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ELEITORAL
Justiça Eleitoral
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DIREITO ELEITORAL
Justiça Eleitoral
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Apresentação . .................................................................................................................................................. 4
Justiça Eleitoral . .............................................................................................................................................. 5
1. Aspectos Gerais da Justiça Eleitoral .................................................................................................. 5
1.1. Breve Histórico . ........................................................................................................................................ 5
1.2. Estrutura Organizacional .................................................................................................................... 5
1.3. Justiça Especializada ............................................................................................................................. 7
1.4. Inexistência de Magistratura Própria . .......................................................................................... 8
1.5. Periodicidade de Investidura dos Membros ................................................................................ 9
1.6. Garantias da Magistratura Aplicadas aos Juízes Eleitorais . ..............................................12
1.7. Divisão Territorial Própria para Fins Eleitorais (Circunscrições, Zonas e
Seções)....13
1.8. Irrecorribilidade de suas Decisões . .............................................................................................. 14
2. Funções da Justiça Eleitoral .................................................................................................................15
2.1. Função Jurisdicional . ............................................................................................................................15
2.2. Função Administrativa . ......................................................................................................................16
2.3. Função Regulamentar . ...................................................................................................................... 18
2.4. Função Consultiva . ..............................................................................................................................20
3. Tribunal Superior Eleitoral . ................................................................................................................. 26
3.1. Sede e Jurisdição do TSE .................................................................................................................... 26
3.2. Composição do TSE ............................................................................................................................. 27
3.3. Alteração da Composição do TSE . .................................................................................................28
3.4. Escolha de Ministros Efetivos do TSE . ....................................................................................... 29
3.5. Escolha de Ministros Substitutos do TSE . .................................................................................34
3.6. Vedações à Escolha de Ministros do TSE . .................................................................................34
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divisão
de custos
CONCURSOS
CURSOS PARA
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ApresentAção
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nosso curso tratando dos aspectos gerais da Justiça Elei-
toral. Essa primeira parte da aula é importante para que você comece a perceber que a Justiça
Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário Federal com características muito singulares. Desde
a definição de suas competências (funções jurisdicional, administrativa, consultiva e regula-
mentar) até o modelo de sua organização funcional (composição híbrida e não vitalícia), tudo
(ou quase tudo) na Justiça Eleitoral é um tanto diferente.
Após você conhecer os aspectos gerais da Justiça Eleitoral, passaremos, na segunda par-
te da aula, a estudar o modo como ela se organiza, e, na terceira e última parte, finalizaremos
nosso estudo apresentando suas competências.
Vamos lá!!!
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JUSTIÇA ELEITORAL
Vamos inicialmente estudar os aspectos gerais da Justiça Eleitoral. Vamos conhecer sua
liaridades incidentes sobre seus membros, sua organização territorial e, finalmente, a recor-
A Justiça Eleitoral do Brasil foi criada pelo Decreto n.º 21 076, de 24 de fevereiro de 1932.
Anos depois, foi extinta com a outorga da Constituição de 1937, que não a recepcionou. Res-
surgiu com o fim do Estado Novo e a promulgação da Carta Constitucional de 1946. A partir
do golpe/revolução de 1964, teve sua atuação restrita a organização das eleições para ve-
reador, prefeito, deputado estadual e federal. Em 1982, organizou as primeiras eleições para
Governador depois do golpe/revolução militar de 1964. Em 1989, realizou, finalmente, as pri-
Hoje tem como função precípua organizar eleições para os cargos eletivos de Presidente,
Nos termos do art. 118 da CF/1988, a Justiça Eleitoral, integrante da estrutura do Poder
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SUPERIOR OU
TSE COLEGIADO
ESPECIAL
TRE 2ª INSTÂNCIA COLEGIADO
JUNTA ELEITORAL 1ª INSTÂNCIA COLEGIADO
JUIZ ELEITORAL 1ª INSTÂNCIA MONOCRÁTICO
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Sem embargo da jurisdição ser una, o legislador constitucional, diretamente ou por ordem
expressa de elaboração de lei complementar, define o conjunto de competências próprias de
cada ramo do Poder Judiciário.
Por opção do legislador constitucional e rompendo a tradição constitucional brasileira
de estabelecer no próprio texto constitucional um núcleo mínimo de atribuições da Justiça
Eleitoral, o atual texto da Carta Magna estabeleceu, no seu art. 121, que Lei complementar
deveria dispor sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das
juntas eleitorais. O diploma legal que satisfaz esse comando constitucional é a Lei n. 4.737,
de 15 de julho de 1945, também conhecida como Código Eleitoral – CE.
Muito embora esse normativo não tenha sido editado como uma Lei complementar,
as matérias relativas à organização e à competência da Justiça Eleitoral nele contidas passa-
ram, por força do disposto no art. 121 da CF/1988, a ter força de Lei complementar. Com isso,
vale notar que qualquer alteração no CE em matéria de organização e competência exige, nos
termos da sistemática própria de alteração das leis complementares, o quórum qualificado de
maioria absoluta, ou seja, os votos de metade mais um do órgão legislativo.
Nos termos do CE, é pacífico o entendimento de que cabe à Justiça Eleitoral a apreciação
de feitos eleitorais, inclusive os de natureza criminal – crimes eleitorais.
Contudo, matéria complexa e que certamente será objeto de questionamento em concur-
sos públicos nos remete ao questionamento sobre o que fazer quando se tem casos cujos
fatos guardam relação entre si, mas que, em razão de sua matéria, deveriam ser julgados
em jurisdições com funções distintas, como por exemplo, crimes comuns, federais ou
estaduais, praticados em conexão com crimes eleitorais. Para alguns doutrinadores a
competência para julgar tais crimes é da justiça comum, estadual ou federal, enquanto
para outros o foro adequando é a Justiça Eleitoral.
Recentemente, em 13 e 14-3.2019, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou sobre a
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sião em que manteve sua jurisprudência tradicional e reafirmou que, nesses casos, a compe-
tência é da Justiça Eleitoral.
Segundo o STF, diante de crimes conexos é querido a reunião dos processos em um só
juízo e o julgamento em conjunto, a fim de evitar decisões conflitantes. A regra para definir o
juízo único é a contida no art. 78, IV, do Código de Processo Penal – CPP, cuja redação esta-
belece que no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
Nesse mesmo sentido, lembrou a maioria dos ministros do STF, o art. 35, II, do CE afirma
que cabe aos juízes eleitorais processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe fo-
rem conexos, ressalvada a competência originária dos tribunais regionais.
Ademais, para finalizar, o art. 109, IV, da CF/1988, ao estabelecer a competência criminal
da Justiça Federal, ressalva expressamente os casos de competência da Justiça Eleitoral.
Eis a ementa do julgado da Corte Constitucional.
Não se preocupe com as rápidas linhas agora traçadas, vamos voltar a este tema quando
tratarmos da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral. Aqui foi só uma pílula para subli-
nhara importância do tema, especialmente para concursos públicos.
A Justiça Eleitoral não possui um quadro próprio de membros com mandato vitalício,
como sói ocorrer nos demais órgãos do Poder Judiciário.
Os juízes eleitorais são escolhidos pelos tribunais regionais eleitorais entre os juízes es-
taduais e exercem, durante prazo definido, a função eleitoral concomitantemente com o cargo
estadual de origem.
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outros ramos do Poder Judiciário. De igual modo, cumpre informar, que os membros dos
tribunais eleitorais acumulam suas funções: os escolhidos na classe dos advogados podem
Logo, não se anime, infelizmente não existe concurso público para o cargo de juiz da Jus-
tiça Eleitoral.
Os juízes que compõem a Justiça Eleitoral não são vitalícios. Ao contrário, possuem um
mandato fixo.
evitar a captura dos juízes eleitorais pelo poder econômico ou político. Confira a seguir.
e foi instituída com a finalidade de evitar a influência do poder econômico ou do poder político
[...] o modelo de Justiça Eleitoral previne contra desgastes decorrentes de fricções políticas e aten-
de à finalidade de que o exercício do controle seja feito imparcialmente. Com o impedimento de que
a condição de magistrado se prolongue por duas eleições para os mesmos cargos, pretende-se
evitar que se acumulem, de um para outro pleito, sequelas e interesses contrariados.
Nos termos do art. 121, § 2º, da CF/1988, os membros dos tribunais eleitorais devem
servir à Justiça Eleitoral por, no mínimo, dois anos. A esse respeito, veja a prescrição contida
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Segundo o art. 14, §1º, do CE, o biênio será contado ininterruptamente a partir da data
da posse, sem o desconto do tempo de qualquer afastamento, nem mesmo o decorrente de
licença, férias, ou licença especial.
Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2012, Antônio se torne juiz efetivo de um TRE. Em
janeiro de 2013, Antônio entre de licença médica e retorne ao Tribunal somente em outubro do
mesmo ano. Considerando que não há, durante o período de sua licença médica, suspensão
da contagem do seu biênio, passados dois meses do seu retorno (novembro e dezembro de
2013), ocorrerá o término do seu 1º biênio (2012-2013).
Existe, no entanto, uma exceção a essa regra. O art. 14, § 3º, do CE, estabelece que da
homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não po-
derão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como Juiz Eleitoral, o cônjuge, parente
consanguíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo
registrado na circunscrição. (Incluído pela Lei n. 4.961, de 4/5/1966).
Nesse caso, aplicável a todos os membros da Justiça Eleitoral, esse período de afasta-
mento dos juízes impedidos não é computado para fins de contagem do biênio.
Os ministros escolhidos para compor a Justiça Eleitoral devem exercer o cargo, obrigato-
riamente, por dois anos. Já a recondução, por igual período, é facultativa, consoante estabe-
lece o art. 1º da Res.-TSE n. 20.958/2001.
Caso haja pedido da dispensa da função eleitoral antes do transcurso do primeiro biênio,
a apreciação do pedido compete ao tribunal eleitoral a que pertencer o juiz, nos termos do
art. 9º da mencionada resolução do TSE.
A despeito do mandato fixo de dois anos, é possível que haja a recondução de um mem-
bro de tribunal eleitoral para um único biênio subsequente. Um terceiro biênio em sequência
é vedado.
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Inexiste, todavia, proibição para que um determinado juiz que já exerceu o cargo de mem-
bro de tribunal eleitoral por dois biênios consecutivos volte a ocupar o mesmo cargo. Neste
caso, porém, ele somente poderá retornar ao cargo após dois anos do término do segundo
biênio, podendo esse prazo ser reduzido em caso de inexistência de outros juízes que preen-
cham os requisitos legais.
Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2012, João da Silva, Ministro do STF, torne-se Minis-
tro efetivo do TSE. Passados dois anos (2012-2013), finda o seu biênio obrigatório, também
chamado 1º biênio. A partir daí, poderá ele ainda exercer um 2º biênio (2014-2015) sem que
haja qualquer impedimento, desde que o STF o eleja por meio de um escrutínio secreto. Agora,
findos os dois biênios, um 3º biênio (2016-2017) na sequência está vedado.
Não há, contudo, impedimento algum para que, passados dois anos do término do segundo
biênio, o mesmo João da Silva seja eleito pelo STF para exercer novamente o cargo de minis-
tro do TSE.
Embora a regra do art. 121, § 2º, da CF/1988 faça referência expressa aos “juízes dos tri-
bunais eleitorais”, o mandato dos juízes eleitorais também obedece a regra da periodicidade.
Obviamente que esse mandato não é tão rígido quanto os dos juízes de tribunais elei-
torais, notadamente porque em muitos municípios do Brasil há um único juiz em exercício.
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O art. 121, § 1º, da CF/1988 garante aos membros, titulares e substitutos, de tribunais
eleitorais, aos juízes de Direito e aos integrantes das Juntas Eleitorais, no exercício de suas
funções e no que lhes for aplicável, plenas garantias e inamovibilidade.
Essas garantias estão elencadas na própria Carta Constitucional, mais precisamente no
seu art. 95, quais sejam: vitaliciedade, irredutibilidade de subsídio e inamovibilidade, previstas
nos seguintes termos:
Não obstante todas essas garantias estejam asseguradas pelo texto constitucional, so-
mente a inamovibilidade se amolda a peculiar situação dos juízes eleitorais. Chega-se a essa
conclusão a partir da seguinte análise:
a) Vitaliciedade – os membros de tribunais eleitorais são escolhidos para exercerem um
mandato de, no mínimo, dois anos e podem ser reconduzidos, por um único período
subsequente (art. 121, § 2º, CF). Passado esse período, esses membros, necessaria-
mente, deixam de compor a Justiça Eleitoral. Trata-se do princípio da temporariedade
do exercício das funções eleitorais. Assim, a garantia da vitaliciedade é incompatível
com o princípio da periodicidade da investidura das funções eleitorais.
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No município do Rio de Janeiro, por exemplo, temos várias zonas eleitorais e vários Ju-
ízes Eleitorais, fato este perfeitamente adequado ao grande número de eleitores existentes,
haja vista a impossibilidade fática da organização dessa massa de eleitores por apenas um
magistrado.
tores, é comum a junção desses municípios em apenas uma zona eleitoral, vinculada a um
No período 2017/2018, eu, Weslei Machado, atuei como Promotor Eleitoral na 50ª Zona
Eleitoral do Estado do Amazonas, cuja sede do cartório está localizada no Município de Juruá.
Essa zona eleitoral tem 71061 eleitores. Assim, nesse município, há a apenas uma zona elei-
toral em que atuam um juiz eleitoral e um promotor eleitoral.
Por fim, temos a seção eleitoral, que nada mais é do que uma subdivisão da zona. Trata-
Os feitos eleitorais são julgados pela Justiça Eleitoral com caráter de definitivi-
dade. Assim, em regra, não cabem recursos das decisões do TSE, salvo aqueles dirigidos ao
STF, nas hipóteses expressamente previstas no art. 121, § 3º da CF.
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
Nota-se, portanto, que o TSE é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, a quem cabe decidir
tanto, decisões que violam diretamente o texto constitucional – cabe recurso extraordinário
ao STF – ou aquelas proferidas pelo TSE, em sua competência originária, em que denegada
a ordem em mandado de segurança ou habeas corpus – neste caso o apelo a ser dirigido ao
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A Justiça Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário da União que, além da função jurisdi-
cional típica, possui, ainda, de forma típica, as funções administrativa, regulamentar e con-
sultiva.
A atividade julgadora da Justiça Eleitoral ocorre através da resolução de conflitos na esfera espe-
cializada, precipuamente através do julgamento das ações eleitorais (lato sensu).
Essa regra, contudo, possui exceções. Fique atento(a) a duas delas: a primeira se refere a
questões internas dos partidos políticos e suas relações com os filiados, que tenham reflexos
no pleito eleitoral, como por exemplo, no registro de candidatura.
Muito embora os partidos possuam, nos termos do art. 17, §1º, da CF/1988, autonomia
para definir regras sobre sua organização e funcionamento, e, em regra, a Justiça Comum
Estadual seja a competente para solucionar, por meio da aplicação de regras de Direito Par-
tidário, eventuais litígios no âmbito interno dessas agremiações, o TSE já decidiu que se os
reflexos desses conflitos atingirem o pleito, a competência passa a ser da Justiça Eleitoral.
Confira precedentes:
A Justiça Eleitoral não detém competência para apreciar feitos em matérias respeitan-
tes a conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados, quando estas não tenham
reflexo no prélio eleitoral. (TSE, AgR/AI n. 70-98, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23/06/2015).
Conquanto as questões envolvendo órgãos partidários constituam matéria interna cor-
poris das agremiações, a Justiça Eleitoral tem competência para examinar os efeitos
daí decorrentes que se relacionam aos processos de registro de candidatura. (REspe n.
183-51, Rel. Min. Dias Toffoli, PSESS de 25.10.2012). É competência de a Justiça Eleito-
ral analisar controvérsias sobre questões internas das agremiações partidárias quando
houver reflexo direto no processo eleitoral, sem que esse controle jurisdicional interfira
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na autonomia das agremiações partidárias, garantido pelo art. 17, § 1º, da CF. (AgR/
REspe n. 26.412, Rel. Min. Cesar Rocha, de 20/9/2006)
Não confunda essa função administrativa típica da Justiça Eleitoral relacionado à organiza-
ção e administração das eleições com:
a) função administrativa atípica – essa função é realizada por todos os órgãos da Admi-
nistração Pública, inclusive os tribunais. Consiste na organização interna dos serviços
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partido político.
O poder de polícia pode ser definido como o poder/dever atribuído aos órgãos da Justiça
Eleitoral para fiscalizar e impedir a continuidade de veiculação de propaganda em desconfor-
midade com a lei (art. 41, §§ 1º e 2º, da Lei n. 9.504/1997). É caracterizado como atividade
tipicamente administrativa da Justiça Eleitoral, prevista no art. 41 da Lei n. 9.504/1997.
Nessa atuação, os juízes eleitorais estão autorizados a notificar os candidatos a retirar de
circulação propagandas eleitorais irregulares, ou a depender da natureza do artefato propa-
gandístico, proceder sua imediata retirada.
Por ser uma atividade administrativa, não cabe ao juiz eleitoral iniciar, de ofício, o procedi-
mento judicial para sancionar o candidato, mas sim encaminhar a notícia do ilícito ao Minis-
tério Público para que este, se assim entender, apresente uma representação por propaganda
irregular junto ao juiz competente.
Mais à frente, na aula de propaganda eleitoral, vamos estudar com mais detalhes o poder
polícia. Por enquanto, note apenas que se trata de uma atividade característica da função
administrativa da Justiça Eleitoral.
A Justiça Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário da União que possui, além da função
jurisdicional, as funções regulamentar, consultiva e administrativa. Esta última se revela na
expedição de atos administrativos relacionado à realização das eleições.
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Nos termos do art. 103-B, §4º, da CF/1988, compete ao Conselho Nacional de Justiça –
CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento
dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura. Logo, era de se esperar que o TSE se submetesse
ao controle do aludido conselho no exercício de sua função administrativa.
Todavia, o TSE já decidiu que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ não possui compe-
tência em matéria administrativa eleitoral, cuja atribuição é exclusiva da Justiça Eleitoral.
No julgamento do PA n. 2333-74, de 26/8/2010, da relatoria do Ministro Ricardo Lewan-
dowski, que cuidava da legalidade das requisições de pessoal no âmbito da Justiça Eleitora
em face da Resolução n. CNJ 8812009, o eminente relator consignou que:
No mesmo sentido, o TSE decidiu pela não interferência do CNJ nas seguintes matérias:
a) regulamentação, pelo CNJ, da prestação jurisdicional ininterrupta, por meio de plantão per-
manente dos juízes eleitorais; e b) pagamento de auxílio-alimentação a mesários.
Em todos esses casos, ficou assentado que o conteúdo das resoluções do TSE em ma-
téria administrativa eleitoral não se orienta por àquelas expedidas pelo CNJ, podendo, por
vezes, contrariá-las.
A função regulamentar da Justiça Eleitoral se perfaz na autorização dada ao TSE para ex-
pedir instruções para a fiel execução das leis eleitorais, nos termos do art. 1º e 23, IX, ambos
do CE e art. 105 da Lei n. 9.504/1997, que transcrevemos:
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Lei n. 4.737/1965
Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos
políticos precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução.
(...)
Art. 23 – Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior,
(...)
IX – expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;
Lei n. 9.504/1997
Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter
regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei,
poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em
audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos.
A atuação do TSE pode se dirigir a regulamentar lei eleitoral já editada ou, na omissão do
poder legislativo, excepcionalmente colmatar (preencher) o ordenamento jurídico.
Regulamentando lei existente, o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral não pode restringir
direitos ou criar sanções distintas daquelas previstas em lei, conforme proibição expressa
no art. 105 da Lei n. 9.504/1997, razão pela qual devem ser editadas secundum ou praeter
legem. A esse respeito, Marcos Ramayana ensina que (p. 83):
Com efeito, ressalte-se que, no exercício dessa função consultiva, a Justiça Eleitoral não pode
restringir direitos, nem criar obrigações, sob pena de afronta ao princípio da legalidade. Com efeito,
somente lei poderá impor restrições a direitos ou exigir condutas.
As Instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral se destinam a regulamentar a lei ou suprir-
-lhe omissões, não devendo jamais ser interpretadas contrariamente ao que nela se contém.
(INST n. 353/DF, rel. Min. Afrânio Antônio da Costa, PSESS 2/9/1955)
A edição de resoluções pelo TSE que inovem no ordenamento jurídico, pelo seu cará-
ter excepcionalíssimo, devem obrigatoriamente, na linha da jurisprudência do STF, observar
cumulativamente os seguintes requisitos:
a) a matéria seja relevante e urgente;
b) deve haver omissão do Congresso Nacional no exercício de sua função legislativa.
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O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Mandados de Segurança 26.602,
26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da
fidelidade partidária. Ressalva do entendimento então manifestado pelo ministro-relator. 4. Não
faria sentido a Corte reconhecer a existência de um direito constitucional sem prever um instru-
mento para assegurá-lo. 5. As resoluções impugnadas surgem em contexto excepcional e tran-
sitório, tão-somente como mecanismos para salvaguardar a observância da fidelidade partidária
enquanto o Poder Legislativo, órgão legitimado para resolver as tensões típicas da matéria, não se
pronunciar. 6. São constitucionais as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008 do Tribunal Superior
Eleitoral. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente. (ADI n. 3.999,
DJe de 17/4/2009)
Segundo Carlos Mário da Silva Velloso e Walber de Moura Agra (2010, p. 401), as consul-
tas no âmbito eleitoral podem assim ser definidas:
consultar é descrever uma situação, estado ou circunstância de forma genérica, para permitir a sua
utilização posterior de maneira sucessiva e despersonalizada, com o propósito de revelar dúvida
razoável e inespecífica, em face de eventual lacuna ou obscuridade legislativa ou jurisprudencial,
desde que não se configure antecipação de julgamento judicial.
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2.4.1. Finalidade
2.4.2. Objeto
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A formulação em tese é exigência que visa impedir que o tribunal se manifeste, sem a ob-
servância do devido processo legal, sobre casos que estão na iminência de serem apreciados
Além da formulação em tese, a Consulta para ser conhecida deve versar sobre matéria
Nesse sentido, o TSE não conheceu de Consulta sobre a fixação do número de Vereadores
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De igual, o TSE não conheceu do questionamento sobre matéria interna corporis de parti-
do político, matéria de competência da Justiça Comum. Confira:
Por meio de Consulta, também não pode ser conhecida matéria administrativo-financeira,
As Consultas eleitorais somente podem ser formuladas perante o TSE por autoridade com
jurisdição federal ou órgão nacional de partido político.
Nesse passo, o TSE já decidiu que devem ser não conhecidas consultas formuladas, entre
outros, por:
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a) Presidente de TRE (CTA n. 165-19/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de
10/6/2015);
b) Presidente de Tribunal de Justiça Estadual (CTA n. 1893-32/DF, Rel. Min. João Otávio
de Noronha, DJE de 9/3/2015);
c) Partido político sem registro no TSE (CTA 1691/DF, Min. Rel. Marcelo Ribeiro, DJE de
21/9/2009)
Contudo, o TSE tem sido flexível na análise deste requisito legal para conhecer, como Pro-
cesso Administrativo, Consultas quando a matéria objeto do questionamento for considerada
de grande importância.
Assim, conheceu, como Processo Administrativo, de Consulta formulada pela Procura-
doria da Fazenda Nacional que formulou questão sobre a recuperação de créditos da União
decorrentes de desaprovação de contas. Confira:
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b) Versar sobre matéria que já foi objeto de pronunciamento do tribunal em caso concreto
c) Versar sobre matéria que não vigora no ordenamento jurídico (CTA n. 0602999-72/DF,
d) Versar sobre matéria que estiver sob análise do STF (CTA n. 0602250-55/DF, Rel. Min.
Outro ponto relevante, é saber se as respostas dos tribunais eleitorais em Consultas têm
efeito vinculante, ou seja, se a solução dos casos concretos que se seguirem à resposta dada
tese, sem efeitos concretos, por se tratar de orientação desprovida de força executiva com
referência a situação jurídica de qualquer pessoa em particular (MS n. 3710/DF, Rel. Min.
Caputo Bastos, DJ de 16.6.2018). No mesmo sentido:
4. As respostas às consultas não têm caráter vinculante, mas tão somente sinalizam
orientação sobre determinado tema, sem qualquer força executiva, não sendo o meio
adequado para pleitear autorização para prática de ato administrativo.
(CTA n. 0600010-59/DF, Rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJE 3.4.2018)
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Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em rela-
ção ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (grifo nosso).
O Tribunal Superior Eleitoral, órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, é formado por, no mí-
nimo, sete membros e representa a instância especial ou extraordinária da Justiça Eleitoral.
TSE
O TSE possui sede na capital da República. Trata-se de uma determinação do art. 12, inc.
I, do Código Eleitoral. Isso significa que o local físico, o prédio no qual os ministros do TSE se
reúnem para decidir as questões eleitorais, está situado, atualmente, em Brasília.
Caso a capital da República seja mudada, o local da sede do TSE também será alterado,
tendo em vista que o CE dispõe que a sede deve ser na capital da República, e não necessa-
riamente em Brasília. Lembre-se de que até 1960 a sede do TSE era no Rio de Janeiro, pois lá
era a capital da República. Com a mudança da capital para Brasília, mudou-se, por disposição
regimental, também a sede do Tribunal.
Apesar de ter sua sede na capital da República, o TSE exerce sua jurisdição em todo o país.
Inicialmente, esclarecemos que jurisdição nada mais é do que o poder/dever de dizer o
direito.
Ora, então isso significa que o TSE pode apreciar originariamente qualquer matéria eleito-
ral decorrente de fatos relacionados com o Direito Eleitoral ocorridos com qualquer cidadão,
em qualquer lugar do país? É claro que não!
Na verdade, o Código Eleitoral, em seu art. 12, inc. I, dispôs menos do que deveria. A pre-
ocupação do dispositivo legal foi a de não limitar geograficamente a atuação do TSE nas
matérias de sua competência.
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TSE
Segundo o art. 119 da Constituição Federal, o TSE compõe-se de, no mínimo, sete minis-
tros: três escolhidos entre os ministros do STF; dois entre os ministros do STJ; e dois entre
advogados.
O TSE, em votação pelo plenário, escolhe seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
ministros provenientes, e o Corregedor-Geral, dentre os ministros do STJ. do STF. Confira o
dispositivo constitucional:
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I – mediante eleição, pelo voto secreto:
três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
– por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre
os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior
Tribunal de Justiça.
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TSE
A expressão constitucional “no mínimo”, contida no art. 119 da CF/1988, autoriza que se
aumente o número de membros do TSE. Não permite, de outro modo, a sua diminuição.
Mas como e qual instrumento legal deve ser utilizado para modificar a composição
do TSE?
Não será necessária a edição de uma emenda à Constituição, pois se a própria Carta
Magna estabelece que a composição é mínima (art. 119), já há uma permissão para que o
legislador infraconstitucional faça a alteração.
Na legislação infraconstitucional (aquela que é hierarquicamente inferior à Constituição)
temos duas possibilidades: lei ordinária ou lei complementar.
Uma leitura do art. 96, inc. I, alínea “b”, combinado com o art. 121, ambos da Constituição
Federal, revela-nos que essa alteração só pode ser feita por meio de lei complementar de ini-
ciativa privativa do TSE. Veja a redação dos dispositivos referidos:
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TSE
Existem, além das normas constitucionais, duas resoluções do TSE que tratam da matéria:
a) Res.-TSE n. 20.958/2001, que regula a investidura e o exercício dos membros dos tri-
bunais eleitorais e o término dos respectivos mandatos;
b) Res.-TSE n. 23.517/2017, que dispõe sobre a lista tríplice para preenchimento das va-
gas de juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, na classe dos advogados.
Nos termos do art. 119 da CF/1988, na composição do TSE temos três ministros prove-
nientes do STF e dois oriundos do STJ. Todos eles escolhidos em eleição, pelo voto secreto,
nos seus respectivos tribunais. Confira o dispositivo de regência:
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I – mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
Nos termos do art. 11, da Res.-TSE n. 20.958/2001, o processo de escolha se inicia em até
vinte dias antes do término do biênio do ministro das classes de magistrado, ou imediatamente
depois da vacância do cargo por motivo diverso. No primeiro ato, o presidente do TSE convocará
o Tribunal competente para a escolha, STJ ou STF, esclarecendo, naquele caso, se se trata de
primeiro ou de segundo biênio.
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Devidamente cientificado da vaga, o tribunal de origem – STJ ou STF – fará a escolha, por
meio de votação, por escrutínio secreto, o que permite, em tese, que qualquer um dos minis-
tros do STF ou STJ, independentemente de ser o mais “novo” ou mais “antigo” (não estou fa-
lando de idade, mas sim de tempo de atuação no Tribunal), pode ser eleito para compor o TSE.
No STJ, há um “acordo de cavalheiros” entre os ministros para que na eleição, por voto
secreto, seja obedecida a ordem de antiguidade do Tribunal.
No STF, a eleição, por voto secreto, tem como parâmetro proposta aprovada, na Sessão
Administrativa de 30.5.2018, nos seguintes termos:
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Por fim, note que a norma constitucional não prevê a participação do Presidente da Repú-
blica no processo de escolha dos ministros das classes do STF e do STJ.
Compete ao Presidente da República nomear dois ministros do TSE da classe dos advo-
gados, escolhidos dentre seis advogados de notável saber jurídico e reputação ilibada, indi-
cados em lista tríplice pelo STF, nos termos do art. 119 da CF/1988:
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
(...)
II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Atente-se, ainda, para o seguinte fato: a CF/1988 não se refere à lista sêxtupla. A menção
a seis advogados se deve ao fato de haver duas vagas para esta classe. Na verdade, para cada
uma dessas vagas, o STF encaminha uma lista tríplice ao Presidente da República, para que
este proceda à nomeação. Ainda que haja simultaneamente duas vagas de ministros em aber-
to, o STF encaminhará duas listas tríplices, independentes entre si, ao Presidente da República,
e não uma lista sêxtupla.
Por analogia, deve-se aplicar o art. 2º, da Res.-TSE n. 23.517/2017. Assim, em até noventa
dias antes do término do biênio do juiz a ser substituído, ou imediatamente depois da vacância
do cargo por motivo diverso, o presidente do TSE notificará o STF para a indicação de advoga-
dos em ordem de classificação na lista tríplice.
Cientificado, o STF, por meio de eleição, elabora a lista tríplice de advogados pleiteantes ao cargo
de juiz do TSE, que será levada à apreciação do Presidente da República.
Essa lista é elaborada única e exclusivamente pelo STF, sem qualquer participação da
OAB. Nesse sentido, veja o seguinte julgado:
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Tribunal Regional Eleitoral. Juízes da classe de Advogados. Artigos 120, § 1º, inc. III,
e 94, parágrafo único, da Constituição. Compete exclusivamente ao Tribunal de Justiça
do Estado a indicação de advogados, para composição de Tribunal Regional Eleitoral,
nos termos do art. 120, § 1º, inc. III, da Constituição, sem a participação, portanto, do
órgão de representação da respectiva classe, a que se refere o parágrafo único do art. 94,
quando trata da composição do quinto nos Tribunais Regionais Federais, dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios.
(MS n. 21.060, Min. Rel. Sydney Sanches, DJ de 23.8.1991)
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De outro modo, o notável saber jurídico é um conceito indeterminado, sobre o qual recai
uma análise subjetiva por parte do STF.
Os ministros do TSE da classe dos advogados podem continuar o exercício de suas ati-
vidades advocatícias, vedado apenas a atuação nos tribunais eleitorais. Uma das justifica-
tivas é o fato de tais membros, no exercício da magistratura no TSE, receberem
apenas a gratificação de presença e representação, sendo, portanto, necessário o
exercício de suas atividades para manter seu padrão de vida.
Sobre a possibilidade de os advogados integrantes de tribunais eleitorais poderem exer-
cer a advocacia, salvo na Justiça Eleitoral, veja o seguinte trecho da ementa do acórdão do
STF, no julgamento da ADI n. 1.227:
3.4.2.4. Quarentena
Portanto, esses ex-membros não precisam esperar três anos para atuar no juízo ou tribu-
nal do qual se afastaram.
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TSE
Os ministros substitutos são escolhidos pelo mesmo processo e em número igual para
cada categoria.
No TSE, tem-se, portanto, três ministros substitutos da classe do STF e dois ministros
substitutos da classe do STJ.
A escolha dos substitutos em igual número se faz necessária em razão da substituição
dos membros efetivos obedecer a ordem de antiguidade e a categoria a que estão vinculados.
A título de exemplo, o ministro substituto mais antigo da classe do STF ocupará temporaria-
mente o cargo, nos casos de vacância, licença ou afastamento de qualquer um dos ministros
efetivos da classe do STF, até que o efetivo seja escolhido. É o que dispõe o art. 7º da Res.-T-
SE n. 20.958/2001.
Art. 7º Nos casos de vacância do cargo, licença, férias individuais ou afastamento de juiz efetivo,
será obrigatoriamente convocado, pelo tempo que durar o motivo, juiz substituto da mesma classe,
obedecida a ordem de antiguidade.
TSE
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Para você não ter dúvidas, veja as principais relações de parentesco, com o respecti-
vo grau:
RELAÇÕES DE PARENTESCO POR CONSANGUINIDADE
O Ministro A é nomeado para compor o TSE na classe do STJ. Após algum tempo, seu filho B
é nomeado ministro do STF e, por eleição, em escrutínio secreto naquela Corte, é escolhido
para compor o TSE. Isso é possível? Claro que não. Enquanto o Ministro A, da classe do STJ,
estiver no TSE, seu filho B, ministro do STF, não poderá compor o Tribunal.
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a) ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum – cargo em comissão. Por opor-
tuno, destaque-se que, se for servidor ocupante de cargo efetivo, ainda que investido em
função de confiança, não incide a causa impeditiva. É o caso dos atuais ministros da
classe dos advogados do TSE, que são Procuradores do Distrito Federal.
b) seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção,
c) seja beneficiário de privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a adminis-
tração pública. Também nessa hipótese, merece atenção o fato de que, se o advogado
for sócio, diretor ou proprietário de pessoa jurídica contratada pelo Poder Público após
regular processo licitatório (em que houve igualdade de condições na concorrência),
não incidirá esse impedimento;
d) exerça cargo eletivo federal, estadual ou municipal.
TSE
Consoante estabelece o art. 19 do CE, o TSE delibera por maioria de votos, desde que pre-
sentes a maioria de seus membros. Isso quer dizer que, para a instalação de uma sessão de
julgamento, é imprescindível a presença da maioria absoluta dos membros do TSE, ou seja, 4
membros.
Assim, preenchido o quórum de instalação da sessão (maioria absoluta), o TSE julgará
os pedidos que lhes são apresentados pelo voto da maioria dos presentes (maioria simples).
Entretanto, existem determinadas matérias que exigem a presença de todos os membros
para a discussão e, por consequência, para se julgar dessa ou daquela forma, será exigível a
maioria absoluta dos votos. Quais são essas matérias?
Segundo o parágrafo único do art. 19 do Código Eleitoral, só poderão ser tomadas com a
presença de todos os membros do TSE as decisões sobre:
a) interpretação das leis eleitorais em face da Constituição;
b) cassação de registro de partidos políticos;
c) recursos que importem em anulação geral das eleições;
d) recursos que importem em perda de diplomas.
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TRE
Agora que você já conhece como funciona o TSE, órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, va-
mos estudar como se organiza os tribunais regionais eleitorais, órgão de 2ª instância dessa
Justiça especializada.
TRE
O Tribunal Regional Eleitoral – TRE – é órgão colegiado de 2ª instância da Justiça Elei-
toral. Há um TRE em cada Estado da Federação e no Distrito Federal com jurisdição em todo
o território do respectivo Estado/Distrito Federal na matéria afeta a sua competência, nos
termos do art. 120, da CF.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal.
TRE
Nos termos do art. 120, §1º, da CF/1988, o TRE é composto de: i) dois juízes dentre os
desembargadores do TJ; ii) dois juízes, dentre juízes de Direito, escolhidos pelo TJ; iii) um
juiz do TRF, no caso de o Estado possuir sede deste Tribunal, ou não tendo, um juiz federal,
escolhido em qualquer caso pelo respectivo TRF; dois advogados, escolhidos pelo Presidente
da República dos nomes de uma lista tríplice elaborada pelo TJ.
Confira o dispositivo constitucional:
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A composição dos tribunais regionais eleitorais é denominada por Ramayana (2006, p.25)
como mista ou eclética (2006, p. 25), tendo em vista nela há juízes tanto do Poder Judiciário
COMPOSIÇÃO DO TRE
Note que, diversamente da composição do TSE, em que a CF/1988 previu “no mínimo”
sete membros, o legislador constitucional estabeleceu o número exato, e não um número mí-
Com efeito, a composição do TSE pode ser acrescida de membros pela legislação infra-
constitucional, no caso por Lei Complementar, enquanto a do TRE, por disposição constitui-
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Certo.
A expressão “no mínimo”, contida na descrição da composição do TSE, permite que, por meio
de lei complementar, se proceda ao aumento da sua composição. De modo diverso, a taxati-
vidade na descrição da composição do TRE, com a ausência da expressão “no mínimo” impõe
a sua inalterabilidade.
Contudo, essa não foi a posição adotada pela Fundação Carlos Chagas – FCC, no concur-
so do TRE-SP, realizado em 2017. Para essa banca organizadora, nessa matéria, aplica-se a
previsão inscrita no art. 13 do Código Eleitoral, segundo o qual:
Art. 13. O número de juízes dos Tribunais Regionais não será reduzido, mas poderá ser elevado até
nove, mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por ele sugerida.
Nessa compreensão, embora não se admita proposição legislativa para reduzir o número
de juízes dos tribunais regionais eleitorais, é permitida a apresentação de projeto de Lei Com-
plementar pelo TSE para aumentar a composição daquelas cortes regionais até o número
máximo de 9 juízes.
Todos os TREs possuem a mesma quantidade de juízes. Contudo, alguns diferem dos ou-
tros no que concerne à origem dos juízes que fazem parte de sua composição. Existem TREs
cuja composição possui dois desembargadores do TJ, dois juízes de direito, dois advogados e
um juiz do TRF (2ª instância da Justiça Federal), enquanto em outros, no lugar do juiz oriundo
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do TRF, órgão da 2ª instância da Justiça Federal, haverá um juiz federal, que ocupa um cargo
da 1ª instância da Justiça Federal. E por que isso acontece?
A resposta é muito simples. Sabe-se que existem apenas 5 (cinco) Tribunais Regionais
Federais no Brasil, cada um deles representando uma região.
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS – REGIÕES
REGIÃO SEDE
Lembre-se agora que o art. 120, § 1º, inc. II, da CF/1988 prescreve que nos Estados onde
houver sede de TRF, um juiz deste Tribunal será escolhido para compor o respectivo TRE.
Logo, os tribunais regionais eleitorais do TRE-DF, do TRE-RJ, do TRE-SP, do TRE-RS e do TRE-
-PE possuem, em suas respectivas composições, um juiz do próprio TRF. De modo diverso,
nos demais TREs, onde não há sede de TRF, esse lugar é ocupado por um juiz federal.
Todavia, atente para o fato de que, havendo ou não sede do TRF no Estado, a escolha do juiz
do TRE, nesta classe, será feita sempre pelo TRF da respectiva região.
No que concerne à organização interna desses Tribunais, os ocupantes dos cargos de
Presidente e Vice-Presidente estão definidos no art. 120, § 2º, da CF.
Segundo esse dispositivo constitucional, o TRE elegerá seu presidente e vice-presidente
dentre os desembargadores do TJ que dele fazem parte.
Considerando que temos dois desembargadores na composição do TRE, um deles sempre
será o Presidente, enquanto o outro, o Vice-presidente.
De modo diverso, não há uma regra única nos TREs para a escolha do Corregedor Regional
Eleitoral, cabendo essa definição ao regimento interno de cada Tribunal.
Veja a seguir um quadro-resumo sobre a matéria.
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PRESIDENTE DESEMBARGADOR DO TJ
VICE-PRESIDENTE DESEMBARGADOR DO TJ
TRE
Da mesma forma que fizemos ao estudar a escolha de membros do TSE, vamos, didatica-
mente, dividir o estudo da escolha dos juízes do TRE da seguinte forma:
a) escolha de juízes dentre desembargadores e juízes de Direito da Justiça Estadual;
b) escolha de juiz do TRF/Justiça Federal;
c) escolha de juízes dentre advogados ou juristas, como preferem alguns.
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mente depois da vacância do cargo por motivo diverso. No primeiro ato, o presidente do TRE
convocará o TJ, esclarecendo, naquele caso, se se trata de primeiro ou de segundo biênio.
Devidamente cientificado da vaga, o TJ fará a escolha, por meio de votação, por escrutínio
secreto, o que permite, em tese, que qualquer dos desembargadores ou juízes de direito da
Justiça Estadual, independente da escala de antiguidade, pode ser eleito para compor o TRE.
Nos termos da jurisprudência do TSE, a escolha de juízes estaduais para compor o TRE pode
recair sobre qualquer magistrado da Justiça Estadual, ainda que não resida na capital do estado-
-sede do TRE, uma vez que o texto constitucional não faz essa restrição. Confira o precedente:
No que se refere aos juízes substitutos, estes são, na mesma ocasião e pelo mesmo pro-
cesso – eleição pelo voto secreto – escolhidos em número igual para cada uma das classes
ou categorias.
A escolha dos substitutos em igual número se faz necessária em razão de a substitui-
ção dos juízes efetivos obedecer à classe/categoria a qual estes estão vinculados. Assim,
membros provenientes do TJ, na qualidade de desembargadores, são substituídos por juí-
zes substitutos escolhidos também entre os desembargadores do TJ, sendo assim para as
demais classes/categorias. A título de exemplo, o ministro substituto mais antigo da classe
do TJ ocupará temporariamente o cargo vago, até que o efetivo seja escolhido, nos casos de
vacância, licença ou afastamento de qualquer um dos ministros efetivos da classe do TJ. É o
que dispõe o art. 7º da Res.-TSE n. 20.958/2001”
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Art. 7º Nos casos de vacância do cargo, licença, férias individuais ou afastamento de juiz efetivo,
será obrigatoriamente convocado, pelo tempo que durar o motivo, juiz substituto da mesma classe,
obedecida a ordem de antiguidade.
Note que não existe previsão legal para a participação do Presidente da República no proces-
so de escolha dos juízes do TRE da classe/categoria do TJ.
Nos termos do art. 11, da Res.-TSE n. 20.958/2001, o procedimento de escolha do juiz oriun-
do da Justiça Federal também se inicia em até vinte dias antes do término do biênio do ministro
oriundo da Justiça Federal, ou imediatamente depois da vacância do cargo por motivo diverso.
No primeiro ato, o presidente do TRE convocará o TRF, esclarecendo, naquele caso, se se trata de
primeiro ou de segundo biênio.
Daí em diante é preciso observar que existem duas possibilidades quanto à escolha do
membro do TRE na classe do TRF/JF:
a) nos Estados onde houver sede do TRF, é escolhido um desembargador do tribunal;
b) nos Estados onde não houver sede de TRF, é escolhido um juiz federal.
A escolha do juiz do TRE pelo TRF/JF não ocorre necessariamente por meio de eleição,
pois a menção à necessidade de realização do escrutínio somente se aplica às alíneas “a” e
“b” do inc. I do referido artigo, ou seja, para juízes provenientes do TJ.
Na realidade, o TRF escolhe o representante da Justiça Federal nos TREs de acordo com o
que dispõe seu Regimento Interno, podendo, inclusive, prescindir da realização de uma elei-
ção entre seus membros, se assim dispuser a regra interna do tribunal.
Nesse sentido, vale lembrar que, nos termos do art. 96 da CF/1988, os tribunais possuem
autonomia para definir, em seu regimento interno, suas regras de funcionamento interno.
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Cumpre informar, ainda, que a escolha do juiz federal para compor o TRE pode recair sobre
magistrado da Justiça Federal, ainda que não resida na capital do estado-sede do TRE, uma
vez que o texto constitucional não faz essa restrição (PA n. 23.074/MS, Rel. Min. Marcelo
Ribeiro, DJ de 15.7.2009).
Compete ao Presidente da República nomear dois juízes do TRE da classe dos advogados
para, escolhidos dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indica-
dos em lista tríplice pelo TJ, nos termos do art. 120, § 1º, inc. III, da CF).
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
(...)
III – por nomeação, pelo presidente da República, de dois Juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo TJ.
No ponto, atente-se, ainda, para o seguinte fato. A CF/1988 não se refere à lista sêxtupla,
a menção a seis advogados se deve ao fato de haver duas vagas para esta classe. Dessa for-
ma, para cada uma dessas vagas, o TJ elabora uma lista tríplice que, após homologada pelo
TSE, é submetida ao Presidente da República, para que este proceda à nomeação.
Em até noventa dias antes do término do biênio do juiz a ser substituído, ou imediatamen-
te depois da vacância do cargo por motivo diverso, o presidente do TRE notificará o respectivo
TJ para a indicação de advogados em ordem de classificação na lista tríplice, consoante dis-
põe o art. 2º da Res.-TSE n. 23.517/2017.
Cientificado, o TJ, por meio de eleição, elabora a lista tríplice de advogados pleiteantes ao
cargo de juiz do TRE.
Ausente disposição normativa que determine a prévia publicação de edital para convo-
cação dos interessados ao preenchimento da vaga -, cabe ao TJ, no âmbito de sua atuação
discricionária, a escolha dos advogados que comporão a lista tríplice a ser encaminhada ao
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A exemplo do que ocorre na escolha de membros do TSE, a lista tríplice levada ao Presi-
dente da República para escolha de juízes do TRE é elaborada única e exclusivamente pelo
tribunal competente, nesse caso, o TJ, sem qualquer participação da OAB. Nesse sentido, veja
o seguinte julgado:
Tribunal Regional Eleitoral. Juízes da classe de Advogados. Artigos 120, § 1º, inc. III,
e 94, parágrafo único, da Constituição. Compete exclusivamente ao Tribunal de Justiça
do Estado a indicação de advogados, para composição de Tribunal Regional Eleitoral,
nos termos do art. 120, § 1º, inc. III, da Constituição, sem a participação, portanto, do
órgão de representação da respectiva classe, a que se refere o parágrafo único do art. 94,
quando trata da composição do quinto nos Tribunais Regionais Federais, dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios.
(MS n. 21.060, Min. Rel. Sydney Sanches, DJ de 23.8.1991)
Publicada a lista tríplice pelo TJ, “a interpretação teleológica do Código Eleitoral conduz à
legitimidade abrangente para impugná-la incluindo aí o cidadão, o Ministério Público, os par-
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lamentares ou os integrantes do Executivo” (LT n. 35096/PI, Rel. Min. Marco Aurélio Mendes
de Farias Mello, DJe de 26/8/2011).
Aprovada a lista tríplice pelo TJ, os nomes seguem para homologação pelo TSE.
Caso o TSE entenda que algum pretenso juiz não preenche as condições estabelecidas
na CF e no CE (ser advogado, notável saber jurídico, idoneidade moral, 10 anos de atividade
advocatícia e não incidência em uma das causas impeditivas), determina o retorno da lista ao
TRE para que faça a substituição do candidato. Feita a substituição, o nome do substituto é
submetido ao crivo do TSE e uma vez aprovado, a lista segue para o Presidente da República
fazer sua escolha.
Se a Corte Suprema Eleitoral entender que todos os candidatos preenchem os requisitos
legais, procede ao encaminhamento da lista tríplice ao Presidente da República, que escolhe
dentre os nomes listados, o juiz do TRE.
Aqui cabe a mesma observação feita anteriormente quanto à lista tríplice para escolha
dos membros do TSE. Uma vez elaborada pelo TJ e homologada pelo TSE, o Presidente da
República não poderá recusar a lista tríplice, sendo que sua escolha deve recair obrigatoria-
mente entre um dos advogados nela constantes. Trata-se de um caso de aplicação da discri-
cionariedade regrada.
Nem todos os advogados podem compor uma lista tríplice. É necessário preencher alguns
requisitos, quais sejam:
• ser advogado;
• ter, no mínimo, dez anos de atividade advocatícia;
• possuir idoneidade moral e;
• possuir notável saber jurídico.
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Apesar de o art. 25, III, do CE prescrever que “cidadãos” podem compor tribunais eleitorais
nessa categoria, o art. 120, § 1º, III, da CF/1988, ao substituir a expressão “cidadãos” por “ad-
vogados”, foi taxativo e restringiu o acesso a essa classe de membros apenas aos advogados
regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil.
No que concerne à necessidade de comprovar o exercício da advocacia por, no mínimo,
dez anos, nota-se que não tal exigência não consta expressamente no art. 120, § 1º, inc. III,
da Constituição Federal. Na verdade, o texto constitucional elenca somente três requisitos:
ser advogado, ter idoneidade moral e notório saber jurídico.
Entretanto, como esse requisito é exigido para os advogados que postulam ser membros
na vaga reservada ao quinto constitucional de Tribunais de Justiça e de Tribunais Regionais
Federais, órgãos da 2º instância da Justiça Comum estadual e federal, o STF entendeu sê-lo
também aplicável aos TREs. Confira:
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Já a expressão “idoneidade moral” veio com o texto do art. 120, § 1º, III, da CF/1988 em
substituição à antiga expressão “reputação ilibada”. Entretanto, essa alteração não modifica
em nada o conteúdo do texto.
Na verdade, “considera-se detentor de reputação ilibada aquele que desfruta, no âmbito
da sociedade, de reconhecida idoneidade moral, que é a qualidade da pessoa íntegra, sem
mancha, incorrupta”. Foi essa a resposta da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ) à consulta formulada pelo então presidente do Senado, senador Antônio Carlos Maga-
lhães, no sentido de se aclarar o conceito constitucional de reputação ilibada. Ou seja, ambas
as expressões cuidam da mesma coisa.
A idoneidade moral deve ser comprovada por meio de certidões, as quais, juntadas aos
autos da lista tríplice, comprovam objetivamente o requisito requerido.
Por último, a necessidade de possuir notável saber jurídico, ou seja, apresentar-se como
profundo conhecedor de toda a matéria jurídica. Trata-se de um conceito indeterminado, so-
bre o qual recai uma análise subjetiva do TJ.
Preenchidos esses requisitos, o advogado pode, se assim entender o TJ estadual, par-
ticipar da lista tríplice enviada ao TSE. Não poderá, contudo, ser indicado simultaneamente
indicado em duas listas tríplices para o preenchimento de dois cargos efetivos ou dois subs-
titutos. Confira:
O mesmo advogado somente poderá ser indicado simultaneamente em duas listas trí-
plices na hipótese de preenchimento de um cargo efetivo e um substituto. Precedente
do TSE.
(LT n. 382-62/AM, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE de 24/2/2016)
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4.3.3.4. Quarentena
Conforme decidiu o TSE, na questão de ordem resolvida na PET n. 3020, Rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, DJE de 4/8/2010, aos juízes do TRE da classe dos advogados/juristas não
se aplica a chamada “quarentena” estabelecida no art. 95, parágrafo único, inc. V, da CF, que
proíbe o advogado de exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorrido três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
TRE
Na mesma ocasião e pelo mesmo processo são escolhidos os respectivos juízes substi-
tutos, em número igual para cada classe.
No TRE, tem-se, portanto, dois juízes substitutos escolhidos entre os Desembargadores
do TJ, dois entre os juízes de Direito da Justiça Estadual, um proveniente do TRF/JF e dois
escolhidos entre advogados.
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Art. 7º Nos casos de vacância do cargo, licença, férias individuais ou afastamento de juiz efetivo,
será obrigatoriamente convocado, pelo tempo que durar o motivo, juiz substituto da mesma classe,
obedecida a ordem de antiguidade.
TRE
As vedações à escolha dos juízes do TRE são as mesmas aplicadas à escolha dos mem-
bros do TSE.
As vedações expressas no Código Eleitoral aplicáveis aos juízes do TRE estão elencadas
O art. 25, § 6º, do CE, afirma que não podem fazer parte do TRE pessoas que tenham entre
si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, excluindo-se, nesse caso, a que tiver
sido escolhida por último. Essa vedação se aplica a todos os juízes do TRE, não importando a
classe/categoria do juiz.
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Caso você ainda não tenha gravado os graus de relação de parentesco, reveja as princi-
pais relações de parentesco explicitadas nos quadros “Relação de Parentesco por Consan-
guinidade” e “Relação de Parentesco por Afinidade”.
Para não termos dúvidas acerca da ocorrência desse impedimento, vamos a um caso
prático.
O Desembargador “A” é nomeado para juiz do TRE. Após algum tempo, seu cunhado “B” é
nomeado juiz do TRF e escolhido para compor o mesmo TRE. Isso é possível? CLARO QUE
NÃO. Enquanto o juiz “A”, da classe dos desembargadores do TJ, estiver no TRE, seu cunhado
“B”, juiz do TRF, não poderá compor o TRE.
Nos termos do art. 25, § 2º do Código Eleitoral, a escolha de juízes da classe dos advoga-
dos não pode recair sobre membro do Ministério Público ou magistrado aposentado, sob pena
de se violar a divisão das classes desenhada pela Constituição Federal, com o consequente
desequilíbrio de forças.
Sobre a aplicabilidade desse dispositivo, uma vez que havia discussão sobre sua recep-
ção ou não pela CF/1988, o STF consignou que:
Composição de Tribunal Regional. Lista tríplice que encaminha para vaga de advogado
o nome de magistrado aposentado, inscrito na OAB. Exclusão do mesmo pelo TSE –
art. 25, § 2º do Código Eleitoral. A Lei 7.191/1994 não revogou o § 2º do art. 25 do CE,
com a redação dada pela Lei 4.961/1966. O dispositivo foi recepcionado pela CF. Impug-
nação procedente para manter a decisão do tribunal. A análise da instituição, Justiça
eleitoral, parte de um determinado princípio e de um determinado espírito informador,
para que se integre ao tribunal, aquele que se produziu na profissão, por longos anos,
escolhido não pela corporação, mas pelos membros do tribunal, que conhecem quem
está exercendo a profissão e realmente tem condição de trazer a perspectiva do advo-
gado ao debate das questões eleitorais.
(RMS n. 23.123, rel. min. Nelson Jobim, DJ de 12-3-2004.)
A essa lista de impedidos de almejar uma vaga no TRE, o art. 7º da Res.-TSE n. 23.517/2017
acrescentou os advogados filiados a partidos políticos.
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A outra vedação estabelece que a escolha dos membros da classe dos advogados de ju-
ízes do TRE da classe dos advogados não poderá recair naqueles que estejam nas seguintes
situações (art. 25, § 7º, do CE):
a) ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum (cargo em comissão). Aqui é
importante observar que a comprovação da desincompatibilização não precisa ocorrer
até a formação da lista tríplice, mas até a posse do indicado no TRE (LT n. 0600016-32/
BA, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJE de 15/8/2019);
b) seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio,
isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública;
c) exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
Uma importante observação, que pode inclusive ser objeto de questionamento em provas
subjetivas e orais.
Ao regulamentar o art. 25 do CE, a Res.-TSE n. 23.517/2017, no seu art. 9º, estabeleceu
a necessidade de, no procedimento de formação de lista tríplice, ser observada a resolução
do CNJ n. 7/2005, que versa sobre nepotismo no âmbito do Poder Judiciário, ou seja, o TSE
vedou a indicação na lista tríplice de cônjuges e parentes até o terceiro grau de membros dos
respectivos tribunais de justiça.
Após idas e vindas da jurisprudência do TSE, ficou assentado a necessidade de obser-
vância da citada resolução do CNJ, inclusive para os casos de recondução de juízes que já
ocupam cargos no TRE. Confira o precedente:
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Para finalizar, cumpre informar que essas vedações se aplicam ao procedimento de esco-
lha de juízes efetivos e de substitutos.
TRE
Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presen-
ça da maioria de seus membros.
Será exigível a presença de todos os membros do TRE, quando o tema em julgamento for:
a) ações que importem em cassação de registro;
b) ações que importem em anulação geral das eleições;
c) ações que gerem a perda do diploma.
Vamos exemplificar. Imagine, por hipótese, que, no dia do julgamento de um processo cujo
resultado possa ensejar a cassação de um candidato eleito, os dois membros da classe dos
advogados do Tribunal se deem por suspeitos e um dos substitutos da classe esteja de licen-
ça médica. Nesse cenário, em que apenas um dos advogados pode ser substituído, porquan-
to a substituição deve necessariamente obedecer à classe do substituído, os seis membros
aptos a compor o quórum do Tribunal podem julgar o feito?
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5. Juiz eleitorAl
Como visto, a Justiça Eleitoral não possui um corpo próprio de magistrados. Desse modo,
as funções Eleitorais em qualquer instância da Justiça Eleitoral – instância superior (TSE), 2ª
instância (TRE) e 1ª instância (Juiz Eleitoral) –, são exercidas por um corpo de juízes “em-
prestado” de outros Tribunais e da advocacia.
Especificamente na 1ª instância, um juiz de direito da Justiça Estadual exerce, de forma
cumulativa, a função de juiz eleitoral. Assim, temos, na Justiça Eleitoral.
JUSTIÇA ELEITORAL (Órgãos e origem dos membros)
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O TRE poderá escolher magistrado vitalício ou não no cargo de Juiz de Direito para o exer-
cício da função eleitoral. Desse modo, mesmo que o juiz estadual esteja em estágio probató-
rio no seu cargo, isso não o impedirá de ser escolhido e assumir as funções eleitorais. É o que
Uma vez escolhido, o Juiz Eleitoral atenderá todos os dias na sede de sua zona eleitoral,
consoante dispõe o art. 34, do CE.
Já vimos no início da aula, vimos que a zona eleitoral é a área geográfica em que o juiz
eleitoral exerce suas funções jurisdicionais.
Aqui, não há segredo: cada juiz eleitoral é, então, responsável por uma zona eleitoral.
Embora não se tenha uma regra expressa para se definir o período em que o juiz de direito
deva exercer as funções eleitorais, segue-se a mesma lógica definida para os juízes dos Tri-
bunais, constante no art. 121, § 2º, da CF
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Assim, o juiz eleitoral designado pelo TRE deverá servir por dois anos, havendo rodízio
sempre que possível.
Não é senão por esse motivo que havendo mais de uma vara na comarca e estando a
titularidade da zona ocupada há mais de dois anos pelo mesmo juiz, o TRE providenciará a
designação e posse do novo titular, conforme dispõe o art. 7º da Res.-TSE n. 21.009/2002.
A regra de contagem dos biênios do juiz eleitoral segue a regra geral de contagem de bi-
ênios da Justiça Eleitoral, contida no art. 14, § 1º, do CE. Os biênios devem ser contados a
partir da posse, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento, nem mesmo o
decorrente de licença, férias, ou licença especial.
O art. 14, § 1 c/c § 3º, do CE, traz a única exceção à regra ininterrupta de contagem. Se-
gundo esse dispositivo, o afastamento dos Juízes Eleitorais em decorrência do registro de
candidatura, na sua circunscrição, de seu cônjuge, parente consanguíneo legítimo ou ilegíti-
mo, ou afim, até o segundo grau, que se inicia na data da convenção partidária que escolheu
o candidato e termina na apuração final da eleição, não é computado para fins de contagem
de biênio.
6. JuntA eleitorAl
1ª INSTÂNCIA 1ª INSTÂNCIA
A junta eleitoral é composta por um juiz de direito, que atua como presidente, e dois ou
quatro cidadãos de notória idoneidade. O presidente da junta eleitoral não precisa ser um juiz
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de direito no exercício das funções eleitorais, ou seja, não precisa ser um Juiz Eleitoral. Basta,
para tanto, ser um juiz de direito da Justiça Estadual que goze das garantias da magistratura,
A seu turno, em face da expressão “dois ou quatro cidadãos” contida na definição de sua
composição, podemos, em tese, encontrar juntas eleitorais com apenas três integrantes, sen-
do um juiz de direito na qualidade de presidente e mais dois cidadãos; ou com cinco integran-
No exercício das funções eleitorais, os membros da junta eleitoral gozam de plenas ga-
No que concerne ao número de juntas eleitorais, pode haver uma ou várias em uma zona
eleitoral. Na verdade, o limite do número desses órgãos está relacionado apenas com o nú-
mero de juízes de direito que gozem das garantias asseguradas à magistratura e que estejam,
Após aprovação dos nomes pelo TRE, o Presidente deste Tribunal, até 60 dias das elei-
compor as juntas eleitorais serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer
1º) Publicação no órgão oficial do Estado dos nomes das pessoas indicadas a compor a junta eleito-
ral até 10 dias antes do prazo fatal para nomeação – 60 dias antes da eleição;
2º) A partir da publicação, inicia-se o prazo de 3 dias para impugnação por qualquer partido polí-
tico;
3º) Não havendo impugnação, ou julgada improcedente, haverá a nomeação dos escolhidos pelo
Presidente do TRE;
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Assim como vimos nos demais órgãos da Justiça Eleitoral, existem algumas vedações a
serem observadas na escolha de membros de junta eleitoral.
Nos termos do art. 36, § 3º, do CE, não podem ser nomeados membros das juntas:
4.6 Os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge.
POR CONSANGUINIDADE
AVÓS 2º GRAU
PAIS 1º GRAU
FILHOS 1º GRAU
NETOS 2º GRAU
POR AFINIDADE
GENROS 1º GRAU
NORAS 1º GRAU
SOGRA 1º GRAU
SOGRO 1º GRAU
PADRASTO 1º GRAU
MADRASTA 1º GRAU
CUNHADOS 2º GRAU
4.7 Os membros de diretorias de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham
sido oficialmente publicados;
4.8 As autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de
confiança do Executivo. Nesse ponto, aponta-se que os ocupantes de cargos em comissão no Po-
der Legislativo, no Poder Judiciário e no Ministério Público não estão proibidos de serem indicados
para compor as Juntas Eleitoral, na classe dos cidadãos;
4.9 Os que pertencerem ao serviço eleitoral.
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Imagine, por hipótese, que João, servidor do STF, seja pai de Antônio, funcionário de um Sho-
pping Center. Suponha ainda que não tenham eles nenhum tipo de parentesco, seja por con-
sanguinidade ou afinidade, com os candidatos aos cargos de uma determinada eleição e não
sejam membros de diretorias de partidos políticos.
Em razão de suas qualidades pessoais, João e Antônio são nomeados para compor a mesma
Junta Eleitoral. Isso é possível?
CLARO QUE NÃO. Apesar de não incidirem individualmente em nenhuma das vedações para
integrar uma Junta Eleitoral, os dois – pai e filho – não podem compor a mesma Junta Eleito-
ral (art. 64 da Lei n. 9.504/1997).
A Justiça Eleitoral é um ramo especializado do Poder Judiciário que exerce funções espe-
cíficas e próprias, não encontradas nos demais. Vamos relembrar rapidamente essas funções:
• função administrativa – função relacionada à administração das eleições;
• função consultiva – função de responder as perguntas que lhe forem feitas sobre ma-
téria eleitoral em tese;
• função jurisdicional – função de prestar a jurisdição com caráter de definitividade em
litígios eleitorais.
• função regulamentar – função atribuída ao TSE para editar normas regulamentares a
fim de viabilizar a fiel aplicação do Código Eleitoral.
Além disso, cumpre informar que a CF, no seu art. 121, deixou a cargo de lei complementar
a definição da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral.
Na verdade, para a definição da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral não houve
a edição de nenhuma lei complementar, e sim a recepção da Lei Ordinária n. 4.737/1965 –
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Código Eleitoral – com status de lei complementar, especificamente na parte que trata da
definição de competência dos órgãos da Justiça Eleitoral.
Portanto, o estudo da competência dos órgãos da Justiça Eleitoral revela-se no estudo do
Código Eleitoral, mais precisamente nos quatro títulos da sua “PARTE SEGUNDA”.
Segundo o art. 23, VII, do CE, compete privativamente ao TSE fixar as datas para as elei-
ções de Presidente e Vice-Presidente da República, Senadores e Deputados federais, quando
não o tiverem sido por lei. Ou seja, o TSE fixa a data de realização das eleições presidenciais
e federais.
De modo similar, compete privativamente ao TRE, nos termos do art. 30, IV, do CE, fixar a
data das eleições de Governador e Vice-Governador, Deputados estaduais, Prefeitos, Vice-
-Prefeitos, Vereadores e Juízes de paz, quando não determinada por disposição constitucio-
nal ou legal. Ou seja, o TRE fixa a data das eleições estaduais e municipais.
Da análise desses dispositivos legais, conclui-se, de imediato, que a competência dos
órgãos da Justiça Eleitoral – TSE e TRE – para fixar datas de eleições para cargos eletivos
é residual. Isso significa que se tais datas estiverem fixadas em lei, ficam sem aplicação os
dispositivos legais que conferem aos órgãos da Justiça Eleitoral essa tarefa.
Atualmente, em face da existência dos arts. 28 e 29, II, da CF, e arts. 1º e 2º da Lei n.
9.504/1997, que fixam as datas das eleições para os referidos cargos eletivos, não se faz ne-
cessária a atuação dos órgãos da Justiça Eleitoral.
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Note-se, entretanto, que os dispositivos do CE que conferem essa competência aos ór-
gãos da Justiça Eleitoral não estão revogados, mas apenas momentaneamente sem aplica-
ção. Caso os dispositivos legais que hoje regem a matéria sejam revogados, os órgãos da
Justiça Eleitoral estão autorizados a atuar no vazio legislativo.
A autorização legal dirigida ao TSE e aos TREs autoriza também esses órgãos a definir as
datas de eleições suplementares, que normalmente ocorrem quando os eleitos são cassados
e a legislação determina a necessidade de novo pleito, como se pode observar na disposição
do art. 224 do CE. Nesses casos, como não há disposição legal definindo essas datas, a com-
petência da Justiça Eleitoral está em pleno vigor.
Os Juízes e as Juntas Eleitorais não possuem competência para estabelecer datas para a
realização das eleições.
Para facilitar seu estudo, vamos a um quadro esquemático.
FIXAÇÃO DE DATAS DE CARGOS ELETIVOS (competência residual)
CARGOS ÓRGÃO
ELETIVOS COMPETENTE
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CIRCUNSCRIÇÃO DO ÓRGÃO
CARGO BASE LEGAL
CARGO ELETIVO COMPETENTE
Na Justiça Eleitoral, o TSE é responsável pela expedição dos diplomas dos eleitos aos car-
gos de Presidente e Vice-Presidente da República; aos TREs cabe a emissão de diplomas dos
Os Juízes Eleitorais são os únicos que não possuem competência para a expedição de
diplomas.
EXPEDIÇÃO DE DIPLOMAS
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O TSE cuida do cancelamento e registro dos diretórios nacionais, enquanto o TRE, dos
restrita aos tribunais eleitorais. Assim, seja qual for o diretório, seu cancelamento ou registro
não pode ser feito por Juiz Eleitoral, muito menos ainda por Junta Eleitoral.
ÓRGÃO
DIRETÓRIO BASE LEGAL
COMPETENTE
cia, é matéria muito cobrada em concursos públicos, pedimos a você especial atenção neste
tópico.
dição envolvendo órgãos da Justiça Eleitoral, bem assim o órgão competente para solucio-
ná-los:
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Os membros que compõem os órgãos da Justiça Eleitoral, com exceção dos componen-
tes das Juntas Eleitorais, servem, salvo motivo justificado, por dois anos, no mínimo, e nunca
por mais de dois biênios consecutivos.
A regra geral, então, é o exercício por no mínimo dois anos. Entretanto, a expressão “salvo
motivo justificado” permite, como exceção à regra, que mesmo antes de completar dois anos
de efetiva prestação jurisdicional na seara eleitoral, venham os membros da Justiça Eleitoral
a se afastar do cargo.
Nesse processo de pedido de afastamento dos seus membros, a atuação dos tribunais
eleitorais se dá da seguinte forma:
AFASTAMENTO DE MEMBROS DA JUSTIÇA ELEITORAL
Aqui, gostaria que você notasse, em especial, que o pedido de afastamento dos membros
de TREs é concedido pelo próprio tribunal regional (art. 30, III, CE), mas somente após apro-
vação do TSE.
Nos demais casos, é intuitivo o processo: o TRE concede e aprova o afastamento dos ju-
ízes eleitorais a ele vinculados; e o TSE, como órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, concede,
após deliberação própria, o afastamento de seus próprios membros (art. 23, III, CE).
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pressão crime comum abrange todo e qualquer delito, inclusive os crimes eleitorais, sendo
utilizada em contraposição aos impropriamente denominados crimes de responsabilidade,
cuja sanção se situa na esfera política (STF, CJ n. 6.971/92). A esse respeito, veja o seguinte
julgado:
Feito esse esclarecimento inicial, cumpre informar que o art. 22, I, d, CE, que afirma a com-
petência do TSE para julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometi-
dos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, está revogado
pelos arts. 102, I, “c”, e 105, I, “a”, ambos da CF/1988.
No que se refere aos membros do TSE, a competência para julgá-los nos crimes penais
comuns, incluindo aí os crimes eleitorais, é do STF. A esse respeito:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe:
I – processar e julgar, originariamente: (...)
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Co-
mandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os mem-
bros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomá-
tica de caráter permanente;
Quanto aos crimes comuns, incluindo também os eleitorais, cometidos pelos membros
dos TREs, a competência para o julgamento é do STJ.
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No que se refere aos crimes cometidos pelos juízes eleitorais, mantém-se a distinção
entre crimes eleitorais e comuns, mesmo para fins de competência. Os juízes eleitorais, nos
crimes eleitorais e conexos, são julgados pelo respectivo TRE, como estabelece o art. 29, I,
“d” do referido código, enquanto nos crimes comuns a competência é do TJ.
Na verdade, a distinção na definição da competência para o julgamento dos crimes eleito-
rais cometidos pelos membros dos tribunais (TSE e TREs) e pelos juízes eleitorais decorre da
forma da previsão constitucional inscrita no art. 96, III da CF. Com efeito, o art. 96, inc. III, da
CF, ao estabelecer o foro por prerrogativa de função dos juízes de Direito (e os Juízes Eleito-
rais são juízes de Direito), previu que são julgados, nos crimes comuns e de responsabilidade,
no Tribunal de Justiça, “ressalvada a competência da Justiça Eleitoral”.
Veja a redação do art. 96, inc. III da CF:
Vamos estudar este assunto usando uma metodologia um pouco diferente da que usual-
mente vínhamos usando.
Primeiro, vamos tratá-lo no âmbito dos tribunais eleitorais – TSE e TRE –, depois, ao final,
no Juiz Eleitoral.
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Inicialmente, tenha em mente que para que o mandado de segurança seja impetrado na Justiça
Eleitoral, deverá ele guardar afinidade com questões eleitorais, ou seja, deverá atacar ato de autori-
A esse respeito, veja a ementa do seguinte julgado proferido pelo Tribunal Superior Elei-
toral:
ELEITORAL.
eleitoral relativa a atos das autoridades indicadas na letra e do inciso I do art. 22 do Código
rança contra ato de presidente de diretório nacional que destituiu presidente de comis-
(MS n. 3890. Relator Min. Marcelo Henriques Ribeiro De Oliveira. DJE de 7/4/2009)
Além disso, saiba que a competência para julgar o mandado de segurança é determinada
pela órbita a que pertence a autoridade coatora e pela sua localização territorial, à exceção
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eleitoral passaram a ser do STF contra atos do presidente da República (art. 102, I, d, da CF)
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe:
I – processar e julgar, originariamente: (...)
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o man-
dado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da Re-
pública e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente:
(...)
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandan-
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n. 23, de 1999)
A competência para julgar mandado de segurança contra atos dos membros dos TREs é
do próprio Tribunal. Essa afirmação é válida tanto para atos de natureza eleitoral quanto para
a jurisprudência do TSE:
PR, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJE de 17/3/2009; AgR-MS n.3.370/BA, Rel. Min. Eros
Por sua vez, quando o ato impugnado via mandado de segurança for do colegiado do TRE
(e não apenas de um de seus membros) há que se fazer uma distinção: para atos de natureza
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para julgar mandado de segurança contra seus atos de natureza administrativa. (MS
3370, DJ 24/6/2008).
No que se refere aos mandados de segurança contra atos de Juízes Eleitorais, a com-
petência para julgá-los é do TRE ao qual está vinculado o Juiz Eleitoral cujo ato tenha sido
impugnado.
No que concerne à ação de habeas corpus, em matéria eleitoral, houve também substan-
cial alteração no órgão competente para sua apreciação. A partir da Constituição de 1988,
transferiu-se do TSE para o STF a competência em matéria eleitoral para processar e julgar
o habeas corpus quando for paciente o presidente da República e os Ministros de Estados
(art. 102, I, d, CF). Lembre-se que, para fins de competência no STF e STJ, o crime eleitoral é
uma espécie de crime comum.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe:
I – processar e julgar, originariamente: (...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do
Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Co-
mandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os mem-
bros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomá-
tica de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 23, de 1999)
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d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o man-
dado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da Re-
pública e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Imagine, por hipótese, que o Secretário de Educação de um município do Estado de São Paulo
emita, ex officio, dentro do período de três meses que antecedem a eleição, um ato transfe-
rindo professores para uma unidade de ensino de difícil acesso, em razão de tais professores
não manifestarem apoio à candidatura de determinado candidato. Esse ato ilegal, pela sua
correlação com o processo eleitoral, é passível de mandado de segurança pelos prejudicados
perante a Justiça Eleitoral, sendo competente para julgá-lo o Juiz Eleitoral da respectiva cir-
cunscrição. Essa competência é definida primeiro em razão da órbita de atuação da autorida-
de coatora ser municipal, e segundo, pelo fato de não haver determinação legal dispondo de
forma taxativa a autoridade competente para apreciar a matéria.
processo seja submetido a julgamento por um órgão diverso daquele inicialmente competen-
pedido de desaforamento por partidos políticos, por candidatos, pelo Ministério Público ou
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por parte legitimamente interessada, perante o TRE a que subordinado o magistrado em atra-
Caso o atraso de mais de 30 dias da conclusão do feito ocorra nos TREs, os mesmos le-
gitimados podem apresentar um pedido de desaforamento perante o TSE (art. 22, I, h, do CE).
do TSE por mais de 30 dias da conclusão ao relator é passível de reclamação, e não de desa-
foramento, sendo competente para julgamento a própria Corte Suprema Eleitoral (art. 22, I,
i, CE).
É óbvio que se trata de um instrumento processual pouco utilizado, pois é fato que o ex-
cesso de demanda no Poder Judiciário tornou regra e não exceção a demora no julgamento
de feitos judiciais. Isso, contudo, não é suficiente para afastar a aplicação dos dispositivos
PEDIDOS DE DESAFORAMENTO
COMPETENTE PARA
MATÉRIA
JULGAMENTO
FEITOS NÃO DECIDIDOS PELOS TRIBUNAIS REGIONAIS EM 30 DIAS
TSE
DA CONCLUSÃO PARA JULGAMENTO
FEITOS NÃO DECIDIDOS PELOS JUÍZES ELEITORAIS EM 30 DIAS DA
TRE
CONCLUSÃO PARA JULGAMENTO
O processo de divisão ou criação de zonas eleitorais nos Estados pode ser dividido em
duas etapas: na primeira, os TREs elaboram e encaminham a proposta de criação ou alteração
ao TSE (art. 30, IX, CE); na segunda, a Corte Suprema Eleitoral aprova a proposta das cortes
regionais (art. 23, VIII, CE).
Esquematicamente, esse processo pode ser assim representado:
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Uma vez criada a zona eleitoral, é possível ainda que esta seja objeto de divisão em se-
ções eleitorais. A competência para proceder a essa divisão é do Juiz Eleitoral, e não do TRE
a que ele esteja vinculado (art. 35, X, CE).
Por último, vale ressaltar ainda que, criadas as seções, cabe ao Juiz Eleitoral designar, até
60 dias antes das eleições, os locais onde elas serão efetivamente instaladas para funcionar
no dia das eleições (art. 35, XIII, CE).
A requisição de força federal é ato dirigido ao Poder Executivo para garantir o cumprimen-
to da lei, de decisão judiciária ou para garantir a lisura do pleito eleitoral.
Trata-se de uma prerrogativa privativa do TSE no âmbito da Justiça Eleitoral. Assim, mes-
mo quando um tribunal regional dela pretende fazer uso, essa requisição deve, necessaria-
mente, ser dirigida ao TSE para que este então encaminhe o pedido ao Poder Executivo.
Vamos a um esquema didático para facilitar o estudo.
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Nos termos do art. 94 da Lei n. 9.504/1997, “os feitos eleitorais, no período entre o registro
das candidaturas até cinco dias após a realização do segundo turno das eleições, terão priori-
dade para a participação do Ministério Público e dos Juízes de todas as Justiças e instâncias,
funções da Justiça Comum, para exercer, por tempo determinado, prioritariamente a função
O afastamento poderá ocorrer apenas no período entre a data de início das convenções
para escolha de candidatos até cinco dias após a realização do segundo turno das eleições,
se houver. Esse afastamento não alcança os juízes substitutos dos tribunais eleitorais.
do TRE e deverá ser submetido, para aprovação, ao TSE, onde o processo será distribuído ao
Ministro Presidente.
Por fim, cumpre informar que não compete à Justiça Eleitoral decidir sobre afastamento
de juiz da classe de jurista de Tribunal Eleitoral na hipótese de ocupar eventual cargo público.
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A função consultiva é uma das funções peculiares da Justiça Eleitoral. Tem como finali-
O Código Eleitoral atribui somente aos tribunais eleitorais – TSE (art. 23, XIII) e TRE
(art. 30, VIII) – a competência para responder consultas. Assim, os Juízes Eleitorais e as Jun-
tas Eleitorais não podem, em hipótese alguma, se pronunciar por meio delas.
em razão da matéria consultada, mas sim do consulente (aquele que faz a consulta).
Perante o TSE, somente podem formular consultas autoridade pública com jurisdição fe-
Senador, um Ministro de Estado, entre outras, ou partido político, por meio de seu órgão de
direção nacional.
De outro modo, ao TRE podem se dirigir quaisquer autoridades públicas, in- dependente-
mente do âmbito de sua jurisdição, se federal, estadual ou municipal, tais como o Presidente
CONSULTAS ELEITORAIS
COMPETÊNCIAS
COMPETENTE PARA
LEGITIMADOS
RESPONDER
ÓRGÃO DE DIREÇÃO NACIONAL DE PARTIDO POLÍTICO AUTORIDADE
TSE
PÚBLICA COM JURISDIÇÃO NACIONAL
ÓRGÃO DE DIREÇÃO ESTADUAL/
REGIONAL DE PARTIDO POLÍTICO TRE
AUTORIDADE PÚBLICA
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Quanto às decisões do TSE, temos que, em regra, tais decisões são irrecorríveis. No en-
tanto, como exceção, é possível impugná-las quando contrariarem a Constituição e as dene-
gatórias de habeas corpus ou mandado de segurança, sendo o STF o órgão competente para
julgamento dos recursos (Art. 121, § 3º, CF).
É claro que essa matéria está intimamente relacionada com as espécies de recurso no
âmbito da Justiça Eleitoral, mas não vamos nos esquecer que a matéria a ser tratada aqui é
de competência, então, vamos nos ater a esse assunto e, no momento oportuno, ou seja, num
tópico específico de recursos, trataremos com mais detalhes de cada um dos possíveis meios
de impugnação previstos no âmbito da Justiça Eleitoral.
Existem outras competências que achamos melhor estudar de forma isolada. É o que va-
mos fazer agora na 2ª parte deste subtítulo.
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Continuando nosso estudo, temos ainda algumas competências dos TREs, inscritas no
art. 30 do CE, que merecem uma especial atenção. Vamos a elas, fazendo algum esclareci-
mento quando necessário.
a) Elaborar seu regimento interno (art. 30, I, do CE);
b) Organizar sua Secretaria e a Corregedoria Regional (art. 30, II, do CE);
c) Propor ao Congresso Nacional, por intermédio do TSE, a criação ou supressão de car-
gos e a fixação dos respectivos vencimentos (art. 30, II, do CE) – Nota-se que o TRE
não pode enviar diretamente ao Congresso Nacional o projeto de lei de criação ou
supressão de seus cargos. O TRE interessado encaminha sua proposta ao TSE, que a
remete então ao Poder Legislativo.
d) Constituir as Juntas Eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição (art. 30, V, do
CE) – é sabido por nós que as juntas eleitorais são órgãos colegiados de 1ª instância
da Justiça Eleitoral, cuja existência se restringe ao período eleitoral. É comum os con-
cursandos acharem erroneamente que compete ao juiz eleitoral a constituição desses
órgãos, quando, na verdade, tal competência é do TRE.
e) Indicar ao TSE as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser
feita pela mesa receptora (art. 30, VI, do CE);
f) Designar, onde houver mais de uma vara, aquela ou aquelas a que incumbe o serviço
eleitoral (art. 30, X, do CE);
g) Aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até trinta dias aos juízes
eleitorais (art. 30, XV, do CE)
Agora veremos algumas competências do Juiz Eleitoral (art. 35 do CE), as quais não devem
ser esquecidas.
a) Processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada
a competência originária do TSE e dos TREs (art. 35, II, do CE);
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b) Indicar, para aprovação do TRE, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escriva-
nia eleitoral (art. 35, VI, do CE);
c) Dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores (art. 35,
VIII, do CE);
d) Expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor (art. 35, IX, do CE);
e) Nomear, 60 dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com, pelo menos,
5 dias de antecedência, os membros das mesas receptoras (art. 35, XIV, do CE) – Em
cada seção eleitoral temos uma mesa receptora de votos composta por um presidente,
um primeiro e um segundo mesários, dois secretários e um suplente, sendo que todos
são nomeados pelo Juiz Eleitoral competente.
f) Fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispen-
sados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais (art. 35, XVIII,
do CE).
Para finalizar esta exposição, vamos tratar aqui das quatro competências das Juntas Elei-
torais, elencadas no art. 40 do CE.
a) Apurar, no prazo de 10 dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua ju-
risdição (art. 40, I, do CE);
b) Resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos de
contagem e da apuração (art. 40, II, do CE) – é isso mesmo! Os incidentes verificados
durante os trabalhos de contagem e apuração dos votos são resolvidos pelas Juntas
Eleitorais e não pelos Juízes Eleitorais.
c) Expedir os boletins de apuração (art. 40, III, do CE);
d) Expedir diploma aos eleitos para cargos municipais (art. 40, IV, do CE) – nós já tra-
tamos dessa competência no início deste tópico, mas não custa nada reiterar que a
expedição dos diplomas dos eleitos para os cargos municipais (Prefeito, Vice-Prefeito
e Vereador) é de competência da Junta Eleitoral. Não se esqueça! Não cabe ao Juiz
Eleitoral a expedição de diplomas, nem mesmo dos diplomas relativos aos cargos mu-
nicipais.
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RESUMO
Aspectos Gerais da Justiça Eleitoral
• A Justiça Eleitoral, especializada na análise de feitos eleitorais, integra a estrutura do
Poder Judiciário da União.
• São órgãos da Justiça Eleitoral: o TSE (instância especial), os TREs (2ª instância), os ju-
ízes eleitorais e as juntas eleitorais (1ª instância).
• Apesar de ser um ramo especializado do Poder Judiciário, a Justiça Eleitoral não possui
um quadro próprio de magistrados. Os juízes eleitorais são escolhidos pelos tribunais
regionais eleitorais entre os juízes estaduais. Já os membros de tribunais eleitorais –
TSE e tribunais regionais eleitorais – são provenientes da advocacia e de outros ramos
do Poder Judiciário
• Os membros dos tribunais eleitorais podem servir à Justiça Eleitoral por dois anos, no
mínimo, sendo possível sua recondução para um único biênio subsequente.
• A Constituição Federal garante aos membros de tribunais eleitorais, aos juízes de Di-
reito e aos integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes
for aplicável, plenas garantias e inamovibilidade.
• A garantia da vitaliciedade é incompatível com o princípio da periodicidade da investi-
dura das funções eleitorais.
• A circunscrição eleitoral revela a abrangência territorial da eleição. Na eleição presi-
dencial alcança todo o País; na eleição estadual, o Estado; na eleição municipal, o mu-
nicípio.
• Os litígios eleitorais são julgados pela Justiça Eleitoral com caráter de definitividade.
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• Não podem fazer parte da composição do TSE pessoas que tenham entre si paren-
tesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, excluindo-se, neste caso, a que tiver sido
escolhida por último.
• Para ser escolhido pelo STF para integrar a lista tríplice a ser encaminhada ao Presi-
dente da República, o cidadão deve: i) ser advogado; ii) ter notável saber jurídico; iii)
idoneidade moral.
• A OAB não participa da elaboração da lista tríplice de advogados encaminhada ao Pre-
sidente da República para a escolha de ministro do STF na classe de jurista. A lista é
elaborada exclusivamente pelo STF.
• O Presidente da República não pode recusar a lista e sua escolha deve recair, obrigato-
riamente, entre um dos advogados nela indicados.
• Os ministros do TSE da classe dos advogados podem continuar o exercício de ativida-
des advocatícias, vedado apenas o seu exercício nos Tribunais eleitorais.
• Os ministros do TSE na classe dos advogados não precisam observar a chamada “qua-
rentena” – prazo de três anos -, ou seja, podem exercer a advocacia na Corte Suprema
Eleitoral no momento seguinte ao término do seu mandato.
• Os ministros substitutos são escolhidos pelo mesmo processo e em número igual para
cada categoria.
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• Os juízes do TRE nas classes dos Desembargadores e dos juízes de Direito são esco-
respectivo TRF.
pública, dentre seis advogados de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados
sidente da República para a escolha de juiz do TRE na classe de jurista. A lista é elabo-
• O Presidente da República não pode recusar a lista e sua escolha deve recair, obrigato-
• Para ser escolhido pelo TJ para integrar a lista tríplice a ser encaminhada ao Presidente
da República, o cidadão deve: i) ser advogado; ii) ter, no mínimo dez anos de atividade
advocatícia (requisito afirmado na jurisprudência do STF); iii) ter notável saber jurídico;
• Aplica-se à escolha de juízes do TRE a Resolução n. 7 do CNJ, que versa sobre nepo-
tismo no âmbito do Poder Judiciário, ou seja, não poderá ser indicado, na lista tríplice
elaborada pelo TJ, advogado que seja cônjuge ou parente até o terceiro grau de mem-
• Os juízes do TSE na classe dos advogados não precisam observar a chamada “quaren-
tena” – prazo de três anos -, ou seja, podem exercer a advocacia na Corte Regional no
• Os juízes substitutos são escolhidos pelo mesmo processo e em número igual para
cada categoria.
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Juiz Eleitoral
• a Justiça Eleitoral não possui um corpo próprio de magistrados, de modo que o juiz de
direito da Justiça Estadual exerce, de forma cumulativa, a função de juiz eleitoral na 1ª
instância.
• A designação do juiz de direito responsável pelas funções eleitorais na comarca é atri-
buição do TRE.
• A escolha do juiz eleitoral recairá sobre o magistrado da Justiça Comum responsável
pela comarca, que passa a exercer cumulativamente os dois cargos. Caso a zona elei-
toral abranja mais de uma comarca e, consequentemente, mais de um juiz de direito
da Justiça Comum, o TRE deverá designar o juiz eleitoral observando o critério da anti-
guidade, apurada entre os juízes que não haja exercido a titularidade de zona eleitoral,
e atendendo ao sistema de rodízio.
• O TRE pode, contudo, pelo voto de cinco dos seus membros, afastar esse critério por
conveniência objetiva do serviço eleitoral e no interesse da administração judiciária,
observando-se, então, o critério de merecimento.
• O TRE poderá escolher magistrado vitalício ou não no cargo de Juiz de Direito para o
exercício da função eleitoral.
• Cada juiz eleitoral é responsável por uma zona eleitoral.
• O juiz eleitoral designado pelo TRE deverá servir por dois anos, havendo rodízio sempre
que possível.
• Os biênios devem ser contados a partir da posse, ininterruptamente, sem o desconto de
qualquer afastamento, nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial.
• Há uma única exceção à regra da contagem ininterrupta de biênios: o afastamento dos
Juízes Eleitorais em decorrência do registro de candidatura, na sua circunscrição, de
seu cônjuge, parente consanguíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau,
que se inicia na data da convenção partidária que escolheu o candidato e termina na
apuração final da eleição.
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Junta Eleitoral
• A Junta Eleitoral é um órgão colegiado, de caráter temporário, que compõe a 1ª instân-
• A Junta Eleitoral é composta por um juiz de direito, que atua como presidente, e dois ou
• O presidente da Junta Eleitoral não precisa ser um juiz de direito no exercício das fun-
ções eleitorais, ou seja, não precisa ser um Juiz Eleitoral. Basta, para tanto, ser um juiz
zona eleitoral.
• Após aprovação dos nomes pelo TRE, o Presidente deste Tribunal, até 60 dias das elei-
• Até 10 dias da nomeação pelo presidente do TRE, os nomes das pessoas indicadas
para compor as juntas eleitorais serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo
• Não podem ser nomeados membros das juntas eleitorais: i) os candidatos e seus pa-
rentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim o cônjuge; ii)
tenham sido oficialmente publicados; iii) as autoridades e agentes policiais, bem como
• Não podem compor a mesma junta eleitoral os parentes em qualquer grau ou de servi-
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Justiça Eleitoral
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• Os Juízes e as Juntas Eleitorais não possuem competência para estabelecer datas para
a realização das eleições.
• o TSE é responsável pelo registro dos candidatos nas eleições presidenciais, cuja cir-
cunscrição é todo o País. O TRE, por sua vez, cuida do registro das eleições no âmbito
do Estado. O juiz eleitoral é responsável pelo registro no pleito municipal. As Juntas
Eleitorais não têm competência para atuarem no registro de candidaturas.
• o TSE é responsável pela expedição dos diplomas dos eleitos aos cargos de Presidente
e Vice-Presidente da República; aos TREs cabe a emissão de diplomas dos cargos de
Governador, Vice-Governador, Deputado Federal, Deputado Estadual e Senador; e às
Juntas Eleitorais, a expedição de diploma dos cargos de Prefeito, Vice-Prefeito e Vere-
ador. Os Juízes Eleitorais são os únicos que não possuem competência para a expedi-
ção de diplomas.
• O TSE cuida do cancelamento e registro dos diretórios nacionais, enquanto o TRE, dos
diretórios regionais, estaduais e municipais.
• Não se admite conflito de competência entre TSE e os TREs e entre juízes eleitorais e os
TREs a que estão subordinados.
• O TRE do Estado é competente para resolver conflito de competência entre juízes elei-
torais de sua circunscrição.
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• O TSE é competente para resolver conflito de competência entre: TRE A x TRE B; TRE A
e juiz eleitoral do TRE B; juiz eleitoral do TRE A x juiz eleitoral do TRE B.
• O STJ é competente para resolver conflito de competência entre: TSE x outro Tribunal
que não seja eleitoral (TJ); juiz eleitoral x juiz de tribunal não eleitoral.
• O STF é competente par resolver conflito entre TRE x Tribunal Superior (menos, é claro
o TSE).
• Na Justiça Eleitoral, a competência para julgar as exceções e impedimentos fica restri-
ta aos tribunais – TRE e TSE.
• O pedido de afastamento dos membros de TREs antes de terem completado no mínimo
dois anos de efetivo exercício, é concedido pelo próprio tribunal regional, mas somente
após aprovação do TSE.
• A competência para julgar os membros do TSE pelo cometimento de crimes penais
comuns, incluindo aí os crimes eleitorais, é do STF.
• Quanto aos crimes comuns, incluindo também os eleitorais, cometidos pelos membros
dos TREs, a competência para o julgamento é do STJ.
• Os juízes eleitorais, nos crimes eleitorais e conexos, são julgados pelo respectivo TRE,
como estabelece o art. 29, I, “d” do referido código, enquanto nos crimes comuns a
competência é do TJ.
• O julgamento de mandado de segurança em matéria eleitoral contra atos do presidente
da República é da competência do STF, e contra atos de Ministros de Estado, do STJ.
• A competência para julgar mandado de segurança contra atos dos membros dos TREs
é do próprio Tribunal.
• A competência para julgar mandado de segurança contra decisões colegiadas do TRE
cabe: i) ao próprio TRE para atos de natureza administrativa; ii) ao TSE para atos de
natureza eleitoral.
• A partir da Constituição de 1988, transferiu-se do TSE para o STF a competência em
matéria eleitoral para processar e julgar o habeas corpus, sendo paciente, dentre ou-
tros, o presidente da República e os Ministros de Estados.
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DIREITO ELEITORAL
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• O Código Eleitoral atribui somente aos tribunais eleitorais – TSE e TRE – a competência
para responder consultas. Assim, os Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais não podem,
em hipótese alguma, se pronunciar por meio delas.
• Perante o TSE, somente podem formular consultas autoridade pública com jurisdição
federal, tais como o Presidente e o Vice-Presidente da República, um Deputado federal,
um Senador, um Ministro de Estado, entre outras, ou partido político, por meio de seu
órgão de direção nacional.
• ao TRE podem se dirigir quaisquer autoridades públicas, in- dependentemente do âm-
bito de sua jurisdição, se federal, estadual ou municipal, tais como o Presidente da
República, um Deputado federal, um Deputado estadual, um Prefeito, um Vereador, um
Secretário de governo estadual ou municipal, um promotor eleitoral, entre outras, e ór-
gão de direção estadual/regional de partido político.
• Os recursos dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e Juntas Eleitorais são
julgados pelos tribunais regionais eleitorais.
• Os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais são julgados
pelo TSE.
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QUESTÕES DE CONCURSO
(CESPE/TRE-TO/TÉCNICO JUDICIÁRIO/2017) A principal função da justiça elei-
toral é garantir
a) o respeito à soberania popular e à cidadania.
b) a classificação das informações de ordem estatal.
c) a auditoria das contas públicas.
d) o cumprimento dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publici-
dade e da eficiência.
e) a guarda da Constituição Federal.
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d) As atribuições do corregedor-regional serão fixadas pelo TRE perante o qual servir e, su-
pletivamente, pelo TSE.
e) Os TREs deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença de dois terços
de seus membros.
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d) Cabe ao TRE a expedição dos diplomas aos eleitos no pleito de chefe do Poder Executivo
municipal.
e) As Juntas Eleitorais compõem-se por um juiz de direito e por quantos cidadãos de notória
idoneidade o juiz desejar convocar para a sua formação.
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Exige-se dos advogados que integrarão os tribunais regionais eleitorais o exercício efetivo de,
no mínimo, dez anos de atividade profissional, não estando prevista na Constituição Federal a
participação do órgão de representação da classe dos advogados nesse processo de escolha.
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c) pelo Tribunal Regional Eleitoral do Estado em que o magistrado processado exerce a sua
jurisdição.
d) pelo Tribunal de Justiça, se o juiz eleitoral processado for Juiz de Direito, e pelo Tribunal
Regional Federal, se o juiz eleitoral processado for Juiz Federal.
e) pelo Conselho Nacional de Justiça, cabendo recurso ao Supremo Tribunal Federal.
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***
***
***
***
b) Compete aos TREs requisitar diretamente força federal, se isso for necessário ao cumpri-
mento de suas decisões.
c) As decisões dos TREs sobre ações que importem cassação de registro, anulação geral de
eleições ou perda de diplomas somente serão tomadas com a presença de todos os seus
membros.
d) As atribuições do corregedor-regional serão fixadas pelo TRE perante o qual servir e, su-
pletivamente, pelo TSE.
e) Os TREs deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença de dois terços
de seus membros.
***
GABARITO
1. a 29. C 57. E
2. e 30. C 58. E
3. b 31. E 59. c
4. b 32. E 60. e
5. e 33. C 61. E
6. c 34. E 62. C
7. d 35. E 63. E
8. b 36. E 64. E
9. e 37. E 65. C
10. d 38. E 66. b
11. b 39. E 67. C
12. C 40. d 68. b
13. C 41. E 69. E
14. E 42. E 70. E
15. E 43. C 71. E
16. a 44. E 72. E
17. b 45. C 73. E
18. e 46. E 74. C
19. C 47. C 75. a
20. C 48. E 76. E
21. E 49. b 77. E
22. C 50. C 78. E
23. E 51. b 79. a
24. E 52. C 80. e
25. C 53. E 81. b
26. C 54. E 82. b
27. E 55. E 83. e
28. C 56. E 84. c
***
QUESTÕES COMENTADAS
(UFG/PROCURADOR/2015) O controle do processo eleitoral, a fiscalização das
Errado.
A Justiça Eleitoral possui função administrativa de executar as leis eleitorais, devendo, no
exercício dessa missão, executar o processo eleitoral, fiscalizar as eleições e proclamar os
eleitos.
Errado.
A Justiça Eleitoral possui as funções administrativa, regulamentar (normativa), consultiva e
jurisdicional.
Certo.
A Justiça Eleitoral possui as funções administrativa, regulamentar (normativa), consultiva e
jurisdicional.
***
Errado.
De acordo com o entendimento do TSE, “a Justiça Eleitoral não detém competência para apre-
ciar feitos em matérias respeitantes a conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados,
quando estas não tenham reflexo no prélio eleitoral”. (TSE, AgR/AI n. 7098, Rel. Min. Luiz Fux,
DJE de 23/06/2015)
Errado.
O art. 120, § 1º da CF/1988 estabelece que os TREs possuem sete juízes membros. Inexiste,
nessa norma constitucional para o aumento da composição desse tribunal eleitoral. Diver-
samente, em relação à composição do TSE, o art. 119 da CF/1988 prevê um quadro mínimo,
motivo pelo qual pode ser aumentada por meio de lei complementar.
Apesar da ausência de permissão de modificação da composição, de forma expressa, na
CF/1988, o art. 13 do CE prevê a possibilidade de aumento do número de juízes dos TREs para
até nove membros, por proposta do TSE.
Entretanto, de acordo com a posição adotada pelo CESPE, a disposição legal do art. 13 do CE
não foi recepcionada pela CF e não se admite o aumento da composição dos TREs.
Errado.
A competência legislativa para tratar de Direito Eleitoral é da União, não tendo os Estados-
-membros possibilidade de legislar sobre essa matéria. Na edição de leis sobre a organização
e a composição dos órgãos da Justiça Eleitoral, será exigível a edição de lei complementar,
nos termos do art. 121, caput da CF/1988.
***
Errado.
Na Justiça Eleitoral, em detrimento da garantia da vitaliciedade, aplica-se o princípio da tem-
porariedade do exercício das funções eleitorais, ou seja, todos os seus membros – integran-
tes do TSE ou TRE, Juiz Eleitoral ou componente de Junta Eleitoral – exercem a função eleito-
ral por um período determinado. Com efeito, os juízes do TRE são escolhidos para exercerem
as funções eleitorais por um período de, no mínimo, 2 anos (um biênio), somente podendo se
afastar antes do término do mandato em razão de um motivo justificado.
Errado.
Em razão do princípio da temporariedade da investidura nas funções eleitorais, a garantia da
vitaliciedade não se aplica à Justiça Eleitoral.
Errado.
Os membros da Justiça Eleitoral, uma vez escolhidos, exercem as funções eleitorais por um
mandato de dois anos, podendo, ao final do mandato, serem reconduzidos para mais um
***
período de dois anos. Ao final do segundo mandato, veda-se o exercício do terceiro mandato
consecutivo.
Letra d.
Os membros da Justiça Eleitoral, em razão da necessidade da garantia da imparcialidade e
da lisura dos pleitos, ficaram impedidos de exercer as funções eleitorais nas situações em
que seus parentes, consanguíneos ou afins, até o segundo grau, desde o momento em que
eles sejam escolhidos em convenção partidária. Nesses casos, ficarão afastados das funções
eleitorais desde o momento da realização das convenções partidárias até a diplomação, sen-
do o período de afastamento descontado da contagem do tempo de exercício de mandato na
Justiça Eleitoral.
***
Errado.
Nos tribunais eleitorais, há membros oriundos de órgãos do Poder Judiciário, tais como, no
TSE, os ministros do STF e do STJ, nos TREs, os desembargadores do TJ, os juízes de direito
e o juiz federal. Esses membros dos TRE, originários da classe dos magistrados, ficam au-
tomaticamente afastados de suas funções eleitorais nos casos em que fiquem afastados de
suas funções na Justiça Comum, seja em razão de férias ou licenças. Entretanto, esse perío-
do de afastamento não interfere no cômputo do período de dois anos de mandato na Justiça
Eleitoral.
Errado.
O TSE compõe-se de sete membros, os quais são oriundos de três classes: a) ministros do
STF; b) ministros do STJ; e c) advogados, de notável saber jurídicos e idoneidade moral.
Os ministros oriundos do STF e do STJ são eleitos por meio de eleição, voto secreto, pelos
seus respectivos tribunais. Já os advogados são indicados em lista tríplice pelo STF e nome-
ados pelo Presidente da República, sem a participação da OAB. Com efeito, a regra do quinto
constitucional inscrita no art. 94 da CF sobre a participação da OAB no processo de escolha
dos advogados não é aplicável à Justiça Eleitoral (MS MS 21.060, DJ de 23.8.1991)
Certo.
No processo de escolha de membros do TSE, aplica-se uma série de causas impeditivas, den-
tre elas, algumas aplicáveis a todos os membros e outros, apenas aos advogados. Com efeito,
***
entre os ministros do TSE não pode existir relação de parentesco de até quarto grau e, caso
o parentesco surja durante o exercício da função eleitoral, deve ser excluído da corte eleitoral
o mais novo (o que foi escolhido por último). Por sua vez, a escolha dos advogados não pode
recair entre: a) ocupantes de cargos em comissão; b) diretor, proprietário ou sócio de pessoa
jurídica beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a
administração pública; c) ocupantes de cargos eletivos.
Errado.
O parágrafo único do art. 119 da CF revogou tacitamente a parte final do caput deste artigo 17
do CE, já que o cargo de Corregedor-Geral não pode ser ocupado por qualquer dos membros
do TSE, como fala essa disposição legal. Na verdade, o TSE deve escolher, dentre os ministros
oriundos do STJ, aquele que ocupará a vaga de Corregedor-Geral.
Certo.
O Corregedor-Geral Eleitoral pode editar regras sobre a atuação das corregedorias regionais,
sobre o exercício da atividade correcional (fiscalização, orientação e punição) e sobre o alis-
tamento eleitoral. Nessa situação, os Corregedores Regionais ficam vinculados às normas
editadas pela Corregedoria-Geral e devem dar a elas cumprimento imediato.
***
Errado.
A instalação (início) de uma sessão de julgamento exige a presença da maioria absoluta dos
ministros, ou seja, a presença de, pelo menos, quatro juízes do TSE (maioria absoluta). Por
sua vez, iniciada a sessão de julgamento, os feitos são julgados por maioria dos presentes
(maioria relativa). Entretanto, nas situações descritas nessa disposição, dentre elas, os pro-
cessos em que se discuta a perda de diplomas (cassação de diploma ou de mandato), exige-
-se a presença de todos os ministros do TSE (quórum completo).
Certo.
A oposição da exceção de suspeição ou de impedimento (instrumento processual utilizado
para a arguição da suspeição e do impedimento) pode ser feita por qualquer interessado (par-
tes, assistentes e Ministério Público, por exemplo).
Errado.
O TSE possui competência para processar e julgar o pedido e a impugnação ao registro de
candidatos a Presidente e de Vice-Presidentes da República, apenas. Deveras, o TSE não tem
competência para julgar os processos sobre registro de candidaturas ao Senado Federal e à
Câmara dos Deputados.
***
Letra b.
O CE dispõe que o TSE possui competência para julgar os crimes eleitorais e conexos co-
metidos pelos seus próprios juízes e pelos magistrados dos TRE. Entretanto, a CF revogou
essa competência do TSE, sendo os Ministros do TSE julgados pelo STF (art. 102, I, c da CF)
e os membros dos TREs, pelo STJ (art. 105, I, a da CF). A partir da promulgação da CF, o TSE
não possui competência criminal originária. Aliás, as pessoas com foro com prerrogativa de
função no STF e STJ, ainda que pratiquem crimes eleitorais e comuns conexos, não serão
processados e julgados perante os órgãos da Justiça Eleitoral.
Certo.
Em sede de mandado de segurança, em matéria eleitoral, o TSE deixou de ser o órgão compe-
tente para apreciá-lo quando impetrado contra atos do presidente da República e de Ministros
de Estado. Assim, restou revogado o art. 22, I, e, do CE. Para esses casos, as competências
acerca do mandado de segurança em matéria eleitoral, passaram a ser do STF, contra atos
do presidente da República (art. 102, I, d, da CF), e do STJ, contra atos de Ministros de Estado
(art. 105, I, b, da CF).
***
Letra b.
Admite-se a propositura da ação rescisória eleitoral apenas no TSE, não tendo os demais ór-
gãos da Justiça Eleitoral competência para o julgamento dessa ação. Ainda que cabível, esse
instrumento processual somente poderá ser ajuizado para rescindir os acórdãos do próprio
TSE e desde que preenchidos os demais requisitos: a) a ação rescisória deve ser proposta
no prazo decadencial de cento e vinte dias; b) o acórdão a ser rescindido deve tratar sobre a
aplicação ou interpretação de inelegibilidades
Certo.
Sobre a restrita hipótese de cabimento da ação rescisória, houve a edição da Súmula n. 33 do
TSE, com o seguinte teor:
***
Errado.
Apenas o TSE e os TREs possuem competência para responder perguntas sobre o direito elei-
toral, não tendo sido esta atribuição deferida aos juízes eleitorais e às juntas eleitorais.
Errado.
O TSE possui competência para responder perguntas sobre a aplicação e a interpretação de
normas sobre Direito Eleitoral, desde que formuladas por autoridade pública federal ou órgão
nacional de partido político. Entretanto, no exercício dessa competência, o TSE não pode se
manifestar sobre casos concretos (situações reais que possam ou estejam sob julgamento),
sendo que o entendimento firmado no julgamento dessas perguntas não tem caráter vincu-
lante, mas apenas orientadora. Destaque-se, ainda, que a função consultiva foi atribuída ao
TSE e aos TREs, não tendo os juízes e as juntas eleitorais atribuição para o exercício da fun-
ção consultiva.
Errado.
Na Justiça Eleitoral, apenas o TSE tem competência para requisitar o envio de força federal
para garantir a execução das leis eleitorais, das decisões proferidas pela Justiça Eleitoral ou
***
para garantir a liberdade do voto e a normalidade das eleições. Em caso de necessidade local
ou regional, os TRE`s devem apresentar a situação justificadora do envio de força federal e, se
for o caso, o TSE requisita-a ao Poder Executivo federal.
Errado.
Entre os juízes dos TREs não pode existir parentesco, por consanguinidade ou afinidade, de
até quarto grau e, se o parentesco surgir durante o exercício da função eleitoral, exclui-se o
mais novo no TRE.
Errado.
Exige-se a presença da maioria absoluta dos membros dos TREs para que possa ser iniciada
uma sessão de julgamento (ou seja, pelo menos, 4 juízes). Esse é o quórum de instalação. Por
sua vez, para o julgamento dos feitos, exige-se a maioria simples (maioria dos presentes), em
um ou em outro sentido. Assim, para a procedência/improcedência de um pedido, para o pro-
vimento/não provimento de um recurso, será necessária a formação de maioria dos membros
presentes à sessão de julgamento. Esse é o quórum de julgamento.
***
Errado.
A arguição da existência de situação de configuradora de suspeição de membro de TRE pode
ser feita por qualquer interessado nas hipóteses previstas no Código de Processo Civil e por
parcialidade partidária (identificação ideológica de membro da Justiça Eleitoral com uma
agremiação partidária).
Letra c.
Os juízes eleitorais são juízes de direito (membros do Poder Judiciário estadual). Logo, se
praticarem crimes, são processados e julgados pelos Tribunais de Justiça ao qual estão vin-
culados (art. 96, III da CF). Entretanto, se cometerem crimes eleitorais e os crimes conexos
praticados pelos juízes eleitorais são processados pelo TREs do Estado em que exerça suas
funções jurisdicionais.
***
d) Vice-Presidente da República.
e) Membros do Congresso Nacional.
Letra e.
Os TREs expedem diplomas aos eleitorais nas mesmas situações em que atua no registro e
na cassação de registro de candidatura. Logo, compete ao TRE a expedição do diploma aos
eleitos para os cargos eletivos federais e estaduais: membros do Congresso Nacional (Se-
nador da República e Deputado Federal), Governador, Vice-Governador e Deputado Estadual.
Errado.
Os TREs também possuem o poder para regulamentar as leis eleitorais, em especial, para
disciplinar a realização de eleições suplementares municipais e estaduais. Nessa situação,
as resoluções para a regulamentação da aplicação das leis eleitorais para a realização desse
pleito específico serão editadas pelos TREs. Logo, os TREs também possuem função regula-
mentar.
Certo.
No primeiro grau de jurisdição da Justiça Eleitoral, há a atuação de juízes eleitorais, cargo
ocupado por um juiz de direito, membro da Justiça Comum Estadual. O juiz eleitoral exerce as
suas funções em um espaço geográfico denominado de zona eleitoral e, nas zonas em que
houver mais de um juiz de direito aptos ao exercício da jurisdição eleitoral, a designação do
juiz eleitoral será feita pelo TRE do respetivo Estado.
***
Errado.
Segundo o TSE, admite-se o exercício das funções de juiz eleitoral por juiz de direito ainda não
vitalício (RESPE n. 19260, DJ de 5.6.2001). Ou seja, independentemente da aquisição da vita-
liciedade, os juízes de direito substitutos estão aptos para o ocupar o cargo de juiz eleitoral.
Errado.
Os juízes federais apenas podem ocupar cargo de juiz membro de TRE, não se admitindo que
sejam designados para serem juízes eleitorais (TSE, Pet n. 332-75.2011, DJe de 9/5/2012).
Certo.
As competências do juiz eleitoral estão definidas no art. 35 do Código Eleitoral, além de pre-
vistas, ainda, na Lei das Eleições (art. 96 a Lei n. 9.504/97) e na Lei das Inelegibilidades (art. 2º
da Lei Complementar n. 64/1990).
***
Errado.
Os juízes eleitorais são competentes para processar e julgar os crimes eleitorais, ou seja,
aqueles definidos nas eleitorais. Além disso, os crimes comuns conexos aos crimes eleitorais
também são processados e julgados pelos juízes eleitorais, em razão da vis atractiva exerci-
da pela Justiça Eleitoral, já que, em caso de concurso entre a jurisdição comum e a especial
(Justiça Eleitoral), prevalecerá esta (art. 78, IV do CPP).
Certo.
Os juízes eleitorais julgam os crimes eleitorais e os crimes comuns conexos, salvo quando
praticado por autoridade com foro por prerrogativa de função, durante o mandato e desde o
ato praticado tenha relação com o mandato (STF, AP 937, Rel. Min. Roberto Barroso, Julgado
em 2 e 3 de maio de 2018). Atente-se para o fato de cidadãos pleiteantes a cargos não pos-
suem foro por prerrogativa de função.
***
e) pelo Tribunal do Júri se a prova do cometimento de um delito influir na prova da outra in-
fração.
Letra b.
Os juízes eleitorais são competentes para o processo e julgamento dos crimes eleitorais e
comuns conexos. Entretanto, se o crime comum conexo ao crime eleitoral for doloso contra
a vida, a doutrina aponta as seguintes soluções: a) ambos são julgados pela Justiça Eleitoral
(art. 78, IV do CPP); b) ambos são julgados pelo Tribunal do Júri (art. 78, II, a do CPP), pois
o crime doloso contra a vida é mais grave que o crime eleitoral; c) há uma cisão processual,
situação em que o crime eleitoral será processado e julgado pela Justiça Eleitoral e o crime
doloso contra a vida pelo tribunal do júri.
Errado.
A despeito da competência do Tribunal de Justiça para o julgamento de vereador nos crimes
comuns e de responsabilidade, tal como previsto na Constituição Estadual do Rio de Janeiro,
não há na Constituição Federal previsão de foro privilegiado para vereador. Não há, pois, como
aplicar o princípio do paralelismo constitucional, como pretende o impetrante, para se con-
cluir pela competência originária do Tribunal Regional Eleitoral para o julgamento de vereador
nos crimes eleitorais. (HC n. 316-24.2011, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 17/5/2011)
***
Errado.
Os juízes eleitorais atuam no alistamento eleitoral, expedindo os títulos eleitorais, decidindo
os pedidos de transferência eleitoral e, nas hipóteses legais, de cancelamento da inscrição
eleitoral, determinando a instauração do processo de exclusão. Essa competência constitui
manifestação do exercício da função administrativa pela Justiça Eleitoral.
Errado.
Os juízes eleitorais são competentes para, no prazo de até sessenta dias antes da data das
eleições, nomear, em uma audiência pública, os membros de mesas receptoras de votos e
designar o local em que as seções eleitorais serão instaladas.
Errado.
A competência do Juiz Eleitoral para decidir habeas corpus e mandado de segurança, em
matéria eleitoral, é residual, ou seja, cabe a ele julgar tais ações quando a competência não
estiver atribuída privativamente à instância superior.
Errado.
As juntas eleitorais são órgãos colegiados, temporários (constituídos apenas para as elei-
ções) da Justiça Eleitoral e integram o primeiro grau de jurisdição. Por pertencerem à Justiça
***
Eleitoral, todos os membros das Juntas Eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes
for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis (art. 121, § 1º da CF).
Certo.
As juntas eleitorais são compostas um juiz de direito, que será o seu presidente, (presidente)
e por dois ou quatro cidadãos, de notória idoneidade, motivo pelo qual esse órgão da Justiça
Eleitoral possui três ou cinco membros.
Letra a.
As juntas eleitorais, primordialmente, atuam no processo de apuração e totalização dos vo-
tos, motivo pelo qual o Código Eleitoral estabeleceu um conjunto de circunstâncias impedi-
tivas para que determinados cidadãos integrem as juntas eleitorais. Tais proibições tem a
finalidade de garantir a legitimidade e a lisura das eleições, as quais são: a) os candidatos e
seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau ou por adoção; b) os membros de
diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido oficial-
***
Errado.
Em uma zona eleitoral, em caso de necessidade (seja pelo volume de eleitores, seja pela com-
plexidade do processo de apuração), será possível a organização de diversas juntas eleito-
rais. Com efeito, admite-se a constituição de tantas juntas eleitorais quantos forem o número
de juízes de direito disponíveis em uma determinada circunscrição eleitoral.
Errado.
As juntas eleitorais possuem competência para apurar as eleições, o prazo de dez dias, nas
zonas de suas respectivas jurisdições.
Errado.
As juntas eleitorais são competentes para a expedição dos diplomas para os candidatos elei-
tos para os cargos municipais (Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador), sendo que, naquelas zonas
em que houver a constituição de mais de uma junta eleitoral, os diplomas são expedidos pela
que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo.
***
Letra a.
A Justiça Eleitoral é o ramo especializado no julgamento dos litígios eleitorais (Direito Eleito-
ral), bem como tem atribuições administrativas para garantir a aplicabilidade das leis eleito-
rais. Por essa razão, o principal papel dos órgãos da Justiça Eleitoral é garantir o livre exercí-
cio da soberania popular e da cidadania.
Letra e.
Conforme o art. 118 da CF, são órgãos da Justiça Eleitoral: o TSE, os TREs, os juízes e as jun-
tas eleitorais. Assim, dentre as alternativas, a que indica apenas órgãos da Justiça Eleitoral é
a letra E.
***
Letra b.
Nos termos do art. 118 do Código Eleitoral, a Justiça Eleitoral compõe-se do TSE, dos TREs,
dos juízes eleitoral e das juntas eleitorais;
Assim, a alternativa correta é a letra B.
Letra b.
De acordo com o art. 28, § 4º do Código Eleitoral, as decisões dos tribunais regionais sobre
quaisquer ações que importem cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de
diplomas somente poderão ser tomadas com a presença de todos os seus membros.
***
Letra e.
Vamos à análise das assertivas:
a)compete aos juízes eleitorais designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições, os locais
das seções eleitorais.
b)compete aos juízes eleitorais ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos
cargos eletivos municipais e comunicá-los ao Tribunal Regional.
c) compete aos juízes eleitorais fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos
não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções le-
gais;
d) compete aos juízes eleitorais nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência
pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas
receptoras
e) a alternativa E está correta porque reproduz a literalidade do art. 35, I do Código Eleitoral.
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Letra c.
Vamos à análise da incorreção ou correção das assertivas:
a) Os TREs têm competência para responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe
forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político.
b)Compete aos TREs solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal.
c) Essa é a alternativa correta, pois reproduz a literalidade da disposição contida no art. 28,
§ 4º do Código Eleitoral, com a redação dada pela Lei n. 13.165/2015.
d) As atribuições do corregedor regional serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e, em
caráter supletivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral perante o qual servir.
e) Os tribunais regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a presença
da maioria de seus membros.
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