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CÁLCULO VETORIAL E GEOMETRIA ANALÍTICA

Luiz Francisco da Cruz – Departamento de Matemática – Unesp/Bauru

CAPÍTULO 2
VETORES NO PLANO E NO ESPAÇO

1 Vetores no plano

O plano geométrico, também chamado de ℜ2, simbolicamente escrevemos:

ℜ2 = ℜxℜ = {(x, y), ∀x e y ∈ ℜ} , é o conjunto de todos os pares ordenados de

números reais. Ele é representado através do sistema de coordenadas cartesianas,


o qual é constituído por dois eixos perpendiculares entre si, cuja interseção é o par
ordenado O(0,0), chamado de origem do sistema. Esses eixos são denotados por
Ox (eixo das abscissas) e Oy (eixo das ordenadas) e ambos chamados de eixos
coordenados, orientados como mostra a figura abaixo.

Oy (+)
I
II P(x,y)
y

(–) (+)
(0,0) x
Ox

III IV
(–)

Todo ponto P do plano é representado como na figura acima, onde x e y são


as suas coordenadas, respectivamente em relação aos eixos Ox e Oy. Na
representação de um ponto do plano, dentro do par ordenado a coordenada x é
sempre a primeira e y a segunda coordenada, assim, P(x,y). Note que os eixos
coordenados dividem o plano em 4 regiões iguais (I, II, III e IV), cada uma delas
chamadas de quadrante. O que distingue um quadrante do outro são os sinais das

coordenadas (x,y) de um ponto qualquer do ℜ2 . Assim:


- Se (x,y) pertence ao I quadrante, então x>0 e y>0. Simbolicamente: (+,+);
- Se (x,y) pertence ao II quadrante, então x<0 e y>0. Simbolicamente: (-,+);
- Se (x,y) pertence ao III quadrante, então x<0 e y<0. Simbolicamente: (-,-);
- Se (x,y) pertence ao e IV quadrante, então x>0 e y<0. Simbolicamente (+,-).
r r
Qualquer vetor do ℜ2 pode ser escrito em função de dois versores i e j , com
r r
| i | = | j | = 1 , cada um deles situados sobre os eixos coordenados Ox e Oy,
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respectivamente, como mostra a figura abaixo. Futuramente o conjunto dos

{ }
r r
versores i , j será chamado de uma base do ℜ2.

Oy
P(x,y)
y

r r
yj v
r
j
O r r x
i Ox
xi

r r r r
Pela figura acima, podemos ver que v = x i + y j , ou seja, o vetor v é escrito
r r
{ } r r r
em função da base i , j . A expressão v = x i + y j é chamada de expressão
r
cartesiana de um vetor do ℜ2 e seu módulo é determinado por | v | = x2 + y2 .

Todo vetor do plano será representado a partir da origem do sistema, ou seja,


a origem do vetor coincide com a origem do sistema e sua extremidade coincide
com algum ponto P(x,y), do mesmo plano. Assim podemos identificar um vetor
r
com um ponto do plano e simplesmente escrever que v = (x, y) .
r r r r
Por exemplo: Para o vetor v = 3 i − j podemos escrever v = (3,−1) e

representá-lo no ℜ2, marcando o ponto P(3,-1) e unindo este ponto à origem do


sistema, sempre fazendo coincidir a origem do vetor com a origem do sistema e a
extremidade do vetor com o ponto P(3,-1), como mostra a figura abaixo:

3 x
r
v
-1
P(3,-1)

1.1 Operações com vetores do ℜ2 na forma cartesiana


r r r r r r
Sejam v1 = x1 i + y1 j e v2 = x2 i + y2 j dois vetores quaisquer do ℜ2 e um

escalar qualquer α ∈ ℜ . Então:


r r r r
- Adição: v1 + v2 = (x1 + x2 ) i + (y1 + y2 ) j
r r r r
- Subtração: v1 − v2 = (x1 − x2 ) i + (y1 − y2 ) j
r r r
- Multiplicação por escalar: α ⋅ v1 = (αx1) i + (αy1) j

r r r r r r r
Exemplo (1): Sejam u = 2 i + 4 j , v = −3i + j e w = i . Determine o módulo do vetor

1r r r
R= u − 3v + 2w .
2
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Solução: Considerando as coordenadas dos vetores para simplificar a notação


r r r
vem: u = (2, 4) , v = (−3, 1) e w = (1, 0) . Vamos primeiro determinar o vetor R .

1
R= (2, 4) − 3(−3, 1) + 2(1, 0) = (1,2) − (−9,3) + (2,0) = (1 + 9 + 2, 2 − 3 + 0) = (12,−1)
2
r r
Logo, R = 12 i − j . Portanto, | R | = 122 + (−1)2 = 144 + 1 = 145

1.2 Cossenos diretores de um vetor


r r r r
Seja v = x i + y j um vetor qualquer do ℜ2. Então v forma um ângulo com
r
cada eixo coordenado. Sejam α e β os ângulos que o vetor v forma com os eixos
x y
Ox e Oy, respectivamente. Pela figura abaixo temos: cos(α) = r e cos(β) = r ,
|v| |v|
r
chamados cossenos diretores do vetor v. Note que: cos2 (α) + cos2 (β) = 1 , pois:

2 2
 x   y  r r
r  = 1 e | v |2 = x2 + y2 , então | v | = x2 + y2 .
 | vr |  +  | v
   |
Oy
P(x,y)
y
r
v
β
α Ox
O

r r x r r
Definição: Considere o vetor v = x i + y j . Então o versor do vetor v , denotado
r r r
por vo , é um vetor paralelo, de mesmo sentido de v e unitário, ou seja, vo = 1 ,
r
r v
definido por v o = r .
|v|

r r r r r 1  x y  r
Como v = x i + y j ⇒ v = (x, y) ⇒ v o = r ⋅ (x, y) =  r , r  ⇒ v o = (cos α, cos β) .
|v| | v | | v |

Exemplo (2): Dados os pontos A(2,4) e B(-1,3), determine:

a) Os cossenos diretores do vetor AB .


r
b) Um vetor w de módulo 40 e paralelo ao vetor AB .

Solução: a) AB = B − A = (−1,3) − (2,4) = (−3,−1) , | AB | = (−3)2 + (−1)2 = 10 . Então:

x −3 y −1
cos(α) = = e cos(β) = =
| AB | 10 | AB | 10
r r
b) Seja w = (x, y) . Se w é paralelo ao vetor AB , então existe um escalar m ∈ ℜ tal

r x = −3m r
que: w = m ⋅ AB . Então: (x, y) = m ⋅ (−3,−1) =  . Por outro lado | w | = 40 ,
y = −m
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( 40 )2
2
 2 2 
então: x2 + y2 = 40 ⇒  x +y  = ⇒ x2 + y2 = 40 ⇒
 

(−3m)2 + (−m)2 = 40 ⇒ 10m2 = 40 ⇒ m = ±2 . Assim, há duas soluções: para m = 2


r r r
⇒ w = (−6,−2) ou para m = -2 ⇒ w = (6,2) o seu oposto. Logo, w = (−6,−2) ou
r
w = (6,2) .

r r
Exemplo (3): Sejam v = (3 + m, m) e w = (−2,2m − 1) . Determine os valores de m
r r
para que o vetor v − w tenha módulo igual a 6.
r r
Solução: v − w = (3 + m, m) − (−2, 2m − 1) = (m + 5, − m + 1)
r r
| v − w |= (m + 5)2 + (−m + 1)2 = 2m2 + 8m + 26 = 6

2
  m = 1
2
 2m + 8m + 26  = 62 ⇒ m2 + 4m − 5 = 0 ⇒  1
  m2 = −5
r r
m = 1 ⇒ v = (4,1) e w = (−2,1)
Logo para  1 r r
m2 = −5 ⇒ v = (−2,−5) e w = (−2,−11)

r r
Exemplo (4): Seja v = (3,4) . Ao projetarmos o vetor v sobre o eixo Ox, obtemos
r r r
um vetor u . Determine o vetor w que é a projeção do vetor u na direção do vetor
r
v.
r r r r r
Solução: Temos que u = (3,0) e w é paralelo ao vetor v . Então w = αv . Seja

r r x = 3α
w = (x, y) . Então: w = (x, y) = α(3,4) ⇒  . Por construção temos:
y = 4α
r r
| w| |u| r 3 r
cos θ = r = r ⇒ | w | = . Mas | w |= x 2 + y 2 = (3α)2 + (4α)2 ⇒
|u| | v | 5
r 3 9 9
| w |= (3α)2 + (4α)2 = ⇒ 25α 2 = ⇒ α =
5 5 25
r 9 r  27 36 
Portanto: w = (x, y) = (3,4) ⇒ w =  , 
25  25 25 
y
r
4 v

r
w
θ
r 3 x
u
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Exercícios Propostos:
r r r r
1) Dados os vetores v = (2,4) e u = (−4,3) , determine os vetores a e b sabendo que
r r r r r
v = a + b e que b é o triplo do versor do vetor u .
r  12 9  r  22 11 
Resp: b =  − ,  e a= , 
 5 5  5 5 
r
2) Determine t para que u = (t, 2t) tenha módulo igual a 3 5 . Resp: t = ± 3
r r
3) O vetor v = (2,8) é a soma de um vetor a que está sobre o eixo Ox com um
r r r
vetor b , cujo módulo é 73 . Determine as possibilidades para os vetores a e b .
r r
a = (−1,0) e b = (3,8) ou
Resp:  r r
a = (5,0) e b = (−3,8)

4) Três pontos do plano A(1,3), B(5,1) e C(2,7), determinam um triângulo ABC.

a) Mostre que AC + CB + BA = 0 .

b) Determine o perímetro do triângulo ABC. Resp: 2p = 17 + 5 5

5) Sejam A, B, C e D, vértices de um paralelogramo ABCD. Sendo A(-1,0) e

AC = (7,4) e BD = (3,−4) suas diagonais, determine os outros vértices B, C e D.

Resp: B(1,4), C(6,4) e D(4,0)

2 Vetores no espaço
O espaço, também chamado de ℜ3 , onde ℜ3 = ℜ × ℜ × ℜ , é o conjunto de

todas as ternas (x,y,z) que, simbolicamente escrevemos ℜ3 = {(x, y, z) / x, y, z ∈ ℜ} .

Logo, todo ponto P do ℜ3 é representado por uma terna de números reais P(x,y,z).

O ℜ3 é representado através do sistema de coordenadas cartesianas, o qual é


constituído por três eixos perpendiculares entre si, cuja interseção é a terna
O(0,0,0), chamada de origem do sistema. Esses eixos são denotados por Ox (eixo
das abscissas), Oy (eixo das ordenadas) e Oz (eixo das cotas), ambos chamados de
eixos coordenados, orientados como mostra a figura abaixo.

(+)
Oz

(–)

(–) (+)

Oy

(+)

Ox
(–)
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Note que os eixos coordenados dividem o espaço e 8 regiões iguais, cada uma
delas chamadas de octantes. O que distingue um octante do outro são os sinais das

coordenadas (x,y,z) de um ponto qualquer do ℜ3 . Assim:

- Se (x,y,z) pertence ao 1º octante, então x>0, y>0 e z>0. Em símbolos: (+,+,+);


- Se (x,y,z) pertence ao 2º octante, então x<0, y>0 e z>0. Em símbolos: (–,+,+);
- Se (x,y,z) pertence ao 3º octante, então x<0, y<0 e z>0. Em símbolos: (–,–,+);
- Se (x,y,z) pertence ao 4º octante, então x>0, y<0 e z>0. Em símbolos: (+,–,+);
- Se (x,y,z) pertence ao 5º octante, então x>0, y>0 e z<0. Em símbolos: (+,+,–);
- Se (x,y,z) pertence ao 6º octante, então x<0, y>0 e z<0. Em símbolos: (–,+,–);
- Se (x,y,z) pertence ao 7º octante, então x<0, y<0 e z<0. Em símbolos: (–,–,–);
- Se (x,y,z) pertence ao 8º octante, então x>0, y<0 e z<0. Em símbolos: (+,–,–).

Apesar do ℜ3 ter a representação como acima, para fins de simplificar a


representação ou a construção geométrica de algo, por convenção, adota-se uma

representação simplificada do ℜ3 , representando apenas um ou o octante


desejado. Todo ponto P(x,y,z) do espaço é representado como na figura abaixo,
onde x, y e z são as suas coordenadas, respectivamente em relação aos eixos Ox,
Oy e Oz e esta ordem esta fixada. Oz

P(x,y,z)
y
Oy
x
Ox

Suponhamos que desejamos representar os pontos P(3,5,6) e Q(-3,5,6). Note


que P pertence ao 1º octante e Q pertence ao 2º octante.

Oz
Oz
Q(-3,5,6)
6
P(3,5,6)
6
2º octante

5 Oy
–3
3
Ox 5 Oy
1º octante
Ox
1º octante

A representação do ponto P(3,5,6) é relativamente simples quando


trabalhamos com o 1º octante, o que não ocorre com a representação do ponto Q(-
3,5,6). As representações no 2º ao 8º octantes são complicadas, exigem técnicas
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do desenho geométrico como noção de profundidade e perspectiva e, nem sempre


a visualização do que se pretende representar é evidente aos nossos olhos.
Como estamos interessados em fazer as representações no ℜ3 através de um
esboço, ou seja, algo simples e não pretendemos realizar construções difíceis e
nem representações elaboras, o que se adota como convenção é representar o
octante desejado como se fosse sempre o 1º octante. Por exemplo, poderíamos
representar o ponto Q(-3,5,6) da seguinte forma:

Oz
6 Q(-3,5,6)
Ox

-3

2º octante

Oy
r r r
Qualquer vetor do ℜ3 pode ser escrito em função três versores i , j e k , cada

um deles situados sobre os eixos coordenados Ox, Oy e Oz, respectivamente.


r r r
{ }
Futuramente o conjunto de versores i , j, k será chamado de uma base do ℜ3.

Oz

z
r
zk
r P(x,y,z)
r v
k r
r yj y
i r
r j Oy
xi r r
x i + yj
x
Ox

r r r r r
Pela figura acima podemos ver que v = x i + y j + zk , ou seja, o vetor v é
r r r
{ r
} r r r
escrito em função da base i , j, k . A expressão v = x i + y j + zk é chamada de

expressão cartesiana. Note também que, o módulo de um vetor é dado por


r
| v |= x2 + y2 + z2 , pois:

Do triângulo OQR vem: w2 = x 2 + y 2 z r P


v
r
Do triângulo POR vem: | v |2 = w2 + z2 z
O y
r
Então: | v |2 = x 2 + y 2 + z2
x w
r Q
Portanto: | v | = x2 + y2 + z2 y R
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Todo vetor do espaço será representado a partir da origem do sistema, ou


seja, a origem do vetor coincide com a origem do sistema e sua extremidade
coincide com algum ponto P(x,y,z). Assim, podemos identificar um vetor com um
r
ponto do espaço e simplesmente escrever que v = (x, y, z) .
r r r r r
Por exemplo: O vetor v = 3 i + 5 j + 6k é escrito como v = (3, 5, 6) e representá-

lo no ℜ3, marcando o ponto P e unindo este ponto à origem do sistema, sempre


fazendo coincidir a origem do vetor com a origem do sistema e a extremidade do
vetor com o ponto P. Veja a figura abaixo:
Oz

6
P(3,5,6)
r
v

5 Oy

3
Ox

2.1 Operações com vetores do ℜ3 na forma cartesiana


r r r r r r r r
Sejam v1 = x1 i + y1 j + z1k e v2 = x2 i + y2 j + z2k dois vetores quaisquer do ℜ3 e

um escalar qualquer α ∈ ℜ . Então:


r r r r r
- Adição: v1 + v2 = (x1 + x2 ) i + (y1 + y2 ) j + (z1 + z2 )k
r r r r r
- Subtração: v1 − v2 = (x1 − x2 ) i + (y1 − y2 ) j + (z1 − z2 )k
r r r r
- Produto por escalar: α ⋅ v1 = (αx1 ) i + (αy1 ) j + (αz1 )k

r r r r r r r r
Exemplo (5): Sejam u = 2 i + 4 j , v = −3i + j + 2k e w = − j , três vetores do espaço.

1r r r
Determine o módulo do vetor R = u − 3v + 2w .
2
Solução: Considerando as coordenadas dos vetores para simplificar a notação,
r r r
escrevemos: u = (2, 4,0) , v = (−3, 1,2) e w = (0,−1, 0) . Determinando o vetor R vem:

1
R= (2, 4,0) − 3(−3, 1,2) + 2(0,−1, 0) = (1,2,0) − (−9,3,6) + (0,−2,0) ⇒
2
r r r
R = (1 + 9 + 0, 2 − 3 − 2, 0 − 6 + 0) = (10,−3,−6) . Logo, R = 10 i − 3 j − 6k

Portanto, | R | = 102 + (−3)2 + (−6)2 = 100 + 9 + 36 = 145 .


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2.2 Cossenos diretores de um vetor


r r r r r
Seja v = x i + y j + zk um vetor qualquer do ℜ3. Então v forma um ângulo com

cada eixo coordenado. Sejam α, β e γ os ângulos que o vetor forma com os eixos
Ox, Oy e Oz, respectivamente. Pela figura abaixo temos:
x y z Oz P(x,y,z)
cos(α) = r , cos(β) = r , cos(γ) = r
|v| |v| |v|

r
r |v|
chamados de co-senos diretores do vetor v. z Oy
γ
β
Note que: cos2 (α) + cos2 (β) + cos2 (γ) = 1 y
α
x

Ox

r r r r r
Definição: Considere o vetor v = x i + y j + zk . Então o versor do vetor v ,
r r
denotado por vo , é um vetor paralelo, de mesmo sentido de v e unitário, ou seja,
r
r r v
vo = 1 , definido por v o = r .
|v|

r r r r r r 1  x y z 
Como v = x i + y j + zk ⇒ v = (x, y, z) ⇒ vo = r ⋅ (x, y, z) =  r , r , r  ⇒
|v|  | v | | v | | v |
r
v o = (cos α, cos β, cos γ) .

2.3 Condição de paralelismo entre dois vetores.


r r
Sejam u = (x1, y1, z1) e v = (x2 , y2 , z2 ) dois vetores paralelos, ou seja, eles têm
r r
a mesma direção, então existe um escalar m∈ℜ tal que u = m ⋅ v . Logo:

 x1
x1 = mx2 ⇒ m =
 x2
 y x1 y z
(x1, y1, z1) = m ⋅ (x2 , y2 , z2 ) ⇒ y1 = my2 ⇒ m = 1 ⇒ m= = 1 = 1 ,
 y 2 x2 y2 z2
 z1
z1 = mz2 ⇒ m = z
 2

com x2 ≠ 0, y2 ≠ 0 e z2 ≠ 0 . Portanto, para que dois vetores sejam paralelos é

necessário que haja uma proporção entre suas coordenadas, isto é, eles são
múltiplos escalares.
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r r r
Por exemplo: considere os vetores u = (1,4,2) , v = (2,8,4) e w = (2,6,4) .

r r r r 2 8 4 r r
Temos que u e v são paralelos, pois v = 2 ⋅ u e = = = 2 . Note que u e w
1 4 2
2 6 4
não são paralelos, pois ≠ ≠ , ou seja, não existe nenhum escalar m∈ℜ tal
1 4 2
r r
w = m ⋅u.

2.4 Condição de coplanaridade entre três vetores


r r r
Sejam u = (x1 , y1 , z1 ) , v = (x 2 , y 2 , z 2 ) e w = (x 3 , y 3 , z 3 ) vetores coplanares,

ou seja, vetores que estão no mesmo plano, então existem escalares m, n ∈ℜ tais
r r r
que u = mv + nw .

r
nw r
r u
w
r r
mv v

mx2 + nx3 = x1

Então: (x1, y1, z1) = m ⋅ (x2 , y2 , z2 ) + n ⋅ (x3, y3, z3 ) ⇒ my2 + ny3 = y1
mz + nz = z
 2 3 1

Podemos associar a este sistema linear uma matriz dos coeficientes, cujo
determinante é igual a zero, pois existe uma combinação linear entre suas linhas,
ou seja, a primeira linha é m vezes a segunda mais n vezes a terceira. Portanto, a
condição para que três vetores sejam coplanares é verificada quando
x1 y1 z1
x2 y2 z2 = 0 .
x3 y3 z3

r
Exemplo (6): Dados os pontos P(2,4,5) e Q(1,2,3) determine um vetor w paralelo

ao vetor PQ e que tenha módulo igual a 6.


r r r
Solução: Sejam w = (x, y, z) . Como w é paralelo a PQ , então w = α PQ ⇒

x = −α
 r
(x, y, z) = α(−1,−2,−2) . Então: y = −2α . O módulo de w = (x, y, z) é igual
z = −2α

x2 + y2 + z2 = 6 ⇒ (−α)2 + (−2α)2 + (−2α)2 = 6 ⇒ 9α2 = 6 ⇒ α = ±2 . Portanto,


r r
w = (2,4,4) ou w = (−2,−4,−4) .
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r r
Exemplo (7): Os vetores v1 = (2,−1,2) e v2 = (0,1,0) estão aplicados no mesmo

ponto A. Determine um vetor AB de módulo 2 3 , cuja direção é a direção da


r r
bissetriz do ângulo formado pelos vetores v1 e v2 .
r r
Solução: Para que AB = (x, y, z) esteja sobre a bissetriz do ângulo entre v1 e v2 , é
r r
necessário que | α1v1 | = | α 2 v 2 | ⇒ α1 ⋅ 22 + (−1)2 + 22 = α2 ⋅ 12 ⇒ α 2 = ±3α1 .
r r
Pela figura podemos ver que AB = α1 v1 + α 2 v 2 . Para α 2 = 3α1 ⇒
r r r r
AB = α1 v1 + 3α1 v 2 ⇒ AB = α1 (v1 + 3v 2 ) ⇒ (x, y, z) = α1 ⋅ [(2,−1,2) + 3(0,1,0)] ⇒

x = 2α1

y = 2α1 . Como | AB | = 2 3 ⇒ x2 + y2 + z2 = 2 3 ⇒
z = 2α
 1

(2α1 )2 + (2α1 )2 + (2α1 )2 = 2 3 ⇒ 12α12 = 2 3 ⇒ 2 3α1 = ±2 3 ⇒ α1 = ±1 .

Portanto, AB = (2,2,2) ou AB = (−2,−2,−2) .


r r r r
Para α 2 = −3α1 ⇒ AB = α1 v1 − 3α1 v 2 ⇒ AB = α1 (v1 − 3v 2 ) ⇒

x = 2α1

(x, y, z) = α1 ⋅ [(2,−1,2) − 3(0,1,0)] ⇒ y = −4α1 .
z = 2α
 1

Como | AB | = 2 3 ⇒ x2 + y2 + z2 = 2 3 ⇒ (2α1 )2 + (−4α1 )2 + (2α1 )2 = 2 3 ⇒

2
24α12 = 2 3 ⇒ 24α12 = 12 ⇒ α1 = ± . r B
2 α1v1 AB
Portanto, AB = ( 2,−2 ) (
2 , 2 ou AB = − 2 ,+2 2 ,− 2 ) r
v1 α
α
A r r
v2 α 2 v2

Exemplo (8): Dar as expressões das coordenadas do ponto médio do segmento de


reta de extremidades A(x1, y1, z1) e B(x 2 , y 2 , z 2 ) .

Solução: Seja M(x,y,z) o ponto médio do segmento AB . O ponto M é tal que

AM = MB ou M-A = B-M. Então:


x − x1 = x2 − x 2x = x1 + x2
 
(x − x1, y − y1, z − z1) = (x2 − x, y2 − y, z2 − z) ⇒ y − y1 = y2 − y ⇒ 2y = y1 + y2
z − z = z − z 2z = z + z
 1 2  1 2

 x + x2 y1 + y2 z1 + z2 
Portanto: Ponto médio M  1 , , 
 2 2 2 
CÁLCULO VETORIAL E GEOMETRIA ANALÍTICA
Luiz Francisco da Cruz – Departamento de Matemática – Unesp/Bauru

Exercícios Propostos:
r r r r
1) Encontrar os valores a e b tais que w = av + bu , sendo w = (−4,−4, 14) ,
r r
v = (1,−2, 1) e u = (2, 0,−4) . Resp: a =2 e b = -3

2) Determine o simétrico do ponto P(3,1,-2) em relação ao ponto A(-1,0,-3).


Resp: Q(-5,-1,-4)
r
3) Um vetor w do ℜ3 forma com os eixos Ox e Oy, ângulos de 60o e 1200,
r
respectivamente. Determine w para que ele tenha módulo igual a 2.
r r
Resp: w = (1,−1, 2 ) ou w = (1,−1,− 2 )
r r
4) Sejam a = (1,0,0) e b = (1,1,0) . O ângulo entre eles é 45o. Calcule o ângulo entre

r r r r  5 
os vetores a + b e a − b . Resp: θ = arccos  −
 5 
 
5) Dados os pontos A(1,-1,3) e B(3,1,5) , até que ponto se deve prolongar o
segmento AB, no sentido de A para B, para que seu comprimento quadruplique de
valor? Resp:
(9,7,11)

COMENTÁRIOS IMPORTANTES
r r r v
1) Como podemos identificar um vetor v = x i + y j + zk com um ponto do ℜ3 e, a
r
fim de simplificar a notação, escrevermos v = (x, y, z) , é muito comum o aluno
r
confundir as notações de um ponto P(x,y,z) com o vetor v = (x, y, z) . Às vezes até,

fazer operações que são permitidas somente entre vetores, aplicando-as aos
pontos. Portanto, cuidado com as notações.
2) A linguagem matemática é uma linguagem como outra qualquer, com suas
regras e conectivos lógicos. As próprias línguas (português, inglês, alemão,...)
possuem suas regras de construção (concordâncias, ortografia, conjugação
verbal,...) as quais devem ser empregadas corretamente para que as frases e os
parágrafos tenham sentido. Se por exemplo, em uma determinada linguagem
computacional você esquecer-se de digitar um ponto ou uma vírgula, seu programa
não “roda” e enviará uma mensagem de erro. Veja o que acontece quando nos
esquecemos de digitar um ponto ou uma letra em um site da internet ou um e-
mail, não vamos conseguir navegar ou enviar uma mensagem. Assim também é
linguagem matemática. Se você não escreve corretamente, seu desenvolvimento
matemático ficará sem sentido e o professor, provavelmente, vai lhe enviar uma
mensagem de erro que é a sua nota. Portanto, procure usar os símbolos de
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Luiz Francisco da Cruz – Departamento de Matemática – Unesp/Bauru

maneira correta e ordenada, para aqueles que lerem seu desenvolvimento


matemático possa entender o seu raciocínio.

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