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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

ADAELSON CAMPELO MEDEIROS

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) EM ÁREAS DE EXPOSIÇÃO A


POLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS EM ABAETETUBA E BARCARENA,
PARÁ-BRASIL

Rio de Janeiro
2017
ADAELSON CAMPELO MEDEIROS

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) EM ÁREAS DE EXPOSIÇÃO A


POLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS EM ABAETETUBA E BARCARENA,
PARÁ-BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em


Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito
à obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva.

Orientador: Dr. Raphael Mendonça Guimarães

Rio de Janeiro
2017
M488 Medeiros, Adaelson Campelo.
Índice de qualidade das águas (IQA) em áreas de exposição a
poluentes domésticos e industriais em abaetetuba e barcarena, Pará-Brasil /
Adaelson Campelo Medeiros. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, 2017.
97 f.:il.; 30 cm.

Orientador: Raphael Mendonça Guimarães.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de


Estudos em Saúde Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva, 2017.

Referências: f. 87-97.

1. Qualidade da água. 2. Índices. 3. Estações do Ano. 4. Poluição


ambiental. 5. Saúde ambiental. I. Guimarães, Raphael Mendonça. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva. III. Título.

CDD 363.7394
ADAELSON CAMPELO MEDEIROS

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS (IQA) EM ÁREAS DE EXPOSIÇÃO A


POLUENTES DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS EM ABAETETUBA E BARCARENA,
PARÁ-BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em


Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito
à obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva.

Aprovado em:___/___/_____.

Banca Examinadora

Dr. Raphael Mendonça Guimarães


IESC/UFRJ

Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus


PPGCMA/UFPA

Dra. Juliana Feitosa Felizzola


Embrapa Amazônia Oriental/PARÁ

Dr. Marcelo de Oliveira Lima


Instituto Evandro Chagas/PARÁ

Dr. Neyson Martins Mendonça


Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFPA
Aos meus queridos pais Manoel Costa
Medeiros e Adaléa Campelo Medeiros que
sempre me mostraram o caminho certo com
seus bons exemplos de vida e caráter.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser o centro de minha vida e o caminho para a paz interior.
Ao Instituto Evandro Chagas (IEC), pela oportunidade de aprendizado ao longo dos
anos e grande contribuição para a realização deste estudo.
À Dra Elisabeth Conceição de Oliveira Santos, pela oportunidade profissional
concedida há anos atrás.
Ao orientador Prof. Dr. Raphael Mendonça Guimarães pela amizade, instruções,
confiança e paciência no desenrolar deste estudo.
Ao amigo Marcelo de Oliveira Lima pela oportunidade de desenvolvimento deste
trabalho em áreas de monitoramento contempladas em projeto sob sua coordenação e por toda
ajuda fornecida.
Aos amigos da Seção de Meio Ambiente (SAMAM), em especial, aos amigos
Antônio Marcos, Bruno, Kelson, Kleber e Rosivaldo.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coordenação, Docentes e Secretaria do
Curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/IESC) pelo apoio acadêmico e ensinamentos em
cada disciplina ministrada.
Aos integrantes da banca examinadora pela participação e contribuições na avaliação
desta defesa de tese que serão importantes para melhoria deste estudo.
Ao amigo Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus e toda equipe do Laboratório de
Pesquisa em Meio Ambiente e Conservação (LPMAC) por todo apoio concedido na
elaboração dos mapas referentes à localização das áreas de estudo.
À minha esposa Iris Danielly pelo companheirismo, apoio familiar e dedicação
incondicional nos cuidados com nossa amada filha Alice.
Aos meus pais pelos seus bons exemplos de vida e meus irmãos pela boa
convivência e apoio a cada conquista ou dificuldade.
A todos em geral, familiares e amigos, que através de orações e incentivos me deram
forças para enfrentar as grandes dificuldades da vida.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curvas médias de variação de qualidade para temperatura (a), pH (b), OD (c),
DBO (d), coliformes termotolerantes (e), nitrogênio total (f), fósforo total (g), resíduo
total (h) e turbidez (i) ................................................................................................................ 30
Figura 2: Intensidade pluviométrica no município de Barcarena/PA ....................................... 34
Figura 3: Localização da Comunidade Maranhão e Vila do Conde ......................................... 36
Figura 4: Área de estudo e respectivos pontos de amostragem ................................................ 38
Figura 5: Fluxograma do resumo das etapas e atividades desenvolvidas no estudo ................ 39
Figura 6: Trabalho de campo nos rios monitorados. a) coleta de água para análise
físico-química; b) coleta de água para exame microbiológico; c e d) determinação “in
loco” de variáveis físico-químicas; e) registro de informações no momento da coleta e f)
acondicionamento e preservação de amostras em caixa isotérmica ......................................... 41
Figura 7: Análises físico-químicas (A, B e C) e exames microbiológicos (D, E e F) .............. 43
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Faixa de valores do IQA ........................................................................................... 30


Tabela 2: Índices de Qualidade das Águas desenvolvidos a partir do IQA da NSF ................. 31
Tabela 3: Meses de amostragens e características climáticas regionais em 2009 e 2012 ........ 38
Tabela 4: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas pela
SEMAD (2005) para determinação dos valores de qi das variáveis coliformes
termotolerantes, pH, DBO, nitrato, fosfato e temperatura........................................................ 44
Tabela 5: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas pela
SEMAD (2005) para determinação dos valores de qi das variáveis turbidez, sólidos
totais e percentual de saturação de OD ..................................................................................... 45
Tabela 6: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas por
Oliveira et al. (2007) e Silva et al. (2005) para determinação dos valores de qi das
variáveis pH, sólidos totais, cloreto, fluoreto, dureza e N-nitrato ............................................ 45
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

a.C. Antes de Cristo


ACP Análise de Componentes Principais
Am Clima de Monção ou Monçônico
ANA Agência Nacional de Águas
APHA American Public Health Association
BMWP Biological Monitoring Working Party
Ca2+ Cálcio
CDP Companhia Docas do Pará
CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CHOL Chironomidae + Oligochaeta
-
Cl Cloreto
cm Centímetro
CP Componente Principal
CT Coliformes Termotolerantes
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio do quinto dia a 20 ºC
DP Desvio Padrão
EPA Environmental Protection Agency
EPT Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera
EUA Estados Unidos da América
FUNASA Fundação Nacional de Saúde.
GM Gabinete do Ministro
HCO3- Bicarbonato
HI HANNA Intruments
IB Índice de Balneabilidade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICB Índice da Comunidade Bentônica
ICF Índice da Comunidade Fitoplanctônica
IEB Instituto Internacional de Educação do Brasil
IEC Instituto Evandro Chagas
IET Índice do Estado Trófico
IMB Índice Multimétrico Bentônico
INMET Instituto de Metereologia do Brasil
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IQA Índice de Qualidade das Águas
IQAI Índice de Qualidade de Águas para Culturas Irrigadas
IQETA Índice de Qualidade de Estações de Tratamento de Água
IQNAS Índice de Qualidade Natural de Águas Subterrâneas
IRCC Ímerys Rio Capim Caulim
IS Índice Sapróbico
IVA Índices de Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática e
de Comunidades Aquáticas
IXX Número dezenove em algarismo romano
+
K Potássio
L Litro
log Logarítimo
log10 Logarítimo na base 10
ln Log neperiano
MAX Valor Máximo
mg Miligrama
Mg2+ Magnésio
MG Média geométrica
MIN Valor Mínimo
mm Milímetros
MMA Ministério do Meio Ambiente
MS Ministério da Saúde
Na+ Sódio
NO3 Nitrato
N Número de dados
NA Não Analidado
NMP Números Mais Prováveis
NSF National Sanitation Foundation
NSFWQI National Sanitation Foundation Water Quality Index
O Oeste
OD Oxigênio Dissolvido
OD % Percentual de Saturação de Oxigênio Dissolvido
PA Pará
PE Pernambuco
pH Potencial Hidrogeniônico
PO4 Fosfato
qi Qualidade da i-ésima variável, um número entre 0 e 100, obtido da
respectiva "curva média de variação de qualidade", em função de sua
concentração ou medida
R2 Coeficiente de determinação
S Sul
SAMAM Seção de Meio Ambiente
SEMAD Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de
Minas Gerais
SINVAS Gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
SM Standart Methods
SNVSA Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental
SP São Paulo
SRH Secretaria de Recursos Hídricos e Energéticos
ST Sólidos Totais
SST Sólidos Suspensos Totais
STD Sólidos Totais Dissolvidos
SUS Sistema Único de Saúde
T Temperatura da Água
TAC Termo de Ajuste de Conduta
Turb Turbidez
UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez
VIGISUS Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
WEF Water Environment Federation
wi Peso da i-ésima variável
XX Número vinte em algarismo romano
LISTA SÍMBOLOS

λ Comprimento de onda
º Graus
ºC Graus Celsius
Grau de Liberdade
I, II, III... Incisos
+ Adição
− Subtração
± Mais ou menos
> Maior
≥ Maior ou igual
< Menor
≤ Menor ou igual
µ Micro
’ Minutos
α Nível de significância
‰ Partes por mil
% Percentagem ou porcentagem
” Segundos
S Siemens
® Marca registrada
p p-valor ou nível descritivo de significância
* Multiplicação
∆T Variação de temperatura
RESUMO

Foi utilizado neste estudo, o cálculo do Índice de Qualidade das Águas (IQA) para avaliação da
qualidade das águas subterrâneas consumidas por duas comunidades ribeirinhas denominadas
de Comunidade Maranhão e Vila do Conde, ambas localizadas respectivamente nos municípios
de Abaetetuba e Barcarena no Estado do Pará. O IQA também foi utilizado para avaliar a
qualidade das águas do rio Murucupi em Barcarena. Foram realizadas quatro campanhas de
amostragem trimestrais no ano de 2012 nas duas comunidades e as variáveis utilizadas no
cálculo do IQA das águas subterrâneas foram: pH, sólidos totais, cloreto, fluoreto, dureza e
N-Nitrato. As águas consumidas na Comunidade Maranhão, onde não há contaminação por
poluentes industriais, apresentaram amostras adequadas para o consumo nas águas
subterrâneas, com IQAs em condição aceitável (5%), boa (80%) e ótima (15%) no período
chuvoso e boa (55%) e ótima (45%) no seco. As amostras de água de domicílio da Comunidade
Maranhão seguiram o mesmo padrão de qualidade das águas subterrâneas, com IQAs aceitável
(10%), bom (65%) e ótimo (25%) no período chuvoso e bom (75%) e ótimo (25%) no seco,
percebendo-se uma melhora no período seco. As águas de Vila do Conde, local próximo à
atividade industrial, estiveram em ambos os períodos sazonais com valores de IQA inaceitável
para consumo humano na maioria das amostras, pelo menos em 64,28% (águas subterrâneas),
65,39% (águas de domicílio) e 88,46% (águas de rede de abastecimento) no período chuvoso e
de 78,57%, 65,38% e 92,31% respectivamente no seco, evidenciando-se pior qualidade no
período seco e nas águas da rede de abastecimento. As variáveis que mais influenciaram
negativamente nos resultados dos IQAs nas duas comunidades foram o pH, com a maioria dos
valores em desacordo com a legislação brasileira para águas de consumo humano (6,0-9,5) e o
N-Nitrato, com variações de 10 a 25 vezes acima da referida legislação (10 mg.L-1). Esses
resultados indicaram maior interferência antrópica no entorno da Vila do Conde em Barcarena,
necessitando-se de avaliações clínicas por profissionais especializados sobre o estado de saúde
desta população, pois a mesma consome essas águas há décadas. No rio Murucupi, foram
realizadas quatro campanhas de amostragem trimestriais nos anos de 2009 e de 2012, com a
utilização das variáveis temperatura, pH, sólidos totais, oxigênio dissolvido, DBO, nitrato total,
fosfato total, turbidez e coliformes termotolerantes no cálculo do IQA. Os dados de IQA nas
amostras, em média, variaram de médio a bom, com uma amplitude de 13,50 (mínimo=59,13,
máximo=72,63). A análise bivariada permitiu dizer que houve uma diferença estatisticamente
significativa (p-valor≤0,005) sobre os valores médios dos IQAs para as categorias estação de
ano (p-valor<0,001; chuvoso=61,29 e seco=69,42), regime de marés (p-valor=0,001;
vazante=62,10 e enchente=68,60), pontos de amostragem (p-valor<0,001; P01=59,13;
P02=61,13; P03=62,38; P04=66,44; P05=70,44 e P06=72,63) e o ano de coleta (p-valor=0,004;
2009=68,15 e 2012=62,56). Na Associação por regressão linear múltipla foi observada uma
redução de qualidade em -5,583 pontos nas águas do rio Murucupi comparando-se os anos de
2009 e 2012, comparando-se as estações do ano e o regime de marés, a qualidade das águas
melhoraram em 8,125 e 6,500 pontos respectivamente, no período seco e na enchente. Ficou
evidente que há uma tendência entre os pontos de amostragem a medida que se aproxima da foz
deste rio, notando-se uma melhora na qualidade das águas em 13,500 pontos entre P01 e P06.
Mesmo após três anos (2009 a 2012), os resultados dos IQAs no rio Murucupi mostraram que
os acidentes ambientais e a poluição por esgotos domésticos e industriais têm prejudicado
gradativamente a qualidade dessas águas e a saúde ambiental no entorno dessa área portuária.

Palavras-chave: Índice. Qualidade das águas. Sazonalidade. Poluição ambiental. Saúde


ambiental.
ABSTRACT

The Water Quality Index (WQI) was used to evaluate the quality of the groundwater consumed
by two riverside communities called Maranhão Community and Vila do Conde, located in the
State of Pará in the municipalities of Abaetetuba and Barcarena respectively. The WQI was also
used to evaluate the water quality of the Murucupi River in Barcarena. Four quarterly sampling
campaigns were carried out in 2012 in the two communities and the variables used in the
calculation of the WQI of the groundwater included the pH, total solids, chloride, fluoride,
hardness, and nitrate-N. The samples of the groundwater consumed in the Maranhão
Community, an area that is not contaminated by industrial pollutants, tested as suitable for
consumption and had WQIs rated as acceptable (5%), good (80%), and optimal (15%) in the
rainy season and good (55%) and optimal (45%) in the dry season. Samples of household water
from the Maranhão Community followed the same standard of groundwater quality, with WQIs
rated as acceptable (10%), good (65%), and optimal (25%) in the rainy season and good (75%)
and optimal (25%) in the dry season, with an improvement in the dry period. The water of Vila
do Conde, an area located near industrial activity, was unacceptable for human consumption
with low WQI values in both seasons and in the majority of the samples. The WQI values were
at least 64.28% (groundwater), 65.39% (household water), and 88.46% (water supply network)
in the rainy season and 78.57%, 65.38%, and 92.31% respectively in the dry season, showing a
lower quality in the dry period and in the water supply network. The variables that had the
largest negative influence on the WQI results in the two communities included the pH, with the
majority of the values in disagreement with the Brazilian legislation for water for human
consumption (6.0-9.5), and Nitrate-N, with variations of 10 to 25 times above the
recommended value (10 mg.L-1). These results indicated a considerable anthropogenic impact
in the surrounding area of Vila do Conde in Barcarena, requiring clinical evaluations by
specialized professionals on the health status of this population, which has consumed this water
for decades. In the Murucupi river, four quarterly sampling campaigns were carried out in 2009
and 2012, evaluating temperature, pH, total solids, dissolved oxygen, BOD, total nitrate, total
phosphate, turbidity, and thermotolerant coliforms. The WQI sample data, on average, ranged
from medium to good, with an amplitude of 13.5 (minimum=59.13, maximum=72.63). A
bivariate analysis indicated statistically significant differences (p-value≤0.005) for the mean
values of the WQIs for the season (p-value <0.001, rainy=61.29 and dry=69.42), the tide
conditions (p-value=0.001, ebb tide=62.10 and flood tide=68.60), the sampling points
(p-value<0.001, P01=59.13, P02=61.13, P03=62.38, P04=66.44, P05=70.44, and P06=72.63),
and the year (p-value=0.004, 2009=68.15 and 2012 = 62.56). Using a multiple linear regression
analysis, a quality reduction was observed in -5.583 points in the waters of the Murucupi River
when comparing the data for 2009 and 2012; a comparison of the seasons and the tidal regime
showed that the water quality improved by 8.1 and 6.5 points in the dry season and for the flood
tide, respectively. There was a trend of improving water quality with closer proximity to the
mouth of the river and this improvement reached 13.5 points between P01 and P06. The results
of the WQI analysis in the Murucupi River have shown that environmental accidents and
pollution from domestic and industrial sewage have gradually decreased the water quality and
environmental health around the port area during only three years (2009 to 2012).

Keywords: Index. Water quality. Seasonality. Environment pollution. Environmental health.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 18
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 18
2.1.1 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 18
3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 19
3.1 QUALIDADE DAS ÁGUAS ............................................................................................. 19
3.2 QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO .............................................. 21
3.3 VIGIÁGUA ........................................................................................................................ 23
3.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS ........................................................................ 26
3.5 CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE ESTUDO ......................................................... 32
3.5.1 Características da área de estudo em Abaetetuba/PA ................................................ 32
3.5.2 Características da área de estudo em Barcarena/PA ................................................. 33
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 35
4.1 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ....................................................................... 35
4.1.1 Comunidades Estudadas e Águas Subterrâneas ........................................................ 35
4.1.2 Rio Murucupi ................................................................................................................. 37
4.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA .................................................................................... 39
4.3 VARIÁVEIS ANALISADAS ............................................................................................. 41
4.3.1 Análises Físico-Químicas e Exames microbiológicos .................................................. 41
4.4 CÁLCULO DO IQA .......................................................................................................... 43
4.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 46
4.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ............................................................................................ 47
5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 48
5.1 ARTIGO 1........................................................................................................................... 48
5.2 ARTIGO 2........................................................................................................................... 69
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 85
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 87
14

1 INTRODUÇÃO

Á água é um recurso natural essencial para a sobrevivência dos seres terrestres, sua
distribuição ocorre de forma desigual gerando escassez em muitas partes do mundo. A
disponibilidade de água para consumo humano se dá a partir de várias possibilidades como
captação em lagos, rios, aquíferos subterrâneos, etc. (TUCCI et al., 2001; GIATTI; CUTOLO,
2012).
A oferta de água em quantidade e qualidade é um dos grandes percalços enfrentados
na atualidade pela população mundial e este problema teve início com o crescimento
demográfico e urbanização acelerada ocorridos a partir da segunda metade do século XX, essa
mudança global intensificou o consumo dos recursos hídricos, hoje por exemplo, esses níveis
de consumo já chegam a mais da metade da água superficial disponível, com estimativa de
70 % em 2025 (SHERBININ, 1997; VENDRAMEL, 2002).
O Brasil recebe intensa descarga pluviométrica que abrange mais de 90% do seu
território com variações em torno de 1.000 a 3.000 mm/ano. Apesar de ser considerado um
dos países mais ricos em água doce, algumas cidades do país enfrentam crises de
abastecimento, não escapando nem as cidades da região Norte do país, que concentram 80 %
das descargas de águas dos rios nacionais, dentre elas, destacam-se Manaus, Belém e
Santarém que apresentam abundância em recursos hídricos, contudo, os problemas de
saneamento básico pouco diferenciam de outras cidades do país com reservas hídricas
inferiores. De acordo com pesquisas do censo IBGE em 2000, dos 170 milhões de habitantes
no Brasil, cerca de 138 milhões residiam em cidades, com mais de 80 % da população
brasileira ocupando áreas urbanas, situação que deve ter se intensificado nos dias de hoje.
Neste período, 64 % das empresas brasileiras responsáveis por serviços de saneamento não
coletavam os esgotos domésticos, 100 milhões de brasileiros não tinham seus esgotos tratados
e a população mais pobre, cerca de 11 milhões de pessoas não tinham água potável para beber.
Situação que deveria exigir uma melhor atenção por parte das autoridades competentes do
país quanto á tomada de medidas mitigadoras sobre a falta de serviços de saneamento
adequados, serviços urbanos de fundamental importância para a saúde da população e que
estão diretamente associados à qualidade das águas no entorno das grandes cidades no mundo.
Como é sabido, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada dólar
investido em saneamento básico em uma cidade, representa a redução de cerca de quatro
15

dólares em despesas médicas, ou seja, obras preventivas no combate a redução de incidência e


prevalência de doenças (REBOUÇAS, 2003).
Estudos sobre a qualidade das águas tomadas como fonte de abastecimento público
são frequentes e têm como objetivos a avaliação de características quantitativas e qualitativas.
Algumas variáveis qualitativas (físico-químicas e microbiológicas) podem ser compiladas
através do Índice de Qualidade das Águas (IQA) que visa comunicar a qualidade das águas de
um determinado corpo hídrico de uma bacia hidrográfica, gerando informações importantes á
população, às prefeituras, aos órgãos de controle ambiental, comitês de bacias hidrográficas,
organizações não-governamentais, etc. (SILVA, 2006). Essas informações também servem
para avaliação de custos em geral, desde a captação até a distribuição para a população
consumidora, sem contar a importância de se relacionar a qualidade das águas com a
incidência e prevalência de doenças.
O monitoramento de recursos hídricos visa o conhecimento da quantidade e
qualidade das águas e seu padrão de comportamento ao longo do espaço e do tempo
(FINOTTI, 2009). Portanto, utilizou-se o cálculo do IQA sobre águas superficiais e
subterrâneas monitoradas no entorno da área portuária de Vila do Conde no Estado do Pará.
O porto de Vila do Conde está localizado no município de Barcarena/PA e dentre os
processos produtivos industriais desenvolvidos neste local, destacam-se o beneficiamento e
exportação de caulim, alumina, alumínio, cabos para transmissão de energia elétrica, etc. Essa
produtividade industrial teve início em setembro de 1976 a partir do firmamento de acordo de
cooperação econômica entre o Brasil e o Japão, onde o governo brasileiro assumiu a
responsabilidade pela infra-estrutura portuária, rodoviária e urbana para a produção em
grande escala de alumina e alumínio. Após nove anos da assinatura do acordo entr os países
mencionados, o Porto de Vila do Conde foi inaugurado em outubro de 1985 sob a
administração da Companhia Docas do Pará (CDP, 2010).
As atividades econômico-produtivas desenvolvidas pela mineração, hidroenergia,
madeireira, agronegócio e outras trazem grandes benefícios para o desenvolvimento de um
país, contudo, a grande desvantagem está relacionada aos riscos que ocorrem no entorno
dessas áreas produtivas, isto é, os impactos socioambientais negativos que acabam
desorganizando e inviabilizando a permanência de agrupamentos humanos e suas interações
com a natureza, dificuldades observadas em detrimento de danos ambientais, surgimento de
doenças e situação de pobreza. O modelo de produção do município de Barcarena/PA foi
impactado intensamente pelo complexo Albras/Alunorte e contou com o apoio do Estado no
16

sentido de desapropriar aproximadamente 40.000 hectares de terras para a sua instalação.


Grandes áreas foram desmatadas e a população local que antes da instalação deste complexo
industrial utilizava os recursos naturais para a sua subsistência, com por exemplo, caça e
pesca, precisou adotar outras bases produtivas para a sua sobrevivência econômica. A
migração da população para outras áreas do município foi intensa e sem qualquer
planejamento urbano por parte dos gestores, resultando em aglomeração de moradias em
periferias e sobrecarga populacional (IEB, 2012).
Na atualidade, o município de Barcarena/PA, não diferente de outros municípios
brasileiros, enfrenta problemas de falta de serviços de saneamento adequados, ausência de
políticas habitacionais, serviços de saúde precários, etc. Além desses agravantes,
frequentemente ocorrem acidentes ambientais no entorno desse pólo insdustrial, tendo como
consequências a poluição/contaminação dos corpos hídricos superficiais e subterrâneos e
outros compartimentos ambientais, causando prejuízos consideráveis à flora, fauna e saúde da
população (IEB, 2012).
Dentre os acidentes ambientais ocorridos em Barcarena/PA, destaca-se alguns
episódios:
Em 2007 após transbordo da bacia de rejeito de uma das empresas instaladas na área
portuária de Vila do Conde em Barcarena-PA, este material foi escoado em direção aos corpos
hídricos superficiais mais próximos (igarapés Curuperê e Dendê), onde ocasionou alterações
bruscas em algumas variáveis físico-químicas nestes corpos hídricos, tais mudanças
resultaram na montandade de diversos seres aquáticos, afetando assim, a qualidade destas
águas usadas para diversas finalidades pela população ribeirinha da região, inclusive os
aquíferos freáticos também foram afetados. Uma das variáveis que sofreu mudanças
consideráveis foi o pH, com valores que variaram de 2,79 a 2,85 no igarapé mais próximo ao
transbordo (Curuperê), ou seja, valores muito baixos para o equilíbrio da vida aquática. Os
valores de sulfato e ferro total variaram de 450 a 2100 mg/L e 0,998 a 13,76 mg/L
respectivamente. Em decorrência da presença destes resíduos nestes corpos hídricos, a
condutividade elétrica, os sólidos totais dissolvidos e a salinidade atingiram níveis que
variaram de 203 a 1904,5 µS/cm, 102,3 a 951 mg/L e 0,1 a 1,0 mg/L respectivamente (IEC,
2007).
Outra situação ocorreu em abril de 2009 com o transbordo de outra bacia de rejeito
(lama vermelha) de uma das indústrias instaladas no local, o qual veio atingir as nascentes do
rio Murucupi. Este outro fato ocasionou danos ambientais naquela região com a dispersão
17

deste rejeito em toda extensão deste rio (IEC, 2009).


Recentemente, as notícias circularam o mundo com o acidente ambiental ocorrido no
rio Pará em uma das plataformas do Porto de Vila do Conde de responsabilidade da
Companhia Docas do Pará (CDP). Um navio de bandeira libanesa afundou no dia 06 de
outubro de 2015 com aproximadamente 5.000 bois e 700 toneladas de combustível, após o
naufrágio, ao longo dos dias, as carcaças dos animais e o combustível ainda continuam sendo
carreados para as praias da região causando muitos problemas econômicos, ambientais e
consequentemente à saúde da população local (VÍDEO, 2015).
Os danos ambientais causados pelo derramamento de caulim em 2007 resultaram na
aplicação do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) pelas às autoridades competentes, no qual se
exigiu a tomada de ações mitigadoras a serem cumpridas pela empresa infratora, inclusive o
repasse de recursos financeiros à órgãos de pesquisas e outros que vieram subsidiar atividades
de monitoramento na área atingida por um período de quatro anos (IEC, 2009).
O TAC deu origem a um projeto de pesquisa intitulado “Programa de Monitoramento
e Controle em Saúde e Meio Ambiente nas Áreas Industriais e Portuárias dos Municípios de
Abaetetuba e Barcarena, Estado do Pará”, cujo gestor é o Instituto Evandro Chagas
(IEC)-Seção de Meio Ambiente (SAMAM) Ananindeua/PA. Este estudo faz parte do projeto
em questão, porém, serão trabalhadas apenas as informações referentes aos monitoramentos
de 2009 e 2012 nas águas do rio Murucupi e de 2012 nas águas subterrâneas consumidas por
comunidades ribeirinhas localizadas no entorno da área portuária de Vila do Conde no Estado
do Pará.
18

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar através do IQA, a qualidade das águas subterrâneas e superficiais expostas a


poluentes domésticos e industriais no entorno da área portuária de Vila do Conde no Estado
do Pará, Brasil.

2.1.1 Objetivos Específicos

• Avaliação da qualidade das águas subterrâneas consumidas por comunidades


ribeirinhas em áreas de exposição a poluentes urbanos e industriais nos municípios
de Abaetetuba e Barcarena no Estado do Pará.
• Avaliação sazonal e do regime de marés das águas superficiais do rio Murucupi
impactadas por esgotos domésticos e industriais em Barcarena no Estado do Pará.
19

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 QUALIDADE DAS ÁGUAS

A água é o elemento essencial à vida de todos os organismos vivos, também é de


extrema importância para o equilíbrio do clima no planeta, a necessidade de água doce de boa
qualidade é justificada pela importância em relação ao desenvolvimento econômico dos países,
qualidade de vida dos seres humanos e para a sustentabilidade dos ciclos dos nutrientes no
planeta (TUNDISI, 2003; SIQUEIRA et al., 2012).
Embora a necessidade da população por água doce seja enorme devido as inúmeras
utilidades que ela possui como uso domésticos, recreação e atividades agrícolas e industriais,
a demanda desta água é menor que sua necessidade. Do total de 1,4x 109 quilômetros cúbicos
de água oceanos, mares, rios, lagos e gelo apenas 3% está disponível em forma de água doce,
distribuída entre água dos rios, lagos e água subterrânea (APHA et al., 2012; OMAKA et al.,
2015).
A qualidade das águas superficiais pode ser afetada por vários fatores, dentre os
quais pode-se destacar a descarga de esgotos domésticos e industriais que ocasionam o
escoamento de metais, compostos orgânicos e inorgânicos nos rios e lagos prejudicando sua
qualidade, a geomorfologia e o clima também podem alterar as características destas águas
(TURNER; RABALAIS, 2003; BLANCHOUD et al., 2007; GALBRAITH, 2007; BEDORE
et al., 2008; GÖBEL et al. 2007; MISERENDINO et al. 2008; CUNHA et al., 2011).
Segundo Maybeck (2003) e Lages et al. (2013) a maior fonte de elementos químicos
para as águas de ambientes naturais são as rochas, assim como as poeiras, atividades humanas
e vegetação. Outros interferentes na composição destas águas são os intemperismos físicos e
químicos, atividades antrópicas, aportes eólicos e de precipitações (GOLDSTEIN;
JACOBSEN, 1988; GAILLARDET et al., 1997; HORBE et al., 2013), a proximidade dos rios
com áreas urbanas, aumenta a possibilidade da presença de metais e outros poluentes nestas
águas devido a maior descarga de efluentes domésticos e industriais na mesma, enquanto
quanto maior a distância entre os rios e as metrópoles menor o impacto destes poluentes nos
cursos d’água (SILVA et al., 2008; QUEIROZ et al., 2009; ALVES et al., 2012).
Um fator preocupante é a saúde da população, que pode ser afetada pela inserção de
efluentes domésticos e industriais não tratados ou tratados inadequadamente que são
despejados nos cursos hídricos, fazendo com que o oxigênio dissolvido das águas seja
20

consumido pela matéria orgânica presente dificultando o controle de poluição das águas, visto
que, o oxigênio é o parâmetro que permite a avaliação de condições aeróbicas de cursos dágua
que poderão ser utilizados para consumo da população (JORDÃO et al., 2007).
As águas dos rios podem ser classificadas em três categorias, águas brancas, pretas e
claras. As brancas possuem altas concentrações de sólidos em suspensão e sais dissolvidos,
seu pH está em torno de 7,0; as pretas são ricas em ácidos húmicos e fúlvicos dissolvidos
e seu pH está próximo de 4,0 ; as águas claras são límpidas e apresentam características de
transição entre as duas já mencionadas com pH variando entre 4,5 e 7,0 (SIOLI; KLINGE,
1962; QUEIRÓZ et al., 2009).
Segundo Silva et al. (2009) a maioria dos poluentes atingem os rios e lagos através
do escoamento superficial oriundos de atividades agrícolas e urbano-industriais. A inserção de
efluentes domésticos e industriais não tratados ou tratados inadequadamente nos cursos
hídricos afeta tanto a vida aquática quanto a saúde da população que se utiliza da mesma para
vários fins, estas ações também proporcionam o aumento na quantidade de nutrientes como N
e P nos cursos de água que acarretam o aparecimento de algas tóxicas prejudicando a vida dos
seres aquáticos (JORDÃO et al., 2007). O Conselho Nacional do Meio Ambiente através da
resolução nº 357 estabelece alguns valores máximos para determinados parâmetros físicos,
químicos e biológicos que são necessários para que os cursos hídricos ofereçam água de boa
qualidade proporcionando saúde e bem-estar da população (BATALHA et al., 2014).
Uma das maiores dificuldades encontradas nos países em desenvolvimento é como
controlar a poluição das águas dos rios, lagos e bacias hidrográficas haja vista a imensa
quantidade de despejos domésticos e industriais inseridos por fontes difusas nestes ambientes
aquáticos diminuindo a sua qualidade (TUCCI, 2004; VARIS et al., 2006; CUNHA et al.,
2011).
De acordo com Azevedo (2006) as águas subterrâneas apresentam algumas
vantagens em relação ao seu uso como fonte de abastecimento humano pelo fato de ser
encontrada em abundancia na natureza e de ótima qualidade, sua captação pode ser prática e
econômica devido dispensar tratamentos com a utilização de produtos químicos, exceto a
desinfecção. No entanto, apesar das vantagens relacionadas ao uso das águas subterrâneas, na
região amazônica o investimento em pesquisas para verificar as melhores maneiras de
captação destas águas para consumo da população ainda é mínimo, consequentemente várias
tentativas de utilização desses sistemas tem fracassado devido à má qualidade das águas dos
lençóis captados ou à técnicas ineficientes usadas na construção dos poços.
21

Os vazamentos de combustíveis oriundos de tanques de armazenamento subterrâneo


são grandes causadores da contaminação das águas subterrâneas utilizadas em poços tipo
amazonas que não obedecem às técnicas de construção exigidas, propiciando o surgimento de
doenças na população ocasionadas pela contaminação destas águas, assim, causa danos aos
cursos hídricos e à saúde da população (FORTE et al., 2007).
As águas subterrâneas ainda podem ter sua qualidade prejudicada pela presença de
íons dissolvidos como Ca2+, Mg2+, Na+, K+, HCO3-, SO42- e Cl- , assim como, óxidos, fenóis e
detergentes sintéticos, dependendo da concentração destes componentes será necessário ou
não o tratamento destas águas antes da sua utilização (TIJANI, 1994; OMAKA et al., 2015).
Estes danos que afetam os corpos hídricos são fatos que acontecem não só na região
Amazônica como também no mundo inteiro. Portanto, daí a importância de estudos sobre a
qualidade das águas que possam servir de subsídio para as autoridades competentes para que
se criem estratégias benéficas à proteção e preservação da vida aquática, assim como, ao
abastecimento público de populações que sofrem com a falta de água em quantidade e
qualidade.

3.2 QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO

A água é considerada um dos elementos fundamentais para a formação e organização


das sociedades desde a pré-história, isto é, para manter uma melhor condição de sobrevivência,
nos tempos mais remotos da humanidade, através de experiências, as civilizações antigas se
instalavam próximo das fontes de abastecimento de água se organizando ao redor de bacias
hidrográficas e costas marítimas, hábito que se manteve até os dias de hoje. Essas
experiências relacionadas ao abatecimento de água para as comunidades proporcionaram o
desenvolvimento de técnicas hidráulicas desenvolvidas pelas antigas civilizações, dentre elas,
irrigações, canalizações, construção de diques para represamento e outros (PITERMAN;
GRECO, 2005).
Segundo relatos históricos, as primeiras obras envolvendo construções de poços,
chafarizes, barragens e aquedutos foram realizadas no Egito, Mesopotâmia e Grécia. Como
exemplos, citam-se os canais de irrigação, galerias, recalques, cisternas, reservatórios, poços,
túneis e aquedutos construídos pelos Sumérios, antiga civilização que habitou o sul da
Mesopotâmia em 5.000-4.000 a.C. e as galerias de esgotos e sistemas de água e drenagem no
Vale dos Hindus na Índia em 3.200 a.C. (RESENDE; HELLER, 2002; PITERMAN; GRECO,
22

2005).
No período de expansão comercial no mundo, formaram-se pequenos povoados em
cidades cercadas por mosteiros e castelos de senhores feudais nas margens de rios e orlas
marítimas que eram utilizados para navegação e captação de água. Apesar desses povoados
utilizarem essas águas para abastecimento, o consumo diário era em pequena escala com
menos de um litro por habitante e reduzidas possibilidades de banho (SILVA, 1998;
PITERMAN; GRECO, 2005). Essas condições proporcionaram agravantes para a saúde
destas populações, marcando na história duas epidemias conhecidas como peste de Justiniano
em 543 e Peste Negra em 1348 (ROSEN, 1994; PITERMAN; GRECO, 2005).
As enfermidades eram frequentes neste período com o desconhecimento total de suas
causas, porém, em lugares como claustros de igrejas onde havia água encanada, latrinas
apropriadas e sistema de aquecimento adequado, a higiene e a saúde eram preservadas. No
geral, a maioria da população vivia amontoada em cortiços confinada com animais e
possuiam hábitos de higiene desfavoráveis para ambientes saudáveis como, por exemplo, o
acúmulo de lixo na porta das casas e outros comportamentos inadequados. Com o passar do
tempo, o abastecimento de água foi disponibilizado para a maioria da população através da
construção de cisternas, poços cavados e fontes naturais. O primeiro poço artesiano foi
construído na França apenas em 1126, marcando o início do desenvolvimento de novas
tecnologias nos sistemas de abastecimento de água (RESENDE; HELLER, 2002;
PITERMAN; GRECO, 2005).
A qualidade da água se tornou interessante para a saúde pública no final do século
IXX e início do século XX, porém, neste período, a qualidade da água era associada apenas a
aspectos estéticos e sensoriais como cor, gosto e odor. Alguns métodos para melhorar esses
aspectos na água eram utilizados em 4.000 a.C conforme documentos escritos em sânscrito,
por exemplo, na Grécia antiga utilizavam-se as técnicas de filtração, exposição ao sol e a
fervura para melhorar a qualidade da água. Os gregos faziam relações empíricas sobre o
aparecimento de doenças de acordo com a qualidade das águas, pois as mesmas apresentavam
elevada turbidez, fato que foi comprovado por cientistas na métade do século IXX, onde os
mesmos descobriram que a turbidez não estava associada somente a aspectos estéticos, mas o
material particulado em água poderia conter organismos patogênicos e material fecal. A
relação água contaminada e doenças foi representativa a partir do trabalho realizado por John
Snow em 1885, que provou que um surto de cólera em Londres estava associado a
contaminação de poços de abastecimento público por esgotos domésticos. Em 1880, Louis
23

Paster demonstrou pela teoria dos germes que microrganismos poderiam contaminar a água e
transmitir doenças (USEPA, 1999; FREITAS; DE FREITAS, 2005).
Como importante veículo de enfermidades dirréicas e outras, a água de consumo
humano deve ser avaliada criteriosamente, principalmente sob o aspecto microbiológico. Os
agentes microbiológicos patogênicos responsáveis por essas enfermidades são de origem
entérica de animais e humanos e as principais doenças de veiculação hídrica são causadas
através da via fecal-oral, isto é, por meio da ingestão de águas ou alimentos poluídos com
fezes (ISAAC-MARQUEZ et al., 1994, GRABOW, 1996; AMARAL et al., 2003).
A qualidade da água utilizada para consuno humano depende de diversos fatores
como: a qualidade da água bruta, estado de conservação dos equipamentos e instalações dos
sistemas de abastecimento coletivos ou individuais e o rigor nos processos operacionais
realizados nestes sistemas (CARMO et al., 2008).
As interferências na qualidade da água de consumo humano podem ocorrer desde a
captação no manancial até os pontos de abastecimento no interior das residências. Esses
perigos e riscos que circundam as águas de abastecimento público estão realcionados à
introdução de agentes externos que contém materiais danosos à saúde da população
abastecida proporcionando diversas situações negativas como: óbitos, doenças, desordens, etc.
Nos setores de abastecimento público de água, os perigos são constantes e de naturezas e
origens diversas que podem expor uma população à riscos causados por microrganismos
patogênicos, substâncias químicas ou materiais radioativos, portanto, essas situações de
exposição requerem cuidados redobrados e melhorias sobre as práticas convencionais de
controle de qualidade das águas utilizadas para consumo humano (BEVILACQUA et al.,
2002; CARMO et al., 2008).

3.3 VIGIÁGUA

A vigilância em saúde pública começou a se difundir no final dos anos 80 e início


dos anos 90 com os objetivos de se coletar, analisar e interpretar dados sobre eventos
específicos que viessem a afetar a saúde da população. Com essas ações integradas nos
diversos setores de vigilância saúde, esses dados poderiam ser disseminados para todos os
responsáveis em controle e prevenção em saúde (THACKER et al., 1996; WALDMAN,
1998; FREITAS; DE FREITAS, 2005).
No início do processo de democratização da sociedade brasileira, no mesmo período
24

(final e início dos anos 80 e 90 respectivamente), o Brasil iniciou uma forte atuação em
vigilância em saúde a partir do movimento sanitário, com um amplo conceito em saúde
pública consolidado na Constituição Federal de 1988 e na lei 8.080 de 1990. Ambas
contribuíram para a intensificação sobre discussões no sentido de se reorganizar o sistema de
vigilância epidemiológica na perspectiva do Sistema Único de Saúde-SUS. O objetivo
principal seria a tomada de ações baseadas em vigilância em saúde para que se identificasse
alguns fatores como: condições e estilo de vida da população e determinantes socioambientais
dos problemas de saúde. Essas ações serviriam de base para a articulação de um conjunto de
políticas econômicas e sociais que atuariam na intervenção sobre as causas e riscos de
doenças e outros agravos (IESUS, 1993; FREITAS; DE FREITAS, 2005).
Novas discussões surgiram no final dos anos 90 com preocupações voltadas para o
âmbito ambiental, após diversas situações de danos ambientais iniciados a partir da
intensificação dos processos produtivos realizados por alguns países industrializados. Estes
países apresentaram propostas para a criação de setores que atuariam de forma
descentralizada, porém, integrada no sentido de intervir sobre os problemas ocasionados sobre
a saúde da população, dentre eles, citam-se a vigilância epidemiológica que atuaria como
vigilância de efeitos sobre a saúde como agravos de doenças, a vigilância sanitária que atuaria
como vigilância sobre perigos causados por agentes químicos, físicos e biológicos que
viessem causar doenças e a vigilância ambiental que se encarregaria da vigilância de
exposição de indivíduos ou grupos populacionais a um agente ambiental ou seus efeitos
clinicamente ainda não aparentes (THACKER et al., 1996; FREITAS; DE FREITAS, 2005).
Influenciado pelas propostas dos países industrializados na época e, através do
financiamento do Banco Mundial, o Brasil iniciou um projeto de estruturação do Sistema
Nacional de Vigilância em Saúde (VIGISUS) e a estruturação e institucionalização da
vigilância ambiental no âmbito do Ministério da Saúde. Em maio de 2000, foi publicado o
decreto nº 3.450 que estabeleceu a gestão do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde
(SINVAS) dentro do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), porém, em 2005, após
publicação da instrução normativa SVS nº 1 em Diário ficial, o SINVAS foi redefinido para
Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental (SNVSA), o qual dispõe de um setor de
vigilância da qualidade da água para consumo humano que tem como finalidade o
mapeamento de áreas de risco em determinado território para avaliação das características de
potabilidade, com objetivo de assegurar a qualidade da água e evitar que as pessoas adoeçam
pela presença de patógenos e contaminantes presentes nos corpos hídricos utilizados para
25

abastecimento público (FUNASA, 2002; FREITAS; DE FREITAS, 2005).


Segundo Carmo et al. (2008), a palavra vigilância está associada a avaliação
continuada sobre diversas situações de perigos impostos por agentes físicos, químicos e
biológicos nos diversos compartimentos ambientais, dentre eles, destaca-se as águas utilizadas
para consumo humano. A vigilância da água, do solo ou do ar tem como objetivo a
identificação e o controle de riscos à saúde da população, este controle ou intervenção acaba
se tornando frequente atuando como forma de prevenção aos riscos relacionados aos perigos
advindos de poluentes ambientais resultantes de atividades antrópicas. A qualidade da água
utilizada para consumo humano pode variar no espaço e no tempo, portanto, torna-se um
grande desafio para os profissionais da vigilância, pois o monitoramento desta água deve ser
realizado simultaneamente em diversos pontos do sistema de abatecimento como: no
manancial de captação, nas unidades de tratamento, nos reservatórios de armazenamento, na
rede de distribuição e domicílios.
A água e um bem essencial que garante saúde à população. Neste sentido, trata-se de
um bem essencial, e que é considerada uma prioridade das ações de vigilância em saúde
ambiental no Brasil (BARCELLOS; QUITÉRIO, 2006). Entretanto, padrões de
desenvolvimento não-sustentáveis vem favorecendo a degradação ambiental, graças à
alterações significativas no meio natural e destruição de diversos ecossistemas (dentre os
quais se destacam os aquáticos), que levam a mudanças nos padrões de distribuição de
doenças e nas condições de saúde dos diferentes grupos populacionais (SOUZA;
GASTALDINI, 2014).
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Sistema Único de Saúde (SUS), em seu
Artigo 200, a competência de fiscalização e inspeção de água para consumo humano, além da
participação na formulação da política e da execução das ações de saneamento básico, entre
outras atribuições (BRASIL, 1988). Em atendimento à Constituição Federal, a Lei Orgânica
da Saúde (Lei no 8.080/1990), em seu Artigo 6°, também descreve dispositivos específicos,
relacionados ao campo de atuação do SUS no que se refere a fiscalização da água para
consumo humano no Brasil (BRASIL, 1990).
O debate sobre as questões relativas a qualidade da água, e consequentemente, a
atuação do Ministério da Saúde sobre os parâmetros de potabilidade nao é recente. Desde o
ano de 1977 foi atribuída ao Ministério da Saúde a competência para elaborar normas e
padrões de potabilidade da água para consumo humano. Assim, a Vigilância da Qualidade da
Água para Consumo Humano foi a primeira área de atuação da vigilância em saúde ambiental
26

no Brasil (BRASIL, 2009).


A vigilância da qualidade da água para consumo humano atua sobre as diferentes
formas de abastecimento de água, seja de gestão pública ou privada, na área urbana ou rural, e
inclusive em áreas indígenas e em comunidades isoladas. As formas de abastecimento de água
podem apresentar características bastante variadas, como por exemplo, a água pode ser
distribuída por rede ou por meio de veículos transportadores; o fornecimento da água pode ser
restrito a um único domicílio ou ser para vários bairros ou municípios; os mananciais de
captação da água podem ser superficiais ou subterrâneos; o tratamento da água pode ser
completo ou simplificado, com apenas desinfecção. Neste sentido, é importante reconhecer o
monitoramento da qualidade da água como o instrumento de verificação da potabilidade da
água para consumo humano, conforme padrão estabelecido na legislação. Para o
monitoramento da qualidade da água devem ser realizadas análises laboratoriais das amostras,
de acordo com os planos de amostragem específicos para o controle, descritos na Norma de
Potabilidade da Água, e com os planos de amostragem da vigilância, descritos na Diretriz
Nacional do Plano da Vigilância (DANIEL; CABRAL, 2011).
O padrão de potabilidade no Brasil e estabelecido na Portaria GM/MS no 2.914, de
12 de dezembro de 2011, que dispoe sobre “Os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”, bem como
estabelece as competências e responsabilidades atribuídas às autoridades de saúde pública
(Vigilância), nas três esferas de gestão do SUS, e aos responsáveis pelo sistema ou por
solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano (Controle)
(BRASIL, 2011).
A ação do Vigiágua ratifica que são grandes as dificuldades no gerenciamento dos
recursos hídricos no Brasil. As águas tomadas para fins de abastecimento público estão cada
vez mais comprometidas em qualidade e quantidade, até mesmo as águas subterrâneas que
apresentam a barreira do solo como proteção estão mais vulneráveis aos poluentes ambientais
oriundos de fontes antropogênicas como despejos domésticos, industriais, lixiviacao de
chorume de aterros sanitários, etc (FREITAS et al., 2001; COLVARA et al., 2009).

3.4 ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

O conceito de classificação da qualidade da água de acordo com seu grau de pureza e


poluição, remonta desde 1848 na Alemanha. Assim, ao longo dos anos foram desenvolvidos
vários índices e indicadores ambientais para avaliação da qualidade da água com base em suas
27

características físico-químicas e microbiológicas (SLADECEK, 1973; OTT, 1978;


STEINHART et al., 1981; DOJLIDO; BEST, 1993; LUMB et al., 2011).
Um dos primeiros índices de qualidade da água (IQA) foi o Índice Sapróbico (IS),
criado por Kolkwits e Marssonon em 1908, com objetivo de verificar o nível de matéria
orgânica facilmente degradável em águas correntes (SLADECEK, 1969; WASHINGTON,
1984). O IS tornou-se deficiente e por muitas vezes impraticável, o que levou a uma busca por
um melhor sistema de numeração nas décadas seguintes onde se desenvolveram índices
numéricos através de cálculos matemáticos utilizados para a classificação e avaliação da
qualidade das águas através de variáveis físicas, químicas e biológicas (HORTON, 1965).
Como a água é utilizada para diversos fins, surgiram outros índices, tais como: Índice da National
Sanitation Foundation, Índice de qualidade de Báscaram, Índice de qualidade da água de Scottish
(GILJANOVIC, 1999; FLORES, 2002; BORDALO et al., 2001).
Esses cálculos matemáticos são baseados na técnica Delphi, um método ad hoc
baseado em painéis, reuniões ou grupos de especialistas, criado pelos cientistas Olaf Helmer e
Norman Dalkey a partir do “Projeto Delphi” e desenvolvido pela Rand Corporation (Estados
Unidos). Este estudo estava relacionado ao uso de opiniões de especialistas para fins militares
estratégicos e a empresa acreditava que o Delphi marcaria o início de um novo campo de
pesquisas denominado de “tecnologia de opinião” (MAGALHÃES JÚNIOR, 2007).
Uma versão melhorada do índice desenvolvido por Horton em 1965 foi proposta por
Brown et al. (1970) e Deininger e Maciunas (1971) com o apoio da National Sanitation
Foundation (NSF) dos EUA, que ficou conhecido como Índice de Qualidade da Água da
National Sanitation Foundation-NSFWQI (LUMB et al., 2011).
O IQA estabelece níveis e padrões de qualidade que possibilita a classificação das
águas em classes, definidas pelo resultado encontrado no seu cálculo (LIMA et al., 2007). É
Uma forma conveniente de se resumir dados de qualidade da água usando diferentes grupos de
analitos, não tem unidade, apenas uma escala numérica de 0 a 100, quanto mais elevado este
número, melhor a qualidade das águas (HORTON, 1965; WILLS e IRVINE, 1996;
GILJANOVIC, 1999; BABAEI SEMIROMI, 2011). O IQA foi criado com o uso da
metodologia Delphi através da opinião de um grupo de 142 profissionais da área de qualidade
da água, cuidadosamente selecionados em uma ampla distribuição geográfica atuantes em
diversos órgãos do governamentais, não governamentais e outros (EPA, 1974). Foi criado um
questionário com uma lista de 35 variáveis selecionadas arbitrariamente, os especialistas se
encarregaram de selecionar para cada variável uma das opções incluir, não incluir ou indeciso,
28

sendo possível listar outras variáveis não incluídas neste questionário. As variáveis
selecionadas com o item incluir deveriam receber um peso variando de 1 a 5. Um sumário
desse questionário foi enviado aos participantes, junto com o segundo questionário, para que
comparassem as respostas dos grupos e as reavaliassem, sendo também solicitada uma lista
das 15 variáveis mais importantes. Finalmente, a partir das informações geradas nas respostas
dos questionários, definiu-se uma lista composta por nove (09) variáveis e respectivos pesos
integrantes do IQA. Um terceiro questionário serviu para que o painelista desenhasse as
curvas de acordo com o seu julgamento, com a variação da qualidade da água produzida pelas
várias possíveis medidas das variáveis. Foram geradas nove curvas para o cálculo do IQA
constituídas das curvas médias obtidas das respostas de todos os especialistas (LIBÂNIO,
2008).
Com objetivo de gerar informações importantes para abastecimento público, a
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo-CETESB adaptou e desenvolveu o IQA
tomando como base o estudo realizado pela NSF em 1970, incorporando nove (09) variáveis
consideradas relevantes para a avaliação da qualidade das águas. O início ocorreu em 1974
com a operação da Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores (rios e
reservatórios), que possibilitaram o conhecimento adequado das condições principais nos
cursos d’água do Estado de São Paulo (CETESB, 2017). O uso do IQA no Brasil se consolidou
na década de 80, na maioria das vezes adotando-se os IQAs desenvolvidos em outros países,
destacando-se a utilização da técnica de análise fatorial no Rio Grande do Sul em 1989 e a criação
do Índice de Proteção das Comunidades Aquáticas pela CETESB em 1995 (MATTOS; VON
SPERLING, 1999). Com vistas ao aperfeiçoamento da avaliação ambiental, a CETESB iniciou
a partir de 1998, o desenvolvimento de outros índices de qualidade da água como: Índice de
Qualidade das Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público (IAP); Índice do Estado
Trófico (IET); Índices de Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática e de
Comunidades Aquáticas (IVA); Índice da Comunidade Fitoplanctônica (ICF); Índice da
Comunidade Bentônica (ICB) e Índice de Balneabilidade (IB) (CETESB, 2017).
O cálculo do IQA segundo a CETESB é realizado pelo produtório ponderado dos
valores das notas de qualidade (qi) de cada variável conforme as curvas de qualidade das
mesmas, elevados aos seus respectivos pesos (wi). As variáveis utilizadas no cálculo são:
Temperatura, pH, percentual de saturação de oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de
oxigênio (5 dias, 20ºC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo total, resíduo
total e Turbidez.
29

A fórmula utilizada no cálculo do IQA está descrita na equação 01:


n
i
I A qi
i 1
(Equação 01)
IQA : Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;
qi : qualidade da i-ésima variável, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva "curva
média de variação de qualidade", em função de sua concentração ou medida;
wi : peso correspondente a i-ésima variável, um número entre 0 e 1, atribuído em função da
sua importância para a conformação global de qualidade.
Os valores de qi são obtidos da respectiva "curva média de variação de qualidade, em
função de sua concentração ou medida de cada variável. Os pesos (wi) correspondem a um
determinado valor para cada variável observada em função da sua importância para a
conformação global de qualidade e a somatória de todos os pesos é igual a um (1) conforme a
fórmula da equação 02:
n

i 1
i 1
(Equação 02)
As curvas médias de variação de qualidade em função das concentrações ou medidas
de cada variável, assim como, os pesos (wi) referentes a importância para a conformação
global de qualidade de cada variável podem ser observadas na Figura 1. Portanto, os valores
de qi podem ser obtidos em função dos resultados analíticos determinados de cada variável
conforme as suas curvas médias de variação.
30

Figura 1: Curvas médias de variação de qualidade para temperatura (a), pH (b), OD (c), DBO
(d), coliformes termotolerantes (e), nitrogênio total (f), fósforo total (g), resíduo total (h) e
turbidez (i)

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

(g) (h) (i)


Fonte: CETESB, 2017.

Os valores do IQA variam de 0 a 100 com faixas de classificação especificadas de


acordo com a categoria e a ponderação conforme Tabela 1:

Tabela 1: Faixa de valores do IQA.


Categoria Ponderação
Ótima 79 < I A ≤ 100
Boa 51 < I A ≤ 79
Regular 36 < I A ≤ 51
Ruim 19 < I A ≤ 36
Péssima I A ≤ 19
Fonte: CETESB, 2017.
31

Outros estudos inovadores proporcionaram a criação de vários índices a partir do


mesmo procedimento adotado para a criação do IQA da NSF. Na Tabela 2 pode-se observar
alguns exemplos e seus objetivos:

Tabela 2: Índices de Qualidade das Águas desenvolvidos a partir do IQA da NSF.


Autores/Ano Índices Objetivos
Identificações relevantes
Índice de Qualidade de Águas para ao planejamento de
DOTTO et al. (1996)
Culturas Irrigadas (IQAI) recursos hídricos para a
irrigação.
Fornecimento de
ferramenta qualitativa para
LOPES e LIBÂNIO Índice de Qualidade de Estações de auxílio dos
(2005) Tratamento de Água (IQETA) administradores de
sistemas de abastecimento
público.
Índice de Qualidade das Águas dos Verificação dos efeitos da
SIMÕES et al.
rios Macuco e Queixado no Estado de aquicultura sobre
(2007)
São Paulo. organismos aquáticos.
Avaliação da qualidade das
KIPERSTOK et al. Índice de Qualidade Natural de Águas águas subterrâneas dos
(2008) Subterrâneas (IQNAS) vários tipos de domínios
hidrogeológicos.
Avaliação da qualidade da
FERREIRA et al. água em programas de
Índice Multimétrico Bentônico (IMB)
(2011) biomonitoramento de
bacias hidrográficas.
Investigação da relação
Índice de Impactos de Resíduos
direta entre resíduos
DE DEUS (2004) Sólidos Urbanos na Saúde Pública
sólidos, homem e saúde
(IIRSP)
pública.
32

3.5 CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DE ESTUDO

As características das áreas de estudo referentes aos municípios de Abaetetuba e


Barcarena no estado do Pará estão detalhadas nos itens 3.5.1. e 3.5.2 (PARÁ, 2011).

3.5.1 Características da área de estudo em Abaetetuba/PA

O município de Abaetetuba pertencente à Mesorregião do Nordeste Paraense e à


Microrregião de Cametá. “Sua Sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01º
43’ 24” de latitude Sul e 48º 52’ 54” de longitude a Oeste de Green ich.
O município tem como limites: Ao norte - Rio Pará e município de Barcarena; a
leste - Município de Moju; ao sul - Municípios de Iguarapé-Miri e Moju e a oeste -
Municípios de Iguarapé-Miri, Limoeiro do Ajuru e Muaná.
Predominam no Município o Latossolo Amarelo distrófico com textura média
associado ao Podzol Hidromórfico e Solos Concrecionários Lateríticos Indiscriminados
distróficos com textura indiscriminada em relevo plano. Nas ilhas, acham-se presentes em
manchas, os solos Gleys eutróficos e distróficos e Aluviais eutróficos e distróficos, textura
indiscriminada.
A cobertura vegetal original é representada pela Floresta Hileiana de grande porte
(Floresta Densa de Terra Firme), a qual recobria a maior parte do município de Abaetetuba,
hoje, é praticamente inexistente, dando lugar à Floresta Secundária, intercalada com cultivos
agrícolas. Já as áreas de várzea apresentam sua vegetação característica, com espécies
ombrófilas latifoliadas (de folhas largas), intercaladas com palmeiras, dentre as quais
desponta o açai como uma espécie de grande importância para as populações locais.
Os acidentes topográficos do Município são inexpressivos, com terrenos localizados
na margem direita do trecho baixo do rio Tocantins, com cotas que oscilam entre 5 a 20
metros.
Constituídos por terrenos sedimentares do Terciário (Formação Barreiras) e do
Quaternário Antigo e Recente, a estrutura geológica de Abaetetuba reflete, não só em sua
porção continental, mas, também, na insular, grande simplicidade nas suas formas de relevo.
Apresenta, ora amplos tabuleiros pediplanados, que formam os terrenos mais recentes,
inseridos na unidade morfoestrutural do Planalto Rebaixado do Baixo Amazonas.
O principal rio do município de Abaetetuba é o Pará, que é o limite natural, a
noroeste, com os municípios de Muaná e Ponta de Pedras. Nesse rio, se destacam dezenas de
33

ilhas, tais como: Urubuéua, Sirituba, Capim, Compopema, entre outras. Importante, também,
é o rio Abaeté que banha a sede do Município e deságua na baía do Capim. Outros rios que
deságuam na baía do Capim são: Guajará de Beja, Arapiranga de Beja e o Arienga, este
último fazendo limite com Barcarena, a nordeste. Destaca-se, ainda, o rio Itanambuca, que
serve de limite natural, a sudoeste, com o município de Iguarapé-Miri.
O clima no município de Abaetetuba é do tipo Am, segundo a classificação de
Köppen, que corresponde à categoria de super úmido. Apresenta altas temperaturas,
inexpressiva amplitude térmica, e precipitações ambulantes.

3.5.2 Características da área de estudo em Barcarena/PA

O município de Barcarena pertence à mesorregião Metropolitana de Belém e a


microrregião de Belém. A sede municipal tem as seguintes coordenadas geográficas: 01º 30’
24 “de latitude Sul e 48º 37’ 12” de longitude a Oeste de Green ich.
O município tem como limites: Ao norte - Baía de Guajará e município de Belém; ao
sul - municípios de Moju e Abaetetuba; a leste - Baía de Guajará e município de Acará e a
oeste - Baía do Marajó.
Na porção continental, os solos predominantes são o Latossolo Amarelo distrófico
textura média, o Podzol Hidromórfico e Concrecionário Laterítico indiscriminado, distrófico,
textura indiscriminada. Nas ilhas, estão presentes os solos hidromórficos indisciminados,
eutróficos e distróficos, textura indiscriminada e Hidromórficos Gleisados, como o Gley
Pouco Húmico e Aluvial eutróficos e distróficos, textura indiscriminada.
A cobertura vegetal primitiva de Floresta Densa dos baixos platôs Pará/Maranhão foi
quase totalmente substituída pela ação dos desmatamentos para o plantio de espécies agrícolas
de subsistência, dando ensejo nas áreas em pousio à regeneração florestal com diferentes
estágios de desenvolvimento da Floresta Secundária. Ao longo das margens dos rios e
igarapés, preponderam as Florestas Ciliares e de várzeas nos trechos sob influência de
inundações, ocorrendo, também, o mangue e a siriúba, margeando os grandes rios e as Ilhas
do Município.
O Município apresenta níveis topográficos pouco elevados, sobretudo nas ilhas
sujeitas, em parte, a inundações. Na porção continental, a topografia é um pouco mais
elevada, especialmente na sede, cuja altitude é de 14 metros.
A geologia do Município é pouco variável, construída, como em toda a microrregião,
por sedimentos do Terciário (Formação Barreiras) e do Quaternário. Os primeiros estão
34

presentes, sobretudo, na porção continental do Município, enquanto trechos Quaternários


estão nas margens dos rios, constituindo a porção insular do Município, onde predominam
sobre a sedimentação da Formação Barreiras. O relevo reflete a geologia, estando presentes
áreas de várzeas, terraços e tabuleiros, que constituem, regionalmente, um setor da unidade
áreas de várzeas, terraços e tabuleiros, que constituem, regionalmente, um setor da unidade
morfoestrutural, Planalto Rebaixado da Amazônia (Baixo Amazonas).
O principal acidente hidrográfico de Barcarena é a Baía de Marajó que, em sua maior
abertura para nordeste, compõe, com outras contribuições hídricas, o “Golfão Marajoara”.
Além desses dois elementos alguns furos separam a porção continental da porção insular do
Município, entre os quais o furo do Arrozal, que separa a Ilha de Carnapijó e recebe o rio
Barcarena e o rio Itaporanga, nasce ao sul do Município. O rio o furo e a baía Carnapijó
cortam o Município de sudeste para noroeste. É importante pela navegabilidade como coletor
da drenagem da região. Outro rio de expressão na área é o Moju, cuja foz limita com o
município de Acará. A sudoeste, o rio Uruenga limita com Abaetetuba e, a sudeste, o limite
com Moju é feito através do Igarapé Cabresto.
O Clima de Barcarena faz parte do clima quente equatorial úmido sendo, na
classificação de Köppen, do tipo Am. A temperatura média anual é de 27º C, com amplitude
térmica mínima. Precipitações abundantes, acima de 2.500 mm ano, ocorrem mais nos seis
primeiros meses e, menos intensamente, nos últimos seis meses do ano.
Na Figura 2 observa-se os dados mensais de intensidade pluviométrica registrados
na Estação Metereológica OMM: 82191 no período de 2008 a 2012 na região metropolitana
de Belém/PA, a mesma Estação utilizada para os municípios de Barcarena e Abaetetuba no
Estado do Pará (INMET, 2015).
Figura 2: Intensidade pluviométrica no município de Barcarena/PA.

Fonte: Elaborado a partir de dados mensais fornecidos pelo Instituto de Metereologia do Brasil (INMET), 2015.
35

4 MATERIAL E MÉTODOS

Neste capítulo apresentam-se informações sobre as áreas de estudo, o delineamento


experimental, procedimentos de coleta, variáveis analisadas, cálculo do IQA e o tratamento
estatístico sobre os dados obtidos.

4.1 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

Abaetetuba e Barcarena são municípios do nordeste do Estado do Pará e estão


localizados ao sudoeste de Belém, capital do Estado. Estes municípios possuem áreas
territoriais em torno de 1.610,408 e de 1.310,588 quilômetros quadrados respectivamente,
com populações estimadas em 2016 de 151.934 habitantes em Abaetetuba e de 118.537
habitantes em Barcarena (IBGE, 2017).

4.1.1 Comunidades Estudadas e Águas Subterrâneas

A Comunidade Maranhão e Vila do Conde estão localizadas nos municípios de


Abaetetuba e Barcarena respectivamente, ambas no Estado do Pará (Figura 3), sob as
coordenadas geográficas de 1°40' 10,58" S e 48°49'12,26" W e de 1°34'3,17" S
e 48°45'55.36" W (WGS 84). A Comunidade Maranhão tem uma distância aproximada de 8,5
quilômetros em linha reta da cidade de Abaetetuba/PA e de 12 quilômetros da Vila do Conde
em Barcarena/PA (visualização no software Google Earth), com acesso através da Rodovia
Estadual PA-252 e Ramal do Maranhão, uma comunidade ribeirinha situada à margem
esquerda do rio Guajará do Beja, o qual é tributário do rio Pará. Já a Vila do Conde é um dos
distritos pertencentes ao município de Barcarena e está localizada no entorno da área portuária
de Vila do Conde, onde estão instaladas indústrias que atuam no beneficiamento e exportação
de caulim, alumina, alumínio, cabos para transmissão de energia elétrica e outras atividades
produtivas do agronegócio (CDP, 2010; IEB, 2012; IBGE, 2017).
36

Figura 3: Localização da Comunidade Maranhão e Vila do Conde.

Fonte: Trindade1.

As águas consumidas nas duas localidades são originárias de aquíferos subterrâneos,


não existindo qualquer tipo de tratamento nessas fontes de abastecimento, apenas captação
canalizada ou não, armazenamento em caixas d’águas ou reservatório elevado e distribuição
para os pontos de consumo. O poço usado para o abastecimento geral em Vila do Conde
através distribuição canalizada pelo serviço de saneamento do município é realizada de
maneira intermitente, isto é, não funciona 24 horas no dia.
Para as águas de consumo humano (águas subterrâneas) nas duas comunidades,
foram realizadas quatro (04) campanhas de amostragens de águas no ano de 2012,
contemplando o período chuvoso e seco com o objetivo de se verificar a influência
pluviométrica na mudança da qualidade das águas consumidas nas áreas de estudo.
Na Comunidade Maranhão, foram monitorados nove (09) poços individuais tipo
escavados com boca aberta e um (01) tubular ou fechado no total de dez (10) poços. Na Vila
do Conde, o monitoramento foi realizado um (01) poço individual tipo escavado com boca
aberta, seis (06) poços tubulares ou fechados, sendo cinco (05) individuais e um (01) coletivo
administrado pelo serviço de saneamento do município, totalizando sete (07) poços. Além dos
poços, houve monitoramento das águas armazenadas em recipientes dentro dos domicílios nas
duas localidades, por exemplo, potes de barro, filtros, vasilhames na geladeira, etc., sendo dez
(10) pontos de amostragem na Comunidade Maranhão e treze (13) em Vila do Conde. A água
1
O mapa elaborado por Paulo Trindade (Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/3667982709268427) a partir de
coordenadas geográficas registradas em trabalho de campo pelo Instituto Evandro Chagas, Ananindeua-PA.
37

distribuída na rede de abastecimento foi monitorada em treze (13) pontos de amostragem em


Vila do Conde, na Comunidade não foi possível, pois não há este tipo de serviço coletivo.

4.1.2 Rio Murucupi

O rio Murucupi tem cerca de 10 km de extensão e suas nascentes estão localizadas


perto de uma bacia de decantação (lama vermelha) do processo de produção de alumina. Este
rio transcorre os distritos urbanos de Vila dos Cabanos e Comunidade Laranjal no município de
Barcarena-PA e desagua em um corpo hídrico denominado Furo do Arrozal. Observa-se o
lançamento de esgotos domésticos não tratados provenientes desses distritos e suas matas
ciliares foram parcialmente devastadas pela ocupação humana (IEC, 2009).
A legislação Brasileira dispõe sobre a classificação das águas superficiais e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento (Resolução CONAMA 357/2005/MMA), quanto à
salinidade dos corpos hídricos, o rio Murucupi apresenta característica de águas doces. De
acordo com Horbe e Santos (2009), os rios da Amazônia são classificados em águas brancas,
escuras e claras. O rio Murucupi apresenta características de águas escuras e claras.
As atividades desenvolvidas no estudo realizado sobre as águas superficiais do rio
Murucupi também foram definidas de forma a contemplar quatro (4) campanhas de
amostragens e sazonalidade (período chuvoso e seco), com intervalos trimestrais nos anos de
2009 e 2012 e regime de marés. Essas campanhas de amostragem foram realizadas nos meses
de janeiro, abril, julho e outubro de 2009 e fevereiro, maio, agosto e novembro de 2012. Os
períodos sazonais nas área estudadas estão bem definidos: chuvoso de janeiro a junho e seco
nos últimos meses do ano (AMARAL et al., 2002; SOUZA; LISBOA, 2005).
Foram avaliados seis (06) pontos de amostragem nos anos de 2009 e 2012. A extensão
avaliada foi de aproximadamente 5.269 m, com distanciamento mínimo e máximo entre alguns
pontos de amostragem de 584 m e 875 m respectivamente. Os pontos de amostragem (Figura 4)
foram definidos à montante e jusante de pequenas drenagens tributárias ao longo das extensões
avaliadas no sentido suas nascentes até às suas fozes, levando-se em consideração a
navegabilidade, acessibilidade, equipe de campo e custo financeiro para a realização do
trabalho.
38

Figura 4: Área de estudo e respectivos pontos de amostragem.

Fonte: Deus2.

Observa-se na Tabela 3 algumas características climáticas regionais dos anos 2009 e


2012 conforme Estação Metereológica OMM: 8219 e previsões de marés (INMET e Marinha
do Brasil, 2009).

Tabela 3: Meses de amostragens e características climáticas regionais em 2009 e 2012


Período Precipitação Temperatura (oC) Marés (m)
Ano Meses
Sazonal (mm) Máximo Mínimo Alta Baixa
Janeiro Chuvoso 354.5 31.3 23.1 3.4 -0.5
Abril Chuvoso 469.9 30.2 23.2 3.1 0.0
2009
Julho Seco 193.1 32.7 23.1 3.4 -0.4
Outubro Seco 45.1 33.7 22.9 3.1 0.2
Fevereiro Chuvoso 411.9 30.4 22.7 3.3 0.1
Maio Chuvoso 225.1 32.5 22.5 3.3 -0.1
2012
Agosto Seco 112.2 32.7 22.2 3.2 0.1
Novembro Seco 103.0 33.3 23.0 3.4 0.1

2
O mapa elaborado por Ricardo de Deus (Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/2786835009160625) a partir de
coordenadas geográficas registradas em trabalho de campo pelo Instituto Evandro Chagas, Ananindeua-PA.
39

A determinação das variáveis necessárias para o cálculo do IQA e avaliação da


qualidade dessas águas, desenvolveu-se sob três (03) etapas que compreenderam:
planejamento de coleta; trabalho de campo e laboratório e avaliação de resultados. Estas
etapas do estudo estão delineadas no resumo esquemático da Figura 5:

Figura 5: Fluxograma do resumo das etapas e atividades desenvolvidas no estudo.

2ª ETAPA
1ª ETAPA
(Atividades de Campo e
(Planejamento)
Laboratório)

· Emissão de ofícios para solicitação de


apoio logístico junto aos representantes
das comunidades como: serviços
marítimos, acionamento de embarcações e
outros; · Amostragem e determinação local de
· Definição dos dias de amostragem (tábua algumas variáveis;
de marés conforme a formação da lua); · Registro dos dados obtidos em campo
· Formação das equipes de campo e (ficha de campo);
laboratório; · Preservação e transporte de amostras
· Organização de materiais e manutenção de · Análise e registro dos dados obtidos em
equipamentos; laboratório (ficha de bancada).
· Envio de memorando interno (IEC) para
requisição de veículos, pagamento de
diárias e suprimento de fundo;
· Logística de trabalho em campo.

3ª ETAPA
(Avaliação de Resultados)

· Organização dos dados obtidos;


· Cálculo do IQA;
· Tratamento estatístico sobre os dados obtidos;
· Discussão dos dados.

Fonte: Medeiros, 2012.

4.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA

As amostragens foram realizadas de acordo com as recomendações do Guia Nacional


de Coleta e Preservação de Amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes
40

líquidos e do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (ANA, 2011;
APHA, 2012).
As amostras de água subterrânea, dos domicílios e da rede de distribuição foram
coletadas respectivamente diretamente nos poços com auxílio de balde inox ou na tubulação
de sucção antes de caixas d’água ou reservatório, dos recipientes utilizados para
armazenamento considerados neste estudo como água de domicílio e nas torneiras dos ramais
prediais da rede de distribuição do sistema coletivo de abastecimento sempre após 2 ou 3
minutos de escoamento das primeiras águas acumuladas na extremidade das canalizações.
A amostragem de água superficial fora do tipo simples e utilizando-se a técnica de
imersão do frasco numa profundidade máxima de 30 cm da coluna d’água.
Para as análises físico-químicas foram utilizados frascos de polietileno com
capacidade de 1 L, sendo as amostras coletadas e transportadas logo após as coletas para o
Laboratório de Toxicologia da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas em
Ananindeua/PA. As amostras foram conservadas sob refrigeração (± 4ºC) em caixas
isotérmicas durante o transporte de campo até o laboratório. Para a análise de DBO, foram
utilizados frascos de polietileno âmbar com capacidade de 1 L, utilizando-se o mesmo critério
de conservação comentado anteriormente.
Na amostragem de água para os exames microbiológicos, foram utilizadas bolsas
NASCO® de 100 mL, sendo as amostras acondicionadas em caixas isotérmicas (± 4ºC) e
transportadas ao Laboratório de campo em Barcarena, onde foram realizados os
procedimentos necessários para os exames microbiológicos.
Na Figura 6 pode ser observado o trabalho desenvolvido em campo envolvendo as
seguintes atividades: coleta de água para análises físico-químicas e exames microbiológicos,
determinação de algumas variáveis no momento da coleta, registro de informações locais e
armazenamento e preservação de amostras para análises e exames em laboratório.
41

Figura 6: Trabalho de campo nos rios monitorados. a) coleta de água para análise
físico-química; b) coleta de água para exame microbiológico; c e d) determinação “in loco” de
variáveis físico-químicas; e) registro de informações no momento da coleta e f)
acondicionamento e preservação de amostras em caixa isotérmica.

Fonte: Medeiros, 2012.

4.3 VARIÁVEIS ANALISADAS

As variáveis físico-químicas e microbiológica que foram determinadas para o


cálculo do IQA nas águas superficiais foram: Temperatura (T), pH, Sólidos Totais Dissolvidos
(STD), Sólidos Suspensos Totais (SST), Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de
Oxigênio (DBO), Coliformes Termotolerantes (CT), N-Nitrato, Fosfato, Turbidez (Turb). A
soma de STD e SST resultou nos valores de Sólidos Totais (ST). Para o cálculo do IQA nas
águas subterrâneas determinou-se as seguintes variáveis: pH, sólidos totais (somatório de
sólidos totais dissolvidos e sólidos totais suspensos), fluoreto, cloreto, dureza e N-nitrato.

4.3.1 Análises Físico-Químicas e Exames microbiológicos

Os métodos analíticos empregados para a determinação das variáveis analisadas


obedeceram aos procedimentos e metodologias padronizadas e validadas conforme
42

recomendações descritas no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater


(APHA, 2012) e Manuais dos Espectofotômetros DR 2000 e 2800 (HACH®, 1990 e 2007).
O pH, temperatura, sólidos totais dissolvidos e oxigênio dissolvido (mg/L e % de
saturação) foram determinados no momento da amostragem com o equipamento HI 769828
da HANNA® previamente calibrado. Os sólidos totais suspensos e turbidez foram
determinados nos espectrofotômetros DRs 2000 e 2800 da HACH® (UV-VISÍVEL) e as
variáveis cloreto, fluoreto, dureza (CaCO3 e MgCO3), N-nitrato e fosfato nos equipamentos
ICS 2000 e 2100 DUAL (Thermo Scientífic-DIONEX,USA).
A determinação da DBO5 a 20 ºC foi realizada no equipamento BODTRAK da
HACH® e os Números Mais Prováveis (NMP) de coliformes termotolerantes por meio de
cartelas QUANTI-TRAY em banho maria com temperatura constante de 44,50 C.
Os métodos utilizados para análise de cada variável estão descritos abaixo:
• pH: utilização do método potenciométrico, sensor pH/ORP Probe HI 769828-1 (SM
4500B);
• OD: utilização do método do eletrodo contendo membrana por difusão; Sensor
OD/Temperatura HI 769828-2 (SM 4500 O);
• DBO: utilização do método respirométrico (SM 5210 D);
• STD: utilização do método potenciométrico, sensor de condutividade EC HI
769828-3 (SM 2540C);
• SST: utilização do método fotométrico por espectrofotometria com comprimento de
onda (λ) de 810 nm (SM 2540D);
• Turbidez: utilização do método absormétrico por espectrofotometria com
comprimento de onda (λ) de 450 nm (8237 HACH®);
• Cloreto, fluoreto, dureza (CaCO3 e MgCO3), N-Nitrato e fosfato: utilização do
método de eletroquímico por cromatografia iônica (SM 4110A);
• Coliformes termotolerantes: determinação mediante a aplicação do método de
substrato enzimático Substrato cromogênico definido e ONPG-MUG
(COLLILERT/QUANTI-TRAY®) (SM 9223 B).

Na Figura 7 podem ser vistos os procedimentos para as análises físico-químicas e


exames microbiológicos.
43

Figura 7: Análises físico-químicas (A, B e C) e exames microbiológicos (D, E e F).

Fonte: Medeiros, 2012.

4.4 CÁLCULO DO IQA

Os IQAs determinados nas águas superficiais e nas águas subterrâneas consumidas


na Comunidade Maranhão e Vila do Conde seguiram o mesmo critério da NSF, conforme a
equação 01 do item 3.4. do capítulo 3. Utilizou-se nos cálculos dos IQAs para as águas
superficiais, as expressões desenvolvidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (SEMAD, 2005) e, para as águas subterrâneas,
as expressões desenvolvidas por Oliveira et al. (2007) e Silva et al. (2005). É importante
lembrar que os IQAs determinados neste trabalho estão relacionados a um intervalo de
amostragens pontuais durante algumas horas do dia.
Como não existe qualquer tipo de tratamento químico diretamente nas fontes de
captação de água e as mesmas são originárias de aquíferos subterrâneos, como forma de se
comparar a qualidade das águas dos aquíferos subterrâneos com as águas coletadas nas
residências e na rede de distribuição, também se realizou o cálculo do IQNAS sobre as águas
de domicílio e de rede de distribuição com a mesma metodologia aplicada para águas
subterrâneas.
A determinação das notas de qualidade (qi) para cada variável foi realizada de
acordo com as equações desenvolvidas pela SEMAD (2005) e por Oliveira et al. (2007) e
Silva et al. (2005), as quais foram baseadas nas Equações representativas das curvas de
qualidade da NSF e podem ser observadas nas Tabelas 4, 5 e 6.
44

Tabela 4: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas pela


SEMAD (2005) para determinação dos valores de qi das variáveis coliformes termotolerantes,
pH, DBO, nitrato, fosfato e temperatura.
Limite Limite
Parâmetro Equação de qi
Mínimo (>) Máximo (≤)
98,24034-34,7145*(log(CTLog10))+2,614
5
Coliformes 0 10 267*(log(CTLog10))2+0,107821*(log(CT
Termotolerantes Log10))3
(NMP/100 mL)
105 - 3

0,0 2,0 2
-37,1085+41,91277*pH-15,7043*pH2+
2,0 6,9
2,417486*pH3-0,091252*pH4
-4,69365-21,4593*pH-68,4561*pH2+
pH (-) 6,9 7,1
21,638886*pH3-1,59165*pH4
-7.698,19+3.262,031*pH-499,494*pH2+
7,1 12,0
33,1551*pH3-0,810613*pH4
12,0 - 3
100,9571-10,7121*DBO+0,49544*DBO2
0 30
DBO (mg.L-1) -0,011167*DBO3+0,0001*DBO4
30 - 2

0 10 -5,1*NO3+100,17

10 60 -22,853*ln(NO3)+101,18
Nitrato (mg.L-1)
60 90 10.000.000.000*(NO3)-5,1161

90 - 1

0 10 79,7*(PO4+0,821)- 1,15
-1
Fosfato (mg.L )
10 - 5
As equações e as curvas desenvolvidas pela NSF, levam em
consideração as características dos corpos de água e variações climáticas
dos EUA, sendo a variação de temperatura de equilíbrio o principal
Diferença de
parâmetro afetado. Segundo a SEMAD (2005), os corpos hídricos
Temperatura
brasileiros não recebem cargas térmicas elevadas, portanto, as equações
(°C)
não condizem com a realidade brasileira, pois a variação da temperatura
de equilíbrio é próxima de zero, então tem-se para -0,625<∆T≤0,625 a
seguinte equação: qTemperatura 48 x ∆T + 93 48 x (0) + 93 93.
Fonte: SEMAD (2005). ∆T= Variação de Temperatura.
Obs.: Os valores de qi para os dados de DBO acima de 5 mg/L, foram obtidos de acordo com a curva média de
variação de qualidade para DBO conforme a Figura 2.5, item 2.2. do capítulo 2.
45

Tabela 5: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas pela


SEMAD (2005) para determinação dos valores de qi das variáveis turbidez, sólidos totais e
percentual de saturação de OD.
Limite Limite
Variável Equação de qi
Mínimo (>) Máximo (≤)
90,37*e(-0,0169*Turb) – 15*cos
Turbidez 0 100
(0,0571*(Turb-30))+10,22*e(-0,231*Turb) – 0,8
(UNT)
100 - 5
Sólidos 133,17*e(-0,0027*ST) – 53,17*e(-0,0141*ST) + [(–
0 500
Totais 6,2*e(-0,00462*ST)*sen (0,0146*ST)]
(mg.L-1) 500 - 30
100*(sen (y1))2 - [(2,5*sen (y2) –
0,018*OD% + 6,86)] + [12 ÷ (ey4 + ey5)]
y1= 0,01396*OD% + 0,0873
Oxigênio 0 100 y2 (π/56)*(OD% – 27)
Dissolvido y3 (π/85) – (OD% – 15)
(% de y4= (OD% – 65)/10
saturação) y5= (65 – OD%)/10
-0,00777142857142832*(OD%)2 +
100 140
1,27854285714278*OD% + 49,8817148572
140 - 47
Fonte: SEMAD (2005).
Turb= turbidez; ST=sólidos totais; OD%=percentual de saturação de oxigênio dissolvido.

Tabela 6: Equações representativas das curvas de qualidade da NSF, desenvolvidas por


Oliveira et al. (2007) e Silva et al. (2005) para determinação dos valores de qi das variáveis
pH, sólidos totais, cloreto, fluoreto, dureza e N-nitrato.
Intervalos de Pesos
Variáveis Equações Matemáticas (qi) R2
Validade (wi)
2
qpH=1,7354*(pH) [2≤pH≤7,34]
pH 0,990 0,05
qpH=16405*[(pH)-2,5]-17 [pH≥7,35]
Sólidos Totais qST=79-0,167284*ST+EXP[(ST)0,228] [0≤ST≤1630]
0,990 0,22
-1
(mg.L ) qST=27,7 [ST>1630]
qCl=100 [Cl<4,86]
Cloreto
qCl=138,9*(Cl)-0,19561-(Cl)0,42 [4,86≤Cl≤3000] 0,916 0,26
(mg.L-1)
qCl=0,0 [Cl>3000]
11,6263
Fluoreto qF=80+21*F-(F) [0,0≤F≤1,5]
0,924 0,16
(mg.L-1) qF=0,0 [F>1,5]
Dureza qDZ=100 [DZ<5,4]
0,949 0,16
-1
(mg.L ) qDZ=101,1*EXP(-0,00212*DZ) [DZ≥5,4]
N-Nitrato
qN-NO3=100*EXP(-0,0994*N-NO3) [N-NO3≥0,0] 0,993 0,15
(mg.L-1)
SOMA DOS PESOS 1,00
46

4.5 ANÁLISE DOS DADOS

O tratamento estatístico objetivou a aplicação da estatística descritiva, analítica e


análise multivariada sobre os dados dos IQAs calculados, onde tais ferramentas, serviram para
avaliar todos esses dados no período chuvoso e seco.
Na estatística descritiva, determinou-se os valores médios, desvio padrão, valores
máximo e mínimo.
Na estatística analítica, foram testadas as diferenças no IQA a partir da hipótese de que
há diferença na qualidade da água de acordo com o período de chuva, a diferença entre as marés
e as coordenadas. Isto posto, as diferenças foram testadas através do teste t de Student. Foram
considerados testes significativos os que tiveram p-valor menor ou igual a 0,05 (5%), indicando
rejeição da hipótese nula. A rejeição da hipótese nula, indica que existe diferença entre o
período (chuvoso e seco) ou maré (vazante e enchente) entre pelo menos um dos anos e
coordenadas dos pontos de amostragem.
Finalmente, considerando aquelas características que se mostraram estatisticamente
significativas, foi realizado modelo de regressão linear múltipla para testar a força de
associação entre as variáveis de exposição (climáticas e o ano) e desfecho (IQA). Foram
analisados os pressupostos de normalidade e não correlação dos resíduos, bem como a
homocedasticidade da variância.
Neste trabalho utilizou-se algumas ferramentas estatísticas para avaliação da
qualidade das águas subterrâneas, portanto, apresenta-se neste item algumas informações
básicas à respeito da análise multivariada, especificamente, a Análise de Componentes
Principais (ACP).
A Análise Multivariada é denominada como sendo um grande número de métodos e
técnicas onde se utilizam ao mesmo tempo todas as variáveis interpretadas em um conjunto de
dados obtidos (MOITA NETO, 2004; VICINI, 2005). Conforme Ayres et al. (2011), embora
as primeiras análises se devam a Francis Galton em 1986, só foi possível desenvolver e
aprimorar os testes estatísticos de análises multivariadas com o desenvolvimento da
informática e, desde então, essas ferramentas de análises vêm sendo utilizadas em larga escala
nos últimos anos do século XX.
A ACP é um método da estatística multivariada no qual a estrutura de um conjunto
de dados multivariados pode ser interpretada a partir das respectivas matrizes de
variâncias-covariâncias ou de correlações entre as variáveis consideradas, onde ocorrem as
47

transformações lineares das variáveis originais em novas variáveis, surgindo assim, novos
conjuntos de dados até ao ponto que essas variações de conjuntos tenham sido explicadas
(GOMES, 1985; LUDWIG; REYNOLDS, 1988; ODDEN; KVALHEIM, 2000; BERNARDI
et al., 2009; LANDIM, 2011). É uma técnica estatística multivariada onde o raciocínio central
é reduzir dimensionalmente um conjunto de dados que apresentam muitas variáveis
inter-relacionadas (LIMA et al., 2011). Os dados originais são definidos em um novo conjunto
de variáveis sintéticas chamado de componentes principais ou fatores, definidos através da
combinação linear das variáveis iniciais (BOUROCHE, 1982; VICINI, 2005).
Na análise de componentes principais foi utilizado o tipo de matriz por nível de
correlação sobre os dados dos IQAs, com a geração de gráficos de escores para os dois
primeiros componentes (CP1 e CP2).
Para o tratamento estatístico descritivo e analítico foi utilizado o software Excel 2013
da Microsoft Corporation© e para as Análises de Componentes Principais o software Minitab
17 OnTheHub Inc.® com os direitos para uso de acordo com a licença número
317201144883580098.

4.6 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Atendendo às especificações da Portaria 466/2012, o projeto foi aprovado pelo


Comitê de Ética do Instituto Evandro Chagas, sob o protocolo 0013.0.072.000-08.
48

5 RESULTADOS

5.1 ARTIGO 1

Avaliação da qualidade da água de consumo por comunidades ribeirinhas em áreas de


exposição a poluentes urbanos e industriais nos municípios de Abaetetuba e Barcarena
no Estado do Pará.
Publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva
DOI: 10.1590/1413-81232015213.26572015
49

Avaliação da qualidade da água de consumo por comunidades ribeirinhas em áreas de


exposição a poluentes urbanos e industriais nos municípios de Abaetetuba e Barcarena
no Estado do Pará.

RESUMO

Apesar dos grandes avanços tecnológicos introduzidos nos processos de tratamento das águas
de consumo humano, as utilizadas para abastecimento tornaram-se um grande problema de
saúde pública. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade das águas consumidas em duas
comunidades ribeirinhas no Estado do Pará expostas a poluentes domésticos e industriais.
Foram realizadas quatro campanhas de amostragem nas duas comunidades e as variáveis
utilizadas para o cálculo do Índice de Qualidade da Água (IQA) foram pH, Sólidos Totais,
Cloreto, Fluoreto, Dureza e N-Nitrato. As águas utilizadas para consumo humano na
Comunidade Maranhão, onde não há contaminação por poluentes industriais, apresentaram
amostras adequadas, com melhora no período seco; já as águas de Vila do Conde, local próximo
à atividade industrial, estiveram em ambos os períodos sazonais com qualidade inaceitável para
consumo humano. Os principais parâmetros afetados foram o pH e o N-Nitrato, com valores até
25 vezes a referência da legislação brasileira para água de consumo humano. Esses resultados
indicaram maior interferência antrópica no entorno da Vila do Conde em Barcarena,
necessitando-se de avaliações clínicas por profissionais especializados sobre o estado de saúde
desta população.

Palavras-chave: Índice, Qualidade das Águas, Água de consumo humano, Exposição


ambiental, Saúde
50

INTRODUÇÃO

A água é um bem essencial que garante saúde à população. Neste sentido, trata-se de
um bem essencial, e que é considerada uma prioridade das ações de vigilância em saúde
ambiental no Brasil1. Entretanto, padrões de desenvolvimento não sustentáveis vêm
favorecendo a degradação ambiental, graças a alterações significativas no meio natural e
adestruição de diversos ecossistemas (dentre os quais se destacam os aquáticos), que levam a
mudanças nos padrões de distribuição de doenças e nas condições de saúde dos diferentes
grupos populacionais2.
A Constituição Federal de 1988 atribui ao Sistema Único de Saúde (SUS), em seu
Artigo 200, a competência de fiscalização e inspeção de água para consumo humano, além da
participação na formulação da política e da execução das ações de saneamento básico, entre
outras atribuições3. Em atendimento à Constituição Federal, a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº
8.080/1990), em seu Artigo 6º, também descreve dispositivos específicos, relacionados ao
campo de atuação do SUS no que se refere à fiscalização da água para consumo humano no
Brasil4.
O debate sobre as questões relativas à qualidade da água e, consequentemente, a
atuação do Ministério da Saúde sobre os parâmetros de potabilidade não é recente. Desde o
ano de 1977 foi atribuída ao Ministério da Saúde a competência para elaborar normas e
padrões de potabilidade da água para consumo humano. Assim, a Vigilância da Qualidade da
Água para Consumo Humano foi a primeira área de atuação da vigilância em saúde ambiental
no Brasil5.
A vigilância da qualidade da água para consumo humano atua sobre as diferentes
formas de seu abastecimento, seja de gestão pública ou privada, na área urbana ou rural, e
inclusive em áreas indígenas e em comunidades isoladas. As formas de abastecimento de água
podem apresentar características bastante variadas, como por exemplo, pode ser distribuída
por rede ou por meio de veículos transportadores; seu fornecimento pode ser restrito a um
único domicílio ou ser para vários bairros ou municípios; os mananciais de captação da água
podem ser superficiais ou subterrâneos; o tratamento da água pode ser completo ou
simplificado, com apenas desinfecção. Neste sentido, é importante reconhecer o
monitoramento da qualidade da água como o instrumento de verificação da sua potabilidade
para consumo humano, conforme padrão estabelecido na legislação. Para o monitoramento da
qualidade da água devem ser realizadas análises laboratoriais das amostras, de acordo com os
51

planos de amostragem específicos para o controle, descritos na Norma de Potabilidade da


Água, e com os planos de amostragem da vigilância, descritos na Diretriz Nacional do Plano
da Vigilância6.
O padrão de potabilidade no Brasil é estabelecido na Portaria GM/MS nº 2.914, de
12 de dezembro de 2011, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, bem como estabelece
as competências e as responsabilidades atribuídas às autoridades de saúde pública
(Vigilância), nas três esferas de gestão do SUS, e aos responsáveis pelo sistema ou por
solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano (Controle)7.
A ação do Vigiagua ratifica que são grandes as dificuldades no gerenciamento dos
recursos hídricos no Brasil. As águas tomadas para fins de abastecimento público estão cada
vez mais comprometidas em qualidade e quantidade, até mesmo as subterrâneas que
apresentam a barreira do solo como proteção estão mais vulneráveis aos poluentes ambientais
oriundos de fontes antropogênicas como despejos domésticos, industriais, lixiviação de
chorume de aterros sanitários, etc.8,9.
As atividades econômico-produtivas desenvolvidas pela mineração, hidroenergia,
madeireira, agronegócio e outras trazem grandes benefícios para o desenvolvimento de um
país. Entretanto, são muitos os riscos que existem no entorno dessas áreas produtivas, isto é,
os impactos socioambientais negativos que acabam desorganizando e inviabilizando a
permanência de agrupamentos humanos e suas interações com a natureza, dificuldades
observadas em detrimento de danos ambientais, surgimento de doenças e situação de pobreza.
O modelo de produção do município de Barcarena/PA foi impactado intensamente pelo
complexo Albras/Alunorte, que trabalha na produção de alumínio e alguns subprodutos, e
contou com o apoio do Estado no sentido de desapropriar aproximadamente 40.000 hectares
de terras para a sua instalação. Grandes áreas foram desmatadas e a população local que antes
da instalação deste complexo industrial utilizava os recursos naturais para a sua subsistência
como, por exemplo, caça e pesca, precisou adotar outras bases produtivas para a sua
sobrevivência econômica. A migração da população para outras áreas do município foi intensa
e sem qualquer planejamento urbano por parte dos gestores, resultando em aglomeração de
moradias em periferias e sobrecarga populacional10.
Atualmente, o município de Barcarena (PA), não diferente de outros brasileiros,
enfrenta problemas de falta de serviços de saneamento adequados, ausência de políticas
habitacionais, serviços de saúde precários, etc. Além desses agravantes, frequentemente
52

ocorrem acidentes ambientais no entorno desse polo insdustrial, tendo como consequências a
poluição/contaminação dos corpos hídricos superficiais e subterrâneos e outros
compartimentos ambientais, causando prejuízos consideráveis à flora, fauna e saúde da
população11,12.
Desta forma, o objetivo do presente estudo é apresentar o resultado do
monitoramento de águas subterrâneas utilizadas para consumo humano no entorno de
comunidades ribeirinhas expostas à poluentes/contaminantes ambientais nos municípios de
Abaetetuba e Barcarena no Estado do Pará.

MATERIAIS E MÉTODOS

DESCRIÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO

Abaetetuba e Barcarena são municípios de grande porte no Estado do Pará, cuja


estimativa populacional foi, respectivamente, de 148.873 e 112.921 habitantes em 2014. Estes
municípios possuem áreas territoriais em torno de 1.610,408 e de 1.310,588 quilômetros
quadrados13. Localizam-se a sudoeste da cidade de Belém com uma distância aproximada de
90 km em relação ao centro dessa capital e fazem parte da bacia hidrográfica do Rio Pará.
A classificação dos sistemas hidrogeológicos de Abaetetuba e Barcarena foi realizada
conforme os critérios de classificação de Belém e Ananindeua, com base na proximidade das
áreas e configurações geométricas semelhantes identificadas nos perfis litológicos. Segundo
esses autores, existem cinco sistemas hidrogeológicos na área correspondente a estes dois
municípios, formados por aquicludes, aquitardes e aquíferos pertencentes às unidades
estratigráficas Pirabas, Barreiras e Cobertura Quaternária. Estes sistemas são denominados de
Aluviões, Pós-Barreiras, Barreiras, Pirabas Superior e Pirabas Inferior, com predominância do
grupo Barreiras nessas áreas e outras regiões do Pará, porém nas proximidades dos principais
corpos hídricos superficiais, os sistemas predominantes são os Aluviões14.
A Comunidade Maranhão e a Vila do Conde estão localizadas nos municípios de
Abaetetuba e Barcarena, respectivamente, ambas no Estado do Pará, sob as coordenadas
geográficas de 1°40’ 10,58” S e 48°49’12,26” W e de 1°34’3,17” S e 48°45’55.36” W (WGS
84). A Comunidade Maranhão tem uma distância aproximada de 8,5 quilômetros em linha reta
da cidade de Abaetetuba/PA e de 12 quilômetros da Vila do Conde em Barcarena/PA
(visualização no software Google Earth), com acesso através da Rodovia Estadual PA-252 e
53

Ramal do Maranhão, uma comunidade ribeirinha situada à margem esquerda do rio Guajará
do Beja, o qual é tributário do rio Pará. Já a Vila do Conde é um dos distritos pertencentes ao
município de Barcarena e está localizada no entorno da área portuária de Vila do Conde, onde
estão instaladas indústrias que atuam no beneficiamento e exportação de caulim, alumina,
alumínio, cabos para transmissão de energia elétrica e outras atividades produtivas do
agronegócio10,11,13.
As águas consumidas nas duas localidades são originárias de aquíferos subterrâneos,
não existindo qualquer tipo de tratamento nessas fontes de abastecimento, apenas captação
canalizada ou não, armazenamento em caixas d’águas ou reservatório elevado e distribuição
para os pontos de consumo. O poço usado para o abastecimento geral em Vila do Conde
através de distribuição canalizada pelo serviço de saneamento do município é realizada de
maneira intermitente, isto é, não funciona 24 horas no dia.

COLETA DE DADOS

Foram realizadas quatro (04) campanhas de amostragens de águas no ano de 2012,


contemplando o período chuvoso (janeiro, abril) e seco (agosto e novembro) com o objetivo
de se verificar a influência pluviométrica na mudança da qualidade das águas consumidas nas
áreas de estudo.
Na Comunidade Maranhão, foram monitorados nove (09) poços individuais tipo
escavados com boca aberta e um (01) tubular ou fechado. Na Vila do Conde, o monitoramento
foi realizado em um (01) poço individual tipo escavado com boca aberta, seis (06) poços
tubulares ou fechados, sendo cinco (05) individuais e um (01) coletivo administrado pelo
serviço de saneamento do município. Além dos poços, houve monitoramento das águas
armazenadas em recipientes dentro dos domicílios nas duas localidades, por exemplo, potes
de barro, filtros, vasilhames na geladeira, etc., sendo dez (10) pontos de amostragem na
Comunidade Maranhão e treze (13) em Vila do Conde. A água distribuída na rede de
abastecimento foi monitorada em treze (13) pontos de amostragem em Vila do Conde, na
Comunidade não foi possível, pois não há este tipo de serviço coletivo.
54

ANÁLISE DE DADOS

As amostragens e análises foram realizadas respectivamente conforme as


recomendações do Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras: água, sedimento,
comunidades aquáticas e efluentes líquidos15 e do Standard Methods for Examination of
Water and Wastewater16.
As amostras de água foram coletadas em frascos de polietileno de 1 L diretamente
nos poços com auxílio de balde inox ou na tubulação de sucção antes de caixas d’água ou
reservatório, de recipientes utilizados para armazenamento considerados neste estudo como
água de domicílio e em águas da rede de distribuição do sistema coletivo de abastecimento
(torneiras).
As análises de pH e sólidos totais dissolvidos foram realizadas no equipamento
multiparamétrico HI 769828 da HANNA® (métodos SM 4500B e SM 2540C), os sólidos
totais suspensos foram determinados no espectrofotômetro DR 2800 da HACH® (UV-VIS
método SM 2540D) e as variáveis cloreto, fluoreto, dureza (CaCO3 e MgCO3) e N-Nitrato no
equipamento ICS 2100 DUAL (Thermo Scientífic-DIONEX,USA método SM 4110A). Para o
cálculo do IQA em águas subterrâneas neste estudo, foram determinadas as variáveis pH,
sólidos totais (somatório de sólidos totais dissolvidos e sólidos totais suspensos), fluoreto,
cloreto, dureza e N-nitrato. Esses cálculos seguiram os mesmos critérios do IQA da National
Sanitation Foundation (NSF) e Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB)17, tomando-se como referência as metodologias
desenvolvidas por Oliveira et al.18 através do índice de qualidade natural das águas
subterrâneas (IQNAS). Este modelo matemático desenvolvido por Oliveira et al.18 e Silva et
al.19 baseou-se no mesmo princípio, a formulação matemática utilizada no IQA NSF e
CETESB, em que o produto dos valores de qualidade das águas subterrâneas a partir das
variáveis escolhidas através da opinião de especialistas no assunto (qpH, qsólidos totais,
qcloreto, qfluoreto, qdureza e qnitrato), é elevado ao peso definido para cada variável de
acordo com a importância das mesmas, conforme a Equação 01:

IQNAS= qiwi
i=1 (Equação 01)
55

Desta forma, o IQNAS (Índice de Qualidade Natural das Águas Subterrâneas) é


representado por um número entre 0 e 100, divido em quatro (04) categorias e ponderações,
isto é, de 0 a 36 classifica as águas como categoria imprópria, de 37 a 51 aceitável, de 52 a 79
boa e de 80 a 100 ótima; sendo o qi a qualidade da i-ésima variável, um número entre 0 e 100,
obtido da respectiva curva média de variação de qualidade (Figura 1), em função de sua
concentração ou através de equações matemáticas para as curvas de qualidade versus
concentração; e o wi: peso correspondente à i-ésima variável, um número entre 0 e 1,
atribuído em função da sua importância para a conformação global de qualidade (Tabela 1).

Tabela 01: Equações matemáticas das curvas de qualidade das variáveis pH, sólidos totais,
cloreto, fluoreto, dureza e N-nitrato para a determinação de qi.
Intervalos de Pesos
Variáveis Unidades Equações Matemáticas (qi) R2
Validade (wi)

qpH=1,7354*(pH)2 [2≤pH≤7,34]
pH - -2,5
0,990 0,05
qpH=16405*[(pH) ]-17 [pH≥7,35]
Sólidos qST=79-0,167284*ST+EXP[(ST)0,228] [0≤ST≤1630]
mg.L-1 0,990 0,22
Totais qST=27,7 [ST>1630]
(ST) qCl=100 [Cl<4,86]
Cloreto
mg.L-1 qCl=138,9*(Cl)-0,19561-(Cl)0,42 [4,86≤Cl≤3000] 0,916 0,26
(Cl-)
qCl=0,0 [Cl>3000]

Fluoreto -1
qF=80+21*F-(F)11,6263 [0,0≤F≤1,5]
-
mg.L 0,924 0,16
(F ) qF=0,0 [F>1,5]

Dureza qDZ=100 [DZ<5,4]


mg.L-1 0,949 0,16
(DZ) qDZ=101,1*EXP(-0,00212*DZ) [DZ≥5,4]

N-Nitrato
-
mg.L-1 qN-NO3=100*EXP(-0,0994*N-NO3) [N-NO3≥0,0] 0,993 0,15
(N-NO3 )

SOMA DOS PESOS 1,00

Fonte: Adaptado de Oliveira et al.18

Os modelos matemáticos construídos para o cálculo do IQA em águas subterrâneas


foram elaborados a partir de notas de qualidades aplicadas para cada variável, sendo utilizada
a nota 37 para a qualidade aceitável no final de intervalo para cada variável, tomando-se como
referência a os valores recomendados pela Portaria 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde.
Para a estatística descritiva foi utilizado o software Excel 2013 da Microsoft
56

Corporation© e para as Análises de Componentes Principais foi utilizado o software Minitab


17 OnTheHub Inc.® com os direitos para uso de acordo com licença.
Como não existe qualquer tipo de tratamento químico diretamente nas fontes de
captação de água e as mesmas são originárias de aquíferos subterrâneos, como forma de se
comparar a qualidade das águas destes com as das coletadas nas residências e na rede de
distribuição, também se realizou o cálculo do IQNAS sobre estas com a mesma metodologia
aplicada anteriormente.

CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Atendendo às especificações da Portaria 466/2012, o projeto foi aprovado pelo


Comitê de Ética do Instituto Evandro Chagas.

RESULTADOS

A análise das águas foi realizada considerando sua fonte, entre subterrânea, de
domicílios e de rede. Cabe ressaltar que são apresentados dados a respeito da água de rede
apenas para a Vila do Conde, pois a Comunidade Maranhão não possui esta opção de
distribuição de água.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

No período chuvoso, os IQAs calculados nas águas dos poços da Comunidade


Maranhão, apresentaram qualidade aceitável (IQA = 46) em 5 % das amostras, boa (IQA de
53 a 78) em 80% das amostras e ótima (IQA de 80 a 86) em 15% das amostras. No período
seco, houve melhora na qualidade das águas destes poços, com resultados de IQA variando de
bom (57 a 79) a ótimo (80 a 82) em 55% e 45% respectivamente. Na Vila do Conde em
período chuvoso, as águas dos poços avaliados apresentaram qualidades imprópria (IQA de 4
a 36) em 64,28% das amostras, aceitável (IQA = 39 e 50) em 14,28% e boa (IQA de 55 a 65)
em 21,44%. No período seco, a qualidade das águas dos poços avaliados na Vila do Conde foi
imprópria (IQA de 2 a 34) em 78,57% das amostras, aceitável (IQA = 39 e 46) em 14,29% das
amostras e boa (IQA = 62) em 7,14% das amostras.
Observa-se que as águas subterrâneas nestas duas localidades apresentaram
57

condições de qualidade bem diferentes quando comparadas no período chuvoso e seco


(Figuras 1a e 1b), com destaque de melhor qualidade para a Comunidade Maranhão que
sofreu influência negativa no período das chuvas, pois no período seco, suas águas
melhoraram ainda mais de qualidade. As águas da Vila do Conde apresentaram qualidade
imprópria nos dois períodos, inclusive o poço utilizado para o abastecimento geral da sua
população, com valores de IQA variando de 16 a 32. A CP1 (86,0%) demonstrou no período
chuvoso excelente separação de dois grupos no eixo y associado com as características das
águas subterrâneas entre as comunidades Maranhão e Vila do Conde.
Este resultado confirma uma discrepância significativa quanto aos resultados de
avaliação da qualidade das águas destes aquíferos. Na comunidade Maranhão as águas
apresentam um padrão melhor refletido pelos índices mais elevados de IQA, ao contrário dos
resultados de Vila do Conde, cujos valores de IQA mostram a degradação dos aquíferos
refletindo na qualidade das águas subterrâneas utilizadas para abastecimento da população.
Contudo, apesar da CP2 (14,0%) não apresentar uma boa separação no eixo x onde estão
agrupadas as amostras coletadas na comunidade Maranhão, nas amostras de Vila do Conde
destacam-se dois pontos VCAS 4 e 7 denotando que nos mesmos existe uma grande
diferenciação em relação aos demais pontos desta região, possivelmente pelo pior incremento
na qualidade das águas a partir dos valores dos IQAs nestes pontos de amostragem. Estes
resultados se repetiram no período seco no qual a CP1 atingiu 96,5% demonstrando um maior
distanciamento no que concerne a qualidade das águas subterrâneas nas comunidades
avaliadas. Este fato pode estar associado a menor percolação de outros contaminantes e
nutrientes normalmente mais intensos no período chuvoso, ou seja, as características das
águas possuem menor variação nos níveis dos parâmetros avaliados que refletem nos índices
do IQA. Porém também se observa que neste período a CP2 (3,5%) não consegue separar bem
nenhum dos pontos de ambas as regiões sendo considerados estes resultados mais
homogêneos para uma mesma área.

ÁGUAS DE DOMICÍLIOS

No período chuvoso, as águas de domicílios da Comunidade Maranhão apresentaram


qualidade aceitável (IQA=45 e 51) em 10 % das amostras, boa (IQA de 52 a 79) em 65% das
amostras e ótima (IQA de 80 a 87) em 25% das amostras. No período seco, houve melhora na
qualidade das águas destes domicílios, com resultados de IQA variando de bom (59 a 78) a
58

ótimo (80 a 87) em 75% e 25% respectivamente. Na Vila do Conde em período chuvoso, as
águas dos poços avaliados apresentaram qualidades imprópria (IQA de 12 a 34) em 65,39%
das amostras, aceitável (IQA=43 e 47) em 7,69% das amostras, boa (IQA de 52 a 65) em
15,38% das amostras e ótima (IQA de 82 a 85) em 11,54% das amostras. No período seco, a
qualidade das águas nos domicílios da Vila do Conde foi imprópria (IQA de 7 a 35) em
65,38% das amostras, aceitável (IQA de 39 a 48) em 11,54% das amostras, boa (IQA=54 e
65) em 15,39% das amostras e ótima (IQA de 82 a 85) em 7,69% das amostras.
As águas nos domicílios da Comunidade Maranhão e Vila do Conde também
apresentaram qualidades diferentes quando comparadas nos dois períodos sazonais (Figura 2c
e 2d) e mantiveram padrões idênticos às suas as fontes de captação (poços), isto é, a
Comunidade Maranhão apresentou uma qualidade boa na maioria das amostras avaliadas e a
Vila do Conde uma qualidade imprópria no maior percentual das amostras. Isto é evidenciado
nas Figuras 2c e 2d, a CP1 (66,6%) demonstrou no período chuvoso boa separação de dois
grupos no eixo y associado com as características das águas de domicílio entre as
comunidades Maranhão e Vila do Conde. Este resultado confirma uma diferença significativa
na qualidade das águas coletadas nos recipientes destas comunidades. Na comunidade
Maranhão as águas apresentam um padrão melhor de IQAs, porém os resultados de Vila do
Conde mostram a degradação da qualidade das águas subterrâneas consumidas, refletindo as
mesmas características dos aquíferos utilizados para abastecimento da população. A CP2
(33,4%) não apresentou uma boa separação no eixo x. Estes resultados se repetiram no
período seco no qual as CP1 (85,9%) e CP2 (14,1%) demonstraram um maior distanciamento
e separação no eixo y no que concerne a qualidade das águas de domicílios nas comunidades
avaliadas.

ÁGUAS DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO

As águas de rede de distribuição foram avaliadas apenas na Vila do Conde e também


mantiveram o mesmo padrão de qualidade dos poços avaliados neste distrito, inclusive
naquele utilizado para abastecimento geral da população. As condições de qualidade das
águas de rede ficaram definidas da seguinte forma: No período chuvoso, 88,46% das amostras
apresentaram qualidade imprópria (IQA de 9 a 30), 3,85% com qualidade aceitável (IQA =
39) e 7,69% com qualidade boa (IQA = 55 e 61). No período seco, a qualidade das águas de
rede em Vila do Conde piorou, apresentando-se imprópria em 92,31% das amostras (IQA de
59

13 a 31) e boa em 7,69% (IQA = 54).


Finalmente, nas Figuras 1e e 1f, a CP1 (58,1%) demonstrou no período chuvoso uma
separação de dois grupos no eixo y associado com as características das águas de domicílio e
de rede de distribuição da Vila do Conde. Este resultado confirma uma semelhança quanto à
qualidade das águas consumidas nesta comunidade. A degradação dessas águas reflete a
mesma condição de qualidade dos aquíferos desta região. A CP2 (41,9%) não apresentou uma
boa separação no eixo x. Estes resultados se repetiram no período seco no qual as CP1
(64,7%) e CP2 (35,3%) demonstraram um maior distanciamento e separação no eixo y no que
concerne a qualidade das águas de domicílios e de rede de distribuição na comunidade
avaliada. Comparando-se as águas da rede de distribuição com as de domicílio nos dois
períodos sazonais, observou-se um padrão idêntico de qualidade com pequenas melhorias em
alguns pontos de amostragem, provavelmente pela fervura da água, adição de produtos
químicos como o hipoclorito, etc.
Na Tabela 2 é possível observar a estatística descritiva aplicada sobre os valores das
variáveis e IQAs determinados neste estudo nas águas subterrâneas, de domicílios e de rede
de distribuição nas duas localidades, apresentando valores de média geométrica, desvio
padrão, valores mínimos e máximos sobre os dados do período chuvoso e seco. Observa-se,
de acordo com os parâmetros avaliados, que há um melhor padrão de qualidade para a
Comunidade Maranhão, com melhoria no período seco com predominância de boa e ótima.
Em oposição, a Vila do Conde manteve um padrão de qualidade variando de regular a ruim
em suas águas, portanto, impróprias para consumo. Vale a pena lembrar que os períodos
considerados chuvosos são os meses de janeiro e abril, e os períodos secos correspondentes
aos de agosto e novembro.
60

Figura 01: Análise de Componentes Principais (ACP) tipo escore plot sobre os dados de água subterrânea em
período chuvoso (a) e seco (b); de água de domicílio em período chuvoso (c) e seco (d) e de água de domicílio e
de rede em período chuvoso (e) e seco (f) para Comunidade Maranhão e Vila Conde. Legenda: CMAS:
Comunidade Maranhão Água Subterrânea; VCAS: Vila do Conde Água Subterrânea; CMAD: Comunidade
Maranhão Água de Domicílio; VCAD: Vila do Conde Água de Domicílio; VCAR: Vila do Conde Água de Rede.
61

Tabela 02: Estatística descritiva aplicada sobre os dados das amostras de água segundo localidade e período.
ÁGUA SUBTERRÂNEA ÁGUA DE DOMICÍLIO ÁGUA DE REDE
LOCAL PERÍODO VARIÁVEIS UNIDADE N N N
MG±DP MIN MAX MG±DP MIN MAX MG±DP MIN MAX
pH - 20 4,62±0,25 4,17 5,09 20 5,12±0,53 4,47 6,61 - - - -
Sólidos Totais mg.L-1 20 30±19 10 76 20 24±20 6 69 - - - -
-1
Cloreto mg.L 20 9±8,91 2,31 34,68 20 10±8,14 1,45 33,79 - - - -
Chuvoso Fluoreto mg.L-1 20 0,011±0,00 0,005 0,030 20 0,013±0,008 0,005 0,030 - - - -
-1 9
Dureza mg.L 20 4,74±7,70 0,02 35,32 20 3,91±5,80 0,15 22,51 - - - -
N-Nitrato mg.L-1 20 11,21±8,89 1,96 37,48 20 10,78±11,73 1,32 39,76 - - - -
Comunidade
Maranhão

IQA - 20 69±10 46 86 20 67±13 45 87 - - - -


pH - 20 4,81±0,57 4,01 5,69 20 5,12±0,53 4,00 5,95 - - - -
Sólidos Totais mg.L-1 20 26±20 10 83 20 29±20 12 86 - - - -
Cloreto mg.L-1 20 6,00±7,77 1,66 34,18 20 9,00±8,16 2,54 39,24 - - - -
Seco Fluoreto mg.L-1 20 0,014±0,01 0,005 0,045 20 0,015±0,012 0,005 0,041 - - - -
2
Dureza mg.L-1 20 0,83±0,73 0,30 2,94 20 1,02±1,08 0,42 4,76 - - - -
N-Nitrato mg.L-1 20 7,70±5,13 2,68 20,11 20 8,85±4,73 2,34 19,22 - - - -
IQA - 20 75±8 57 85 20 74±7 59 87 - - - -
pH - 14 4,18±0,50 3,56 5,02 26 4,36±0,67 3,56 7,03 26 4,24±0,50 3,64 5,66
Sólidos Totais mg.L-1 14 112±50,41 40 247 26 79±48,59 18 181 26 128±25,44 65 192
Cloreto mg.L-1 14 32±16,56 12 70 26 22±13,69 3 53 26 33±7,03 15 47
-1 0,020±0,01 0,048±0,01
Chuvoso Fluoreto mg.L 14 0,011 0,045 26 0,035±0,021 0,009 0,085 26 0,032 0,087
2 6
Dureza mg.L-1 14 7,27±7,27 2,03 30,86 26 6,52±4,82 0,72 16,41 26 11,53±5,49 2,30 25,84
Vila Do Conde

-1 61,35±48,7 80,08±26,7
N-Nitrato mg.L 14 17,46 186,88 26 43,74±37,68 1,75 124,22 26 19,86 139,86
4 3
IQA - 14 24±20 4 65 26 31±23 12 85 26 21±12 9 61
pH - 14 3,96±0,33 3,48 4,58 26 4,11±0,58 3,40 5,31 26 3,95±0,41 3,41 5,15
Sólidos Totais mg.L-1 14 109±51,99 19 212 26 92±52,40 10 233 26 124±18,85 70 155
Cloreto mg.L-1 14 29±12,47 11 52 26 20±14,72 2 57 26 27±5,78 16 38
Seco Fluoreto mg.L-1 14 0,026±0,02 0,006 0,068 26 0,025±0,020 0,006 0,089 26 0,037±0,04 0,006 0,150
1 7
Dureza mg.L-1 14 4,76±8,05 0,75 32,60 26 4,65±4,85 0,52 17,99 26 8,18±3,57 1,00 16,81
N-Nitrato mg.L-1 14 77,52±59,5 20,03 258,55 26 46,06±41,55 1,45 158,72 26 72,86±21,6 26,00 119,84
0 3
IQA - 14 19±16 2 62 26 29±24 7 85 26 25±10 13 54
N: Número de dados; MG: Média geométrica; DP: Desvio padrão; MIN: Mínimo; MAX: Máximo.
62

DISCUSSÃO

A utilização de um Índice de Qualidade da Água (IQA) é um instrumento


matemático usado para transformar grandes quantidades de dados de qualidade da água em
um único número que representa seu nível, e se trata de uma ferramenta bastante utilizada
para o planejamento do uso da terra e gestão de recursos hídricos, sobretudo em países em
desenvolvimento. Ele pode ser mensurado a partir de quantidades e tipos diferentes de
parâmetros, em geral calculados considerando o peso de cada parâmetro19. Um estudo
desenvolvido no Irã20, que desenvolveu um IQA e validou suas medias com o uso de
sensoriamento remoto concluiu que o mapa índice fornece uma visão abrangente de fácil
interpretação para um melhor planeamento e gestão.
Considerando-se as referências da legislação Brasileira, a Portaria 2.914 de 2011, que
dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade7, as águas avaliadas neste estudo, desde a captação até
os pontos de consumo, apresentaram valores de pH com características ácidas em quase a
totalidade das duas comunidades estudadas, não se enquadrando com os valores
recomendados para consumo humano (6,0 a 9,5).
Os resultados de sólidos totais apresentaram valores baixos quando comparados com
a referência da legislação aplicada para sólidos totais dissolvidos (1.000 mg.L-1), porém
elevados em determinados pontos de amostragens provavelmente por interferência das chuvas
e pela falta de proteção adequada dos poços de captação. Além disso, os resultados de cloreto,
fluoreto e dureza estiveram todos de acordo com a legislação (250, 500 e 1,5 mg.L-1
respectivamente).
Finalmente, o parâmetro que mais influenciou na qualidade das águas avaliadas foi o
NNitrato, apresentando valores elevados nas duas comunidades, principalmente na Vila do
Conde. A legislação para água de consumo humano estabelece o valor limite de 10 mg.L-1,
porém foram determinados valores que estiveram 10 e até 25 vezes acima dessa referência. O
nitrato é um composto importante para a saúde humana, nas águas superficiais ocorrem em
baixas concentrações, porém podem atingir valores elevados em águas profundas, o seu
consumo em águas de abastecimento pode causar efeitos adversos à saúde como a indução de
metemoglobinemia em crianças, principalmente nas menores de três anos de idade que são
mais suscetíveis devido às condições alcalinas em seus sistemas gastrointestinais, enquanto a
formação de nitrosaminas e nitrosamidas apresentam potenciais carcinogênicos.
63

Os achados do presente estudo vão ao encontro das evidências apontadas na


literatura sobre a poluição da água em locais com atividade industrial. Um estudo realizado
em uma importante província de águas subterrâneas no sul da Índia21, onde houve uma
explosão demográfica e um intenso crescimento das atividades agrícolas e industriais,
observou um aumento na concentração de ácidos fracos, bem como um aumento da dureza
permanente, alterações na adsorção de sódio, carbonato de cálcio residual e na
permeabilidade, evidenciando que em 56% das amostras coletadas na região com atividade
industrial foi considerada inadequada para consumo humano.
Além disso, a poluição causada pela emissão de metais e outros íons em efluentes
acaba por criar um ambiente favorável para a proliferação de microrganismos. Em estudo
realizado no Paquistão22, onde a maioria das pessoas obtém água potável a partir da fonte de
água subterrânea, estabeleceu a relação entre a qualidade da água bacteriológica e indicadores
socioeconômicos com gastroenterite na área de estudo. Os resultados com o cálculo do IQA
mostraram uma oferta de água inapropriada para os parâmetros físicoquímicos, e ainda com
correlação significativa para a concentração de coliformes fecais. Observaram, ainda, que a
correlação era mais forte em locais com uma maior taxa de analfabetismo, evidenciando uma
situação de injustiça ambiental.
De forma análoga aos processos industriais, a urbanização realizada de forma
desorganizada também contribui para a poluição das águas subterrâneas, conforme apontam
os resultados do presente estudo. Análises químicas realizadas na Índia23, adotando técnicas
de análise multivariada, de forma semelhante ao presente estudo, mostraram diferenças na
qualidade da água de acordo com o período chuvoso, sendo o índice de poluição no período
de pré-monção maior que no de pós-monção (9,27 vs 8,74). Ainda, também de forma
semelhante ao nosso estudo, o Índice de Qualidade da Água apresentou-se pior no período
pré-monção do que no período pósmonção (217,59 vs 233,02). O estudo indicou, então, que
ocorre um processo de urbanização extenso a partir do desenvolvimento gradual de várias
indústrias de pequena e grande escala, e este processo, no seu conjunto, é responsável pela
degradação da qualidade da água, principalmente por processos como o escoamento agrícola,
eliminação de resíduos, lixiviação e irrigação com água residual.
Este resultado corrobora estudo anterior em região próxima, também na Índia24, que
indicou que há uma mudança na qualidade da água de acordo com o período das monções, o
que revela variação sazonal na deterioração da qualidade das águas subterrâneas.
Na mesma direção, estudo realizado com águas subterrâneas em Bangladesh 25
64

mostrou que há, apesar da influência do processo geológico na redução da concentração de


oxigênio dissolvido e nos traços de presença de metais na água, a rota de mobilização de
alguns metais, como o cromo, está associada espacialmente com a localização de indústrias de
couro, por exemplo.
Finalmente, para avaliar o efeito de fontes antropogênicas, um estudo conduzido no
Marrocos26 avaliou o impacto de três fontes de poluição (atividades chorume, de águas
residuais e de mineração) sobre as características físico-químicas das águas superficiais e
subterrâneas na região norte de Marrakech. A análise de componentes principais (PCA)
permitiu a identificação do impacto das fontes de poluição e os resultados mostraram que
águas subterrâneas e superficiais possuíam alterações em suas propriedades graças à poluição.
É importante, ainda, ressaltar que foram utilizados apenas seis parâmetros para a
avaliação. Acredita-se que a inclusão de outros parâmetros, como coliformes termotolerantes,
sulfato, btex (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos), mercúrio e outros elementos tóxicos,
ao painel possa trazer sensibilidade à avaliação. Sabe-se que estas variáveis estão associadas à
emissão de efluentes domésticos não tratados e resíduos resultantes de atividades industriais,
principalmente pela construção de poços sem critérios técnicos adequados e vulnerabilidade
do aquífero subterrâneo da região. Entretanto, a utilização dos parâmetros adotados já foi
suficiente para observar diferenças nas regiões estudadas. Estudos mais recentes apontam,
ainda, para a necessidade de especificação de características químicas dos parâmeteros
utilizados, como quais isótopos estão envolvidos no processo de poluição27, o que poderia
contribuir na identificação das rotas de exposição das águas subterrâneas, bem como para
estabelecer os níveis de normalidade (que podem variar de acordo com a formação geológica,
e não somente por fonte antropogênica28). Por exemplo, estudo conduzido na Arábia Saudita29
procurou estabelecer os parâmetros de índices químicos como o cloro e compostos alcalinos,
a relação de adsorção de sódio, porcentagem de sódio, concentração de carbonato de sódio
residual e índice de permeabilidade. Os resultados mostram que a composição química das
águas subterrâneas do local de estudo é fortemente influenciada pela litologia de rochas do
país, em vez de atividades antrópicas.
65

CONCLUSÃO

O monitoramento visa avaliar a qualidade da água consumida pela população ao


longo do tempo, medir a eficiência do tratamento e a integridade do sistema de distribuição.
Os parâmetros usados para o cálculo do índice de qualidade das águas subterrâneas indicaram
um melhor padrão de qualidade para a Comunidade Maranhão, apresentando melhoria no
período seco com predominância de boa e ótima, enquanto que a Vila do Conde manteve um
padrão comprometedor, isto é, a maioria dos pontos de amostragens estiveram em condições
inaceitáveis para consumo humano.
As variáveis que mais influenciaram negativamente na qualidade das águas avaliadas
foram o pH e o N-Nitrato, por isso, torna-se imprescindível uma avaliação clínica em um
futuro próximo, para saber se as condições das águas consumidas por essas populações podem
estar contribuindo com o surgimento ou agravo de enfermidades, pois esse consumo já vem
de longa data.
Este estudo poderá servir de complemento em outras investigações de outras áreas
multidisciplinares e alertar as autoridades locais destes municípios, principalmente em Vila do
Conde em Barcarena, que requer uma atenção redobrada sobre as águas consumidas neste
Distrito, pois a Comunidade Maranhão, em Abaetetuba, talvez por estar mais afastada das
atividades antrópicas mais intensas, ainda apresenta condições de qualidade melhores. De
qualquer forma, essas populações devem ser urgentemente contempladas com serviços de
tratamento de águas adequados para consumo humano, bem como monitoramento frequente
da qualidade da água de consumo.

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69

5.2 ARTIGO 2

Índice de qualidade das águas em rio amazônico impactado por esgotos domésticos e
industriais, Barcarena-Pará, Brasil: avaliação sazonal e do regime de marés.
Proposta de submissão Water Research
70

Índice de qualidade das águas em rio amazônico impactado por esgotos domésticos e
industriais, Barcarena-Pará, Brasil: avaliação sazonal e do regime de marés.

RESUMO

Este estudo teve como objetivo a avaliação sazonal e do regime de marés em rio amazônico
exposto a poluentes domésticos e industriais no Município de Barcarena, Estado do Pará.
Foram realizadas quatro campanhas de amostragem nos anos de 2009 e 2012, no primeiro ano
ocorreu um acidente ambiental através do transbordo de lama vermelha de uma bacia de rejeito
localizada à montante deste corpo hídrico. Na comparação sazonal e do regime de marés foi
observada através da redução dos valores médios dos IQAs determinados em 2009 e 2012, que
os acidentes ambientais e o lançamento constante de esgotos domésticos e industriais têm
prejudicado gradativamente a qualidade dessas águas superficiais e saúde ambiental no entorno
dessa área portuária, mesmo com a dinâmica de marés que proporcionam uma melhor dispersão
e autodepuração dos poluentes/contaminantes que são lançados neste corpo hídrico.

Palavras-chave: Qualidade da água. Sazonalidade. Águas de Superfície. Saúde Ambiental.


71

INTRODUÇÃO

O Brasil recebe intensa descarga pluviométrica, que abrange mais de 90% do seu
território com variações em torno de 1.000 e mais de 3.000 mm/ano. Apesar de ser considerado
um dos países mais ricos em água doce, a região Norte do país concentra 80 % das descargas de
águas dos rios nacionais, dentre elas, destacam-se Manaus, Belém e Santarém que apresentam
abundância em recursos hídricos (Rebouças, 2003).
As águas superficiais da Amazônia apresentam características físico-químicas naturais
diferenciadas que as classificam a partir de suas colorações, por exemplo, as águas brancas ricas
em nutrientes (orgânicos e inorgânicos) com origem nas regiões andinas, carreiam sedimentos
das montanhas para a planície central formando os solos de várzeas mais férteis da Amazônia.
As águas negras ricas em substâncias húmicas, transparentes, escuras e de baixa carga de
sedimentos, nascem nos escudos pré-cambrianos das Guianas e Brasil Central ou nos
sedimentos terciários da bacia Amazônica. Finalmente, as águas claras que são pobres em sais
minerais e ácidas apresentam pouco material suspenso, aparência cristalina e nascem nos
sedimentos terciários da bacia Amazônica ou escudo do Brasil Central, porém, ao norte e sul do
Baixo Amazonas no Pará são neutras e ricas em sais minerais (Walker, 1990; ANA, 2005).
Apesar da disponibilidade hídrica, os corpos hídricos da região Amazônica também
sofrem grande influência dos poluentes domésticos e industriais resultantes das atividades nos
centros urbanos. As atividades agropecuárias e de mineração também têm proporcionado
grandes prejuízos aos corpos hídricos na Amazônia através dos garimpos, queima da biomassa
florestal, degradação dos solos, desmatamentos, etc. As atividades de extração do ouro e do
manganês resultaram na poluição/contaminação por mercúrio e arsênio na Bacia do Tapajós e
Serra do Navio nos Estados do Pará e Amapá respectivamente (Telmer et al., 2006; Fenzl e
Mathis, 2003).
As atividades econômico-produtivas desenvolvidas nos grandes centros urbanos trazem
grandes benefícios para o desenvolvimento de um país, contudo, a grande desvantagem está
relacionada aos riscos que ocorrem no entorno dessas áreas produtivas que acabam
desorganizando e inviabilizando a permanência de agrupamentos humanos, dificuldades
observadas em detrimento de danos ambientais, surgimento de doenças e situação de pobreza.
Realidade observada no município de Barcarena no Estado do Pará, intensamente impactado
após a instalação de indústrias no Distrito de Vila do Conde (IEB, 2012). Na produção
industrial desenvolvida no porto de Vila do Conde destaca-se o beneficiamento e exportação de
72

caulim, alumina, alumínio, cabos para transmissão de energia elétrica, etc (CDP, 2010). A falta
de serviços de saneamento adequados e os recorrentes acidentes ambientais no entorno deste
pólo industrial resultaram na poluição/contaminação dos corpos hídricos superficiais e outros
compartimentos ambientais (MP-PA/MPF-PA, 2015).
No processo de beneficiamento da bauxita (conhecido como processo Bayer), ocorre a
formação de resíduos ricos em ferro, alumínio e soda caustica (NaOH) e outras substâncias.
Os hidróxidos e óxidos de ferro são as principais substâncias que conferem a coloração
avermelhada aos resíduos denominados de lama vermelha (Sampaio et al., 2005; Silva Filho
et al., 2007). Em 28 de abril de 2009, houve o transbordo desses resíduos em direção ás
nascentes do rio Murucupi, se expandindo para os corpos hídricos e provocando grandes
prejuízos à fauna, flora e população local. O Instituto Evandro Chagas realizou amostragens
nessas águas um dia antes (27/04/2009) do acidente ambiental e no ponto de amostragem mais
próximo da bacia de rejeito (MUR 01), o pH sofreu variação brusca em pouco tempo passando
de condições ácidas (6,11) para alcalinas (8,32). Outras variáveis como condutividade elétrica,
cor, turbidez, sólidos totais dissolvidos e suspensos, oxigênio dissolvido, ferro e sódio também
sofreram grandes alterações, o que causou a mortandade de peixes e problemas á saúde da
população local com relatos de queimaduras e irritação na pele após o contato com essas águas
(IEC, 2009).
Uma forma conveniente de se resumir dados de qualidade da água usando diferentes
grupos de analitos em um monitoramento ambiental é através do Índice de Qualidade das
Águas (IQA), método ad hoc baseado em painéis, reuniões ou grupos de especialistas, no qual,
indicadores analíticos ambientais são usados em cálculos matemáticos para a classificação da
qualidade das águas (Horton, 1965; Wills e Irvine, 1996; Giljanovic, 1999; Magalhães Júnior,
2007; Lumb et al., 2011). Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar a variação da
qualidade da água no Rio Murucupi de acordo com a sazonalidade e o regime de marés, em
2009 e 2012.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O município de Barcarena está localizado no nordeste do Estado do Pará a sudoeste de


Belém, capital do Estado. Este município possui área territorial de 1.310,588 quilômetros
73

quadrados, com população estimada em 2016 de 118.537 habitantes (IBGE, 2017). O rio
Murucupi tem cerca de 10 km de extensão e suas nascentes estão localizadas perto de uma bacia
de decantação (lama vermelha) do processo de produção de alumina. Este rio transcorre os
distritos urbanos de Vila dos Cabanos e Comunidade Laranjal no município de Barcarena-PA e
desagua em um corpo hídrico denominado Furo do Arrozal. Observa-se o lançamento de
esgotos domésticos não tratados provenientes desses distritos e suas matas ciliares foram
parcialmente devastadas pela ocupação humana (IEC, 2009).
A legislação Brasileira dispõe sobre a classificação das águas superficiais e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento (Resolução CONAMA 357/2005), quanto à salinidade
dos corpos hídricos, o rio Murucupi apresenta característica de águas doces. De acordo com
Horbe e Santos (2009), os rios da Amazônia são classificados em águas brancas, escuras e
claras. O rio Murucupi apresenta características de águas escuras e claras.
O rio Murucupi está localizado em zona de influência de marés do estuário do
Amazonas e sob influência de inundações, em suas margens há predominância de matas
primárias de terra firme, capoeiras, matas de várzea e campinas arenosas. A temperatura
regional é do tipo Am e quente equatorial (classificação de Köppen) com média anual de 27°C
e períodos sazonais bem definidos: chuvoso de janeiro a junho e seco nos últimos meses do ano
(Amaral et al., 2002; Souza e Lisboa, 2005).

AMOSTRAGEM

As amostragens e métodos analíticos empregados para a determinação das variáveis


determinadas obedeceram aos procedimentos e metodologias recomendadas no Standard
Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/AWWA/WEF, 2005) e Manuais
dos Espectrofotômetros DR 2000 e 2800 (HACH®, 1990 e 2007).
Na amostragem para determinação das variáveis fisico-químicas e exames
microbiológicos nos pontos de amostragem utilizando-se a técnica de imersão dos recipientes
numa profundidade máxima de 30 cm da coluna d’água. Nas amostragens para as análises
físico-químicas foram utilizados frascos de polietileno com capacidade de 1 L, utilizando-se
frascos de polietileno âmbar para DBO. Na amostragem de água para os exames
microbiológicos, foram utilizadas bolsas NASCO® de 100 mL. As amostras foram coletadas e
mantidas sob refrigeração (± 4ºC) em caixas isotérmicas e transportadas para o Laboratório de
Toxicologia da Seção de Meio Ambiente do Instituto Evandro Chagas em Ananindeua/PA.
74

As variáveis físico-químicas e microbiológica determinadas e utilizadas no cálculo do


IQA foram: temperatura, pH, sólidos totais dissolvidos, sólidos suspensos totais, oxigênio
dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrato total, fosfato
total e turbidez. A soma de sólidos totais dissolvidos e sólidos suspensos totais resultou nos
valores de sólidos totais.
O pH, temperatura, sólidos totais dissolvidos e oxigênio dissolvido foram determinados
no momento da amostragem com o equipamento HI 769828 da HANNA® previamente
calibrado e as variáveis sólidos suspensos totais e turbidez foram determinadas por
espectrofotometria nos equipamentos DR 2000 e 2800 (Uv-Visível). Para as análises de nitrato
e fosfato, as amostras foram filtradas em filtro marca Millipore de poro 0,45 µm e em seguida
analisadas via cromatografia de íons em um sistema ICS 2000 DUAL (Thermo
Scientífic-DIONEX,USA). A determinação da DBO5 a 20 ºC foi realizada no equipamento
BODTRAK da HACH®.
Foram avaliados seis (06) pontos de amostragem nos anos de 2009 e 2012. A extensão
avaliada foi de aproximadamente 5.269 m, com distanciamento mínimo e máximo entre alguns
pontos de amostragem de 584 m e 875 m respectivamente. Os pontos de amostragem (Figura 1)
foram definidos à montante e jusante de pequenas drenagens tributárias ao longo das extensões
avaliadas no sentido suas nascentes até às suas fozes, levando-se em consideração a
navegabilidade, acessibilidade, equipe de campo e custo financeiro para a realização do
trabalho.

Figura 1: Área de estudo e respectivos pontos de amostragem.


75

CÁLCULO DO IQA

O cálculo do IQA foi realizado seguindo os mesmos critérios da National Sanitation


Foundation (NSF) adaptados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável de Minas Gerais (SEMAD), aplicando-se o produtório ponderado das notas de
qualidade (qi) elevado aos respectivos pesos (wi) para as variáveis temperatura, pH, percentual
de saturação de oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (5 dias, 20ºC),
coliformes termotolerantes, nitrato total, fosfato total, sólidos totais e turbidez. O IQA é
representado por um número entre 0 e 100, divido em cinco (05) categorias e ponderações, isto
é, de 0 a 25 classifica as águas como categoria muito ruim, de 25 a 50 ruim, de 50 a 70 médio, de
70 a 90 bom e de 90 a 100 excelente. Os valores das notas de qualidade (qi) foram obtidas a
partir das expressões matemáticas desenvolvidas pela SEMAD em função da concentração de
cada variável determinada (SEMAD, 2005). Os pesos (wi) correspondem a um determinado
valor para cada variável observada em função da sua importância para a conformação global de
qualidade. O IQA foi calculado conforme a equação abaixo:
n

W I qi i

i 1

Onde:
IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;
qi: qualidade da i-ésima variável, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva "curva
média de variação de qualidade", em função de sua concentração ou medida;
wi: peso correspondente a i-ésima variável, um número entre 0 e 1, atribuído em função da
sua importância para a conformação global de qualidade.

ANÁLISE DE DADOS
Inicialmente, os IQAs foram descritos de acordo com os períodos sazonais (chuvoso e
seco), diferenças entre as marés (vazante e enchente) e os anos de 2009 (ano do desastre
ambiental) e 2012 (último ano de observação). Em seguida, foram realizados testes para
verificação da associação simples entre as variáveis. Foram testadas as diferenças no IQA a
partir da hipótese de que há diferença na qualidade da água de acordo com o período de chuva,
a diferença entre as marés e as coordenadas. Isto posto, as diferenças foram testadas através do
teste t de Student. Foram considerados testes significativos os que tiveram p-valor menor ou
igual a 0,05 (5%), indicando rejeição da hipótese nula. A rejeição da hipótese nula, indica que
76

existe diferença entre o período (chuvoso e seco) ou maré (vazante e enchente) entre pelo
menos um dos anos e coordenadas dos pontos de amostragem.
Finalmente, considerando aquelas características que se mostraram estatisticamente
significativas, foi realizado modelo de regressão linear múltipla para testar a força de
associação entre as variáveis de exposição (climáticas e o ano) e desfecho (IQA). Foram
analisados os pressupostos de normalidade e não correlação dos resíduos, bem como a
homocedasticidade da variância.

RESULTADOS

Os dados de IQA nas amostras, em média, variaram de médio a bom, com uma
amplitude de 13,50 (valor mínimo=59,13, valor máximo=72,63). A análise bivariada permite
dizer que há uma diferença estatisticamente significativa para as categorias de estação de ano,
regime de maré, pontos de amostragem e o ano de coleta (tabela 1). De uma forma geral, os
melhores valores do indicador de qualidade da água foram observados no ano de 2009, no
período seco, na enchente, e no ponto de coleta mais distante dos distritos urbanos de
Barcarena (ponto 6).

Tabela 1: Análise bivariada das variáveis climáticas, de tempo e localização espacial e a


qualidade da água. Barcarena, 2009 e 2012.
Variáveis/Categorias Média Desvio padrão P valor
Ano
2009 68,15 7,91 0,004
2012 62,56 10,60

Estação do ano
Período Chuvoso 61,29 11,48 <0,001
Período Seco 69,42 5,03

Regime da maré
Vazante 62,10 9,93 0,001
Enchente 68,60 8,40

Pontos de Amostragem
Ponto 01 59,13 11,01
Ponto 02 61,13 10,47
Ponto 03 62,38 7,74 <0,001
Ponto 04 66,44 8,45
Ponto 05 70,44 6,25
Ponto 06 72,63 6,43
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A modelagem por regressão linear múltipla (tabela 2) tomou por base o ano de 2009,
o período chuvoso, o regime de maré vazante e o ponto de amostragem mais próximo aos
distritos de Vila dos Cabanos e Comunidade Laranjal em Barcarena. Observou-se que houve
uma associação entre o IQA e o ano de amostragem, evidenciando que a poluição se manteve
mesmo após passados 3 anos desde o acidente, reduzindo a qualidade da água, sugerindo que
a atividade antrópica no curso do rio manteve o cenário de poluição. Comparado ao período
chuvoso, pode-se dizer que o período seco apresenta um melhor desempenho do IQA,
aumentando-o, em média, em 8,125 pontos. Já com relação ao regime de marés, percebe-se
que a enchente influencia positivamente, aumentando o IQA, em média, em 6,5 pontos. Já
com relação ao ponto de amostragem, observa-se, à medida em que o rio vai se afastando do
centro da cidade, a qualidade da água melhora. Os dois pontos de amostragem mais próximos
ao primeiro ponto (utilizado como baseline) não apresentam diferença estatisticamente
significativa. Entretanto, os pontos 4, 5 e 6, mais distantes, possuem diferença significativa,
tendo o último ponto (mais distante) apresentado um IQA 13,5 pontos maior que o baseline.
Vale destacar que há uma tendência no IQA dos pontos de amostragem (p<0,001). Ainda, vale
mencionar que os parâmetros de evidenciaram que o modelo, ao final, encontrava-se bem
ajustado (R2=0,59, p valor com o teste de Shapiro-Wilk=0,18; Teste de Goldfeld-Quandt =
0,35).

Tabela 2: Associação por regressão linear múltipla entre variáveis climáticas, de tempo e
localização espacial e a qualidade da água. Barcarena, 2009 e 2012.
Variáveis/Categorias  IC 95% P valor
LI LS
Ano
2009 1 <0,001
2012 -5,583 -8,079 -3,087

Estação do ano
Período chuvoso 1 <0,001
Período Seco 8,125 5,629 10,621

Regime da maré
Vazante 1 <0,001
Enchente 6,500 4,004 8,996

Pontos de Amostragem
Ponto 01 1
Ponto 02 2,000 -2,323 6,323 0,360
Ponto 03 3,250 -1,073 7,573 0,139
Ponto 04 7,313 2,990 11,635 0,001
Ponto 05 11,313 6,990 15,635 <0,001
Ponto 06 13,500 9,177 17,823 <0,001
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DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo mostraram que a qualidade das águas do rio Murucupi
sofreram mudanças significativas de 2009 para 2012 e entre a sazonalidade anual,
apresentando pequenas variações entre os IQAs das marés vazante e enchente, com melhora
de qualidade na maré enchente. Particularmente nos pontos, não houve diferença significativa
entre as amostragens, no entanto, os valores dos IQAs determinados neste corpo hídrico foram
melhorando à medida que se aproximava da foz e no período chuvoso tiveram uma variação
de qualidade ruim a boa no sentido nascente-foz, evidenciando-se maior influência antrópica
nos pontos localizados na área das nascentes, à montante dos distritos urbanos de Vila dos
Cabanos e Comunidade Laranjal.
São diversos os acidentes ambientais no município de Barcarena no Estado do Pará.
Contudo, a partir de 2000 houve aumento nos relatos, devidamente noticiados através dos
órgãos de fiscalização ambiental (FGV, 2009; Pereira 2009; Silva e Bordalo, 2017, Câmara dos
Deputados, 2017). Destacam-se o naufrágio de uma balsa em frente ao Porto de Vila do Conde,
que continha dois milhões de óleo BPF no rio Pará, e cem quilos de coque (pó preto derivado do
petróleo conhecido como carvão mineral), e que foram derramados neste corpo hídrico,
provocando uma mancha negra de aproximadamente dois quilômetros; o vazamento de caulim
e de lama vermelha provenientes de bacias de rejeitos de indústrias instaladas no local, que
acarretaram a poluição/contaminação dos igarapés Curuperê e Dendê e do rio Murucupi; e a
poluição atmosférica, com deposição de fuligem (material particulado com coloração preta) nas
praias, rios, residências e estabelecimentos comerciais, que chegaram a uma espessura de cinco
centímetros, gerando reações alérgicas e complicações respiratórias em um número
considerável de pessoas (MP-PA/MPF-PA, 2015).
A reincidência de acidentes ambientais nessa área portuária é frequente, porém,
destaca-se para este estudo, o acidente ocorrido em 2009, quando houve o transbordo do
material de uma bacia de rejeito contendo lama vermelha, resíduo gerado no processo Bayer
utilizado para o refino de bauxita (Silva Filho et al., 2007) nas nascentes do rio Murucupi,
gerando impactos ambientais com a dispersão do rejeito por toda extensão deste corpo hídrico e
outros mais distantes (Pereira et al., 2007; IEC, 2009; MP-PA/MPF-PA, 2015).
Cabe ressaltar que a avaliação sazonal e do regime de marés no rio Murucupi não se
restringiu aos possíveis efeitos negativos na qualidade dessas águas após o episódio de 2009,
mas também aos outros poluentes de origem antrópica como os esgotos produzidos pela
79

população local que são lançados neste corpo hídrico ao longo dos anos (Pereira et al., 2007).
Estudos internacionais mostram o comportamento deste tipo de poluente no ambiente
após a ocorrência de acidentes, por exemplo, no entorno de uma indústria de produção de
alumina na Hungria, quase um milhão de metros cúbicos de lama vermelha escoaram para os
rios Torna, Marcal e Rába, inundando áreas mais baixas nas Vilas de Devecser, Kolontar e
Somlovasarhely, causando a morte de dez pessoas e contaminando rios e grandes áreas
territoriais (Ruyters et al., 2011). Esses resíduos tóxicos alcalinos, também atingiram depois de
dois dias o rio Danubio, reduzindo significativamente as comunidades de rotíferos planctônicos,
mesmo após três semanas, os níveis das diversidades e densidades planctônicas não retornaram
ás condições iniciais (Schöl e Szövényi, 2011). Segundo a Environmental Protecy Agency, a
lama vermelha não é classificada como tóxica, porém a sua elevada alcalinidade e capacidade
de troca catiônica pode causar sérios danos ao meio ambiente (Collazo et al., 2005).
A poluição dos corpos hídricos proporcionam situações que prejudicaram bastante o
uso das águas, inclusive para o próprio abastecimento público. Em uma avaliação sobre a
evolução de aglomerados urbanos ao longo dos anos em cidades da China, foi observada que a
rápida urbanização e a escassez de recursos hídricos agravaram a falta de água potável de
qualidade aceitável para o consumo. Nesses conglomerados, o lançamento das águas
residuárias industriais foram estabilizados com o passar do tempo, porém, o lançamento de
esgostos domésticos nos corpos hídricos aumentou consideravelmente, mantendo a baixa
qualidade das águas (Shao et al., 2006). Esse rápido desenvolvimento econômico ao longo dos
anos também proporcionou a ocorrência de constantes acidentes e poluição das águas na China,
registrando-se 6677 acidentes com a poluição das águas de 2000 a 2008 que ameaçam a
qualidade das águas tomadas como fonte de abastecimento, dentre eles, o derramamento de
aproximadamente cem toneladas de nitrobenzeno, benzeno e anilina no rio Songhua após a
explosão de uma indústria petroquímica. A poluição provocada por este acidente persistiu por
um período de aproximadamente trinta dias e acabou paralisando o abastecimento de água por
quatro dias em Harbin, capital da província de Heilongjiang (Zhang et al., 2011).
Em média, os valores dos IQAs determinados no rio Murucupi em 2009 e 2012
variaram de médio a bom, porém, foram registrados valores de qualidade ruim no período
chuvoso. As contribuições de poluentes/contaminantes provenientes de esgotos domésticos e
industriais lançados no rio Murucupi sem qualquer tipo de tratamento ou até mesmo ineficaz, os
acidentes ambientais recorrentes e o possível desprendimento gradativo do material de fundo
(sedimento) do acidente de 2009, contribuem para a degradação da qualidade dessas águas ao
80

longo dos anos, apesar da dinâmica de marés que ajudam no processo de autodepuração, os
resultados das análises bivariadas e de regressão linear múltipla sobre as variáveis climáticas,
de tempo e localização espacial e qualidade da água (IQA) de 2009 e 2012 corroboraram essas
mudanças (Medeiros, Lima e Guimarães, 2016).
A matriz energética das indústrias de alumínio supõe que se trata de energia limpa.
Entretanto, estudos já demonstram que esta afirmação se trata de uma falácia, uma vez que
elas tem causado profundo impacto ambiental em tono o mundo (Dupas, 2008). Esta relação
tem sido avaliada com a identificação de alterações nas propriedades físicas, químicas e
biológicas originadas graças á implantação, operação da indústria e sua interação com as
características dos locais de sua instalação (Bermann, 2007). Somam-se a estas caracterísiticas
dos locais a sazonalidade e do regime hidrológico, muitas vezes caracterizado pelas fases de
marés, cuja ação na turbidez da água e movimentação dos sedimentos influencia diretamente
a qualidade da água, conforme observado no presente estudo.
É importante destacar que, a exemplo de outros desastres ambientais ocorridos no
Brasil, há uma situação de injustiça ambiental (Porto e Finamore, 2012; Porto, Rocha e
Finamore, 2014), caracterizada por uma desigualdade na distribuição de riscos e benefícios do
desenvolvimento econômico. O histórico do Brasil na produção e exportação do alumínio
demonstra a sua importância no contexto econômico do país. Em especial, a transformação
estrutural da indústria do alumínio, responsável pela criação de commodities inclusive para os
produtos derivados, como a bauxita, trouxe como consequência a emigração das indústrias
altamente poluidoras e com grande impacto ambientais para países de economia periférica,
como é o caso do Brasil (Henrique e Porto, 2014; Freitas et al, 2003).
Ainda que o presente estudo tenha a limitação de não analisar indicadores sociais
locais (por uma limitação da disponibilidade de dados), vale lembrar que a população do
entorno da área de contaminação pertence a uma comunidade, por definição, de maior
vulnerabilidade aos riscos provocados por esse avanço no desenvolvimento local . Nesse
sentido, a falta de contextualização da exposição aos riscos e efeitos sobre a saúde é uma
barreira par a análise adequada do impacto ambiental do desenvolvimento econômico e dos
potenciais desastres associados ao uso da tecnologia industrial (Rouanet, 1993; Reuter, 2001).
Considerando os problemas decorrentes do modelo de industrialização implantado na região,
e a vulnerabilidade da população local, cabe portanto discutir avaliação dos instrumentos de
licenciamento e fiscalização, visando verificar sua eficiência no contexto social, tecnológico e
ambiental da região (Nascimento, 2010).
81

CONCLUSÕES

Os resultados dos IQAs mostraram que ocorreram mudanças significativas entre os


anos de 2009 e 2012 na qualidade das águas do rio Murucupi, com condição de qualidade
variando de ruim a boa e redução de qualidade em 2012. Na avaliação sazonal em cada ano de
amostragem também foi observada uma melhora na qualidade das águas no período seco,
mostrando que as chuvas contribuem negativamente com a lixiviação de poluentes para esse
corpo hídrico. A comparação entre o regime de marés mostrou que há uma pequena melhora de
qualidade nos pontos de amostragem da maré enchente e que, os pontos de melhor qualidade
são aqueles mais próximos da foz deste rio.
A qualidade das águas do rio Murucupi mostrou-se comprometida nos pontos de
amostragem mais próximos dos distritos urbanos em Barcarena, principalmente pela grande
contribuição poluentes lançados neste rio. Os constantes acidentes ambientais transformaram
essa área portuária em risco iminente para os cursos d’água e consequentemente a fauna, flora e
saúde da população.
Apesar da dinâmica hidráulica através do regime de marés e grande volume de água
nos corpos hídricos da região e também das águas de melhor qualidade nas áreas mais afastadas
dos distritos urbanos e polo industrial, não é recomendada a utilização dessas águas para o
abastecimento público, mesmo que ocorra a implantação de sistemas coletivos de
abastecimento com tratamento avançado, essa área portuária representa potencial risco de
poluição/contaminação. É importante, pois, manter o monitoramento contínuo da qualidade das
águas, de forma a compreender melhor a rota de contaminação para apontar uma remediação
adequada, para que a água possa novamente ser consumida.

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seu agradecimento ao Projeto IEC/FIDESA/MPE-PA (Processo


001/2007) e ao Instituto Evandro Chagas pelo financiamento do trabalho e apoio laboratorial
nas pesquisas.
82

REFERÊNCIAS

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no Brasil. Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos. Brasília-Brasil, 176 p.
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Silva, CA, Aguiar, J, 2002. Inventário da Flora da região de Barcarena, Pará. Relatório Final.
Belém, Ministério da Ciência e Tecnologia, Museu Paraense Emílio Goeldi.
3. American Public Health Association (APHA), 2005. Standard methods for the examination
of water and wastewater. 21th. Ed. Washington, 1600 p.
4. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), 2017. Índice de Qualidade das
Águas. http://aguasinteriores.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/32/2013/11/02.pdf
5. Companhia Docas do Pará (CDP), 2010. Relatório técnico 003: Atualização do plano de
desenvolvimento e zoneamento do Porto de Vila do Conde, situado no Município de
Barcarena, Belém/Pará. Belém, PA, 138 p.
6. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), 2005. Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o se enquadramento. Alterada pelas
Resoluções 410/2009 e 430/2011. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 53, p. 58-63. Available in: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf
7. Fenzl, N, Mathis, A, 2003. Poluição dos recursos hídricos naturais da Amazônia: fontes,
riscos e conseqüências. In: Seminário Internacional Problemática do Uso Local e Global da
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6 CONCLUSÕES

O monitoramento visa avaliar a qualidade da água consumida pela população ao


longo do tempo, medir a eficiência do tratamento e a integridade do sistema de distribuição.
Os parâmetros usados para o cálculo do índice de qualidade das águas subterrâneas indicaram
um melhor padrão de qualidade para a Comunidade Maranhão, apresentando melhoria no
período seco com predominância de boa e ótima, enquanto que a Vila do Conde manteve um
padrão comprometedor, isto é, a maioria dos pontos de amostragens estiveram em condições
inaceitáveis para consumo humano.
As variáveis que mais influenciaram negativamente na qualidade das águas avaliadas
foram o pH e o N-Nitrato, por isso, torna-se imprescindível uma avaliação clínica em um
futuro próximo, para saber se as condições das águas consumidas por essas populações podem
estar contribuindo com o surgimento ou agravo de enfermidades, pois esse consumo já vem
de longa data.
Este estudo poderá servir de complemento em outras investigações de outras áreas
multidisciplinares e alertar as autoridades locais destes municípios, principalmente em Vila do
Conde em Barcarena, que requer uma atenção redobrada sobre as águas consumidas neste
Distrito, pois a Comunidade Maranhão, em Abaetetuba, talvez por estar mais afastada das
atividades antrópicas mais intensas, ainda apresenta condições de qualidade melhores. De
qualquer forma, essas populações devem ser urgentemente contempladas com serviços de
tratamento de águas adequados para consumo humano, bem como monitoramento frequente
da qualidade da água de consumo.
A qualidade das águas do rio Murucupi está bem comprometida nos pontos de
amostragem mais próximos dos distritos urbanos em Barcarena, principalmente pela grande
contribuição de esgotos domésticos e industriais lançados neste rio. Os constantes acidentes
ambientais transformaram essa área portuária em risco iminente para os cursos d’água e
consequentemente a fauna, flora e saúde da população.
Apesar da dinâmica hidráulica através do regime de marés e grande volume de água
nos corpos hídricos da região e também das águas de melhor qualidade nas áreas mais afastadas
dos distritos urbanos e polo industrial, não é recomendada a utilização dessas águas para o
abastecimento público, mesmo que ocorra a implantação de sistemas coletivos de
abastecimento com tratamento avançado, essa área portuária representa potencial risco de
poluição/contaminação. É importante, pois, manter o monitoramento contínuo da qualidade das
86

águas, de forma a compreender melhor a rota de contaminação para apontar uma remediação
adequada, para que a água possa novamente ser consumida.
As variáveis utilizadas no cálculo do IQA sobre as amostras de águas subterrâneas e
superficiais mostraram uma boa sensibilidade para os níveis de qualidade encontrados.
Apesar dos critérios utilizados nas expressões matemáticas criadas com base nos
métodos da NSF conforme as notas de qualidade (qi) para cada variável, existem situações
peculiares nas águas da região estudada como o próprio pH que apresenta características ácidas
em condições naturais e requer uma atenção quanto à validação do IQA em caráter regional.
As ferramentas estatísticas serviram de grande auxílio na identificação das áreas mais
afetadas pela poluição nas áreas estudadas e melhor avaliação dos níveis de qualidade das águas
nessa área portuária em diferentes compartimentos ambientais (subterrâneo e superficial).
87

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