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Damião Nascimento
Julia Cristina
Jussara Camargo
Jorge Santos Lyra
Resumo
Com a crescente busca de métodos e materiais de construção sustentáveis no
cenário mundial, a reutilização dos rejeitos de obras tornou-se objeto de diversos
estudos. Para avaliar essa alternativa, este artigo faz a análise comparativa
daresistência a compressao axial, entre um concreto de referência, ou seja, com
agregados comumente utilizados nas centrais dosadoras e outro com substituição
de 20% de agregado graúdo de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) de
agregado reciclado de concreto (ARC), de acordo com os parâmetros estabelecidos
pelo projeto de norma da ABNT NBR 15116:2016 – Agregados reciclados de
resíduos sólidos da construção civil – Especificações. O material proveniente de
RCD utilizado no estudo de dosagem foi coletado na usina beneficiadora, Renotran,
que fica localizada na cidade de Carapicuíba no estado de São Paulo. De acordo
com as analises efetuadas e os resultados obtidos, que indicaram algumas
discrepancias em relação a norma, relativos a distribuição granulométrica, e
absorção de água, pois ambas contribuem negativamente para o aumento da
relação água cimento A/C, do consumo de cimento, da retração e da perda da
resistência do concreto. Porém mesmo diante desses resultados, o concreto
produzido com o ARC, auxiliado pelo emprego de um “simples” aditivo redutor de
água, superou todas as resistências do concreto de referência.
1 INTRODUÇÃO
2.2 Agregados
Agregados para Construção Civil são materiais granulares, sem forma e volume
definidos, de dimensões e propriedades estabelecidas para uso em obras de
engenharia civil, tais como, a pedra britada, o cascalho e as areias naturais ou
obtidas por moagem de rocha, além das argilas e dos substitutivos como resíduos
inertes reciclados, escórias de aciaria, produtos industriais, entre outros. Os
agregados são abundantes no Brasil e no mundo, podem ser naturais ou artificiais.
Os naturais são os que se encontram de forma particulada na natureza (areia,
cascalho ou pedregulho) e os artificiais são aqueles produzidos por algum processo
industrial, como as pedras britadas, areias artificiais, escórias de alto-forno e argilas
expandidas, entre outros.
A NBR 721118 fixa as características exigíveis na recepção e produção de
agregados, miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou
resultantes da britagem de rochas. Dessa forma, define areia ou agregado miúdo
como areia de origem natural ou resultante da britagem de rochas estáveis, ou a
mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT de 4,8 mm e ficam
retidos na peneira ABNT de 0,075 mm. Define ainda agregado graúdo como
pedregulho ou brita proveniente de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos
grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura nominal de 152
mm e ficam retidos na peneira ABNT de 4,8 mm. O rachão beneficiado define-se
como o material obtido diretamente do britador primário e que é retido na peneira de
76 mm.19
Figura 1 - Agregado graúdo de origem natural, popularmente conhecido como brita 1 ou pedra 1.
Figura 2 – Agregado miúdo de origem artificial, popularmente conhecido como, areia artificial, areia de
brita ou ainda como pó de pedra
contaminantes (< 1%), baixa absorção de água (< 7%) e teores controlados de finos
(< 10%).10,21
Atribuido a falta de espaço e o impacto ambiental causado por esse material
além de algumas das suas propriedades lhe conferem como material inerte para a
fabricação do concreto, foi que o ARC, também conhecido como agregado graúdo
cinza tornou-se objeto desse estudo, a figura 3 mostra o tipo desse agregado.
2.3 Cimento
O cimento é um dos produtos mais utilizados no mundo. Presente em todo
tipo de construção, da mais simples moradia até a mais complexa obra de infra-
estrutura, do início ao acabamento final. É o componente básico do concreto, que é
o material mais consumido no planeta depois da água. Por definição é um
“aglomerante hidráulico resultante da mistura homogênea de clínquer Portland,
gesso e adições normalizados que são moídos”.
A combinação do cimento com materiais de diferentes naturezas como: areia,
pedra, cal, entre outros origina na formação de argamassas e concretos. É um
produto homogêneo e com processo de produção em evolução no mundo visando
22
maior produtividade e redução de custos.
2.4 Água
A água é o material mais consumido no planeta e um elemento indispensável
a todas as formas de vida. Além disso, é um componente fundamental do concreto,
responsável pelas reações de endurecimento e usada na cura, chega representar
20% de seu volume. Portanto, se contiver substâncias danosas em teores acima dos
estabelecidos por norma, pode influenciar no seu comportamento e propriedades.
A queda de resistência, a alteração do tempo de pega, a ocorrência da
eflorescência, o aparecimento de manchas e a corrosão da armadura são os efeitos
adversos citados como os mais significativos.
Para evitar tais problemas é fundamental que a água satisfaça alguns
requisitos mínimos de qualidade, especificados pela NM 137/97: Água para
23
amassamento e cura de argamassa e concreto de cimento Portland.
Alguns requisitos devem ser respeitados, tais como: para sólidos totais é
estabelecido o valor máximo de 5000x10 -6g/cm3, o ph deve estar compreendido
entre 5,5 e 9,0, o teor máximo de ferro não deve ultrapassar a 1,0x10 -6 g/cm³.
Além disso, a norma estabelece requisitos químicos para o próprio concreto,
considerando o aporte de sulfatos e cloretos trazidos pela água, pelos agregados,
aditivos químicos, adições e cimento.
O teor de sulfatos solúveis é limitado em 2000x10 -6g/cm³, já para cloretos
solúveis são especificados valores de acordo com o tipo da estrutura. No caso do
concreto simples 2000x10-6g/cm³, concreto armado 700x10-6g/cm3, e para o concreto
protendido 500x10-6g/cm³.24
2.5 Aditivo
Os aditivos, que não estavam presentes nos primeiros passos do
desenvolvimento do concreto, hoje são figuras de fundamental importância para sua
composição. Há quem diga que eles são o quarto elemento da família composta por
cimento, água e agregados e que sua utilização é diretamente proporcional à
necessidade de se obter concretos com características especiais.
Eles têm a capacidade de alterar propriedades do concreto em estado fresco
ou endurecido e apesar de estarem divididos em várias categorias, os aditivos
carregam em si dois objetivos fundamentais, o de ampliar as qualidades de um
concreto, ou de minimizar seus pontos fracos.
Fonte: 26,27
2.6 Concreto
3 METODOLOGIA
Limites da norma
Ensaios Analisados Resultados obtidos no ensaio
NBR 7211:2005
Distribuição granulométrica
– NBR 248:2003 Zona inferior utilizável varia
1,31 e 1,20 mm
(módulo de finura e de 1,55 a 2,20
dimensão máxima)
Impurezas orgânicas Solução mais clara que a
Mais clara que a padrão
NBR 49:2001 (<300 ppm) padrão
Absorção de água
--------------- 0,4%
NBR 30:2001 ¹
Material pulverulento
3,00% 1,1%
NBR 46: 2003 ²
Massa específica NBR
--------------- 2,66 g/cm3
52:2009 ¹
Tabela 3– Principais propriedades físicas do agregado miúdo, de origem artificial, analisadas para o
estudo de dosagem.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A composição granulométrica é a característica dos tamanhos dos grãos que
compõe os agregados. Através da composição granulométrica pode-se definir o
módulo de finura e a dimensão máxima característica que corresponde à abertura
70
60
50
40
30
20
10
0
0,15 0,3 0,6 1,18 2,36 4,75 6,3 9,5
Abertura de Peneira (mm)
Ensaio
Limite superior Ótima
Limite inferior Zona Utilizável
Limite Superior Ótima
Limite inferior Zona utilizável
90
80
Massa Retida Acumulada %
70
60
50
40
30
20
10
0
0,15 0,3 0,6 1,18 2,36 4,75 6,3 9,5
Abertura de Peneira (mm)
Ensaio
Limite superior Zona Ótima
Limite inferior Zona Utilizável
Limite superior Zona Ótima
Limite inferior Zona Utilizável
100
90
80
Massa retida acumulada %
70
60
50
40
30
20
10
0
4,75 6,3 9,5 12,5 19 25
Abertura de Peneira (mm)
Ensaio
Limite inferior
Limite superior
100
90
80
Massa retida acumulada %
70
60
50
40
30
20
10
0
4,75 6,3 9,5 12,5 19 25
Abertura da Peneira (mm)
Ensaio
Limite inferior
Limite superior
4.3 Dosagens
4.3.3 Dosagem com substituição de 20% de resíduo cinza graúdo mais adição de
aditivo
Cimento 320 1 6
Areia 01 296 0,925 5,55
Areia 02 444 1,388 8,328
Brita 01
1148 2,87 17,22
(80%)
R. Cinza
229,6 0,718 4,308
(20%)
Água 231 0,72 3,97
Aditivo 2,24 0,007 0,042
4.3.4 Resultados Obtidos com 20% de resíduo cinza graúdo mais adição aditivo
Foi determinados também a resistência dos corpos de prova de concreto com
resíduo cinza graúdo com substituição de 20% de RCD, e os valores obtidos podem
ser observados na tabela 9.
Com base nos resultados das duas moldagens, conforme a (tabela 7 e 9),
verifica-se que para o concreto de agregado natural com relação A/C = 0,66, com
resistência a compressão máxima de 28 dias está em torno de 28,2 MPa, e para o
concreto de agregado reciclado apresentaram à mesma relação A/C = 0,66,
chegando em uma resistência a compressão máxima de 28,5 MPa. Esse
comportamento ocorreu independe do tipo de agregado utilizado e, portando, nota-
se que é possível diminuir a relação A/C do concreto do agregado reciclado, se
aproximando do concreto de referência. É possível notar-se também que a
resistência a compressão do concreto reciclado obteve-se uma maior resistência do
que o do agregado de referência.
5. CONCLUSÃO
25
21.9
21.2
20
Resistência em MPA
16.8
15 14
10
0
3 7 28
Idade (dias)
Com base nos resultados obtidos neste estudo, e nas diversas pesquisas
efetuadas, pode se atribuir o uso do aditivo redutor de água, devido ao resultado
obtido do ensaio de absorção de água para o agregado graúdo de RCD, utilizado
para o estudo de dosagem, possuir um alto grau de absorção, que chegou até a
superar o limite prescrito pela NBR 7211:2005.
Cabe salientar que, este estudo tem caráter técnico cientifico, e que diversos
outros ensaios e métodos de desenvolvimento e dosagens poderão se fazer
necessários para um melhor embasamento e entendimento a respeito de como
estes materiais (RCD), podem se comportar sob as mais diversas solicitações
estruturais, e, perante as demais classes de agressividade ambiental, mas para isso
se tornar realidade faz se necessários mais argumentos e pesquisas como a deste
artigo cientifico, para podermos impulsionar os órgãos competentes quanto a
elaboração de leis que regulamentem essas ações.
Referências