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VITÓRIA
2016
ALINE HELEN VIANA COSTA
VITÓRIA
2016
FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO – FAESA
DESIGN DE INTERIORES
RESUMO
O objetivo deste estudo é debater sobre o Método Montessori, criado pela médica
italiana Maria Montessori, e sua aplicação no que diz respeito ao Design de Interiores,
organização e preparação do ambiente escolar. Enfatiza a importância que o local de
estudo e outras dependências da escola tem sobre o desempenho do aluno. Essa
pesquisa foi desenvolvida em diferentes etapas: pesquisa, desenvolvimento e análise,
segundo Bruno Munari. Para demonstrar esse fato, foi elaborado um estudo preliminar
de Interiores para espaços selecionados de uma escola primária para crianças com
idade entre 1 a 10 anos: uma sala de aula, a biblioteca e um banheiro. Todo o
conteúdo da pesquisa foi baseado em referências bibliográficas, tendo como
fundamento artigos disponíveis na Internet, livros e pesquisa de campo realizada na
escola citada. Dessa forma, esse trabalho procurou demonstrar o mérito que o Design
tem no layout de escolas dessa metodologia pedagógica não-tradicional.
ABSTRACT
The objective of this study is to discuss the Montessori Method, created by the Italian
physician Maria Montessori, and its application with regard to interior design,
organization and preparation of the school environment. It emphasizes the importance
of the study site and other school grounds has on student performance. This research
was developed in different stages: research, development and analysis, according to
Bruno Munari. To demonstrate this fact, a preliminary study of Interiors for selected
spaces of a primary school for children aged 1 to 10 years was elaborated: a
classroom, the library and a bathroom. All content of the research was based on
bibliographic references, with the foundation articles available on the Internet, books
and field research conducted in the said school. Thus, this study sought to demonstrate
the merits of the design is the layout of schools this non-traditional teaching
methodology.
1 INTRODUÇÃO
2 MARIA MONTESSORI
Porém em 1934, conforme nos informa Röhrs (2010), é exilada da Itália por Mussolini,
por ser abertamente contrária à utilização de crianças como soldadas na Segunda
Guerra Mundial. Muda-se para a Holanda e continua com seu trabalho, difundindo
suas teorias pelo mundo até sua morte em 1952.
2.1 O Método Montessori
A teoria de Montessori afirma que apesar da ciência ter feito da escola um campo
experimental, não trouxe a ela contribuições que possam ser consideradas
significativas. Através de pesquisas e trabalhos científicos, pode-se definir qual o
ambiente mais adequado ao desenvolvimento psíquico da criança, simplificando o
exercício escolar e aliviando a pressão sobre professores e alunos, o que pode ser
considerado uma verdadeira reforma escolar (Lancillotti, 2010).
Através dessa reforma, cria-se a escola Montessori, que se difere de muitas formas da
escola tradicional. A figura do professor não é rígida, autoritária, resumindo-se em
passagem de informação e avaliação. A este foi apenas dado o cargo de observador,
que orienta a criança para que ela de forma independente busque e alcance
resultados. Estas por sua vez não são agrupadas em classes sem critérios de
seriação, e sim no geral agrupam-se crianças 3 meses a 3 anos, de 3 a 6 anos, de 6 a
9 anos, por exemplo (Almeida, 1984).
O aprendizado é alcançado através dos seis pilares educacionais do Método, que são
a autoeducação; educação como ciência; educação cósmica; ambiente preparado;
adulto preparado; e criança equilibrada, como nos traz o site Lar Montessori (2015).
Montessori foi uma precursora no que diz respeito à total adaptação do ambiente
escolar para a criança. Observa-se que para ela, o conforto e autonomia infantil era
uma prioridade. A organização do espaço tem como objetivo atrair a atenção das
crianças, sendo estruturado para se adaptar às suas necessidades. Sendo assim, as
proporções e estudos ergonômicos são prioritários na hora de projetar, pois tudo deve
estar ao alcance da criança, para que ela possa pegar e tocar em qualquer momento,
desenvolvendo assim a sua independência. O ambiente é projetado especialmente
para elas.
O ambiente preparado não é o mesmo que ambiente adaptado, como afirma Salomão
(2014). Ao adaptarmos o local, estamos inserimos a criança no mundo adulto, e não o
criando com ênfase à elas, como total conforto e segurança que ele requer. Os
objetos dispostos em uma sala de aula montessoriana são atrativos, simples, coloridos
e resistentes, sendo cuidadosamente ordenados no espaço. De cada objeto existe um
único exemplar em cada sala, cabendo à criança escolher aquele que quer manusear,
dentro do tempo que achar necessário, e depois guarda-lo onde retirou, para que
possa ser utilizado por outra criança. Se algum outro colega quiser utilizá-lo, deverá
esperar o primeiro terminar. Desse modo, ainda, desenvolve-se a disciplina e a
paciência, suprimindo a competição entre os alunos (Lancillotti, 2010).
Para manter essa organização, o educador deve ter uma muita atenção em orientar à
criança, uma vez que elas têm uma tendência de deixar os materiais em qualquer
lugar após utilizá-los. Ensinar a manusear, buscar, devolver e preservar os objetos faz
parte do papel do professor (Duarte, 2014).
A educação Montessori ressalta que essa organização do ambiente deve ser ensinada
e estimulada entre às crianças. As escolas Montessori ensinam sobre higiene e meio
ambiente, os alunos limpam e arrumando o que usam. Geralmente não há intervalo
para recreio, pois é ensinado que não há diferença entre a hora aprender e de brincar,
segundo Paty Fonte, educadora especialista em pedagogia de projetos (Notícias
Terra, 2014).
Os materiais disponíveis nas salas de aula seguem alguns eixos de ensino propostos
por Montessori, que são vida prática, vida sensorial, e um canto para leitura. Destaca
que os materiais devem ser dispostos de acordo com esses eixos, sendo de fácil
acesso e visibilidade (Duarte, 2014).
Os objetos de vida prática são do dia-a-dia, que incentivam a criança a exercer suas
atividades senso-motoras (lavar-se, vestir-se, entre outras), adquirido noções de como
cuidar de si e do ambiente. Dentro desse eixo destaca-se a educação de movimento,
que é a pratica de exercícios físicos e rítmicos, dentre eles o exercício da linha, no
qual a criança anda sobre uma linha ao som de uma música, que ensina a manter o
equilíbrio físico e emocional. Vida sensorial são atividades realizadas por meio de
jogos sensoriais e outros materiais didáticos, dando ênfase ao que Montessori chama
de “Educação de Inteligência” (lições e materiais para fixação dos conteúdos
ensinados). Montessori dá muita importância para a em incentivar leitura, visto que os
alunos da “Casa dei Bambini” eram, como já foi mencionado, em sua totalidade
crianças carentes, vindo de casas pobres em que praticamente toda a família não
sabia ler (Rohrs, 2010).
Após isso, o sistema Montessori foi difundido no país. Talita de Almeida funda a
Associação Brasileira de Educação Montessori (ABEM), que já em 2014 contava com
27 escolas associadas em vários estados brasileiros. Em 1996, criou-se também a
Organização Montessori no Brasil (OMB). Ambas organizações tem o objetivo de unir
as escolas e oferecer apoio cursos de aperfeiçoamento dentro do Método (OMB,
2016).
3 DESIGN DE INTERIORES
Entre os diversos tipos de design, o voltado interiores tem ganhado cada vez mais
importância na projeção dos ambientes, e assim tem aumentado à consciência da
importância que o layout tem na eficiência das atividades humanas. Uma dessas
atividades mais importantes é o aprendizado, pois é o local em que a pessoas
crescem e desenvolvem suas capacidades. O desconforto infantil pode resultar em
falta de atenção e desinteresse por parte do aluno (Surrador, 2010).
A contribuição que o Design de Interiores traz aos ambientes é cada vez mais intensa
com o passar do tempo, deixando-os cada vez mais belos e funcionais. Os estudos
dos componentes da construção indicados para locais frequentados por crianças são
desenvolvidos pelas grandes marcas, que se preocupam com vários quesitos, entre
eles segurança, materiais duráveis, que não sejam tóxicos, entre outros.
O design das escolas Montessori pode ser considerado especial, pois é estudado e
aplicado somente a elas. É natural ao se projetar uma escola buscar a criação de um
ambiente que estimule a criatividade, chamando a atenção a alunos pelo uso de cores
e formas que agradem às crianças. Porém a escola Montessori busca aprofundar-se
em aspectos que muitas das vezes a escola tradicional não aplica, como a escolha de
cada material pensando em desenvolver os sentidos dos alunos, e ainda a
acessibilidade que faz com que a criança seja independente de um adulto para as
atividades do dia-a-dia, sejam elas corriqueiras ou não.
4 METODOLOGIA DE PROJETO
A primeira atitude a ser tomada pelo designer é a definição do problema, que será o
limite de seu trabalho, concluindo assim os objetivos que se quer alcançar.
Cada um dos locais escolhidos para aplicação das teorias (sala de aula, biblioteca e
banheiro) será analisado separadamente, considerando seus problemas particulares,
uso e necessidades.
As referências usadas como inspiração e base desse projeto são justificadas a partir
de dados bibliográficos, sites, entrevistas, pesquisas de campo, e informações de
design obtidas e estudadas ao longo das disciplinas oferecidas no curso.
As salas de aula, como se espera de uma escola tradicional, é organizada em filas por
mesas e cadeiras. O modelo usado pela escola é a cadeira universitária, em que se
tem a mesa acoplada, uma boa opção quando se pensa em aproveitamento de
espaço. Porém esse produto é mais indicado para adultos, pois não atendem as
dimensões necessárias para uma criança sentar-se.
As salas de aula Montessori não necessitam de muitos móveis, visto que a maioria
das atividades são realizadas usando o chão. Por isso seria necessária a mudança do
piso, e reduzir também o número de assentos, pois as crianças só se sentam em
carteiras para atividades de escrita, o que não é feito por todas ao mesmo tempo.
Fonte: A Autora.
Fonte: A Autora.
Já a biblioteca, conforme nos mostra a figura 5, conta com um espaço que pode ser
bem aproveitado para uma sala de leitura, porém no momento ela funciona mais como
deposito de livros, contando com poucos assentos disponíveis, o que pretende ser
mudado.
Figura 5.
Biblioteca.
Fonte: A Autora
Após a análise do mobiliário escolar que é ofertado pelo mercado brasileiro, conclui-se
que é possível encontrar móveis com medidas adequadas, porém esses tem em sua
maioria pouco valor estético. O objetivo do design é a busca por produtos que unem
estética, funcionalidade e ergonomia, contudo observa-se há pouco investimento na
união desses quesitos, visto que móveis apropriados são na maioria das vezes caros e
acabam sendo dispensados pelas escolas.
Em razão disso, foi orientado para que se buscasse referências de mobiliário escolar
fora do Brasil, onde é possível encontrar mais variedade estética e peças que atendem
o requisito de ergonomia exigido pelo Método.
4.3 Criação
Após a vista à escola, recolhimento de dados e medidas dos ambientes que irão são
usados como exemplo de projeto, foram levantados alguns pontos do local atual que
necessitam de mudanças e que direcionarão o projeto. O processo criativo iniciou-se
com cruzamento entre esses dados e a pesquisa bibliográfica feita sobre o tema do
artigo.
É preciso considerar nesse projeto o uso de materiais duráveis, como foi pedido pela
proprietária, com pouca textura para facilitar a limpeza. Também foi pedido que o novo
ambiente fosse colorido, alegre e informal.
Já no banheiro infantil foi usado um piso da marca Eliane, que também é uma
empresa de qualidade na fabricação de cerâmicas. A cor escolhida foi o branco, de
superfície acetinada para a prevenção de escorregões e acidentes.
Todos os pontos de iluminação, interruptores e arandelas localizam-se organizados na
planta de pontos elétricos. A planta de teto refere-se em revestimento de pintura sobre
gesso emassado, sendo usado a tinta Coral Direto no Gesso na cor branca.
A biblioteca conta com sofás confortáveis para acomodar os alunos durante as aulas
de leitura, produto da MML Educational Furniture, uma empresa de móveis escolares
localizada no Reino Unido, sendo escolhido por seu design, praticidade e
mutifuncionalidade. As prateleiras para livros também são dessa empresa, que contam
com um design inovador e ergonomia.
As cores usadas nas paredes foram Baile de Máscaras, Romã e Maracujá da Suvinil
Toque de Seda, dentro da paleta de cores pedida.
O layout nas salas de aula foi estudado de modo a deixar uma grande parte da área
livre para movimentos e brincadeiras. Os materiais didáticos dispostos contêm um
único exemplar, seguindo o princípio montessoriano, sendo assim o ambiente não
necessita de muitos móveis, o que facilita na circulação, pois os espaços são
reduzidos apesar das classes serem pequenas.
No banheiro foram usadas louças da Deca. A bacias sanitárias são infantis e garantem
uma economia de espaço e a possibilidade de criar uma divisão de sexos no banheiro.
As divisórias sanitárias são da Pertech, escolhidas pelas grandes possibilidades de
cores. A cor estabelecida foi azul marinho, na referência PP1304.
Nas paredes foi usado o mesmo revestimento do piso, Paper WH AC da marca Eliane,
e também pintura, na cor Jaca da Suvinil Banheiros e Cozinhas.
Para a bancada foi usada a superfície de quartzo Claramar na cor Rojo Arguinano, por
sua durabilidade e qualidade.
Outra empresa de revestimentos usada foi a Eliane, marca que foi pioneira na
produção de cerâmicas ecológicas, com atividades que incluem recuperação de
recursos hídricos e reaproveitamento de resíduos, entre outros.
O piso vinílico escolhido foi da Tarkett, marca conhecida por utilizar em seus produtos
materiais que podem ser reciclados e que liberam menores quantidades de compostos
orgânicos voláteis, com o objetivo de preservar o meio ambiente.
CONCLUSÃO
ALMEIDA, Talita de. Montessori: o tempo faz cada vez mais atual. Revista
Perspectiva. Florianópolis, 1984, v.1, nº 2, p. 09-19. 1984.
<https://noticias.terra.com.br/educacao/sem-recreio-linha-montessoriana-esta-em-27-
escolas-do-pais,de0e6e1e089f4410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html>Acesso em
01 de Novembro de 2016.
FERRARI, Márcio. Maria Montessori. Revista Nova Escola. Edição 164, 01-03,
agosto de 2003. 2003. Disponível:
<http://www.nacional.edu.br/grupodeestudos/docs/montessori_revista_nova_escola.pd
f> Acesso em 17 de Agosto de 2016.
<http://omb.org.br/educacao-montessori/a-classe-agrupada>Acesso em 02 de
Novembro de 2016.
REIS, Pedro Ferreira; REIS, Diogo Cunha dos; MORO, Antônio Renato Pereira.
Mobiliário escolar: antropometria e ergonomia da postura sentada. XI Concurso
Brasileiro de Biomecânica. Foz do Iguaçu, 2005, p. 01-07. 2005.
1 Biblioteca
Estante MML Furniture 3FT Corner Bookcase azul 750mm wide (each shelf section)
x 90x75x32,6 – Ref. WBEBCCOR0
Estante MML Furniture 3FT Library Bookcase azul 750mm wide (each shelf section)
x 90x75x32,6 – Ref. WBEBC3
Sofá MML Furniture 3 Seat Soft Sofa azul 50x110x50cm – Ref. MHPT442
Tinta Suvinil Toque de Seda Baile de Máscaras acabamento acetinado – Ref. R080
Fonte: < http://tokstok.com.br/vitrine/produto.jsf?idItem=108201&bc=1> Acesso: agosto
de 2016.
2 Banheiro
3 Sala de aula
Estante MML Furniture 3FT Corner Bookcase vermelho 750mm wide (each shelf
section) x 90x75x32,6 – Ref. WBEBCCOR0
Tinta Suvinil Toque de Seda Bala de Goma acabamento acetinado – Ref. Z003
Fonte: https://www.suvinil.com.br/pt/familias/3/770/bala-de-goma-Z003.aspx> Acesso:
agosto de 2016.
Tinta Suvinil Toque de Seda Rio Danúbio acabamento acetinado – Ref. C329
Fonte: A Autora.
Imagem 2: Perspectiva biblioteca
Fonte: A Autora.
Imagem 2: Perspectiva banheiro
Fonte: A Autora
Imagem 4: Perspectiva banheiro
Fonte: A Autora
Imagem 5: Perspectiva sala de aula
Fonte: A Autora
Imagem 6: Perspectiva sala de aula
Fonte: A Autora
Anexo 3 - Plantas