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CRIPTOMOEDAS
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
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Há situações de grande estresse laboral, cognitivo e psicológico para
alguns administradores de empresa, quando no ar se espalha o clima
característico de alguma inovação tecnológica que está sendo posta em prática.
O administrador fica entre a cruz e a caldeirinha, considerando esses extremos
como aqueles definidos em qualquer dicionário de expressões, que diz que tal
condição equivale a se estar em grande risco ou indecisão, ou seja, em uma
situação que muitos não desejam, retirados que são de sua zona de conforto.
Tudo piora quando a inovação é tecnológica e, principalmente, é tida
como disruptiva ou exponencial, situação em que se cessa toda essa zona de
conforto dos envolvidos nos processos de inovação, quando postos em
andamento. A situação pode piorar ainda mais, quando essa tecnologia trata de
assuntos que exigem elevado nível de abstração e efetivação do pensamento
crítico, em todos os momentos. Essa pode ser considerada a situação da
implantação da tecnologia blockchain, nas empresas.
O nível de complexidade de assuntos referentes à criptocurrency, que
você teve oportunidade de aprender anteriormente, não deixa que essa
realidade passe desapercebida. Há um grande estresse, em diversos aspectos,
e isso exige que a conceituação básica da atividade blockchain seja
compreendida pelos alunos, para que possam atuar na perspectiva de uma nova
economia: a economia 2.0.
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surgimento de inúmeros escritórios de contabilidade: o processamento da
contabilidade digital. Foram três décadas de inovações constantes.
Se você está iniciando agora os seus estudos sobre a tecnologia
blockchain e não teve nenhuma experiência anterior com a contabilidade de sua
empresa, em nenhuma das inúmeras portas de entrada para essa área do
conhecimento, deve estar se perguntando: por que iniciar o estudo do blockchain
pelo estudo da contabilidade digital? Para muitos, aí é que reside o pulo do gato,
fato este que deve ser destacado, por ser algo palpável para a maioria das
pessoas, o que não necessariamente ocorre com a tecnologia blockchain.
Algumas pessoas, principalmente aquelas que acompanharam a
evolução dos sistemas contábeis nas empresas, nas três décadas passadas,
compreendem que é possível aceitar a proposição de que, no blockchain, tudo
começou na evolução dos sistemas contábeis das empresas, nos quais
aconteciam todas as transações financeiras das empresas. Não poderia haver
lugar melhor para que sua evolução fosse efetivada, o que realmente deu a
sustentação teórica, no início dos trabalhos, à tecnologia blockchain, que ainda
estava titubeante, em seus passos iniciais.
Primeira consideração: empresas com bons sistemas de contabilidade
podem desenvolver uma proposta de maior força e valor, para atendimento de
seus clientes. Algo não muito fácil de deglutir para aqueles que não conviveram
com tais sistemas e perceberam, na sua evolução, a ocorrência de tal fato, a
ponto de ele ser galgado a um posto de destacada estratégia empresarial.
Segunda consideração: a evolução dos sistemas contábeis muniu as
empresas de práticas associadas à tecnologia que as levaram a um elevado
nível de automação, com chance de oferta de todas as necessidades no tempo
mais rápido possível, sem esquecer de garantir segurança e economia.
Terceira consideração: a utilização da inteligência artificial chegou para
dar uma guinada nos sistemas de gerenciamento contábil, o que os levou à
adoção da conceituação do blockchain com o advento da economia 2.0,
anteriormente referenciada.
Quarta consideração: os sistemas contábeis são, de forma definitiva,
inseridos no mundo das transações on-line. As transações on-line podem então
ser desenvolvidas de forma rápida, segura e descomplicada, com afastamento
dos riscos a que as empresas estão sujeitas devido à possibilidade de má gestão
de seus bancos particulares e com destaque para o banco central, riscos que
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podem paralisar uma escalada progressista, em países em desenvolvimento,
situação que o nosso país ainda insiste em ostentar.
Essa sucessão de considerações foi, paulatinamente, colocando os
sistemas contábeis em uma situação de destaque e, dessa forma, como
consequência direta, é neles que se estabelece o nascedouro da metodologia
blockchain, com o surgimento inicial das moedas digitais. A criação das moedas
digitais oferece a implantação de uma estrutura de dados que representa,
exatamente, o que os sistemas de contabilidade fazem, com o registro digital de
uma transação digitalmente assinada, que garante autenticidade e eliminação
das adulterações possíveis em sistemas tradicionais.
Essas transações são reunidas como uma lista crescente de registros que
são chamados de blocos, razão da origem do nome, quando se considera um
encadeamento desenvolvido pelo sistema e que cria relações que levam para os
níveis gerenciais a capacidade de uma tomada de decisões mais acertada, por
estar apoiada em um grande volume de dados que, após sua modificação, são
transformados em informações de elevado valor.
Tudo fica mais claro quando podemos observar uma análise sobre o
blockchain apresentada na revista Harvard Businness Review (HBR):
<https://hbr.org/2017/01/the-truth-about-blockchain> (Iansiti; Lakhani, 2017). No
artigo indicado, é possível observar que as transações financeiras que
acontecem nas empresas representam um conceito similar ao de um livro razão
aberto e distribuído que pode gravar as transações entre as partes envolvidas,
de forma eficiente, verificável e permanente (Iansiti; Lakhany, 2017). Para
utilização dos blocos que identificam as transações financeiras desenvolvidas
pela empresa, é necessário compreender a visão do processo como uma
atividade de gerenciamento desenvolvida com a concorrência de uma rede peer-
to-peer (P2P), tomada ponto a ponto. As estruturas físicas criadas não mais
permitem que blocos registrados possam ser alterados retroativamente, sem que
todos os blocos subsequentes sejam alterados. É uma questão de integridade
referencial que garante a estabilidade da rede de suporte.
O que acabamos de referenciar equivale a um sistema de computação
que, além de altamente distribuído, apresenta alta tolerância a falhas. Esse fato
faz com que a conceituação do blockchain saia do domínio das transações
financeiras para a gravação, por exemplo, de eventos e registros médicos, de
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transações imobiliárias e outras atividades, o que explica a evolução do conceito
e a amplificação de sua utilização, nos próximos anos.
Dessa forma, retornando ao mundo da contabilidade gerencial digital, é
fácil compreender porque tais sistemas ganham força e estão para se
transformar em um fenômeno similar ao próprio surgimento da internet, ainda
que mantidas as devidas proporções. De forma similar, o blockchain pode, como
tecnologia exponencial e disruptiva, criar aplicativos que fornecem, embutida, a
capacidade de mudar a maneira como fazemos nossos negócios e processamos
nossos dados, resultantes de atividades de big data (data mining e data
warehouse). Tais atividades estão aliadas ao surgimento de uma nova profissão:
a de analista de dados, profissão que já surge com elevadas remunerações, de
forma concordante com a elevada capacidade de acompanhamento preditivo,
retirado de um altíssimo volume de dados a serem transformados em
informações úteis para os setores estratégicos das empresas.
A primeira constatação, após a captação do real significado do que é o
blockchain, é que essa tecnologia, quando direcionada a um sentido de garantia
de segurança, integridade e privacidade, remove a necessidade de que as
transações financeiras das empresas sejam processadas por uma instituição
financeira, privada ou pública. Os próprios bancos podem utilizar essa
tecnologia, concorrente em seus serviços, de modo a obter maior economia e
rapidez em suas transações.
A própria Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apresentou, em
2017, seminário de orientação para que os bancos pudessem utilizar, de forma
mais confiável, essa nova tecnologia emergente, de alto potencial disruptivo e
exponencial. A orientação é para o compartilhamento de dados, inicialmente dos
bancos Bradesco, Itaú Unibanco e B3, em uma plataforma blockchain. Essa é
uma situação que revela a força dessa tecnologia inovadora.
Atualmente, os telefones celulares inteligentes (smartphones) e, em um
futuro próximo, nossos relógios, também já transformados em telefones e
captadores de dados pessoais, terão películas que contenham dados
compartilhados de um cliente com diferentes bancos. Dessa forma, o
processamento de transferências, pagamentos e outras atividades poderão ser
desenvolvidas em tempo real, não importa o horário ou localidade na qual a
pessoa se encontra.
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É a contabilidade digital em foco, que carrega na criação de livros fiscais
compartilhados o registro da vida financeira das pessoas. É uma visão que
supera os sistemas contábeis, vistos apenas como mantenedores de registros
de transações, passando a conter a vida pessoal, com os dados que cada cliente
permitir, registrada nesse conjunto de livros. Esses livros podem ser acessados
em tempo real, com as informações registradas sendo colocadas imediatamente
à disposição de todos os participantes dos consórcios que serão criados.
Dessa forma, podemos finalmente entender a razão pela qual iniciamos
nossa apresentação da tecnologia blockchain, assemelhando suas transações
àquelas efetuadas nos livros fiscais dos sistemas de contabilidade. Assim, um
blockchain pode ser considerado como um livro de contas distribuído,
descentralizado e que permite que as informações autorizadas se tornem
visíveis, mas não copiadas, alteradas ou excluídas, ações estas privativas dos
sistemas de informação que dão sustentação às plataformas criadas.
O desenvolvimento de transações em tempo real também pode ser
considerado como um dos pontos que deram destaque ao processo blockchain.
Quando fazemos um exercício de futurologia e enxergamos os sistemas fiscais,
contábeis, de contas a receber e contas a pagar, buscando todas as transações
financeiras e comerciais das pessoas e das empresas, por meio desse novo
protocolo blockchain, fica patente a importância e o tamanho das modificações
nas formas de desenvolver os negócios, sob o guarda-chuva da economia 2.0.
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não estão muito acostumadas a trabalhar em situações de risco como aquela
representada pelo investimento de valores em condições de insegurança.
Os donos do capital reagem de forma a aplicar, de forma um tanto afoita,
todos os elementos componentes de sua proposta inicial, grandemente ampliada
e em mudança constante, com o surgimento de novas plataformas de trabalho.
A sucessão das novidades não pode, porém, retirar as pessoas da consciência
da necessidade de saber quais razões geraram essa nova tecnologia, à luz dos
novos fatos sociais.
Kim e Mauborgne (2005) propugnam, na proposta do oceano azul, efetivar
com maior ênfase o investimento em inovação, isso contraposto a uma situação
de apenas se melhorar o que os outros já fizeram. Essa é uma das propostas
que encontra maior eco em mentes inovadoras, mas ainda encontra resistência
devido a uma falta de iniciativa e criatividade, apresentada por muitas pessoas.
A tecnologia blockchain pode ser considerada como um exemplo dessa
proposição: é preciso investir na criação de coisas novas, ao invés de
simplesmente se estacionar na tentativa de melhorar o que já existe, que
equivale a fazer mais do mesmo, um dos ditados mais aplicáveis a muitas
situações da vida administrativa, na atualidade.
Dessa forma, essa nova tecnologia tem um início inovador, com a
proposta de realmente estabelecer uma nova forma de economia, capaz de dar
elevado nível de criatividade às iniciativas desenvolvidas na área. De acordo com
estudos desenvolvidos para a Harvard Businness Review pelos pesquisadores
Iansiti e Lakhani (2017), é possível estabelecer alguns destaques que facilitam
uma maior compreensão do que é essa nova tecnologia. A complexidade do
assunto recomenda a leitura do texto completo, que pode ser encontrado em
<https://hbr.org/2017/01/the-truth-about-blockchain>, mas cujo resumo aí segue
(Iansiti; Lakhani, 2017):
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mais chaves e caracterizados por metadados elucidativos de seu
propósito. Tais elementos são compartilhados, protegidos contra acessos
não autorizados, com a garantia de acesso e segurança, privacidade e
resguardo contra acessos não autorizados.
• Em seu limite, essa proposta torna desnecessária a intermediação de
advogados, corretores e banqueiros. Indivíduos, organizações e
máquinas seriam identificados com o uso de algoritmos. Essa última
consideração é que dá o poder e força que o uso do blockchain pode
apresentar.
• Essa tecnologia ainda não “decolou”, mas está em manobras constantes
no pátio de decolagem, apenas esperando mudanças que se fazem
necessárias no que diz respeito ao bloqueio que resiste à quebra de
muitas barreiras tecnológicas, de governança eletrônica, estatal e social,
ainda não efetivada devido a um elevado receio, em relação a situações
de risco que um mercado apoiado na economia 2.0 pode apresentar aos
olhos de pesquisadores menos experimentados.
• Para os autores, essa situação é passageira e deve ser vencida pelo alto
potencial que a tecnologia apresenta de criar um novo sistema social e
econômico, com intervenção da internet, suporte para o qual convergem
todas as apostas de inovações futuras.
• Apesar de toda a sua força, os autores consideram que a implantação
disseminada do blockchain, se realmente vier a ocorrer, deve acontecer
via um processo de adoção lento e gradual, que irá se desenvolver de
forma constante, sem saltos quânticos que possam romper de forma
irrecuperável com estruturas que, embora não sejam modernas, ainda
dão sustentação ao mercado atual.
• A base de tudo teve início na tecnologia TCP/IP, um protocolo de
recepção e envio que permite a disseminação de pacotes em um nível
global, com desmonte e reagrupamento de dados, de acordo com as
necessidades presentes em um determinado momento – leia mais sobre
o assunto em: <https://www.tecmundo.com.br/o-que-e/780-o-que-e-tcp-
ip-.htm> (Martins, 2012).
• Com a evolução da utilização desse tipo de processo de comunicação, foi
possível atingir um nível de conectividade de baixo custo, que
revolucionou os negócios on-line. Os autores citam o exemplo da
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Amazon, que vendeu mais livros que qualquer livraria existente.
Mencionam ainda as experiências da Priceline e da Expédia na revenda
de passagens, que se demonstram ser objeto de estudos de caso, para
facilitar a melhor compreensão do que representa a economia 2.0 e a
nomeação desse fenômeno como blockchain.
• Para os sistemas de provisão complexos, que exigem estratégias de
distribuição inovadoras, essa tecnologia representou a porta de entrada
no paraíso da simplificação dos negócios desenvolvidos on-line, com o
estabelecimento de uma nova logística de operações.
• Para os autores, pode também ser citada como destaque a configuração
do blockchain como uma nova arquitetura peer-to-peer (P2P) que enseja,
então, a criação das moedas digitais e que impulsiona o uso dessa
tecnologia, como ainda vemos na atualidade, de forma lenta e receosa,
mas com a certeza de que as mudanças, se realmente vierem a ocorrer,
irão modificar e de forma profunda o mundo dos negócios.
• Os softwares que movimentam toda a estrutura blockchain são
desenvolvidos via sistemas abertos e distribuídos por equipes de
voluntários que mantêm o software principal ativo e funcional,
identificando uma comunidade que, ainda que pequena, se mostra
altamente ativa na divulgação e aplainamento do caminho cheio de
obstáculos que essa tecnologia deve encontrar.
• Outro aspecto importante é a queda do custo, não somente do
armazenamento em grande escala, mas também do valor do montante
transmitido – as conexões chegam a valores próximos da gratuidade, já
aplicada em alguns casos em que o retorno financeiro o justifique.
• O registro e a manutenção de registros de tudo o que uma organização
fez em termos de ações passadas, presentes dão uma visão de como ela
desenvolve seus trabalhos e de como são mantidas as suas relações com
o mundo fora das quatro paredes de sua presença física, que pode ser
em qualquer localidade que apresente condições de baixo custo, com
todos os serviços necessários. Esse processo de desterritorialização já
preocupou muitos sociólogos, a ponto de Castells (2015 citado por
Fontes, 2015) afirmar que as novas formas de comunicação em rede
estão revitalizando a democracia.
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• Em um sistema blockchain, o que se denomina como livro-razão se
multiplica e duplica-se em múltiplas bases de dados, com atualização
simultânea de todas as cópias, caso uma seja modificada (integridade
referencial), o que, além de dar acesso, garante a veracidade da
informação obtida.
• Os autores fecham o estudo aqui resumido com a consideração de que
não é somente no desenvolvimento das criptomoedas que tal tecnologia
deve ser enxergada e que a visão dos usuários sobre sua força e potencial
transformador deve ser aberta e aceitar inovações que, apesar de retirar
a pessoa de sua zona de conforto, pode lhe dar assentos mais
confortáveis, rumo à inovação de tecnologias que envolvem a
organização em seus setores organizacionais e financeiros (Iansiti;
Lakhani, 2017).
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TEMA 3 – BLOCKCHAIN DAS COISAS
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Da mesma forma, é possível uma definição minimalista da tecnologia
blockchain, quando se pontua que ela representa um sistema computacional que
é encriptado, distribuido e projetado para oferecer resultados desejados, não
importam quais, em tempo real.
Quando os objetos dessas definições colidem, como aconteceu na
prática, é possível se enxergar a possibilidade de intervenção de uma nova
inteligência, a inteligência artificial (IA), de forma a se criar métodos seguros,
verificáveis e permanentes de registrar dados produzidos por máquinas
inteligentes – ver a conceituação de machine learning, neste endereço:
<https://www.sas.com/pt_br/insights/analytics/machine-learning.html>, para
compreendê-la melhor (SAS, [S.d.]).
Fica estabelecida a criação de uma grande rede de dispositivos que
estarão interligados fornecendo a capacidade de se interagir com o ecossistema
local e tomar decisões sem qualquer intervenção humana. O aprofundamento de
tal conceituação ainda encontra resistências a ponto de a IA ter sido dividida em
hard IA e soft IA ou inteligência artificial dura (que considera possível máquinas
tomarem decisões tais quais os seres humanos) e inteligência artificial mole (que
considera ser somente possível, para as máquinas, obter inferência com base
em fatores registrados por operadores humanos, com uma capacidade de
processamento altamente diferenciada, mas que não lhes confere a
possibilidade de desenvolver pensamento e tomar decisões humanas).
O Instituto Gardner (2017), acostumado a produzir estatísticas com
megavalores relacionados, aponta que, no ano de 2017, o mundo já tinha 8,4
trilhões de dispositivos IoT (dados registrados no TI Inside Online:
<http://tiinside.com.br/tiinside/home/internet/17/02/2017/gartner-estima-que-84-
bilhoes-de-coisas-conectadas-estarao-em-uso-em-2017/>), número que poderá
exceder 20 bilhões antes do ano de 2020 (Gartner, 2017). Para 2030 são
previstos mais de 500 bilhões de dispositivos interligados e operando. São
números assustadores. Assusta ainda mais o volume de lixo eletrônico
produzido pela elevada velocidade de obsolêscencia observada na área
tecnológica.
Como será viver em um “mundo inteligente” é um problema que domina o
pensamento de filósofos e sociólogos, que não enxergam como possível a
submissão do ser humano às máquinas, como postulam algumas visões
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apocalípticas do futuro próximo. É algo que é, inclusive, difícil de imaginar na
escala de números que são divulgados nas pesquisas.
Antes de estar definitivamente implantada, essa nova tecnologia
resultante da união entre a Iot e o blockchain, criando a BoT, gera um medo real,
representado pelo que aconteceria com algum fracasso no ecossistema IoT.
Esse acontecimento poderia expor ao público imagens dos múltiplos dispositivos
de casas inteligentes, oferecendo detalhes da vida íntima das pessoas. A visão
de um “fogão assassino”, controlado à distância por alguma mente maligna,
revela uma realidade prevista nos livros escritos por Stephen King, que enxerga
nas pessoas as capacidades de criarem um terror psicológico desenvolvido à
distância.
As falhas de segurança que poderiam estar presentes nas áreas de
autenticação, conexão e transação (os pontos frágeis da IoT e,
consequentemente, da BoT) levariam, em hipótese, as comunicações humanas
a uma situação de caos incontrolável. A BoT revela uma esperança de
diminuição desse risco, ao criar camadas auxiliares de controle, que atuam como
um diferencial de segurança.
Assim, a autossuperintendência da rede blockchain é adicionada à
tecnologia IoT, possibilitando diminuir as chances de um risco tecnológico
iminente. A inclusão de uma ou mais camadas de chaves privadas procura
garantir uma situação de estabilidade. O problema é similar ao encontrado na
computação em nuvem, com a descentralização do controle proporcionando
situações similares de ameaça ao ecossistema administrativo.
Ainda há bloqueios tecnológicos que devem ser superados, com a
evolução do casamento entre o blockchain e a IoT e, apesar da visão de
perspectivas nada agradáveis, mais centradas na utilização da IA, a BoT é um
campo que deve sofrer diversas inovações, sendo as principais aquelas relativas
à segurança e integridade dos dados.
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TEMA 4 – ECONOMIA BLOCKCHAIN
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Tabela 1 – Lista das 10 maiores moedas virtuais no item mercado de
capitalização em bilhões de dólares
Monero 288.680.590,11
8 281.151.645,00
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No início da utilização daquela tecnologia, os estudos foram
desenvolvidos na área financeira, mas aos poucos sua evolução levou-os para
outras áreas. Pires (2017) pondera a existência de críticas acerbas que
consideram que as criptomoedas servem a propósitos neoliberais, em sua
vertente de resguardo e desregulamentação das transações financeiras. A
questão social e política é uma constante, nessa área do conhecimento.
De uma forma geral, é possível considerar que a tecnologia do blockchain
atende ao propósito de se evitar o controle de órgãos reguladores (dos bancos
centrais é o exemplo mais fácil de compreender) ou de monopólios criados
durante o desenvolvimento de transações financeiras. Estes direcionam as
ações dos participantes de iniciativas de resguardo de capital nem sempre com
o propósito de atender a interesses de empresas ou indivíduos.
A tecnologia de registro permanente tem como destaque a proposta da
descentralização das localidades de armazenamento de informações, como uma
medida de segurança. É exatamente nesse ponto que o blockchain ganha
destaque em outras áreas do conhecimento e abandona seu nicho, sendo
considerada a sua aplicação em outras áreas.
O que muitos defensores do fator social consideram uma massificação –
a globalização – se mostra na base das mudanças de foco que levam o
blockchain a ser considerado em outros campos de atuação, oferecendo
desafios para a business intelligence (BI). A globalização desenvolvida sem
interferências de órgãos estatais ou de monopólios se mostra interessante em
todos os campos do conhecimento.
Tapscott (2018 citado por Crisóstomo, 2018), tido como um dos maiores
estrategistas empresariais no mercado digital, afirma que, aos poucos, muitas
empresas passam a levar em consideração a importância do uso dessa nova
tecnologia. A evolução ainda esbarra na falta de confiança em aspectos de
segurança digital.
A perspectiva de utilização do blockchain, como apresentado, permite
antever a possibilidade de surgimento de uma nova economia digital que pode
envolver diferentes instâncias no espectro social, tais como: iniciativas culturais,
esportivas, de entretenimento e outras.
A base da confiança que garante a preservação digital está não mais na
credibilidade de intermediários, mas no uso da criptografia e de programas de
software que acabam por receber, como disposto por Tapscott (2018 citado por
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Crisóstomo, 2018), o apelido de protocolo da confiança. O estrategista considera
que a utilização daquela tecnologia cria novos empregos e abre portas para o
aumento da empregabilidade dos profissionais de tecnologia da informação (TI),
além de gerar lucros para as partes envolvidas. A dispensa de intermediários
propicia uma inaudita confiança.
Um exemplo que pode ser citado diz respeito ao uso da tecnologia
blockchain para preservação do patrimônio cultural. Em julho de 2018, foi
registrada uma patente que tem como base o uso do blockchain. Veja o texto
completo da reportagem sobre o assunto em:
<https://criptoeconomia.com.br/cientistas-recorrem-a-tecnologia-blockchain-
para-preservacao-do-patrimonio-cultural/> (Marinho, 2018).
Com o uso dessa tecnologia, seriam guardadas versões digitais de
objetos culturalmente importantes, com base em um sistema descentralizado.
Os modelos seriam criados com uso de computação 3D.
A plataforma assim criada seria, após um tempo, transformada em uma
plataforma pública. Os professores autores da proposta, conforme Marinho
(2018), consideram, então, que, com o uso do blockchain, a identificação digital
de cada patrimônio cultural pode ser transferida entre diferentes partes a custos
mais baixos e com maior eficiência, com ampliação dos valores econômicos e
sociais de diferentes culturas.
Essa e outras experiências representam um crescimento que possibilita a
criação de fintechs. Tratam-se estas de pequenas empresas startups que têm
como objetivo a criação de novos negócios para o mercado financeiro digital,
que por sua vez almeja, de modo declarado, superar os negócios do mercado
financeiro tradicional, considerados na atualidade como obsoletos e controlados
pelos governos.
Silva (2016), um profissional inovation manager da Sonda, uma das
empresas que têm representatividade na área da economia digital, afirma com
todas as letras que não há como deter a economia digital. Em seus artigos, ele
cita e apresenta um exemplo que vamos apresentar agora para o leitor, como
forma de tornar mais claro o que se pode explicar por economia digital.
O colunista da Saga considera que “[...] é comum que precisemos
confirmar e transferir propriedades, realizar registros públicos e privados, fazer
acessos físicos ou digitais e até mesmo coisas intangíveis como registrar
marcas, patentes, reserva de domínios etc.” (Silva, 2016). O autor aproveita essa
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condição para ilustrar o conceito de economia blockchain de forma menos
abstrata e mais ligada ao dia a dia das pessoas.
O autor continua sua análise:
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Michael Pereira de Lira (2013), que propõe que os estudos sejam introduzidos
se considerando o termo compliance com o significado de “[...] agir de acordo
com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido, ou seja, [...]
estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos”.
Poderíamos parar por aqui e passar para o estudo do relacionamento
entre a tecnologia blockchain e a conformidade assinalada pelo especialista
citado (Lira, 2013), mas não vamos agir dessa forma. Consideramos, aqui, que
essa definição não nos dá a dimensão do significado do termo.
A conformidade deve ser mantida e isso somente ocorre se a empresa
atende a todos os normativos de órgãos e entidades reguladoras. O assunto cai
diretamente no colo dos setores jurídicos, com pessoas altamente capacitadas
para tornar complexas coisas que poderiam ser explicadas de forma mais
simplificada, em virtude dos termos legais e do uso de um linguajar altamente
complexo para o comum dos mortais.
Até pouco tempo, o compliance não incluía processos desenvolvidos pela
empresa. Essa mudança de atitude cria a necessidade de que haja um processo
de mapeamento desses elementos e inserção, nas atividades, de uma proposta
de gestão diferenciada, o que aumenta o volume de trabalho, que somente será
diminuído com a tecnologia blockchain, conforme veremos adiante.
A transparência que os mercados passam a exigir, com o advento das
redes sociais, abrange, nesse volume de trabalho, dados e metadados que
mostrem e comprovem, para o mercado, que as organizações estão adotando
boas práticas (o investimento no meio ambiente é uma das exigências propostas,
o que, por exemplo, tornou e ainda garante a marca Boticário como uma das
líderes em seu mercado, hoje com franquias espalhadas por todo o território
nacional). Isso exige a compliance da empresa, diante do mercado.
Após essa introdução, que facilita a compreensão das vantagens da
inserção da tecnologia blockchain num processo, podemos considerar o que, no
mercado, se convencionou denominar natural compliance. Para atender ao
aumento natural do volume de trabalho, a responsabilidade única é retirada do
setor jurídico, que agora passa a dividi-la com um profissional que trata de
auditar os processos da empresa no que diz respeito aos seus controles internos,
atuando na linha de ação de uma consultoria, que pode ser interna ou
terceirizada, em tempos de aumento do outsourcing, em todas as áreas.
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Seguindo essa linha de raciocínio, uma empresa que atende a questões
de compliance, em um aspecto geral, pode assumir um papel diferenciado, caso
altere a forma de agir de maneira a conseguir cumprir esse objetivo. A partir daí,
ela pode ser considerada como uma empresa apoiada no blockchain, se adotar
as propostas mencionadas nos temas anteriores e efetivar uma proposta de
utilizar essa tecnologia de forma extensiva e intensiva.
Com a tecnologia blockchain, a empresa pode encaminhar a divulgação
de seus trabalhos e procedimentos como foi descrito nos tópicos anteriores.
Ganha a empresa e ganham agilidade e transparência as atividades de
compliance que nela são desenvolvidas e assim, consequentemente os
trabalhos desenvolvidos no dia a dia da empresa.
Dessa forma, fica mais fácil compreender a adoção da tecnologia
blockchain, que pode tornar o trabalho da empresa complacente e amigável à
regulamentação externa local e internacional. O principal ganho é o atendimento
ao aumento de uma tendência reguladora, tanto nos mercados nacionais, quanto
nos mercados internacionais.
Quando essa observação é aliada ao processo tecnológico, com evolução
imprevisível e também às mudanças sociais que estão em andamento como
consequência direta dessa evolução, tal sinergia poderá ocasionar resultados
inesperados. É nesse contexto que a tecnologia blockchain desperta para uma
nova década promissora, mas sem que qualquer previsão permita uma análise
de até onde será possível chegar.
A necessidade de agilidade, redução de custos e atendimento de
requisitos nacionais e internacionais de compliance atuam então como um
potente motor, que poderá arcar com todas as informações financeiras da
empresa, em um mercado regulador por excelência. O aumento da eficiência
das operações de retaguarda pode levar a empresa a uma liderança, à
vanguarda dos negócios desenvolvidos em ambientes digitais.
Analistas preveem que a nomenclatura ecossistema financeiro 2.0 (ou
simplesmente economia 2.0) deve dominar o panorama. O chamado livro-razão
distribuído, como tratado no início dos estudos dessa tecnologia, talvez venha a
ser um dos principais colaboradores para eliminação de grande parte da
influência de elementos externos nas transações financeiras das empresas.
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Ao dificultar a ação de hackers e crackers, o livro-razão distribuído gera
uma maior segurança para a empresa. Ela pode chegar cada vez mais perto da
segurança total que muitos consideram não existir.
Uma nova sigla é levada para um mercado já cheio delas: DLT, do inglês
distributed leger technology. Ela representa uma tecnologia que pode
transformar de forma significativa a infraestrutura dos serviços financeiros.
Pesquisadores mais otimistas consideram que esse elemento oferece
uma oportunidade para reconstrução de processos financeiros, de forma mais
simples e inovadora por excelência. É uma proposta que reúne em um único
pacote: conciliação interna e externa; gestão de liquidez da empresa, com sua
divulgação externa e; o compliance regulatório (natural compliance).
Com o DLT se reafirma a economia 2.0. Após as considerações efetivadas
até o momento, sua compreensão deve estar mais facilitada, abandonando o
tratamento restrito da ideia de blockchain como algo relacionado apenas às
criptomoedas.
A tecnologia é considerada como a inovação disruptiva desenvolvida no
sistema financeiro. Seus serviços têm uma utilização crescente pelas empresas,
em todos os níveis.
O DLT cria uma nova área de estudos e abre novas frentes de trabalho
para economistas que tenham conhecimentos básicos de informática e para
técnicos de informática que tenham conhecimentos básicos sobre fundamentos
financeiros. É uma nova linha de ação para a qual são poucos os estudos e
obras.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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MARTINS, E. O que é TCP/IP? Tecmundo, 29 maio 2012. Disponível em:
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