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ENSAIO ABORDANDO ASSUNTOS DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA

Aline Duarte Maurício

1. INTRODUÇÃO

Segundo Ferreira, 2001, a Geografia Agrária se dispõem no conhecimento sobre o espaço


terrestre e suas várias formas de exploração. Como cultivo de alimentos, as técnicas usadas
para esse fim, o seu papel na economia do país, a influência sócio-espacial que exerce sobre o
meio ocupado. Ou seja, os agentes que atuam na produção agrícola bem como as questões
sociais envolvidas.

Nesta disciplina de Geografia Agrária, ofertada pela Profª. Drª Elisângela Gonçalves
Lacerda. Foram abordados assuntos referente a Geografia Agrária do Brasil. Principalmente a
questão da Reforma Agrária. A luta de movimentos sociais pelas distribuição de terras para
população de maneira igualitária. As disputas entre fazendeiros e camponeses o que levam,
muitas vezes, à extremas ações. E a maneira como se produz o alimento a partir da Revolução
Verde e seus impactos para sociedade.

Este ensaio estar estruturado em tópicos de assuntos abordados no estudo de Geografia


Agrária. Abordaremos sobre a Reforma Agrária no Brasil e em especial, a questão agrária em
Roraima. Posteriormente as lutas de movimentos sociais , principalmente do MST
(Movimento Sem Terra). A Revolução Verde no Período da Guerra Fria. A importância da
Carta de Punta del Este para a integrar os países da América na área política, econômico,
social e cultural. Uma breve explicação sobre o Ciclo da borracha no Brasil. Por fim a
conclusão de todo assunto exposto neste trabalho.

2. A CONSTRUÇÃO DA REFORMA AGRÁRIA NO PERÍODO MILITAR

A Reforma agrária no Brasil se realizou na forma de pressão populacional, com toques de


revoltas. A primeira lei de reforma agrária no Brasil, Foi aprovada pela Lei nº4. 504, de 30 de
novembro de 1964, no Estatuto da Terra. Tinha como objetivo preservar o direito a
propriedade da terra, dificultando as expressões de movimentos sociais.

O então presidente da época, João Goulart - para conseguir aceitação dos militares teve
que ceder às exigências como limitar o parlementarismo - restruturou o presindecialismo,
fortaleceu o poder executivo (RODRIGUES, 2017). Porém, por se amigar a sindicatos e
partidos de esquerda tendo um comportamento dúbio, em março de 1964, o general Olímpio
Mourão Filho comandou tropas em direção ao Rio de Janeiro e instauraram o regime militar.
Acabando com o poder opositor, censuras de meios de comunicação, e reprimindo qualquer
movimentos social.

2.1 Contexto agrário em Roraima

Em Roraima, boa parte das terras são distribuídas em unidades de preservação. Como
as áreas indígenas, unidades de conservação ambiental e áreas militar (devido a localização de
território de fronteira). Segundo o Censo Agropecuário de 2017, para a questão agrária
(principalmente para grandes proprietários de terra) tem menor numero de estabelecimentos
agropecuários em comparação aos demais estados do Brasil.

A criação de colônias agrícolas em Roraima se deu pela necessidade de possibilitar o


acesso a terra à famílias de trabalhadores rurais. Assim, permitindo a produção de alimentos
como meio de sustento de várias famílias agrícolas.

As primeiras colônias agrícolas foram: Fernando Costa (município de Mucajaí), Brás de


Aguiar (Cantá) e Coronel Mota (Taiano, em Boa Vista). Foram implantas na década de 1940.
Para suprir o crescimento da demanda de alimentos devido a criação do Território Federal do
Rio Branco.

Na década de 1970, foram criado projetos de Assentamentos rurais em Roraima.


Aumentando a população de Roraima para 75 mil habitantes. Atualmente, o Estado possui 67
projetos de assentamentos destacando o município de Rorainópoles com 19 projetos. E as
disputas pela conquista de terras não possuem tanta pressão diante das outras regiões do
Brasil.

Os principais produtos produzido em Roraima na área de fruticultura são: banana,


melancia, limão e abacaxi. Na produção de grãos se destaca a soja e arroz. E na pecuária
criação de gado para produção de leite e disponibilidade de carne bovina.

3. MOVIMENTOS SOCIAIS IMPORTANTES

Entre os movimentos sociais mais importantes estar os da Liga Camponesa e Movimento


dos Agricultores Sem Terra (MASTER). Que foram extintos, mas deixaram heranças de lutas
valiosas (PEREIRA, 2015). Como a Liga dos Camponeses forem responsáveis por travar
grande pressão pela Reforma agrária e apresentando propostas para o futuro do país. E o
MASTER que, em 1962, nas suas ações organizaram acampamentos para objetivarem a luta
por terras, assim, denunciar as concentrações de terras.
3.1 Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Outro movimento importante é o Movimento Sem Terra (MST). desde o nascimento, em


1984, luta pelas questões de trabalhadores do campo e principalmente por uma Reforma
Agrária mais eficiente para população rural. Na constituição de 1988, art. 170, que assegura a
terra para exercer sua função social. Assim, o MST, buscam terras sem desocupadas sem
função alguma para sociedade. Através da agroecologia, a produção é totalmente orgânica
dando uma importante função para essas terras. Algumas terras são da União, mas outras
pertencem a fazendeiros que já possuem suas riquezas e monopólio.

Riquezas essas herdadas pelo “pai da desgraça brasileira”, quero dizer, pelo histórico de
desigualdades que sempre beneficia a elite, e deixa os ‘restos” com a ralé trabalhadora. Na
distribuição de terras no Brasil não é diferente. As classes menos favorecidas como escravos,
ex-escravos ou homens livres de classes com menos recursos teriam maiores dificuldades à
posse da terra.

Apesar de propagarem noticias falsa como terroristas e de violências e ainda levarem


acusações de ladrões, invasores. Esses trabalhadores se preocupam com a meio ambiente e
com qualidade dos alimentos produzidos por eles. Pois trabalham em forma de cooperativas,
pagam impostos, e se preocupam com a educação da comunidade e com a saúde alimentar.
Prova disso é o prêmio de maior produtor de arroz orgânico da América Latina.

Se não e o bastante expulsarem esses pessoas de terra onde produzem alimentos de


qualidade e ajuda no desenvolvimento da igualdade econômica. Arrancando suas vidas é a
solução. No período de 1985 até os dias atuais, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), registrou
50 massacres que vitimaram 247 pessoas em dez estados brasileiros. Crimes de como esses
são poucos conhecidos e só tiveram repercussão casos de grande massacres como de Eldorado
dos Carajás.

4. REVOLUÇÃO VERDE

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo passou por intensas mudanças. Na década de
1960 à 1970, a Revolução Verde melhorou a produção agrícola e aumentou a produção de
alimentos. As inovações tecnológicas na produção de alimentos (agricultura e pecuária) tinha
como finalidade de melhorar a produtividade dessas atividades. Ou seja, produzir mais em
menos tempo para erradicar a fome no mundo.

As técnicas utilizadas nesse modelo de produção caracterizaram-se pela invenção dos


agrotóxicos, fungicidas, herbicidas, fertilizantes químicos e sementes que se adaptam a climas
extremos. Assim, os produtores tiveram mais controle sobre pragas nas plantações. Porém,
contaminando o solo e perdendo a qualidade sadia do produto.

O objetivo inicial da Revolução Verde foi, na prática, alcançado. A produtividade


aumentou exponencialmente. Mas também se tornou um mecanismo de ganho capitalista e
concentrando o poder fundiário em países em desenvolvimento como o Brasil.

5. CARTA DE PUNTA DEL ESTE

A Carta de Punta del Este, foi em agosto de 1961, sua criação se deu pela necessidade dos
capitalistas e seus governos na América Latina diminuir as desigualdades sociais e combater a
miséria existente no continente. Durante o governo de John F. Kennedy, a criação da Aliança
para o Progresso tinha como objetivo integrar os países da América na área política,
econômico, social e cultural. Visto que União soviética ameaçava como um regime comunista
no continente na Revolução Cubana, em 1959.

A Carta visava a criarem planos de desenvolvimento nacional que seriam auxiliados pelo
governo estadunidense. Visando a educação, saúde, habitação. Porém, a finalidade verdadeira
desse plano seria freiar o avanço da União Soviética e ainda aproveitar o capital de empresas
instaladas na América-Latina.

6. CICLO DA BORRACHA

Foi um momento da história econômica e social do Brasil, relacionado com extração


de látex da seringueira e comercialização da borracha. O palco desse ciclo, correu na
Amazônia, tendo seu auge entre os anos de 1879 a 1912. A revolução industrial na Europa, foi
o estopim para a borracha se torna um produto de alta valorização e de grande lucro. Para
extração da borracha, neste período, ocorreu a migração de nordestinos, principalmente
do Ceará, pois o estado sofria as consequências das secas do final do século XIX. Antes a
exploração de trabalho braçal era feita pelos povos indígena nativos da região.

A exploração e valorização da borracha Amazônica, possibilitou um rápido


desenvolvimento econômico da região, principalmente da cidade de Belém e Manaus, que na
época eram consideradas as cidades brasileiras mais desenvolvidas do Brasil. A planta da
cidade de Manaus passou a ser construída em moldes dos padrões europeus. Além de edifícios
imponentes e luxuosos, como o Teatro Amazonas.

A decadência da borracha brasileira se deu pela produção de borracha na Malásia.


Consequentemente, com custos menores e preço final menor, fizeram assumir o controle do
comércio mundial do produto, superando o Brasil. Mas em 1942 a 1945 ocorreu o 2º ciclo da
borracha, influenciada pela Segunda Guerra Mundial quando a Amazônia teve novamente um
aumento na procura e produção da borracha financiado pelos Estados Unidos.

7. CONCLUSÃO

O Brasil ainda é muito prejudicado pelos duelos de direita e esquerda. Agentes


integrantes dessas correntes, são rotulados e condenados pelas falhas cometidas anteriormente
por esses enquadramentos ideológicos. Consequentemente, aqueles que talvez pudessem
melhorar o rumo que o país se direciona, perdem essa oportunidade. E a Reforma Agrária foi,
e ainda é, uma das várias questões prejudicada por esse dualismo político.

A questão agrária em Roraima é dominada pelo agronegócio influenciado pelos interesses


políticos e econômicos. Prejudicando o pequeno produtor que não tem como se manter no
mercado por falta de incentivo tanto econômico quanto legislativo. Roraima possui grande
potencial agrícola de vários ramos da agricultura como fruticultura, pecuária, produção de
grãos entre outros, porém ainda é esquecido pelos três poderes do Brasil.

Um dos benefícios dessa produção está na qualidade do produto. Sem a utilização de


agrotóxicos criados na Revolução Verde, os produtos são gerados com técnicas de
sustentabilidade, sem contaminar o solo e nossas mesas. Por isso as lutas por terras são tão
importantes para esse país. O MST prioriza os cuidados com meio ambiente e como
recompensa recebemos produtos de auto valor sadio. Em vez de condenar esses movimentos,
devemos criticar a grande faixa que cobre os olhos da população brasileira. Contaminadas por
noticias falsas propagadas tão rápidas e sem controle.

Sobre a o ciclo da borracha conclui-se que com toda ostentação que a borracha ofertava
para sociedade urbana, na gêneses da extração da borracha, tribos indígenas nativas da região
foram presas, torturadas e viviam em condições desumanas sob a ganancia dos barões da
borracha. Essa parte da história pouco é comentada e relembra. Registrada nas costa de
inocentes povoados que são os verdadeiros descobridores do ouro branco.

Esta disciplina abriu a mente sobre algumas faces desse país. Um deles sobre a soberania
alimentar que nunca passou pela mente dessa autora. O modelo EAD dificultou bastante no
aprendizado. O mais grave causado por esse método de ensino é a exaustão pela entrega de
trabalho na data estabelecida. Pois não estávamos capacitados para a rotina que nos foi
empurrada. Mas ainda sim foi possível tirar proveito de alguns conhecimentos dessa
disciplina. Um exemplo são os assuntos exposto neste ensaio. Outra observação é sobre a
necessidade de aulas de campo nesta disciplina. Como não podemos refazer esta disciplina (a
não ser pela reprovação) foi necessário sair da zona de conforto para alcançar a realização das
atividades. É com coração grato por essa disciplina que concluo este ensaio.

8. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. [(Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República,

CPT - COMISSÃO PATORAL DA TERRA. Massacre no Campo. Disponível em:


<https://cptnacional.org.br/mnc/index.php>. Acesso em: 09 de dezembro de 2020.

FERREIRA, Darlene A. de Oliveira. Geografia Agrária no Brasil: Conceituação e


periodização. Terra Livre , Araquara, p. 39-70, 5 maio 2001.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo


Agropecuário: resultados definitivos 2017. Rio de Janeiro, IBGE, 2019. Disponível
em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=73096>.
Acesso em: 12 de dezembro de 2020.

MST - MOVIMENTO SEM TERRA. Nossa História. Disponível em:


<https://mst.org.br/nossa-historia/inicio/>. Acesso em: 09 de dezembro de 2020.

RODRIGUES, N. Governo de João Goulart. Infor Escola. 2017. Disponível em:


<https://www.infoescola.com/historia/governo-de-joao-goulart/>. Acesso em: 9 de dezembro
de 2020.

PEREIRA, P. M. A Reforma Agrária e Ditadura Militar: A ocupação da fazenda Burro


Branco na memória dos trabalhadores rurais. Florianópolis, 2015, p. 110.

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