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futurismo e abstracionismo

O futurismo foi um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de


fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo
Marinetti, no jornal francês Le Figaro. Os adeptos do movimento rejeitavam o
moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos
desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas
europeus também exaltavam a guerra e a violência. O Futurismo desenvolveu-se em
todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos
modernistas.A tecnologia e a velocidade faziam parte de suas propostas esteticas.

O abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas pela figuração e pela imitação
do mundo. Em acepção específica, o termo liga-se às vanguardas européias das décadas
de 1910 e 1920, que recusam a representação ilusionista da natureza. A decomposição
da figura, a simplificação da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e
das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz,
aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo.
Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna, a partir da década de
1930, um dos eixos centrais da produção artística no século XX.

É possível notar duas vertentes a organizar a ampla gama de direções assumidas pela
arte abstrata. A primeira, inclinada ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à
expressão de impulsos individuais, encontra suas matrizes no expressionismo e no
fauvismo. A segunda, mais afinada com os fundamentos racionalistas das composições
cubistas, o rigor matemático e a depuração da forma, aparece descrita como abstração
geométrica. As vanguardas russas exemplificam as duas vertentes: Wassili Kandinsky
(1866-1944), representante da primeira, é considerado pioneiro na realização de
pinturas não-figurativas com Primeira Aquarela Abstrata (1910) e a série Improvisações
(1909/1914). Seu movimento em direção à abstração inspira-se na música e na defesa
de uma orientação espiritual da arte, apoiada na teosofia. Em torno de Kandinsky e
Franz Mac (1880-1916) organiza-se, na Alemanha, o Der Blaue Reiter [O Cavaleiro
Azul], 1911, grupo do qual participam August Macke (1887-1914) e Paul Klee (1879-
1940), e se aproximam as pesquisas abstratas de Robert Delaunay (1885-1941) e o
simbolismo místico do checo radicado em Paris Frantisek Kupka (1871-1957).

Kasimir Malevich (1878-1935) é um dos maiores expoentes da arte abstrata geométrica.


No bojo do suprematismo, 1915, defende uma arte comprometida com a pesquisa
metódica da estrutura da imagem. A geometria suprematista se apresenta nos célebres
Quadrado Preto Suprematista (1914/1915) e Quadrado Branco sobre Fundo Branco
(1918). A obra de Malevitch tem impacto sobre o construtivismo de Alexander
Rodchenko (1891-1956) - ver Negro sobre Negro (1918) - e o realismo dos irmãos A.
Pevsner (1886-1962) e N. Gabo (1890-1977). O neoplasticismo de Piet Mondrian e
Theo van Doesburg indica outra tendência da abstração geométrica. O movimento se
organiza em torno da revista De Stijl [O Estilo], 1917, e tem o propósito de encontrar
nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas. As composições
se articulam com base em elementos mínimos: a linha reta, o retângulo e as cores
primárias - azul, vermelha e amarela -, além da preta, branca e cinza. As idéias estéticas
defendidas em De Stijl reverberam nos grupos Cercle et Carré (1930) e Abstraction-
Création (1931), na França, e no Circle (1937), na Inglaterra.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Europa e os Estados Unidos
assistem a desdobramentos da pesquisa abstrata. O tachismo europeu, também
associado à abstração lírica, apresenta-se como tentativa de superação da forma pela
ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos. Os trabalhos de
Hans Hartung (1904) e Pierre Soulages (1919) apóiam-se sobretudo no gesto, enquanto
nas obras de Jean Fautrier (1898-1964) e Jean Dubuffet (1901-1985) - e nos trabalhos
de Alberto Burri (1915-1995) e Antoni Tàpies (1923-2012) - a pesquisa incide
preferencialmente sobre a matéria. Nos Estados Unidos, a abstração ganha força com o
expressionismo abstrato de Jackson Pollock (1912-1956) e Willem de Kooning (1904-
1997) - que descarta tanto a noção de composição, cara à abstração geométrica, quanto
a abstração lírica -, as grandes extensões de cor não modulada de Barnett Newman
(1905-1970) e Mark Rotkho (1903-1970) e a pintura com cores planas e contornos
marcados de Ellsworth Kelly (1923) e Kenneth Noland (1924). O minimalismo de
Donald Judd (1928), Ronald Bladen (1918-1988) e Tony Smith (1912-1980) - tributário
de uma vertente da arte abstrata norte-americana que remonta a Ad Reinhardt (1913-
1967), Jasper Johns (1930) e Frank Stella (1936) - retoma as pesquisas geométricas na
contramão da exuberância romântica do expressionismo abstrato.

No Brasil, as obras de Manabu Mabe (1924-1997) e Tomie Ohtake (1913) aproximam-


se do abstracionismo lírico, que tem adesão de Cicero Dias (1907-2003) e Antonio
Bandeira (1922-1967). Nos anos 80, observa-se uma apropriação tardia da obra de
Kooning na produção de Jorge Guinle (1947-1987). O pós-minimalismo, por sua vez,
ressoa em obras de Carlos Fajardo (1941), José Resende (1945) e Ana Maria Tavares
(1958). Em termos de abstração geométrica, são mencionados os artistas reunidos no
movimento concreto de São Paulo (Grupo Ruptura) e do Rio de Janeiro (Grupo Frente)
e no neoconcretismo.

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