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1. Quais são os quatro tipos principais de “contribuições não ocidentais à teoria das [2] Comentário: Ótima resposta,
conseguiu sintetizar todas as
relações internacionais” identificadas por ACHARYA e BUZAN (2010)? Como vocês contribuições e apresentar avaliação
crítica ao final. Ponto importante
abordado de uma "possível" inversão
avaliam criticamente as escolhas e os argumentos deles para a busca legítima de uma de dominação.
A primeira contribuição apresentada por Acharya e Buzan (2010) faz um paralelo com
figuras históricas clássicas (assim como feito com Tucídides, Hobbes, Maquiavel, Kant) que
não construíram Teorias das Relações Internacionais per se, mas que são utilizadas por
acadêmicos como parâmetros teóricos de análise. Para os autores, existem também pensadores
não-ocidentais, como Sun Tzu, Confúcio e Cautília. Além disso, a segunda contribuição se
apresenta por meio dos líderes asiáticos (Mao, Sukarno, Nehru) que podem contribuir para a
construção da TRI assim como líderes ocidentais fizeram (Clausewitz, Wilson, Bismark).
Porém, suas teorias não são tão valorizadas quanto, e muitas vezes não são nem apresentadas.
Em seguida, há a contribuição talvez mais controversa apresentada. Esta seria por
parte dos acadêmicos não-ocidentais que estudaram e pesquisaram no Ocidente, e que
aplicam teorias ocidentais em outras áreas para testar seus efeitos. O grande debate é se isso
não apenas reafirma a dominação ocidental no campo, em vez de produzir uma teoria não-
ocidental de fato. Por fim, a última contribuição faz referência a análise de eventos e
experiências asiáticas para buscar padrões que podem ser replicados ao resto do Sistema
Internacional. A questão proposta por este ponto é: se a política regional ocidental pode ser
transformada em teoria de política internacional, porque a asiática não pode?
Analisando criticamente o que foi exposto acima, é possível perceber que os autores
identificam corretamente os problemas entre a teoria ocidental, considerada como universal, e
a teoria não-ocidental, classificada somente dentro dos Estudos de Área. Contudo, ao longo da
obra, Acharya e Buzan se questionam porque não há uma teoria não-ocidental das RI, sempre
afirmando que este fato auxilia a dominação ocidental, inclusive utilizando Cox (1981) e sua
célebre frase "theory is always for someone and for some purpose". Desse modo, afirmar que
uma contribuição seria feita por meio de análises não-ocidentais, que seriam, por sua vez,
aplicadas internacionalmente, repete o mesmo problema apontado por eles, podendo criar,
inclusive, nova forma de dominação, como foi dito pelos próprios: denominar teoria como
algo universal apenas mascara os interesses daqueles que a promovem (ACHARYA,
BUZAN, 2010).
2. Quais são as principais críticas de ACHARYA (2014) às teorias das relações [4] Comentário: Excelente resposta.
Nada a acrescentar, abordaram todos
internacionais ocidentais? os pontos do autor com extrema
qualidade.
[5] Comentário: 10/10
3. Quais são as seis dimensões principais de uma “Global IR”, tal como proposta por [6] Comentário: Ótima resposta,
muito bom, não tenho nada a
ACHARYA (2014)? Sintetizem cada uma delas e avaliem criticamente as condições de acrescentar somente elogios. A síntese
das dimensões foi objetiva e coerente,
e a avaliação crítica ao final foi
que elas possam realmente contribuir para o aumento da diversidade teórica e empírica extremamente bem feita.
As seis dimensões principais de uma Global IR, como proposto por Acharya (2014),
envolvem a adoção de um Universalismo Pluralista, oposto ao monista, que suprime a
diversidade, já a vertente pluralista celebra e enriquece as diversidades. A seguir, considera
uma História Mundial, ao contrário de apenas uma história europeia, estadunidense, grego-
romana, etc. Ao se utilizar desse conteúdo, o problema de se ver regiões não-ocidentais como
periferias começa a ser tratado "da raiz". Ademais, a Global IR vai absorver conteúdos, em
vez de apenas substituir teorias pré-existentes. É importante destacar que nesse processo é
necessário repensar as afirmações das teorias, contudo, estas não seriam completamente
ignoradas em detrimento da nova proposta.
Além disso, a quarta dimensão trata da integração de estudos regionais (os
chamados Estudos de Área), que hoje são marginalizados, nunca podendo ser considerados
como centrais ao entendimento das RI, mas sim como focos específicos de estudo, mas nesta
orientação, o regionalismo estaria no centro da aprendizagem. A Global IR também iria
rejeitar o excepcionalismo, pois este tende a definir características homogêneas, únicas,
superiores para um grupo comparadas a outros (usualmente na relação Ocidente - Não-
Ocidente), portanto, justificando dominações seculares. Por fim, diversos atores e formas de
ação seriam reconhecidos, fugindo novamente do padrão de Estado apresentado como
"civilizatório", já que este completamente ignora que diversas sofisticadas formas de Estado já
existiam em sociedades pré-coloniais.
Ao tratar dos impactos reais empíricos e teóricos da construção de uma Global IR, é
central pensar sobre a ideia de revisitar teorias já estabelecidas e integrar uma abordagem
mais pluralista a estas. Este ponto é crucial para o desenvolvimento de fato de uma teoria
global, visto que alguns conceitos como anarquia, soberania, balança de poder, entre outros
não se aplicam regionalmente, mas podem ser apresentados com a mesma denominação,
porém com sentido diferente. Assim, no futuro, ao se considerar uma análise desses termos,
será feito também um recorte considerando questões geográficas, históricas e culturais – para
isso, o aprendizado da História Mundial se torna essencial. O maior desafio de fato é a
integração desta nova abordagem no âmbito educacional – os mentores precisam estar
preparados para atualizar a maneira de ensino da disciplina, para que este novo formato seja
disseminado, contudo, tal mudança é improvável.
4. Com base na leitura de TICKNER e WAEVER (2009) e JATOBÁ (2013b), e [8] Comentário: Não citou
diretamente os conceitos da bibliografia
considerando a heterogeneidade da periferia e a incapacidade das teorias do centro de mas trouxe uma contribuição crítica
interpretativa delas bem coerente! Acho
que acima de tudo, além de citar os
explicar/compreender a realidade do chamado “terceiro mundo”, discorram sobre a conceitos saber interpretá-los é
essencial!
possibilidade de se elaborar uma teoria da periferia que não fosse enviesada pela visão
Eu senti um pouco de falta apenas de
de determinado país ou grupo de países, mesmo estes sendo da periferia? Qual seria a uma conclusão relacionada a
importância do debate crítico entre as
capacidade destas teorias de explicar/compreender a realidade “internacional” ou teorias de centro e de periferia para o
aprimoramento das mesmas
“global” de forma abrangente? [9] Comentário: 9/10
5. Quais são os conceitos centrais para as Teorias de Relações Internacionais [10] Comentário: Gostei muito!
Sucinto e conseguiu a abordar os
apresentados por HENDERSON (2015) como sendo conceitos racializados e os pontos principais do texto do
Henderson, capacidade síntese muito
boa!!!
principais argumentos do autor?
[11] Comentário: 10/10
6. ANIEVAS, MACHANDA E SHILLIAM (2015) apontam o pensador W. E. B. DuBois [12] Comentário: Ótimo! Questão
objetiva mas que abarca bem a
como o autor de “uma das primeiras teorias das relações internacionais no século XX temática da linha de cor e sobre tudo
sua multidimensionalidade. Mais uma
vez a abordagem crítica interpretativa
com as suas considerações sobre o imperialismo”. Desenvolvam o raciocínio dos autores, da teoria está presente e isso é bem
legal
através da exposição dos principais argumentos de DuBois para explicar o “problema da
[13] Comentário: 10/10
linha de cor” e o seu peso na explicação dos conflitos internacionais do início do século
XX.
7. O que caracterizou os regimes coloniais e quais são as suas continuidades e/ou [14] Comentário: Gostei. Achei
objetivo e direto ao ponto, mas abordou
descontinuidades nas relações globais de poder contemporâneas? Quais seriam as questões importantes e cumpriu o
objetivo da pergunta.
principais razões para levarmos em consideração as contribuições e os questionamentos [15] Comentário: 8/10
Referências
ACHARYA, A. Global International Relations (IR) and Regional Worlds: A New Agenda for
International Studies. International Studies Quarterly, v. 58, p. 647-658. 2014.
COX, Robert. Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations
Theory. Millennium: Journal of International Studies, v. 10, p. 126-155. 1981.
HENDERSON, Errol. Hidden in plain sight: racism in international relations theory. In:
Cambridge Review of International Affairs, DOI:10.1080/09557571.2012.710585. 2013.
NUNES, João. Para que serve a Teoria das Relações Internacionais?. Relações
Internacionais, p. 11-22, 2012.