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Óptica de
cristais 14
14.1 Propagação de luz em meios anisotrópicos
A aplicação de um campo elétrico em meios isotrópicos induz
uma polarização que é paralela ao campo aplicado e proporcional à
suscetibilidade χ, que é um escalar. Porém, quando o meio é anisotrópico,
como na maioria dos cristais, a polarização não está necessariamente
paralela ao campo aplicado, sendo sua direção e magnitude dependentes
da direção de aplicação do campo. Nesses casos a suscetibilidade é um
tensor e a polarização é dada por:
r t r
P = ε 0χ : E (14.1)
Escrevendo esta expressão na forma matricial temos:
2
D 2x D y D 2z
2ε 0 U e = 2 + 2 + 2 (14.10)
nx ny nz
Tomando uma superfície onde Ue é constante e associando um
r r r
vetor posição r = D / 2ε 0 U e a cada ponto descrito pelo vetor D , podemos
re-escrever a eq. (14.10) como:
x 2 y2 z2
+ + =1 (14.11)
n 2x n 2y n 2z
Esta é a equação do elipsóide mostrado na Fig. 14.1, que tem como eixos
principais os índices de refração do material nas direções dos eixos
dielétricos principais. Esse elipsóide é conhecido como elipsóide de
índices ou indicatriz óptica. O conhecimento dos índices de refração, nx,
ny e nz, é importante porque determina como uma onda eletromagnética se
propaga no meio.
z
nz
y
ny
x nx
z z
e.o. e.o.
Seção Circular
Seção Circular
y y e.o.
Seção Circular
2V
x x
Seção Circular
e.o.
2V
Biaxial Positivo Biaxial Negativo
r
r r ∂D
∇×H = − (14.15b)
∂t
Usando as expressões dos campos dadas pelas eqs. (14.12) em (14.15)
obtemos:
r r r
k × E = ωµH (14.16a)
r r t r
k × H = −ω ε : E (14.16b)
onde µ = µ0 é um escalar em meios não magnéticos, como é o caso que
r
estamos tratando aqui. Fazendo o produto vetorial da eq. (14.16a) por k e
r
eliminando H temos:
r r r t r
k × k × E + ω2 µε : E = 0 (14.17)
t
e usando o tensor n 2 , definido pela eq. (14.5), juntamente com a eq.
(14.14), encontramos:
r t r
n 2 (ŝ × ŝ × E ) + n 2 : E = 0 (14.18)
r r r v r r r r r
Usando a identidade vetorial: A × (B × C ) = B(A ⋅ C ) − C(A ⋅ B) , obtemos:
r r r r r
ŝ × ŝ × E = (ŝ ⋅ E ) ŝ − (ŝ ⋅ ŝ ) E = − E + (ŝ ⋅ E ) ŝ (14.19)
r r t r
Assim, a eq. (14.18) fica na forma: n 2 [(ŝ ⋅ E ) ŝ − E ] + n 2 : E = 0 , ou
explicitamente para a componente i:
n 2 ∑ s jE j s i − E i + ∑ n ij2 E j = 0 (14.20)
j j
∑ [n
j
2
ij + n 2 (s is j − δij )]E j = 0 (14.21)
B = (1 − s 2x ) n 2y n 2z + (1 − s 2y ) n 2x n 2z + (1 − s 2z ) n 2x n 2y (14.24b)
C = n 2x n 2y n 2z (14.24c)
Para que esse sistema tenha solução não trivial, seu determinante tem que
ser igual a zero. Assim:
ωµε x − k 2y − k 2z kxky k xkz
k yk x ωµε y − k 2x − k 2z k yk z =0
k zk x k zk y ωµεz − k x − k y
2 2
(14.26)
A equação acima pode ser representada por uma superfície
tridimensional no espaço dos k’s, conhecida como superfície normal que é
composta de duas camadas que se sobrepõem em dois pontos, nos cristais
uniaxiais, ou quatro pontos, nos cristais biaxiais. As retas que ligam dois
pontos, diametralmente opostos, coincidem com os eixos ópticos do
cristal. Para cada direção de propagação existem dois valores para k que
são soluções da eq. (14.26), uma para o raio ordinário e outra para o
extraordinário, sendo que nas direções dos eixos ópticos, as duas soluções
coincidem. Estes valores são dados pela interseção da direção de
propagação com a superfície. A visualização da superfície normal é um
pouco difícil, por esse motivo é mais comum usar suas curvas de nível.
Vamos verificar alguns casos particulares dessas curvas de nível.
a) Plano kxky
Neste caso, temos uma onda propagando numa direção paralela ao
plano kxky, logo, kz = 0. Assim a eq. (14.26) é simplificada, ficando na
forma:
(ωµεz − k 2x − k 2y )([ ωµε x − k 2y )(ωµε y − k 2x ) − k 2x k 2y ] = 0 (14.27)
Para que esta equação seja satisfeita, um dos termos, ou ambos, deve ser
igual a zero. Fazendo o primeiro termo nulo, temos:
2
ω
k + k = ω µε z = n z
2
x
2
y
2
(14.28)
c
Esta é a equação de uma circunferência de raio igual a nz ω/c no plano xy.
Fazendo agora o segundo termo da eq. (14.27) nulo, temos:
2 2
k 2x ky k 2x ky
+ = + =1 (14.29)
ω µε y ω µε x (n y ω c ) (n x ω c )2
2 2 2
nx ω/c
ny ω/c kx
nz ω/c
b) Plano kxkz
Repetindo o procedimento anterior para o plano ky = 0, a eq.
(14.26) fica na forma:
k 2x k 2z
+ =1 (14.32)
(n z ω c)2 (n x ω c)2
que são as equações de uma circunferência e de uma elipse. Na Fig. 14.4
apresentamos a representação gráfica das eqs. (14.31) e (14.32). O plano
kxky é conhecido como plano óptico por conter os eixos ópticos do cristal.
kz
ny ω/c
e.o. e.o.
nx ω/c
kx
nz ω/c
c) Plano kykz
Novamente repetimos o procedimento anterior para o plano kx = 0.
Assim, a eq. (14.26) fica na forma:
(ωµεx − k 2y − k 2z )([ ωµεy − k 2z )(ωµεz − k 2y ) − k 2y k 2z ] = 0 (14.33)
k 2y k 2z
+ =1 (14.35)
(n z ω c)2 (n y ω c)2
ky
nz ω/c
nx ω/c
kz
ny ω/c
nx nx
nx
n
nz nz
ny
n
nz
Problemas
14.1. Partindo da definição do vetor de Poynting obtenha a eq. (12.6).