
Tomando como referência a outras formas de enredamento.
dimensão emocional da questão, o
que se vive no Sudeste brasileiro
no segundo semestre de 2014 é Referências
algo verdadeiramente excepcional:
Albuquerque Junior, D. M. A
a seca parece ter cruzado
Invenção do Nordeste e Outras
fronteiras geográficas e, em
Artes. São Paulo: Cortez, 1999.
decorrência disso, cruzou
 
fronteiras igualmente imaginárias,
GIRÃO, R. A História Econômica
sociais, culturais e políticas. No
do Ceará. Fortaleza: Instituto do
Brasil, por razões históricas e como
Ceará, 1947.
fruto de complexas engenharias
 
ideológicas e imaginárias
Gonzaga, L.; Teixeira, H. Asa
(Albuquerque Junior, 1999; Neves,
Branca. São Paulo: RCA/BMG,
1998, 2000; Taddei; Gamboggi,
1989 [1947]. 1 CD.
2009; Villa, 2000), as secas são
 
entendidas como ícones de
INGOLD, T. Being Alive: Essays on
pobreza e, ao mesmo tempo, da
Movement, Knowledge and
região Nordeste, onde está a maior
Description. London: Routledge:
concentração de pobreza no País.
2011.
O fato de uma grande seca assolar
 
a cidade mais rica do Brasil é
NEVES, F.C. A Multidão e a
sentida por muitos paulistanos
História. Rio de Janeiro: Relume
como sendo quase uma “insolência
Dumará, 2000.
climática”. Ao invés de apenas
______. Economia Moral Versus
buscar as razões atmosféricas para
Moral Economia (Ou: O que é
o evento extraordinário, ao longo
economicamente correto para os
desse texto procurei demonstrar
pobres?). Projeto História, v. 16,
que é igualmente relevante
p. 39-57, 1998. Disponível em:
perguntar: mas afinal, quem foi
<http://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/v
que colocou tais fronteiras onde
Acesso em: 11 nov. 2014.
elas se encontra(va)m? E que
 
formas de enredamento tais
Perrow, C. Normal Accidents:
fronteiras induziram ao longo da
Living with High Risk Technologies.
história? Parte importante da
Princeton: Princeton University
escalada de ansiedade quanto à
Press, 1999.
possibilidade de não ter mais água,
 
vivida pelos paulistanos desde pelo
TADDEI, R. Oráculos da Chuva em
menos o final de 2013, deve-se ao
Tempos Modernos: Mídia,
fato de que o Estado e suas
Desenvolvimento Econômico, e as
agências têm atuado como
Transformações na Identidade
indutores de uma gramática
Social dos Profetas do Sertão. In:
emocional perversa, que não nos
Martins, K. P. H. (org.). Os

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Profetas da Chuva. Fortaleza:  


Tempo D’Imagem, 2006. ______. Introdução. In: TADDEI,
  R.; Gamboggi, A. L. (org.). Depois
______. Anthropologies of the que a chuva não veio – Respostas
Future: on the social sociais às secas na Amazônia, no
performativity of (climate) Nordeste, e no Sul do Brasil.
forecasts. In: Kopnina, H.; Fortaleza: Fundação Cearense de
Shoreman-Ouimet, E. (ed.). Meteorologia e Recursos Hídricos /
Environmental Anthropology: Instituto Comitas para Estudos
Future Directions. London: Antropológicos, 2010.
Routledge, 2013.  
  ______. Marcas de uma
______. Sobre a invisibilidade dos democratização diluída:
desastres na antropologia modernidade, desigualdade e
brasileira. WATERLAT-GOBACIT participação na gestão de águas no
Network Working Papers, Ceará. Revista de Ciências
Thematic Area Series SATAD, TA8 – Sociais, Fortaleza, v. 42, n. 2, p.
Water-related Disasters, 8-33, 2011. Disponível em:
Newcastle upon Tyne and São <http://www.rcs.ufc.br/edicoes/v42n2/rcs_v42n2a1.p
Paulo, v. 1, n. 1, p. 30-42, sept. Acesso em: 11 nov. 2014.
2014a.  
. Villa, M. A. Vida e Morte no
______. Ser-estar no sertão: Sertão. São Paulo: Ática /
capítulos da vida como filosofia Instituto Teotônio Vilela, 2000.
visceral. Interface – Comunicação,  
Saúde, Educação, Botucau, v. 18, WAGNER, R. A Invenção da
n. 50, p. 597-607, jul./set. 2014b. Cultura. São Paulo: Cosac Naify,
Disponível em: 2010.
<http://www.scielo.br/pdf/icse/v18n5
5762-icse-1807- [1] Professor adjunto do
576220130777.pdf>. Acesso em: 11 Departamento de Ciências do Mar
nov. 2014. e no Programa de Pós-Graduação
  em Ciências Sociais na
TADDEI, R.; Gamboggi, A. L. Universidade Federal de São Paulo
Gender and the Semiotics of (Unifesp). Doutor em Antropologia
Political Visibility in the Brazilian pela Universidade de Columbia,
Northeast. Social Semiotics, v. 19, Nova York. E-mail:
n. 2, p. 149-164, june 2009. renzo.taddei@unifesp.br.

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