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Campus Florestal
Curso de Licenciatura em Educação Física
O Treinamento Desportivo evoluiu através dos tempos, passando por 5 períodos até chegar ao período
científico dos dias atuais. Essa divisão em etapas foi sugerida por PEREIRA DA COSTA (1972), e foi atualiza-
da pelo autor deste texto. A divisão proposta compreende: o Período da Arte, o Período da Improvisação, o Pe-
ríodo da Sistematização, o Período Pré-Científico e o Período Científico.
O Período da Arte, sem dúvida, foi a Antiguidade Grega que forneceu o maior desenvolvimento, deven-
do-se este fato ao grande número de jogos, principalmente os Olímpicos, que serviram de inspiração para o Ba-
rão Pierre de Coubertin para a criação das Olimpíadas Modernas. Pode-se dizer, inclusive, que a preparação dos
atletas helênicos se compara ao treinamento empregado em nossos dias, pois então como hoje, eles já faziam
uma preparação generalizada (corridas, marchas, lutas, saltos, etc), usavam cargas para melhoria do rendimen-
to, tinham preparo psicológico apoiados no sofrimento, utilizavam o aquecimento e a volta à calma acrescida de
massagens ao final das sessões, e já possuíam, a exemplo das concepções científicas modernas, os chamados
ciclos de treinamento, denominados na época por “tetras”, e ainda estabeleciam dietas em épocas de treinos e
provas. Outros pontos importantes a serem registrados, são os locais de treinamento dos gregos e a especializa-
ção de seus treinadores. Eles utilizavam para seus treinos as “palestras”, o “gymnasium”, o “stadium” e tinham
treinadores especializados, como os “pedótribos” (exercícios e jogos), os “xistarcas” (corridas), os “agonistar-
cas” (lutas). Essa extraordinária conjuntura de preparação atlética dos antigos gregos pouco difere das linhas
gerais seguidas no treinamento desportivo atual.
Outras referências interessantes, caracterizadas no período das artes são: preparação dos romanos e as
concepções de ingleses e americanos do século XIX.
Quanto aos romanos, apesar da influência helênica na criação dos “Jogos Augustos” e dos “Jogos Capi-
tolinos”, também aproveitaram a “arte do treinamento” dos atletas gregos para as suas escolas de gladiadores,
numa deturpação total dos objetivos esportivos daquela época.
No que diz respeito as concepções de treinamento dos ingleses e americanos no século XIX, registra-se
a quantidade de trabalhos diários dos atletas que era seguida na Inglaterra, a fundação em 1850 do “Exeter
College A. C.” em Oxford (Clube mais antigo de atletismo), e as concepções dos norte-americanos CRO-
NWELL, MURPHY e ROBERTSON que diminuíram os percursos de treino, fracionando-os em distâncias
mais curtas, e utilizaram pausas intermediárias. É importante evidenciar que pela primeira vez apareceu o inter-
valo entre os estímulos de treinamento.
Observa-se já no período da arte, executando-se logicamente as manifestações esportivas da Antiguida-
de, que as novas concepções de treinamento sempre surgiram no Atletismo, estendendo-se depois para os de-
mais esportes individuais, para muito mais tarde chegar aos esportes coletivos.
O Período da Improvisação teve início justamente com os primeiros Jogos Olímpicos (Atenas, 1896), e
perdurou somente até aproximadamente o sétimo (Antuérpia, 1920). Nesse período, os atletas se apresentavam-
se nas competições em situações idênticas de meios de treinamento desportivo, e saíam vitoriosos aqueles que
possuíam maiores recursos pessoais.
Jogos Olímpicos deste período: I Jogos Olímpicos (Atenas, 1896); II Jogos Olímpicos (Paris, 1900); III
Jogos Olímpicos (Saint Louis, 1904); IV Jogos Olímpicos (Londres, 1908); V Jogos Olímpicos (Estocolmo,
1912) e VII Jogos Olímpicos (Antuérpia, 1920).
O Período da Sistematização, período em que os treinamentos de modo geral passaram a ser sistemati-
zados. O treinamento pioneiro, em busca de uma sistematização de seus atletas, pode ser considerado o finlan-
dês LAURI PIHKALA, que com seus atletas HANS HOLEHMAINEN e PAAVO NURMI, desde 1912 conse-
guia vitórias olímpicas e recordes mundiais. O sistema finlandês de PIHKALA teve grande importância na evo-
lução do treinamento, pois além de subsídio essencial para novos sistemas e métodos de programação, serviu
também de inspiração para as novas concepções. NURMI foi um dos maiores atletas de todos os tempos, con-
seguindo ao longo de sua trajetória atlética (1920-1933), 7 medalhas de ouro e 3 de prata em Olimpíadas, e ain-
da bateu 22 recordes mundiais oficializados, embora ainda se tenha notícias de mais 10 recordes não oficializa-
dos. O sistema finlandês se caracterizava por: Inclusão de trabalho de velocidade para corredores de meio-
fundo; Alternância entre corridas curtas e intensas e intervalos longos de recuperação; Aumento do volume e
intensidade do treinamento.
O Fartlek de GOSSE HOLMER foi uma das principais manifestações desse período. Teve o seu desen-
volvimento em Bosöm (Suécia), a partir de 1930, e até os dias de hoje tem um emprego efetivo nos programas
de treinamento. O Fartlek (“fart” significa velocidade e “lek” jogo), segundo a concepção de HOLMER, apre-
sentava as seguintes características: Circuito de corridas compostos de subidas, descidas, planos, trechos em
areia, etc; Sessões me bosque, campos e montanhas; Alternância entre corridas lentas e rápidas; Totalidade ou
fases de esforço cronometrados; Intensidade das corridas de acordo com as distâncias; Intervalos entre os esfor-
ços de acordo com as características da corrida realizada, sendo muito utilizado o trote e a marcha; Trabalho
muscular por meios naturais (na areia, subida, etc).
O Período Pré-Científico da evolução do treinamento desportivo abrange os anos que precederam a Se-
gunda Grande Guerra, e outros tantos que a sucederam. É um período em que são registrados os primeiros en-
saios científicos, partindo-se de observações empíricas.
O grande destaque deste período foi EMIL ZATOPEK, que se transformou num verdadeiro mito espor-
tivo pelas suas extraordinárias performances obtidas. O grande atleta tcheco é considerado como precursor do
“interval-training”.
O Período Científico pode ser dividido em 3 sub-períodos, com ênfases diferentes: Ênfase Metodológi-
ca; Ênfase Bioquímica e Ênfase Tecnológica.
A Ênfase Metodológica começa quando, depois dos extraordinários resultados de ZATOPEK, o treina-
dor GERSCHLLER desenvolveu novos estudos reforçados pelo fisiologista HEBERT REINDELL e sua equipe
de pesquisadores.
Dessa conjugação de esforços, foi referendado o “interval-training” em termos científicos, marco do
início do período científico do treinamento desportivo. É muito difícil precisar a data de início do Período Cien-
tífico, pois as novidades foram acontecendo sem que tivesse aparecido a oportunidade de registros cronológi-
cos, mas pode-se estabelecer este começo em termos aproximados para 1950.
A Ênfase Bioquímica do período científico ganhou força na década de 1970, quando o treinamento des-
portivo passou a ser acrescido da introdução de ergogênicos como suplementação.
A Ênfase Tecnológica começou a ocorrer desde as primeiras concepções de máquinas especiais de
musculação e aparelhos de ergometria em laboratórios de avaliação. A chegada da computação no treinamento
com o seu uso para análises e tratamentos de dados e equipamentos, da sua adaptação a aparatos biomecânicos,
de verificação e correção nas saídas e chegadas de competições, e ainda do uso sistemático da telemetria e o
adventos de outras concepções tecnológicas, fazem um quadro muito sofisticado do Treinamento Desportivo
atual.