Você está na página 1de 9

Universidade de Brasília - Instituto de Relações Internacionais

Disciplina: Teoria das Relações Internacionais 2 - 1º/2020


Docente: Daniel Jatobá
Discentes: Ana Carolina Rodrigues Almeida - 18/0115766
Ana Luísa Vitali de Araújo - 18/0012789
Antônio Gabriel Reis Cardoso - 18/0116550
Celso Antônio Coelho Júnior - 18/0030884

Primeira Avaliação - Grupo 1 [1] Comentário: Marcações em


verde: correto, pontos importantes.

1. Quais são os quatro tipos principais de “contribuições não ocidentais à teoria das [2] Comentário: Ótima resposta,
conseguiu sintetizar todas as
relações internacionais” identificadas por ACHARYA e BUZAN (2010)? Como vocês contribuições e apresentar avaliação
crítica ao final. Ponto importante
abordado de uma "possível" inversão
avaliam criticamente as escolhas e os argumentos deles para a busca legítima de uma de dominação.

teoria não ocidental das RI? [3] Comentário: 10/10

A primeira contribuição apresentada por Acharya e Buzan (2010) faz um paralelo com
figuras históricas clássicas (assim como feito com Tucídides, Hobbes, Maquiavel, Kant) que
não construíram Teorias das Relações Internacionais per se, mas que são utilizadas por
acadêmicos como parâmetros teóricos de análise. Para os autores, existem também pensadores
não-ocidentais, como Sun Tzu, Confúcio e Cautília. Além disso, a segunda contribuição se
apresenta por meio dos líderes asiáticos (Mao, Sukarno, Nehru) que podem contribuir para a
construção da TRI assim como líderes ocidentais fizeram (Clausewitz, Wilson, Bismark).
Porém, suas teorias não são tão valorizadas quanto, e muitas vezes não são nem apresentadas.
Em seguida, há a contribuição talvez mais controversa apresentada. Esta seria por
parte dos acadêmicos não-ocidentais que estudaram e pesquisaram no Ocidente, e que
aplicam teorias ocidentais em outras áreas para testar seus efeitos. O grande debate é se isso
não apenas reafirma a dominação ocidental no campo, em vez de produzir uma teoria não-
ocidental de fato. Por fim, a última contribuição faz referência a análise de eventos e
experiências asiáticas para buscar padrões que podem ser replicados ao resto do Sistema
Internacional. A questão proposta por este ponto é: se a política regional ocidental pode ser
transformada em teoria de política internacional, porque a asiática não pode?
Analisando criticamente o que foi exposto acima, é possível perceber que os autores
identificam corretamente os problemas entre a teoria ocidental, considerada como universal, e
a teoria não-ocidental, classificada somente dentro dos Estudos de Área. Contudo, ao longo da
obra, Acharya e Buzan se questionam porque não há uma teoria não-ocidental das RI, sempre
afirmando que este fato auxilia a dominação ocidental, inclusive utilizando Cox (1981) e sua
célebre frase "theory is always for someone and for some purpose". Desse modo, afirmar que
uma contribuição seria feita por meio de análises não-ocidentais, que seriam, por sua vez,
aplicadas internacionalmente, repete o mesmo problema apontado por eles, podendo criar,
inclusive, nova forma de dominação, como foi dito pelos próprios: denominar teoria como
algo universal apenas mascara os interesses daqueles que a promovem (ACHARYA,
BUZAN, 2010).

2. Quais são as principais críticas de ACHARYA (2014) às teorias das relações [4] Comentário: Excelente resposta.
Nada a acrescentar, abordaram todos
internacionais ocidentais? os pontos do autor com extrema
qualidade.
[5] Comentário: 10/10

Ao propor uma nova concepção de campo teórico para as Relações Internacionais,


chamada de “Global IR”, Amitav Acharya (2014) faz uma reflexão paralela sobre os
principais problemas da disciplina. A partir dos pontos apresentados pelo autor indiano, pode-
se distinguir três grandes críticas: (i) uma vinculação histórica apenas com as raízes do
Ocidente; (ii) a solidificação de uma base teórica ligada a poucos autores ocidentais; e (iii) a
construção de uma gama de conceitos chave ligados ao poder material e à dominação.
Ao tratar da disciplina das Relações Internacionais, Acharya argumenta no primeiro
eixo de argumentação que o campo de estudo não reflete as vozes, experiências, postulações
de conhecimento e contribuições da vasta maioria das sociedades e estados do mundo. Nesse
sentido, o autor aponta que a tradição das RI normalmente marginaliza aqueles que estão fora
dos países centrais do Ocidente, de modo que as principais teorias estão profundamente
enraizadas com a história, tradições intelectuais e reivindicações de ações do Ocidente.
Crítico à parcela dos teóricos que veem nos países do Sul Global uma espécie de local de
experimento, Acharya acusa que o problema do etnocentrismo ocidental na teoria das RI não
desaparecerá apenas com a realização de estudos de caso no mundo não ocidental, sendo que
estes são feitos principalmente para testar e tentar validar teorias criadas e geradas no
Ocidente.
Intimamente ligado ao primeiro eixo de argumentação, seu segundo ponto trata das
bases de pensamento que foram usadas para trilhar os princípios das RI. Considerando que as
idéias que moldaram o pensamento das RI são orientadas por autores como Tucídides,
Maquiavel, Hobbes, Locke e Kant, o autor interpõe a questão: por que não pensadores do
mundo em desenvolvimento como Ashoka, Kautilya, Sun Tzu, Ibn Khaldun, Jawaharlal
Nehru, Raul Prebisch, Franz Fanon? Ao tentar fugir desse leque de autores carimbados,
Acharya identifica a falta de pensamentos relacionados a outras possíveis fontes da teoria de
RI não ocidental, como a história e cultura indígenas, as ideias de líderes nacionalistas, os
padrões de interação locais e regionais distintos e os escritos de estudiosos em diferentes
regiões mundiais.
Por fim, o autor traz uma visão crítica à Teoria das Relações Ocidentais ao reconhecer
que os principais conceitos da disciplina são ligados às formas de ação por meio do poder
material e da ideia de dominação. Isto é, segundo a visão do autor, os elementos decisivos de
um Estado para a tradição das RI se restringem à capacidade destes de defender sua soberania,
fazer guerra, negociar tratados e administrar o equilíbrio de poder. Nesse sentido, Acharya diz
que essa formulação egoísta, não histórica e descaradamente racista das potências coloniais
europeias ignora o fato de que mesmo as formas mais sofisticadas de política já existiam em
muitas das primeiras civilizações não ocidentais; desconsiderando ações que iam além do
poder material.

3. Quais são as seis dimensões principais de uma “Global IR”, tal como proposta por [6] Comentário: Ótima resposta,
muito bom, não tenho nada a
ACHARYA (2014)? Sintetizem cada uma delas e avaliem criticamente as condições de acrescentar somente elogios. A síntese
das dimensões foi objetiva e coerente,
e a avaliação crítica ao final foi
que elas possam realmente contribuir para o aumento da diversidade teórica e empírica extremamente bem feita.

dos estudos de RI. [7] Comentário: 10/10

As seis dimensões principais de uma Global IR, como proposto por Acharya (2014),
envolvem a adoção de um Universalismo Pluralista, oposto ao monista, que suprime a
diversidade, já a vertente pluralista celebra e enriquece as diversidades. A seguir, considera
uma História Mundial, ao contrário de apenas uma história europeia, estadunidense, grego-
romana, etc. Ao se utilizar desse conteúdo, o problema de se ver regiões não-ocidentais como
periferias começa a ser tratado "da raiz". Ademais, a Global IR vai absorver conteúdos, em
vez de apenas substituir teorias pré-existentes. É importante destacar que nesse processo é
necessário repensar as afirmações das teorias, contudo, estas não seriam completamente
ignoradas em detrimento da nova proposta.
Além disso, a quarta dimensão trata da integração de estudos regionais (os
chamados Estudos de Área), que hoje são marginalizados, nunca podendo ser considerados
como centrais ao entendimento das RI, mas sim como focos específicos de estudo, mas nesta
orientação, o regionalismo estaria no centro da aprendizagem. A Global IR também iria
rejeitar o excepcionalismo, pois este tende a definir características homogêneas, únicas,
superiores para um grupo comparadas a outros (usualmente na relação Ocidente - Não-
Ocidente), portanto, justificando dominações seculares. Por fim, diversos atores e formas de
ação seriam reconhecidos, fugindo novamente do padrão de Estado apresentado como
"civilizatório", já que este completamente ignora que diversas sofisticadas formas de Estado já
existiam em sociedades pré-coloniais.
Ao tratar dos impactos reais empíricos e teóricos da construção de uma Global IR, é
central pensar sobre a ideia de revisitar teorias já estabelecidas e integrar uma abordagem
mais pluralista a estas. Este ponto é crucial para o desenvolvimento de fato de uma teoria
global, visto que alguns conceitos como anarquia, soberania, balança de poder, entre outros
não se aplicam regionalmente, mas podem ser apresentados com a mesma denominação,
porém com sentido diferente. Assim, no futuro, ao se considerar uma análise desses termos,
será feito também um recorte considerando questões geográficas, históricas e culturais – para
isso, o aprendizado da História Mundial se torna essencial. O maior desafio de fato é a
integração desta nova abordagem no âmbito educacional – os mentores precisam estar
preparados para atualizar a maneira de ensino da disciplina, para que este novo formato seja
disseminado, contudo, tal mudança é improvável.

4. Com base na leitura de TICKNER e WAEVER (2009) e JATOBÁ (2013b), e [8] Comentário: Não citou
diretamente os conceitos da bibliografia
considerando a heterogeneidade da periferia e a incapacidade das teorias do centro de mas trouxe uma contribuição crítica
interpretativa delas bem coerente! Acho
que acima de tudo, além de citar os
explicar/compreender a realidade do chamado “terceiro mundo”, discorram sobre a conceitos saber interpretá-los é
essencial!
possibilidade de se elaborar uma teoria da periferia que não fosse enviesada pela visão
Eu senti um pouco de falta apenas de
de determinado país ou grupo de países, mesmo estes sendo da periferia? Qual seria a uma conclusão relacionada a
importância do debate crítico entre as
capacidade destas teorias de explicar/compreender a realidade “internacional” ou teorias de centro e de periferia para o
aprimoramento das mesmas
“global” de forma abrangente? [9] Comentário: 9/10

Ao debater a construção da disciplina de Relações Internacionais, normalmente


colocam-se três pontos centrais como propósitos fundamentais da construção de uma teoria de
RI: a análise da realidade, a constituição da realidade e a prática política (NUNES, 2012). No
entanto, historicamente desenvolvida por um núcleo anglo-saxão, a pretensão das RI de
conceber a teoria como instrumento de análise generalista é criticada por autores como Ole
Wæver e Arlene Tickner (2009) ao se argumentar que conceitos que constituem a base da
disciplina não servem para explicar outras partes do mundo senão o core analisado
(notadamente, EUA e EU).
Nesse sentido, os mesmos autores, assim como Jatobá (2013), buscam preceitos que
solidificam novos caminhos para a construção de teorias que venham da periferia e que não
sejam enviesadas pelas ideias hegemônicas pautadas em poder e segurança. Com preceitos
trabalhados pela sociologia do conhecimento, invocando uma situação em que se vive não
como uma sociedade homogeneizada e global, ou separada e local, mas sim baseada em um
lugar próprio, ainda que transnacional, abre-se um novo caminho de diálogo para a elaboração
de uma teoria periférica não enviesada pela visão de outros países.
Assim, o ato de reflexão ao se construir esses mundos de ideias (worldings) que
buscam outros modos de pensar, ilustrados por meio de novos pontos de referência em
pensamentos e fenômenos, é uma perspectiva que angaria novas possibilidades e construções.
Baseado em um ponto de vista de movimento que seja de “de dentro para fora” — mesmo que
isso contrarie os preceitos de uma teoria, que sai do geral para o particular — esse exercício
de imaginação se torna aqui uma atividade de grande importância.
Desse modo, utilizando deste exercício retórico, histórico e dialético para pensar,
refletir e problematizar as práticas dos povos colonizados, frutos de resistência e hábeis de
ressignificação, a construção dessas “novas” correntes teóricas da periferia se mostra engajada
em imaginar e criar novos mundos que estruturem novas imagens e que acrescentem novas
ferramentas àqueles que querem explicar a realidade internacional de forma mais ampla.

5. Quais são os conceitos centrais para as Teorias de Relações Internacionais [10] Comentário: Gostei muito!
Sucinto e conseguiu a abordar os
apresentados por HENDERSON (2015) como sendo conceitos racializados e os pontos principais do texto do
Henderson, capacidade síntese muito
boa!!!
principais argumentos do autor?
[11] Comentário: 10/10

Henderson disserta sobre as origens do campo das R.I. e encontra a anarquia


internacional como um conceito bastante racializado e que serve de base para boa parte de
todo o campo, que acaba refletindo tal racismo. A anarquia tem como base as teses dos
contratualistas, ou seja, Hobbes, Locke, Rousseau e Kant, que, por sua vez, teriam, cada uma,
essências racistas.
Para Hobbes, a anarquia faria com que os homens lutassem uma guerra de todos
contra todos. Porém, Hobbes afirma que tal Estado de Natureza é puramente hipotético, mas,
que acontecia nos povos “selvagens”, ou seja, seria hipotético apenas para os brancos, já que
os não-brancos viveriam nessa guerra na realidade. Locke diria que Deus havia dado as terras
para os homens ocupá-las efetivamente, porém, para Locke, os povos não-europeus não
utilizavam as terras plenamente, logo, deveriam ser ocupadas pelos brancos, como parte
vontade divina. Já Rousseau, mesmo que exaltando um selvagem bom, o filósofo diz que os
povos americanos e africanos seriam como este selvagem inocente, os quais a sociedade ainda
não teria corrompido. Como argumento, Rousseau coloca a metalurgia como um diferencial
não atingido pelos povos das Américas, não obstante, na época em que escreveu, já houvesse
conhecimentos acerca de povos americanos que dominavam o ofício da metalurgia, assim, sua
exaltação possuiria um caráter paternalista. Kant, o pai da ética ocidental, cria uma hierarquia
racional e moral, colocando os brancos em primeiro, seguidos dos amarelos, negros e
“vermelhos”, além de escrever que o “talento” é um presente de Deus, dado em maior medida
para os brancos, enquanto os negros o teriam em falta.
A anarquia acaba baseando-se em teses que possuem uma exaltação da civilização
branca em detrimento de outros povos. Tal conceito, que é a essência de diversos outros,
como a Balança de Poder, o Dilema de Segurança e a Liberdade Democrática, acaba servindo
de justificativa para questões como o colonialismo, como uma obrigação dos povos
“superiores” colocarem ordem nos territórios anárquicos, ocupados por não-brancos,
protegendo suas zonas de interesse. Ademais, como Henderson apresenta, o início do debate
das R.I. e as maiores convenções acerca dos direitos humanos tiveram grande foco sobre
questões raciais e suas consequências no mundo, pontuando que o próprio campo, tem em
suas bases, a raça, porém, isso não é visto nas teorias mainstream das R.I.

6. ANIEVAS, MACHANDA E SHILLIAM (2015) apontam o pensador W. E. B. DuBois [12] Comentário: Ótimo! Questão
objetiva mas que abarca bem a
como o autor de “uma das primeiras teorias das relações internacionais no século XX temática da linha de cor e sobre tudo
sua multidimensionalidade. Mais uma
vez a abordagem crítica interpretativa
com as suas considerações sobre o imperialismo”. Desenvolvam o raciocínio dos autores, da teoria está presente e isso é bem
legal
através da exposição dos principais argumentos de DuBois para explicar o “problema da
[13] Comentário: 10/10
linha de cor” e o seu peso na explicação dos conflitos internacionais do início do século
XX.

De acordo com Anievas, Machanda e Shilliam (2015), “as constituições legais,


materiais e psicológicas da política americana ainda proíbiam o negro de se tornar um
habitante de sua meada protetora e capacitadora” (ANIEVAS; MACHANDA; SHILLIAM,
2015, p. 5), isto é, mesmo com a escravidão dos negros abolida, os traços de uma sociedade
escravocrata ainda se monstrava, e se mostra, presente nas relações interpessoais. Desse
modo, o sociólogo William Du Bois, em seu livro Race and Racism in International
Relations: Confronting the Global Colour Line, destacou alguns conceitos que permeiam a
ideia de uma sociedade marcada pelo preconceito racial. Para o autor, o século XX é
caracterizado e problematizado pela questão da “linha de cor”, concebida a partir do conceito
de “véu”, formulado em duas possibilidades: a primeira, tornando o véu como um símbolo do
racismo e da experiência que das pessoas escravizadas; e a segunda, baseada na experiência e
na vivência de tais indivíduos, formular um pensamento em torno desse tópico.
Dessarte, para a sociedade que sofreu com a escravisão, percebeu-se ser incapaz a
vivência nesta outra sociedade com “verdadeira autoconsciência”, conquistando, assim, uma
“dupla consciência” por não conseguir se enxergar neste “outro mundo”. Dessa forma, Du
Bois define a “linha de cor”como sendo constituída por múltiplas dimensões, não apenas por
questões físicas, mas também sociais, culturais, políticas, psicológicas, geográficas e
econômicas. Assim, a dissolução da “linha de cor” se dá com base em sua faceta: de forma
múltipla. De forma comparativa, o autor analisou a questão da “linha de cor” de acordo com a
vivência do século XX, e com foco nos conflitos internacionais, que foram marcados pelo
conceito da “linha de cor”. De acordo com os autores Anievas, Machanda e Shilliam (2015),
os conflitos bélicos existentes foram causados por uma questão de superação étnica ainda
preterida pelos europeus e sua dominância territorial. O colonialismo existente em séculos
passados deu espaço para o imperialismo moderno que expressa a influência de um povo sob
o outro por meio de multidimensões e marca o “véu” global vigente.

7. O que caracterizou os regimes coloniais e quais são as suas continuidades e/ou [14] Comentário: Gostei. Achei
objetivo e direto ao ponto, mas abordou
descontinuidades nas relações globais de poder contemporâneas? Quais seriam as questões importantes e cumpriu o
objetivo da pergunta.
principais razões para levarmos em consideração as contribuições e os questionamentos [15] Comentário: 8/10

críticos do pós-colonialismo no estudo das relações internacionais?

A formação do estudo das RI foi dada de forma excludente social e economicamente,


como pode ser visto na predominância de teorias ocidentais e eurocêntricas sob as não
ocidentais. Assim, a difusão da visão não ocidental tornou-se difícil, historicamente, de se
tornar uma realidade globalmente.
Tendo em vista o exposto, o autor Jatobá (2017) percebe que as hierarquias
existentes podem ser desconstruídas a partir do pós-estruturalismo, mostrando como o
pensamento ocidental não é a única forma existente, abrangendo mais visões. No viés racial, a
prática com os “não-brancos” também é vista pelo autor Henderson (2013), e é apontada nas
RI por não conseguir colocar as pessoas fora desse grupo nas discussões.
As RI são vistas como uma disciplina colonial e homogênea, ainda com discussões
hierárquicas e não tão globais. Teorias como o Nacionalismo e o Liberalismo são vistos como
mecanismos para ampliar essa dominação ocidental e europeia (JATOBÁ, 2017, p.119).O
autor Walter Mignolo, as RI no mundo contemporâneo ainda é consta a hegemonia da
colonialidade-moderna ocidental, fomentando as relações desiguais globais. Assim, ainda
precisam ser desenvolvidas ações dentro das teorias a fim de essa dominação e hierarquia de
ideias não ser tão presente nas RI

Referências

ACHARYA, Amitav; BUZAN, Barry. Why Is There No Non-Western International Relations


Theory?: An Introduction. In: Non-Western International Relations Theory: Perspectives
on and beyond Asia. 2010.

ACHARYA, A. Global International Relations (IR) and Regional Worlds: A New Agenda for
International Studies. International Studies Quarterly, v. 58, p. 647-658. 2014.

ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM, Robbie. Confronting the Global


Colour Line: An Introduction. In: ANIEVAS, Alexander; MANCHANDA, Nivi; SHILLIAM,
Robbie (eds.). Race and Racism in International Relations: Confroting the Global
Colour Line. New York: Routledge, 2015.

COX, Robert. Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations
Theory. Millennium: Journal of International Studies, v. 10, p. 126-155. 1981.

HENDERSON, Errol. Hidden in plain sight: racism in international relations theory. In:
Cambridge Review of International Affairs, DOI:10.1080/09557571.2012.710585. 2013.

JATOBÁ, Daniel. Los desarrollos académicos de las Relaciones Internacionales en Brasil:


elementos sociológicos, institucionales y epistemológicos. Relaciones Internacionales
(Madrid), v. 22, p. 23-46, 2013.

JATOBÁ, Daniel. Do conceito de “desencantamento do mundo” à metáfora de “cura do


Outro: relações internacionais, colonização europeia e modernidade global. In: COUTINHO,
Luciano; FERNANDES, Edrisi; CURADO, Manuel (org.). Cura e Desencantamento:
Política, Razão e Ciência. Brasília: Tanto Mar Editores.

NUNES, João. Para que serve a Teoria das Relações Internacionais?. Relações
Internacionais, p. 11-22, 2012.

TICKNER, Arlene; WAEVER, Ole. Introduction: Geocultural Epistemologies. In:


TICKNER, Arlene; WAEVER, Ole (eds.). International Relations Scholarship Around
The World. London: Routledge, 2009.

Você também pode gostar