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Escola Técnica estadual Maria Eduarda Ramos de Barros

Professor: Luiz Gustavo Santa Cruz


Aluno: Deivid Felipe da Silva Figueirôa
Série: 2° Redes B

Johanna Döbereiner
Johanna Döbereiner nasceu em Aussig,
Checoslováquia, numa região cuja língua era o
alemão. Seu pai, que era físico-químico, mudou-
se com a família para a capital quando Johanna
ainda era pequena, e foi professor de Química na
Universidade de Praga. Era também proprietário
de uma pequena fábrica de produtos químicos de
uso na agricultura.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, a população de língua alemã foi
intensamente perseguida na Checoslováquia – os que sobreviveram foram expulsos
do país. Foi o que aconteceu com Johanna, que seguiu com os avós para a
Alemanha Oriental, onde trabalhou para o sustento dos três, numa fazenda,
ordenhando vacas e espalhando esterco para adubar o solo. Com a morte dos avós,
já idosos, conseguiu encontrar, na Bavária, pai, irmão, tia e primas. Sua mãe
falecera em Praga, num campo de concentração instalado depois da guerra.
Johanna foi, então, para a região de Munique. Trabalhou inicialmente numa pequena
propriedade rural e, depois, numa fazenda maior, que produzia variedades
melhoradas de trigo. Em 1947 iniciou o curso de Agronomia na Universidade de
Munique, onde conheceu o estudante de Medicina Veterinária, Jürgen, com quem se
casou em 1950. Nesse mesmo ano, seguindo os passos do pai, emigrou para o
Brasil, com uma recomendação para o Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária,
onde começou a trabalhar em Microbiologia do Solo. Seu filho mais novo, Lorenz,
também iniciou uma brilhante carreira de cientista como geólogo, mas foi
tragicamente assassinado num assalto em 1997. A Sociedade Brasileira de
Engenharia e de Geologia criou o Prêmio Lorenz Döbereiner para jovens geólogos.
Johanna Döbereiner naturalizou-se brasileira em 1956. Morreu aos 75 anos, no dia 5
de outubro de 2000, em Seropédica, interior do Estado do Rio de Janeiro.
Ao chegar ao Brasil, em 1951, a doutora Johanna começou a trabalhar no
Laboratório de Microbiologia de Solos do antigo DNPEA, do Ministério da
Agricultura. Em 1957 era pesquisadora assistente do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e, em 1968, pesquisadora
conferencista. Entre 1963 e 1969, quando poucos cientistas acreditavam que a
fixação biológica de nitrogênio (FBN) poderia competir com fertilizantes minerais,
Johanna Döbereiner iniciou um programa de pesquisas sobre os aspectos limitantes
da fixação biológica de nitrogênio (FBN) em leguminosas tropicais. O programa
brasileiro de melhoramento da soja, iniciado em 1964, foi influenciado – como tantas
outras pesquisas nas regiões tropicais – pelos trabalhos de Johanna Döbereiner,
tendo representado, na época, uma quebra de paradigma.
Totalmente baseado no processo de FBN, o programa brasileiro de melhoramento
da soja desenvolveu-se no sentido inverso ao da orientação dos EUA, maior
produtor mundial de soja, que elaborava tecnologias de produção apoiadas no uso
intensivo de adubos nitrogenadas. Os estudos da Dra. Johanna permitiram que a
fixação do nitrogênio pelas plantas fosse feita pela bactéria rhizobium. Dessa forma,
a soja gerava seu próprio adubo.
A alternativa brasileira de estabelecer simbioses eficientes com rizóbios permitiu a
eliminação dos adubos nitrogenados na cultura da soja, o que representa uma
economia anual de mais de 2 bilhões de dólares para o Brasil. Foi assim que os
produtores brasileiros de soja puderam ver diminuídos seus custos de produção e a
soja conseguiu competir com sucesso no mercado internacional. A crise de energia
aumentou o interesse na pesquisa sobre FBN, estendendo-a às associações entre
gramíneas e microrganismos diazotróficos. Foi constante a presença da dra.
Döbereiner nesses estudos, desde as descobertas iniciais da ocorrência de
Azotobacter paspali em associação com raízes de Paspalum notatum, até as
associações de várias bactérias diazotróficas em simbiose endofítica com plantas
não leguminosas. Foram descobertas nove espécies de bactérias diazotróficas
associadas a gramíneas, cereais e tuberosas. Os melhores resultados ocorreram
com algumas espécies de cana-de-açúcar. O trabalho da dra. Döbereiner permitiu o
desenvolvimento de parcerias nacionais e internacionais com a Alemanha, os
Estados Unidos e a Bélgica, assim como com outros países do Terceiro Mundo no
qual a Embrapa Agrobiologia é considerada centro de excelência. Seu trabalho
influenciou vários pesquisadores, principalmente seus discípulos Vera L. Divan
Baldani e Verônica Reis, que dão continuidade à linha de pesquisa em FBN em
plantas não leguminosas. Autora de mais de 500 títulos, Johanna Döbereiner foi
professora e orientadora de vários cientistas que hoje ocupam posição de destaque
na pesquisa e na administração da pesquisa no Brasil, salientando-se Avílio Antônio
Franco, Fabio Pedrosa, Helvécio De-Polli, José Ivo Baldani, José Roberto Peres,
Maria Cristina Prata Neves, Maria de Fátima Moreira e Pedro Arraes, dentre outros.
Em 1995, quando completou 71 anos, a comunidade científica organizou em Angra
dos Reis, Rio de Janeiro, um simpósio internacional Sustainable Agriculture for the
tropics: The role of Biological Nitrogen Fixation, do qual participaram 150 cientistas
de 30 países. Os anais do encontro foram publicados em número especial da revista
Soil Biology & Biochemistry, honraria que poucos expoentes da ciência no mundo
obtiveram. Johanna Döbereiner teve assento na Academia de Ciência do Vaticano e
foi dos poucos brasileiros a ter o nome presente na lista de indicações do Prêmio
Nobel. Em 1996 recebeu o Prêmio por Excelência, Destaque Individual da Embrapa.

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