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Clarissa Yakiara

A Grande Sacada do
“LIMITE NA MEDIDA CERTA"

Educando com amor, respeito e liberdade!

-Para pais, mães e educadores de crianças de 0 a 7 anos-

Ilustração da capa: Verônica Calandra Martins

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Direitos Reservados ® 2015 Clarissa Bicalho Haddad

Sinta-se livre para enviar por email, tweetar, colocar em seu blog e
compartilhar na Web… mas por favor não altere o conteúdo deste
e-book. Obrigada!

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SUMÁRIO

I. Introdução 5
Um pouco da minha história de mãe… 6
Considerações Iniciais: A Segunda Chance! 9
Um caminho possível! 11
II. Os cinco passos 13
1. Assuma o compromisso com você mesmo(a) 13
2. Resgate o INTERESSE GENUÍNO 16
3. Defina as regras e limites! 19
4. Mostre o limite para a criança! 22
5. Conecte-se com a criança! 24
III. Recado para o leitor: 27

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I. Introdução

Imagino que se você está lendo este documento, você já leu o meu E-book "Limite na
Medida Certa!”. Caso ainda não conheça este livro você pode baixá-lo agora,
gratuitamente, neste link: www.ebook.beefamily.com.br.

De qualquer forma vou retomar neste texto alguns pontos do conteúdo principal do
“Limite na Medida Certa" para contextualizar a sacada que tive sobre como dar limites
para crianças de 0 a 7 anos. São idéias complementares ao conteúdo do “Limite na
Medida Certa!” e que podem ajudar a mudar o seu olhar e forma de atuar frente a um
choro forte, gritos, esperneios, e outras reações emocionais intensas das crianças que
costumamos chamar de pirraças, birras, falta de educação, falta de coro etc. Essas
reações infantis geralmente “tiram pais e mães do sério”, nos fazem atuar de forma
autoritária, agressiva, ou simplesmente ignoramos nossos pequenos e depois de todo o
estresse da situação, nos sentimos culpados e tristes por tratarmos nossos filhos de uma
maneira que nem de longe é a que desejávamos tratar. Se você já vivenciou alguma vez
uma situação parecida com esta, este texto é para você!

E isso é apenas uma parte do conteúdo que vou compartilhar por aqui. Minha ideia,
além de apresentar uma nova visão sobre como lidar com momentos desafiantes com as
crianças, é despertar em você a consciência da segunda chance que recebeu de presente
quando seu filho(a) nasceu. Muitos de nós não nos atentamos para a possibilidade de
nos reeducarmos e mudarmos completamente o rumo de nossas vidas quando decidimos
(conscientemente ou não) trazer uma criança para o mundo. Foi neste momento quando
a Vida te disse SIM, quando ela confiou em você e te entregou um SER para cuidar e
educar, que você recebeu um presente extra, um bônus, uma segunda chance de rever
sua vida, com toda a alegria e conquistas vividas e também com todos os nós e desafios
que na maior parte dos casos ficam guardados e esquecidos nos recônditos do
inconsciente. E é exatamente ai, nestes pontos de dor e confusão mental/emocional, que
a criança com sua transparência e espontaneidade vai atuar, trazendo luz e movimento
para aquilo que estava a ponto de se tronar obscuro e que precisava vir à tona, para
possibilitar a sua cura. Essa é a grande oportunidade que nossos filhos nos entregam e
muitos pais e mães deixam passar. E o meu convite para você é que agarre com unhas e
dentes tudo que seu filho(a) está te mostrando, aspectos inconscientes que estavam
rondando sua mente e guiando suas ações sem você sequer saber disso. Para que dessa
forma você possa evoluir e viver a vida de maneira plena, feliz e coerente, sem deixar
nada para trás e principalmente sem deixar uma herança de dor e sofrimento para seus
pequenos!

A partir de agora convido os Pais e Mães que tenham coragem e vontade suficiente
para transformar suas próprias vidas, evoluir e educar seus filhos. Esta vontade deve ser
autêntica, respeitosa e amorosa, livre de falsos padrões familiares e sociais que já não
fazem mais sentido hoje em dia. Vamos lá, vamos continuar a ler este pequeno livro! E
se você sente este desejo de crescer, transformar sua vida e educar quem você mais ama
com o seu exemplo SEJA MUITO BEM VINDO (A) e conte com meu apoio!

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Um pouco da minha história de mãe…

Para que você conheça um pouco mais sobre mim e minhas motivações, resolvi
começar contando um breve resumo da minha história de vida. Vou focar nos momentos
que se sucederam à maternidade e as muitas descobertas que emergiram deste percurso
de auto educação inspirado pelo nascimento dos meus filhos. Afinal de contas, é porque
você também se tornou um pai ou uma mãe que chegou até aqui.

Sinto que o que mais potencializou meus insights recentes em relação a este tema do
LIMITE, foi o fato de ter percorrido de forma comprometida um caminho de
autoeducação entre o nascimento do meu primeiro filho, há mais de 7 anos atrás, e o
nascimento do segundo, há aproximadamente 10 meses. Desde que o João, o mais
velho, nasceu senti um chamado forte para assumir tudo que estava acontecendo em
minha vida. Como se naquele instante a mãe que nasceu ali junto com a chegada do
bebê começasse a compreender que agora ela era a grande responsável por sua vida: não
era legítimo mais depender dos meus pais, do meu "namorado/marido" e das
contingências que me cercavam. A menina, jovem e filha decidiu empreender um
caminho de "apropriação da sua própria vida” e abrir espaço para novos papéis o de
mulher, mãe, esposa, dona de casa etc.

E a partir de então, grandes transformações começaram a acontecer. Citarei apenas


algumas dessas mudanças para que você entenda a reviravolta que estes papéis
trouxeram para minha vida:

Assim que o João completou um mês, nos mudamos para São Luis no
Maranhão. Naquela época, meu marido trabalhava em uma obra lá. Eu passava o dia
cuidando do João, sem apoio de familiares e amigos, pois não conhecia ninguém
naquela cidade. A vida em São Luis era tranquila e cheia de pequenos momentos
gostosos em família: tomávamos sorvete de tapioca todo final de semana depois da
praia, fiz algumas aulas de kite surf, caminhávamos na praia com o João e a Biela, nossa
cadela, etc. Depois de seis meses a obra acabou e voltamos para Belo Horizonte.

Alguns meses depois, já em BH, eu e meu marido decidimos nos separar. Foi um
momento intenso, onde vivi períodos com muita raiva dos homens, tristeza, solidão e
aos poucos fui assumindo a responsabilidade pelo que estava acontecendo e parando de
responsabilizar o mundo por meu sofrimento.

O que observo hoje, que gerou esta situação foi um excesso de foco meu em relação ao
João e um descuido e acomodação da relação do casal, o que é natural nos primeiros
anos de vida de um bebê. Só que para um jovem casal ainda bastante imaturo esta
situação foi difícil de se sustentar e culminou numa separação. Permanecemos
separados por um ano, apenas sendo o pai e a mãe do João e não mais um casal. E
depois deste período reatamos nosso casamento novamente.

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Nos dois primeiros anos de vida do João vivi grandes transformações pessoais e pude
vivenciar a maternidade de forma intensa, sem me ocupar de outras obrigações (eu não
trabalhava fora de casa naquela época). Quando o João completou 2 anos comecei a
retomar o trabalho (como psicóloga fazendo palestras e atendendo no consultório) e
agarrei com unhas e dentes uma grande oportunidade profissional, que surgira fruto do
meu compromisso com meu crescimento: me tornei instrutora internacional de um curso
de desenvolvimento pessoal chamado Free Mind da Organização Chilena Condor
Blanco.

Surgiu, então, de maneira mais intensa, a necessidade de conciliar vida pessoal,


maternidade, carreira e casamento e este grande desafio gerou uma série de mudanças
no sistema familiar. Eu, que antes estava grande parte do tempo disponível para meu
filho e para a casa, saí para o mundo em busca de uma vida “mais livre". Na mesma
época, meu esposo saiu do emprego “estável” para começar um novo empreendimento,
mais coerente com seus valores e com o que deseja ensinar para nosso filho. Além
disso, ele se viu “obrigado” a ficar mais presente para o João devido as minhas viagens
profissionais. Nesta época eu viajava uma ou duas vezes por mês, fui para EUA,
Argentina, Venezuela, México e várias cidades do Brasil.

Após alguns anos vivendo nesta rotina, muitos desafios foram gerados por minha
ausência constante e pelo início instável da carreira autônoma do meu marido. Percebi
que estava ficando muito tempo longe do ninho e que era hora de me recolher e
diminuir o ritmo do trabalho fora de casa. Foi ai que foquei no trabalho on-line e
desenvolvi dois cursos para pais que me trouxeram uma certa estabilidade e maior
reconhecimento em minha área de atuação. Quando o trabalho on-line que desenvolvi,
chamado Escola de Pais Bee Family, estava começando a tomar proporções maiores,
engravidei do meu segundo filho.

Durante a gestação foquei no trabalho no consultório, atendendo pais e mães de crianças


de 0 a 7 anos e organizei parte do trabalho on-line. Além disso dediquei parte do meu
tempo aos cuidados com meu corpo e com meu bebê, fazia yoga, caminhada,
agachamentos, meditação etc.

Dia 01 de novembro de 2014, dia de Todos os Santos, nasceu o Lucas meu segundo
filho, num lindo parto domiciliar! Após o parto me senti extremamente empoderada,
segura, confiante e certa das minhas escolhas. Lembro que chegou a passar em minha
mente que o segundo filho seria bem mais fácil, afinal de contas eu já tinha o João e
trabalho com isso, dessa forma saberia exatamente o que fazer nos momentos
desafiantes. Até que, quinze dias após o nascimento do Lucas ele adoeceu e teve que
ficar internado no hospital por 21 dias. Aquela doença me abalou muito. Fiquei ali com
meu bebê durante todo o tempo, não sai do quinto andar do hospital para nada. Foi um
momento de parar no tempo, de sentir cada instante passando, de olhar para a
fragilidade da vida e para o mistério que ronda a vida e a morte e que nenhum ser dele
escapa. Muita reflexão, desconstrução de crenças e confiança no porvir.

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E o tempo foi passando. Com sua força e constância a vida seguia e outros desafios e
aprendizados foram aparecendo para nossa família. João, “o mais velho” ficou mais
agressivo e agitado, me pedia atenção constantemente. Lucas começou a acordar muito
a noite e eu cada dia mais cansada, dormindo pouco, acabei ficando muito exigente e
impaciente com os meninos, especialmente com o João. Atuava de forma agressiva com
meus filhos e após cada momento de briga e estresse, me sentia culpada por não trata-
los da maneira que gostaria.

Novamente senti o convite da vida para dar um mergulho profundo em minhas


emoções e crenças trancadas em meu inconsciente e lançar luz a tudo isso que aquelas
duas pequenas crianças, com todo amor e compaixão por sua mãe, sinalizavam que
precisava vir à tona. Não foi fácil, tive que buscar apoio, retomei minhas sessões de
terapia e algumas disciplinas que me colocam em contato com meu mundo interno.
Novas questões emergiram, insights poderosos, desconstrução e muito redesenho. E
neste momento de busca e conexão retomei o trabalho e comecei a compartilhar com
meus clientes, A GRADE SACADA DO LIMITE que tive e estou vivenciando! Uma
maneira mais consciente de expressar minhas emoções e uma possibilidade de me
aproximar dos meus filhos e com minha presença e conexão apoiá-los a extravasarem
também o que estão sentindo.

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Considerações Iniciais: A Segunda Chance!

A chegada de um filho é um momento ímpar na vida de um casal, pois além de ter que
lidar com os arranjos e peculiaridades da vida a dois, agora também terão que se
organizar para assumir as responsabilidades da escolha que fizeram, conscientemente ou
não, de trazer um novo membro para o sistema familiar. É um momento de muita
transformação e novas possibilidades de organização.

Uma vez que este homem e esta mulher, agora pai e mãe, estão acompanhados deste
pequeno ser, é importante colocar atenção no que acontece ali, pois tudo será material
para formar o corpo físico, emocional e mental do bebê.

Desde o nascimento até por volta dos três anos de idade a criança está completamente
aberta e receptiva para o que seu entorno tem a oferecer. Ela traz consigo uma
capacidade inata de amar e confiar no que está ao seu redor. E, a partir dessa interação
com as pessoas e o ambiente, ela começa a apreender o mundo e suas leis, utilizando o
recurso da imitação como principal fonte de aprendizado.

Em seus primeiros anos de vida a criança funciona como uma esponjinha seca
absorvendo tudo que está em seu entorno. Ela está emocionalmente disponível para os
membros deste sistema, por meio do seu sistema límbico que está formado já no seu
nascimento. Esta é a parte do cérebro responsável pelas emoções, relações e
comportamentos sociais, e é por meio deste sistema, que a criança é capaz de sentir o
que os demais ao seu redor estão sentindo. Essa percepção a princípio é não verbal e se
dá através de pequenos estímulos que a criança observa tais como: tom de voz,
expressões faciais e corporais, etc.

“Te sugiro observar o que disse no parágrafo anterior sobre esta capacidade das
crianças de se conectarem com as emoções que estão no seu entorno. Veja estes
exemplos simples que observei recentemente com meu filho mais novo: Desde
aproximadamente 04 meses de idade o Lucas chora muito quando escuta outra pessoa
chorando, ele fica visivelmente agitado e se conecta tão forte com esta emoção que sua
atitude é imitar e chorar de maneira intensa. Outra coisa que percebo é o quanto seu
sono se altera nos dias em que eu ou seu pai estamos mais ansiosos ou preocupados
com alguma questão.”

Dessa maneira, a partir do nascimento do(a) filho(a), é importante que os membros


deste sistema fiquem atentos ao seu campo emocional, padrões, crenças, valores,
maneiras de se comunicarem, conteúdo de conversas e informações, ritmos e hábitos
familiares ali presentes. Pois todo o contexto que cerca a criança vai gerar um grande
impacto na formação deste ser que está completamente desprotegido e entregue a este
lar.

Esse momento para muitos pais e mães pode ser extremamente angustiante e conflitivo
pois a criança além de absorver o que o ambiente lhe oferece, vai também refletir. Ou
seja, ela vai devolver para seus pais a informação que vem recebendo do inconsciente

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familiar. E é exatamente por isso que considero a maternidade e a paternidade como
uma segunda chance que a vida nos oferece. Este filho traz consigo um presente para
seus pais, um espelho fiel que refletirá o que está guardado no mundo interno de cada
um. Disponibilizando questões que não foram bem “digeridas”, deixando-as mais claras
e conscientes e aproximando a possibilidade de elaboração das mesmas. Esta é a grande
oportunidade que a vida nos dá: a de nos educarmos a medida que nos relacionamos
com nossos filhos. Um momento único na vida do ser humano que conta com a
sabedoria e compaixão dos ciclos perfeitos da vida que nos entregam constantemente
chances de nos aprimorarmos, refazermos, reeducarmos e reaprendermos o que ainda é
preciso para evoluirmos!

E o caminho para pais e mães que desejam evoluir é o de aceitarmos esse convite da
vida e nos comprometermos com nosso processo de auto educação. Dizer Sim para esta
oportunidade e olhar sem medo para nossa sombra que virá refletida em nossos filhos.
Lembre-se: ela é SUA e não deles. A criança, com sua transparência, está apenas te
sinalizando por onde começar este trabalho de desenvolvimento pessoal. É um trabalho
árduo, não vou te enganar. Mas acredite: o pior já passou, as questões que você vai
acessar já foram vividas, em geral de forma imatura, sem apoio e agora é apenas uma
segunda chance de olhar para elas como um adulto e assumir a responsabilidade por
cada ponto de dor e confusão que ficou guardado na gaveta do seu inconsciente. PARA
QUE, dessa forma, você se aproprie das suas questões e não duplique de forma
inconsciente para seu filho. A meu ver esse é o motivo principal da urgência deste
processo. (Se julgar necessário aproveite o momento para buscar ajuda de um
profissional, um terapeuta, psicólogo ou psicanalista. Este apoio pode ser fundamental
para uma transformação profunda em sua vida e para a educação de seu filho de forma
consciente, autêntica e respeitosa. )

Aprofundar de maneira intensa e conectada nesta relação, criar um vínculo forte e


seguro com esta criança nos permite decifrar o que este Ser está trazendo a tona. Quanto
mais disponíveis estivermos, quanto maior nossa capacidade de silenciar, não julgar e
ficar presente para o aqui e agora desta relação, maior será nosso crescimento e
evolução. Dessa forma há uma possibilidade real de educarmos nossos filhos através do
nosso exemplo de pai e mãe autênticos, respeitosos e amorosos!

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Um caminho possível!

Agora que você tem uma ideia do que eu estou chamando de “segunda chance” e da
importância de se comprometer com esta oportunidade, quero compartilhar com você
um caminho possível para honrar este presente que lhe foi entregue, mesmo nos
momentos mais desafiantes do seu dia a dia com a criança. Uma possibilidade de atuar
com amor e respeito por seus filhos mesmo diante de situações que te geram estresse e
sofrimento hoje.

Este caminho vem sendo trilhado por centenas de mães e pais que apoio com meu
trabalho de orientação em grupo e individualmente, tenho certeza que ele poderá te
ajudar também, especialmente se você se atentar para as seguintes sugestões:

1. PRATIQUE E NÃO JULGUE! Pratique as orientações apresentadas antes de


julgá-las. Não deixe sua mente atuar de forma reativa e criar um conceito rígido
para o que vai ser apresentado. Experimente atuar como uma criança pequena
que confia e imita o mundo. Se você chegou até aqui, confie que algo de bom
você poderá aprender nesta jornada, siga-a de forma comprometida e se
entregue, sem resistências e juízos mentais!

2. PACIÊNCIA E CONSTÂNCIA! Coloque em prática o passo a passo


apresentado e tenha paciência para colher os resultados. Lembre-se que seu
filho acabou de chegar ao mundo e precisa de tempo para aprender. Não adianta
fazer uma vez e achar que a questão está resolvida. Repita, repita, repita e, por
muitas vezes, repita. Você vai falar e fazer a mesma coisa por diversas vezes,
estamos construindo hábitos e isso requer persistência. Tente diminuir sua
ansiedade e estabelecer uma relação mais harmônica com o tempo, se
aproximando do seu ritmo natural. *Uma dica para reduzir sua ansiedade e
acalmar sua mente é respirar de forma consciente, lenta e profundamente
várias vezes ao dia. Inspire e expire colocando atenção no ar que entra e sai de
seu corpo, acompanhe o caminho do ar por sua via respiratória. E vá
acalmando seus pensamentos simplesmente dirigindo sua atenção para a
respiração. Pare e faça este exercício sempre que se lembrar. No começo pode
parecer chato e sem sentido, mas com o tempo vai perceber o quanto esta
prática pode te trazer para o presente, acalmar e revigorar!

3. INTENÇÃO E COERÊNCIA! Observe a si mesmo e descubra suas motivações/


intenções ao educar seu filho. Investigue quais os pontos que vão guiar sua
viagem junto a este ser que o universo te presenteou. Quando você tem clareza
disso fica mais fácil manter a coerência com o que deseja para sua criança. Pois
com elas o que vale é "Faça o que eu digo e faça o que eu faço”. Quando não
somos coerentes com o que exigimos das crianças, elas podem até fazer o que
estamos pedindo, mas a probabilidade de estabelecermos uma relação baseada
no medo e não no amor e respeito é grande. Ao educar um ser é importante
pensar no longo prazo também e refletir sobre quais os valores que estão por
trás das nossas ações, sobre o que estamos “plantando” e disseminando para

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nossos filhos. Estamos falando de educar um SER HUMANO, de valores, de
caráter, e não de “treinamento de ratinho de laboratório”. * Compartilho aqui
com você um exercício simples e eficaz para te apoiar a ter clareza de suas
intenções como Mãe: Escreva em uma folha de papel grande palavras e frases
curtas que representem suas intenções para com seu filho. As perguntas, a
seguir, podem te apoiar a ter clareza disso: “Que tipo de pessoa gostaria que
seu filho fosse? Quais qualidades gostaria que ele tivesse? Como gostaria que
os outros descrevessem o meu filho?” Depois coloque este papel em um lugar
visível (espelhos do banheiro, closet e armário por exemplo), para te recordar,
sempre que for preciso, de suas intenções ao educar este ser e te apoiar a
manter firme em seu propósito.

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II. Os cinco passos

Isso posto, posso lhe apresentar agora os 5 passos para este caminho de autoeducação e
educação do seu filho através do seu exemplo de pai ou mãe autêntico, respeitoso e
amoroso!

1. Assuma o compromisso com você mesmo(a)

Educar é educar-se. Vivenciar esta máxima significa compreender profundamente que


existe um SER que confiou em você para guiá-lo e educá-lo, que vai seguir seu exemplo
e imitar tudo lhe for apresentado. E quando você realmente toma consciência disso,
você entende que o assunto da educação do seu filho tem muito mais a ver com você do
que com a criança em si.

A partir daí, nasce uma vontade avassaladora de ser uma pessoa melhor e se tornar
um exemplo digno de ser seguido por seu filho. E para isso é preciso crescer, evoluir,
responsabilizar-se, sair da zona de conforto e mergulhar de uma vez por todas nesta bela
e desconhecida relação com você mesmo, pois este é o único caminho possível. Não há
formula, técnica ou conselho sobre educação infantil que fará você educar seu filho de
maneira conectada, com amor e respeito que não passe pela via do autoconhecimento e
da autoeducação. É preciso encarar esta viagem, aproveitar esta grande oportunidade
que a vida está te dando de presente e se aproximar da sua verdade interna com toda luz
e sombra que existe ali.

Em outras palavras o que quero apontar aqui é: que a relação com seu filho(a) pode ser
um grande ponto de partida para uma grandiosa viagem rumo ao seu mundo interno, um
lugar até então desconhecido, repleto de questões que não foram nomeadas e por isso
não existem para a sua consciência. Na maioria das vezes este é um lugar temido, mas
posso te garantir que o pior já passou, tudo que você vai encontrar ali já foi vivido, de
alguma maneira você já conhece, simplesmente não foi nomeado de maneira adequada e
por isso você não se lembra bem. E o trabalho agora é “escarafunchar”, debruçar-se com
paciência e persistência sobre você mesmo. Talvez este seja o único ou o mais assertivo
caminho que conheço para viver a vida de forma plena, íntegra, feliz e em paz.

Imagino que você possa estar se perguntando: mas como posso começar a empreender
este caminho de olhar para dentro de mim mesmo?

Existem inúmeras maneiras de empreender um caminho de autoeducação. Se você


procurar no Google, por exemplo, vai encontrar muitas organizações e profissionais que
desenvolvem trabalhos nesta área. Minha ideia aqui neste pequeno guia é apontar um
caminho possível que te apoie a educar-se e educar de maneira coerente, amorosa e
respeitosa seu filho.

E o mais importante você já sabe: “Tudo começa com você, com seu processo de
autoeducação. Tudo começa no momento em que você decide assumir o compromisso

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de mudança e crescimento com você mesmo”. E por falar nisso, vamos voltar a nossa
pergunta, como empreender este caminho de autoeducação (olhar para dentro e
crescer)?

Como já disse este não é um caminho simples e rápido, mas minha sugestão é que você
comece a buscar os sinais que seu filho está trazendo a tona. Eles são grandes sinais de
aspectos existentes em seu mundo interno. Veja só:

1. Grande parte do aprendizado das crianças acontece por imitação. Elas imitam o
que apreendem com seus sentidos do mundo ao redor, especialmente das
pessoas mais próximas e posso afirmar que mais ainda da mãe nos primeiros
anos de vida.
2. A partir daí, podemos dizer que grande parte dos comportamentos e sensações
das crianças são projeções do que elas veem captando do seu entorno.

O que você precisa fazer é OBSERVAR seu filho da maneira mais neutra que conseguir,
assim você terá a possibilidade de desvendar quais aspectos do seu mundo interno ele
está refletindo, quais os sinais que ele está te dando. Veja este exemplo recente que vivi
com meu filho mais novo que pode te ajudar a entender melhor o que estou dizendo:

“Desde que o Lucas foi para o hospital com 15 dias de vida o sono dele foi uma
questão que me incomodava e intrigava. Ele acordava de duas em duas horas, ou em
intervalos menores até os nove meses e eu o amamentava para que voltássemos a
dormir logo. Foram noites intensas que traziam à tona uma gama variada de emoções,
pensamentos e tentativas de soluções em sua maioria frustrantes. Essa situação só
começou a dar sinais de melhora recentemente, há mais ou menos 2 meses atrás,
quando, com a ajuda da minha terapeuta, comecei a encaixar algumas peças do meu
quebra cabeça interno.
Comecei a me dar conta que o sono é "uma preparação para a morte”, um momento no
qual nos entregamos e saímos do controle, nos desconectamos e deixamos de atuar de
forma consciente. Percebi que Lucas estava me apontando desafios que eu tenho de me
entregar aos mistérios da vida e da morte e aos poucos fui recordando dos meus medos
infantis, que não eram poucos e que em última instância remetem a um medo profundo
da morte, recordei também de situações que vivi de perdas e que busquei maneiras de
fugir e não vivenciar o luto das mesmas, só para citar alguns insights.
Tomar consciência disso, pois ainda estou vivenciando este processo, tem sido uma
oportunidade maravilhosa de crescer e evoluir muito, de resgatar aspectos da minha
infância que me geraram dor e olhar como um adulto hoje e ressignifica-lo com
responsabilidade e compromisso de fazer diferente com meus filhos e em situações em
minha vida que essas questões me forem exigidas.
E acima de tudo perceber o quanto este processo de tomada de consciência tem
apoiado o Lucas a ficar mais tranquilo, seguro e dormir de maneira mais profunda e
por mais horas seguidas.”

Ficou mais claro agora com este exemplo? O caminho que te sugiro é basicamente este
de olhar para a criança, observa-la e posteriormente buscar a correspondência, a origem

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do sintoma que a criança está manifestando, o ponto de dor, de incômodo em seu
mundo interno. A criança com seu amor e confiança primordiais na vida e em você, te
presenteia com esta oportunidade de crescer, evoluir e mudar padrões de
comportamentos que te geram dor e sofrimento. Aceite este presente, diga SIM e
assuma o compromisso de crescimento e evolução com você e com seu filho. Cada Ser
que se compromete com a mudança interna, que assume a responsabilidade por sua
vida, que para de responsabilizar o acaso e os outros por seus desafios, começa a viver a
vida de forma plena e feliz e passa a inspirar e impactar várias outras pessoas com seu
exemplo, especialmente seus filhos que são o nosso principal interesse.

Essa atitude nos apoia a romper com a indústria da educação parental que não está
interessada neste movimento do olhar para dentro de si. Que deseja nos manter
hipnotizados olhando para fora, para seguirmos cegamente consumindo a infinidade de
atrativos e distrações que tem para nos oferecer: novas ofertas, novos modelos, novas
possibilidades, novos produtos e técnicas para você ser o Pai Perfeito e a Mãe perfeita,
rodeado por crianças "felizes e bem comportadas".

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2. Resgate o INTERESSE GENUÍNO

Quando um bebê nasce ativa-se em seus pais uma vontade original de conhecer aquele
Ser, um interesse genuíno de entender como ele se comporta, de conhecer suas
necessidades e de descobrir qual a melhor maneira que podemos atuar para apoiá-lo a
chegar ao mundo. Atuamos frente aquela pequena criança como se fossemos um
investigador tentando decifrar as pistas de um caso muito importante, observando com
atenção cada pequeno sinal que encontramos em nossa relação.

Recorde-se dos primeiros meses de vida do seu filho(a) e veja como sua intenção era a
de compreender o que estava acontecendo a cada instante, descobrir qual a sua
necessidade para que prontamente pudesse atende-la. Essa postura investigativa, diz de
um espaço de não saber, de humildade, de neutralidade na qual o observador, no caso
pai, mãe e ou algum cuidador da criança, se mantém em silêncio interno, não julga e
simplesmente ativa seus sentidos para perceber as necessidades daquele ser em sua
totalidade. É um dos poucos momentos na vida do Ser Humano adulto que percebemos
este comportamento de interesse genuíno pelo outro tão profundamente. E esse
movimento acontece de maneira inata, sem que tenhamos que aprender ou nos esforçar
para isso.

Com o passar do tempo a criança vai se tornando mais ágil, se apropriando do seu
corpo, percebendo com mais clareza o que está ao seu redor. Aos poucos ela “vai
acordando”, buscando mais autonomia e despertando sua força de vontade para ir em
direção ao mundo. Neste momento, seus pais já estão mais acostumados com sua
presença constante no sistema familiar, já existem uma série de conceitos, crenças e
valores a respeito daquela criança e algo muito interessante começa a acontecer. A
mente humana toma aquele objeto, a criança, como algo já conhecido e, na maioria das
vezes, sem se dar conta, pai e mãe vão deixando para trás aquela postura de
investigador, se desconectam do silêncio e da atenção plena que mantinham quando
havia o “interesse genuíno” por seus filhos e por suas necessidades. E passam a
enxergá-los já com todo um filtro de crenças e conceitos que os separam de quem estes
seres realmente são.

Acreditamos que este é o momento de assumir outra postura: a do “professor de escola


com métodos educacionais tradicionais”. Somos agora os grandes detentores do saber e
precisamos ensinar aos nossos filhos tudo que ele precisa saber sobre o mundo ao redor,
o que é certo e o que é errado. Passamos a focar no comportamento dos mesmos e
buscamos constantemente maneiras de eliminar o que não está de acordo com nossa
expectativa. Queremos suprimir tudo que não corresponde “às nossas ideias” de como
uma criança deve se comportar. Uma ideia que tem origem na maneira que nós pais e
mães fomos educados. E que traz consigo aspectos inconscientes de nossas memórias
infantis e modelos ultrapassados de educação que hoje já sabemos que não trazem
tantos benefícios para as crianças e família de modo geral.

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Muitos pais e mães conseguem atuar com amor, carinho e respeito nos momentos em
que a criança está cooperando, obedecendo e agindo de acordo com as regras
estabelecidas ou expectativas familiares. No entanto, a partir do momento que a criança
começa a se tornar mais independente, a fazer escolhas diferentes do que é esperado,
muitos conflitos surgem e na maior parte das vezes nós pais e mães não conseguimos
manter mais nossa atitude amorosa e respeitosa frente a criança.

Os comportamentos infantis são a forma que elas encontram de comunicar suas


necessidades. Eles funcionam como um sintoma de algo que está ali e que a criança está
tentando, da melhor maneira possível, trazer a tona. Este comportamento precisa ser
olhado, validado, integrado e compreendido em sua totalidade pelos membros do
sistema no qual a criança está inserida e não simplesmente eliminado sem entender sua
origem.

O desafio aqui é que nem sempre o comportamento infantil vai mostrar claramente qual
a necessidade daquela criança. No entanto, pode estar certo que seu filho está tentando
te mostrar da melhor maneira que ele sabe o que necessita de você. Você precisa deter-
se e resgatar seu interesse genuíno por apoiar aquele ser da maneira que ele necessita e
não como você acha que deve ser. Afinal, vocês já se relacionaram tendo como base o
interesse genuíno de sua parte para com o seu filho, o seu trabalho agora é relembrar
como isso acontecia e reativa-lo, trazendo este aspecto como pilar principal da sua
relação com a criança.

Quando existe o interesse genuíno, há uma relação de atenção, de respeito, de amor, de


aceitação, de liberdade e um desejo autêntico de conhecer-se e de conhecer o outro. Por
outro lado, é somente a partir do momento que você se conhece, ou que está trilhando
os primeiros passos deste trabalho, de assumir o compromisso consigo mesmo, com seu
crescimento pessoal, você pode criar as condições de silêncio e atenção plena para
conhecer verdadeiramente o outro e para escutar quais as suas reais necessidades. Dessa
forma estará apto(a) a compreender com mais clareza e assertividade o que está por trás
de determinado comportamento de seu filho.

Vou dar um exemplo simples de algumas necessidades do meu filho mais novo, que
percebi nos últimos meses, e contar como lido com as mesmas no meu dia a dia. “Eu
dispensei a funcionária que trabalhava em minha casa há alguns meses atrás. No
momento, tenho uma faxineira que me ajuda 2 vezes por semana com a limpeza da
casa. Dessa maneira precisei assumir mais tarefas domésticas como, por exemplo, o
almoço da família. Na maioria das vezes, quando estou cozinhando e o Lucas está
acordado, ele fica brincando na cozinha com as panelas, vasilhas e colheres de pau por
mais de 40 minutos sem me solicitar. No entanto, algumas vezes ele não coopera tanto
comigo, fica me solicitando mais, choramingando, agarrando minhas pernas etc. E ai
fica mais difícil fazer o almoço. Geralmente quando isso acontece, percebo que com
este comportamento, Lucas está me pedindo um pouco mais de atenção e contato físico.
Frequentemente o que faço é parar de cozinhar, desligar as panelas e dedicar alguns
minutos exclusivos para meu filho. Muitas vezes eu o amamento e ficamos ali juntinhos
olhando nos olhos um do outro, fazendo carinho e eu aproveito para sussurrar uma

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música suave. Outras vezes sento no chão com ele e fico brincando um pouquinho,
fazendo carinho em seu corpinho e ficando muito presente para aquele momento com
meu bebê. Uns 10 ou 15 minutos de atenção e presença exclusivos são suficientes para
ele seguir brincando sozinho tranquilamente e eu conseguir terminar o nosso almoço.”

Observe o quanto as necessidades de uma criança são simples e de alguma maneira elas
virão a tona através de um comportamento. O que você precisa fazer é simplesmente
estar ali, presente e disposto a desvendar o que aquilo que seu filho está te “dizendo”,
com seu corpo, suas atitudes, gestos e comportamento quer dizer. E a cada mensagem
compreendida uma resposta criativa nasce, os vínculos se fortalecem e o amor e o
respeito passam a fazer parte desta relação de maneira natural.

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3. Defina as regras e limites!

Os dois passos anteriores formam a base deste caminho que indico para o nosso
aprimoramento. Imagine que ao assumir o compromisso com você e resgatar o interesse
genuíno por seu filho você está construindo um chão firme para trilhar esta jornada de
crescimento familiar. Como se a combinação entre os dois primeiros passos fosse a
medida exata de terra e pedras para forjar uma estrada perfeita para um caminhar
estruturado e estável.

Além do chão é preciso trabalhar também no entorno que indicará qual direção devemos
seguir. E para definir esta margem, este conjunto de árvores, flores e arbustos que
contornam a estrada e apontam o norte desta jornada, precisamos definir as regras,
valores e crenças que desejamos plantar nesta relação. E este é o terceiro passo para pais
que buscam vivenciar uma relação com seu filho de amor, respeito e autenticidade,
precisamos ter clareza das regras e limites que envolvem, guiam e trazem segurança em
nosso percurso.

Vamos começar então entendendo o que são e como definir os limites e as regras que
vão pautar nossa relação com nossos filhos. Gosto de dizer que os limites, na primeira
infância, são as fronteiras que guiam o desabrochar da criança e trazem a proteção e
auto confiança necessária para este momento de tanto crescimento e descobertas da
vida.

Idealmente este entorno que sustenta e trás segurança para a criança deveria ser definido
por pai e mãe em comum acordo, uma vez que estamos aqui a mais tempo que nossos
filhos e teoricamente somos responsáveis por todas as nossas escolhas. Faz parte do ser
pai e mãe o grande desafio de fazer escolhas por este novo ser que recém chegou em
nosso sistema familiar. É preciso assumir a responsabilidade de guiar e educar esta
criança que deseja conhecer o mundo e vivencia-lo integralmente.

Para tal tarefa sugiro que primeiramente você se coloque no papel de observador do seu
filho, lembrando sempre de manter a sensibilidade e ausência de juízos antecipados
durante sua observação. É preciso descobrir quais as reais necessidades da criança antes
estabelecer os limites e regras familiares.

Num segundo momento, olhe também com atenção para suas necessidades pessoais
(enquanto pai e mãe), levando em consideração o momento que está vivendo. Neste
momento, importante ressaltar que estou falando de questões básicas e primordiais, tais
como sono, alimentação, apoio emocional, clareza mental etc. e não de questões
supérfluas que também fazem parte de nossa vida mas não devem ser observadas
quando estamos falando de definir regras e valores familiares. Por exemplo uma mãe
que acabou de dar à luz e está com um bebê recém nascido, precisa de descansar, de
ficar em um ambiente acolhedor e tranquilo, receber o apoio de amigos íntimos e
parentes para lidar com as suas tarefas rotineiras, para que esteja 100% focada,

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disponível e atenta para suas necessidades pessoais e do bebê neste momento tão
peculiar.

Uma vez que você já tem clareza das necessidades da criança, é chegado o momento de
definir os limites que irão pautar as relações. Lembre-se que tais necessidades se
alteram á medida que as crianças crescem.

Para que fique mais claro vou citar alguns exemplos de regras, valores ou crenças que
indicam os limites que envolvem meu lar e minha relação com meus filhos para que
você possa se inspirar:

• Hora de dormir - Aqui em casa eu e os meninos dormimos cedo e o Rafael, meu


marido, na maioria das vezes também. Eu e o Rafa, estamos cientes da
necessidade de sono das crianças. Além disso, sabemos o quanto uma noite bem
dormida é vital para que nós adultos tenhamos um dia produtivo e energizado.
Levando isso em consideração e o horário da escola do João, estabelecemos
que o horário das crianças irem para a cama é as 18:30, pois acordam por
volta das 06:30 da manhã. Fazemos isso desde que o João é bem novinho e ele
está extremamente adaptado a esta rotina e o Lucas agora também está se
adaptando a rotina de sono da casa. Nós respeitamos muito está regra e
cooperamos para que o ambiente seja propicio para que isso aconteça da
mesma forma todas as noites, exceto nos finais de semana que ele dorme um
pouco mais tarde. O fato das crianças dormirem cedo, funciona muito bem para
nossa família pois assim os adultos têm algumas horas para desfrutarem um da
presença do outro e fazer coisas que lhes dão prazer e que não fazem na
presença dos filhos, como ler, meditar, escutar música, namorar.

• O que comer e quando comer - O corpo da criança ainda está se formando e


crescendo muito nestes primeiros anos de sua vida, por isso uma alimentação
saudável é extremamente importante para o seu desenvolvimento e ajuda a
estabelecer hábitos alimentares saudáveis no futuro. Sendo assim, optamos por
alimentos saudáveis, naturais e em sua maioria orgânicos para nossa família.
Ademais, observamos o quanto a criança pequena precisa de ritmo e rotina
para se desenvolver de forma harmônica e confiante no mundo que a cerca.
Dessa forma, organizamos os horários de nossas refeições de uma maneira na
qual todos possam compartilhar deste momento sagrado juntos. Nossa atitude
durante as refeições é de muita gratidão e respeito, fazemos antes do almoço e
jantar uma oração para agradecer a comida. Eu e o Rafael combinamos de não
interrompermos as refeições, permanecendo na mesa junto com as crianças até
o momento que elas terminem de comer. E aproveitamos este momento para
conversarmos sobre situações cotidianas da vida familiar.

• Local das brincadeiras e o tipo de brinquedos utilizados - A criança em sua


rotina diária tem necessidade de expansão e contração, ou seja, ela precisa de
entrar em contato com ambientes externos, abertos, no qual possa se perceber e
relacionar com este ambiente amplo, assim como também precisa estar em

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contato com ambientes internos, fechados, no qual possa se perceber e
relacionar com este ambiente que inspira recolhimento. Cientes disso, na rotina
das crianças estabelecemos momentos de brincar dentro e fora de casa. Sempre
na presença de um adulto de confiança que prepara e cuida deste espaço. Outra
questão fundamental aqui é o tipo de brinquedo que nossos filhos vão ter
contato nesses espaços durante o brincar. Tentamos variar bem o tipo de
estímulos, e priorizamos o simples e natural (sementes, toquinhos de madeira,
panos, bonecos de pano e lã etc.). Outra questão que consideramos de extrema
importância aqui é ensinar nossos filhos a separar brinquedos e roupas para
doar. Isto acontece sempre antes dos aniversários e no Natal, época que
recebem vários presentes.

• Hora do banho - Observamos o quanto a criança pequena precisa de ritmo e


rotina para se desenvolver de forma harmônica e confiante no mundo que a
cerca, dessa forma manter o horário do banho é algo que fazemos em nossa
casa. No final do dia, por volta de 17:30 as crianças vão para o banho. Um
momento de relaxamento e preparação para o jantar em família e o sono que
está por vir.

• Como se comunicar com as crianças - Eu e o Rafael temos o acordo e o


propósito comum de manter nossa atenção no sentimento no qual queremos
terminar nossa comunicação com as crianças. Esse sentimento é estabelecido
antes de nos comunicarmos com as crianças, o que fazemos é observar nossa
relação de forma geral com cada uma das crianças e definirmos, por um
período, o propósito interior que desejo trazer para nossa relação. Esse acordo
nos apoia muito a mantermo-nos focados no que precisamos trabalhar em
nossa relação com cada um de nossos filhos e temos experimentados resultados
incríveis. Por exemplo, recentemente estava me sentindo muito culpada por não
dedicar tanto tempo quanto gostaria para o João. A partir desta percepção,
defini como propósito para minhas comunicações estar disponível para meu
filho. Isso me apoia a manter o foco, pois a cada situação que estou em contato
com o João procuro atuar e comunicar deixando claro que estou ali disponível
para ele. Em alguns momentos quando começo a atuar de forma reativa e
percebo que falo com raiva e agressividade, logo recordo meu propósito
interno, respiro fundo e tento retomar meu objetivo de disponibilidade para meu
filho.

Os exemplos acima, como disse anteriormente, fazem parte das regras da minha casa e
funcionam bem para as necessidades da minha família. O fato de destacar essas "regras"
aqui de forma específica não significa que você precise fazer o mesmo em sua casa.
Lembre-se que para estabelecer os limites é preciso observar as necessidades da criança
e dos adultos que convivem no lar.

Parte destas regras dizem respeito a rotina da criança, que deve ser muito bem
estabelecida, respeitada, e constante. A repetição da rotina para a criança pequena é
fundamental para gerar uma base segura e confiável para o seu desenvolvimento. E

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sobre este tema indico assistir ao vídeo que gravei sobre os “Três segredos de uma
rotina saudável “: http://3segredos.beefamily.com.br

4. Mostre o limite para a criança!

A partir do momento que os limites e regras familiares estão definidos, você precisa
agora assumir, de forma comprometida e responsável, o papel de guia desta criança, e
atuar e se comunicar desde este espaço, com clareza e segurança. Isso vai trazer muita
paz e confiança para seu filho, que saberá que tem ao seu lado um adulto atento às suas
necessidades. Dessa maneira a criança ficará liberada para vivenciar este momento
mágico que é a infância, sem precisar se ocupar de questões que não fazem parte do
universo infantil, mas muitas vezes por não termos clareza das regras deixamos a mercê
da decisão de nossos filhos.

O adulto que abraça este desafio, de conduzir uma criança com responsabilidade, se vê
diante de uma grande oportunidade de amadurecimento e transformação. Ele já decidiu
trilhar o caminho da autoeducação e tem a intenção clara de se tornar um exemplo digno
de ser imitado por seu filho. E esta decisão é o ponto principal do caminho que sugiro,
pois o difere de outros trabalhos nos quais os pais se colocam numa postura de
detentores do saber e muitas vezes vão atuar de forma autoritária com seus filhos
buscando eliminar o comportamento desafiador. Nestes casos usamos nossos medos e
outras emoções "negativas" como forma de manipular as crianças através de
chantagens, recompensas, castigos e outros meios que não fazem parte de um processo
educativo baseado no respeito e amor, como o que estou propondo aqui.

No caminho que indico o adulto é o guia sim, mas atua de forma amorosa e respeitosa
com seu filho. Ele é o que aponta o limite para a criança, mas lembre-se que este limite
foi previamente estabelecido a partir do despertar do interesse genuíno pela criança e da
observação das necessidades da mesma e da família como um todo. Ou seja, existe toda
uma atitude de interesse e respeito pelo outro, e por si mesmo e somente depois disso
nascem os limites. E a maneira como as fronteiras, que guiam e trazem segura para
nossos filhos serão apresentadas aos mesmos é bem peculiar. É preciso trazer cada regra
no seu tempo, no momento que a necessidade aparecer na família e fazer isso com amor
e firmeza.

Isso tudo tem um propósito muito importante na educação infantil, que fará toda a
diferença na vida emocional presente e futura da criança. Ao apresentar um limite você
tem a possibilidade de acessar um espaço no qual emoções estavam sendo armazenadas
e atuando de forma inconsciente. Vou explicar um pouco melhor isso: cada vez que a
criança se depara com um limite ela se vê obrigada a interromper o fluxo de uma
atividade, ou seja, ela estava fazendo algo ou tentando fazer e de repente percebe a
presença do adulto que a detêm. Isso gera uma emoção na criança. Aos poucos a criança
começa a acumular estas frustrações em seu inconsciente e quando estas emoções
atingem um limite interno, que varia de um indivíduo para o outro, elas vêm à tona de
maneira intensa e, por vezes, descontroladas.

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Vamos voltar um pouquinho no tempo, na época em que você era uma criança para que
você tente relembrar como isso funcionava, numa época em que sabíamos ainda
expressar nossas emoções de maneira mais autêntica e natural. Tente se lembrar o que
acontecia com você quando um limite lhe era apresentado, em situações nas quais você
era impedido de fazer algo que queria. Imagino que, assim como toda criança, você
começava a chorar, espernear e expressar sua raiva com toda intensidade que é o natural
desta emoção. Mas naquela época, assim como hoje em dia, a maioria dos pais não
sabiam como atuar diante deste comportamento e pensavam que a criança estava
fazendo birra, que aquele comportamento era inaceitável, que aquela forma de se
expressar não era legal. E ai você pode bem se recordar o que acontecia: na melhor das
hipóteses a criança era ignorada ou castigada, mas muitas vezes ouvia gritos ou recebia
palmadas, chineladas e outras reações que ao meu ver são birras dos adultos e não da
criança. Eles, os adultos, estão desesperados por não saber mais como lidar com a
criança e têm este tipo de reação. E essa forma autoritária e desesperada de atuar frente
a um comportamento emocional tem um impacto muito negativo na formação do
sistema de crenças e estrutura emocional das crianças. De maneira resumida, o que
nossos pais fizeram e o que estamos fazendo com nossos filhos quando atuamos desta
forma é "ensiná-los" a acreditar que o que eles estão sentido (raiva, tristeza, frustração,
etc) não é legal, que sentir esta emoções não é bom, pois toda vez que ele sente isso e
expressa ele é punido, ou ignorado.

E será mesmo que sentir raiva, tristeza ou qualquer outra “emoção negativa” é ruim?
Será que estas emoções tão comuns em nossas vidas e das pessoas ao nosso redor são
algo que devemos temer, reprimir ou eliminar?

O que quero propor é: reflita um pouco sobre o que realmente está por trás destas
emoções que culminam nas birras e pirraças das crianças. Muitas vezes estes conflitos
emocionais que chamamos de birras, podem indicar uma necessidade de maior
independência e autonomia da criança. Pode ser que ela precise se diferenciar e negar o
que já conhece ao seu redor para mostrar que é um indivíduo único e diferente de seus
pais. Já parou para pensar que estes momentos também podem ser importantes para o
crescimento saudável da criança, pois funcionam como uma preparação para que ela
aprenda a lidar com frustrações e sentimentos fortes que lhe acompanharão ao longo de
sua vida adulta? Pois é, preste atenção neste ponto: acima de tudo o que considero
fundamental que você compreenda sobre as “pirraças" é que elas são grandes
oportunidades de nós pais e mães nos conectarmos com nossos filhos e apoiá-los a
extravasarem emoções que estão acumuladas em seu inconsciente e que se ficarem ali
reprimidas podem impactar de forma muito negativa o desenvolvimento deste ser. Estas
emoções ficam aprisionadas internamente e guiam diversos "comportamentos
desafiadores" de maneira inconsciente e quando a criança se depara com um limite, isso
pode desencadear uma descarga destas emoções. Se conseguirmos olhar para uma
“pirraça” como uma grande oportunidade de limpeza interna que nossos filhos estão
fazendo em seu campo emocional, mudamos completamente o nosso paradigma. E ao
invés de ver aquilo como algo indesejado, passamos a enxergar os choros fortes,
esperneios e gritos como uma maneira sabia e natural que a criança encontrou para
extravasar emoções que estavam acumuladas em seu mundo interno.

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5. Conecte-se com a criança!

A apresentação do limite pode vir acompanhada de uma reação emocional da criança,


como já expliquei. Agora, quando compreendemos as oportunidades que estão
envolvidas neste processo para a criança e para o adulto podemos transformar nossa
maneira de atuar frente a situações que em geral nos geravam estresse, raiva, tristeza,
frustração, culpa etc.

O ponto principal é essa mudança de olhar que nasce da compreensão das necessidades
de ambas as partes envolvidas. Quando a criança começa a expressar suas emoções de
maneira intensa, existe ali uma necessidade de extravasar essas emoções que já não
cabem mais nela.

Toda emoção tem um fluxo, um movimento. A raiva, a tristeza, a alegria ou o medo são
exemplos de emoções. Elas nascem, movimentam algo em nosso ser e se permitirmos
que ela flua, logo retornaremos a um estado normal de quietude. No entanto, se
resistirmos, lutarmos contra e a aprisionarmos em nosso ser, ela não desaparecerá, ficará
ali dando voltas sem que sequer tenhamos consciência disso. O pior é que, vira e mexe,
esta emoção encontrará maneiras de vir à tona e mobilizará algum tipo de “desconforto"
na tentativa de seguir seu movimento natural. Essa é a natureza das nossas emoções:
elas nascem e precisam ser sentidas e expressadas, não há julgamento sobre as mesmas,
não há emoção boa ou ruim, simplesmente existe algo que já está ali e precisa ser
sentido. Elas funcionam mais ou menos assim como um tornado que passa por um lugar
movimentando tudo ao redor, destruindo o que está em seu caminho, não há como detê-
lo, ele está ali e precisamos nos render, deixa-lo passar. E depois de um tempo quando
tudo se aquietar novamente teremos a chance de reconstruir com o que sobrou, agora
sob novas perspectivas e somando o aprendizado daquela experiência que aquele evento
trouxe àquele lugar.

O nosso desafio neste processo de mudança é romper com a nossa maneira de lidar com
nossas emoções e para isso vou compartilhar com você um exercício simples de auto-
observação: observe como você foi educado e quais são as suas crenças sobre as
emoções básicas - raiva, tristeza, medo e alegria. Tente perceber como você expressa
cada uma delas em seu dia a dia, se há espaço para senti-las quando aparecem, se você
reprime ou responsabiliza e "desconta" nas pessoas ao seu redor o que está sentindo
etc. Este é um exercício que deve ser feito de forma disciplinada e constante, isso vai
levar um bom tempo. E paralelamente siga observando as crianças ao seu redor e veja
como elas expressam cada uma destas emoções, observe o quanto é natural, simples e
fluida a maneira que as crianças sentem e expressam! Esta é mais uma chance de
aprender com nossos filhos e voltar a ter intimidade com o que sentimos e como vamos
expressar isso.

Agora que já sabe o quanto sentir e expressar o que está sentindo é importante para você
e para seu filho, o que precisa fazer é manter-se presente, atento e disponível durante
cada oportunidade de encontro com as emoções, em sua vida e na vida da criança.

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Mas vamos voltar ao tema do limite, afinal de contas quando você o apresenta para a
criança ele pode desencadear uma reação emocional forte. Você precisa estar seguro do
limite que está apresentando para não reagir, ou se identificar com o que a criança vai
trazer a tona. Seu papel aqui é de manter-se em equilíbrio, tranquilo, presente e atento
ao seu filho, mesmo que ele esteja se jogando no chão, gritando, chorando, te xingando.

Este é o principal segredo neste caminho: você dá o limite e depois se mantém em uma
postura disponível para receber o que quer que seja que a criança vai trazer a tona. Mas
você pode estar se perguntando: "como vou ficar presente e disponível para meu filho,
em silêncio diante de tanto gritos, movimentos fortes e choro?

É verdade. Não é algo simples, mas te garanto que é possível, especialmente se você se
atentar para estas questões:

1. Tenha sempre em mente o quanto é importante para seu filho expressar o que
ele está sentindo. - Já expliquei anteriormente, se ainda não estiver muito claro
para você, releia o texto e me escreva caso tenha alguma
dúvida: clarissa@beefamily.com.br .
2. Esteja constantemente atento ao seu campo emocional e busque expressar de
forma consciente suas emoções. Indiquei, anteriormente, fazer um exercício de
observar suas emoções básicas. Além disso, é preciso que você expresse o que
está sentindo de forma mais constante e responsável. Nós seres humanos
desenvolvemos algumas maneiras naturais para extravasarmos o que estamos
sentindo, através do choro, movimentos rápidos e intensos, gritos, fazer força,
gargalhar, etc. Procure acessar estes espaços em seu dia a dia e recrie sua
maneira de lidar e expressar suas emoções.
3. Pratique estar presente e viver sua vida no aqui e agora. - No momento que a
criança está extravasando precisamos ter muito controle mental para mantermos
nossa mente no aqui e agora. Se mentalmente saio do que está acontecendo ali e
me conecto com o que os outros estão pensando ou com o que penso sobre as
birras por exemplo. Neste caso, minhas emoções também começarão a vir à
tona e vou sofrer e reagir de forma automática (como estou acostumado a fazer
seja com gritos, palmadas, castigos ou ignorar meu filho). No entanto, se
controlo minha mente e me mantenho ali presente para o que está acontecendo
conseguirei respeitar a criança que está expressando o que está sentindo. Caso
você não tenha muita intimidade com práticas que te apoiem a manter a mente
no momento presente te sugiro aprender algumas técnicas de meditações,
praticar Yoga e ler o livro “O poder do agora” do Echart Tolle. Algo bem
simples que funciona muito bem para me manter no presente e que quero
compartilhar com você é: ficar repetindo mentalmente (não precisa falar para
que a criança escute) frases que afirmem o meu propósito/intenção durante
aquele processo de conexão com meu filho. Por exemplo: “A mamãe está aqui
com você. Eu sei o quanto isso é importante para você. Coloque junto com seu
choro tudo o que estava aprisionado ai dentro para fora. Obrigada por me
ensinar a expressar com tanta intensidade o que está sentindo. Eu te amo. Estou

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fazendo isso porque respeito o que você está sentindo. Você simplesmente está
entrando em contato com está emoção e isso é forte. Siga na sua limpeza
interna, a mamãe está aqui para te apoiar."

Quando estas três questões já fizerem parte de sua relação com você mesmo e com seu
filho, você estará próximo de compreender o quanto ficar perto de uma criança que está
chorando, triste, com raiva traz de benefícios para ambos. Você pode se beneficiar desta
conexão, pois quando está presente, escutando realmente uma pessoa que está
expressando suas emoções vocês começam a vibrar numa mesma frequência e entram
em equilíbrio. Ficar presente neste momento te coloca naquele sistema e se você tem
algo diferente para agregar ali, se está em harmonia interna, sua presença é capaz de
equilibrar todos que estão presentes na situação desafiante. Cria-se uma nova atmosfera
para aquele sistema.

E não hesite, escutar seu filho quando ele está expressando uma emoção "negativa" não
é reforçar um mal comportamento de maneira alguma. É um processo natural que você
se coloca no lugar de suporte e parte daquele sistema. Uma criança chorando sozinha,
longe da atenção generosa de uma pessoa adulta é uma experiência ruim, não
confortante e não curativa. Diferente de ser escutada, de ter seu sentimento validado, de
ser integrada ao sistema.

Confie e tente com todo seu ser vivenciar uma experiência de extravasamento
conectado e disponível para seu filho, sem julgá-lo, simplesmente validando com seu
olhar, com sua presença, com poucas palavras o que ele está sentindo. Não vai precisar
de muitas explicações neste momento, lembre-se disso. O ser humano quando está
tomado por suas emoções não consegue discernir muito bem o que está sendo dito,
poupe suas palavras e explicações nestes momentos e simplesmente entregue-se a este
momento. Não se preocupe em como conduzir ou como atuar durante o processo, se
você estiver presente vai saber exatamente o que fazer. Deixe a relação com a criança te
guiar, deixe o sua intuição dizer o que deve ser feito a cada instante.

Apenas confie, já passei algumas vezes por isso, e conheço um bocado de pessoas que
está trilhando este caminho também. Não é fácil, mas é possível e quando tudo passar,
quando o tornado passar e você conseguir ficar ali, sem se misturar a ele, o que você vai
sentir é muito bom. Algo quase inexplicável, difícil de traduzir com palavras, uma
sensação de que aquilo que acabou de acontecer é algo bem próximo do que chamo de
educação de um ser com respeito e amor. Um sensação de contentamento e alegria tão
profunda que tudo que você vai querer é uma nova chance de ver seu filho extravasar e
você submergir nesta conexão profunda.

Pais que assumem o compromisso com a busca de consciência não vão agir só nas
situações de conflito. Atuarão proativamente, atentos as principais necessidades de seus
filhos, dispostos a se conectarem intensamente com os mesmos. E a cada instante
estarão abertos para aproveitar todas as possibilidades que esta relação tão rica, que
acessa nossa infância e nos conecta com a esperança de um futuro melhor, tem a nos
oferecer.

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III. Recado para o leitor:

Querido(a) Leitor(a)!

Como vai?

Se você está lendo essa mensagem, imagino que leu o E-book até o final. Fico muito
feliz por seu interesse em desenvolver sua relação com seu filho. Cada vez que encontro
em meu caminho pais e mães que compreendem que para educar um Ser é preciso
Educar-se, sinto-me agradecida e motivada a seguir evoluindo e compartilhando o que
aprendo com mais e mais pessoas.

Antes que você feche este arquivo e volte as suas atividades rotineiras quero te pedir um
favor. É bem rapidinho, pois sei o quanto seu tempo é precioso. O que preciso é que me
mande um e-mail dizendo o que você achou do e-book. Vou adorar saber que você leu o
ebook até o final e ler sua opinião será de grande importância para mim!!! Meu e-mail
é: clarissa@beefamily.com.br

Desde já agradeço seu carinho e atenção!

Com Carinho,
Clarissa Yakiara

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