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Experimento 06 – Volumetria de

precipitação

Aluno:
Alex de Sene Corado Guedes

Gama, 15 de fevereiro de 2019

Relatório 5 – Volumetria de precipitação


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Introdução

Volumetria é o tipo de análise quantitativa que se faz usando soluções padrão (titulante) para reagir
completamente com um analito (titulado), sabendo-se a concentração e o volume da solução padrão
utilizada deduz-se a quantidade de matéria de analito presente na amostra [2].
As volumetrias podem ser divididas em volumetrias de neutralização, que são aquelas em que o titulante
é um ácido e o titulado uma base ou vice-versa; volumetrias de precipitação, que são aquelas que o
produto da reação entre o titulante e o titulado é insolúvel no solvente usado; volumetrias de
complexação, que são as que formam íons complexos como produto da reação do titulante e o titulado e
as titulações de oxirredução, que são aquelas que envolvem transferência de elétrons entre os
reagentes, mediante uma mudança no número de oxidação [2].
As titulações de precipitação envolvem alguns conceitos que precisam estar claros na mente do analista:
precipitação, solubilidade e produto de solubilidade. Russel [3] define precipitação como a formação de
uma fase condensada, seja ela sólida ou líquida, como produto de uma reação química; solubilidade
como a quantidade máxima de determinado soluto que pode ser dissolvida em um determinado solvente,
à temperatura e pressão constantes; e produto de solubilidade [4] como sendo a constante de equilíbrio
para um equilíbrio iônico da solubilidade, que expressa a concentração máxima determinado íon em
determinado solvente.
Para que uma solução possa ser padronizada usando a técnica de volumetria de precipitação é
necessário que exista um composto que reaja com o analito gerando um produto pouco solúvel. Como
os agentes precipitantes mais usados são compostos de bário e de prata, é necessário que o titulado
possua um íon que precipite mediante a adição destes agentes. Por exemplo, para se conduzir uma
argentometria é necessário que o titulado contenha um dos seguintes íons: cloreto, brometo, iodeto,
fosfato, carbonato, tetraborato e etc.
A reação genérica abaixo representa a precipitação de um haleto mediante adição de prata.
Ag+(aq)
¿
⟶ Ag X ( s)
X −¿
(aq) +¿
¿
Neste experimento usou-se do método de Mohr, que é um método de titulação argentimétrica usado para
análises de cloretos e brometos. A técnica consiste da reação entre os íons prata e os haletos em
questão, usando o íon cromato como indicador do ponto final. O íon prata reage com o cromato segundo
a reação abaixo:
2 Ag+¿
(aq) ⟶ A g2 Cr O 4( s)
2−¿
Cr O4(aq) +¿
¿
Os haletos de prata são brancos, enquanto que o cromato de prata é vermelho-marrom, o que faz com
que o íon cromato seja um indicador adequado.
No método de Mohr se faz necessário o uso de um branco, que é uma solução composta de um volume
de solvente igual ao volume final das titulações realizadas, indicador e cerca de meio grama de
carbonato de cálcio. Ao branco adiciona-se algumas gotas de titulante, até que o cromato de prata se
forme, e este volume não deve ser maior que 0,10 mL. Este é o volume de titulante gasto após o ponto

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de equivalência para provocar uma mudança de coloração na solução e deve, portanto, ser descontado
dos volumes das análises argentimétricas para que estas sejam mais exatas.
Usando a técnica argentimétrica pode-se determinar, por exemplo, a composição de uma mistura de sais
que contém um íon em comum: por exemplo uma solução, preparada usando 0,205 g de uma mistura de
cloreto de potássio e cloreto de sódio, foi titulada usando uma solução padrão de nitrato de prata 0,10
mol/L e consumiu 30 mL desta solução padrão.
Nos 30 mL de solução padrão existem 0,003 mol de íons prata e a soma das massas dos sais é
0,205 g, portanto pode-se resolver este problema usando-se de um sistema de equações.
A massa molar do cloreto de sódio é 58,44 g/mol [1], a massa de cloreto de sódio na amostra será
representada por ‘X’; a massa molar do cloreto de potássio é de 74,5513 [1], a massa cloreto de
potássio na amostra será representada por ‘Y’.
Assim sendo, o sistema de equações que representa o problema é:
X Y
+ =0,003
58,44 74,5513
X +Y =0,205 ∴ X=0,205−Y
Substituindo o valor de X da segunda equação na primeira, obtém-se que
Y=0,13734 e X=0,06766, que são, respectivamente, as massas de cloreto de
potássio e cloreto de sódio contidas na solução titulada.

Objetivos

Objetivo Geral: exemplificar uma técnica de volumetria de precipitação.


Objetivo Específico: padronizar uma solução de nitrato de prata usando o método de Mohr e
quantificar o teor cloreto em uma amostra de soro fisiológico usando a solução de nitrato de prata
padronizada.

Materiais e Métodos

Materiais:
Tabela 1: materiais e reagentes

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Materiais Reagentes
Balão volumétrico de 250 mL Garra pra bureta Nitrato de prata (sólido)
2 béqueres de 50 mL Pipeta volumétrica de 1 mL Solução padrão de cloreto de sódio 0,1M
Bureta de 25 mL Pipeta volumétrica de 5 mL Cromato de potássio 5%
Bureta de 50 mL 2 pipetas volumétrica de 10 mL Carbonato de cálcio (sólido)
5 erlernmeyers de 250 mL Pisseta com água
2 espátulas Proveta de 50 mL
Frasco âmbar suporte universal
X
Procedimento:
1. Padronização da solução de nitrato de prata

1.1. Preparo da solução

I. Pesou-se 2,2136 g de nitrato de prata, em uma balança analítica.

II. Transferiu-se analiticamente essa massa para um balão de 100 mL, onde a
amostra foi solubilizada em água deionizada.

1.2. Padronização

I. Ambientou-se uma bureta de 25 mL com a solução de nitrato de prata


preparada anteriormente.

II. Pipetou-se 5,00 mL da solução padrão de NaCl 0,1M para um erlenmeyer de


125 mL, adicionou-se: 1,00 mL da solução indicadora de K2CrO4 5% e 10,00
mL de água deionizada. Titulou-se esta solução usando o nitrato de prata
como titulante.

III. Repetiu-se o passo II mais duas vezes, desse modo fazendo a titulação em
triplicata.

1.3. Prova em branco

I. A solução da prova em branco foi feita adicionando 1,00 mL da solução


indicadora, 0,4870 g de carbonato de cálcio e um volume de água suficiente
para fazer com que o volume fosse igual ao volume final da titulação de
padronização. Assim sendo, adicionou-se 20,00 mL de água e adicionou-se
nitrato de prata até que a solução ficasse com a mesma coloração que as
amostras da padronização.

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2. Quantificação de cloreto em soro fisiológico

2.1. Quantificação

I. Pipetou-se 10,00 mL do soro fisiológico para um erlenmeyers de 250 mL,


adicionou-se: 1,00 mL da solução indicadora e 10,00 mL de água deionizada.
Titulou-se esta solução usando como titulante o nitrato de prata padronizado
anteriormente.

II. Repetiu-se o passo I mais duas vezes, desse modo fazendo a titulação em
triplicata.

2.2. Prova em branco

I. A solução da prova em branco foi feita adicionando 1,00 mL da solução


indicadora, 0,4683 g de carbonato de cálcio e um volume de água suficiente
para fazer com que o volume fosse igual ao volume final da titulação de
quantificação. Assim sendo, adicionou-se 49,0 mL de água e adicionou-se
nitrato de prata até que a solução ficasse com a mesma coloração que as
amostras da padronização.

Resultados e Discussão

1. Padronização da solução de nitrato de prata

1.1. Observações

I. Ao se adicionar algumas gotas de nitrato de prata percebeu-se a formação de


um precipitado branco. Quando se adicionou 9,50 mL da solução de nitrato
de prata à solução padrão de cloreto de sódio contida no erlenmeyer, que
tinha coloração amarela devido a presença de cromato, esta se tornou
marrom-avermelhada.

1.2. Reações químicas

I. O íon prata reage com os íons cloreto e o cromato segundo as reações


abaixo:

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Ag+(aq)
¿
⟶ AgCl( s )
Cl−¿ eq 1
(aq) +¿
¿
+¿
2 Ag(aq) ⟶ A g2 Cr O 4( s)
2−¿
Cr O4(aq) +¿ eq 2
¿
II. O que faz com que a solução mude de cor é a formação do cromato de prata,
que é um composto vermelho-marrom pouco solúvel em água.
O cloreto de prata precipita primeiro, pois é menos solúvel que o cromato de
prata. Afirmo isso com base na solubilidade molar da prata em cada um dos
compostos.

III. A constante de solubilidade (Ksp) do cloreto de prata é 1,77x10-10 [1], assim


sendo a solubilidade molar do íon prata neste composto pode ser calculada
pela fórmula do Ksp:
+¿
A g¿
¿
−¿ eq 3
C l¿
K sp =¿
Porém, pela eq 1, a concentração de prata é a mesma que a de cloreto, o que reduz a eq 3 a:
+¿
A g¿
¿ eq 4
¿
K sp=¿
Portanto a solubilidade molar do íon prata no cloreto de prata é:
+¿
A g¿
¿ eq 5
¿
¿
IV. A constante de solubilidade (Ksp) do cromato de prata é 1,12x10-12 [1], assim
sendo a solubilidade molar do íon prata neste composto pode ser calculada
pela fórmula do Ksp:

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+¿
A g¿
¿
2−¿ eq 6
C r O 4¿
¿
K sp=¿
Porém, pela eq 2, a concentração do íon prata é a duas vezes maior que a do íon cromato, o que reduz
a eq 6 a:
+¿
A g¿
¿
+¿
A g¿
¿
+¿
A g¿ eq 7
¿
¿3
¿
¿
¿
¿
K sp=¿
Portanto a solubilidade molar do íon prata no cloreto de prata é:
+¿
A g¿
¿ eq 8
¿
¿
V. Portanto, como a solubilidade molar do íon prata no cloreto de prata é menor
que no cromato de prata, o cloreto de prata precipita primeiro e o cromato de
prata só precipita após o esgotamento de íons cloreto em solução. Isso
explica o fato de que antes do ponto final o precipitado é branco (se forma
apenas AgCl) e no ponto final o precipitado é levemente marrom-avermelhado
(forma-se algum Ag2CrO4).

1.3. Quantificação do nitrato de prata

I. Os volumes de solução de nitrato de prata usado em cada uma das titulações


estão descritos na tabela abaixo:
Tabela 2: titulação – padronização do nitrato de prata
Padronização
# Volume (mL)
1 9,50
2 9,50

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3 9,50

I. O volume de nitrato de prata usado no branco foi de 0,10 mL. O branco


foi composto de 1,00 ml da solução de cromato, 20,00 mL de água e 0,4870 g
de carbonato de cálcio.

II. Como o volume usado nas três titulações foi o mesmo, o desvio padrão é
zero. Assim sendo, pode-se calcular a quantidade de matéria e a
concentração de nitrato de prata presente neste volume de titulante pela
fórmula abaixo:
n AgN O C NaCl∗V NaCl
C AgN O = 3
= eq 9
3
V AgN O −V
3 branco
V AgN O −V
3 branco

Onde ‘nAgNO3’ representa a quantidade de matéria de nitrato de prata, ‘C NaCl’


representa a concentração, em mol/L, do titulado (solução padrão de cloreto
de sódio), ‘Vbranco’ representa o volume de nitrato de prata usado no branco
para causar uma mudança de coloração e ‘V AgNO3’ é o volume, em litros, de
titulante usado na titulação (neste caso, nitrato de prata) e ‘C AgNO3’ representa
a concentração molar do nitrato de prata.

Da eq 9 obtém-se que a concentração da solução de nitrato de prata era


de 0,05 Mol/L.

2. Quantificação de cloreto em soro fisiológico


2.1. Observações
I. Ao se adicionar algumas gotas de nitrato de prata percebeu-se a formação de
um precipitado branco. Quando se adicionou, em média, 29,10 mL de nitrato
de prata 0,05 M ao titulado, formou-se um precipitado com leve coloração
marrom-avermelhada.

2.2. Reações químicas

I. O íon prata reage com os íons cloreto e o cromato segundo as reações


abaixo:
Ag+(aq)
¿
⟶ AgCl( s )
Cl−¿ eq 1
(aq) +¿
¿
+¿
2 Ag(aq) ⟶ A g2 Cr O 4( s)
2−¿
Cr O4(aq) +¿ eq 2
¿
II. O que faz com que a solução mude de cor é a formação do cromato de prata,
que é um composto vermelho-marrom pouco solúvel em água.

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2.3. Quantificação do cloreto em soro fisiológico

I. Os volumes de solução padrão de nitrato de prata 0,1 M usado em cada uma


das titulações está descrita na tabela abaixo:
Tabela 3: titulação – argentometria
Argentometria
# Volume (mL)
1 29,10
2 29,05
3 29,15

II. O volume médio usado nas três análises foi 29,10 mL, o desvio padrão é 0,05
mL. Rearranjando a eq 9 obtemos:
C AgN O ∗(V AgN O −V )
C NaCl = 3 3 branco
eq 10
V NaCl

Usando a eq 10 calcula-se a concentração de cloreto presente na amostra


de soro fisiológico, que era de 0,15 M. Este valor deveria ter sido expresso
somente com um único algarismo significativo, porém foi expresso com 2
para não gerar um erro quando aplicado na eq 11, para o cálculo do título em
massa.

III. O soro fisiológico é vendido em concentrações medidas em percentagem em


massa. Assim sendo, se faz necessário transformar a concentração de mol/L
para título (m/m), segundo a equação abaixo
C NaCl∗M M NaCl
T ( mm )= 1000 g
x 100 eq 11

Onde ‘MMNaCl’ representa a massa molar do cloreto de sódio, que é de 58,44


g/mol [1]. Portanto a amostra de soro fisiológico que foi analisada tinha 0,9%
de cloreto (m/m).

Recomendações e Conclusões

A concentração da solução padrão de cloreto de sódio usada para padronizar o nitrato de prata era de
0,1M. A exatidão dessa concentração é muito baixa, pois possui apenas um algarismo significativo.
Como essa solução foi usada para padronizar uma outra, a solução padronizada também possui uma
exatidão baixa, o que prejudica a exatidão da análise. O ideal seria a solução padrão ter, pelo menos,
três algarismos significativos, pois os equipamentos volumétricos usados são lidos até a segunda casa
decimal, porém como se usou uma solução cuja concentração tinha apenas um digito significativo os
resultados tiveram que ser expressos apenas com um algarismo significativo, o que prejudicou a
exatidão do resultado obtido.

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Os objetivos foram alcançados com sucesso: exemplificou-se o desenvolvimento de uma volumetria de
complexação e o teor do cloreto no soro fisiológico era de 0,9%, o que está de acordo com o teor
expresso na embalagem do produto.

Referências Bibliográficas

[1] LIDE, D. R. et al, CRC Handbook of Chemistry and Physics, 85th ed., CRC Press, Boca Raton, FL
(2005).
[2] VOGEL, A. Vogel's textbook of quantitative chemical analysis. 5th. ed. London: Longman, 1989.
[3] RUSSELL, J. B. Química Geral. Vol 1. 2ª edição. São Paulo: Ed. Makron Books, 1994
[4] RUSSELL, J. B. Química Geral. Vol 2. 2ª edição. São Paulo: Ed. Makron Books, 1994

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