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Junho/2011

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO

MANUAL DE ROTINAS E PROCEDIMENTOS DAS UNIDADES JUDICIÁRIAS DE 1º GRAU

Recife, junho/2011
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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco

CONVÊNIO N.º 095/2010 QUE ENTRE SI CELEBRAM O TRIBUNAL


DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO (TJPE) E A ESCOLA
SUPERIOR DE MAGISTRATURA (ESMAPE).

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO, com sede à Praça da


República, s/n, bairro de Santo Antônio, nesta cidade do Recife, inscrito no CNPJ/MF sob o
n.º 11.431.327/001-34, representado pelo seu Presidente, Desembargador José Fernandes
de Lemos, doravante denominado simplesmente Tribunal, e a ESCOLA SUPERIOR DE
MAGISTRATURA DE PERNAMBUCO DESEMBARGADOR CLÁUDIO AMÉRICO DE
MIRANDA, denominada simplesmente ESMAPE, instituição inscrita no CGC/MF sob o nº
12.586.830/001-21, neste ato representada pelo seu Diretor, Desembargador Leopoldo de
Arruda Raposo, ajustam entre si a celebração do presente convênio, o qual reger-se-á pela
legislação de direito administrativo e pela Lei n.º 8.666/93, no que couber, com fundamento
no art. 116, art. 2º, VI da Resolução n.º 03/2001 (RI/ESMAPE) c/c art. 37, caput, da
constituição Federal, conforme processo administrativo de RP n.º /10 (n.º 0641/2010-CJ),
mediante as seguintes cláusulas e condições para atendimento da Meta nº 5/2010, do
Conselho Nacional de Justiça:

CLÁUSULA PRIMEIRA - DAS FINALIDADES


Constitui objeto do presente convênio a conjugação de ações integradas e harmônicas
dos partícipes, no sentido de contemplar e impulsionar todas as iniciativas que impliquem na
viabilização da formatação e edição de atividades e instrumentos técnico-científicos
necessários para a plena implementação da Meta nº 5/2010, do Conselho Nacional de
Justiça, que apresenta o seguinte teor: “Implantar método de gerenciamento de rotinas
(gestão de processos de trabalhos)em pelo menos 50% das unidades judiciárias do 1º grau”.

CLÁUSULA SEGUNDA – DAS ATIVIDADES


1. Serão realizadas, no decorrer do ano de 2010, atividades técnico-científicas que
impulsionem a multiplicação de conhecimentos gerenciais focados na gestão de processos.
2. Cada atividade será objeto de Plano de Trabalho específico, no qual deverá constar
o detalhamento das etapas a serem desenvolvidas.

CLÁUSULA TERCEIRA – DA EDIÇÃO DE INSTRUMENTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS


Os instrumentos técnico-científicos deverão conter as normas gerais para o
gerenciamento de processos e serão distribuídos em todas as unidades jurisdicionais de 1º
grau.
CLÁUSULA QUARTA – DOS COMPROMISSOS DOS PARTÍCIPES
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1. Compete ao Tribunal:
a) Disponibilizar, quando solicitado pela ESMAPE, espaço físico e equipamentos para
a realização das atividades técnico-científicas;
b) Convocar magistrados e servidores para participação nas atividades técnico-
científicas;
c) Analisar e autorizar o Plano de Trabalho de cada atividade técnico-científica.

2. Compete à ESMAPE:
a) Editar Portaria designando Comissão Especial para a execução dos atos
concernentes ao presente instrumento;
b) Apresentar plano de trabalho de cada atividade técnico-científica a ser
desenvolvida, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis, para apreciação
do Tribunal;
c) Elaborar e editar instrumentos técnico-científicos com foco na gestão de processos,
encaminhando-os à aprovação pelo Tribunal de Justiça;
d) Publicar os instrumentos técnico-científicos decorrentes do presente convênio.

CLÁUSULA QUINTA – DO PRAZO


O Convênio ora estabelecido terá prazo de vigência até 31 de dezembro de 2010,
podendo ser prorrogado de comum acordo entre as partes, mediante a celebração de
competente termo aditivo.

CLÁUSULA SEXTA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS


1. Eventuais omissões deste Convênio serão supridas de comum acordo entre as
partes.
2. Sempre que necessário, reunir-se-ão os representantes dos convenentes para
avaliação da cooperação objeto deste convênio e planejamento de atividades
complementares.

CLÁUSULA SÉTIMA – DA PUBLICAÇÃO


O presente convênio será publicado, em extrato, no Diário de Justiça Eletrônico, como meio
de prestigiar o art. 61 e seu parágrafo único, da Lei 8.666/93.

CLÁUSULA OITAVA - DO FORO COMPETENTE


Fica eleito o foro da Comarca de Recife, Estado de Pernambuco, para dirimir todas as
controvérsias oriundas deste convênio.

E por estarem perfeitamente acordes assinam o presente em três vias para um só


efeito na presença de duas testemunhas.

Recife-PE, 16 de junho de 2011.


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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO


Desembargador Presidente José Fernandes de Lemos

ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DE PERNAMBUCO


Desembargador Leopoldo de Arruda Raposo

TESTEMUNHAS:

1. _______________________________________ (nome e CPF/MF)


2. _______________________________________ (nome e CPF/MF)
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COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO ESPECIAL - ESMAPE

MAGISTRADOS

Desembargador Leopoldo de Arruda Raposo


Diretor da Escola Superior da Magistratura
Desembargador Fernando Cerqueira Norberto dos Santos
Coordenador da Comissão Especial ESMAPE
Desembargador Mauro Alencar de Barros
Diretor do Centro de Aperfeiçoamento dos Servidores
Coordenador dos Cursos de Aperfeiçoamento dos Servidores - ESMAPE
Juiz Saulo Fabianne de Melo Ferreira
Supervisor da Escola Superior da Magistratura.
3ª Vara de Sucessões e Registros Públicos da Capital
Juíza Ana Carolina Avellar Diniz
Coordenadora dos Cursos de Aperfeiçoamento de Magistrados - ESMAPE
Gestora da META Nº 08/2010-CNJ, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco
Vara Única da Comarca de Moreno
Juíza Ane de Sena Lins
Gestora da META Nº 05/2010-CNJ, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco
Vara Única da Comarca de Agrestina
Juiz Teodomiro Noronha Cardozo
1ª Vara Criminal da Comarca do Paulista
Juiz Luiz Carlos Vieira de Figueiredo
Comarca de Pombos
Juíza Cristina Reina Montenegro de Albuquerque
3ª Vara da Comarca de Abreu e Lima
SERVIDOR
Marcus André Ferreira da Silva
Assessor da 1ª Vara Criminal da Comarca do Paulista
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APRESENTAÇÃO
O Conselho Nacional de Justiça estabeleceu, dentre as prioridades para o exercício 2010, a
Meta nº 05, com o seguinte teor: implantar método de gerenciamento de rotinas (gestão de
processos de trabalho) em pelo menos 50% das unidades judiciárias de 1º grau.
Para tanto, o Tribunal de Justiça de Pernambuco e a Escola Superior da Magistratura de
Pernambuco – Des. Cláudio Américo de Miranda, firmaram o Convênio nº 095/2010, datado
de 13.05.2010, através do qual foi delegada à Escola Superior da Magistratura a adoção de
todas as iniciativas que impliquem na viabilização da formatação e edição de atividades e
instrumentos técnico-científicos necessários à plena implementação daquela Meta.
Como procedimento metodológico, constituiu-se Comissão Especial, composta por
Magistrados e Servidores das três entrâncias, a fim de serem identificadas as ações mais
frequentes no primeiro grau de jurisdição, cujos procedimentos foram detalhados para que a
tramitação ocorra da maneira mais célere e simples possível.
Este documento incorpora também as regras constantes do Provimento nº 08/2009, do
Conselho da Magistratura, que regula a prática dos Atos Ordinatórios pelos Chefes de
Secretaria; o Regimento Interno da Corregedoria Geral da Justiça (Provimento nº 02/2006-
Adendo 1), bem como orientações pertinentes à utilização do sistema de controle processual
– Judwin.
Por outro lado, este Manual será utilizado para a capacitação dos magistrados e servidores
em administração judiciária, atendendo ao que dispõe a Meta nº 08/2010, igualmente
estabelecida pelo CNJ, possibilitando, assim, o gerenciamento da Vara de forma objetiva e
transparente, sempre com vistas à garantir a razoabilidade do prazo de tramitação dos
processos e constante melhoria dos indicadores de desempenho do Poder Judiciário do
Estado de Pernambuco.
Apresentamos nossos agradecimentos pelo empenho dos Juízes e Servidores que, de
maneira voluntária, contribuíram para a produção deste Manual.

DESEMBARGADOR JOSÉ FERNANDES DE LEMOS


Presidente do Tribunal de Justiça

DESEMBARGADOR JOVALDO NUNES GOMES


Vice-Presidente do Tribunal de Justiça

DESEMBARGADOR BARTOLOMEU BUENO DE FREITAS MORAIS


Corregedor Geral de Justiça

DESEMBARGADOR LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO


Diretor da Escola Superior da Magistratura

CRIMINAL
Tomo II
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. Instauração do Inquérito Policial (portaria ou auto de prisão em


flagrante delito)..........................................................................................11
2. Ação Civil Ex-Delicto.................................................................................13
3. Exceção de Suspeição..............................................................................16
4. Exceção de Incompetência do Juízo ..................................................... 18
5. Exceção de Litispendência..................................................................... 20
6. Exceção de Coisa Julgada ..................................................................... 21
7. Incidente de Restituição de Coisas Apreendidas ................................. 22
8. Sequestro de Bens Imóveis .................................................................... 24
9. Embargos do Acusado ou 3º de Boa-Fé ............................................... 27
10. Hipoteca Legal ......................................................................................... 29
11. Incidente de Falsidade ........................................................................... 32
12. Incidente de Insanidade Mental ............................................................. 33
13. Busca e Apreensão ................................................................................. 34
14. Prisão Temporária ................................................................................... 36
15. Prisão Preventiva .................................................................................... 37
16. Liberdade Provisória com Fiança .......................................................... 39
17. Liberdade Provisória sem Fiança .......................................................... 42
18. Emendatio Libelli ..................................................................................... 44
19. Mutatio Libelli .......................................................................................... 45
20. Roteiro Prático de Procedimentos no Processo Penal ........................ 48
21. Procedimento Comum Ordinário ........................................................... 48
22. Procedimento Comum Sumário ............................................................. 53
23. Procedimento Comum Sumaríssimo (Lei nº 9.099/1995) ..................... 56
24. Procedimentos Especiais ....................................................................... 59
25. Procedimento do Júri.............................................................................. 59
26. Organização do Júri ................................................................................ 63
27. 1ª Fase ..................................................................................................... 65
28. Procedimento do Desaforamento .......................................................... 66
29. 2ª Fase (Instrução em Plenário) ............................................................. 67
30. Procedimento dos Crimes Falimentares ............................................... 69
31. Procedimento dos Crimes Cometidos por Funcionários Públicos
no Exercício da Função........................................................................... 69
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32. Procedimento dos Crimes Contra a Honra ........................................... 70


33. Procedimento dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial ................. 72
34. Procedimento de Restauração de Autos Extraviados ou
Destruídos ................................................................................................ 72
35. Procedimento dos Crimes de Competência Originária dos Tribunais 74
36. Recurso em Sentido Estrito ................................................................... 74
37. Apelação Criminal ................................................................................... 76
38. Embargos de Declaração........................................................................ 77
39. Interceptação Telefônica ou Telemática................................................ 78
40. Procedimento da Lei de Entorpecentes ................................................ 84
41. Procedimento dos Crimes de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher .................................................................................................... 87
42. Procedimento das Medidas Protetivas de Urgência ............................ 89
43. MODELOS DE EXPEDIENTES ................................................................ 91
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INTRODUÇÃO
De início, é de curial importância registrar que este Manual foi elaborado para apresentar os
conceitos básicos que serão utilizados pelos servidores das diversas Unidades do Poder
Judiciário do Estado de Pernambuco no desempenho de suas atividades.

A partir de noções gerais do processo, com a descrição dos seus termos essenciais, foram
construídos fluxogramas simplificados, demonstrativos das principais fases processuais,
relativamente às ações que em maior número compõem o acervo, com indicativo dos atos
mais praticados pelo Juiz e pela Secretaria, desde o recebimento da petição inicial até o
arquivamento definitivo do feito no primeiro grau ou a interposição de recurso à instância
superior.

Por oportuno, convém explicitar que os fluxogramas não contemplam absolutamente todas as
ocorrências possíveis do processo. O objetivo é justamente trazer à luz os caminhos mais
corriqueiros; as hipóteses mais frequentes, para que qualquer servidor, cujo requisito de
investidura no cargo vem a ser tão somente a conclusão do ensino médio, possa dar
andamento à imensa maioria dos processos a seu cargo sem grandes dificuldades.

O presente Manual não tem por escopo exaurir o conhecimento relativo às ações ora
analisadas, tampouco substituir a orientação do magistrado condutor do feito, mas
indubitavelmente evidencia-se como um importante instrumento de trabalho do servidor, bem
como servirá de apoio para o exercício das atividades de gestão da unidade judiciária, no
tocante à divisão de atribuições e acompanhamento dos resultados.

As orientações acerca das funcionalidades do sistema de controle processual, por sua vez,
permitirão que sejam melhor executadas, otimizando a informação ali consignada, no intuito
de automatizar o mais possível a prática dos atos de secretaria e reduzir sobremaneira o
quantitativo de pessoas que se dirigem ao Fórum apenas para obter informações acerca do
andamento processual.

A padronização dos expedientes vem no intuito de uniformizar a imagem do documento


oriundo do Poder Judiciário do Estado de Pernambuco, constituindo, primordialmente, uma
questão de segurança, sendo certo que os modelos serão implementados no sistema judwin
para que sua emissão seja agilizada.

Finalmente, o capítulo reservado às Boas Práticas será o palco para que magistrados e
servidores apresentem suas experiências bem sucedidas, possibilitando serem incorporadas
por outras unidades judiciárias de semelhante estrutura.
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1. INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL: PORTARIA OU AUTO DE PRISÃO EM


FLAGRANTE DELITO

1.1) Ação Pública Incondicionada


Notitia Criminis
a) cognição imediata - quando o delegado de polícia toma conhecimento do fato
criminoso por meio de atos rotineiros de investigação (de ofício).
b) cognição mediata – por requisição do Juiz ou do Promotor de Justiça.
Obs.: requisição tem força de lei. O delegado só pode descumprir se a ordem for
manifestamente ilegal.
c) cognição coercitiva – no caso de prisão em flagrante delito.
d) mediante requerimento do ofendido. O delegado pode indeferir o pedido (art. 5º, § 2º,
do CPP). Neste caso caberá recurso administrativo dirigido ao chefe de polícia.
e) mediante delatio criminis – art. 5º, § 3º, do CPP.
Art. 302 do CPP: I e II - flagrante próprio;
III - flagrante impróprio;
IV - flagrante presumido.
Art. 303 do CPP: “Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência”.
Flagrante diferido ou adiado – Lei nº 9.034/95 e Lei nº 11.343/2006.
Flagrante preparado - Súmula 145 do STF. Não constitui crime. “Não há crime, quando a
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
Flagrante esperado - há crime.
Flagrante “forjado” - policiais plantam provas contra o acusado. Não constitui crime, e sim
abuso de autoridade.
Rotina:
- Ao receber o auto de prisão em flagrante, a secretaria do juízo deverá, imediatamente, abrir
conclusão dos autos para que o juiz delibere sobre a manutenção ou não da prisão cautelar
(Art. 310 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011 e Resolução 87 do CNJ).
- Caso o juiz conceda a liberdade provisória ou relaxe a prisão a secretaria deverá expedir
imediatamente alvará de soltura clausulado, devendo monitorar seu efetivo cumprimento, no
prazo de 24 horas, nos termos do Provimento 38/2010 – CGJ.
- Havendo bens ou armas apreendidos, cadastrar no sistema correspondente do CNJ.
Cumprimento de tal rotina é de suma importância para que os processos tramitem com
agilidade.
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Fluxograma do Inquérito Policial


Ação Penal Pública Incondicionada
(art. 100 do CP)

Cognição Imediata Cognição Mediata Cognição Coercitiva Requerimento do ofendido Delatio Criminis
(art. 5º, I, do CPP) (art. 5º, II, do CPP) (art. 302 e 303 do CPP) ou representante legal (art. 5º, § 3º, do CPP)
(art. 5º, II, in fine, do CPP)

Notitia Requisição do Juiz ou Prisão em Flagrante Por escrito ou Requerimento por escrito
Criminis do Promotor de Justiça Delito verbalmente ou verbalmente

Portaria ou Auto de Portaria Portaria Portaria


Prisão em Flagrante Delito

1.2) Ação Pública Condicionada


a) Mediante representação do ofendido ou de seu representante legal.
b) Mediante requisição do Ministro da Justiça. Arts. 7º e 145, parágrafo único, do CP.
c) Mediante requisição da autoridade judicial ou do Ministério Público, desde que
acompanhada da representação do ofendido.
d) Representação – art. 100, § 1º, do Código Penal e art. 39 do CPP.
e) Prazo decadencial – art. 103 do Código Penal e art. 38 do Código de Processo Penal.
Rotina:
Nos termos do Provimento 38/2010 da Corregedoria Geral de Justiça, o inquérito policial deve
ser encaminhado diretamente ao Ministério Público sem a necessidade de abertura de
conclusão.

Fluxograma do Inquérito Policial


Ação Penal Pública Condicionada
(art. 100, § 1º, do CPP)

Representação da vítima Mediante requisição do Juiz Por requisição do Ministro da


ou representante legal ou Promotor de Justiça Justiça
(art. 5º, § 4º, do CPP) acompanhada da representação (art. 7º, e art. 145, parágrafo
(art. 5º, § 1º do CPP) único, do CP)

Portaria ou Auto de Prisão Portaria Portaria


em Flagrante Delito

1.3) Ação Penal de Iniciativa Privada


a) Somente se procede mediante requerimento da vítima ou de seu representante legal.
Ações penais privadas [exclusivamente privada. Ex.: art. 145, parágrafo único, do CP.
[personalíssima. Ex.: art. 236 do CPP (o art. 240 do CP foi abolido
pela Lei nº 11.106/2005).
[subsidiária da pública – art. 5º, LIX, da CR e art. 29 do CPP.
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b) O prazo decadencial é de 6 (seis) meses – art. 103 do Código Penal e art. 38 do Código de
Processo Penal.
c) Poderes especiais da procuração – art. 44 do Código de Processo Penal.
Rotina:
- Com a chegada da queixa-crime deverá a secretaria:
a) verificar se foram recolhidas as custas processuais, salvo procedimento do JEC;
b) verificar se a procuração outorga poderes especiais;
c) juntar ao inquérito policial ou ao TCO correspondente, se houver, e abrir conclusão.

Fluxograma do Inquérito Policial


Ação Penal de Iniciativa Privada
(art. 100, § 2º, do CP)

Requerimento do ofendido
ou representante legal
(art. 5º, § 5º, do CPP)

Portaria Auto de Prisão em


Flagrante Delito
(art. 302 do CPP)

2. AÇÃO CIVIL EX-DELICTO


(arts. 63 a 68 do CPP)

Comentários
2.1) No que diz respeito ao bem jurídico tutelado, pela norma penal incriminadora, a lesão
causada pelo crime tanto pode atingir, diretamente, toda a coletividade (ex: trafico de drogas)
como também afetar mais intensamente o patrimônio moral ou econômico de determinada
pessoa.
2.2) Sistemas:
2.3) Confusão – há cumulação de pretensões deduzidas em um único pedido.
2.4) Solidariedade – duas pretensões são deduzidas em um único processo, mas com
pedidos diferentes.
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2.5) Livre escolha – o interessado poderá ingressar com ação civil na jurisdição civil ou
pleitear o ressarcimento no próprio processo penal.
2.6) Separação – a ação civil poderá ser proposta na jurisdição civil e a ação penal na justiça
penal.
2.7) Objeto: 1) restituição de bens; 2) ressarcimento, 3) reparação do dano (não precisa ser
em dinheiro) e 4) indenização: dano emergente e lucro cessante: plano material e moral.
2.8) Os pedidos de dano moral e material podem ser cumulados em um só processo, de
acordo com a Súmula 37 do STJ.
2.9) Art. 63 do CPP: “Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe
a execução, no juízo cível, para o efeito de reparação do dano, o ofendido, seu representante
legal ou seus herdeiros”.
2.10) A sentença penal condenatória constitui-se em título executivo judicial, a teor do art.
475-N, II, do Código de Processo Civil, em face do dever de indenizar, consoante o disposto
no art. 91, I, do Código Penal.
2.11) Execução provisória: com o trânsito em julgado da sentença condenatória, a execução
poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV, do art. 387, do Código de
Processo Penal, com redação da Lei nº 11.719/08.
2.12) Responsabilidade de terceiros (art. 932 do Código Civil).
2.13) Independência das instâncias penal e civil (art. 935 do CC).
2.14) Responsabilidade civil por ato de terceiro (art. 932, IV, do CC).
2.15) Estabelece o art. 65 do CPP: “Faz coisa julgada no cível a sentença penal que
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”.
2.16) O art. 188 do CC, tem a seguinte dicção: “Não constituem atos ilícitos: I - os praticados
em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo
único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo”.
2.17) Jurisprudência: 1. Dentro do sistema de direito positivo vigente, há independência entre
as instâncias Cível e Penal, sendo letra expressa tão-somente que as decisões criminais que
declarem presentes causa excludente de criminalidade ou inexistência de fato produzem
coisa julgada no Cível (Código de Processo Penal, artigo 65 usque 67), como no comum e
incontroverso da doutrina e jurisprudência pátrias. 2. Ordem denegada. (STJ, HC 20.631-SP,
relatoria Min. Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, julgado em 17.12.2002, DJ 04.08.2003, p.
431).
2.18) Pela leitura do art. 66. “Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação
civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
material do fato”, a teor do art. 386, I, do CPP.
2.19) O art. 67 do CPP elenca as hipóteses que não impedirão a propositura da ação civil ex
delicto, inclusive, com base em extinção da punibilidade, em sentença de absolvição sumária,
a teor do art. 397, III e IV, art. 415, III e art. 386, III, todos do CPP, que terão efeito preclusivo
no processo penal, todavia, nenhum efeito terão no juízo cível, em face da independência das
instâncias, justamente porque o ilícito civil independe do ilícito penal.
2.20) Neste sentido: 1. Sentença criminal que, em face da insuficiência de prova da
culpabilidade do réu, o absolve sem negar a autoria e a materialidade do fato, não implica na
extinção da ação de indenização por ato ilícito, ajuizada contra a preponente do motorista
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absolvido. 2. A absolvição no crime, por ausência de culpa, não veda a actio civilis ex delicto.
3. O que o art. 1.525 do Código Civil obsta é que se debata no juízo cível, para efeito de
responsabilidade civil, a existência do fato e a sua autoria quando tais questões tiverem sido
decididas no juízo criminal. (STJ, REsp 257.827/SP, relatoria Min. Sálvio de Figueiredo
Teixeira, 4ª Turma, julgado em 13.09.2000, DJ, 23.10.2000, p. 14).
2.21) No tocante à legitimidade do Ministério Público para propor a ação civil ex delicto
quando o titular do direito for pobre, de acordo com o art. 127 do CPP a atuação do MP
somente poderia ser tida como inconstitucional naqueles lugares onde houver a instituição da
Defensoria Pública1. Na visão do STF a legitimação do MP para propor a ação civil ex delicto
em favor de pessoas pobres só será admissível se houver ou for precária a Defensoria
Pública e, neste caso, conforme o Min. Sepúlveda Pertence, o art. 68 do CPP seria
progressivamente inconstitucional, ou seja, com a instalação e serviço eficiente da Defensoria
Pública, nos termos do art. 134 da Constituição da República 2.
2.22) Competência – art. 100 do CPC.
2.23) Suspensão do processo: intentada a ação penal, o juiz do cível (art. 64, parágrafo único,
do CPP e art. 265, IV, § 5º, do Código de Processo Civil), poderá suspender o curso do
processo, por um ano, até o julgamento definitivo da ação penal.

Ação Civil ex-Delicto Execução ex-Delicto

Trânsito em julgado da Trânsito em julgado da


Sentença Penal Condenatória Sentença Penal Condenatória
(art. 387, IV, do CPP)

Legitimação ad Processum Execução no juízo cível de Título


(art. 63 do CPP) Líquido (art. 475 - N, II, do CPC).

O Juiz Cível poderá supender o curso Medidas Assecuratórias do CPP


da ação cível para aguardar o trânsito para bloquear bens do executado.
em julgado da ação penal. (art. 64, parágrafo
único do CPP, c/c art. 265, IV, "g", do CPC.

Medidas cautelares do CPC para Embargos do devedor


bloquear bens do acusado para
garantir a execução da Sentença.

A Sentença Penal faz coisa


julgada no Cível nas hipóteses
do art. 65 do CPP, c/c art.
188 do CC.

1
MACHADO, Antônio Alberto. Curso de processo penal. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p.68.
2
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 13. ed. rev. e atual...2. tir. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010,
p. 220.
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3. EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
(arts. 95, I, e 107 do CPP)
Comentários:
3.1) As exceções são dilatórias ou peremptórias, conforme retardem ou encerrem a
tramitação do processo. As dilatórias provocam a dilação da tramitação do processo e as
peremptórias acarretam a extinção do processo.3
3.2) A exceção, como incidente processual, requer instrumento de mandato com poderes
especiais (art. 98 do CPP), salvo se a parte subscrever a petição, juntamente, com o
advogado.
3.3) A suspeição não tem efeito suspensivo (art. 111 do CPP).
3.4) A suspeição deve ser alegada na fase da resposta à acusação (arts. 396-A e 407 do
CPP) – redação das Leis nº 11.719/2008 e nº 11.689/2008.
3.5) Na Lei Antidrogas o momento próprio para alegação de suspeição é o da defesa prévia
(art. 55, § 1º, da aludida Lei nº 11.343/2006).
3.6) A exceção está adstrita às regras da preclusão processual (TRF – 3ª Região – EXSUSP
– 1ª Turma, relatoria do Juiz Johonsom Di Salvo – 18.09.2003). Todavia, a exceção alegada
supervenientemente (outro juiz oficia no processo nos casos de substituição, remoção,
promoção ou aposentadoria), não está sujeita às regras da preclusão.
3.7) Pela dicção do art. 107 do CPP, segundo doutrina e jurisprudência, não pode ser oposta
às autoridades policiais por atos praticados no Inquérito Policial.
3.8) Os casos de impedimento ou suspeição estão elencados (numerus clausus), isto é, não
admitem interpretação extensiva. Arts. 252, 253 e 254, todos do Código de Processo Penal.
3.9) A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida se a parte, de propósito, injuriar
o juiz ou der motivo para criá-la (art. 256 do CPP).
3.9.1) Em reforço ao item anterior, veja-se o parágrafo único, do art. 134, do Código de
Processo Civil, verbis: “No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado
pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.”4
3.9.2) Não obstante, poderá o juiz, de acordo com o art. 135 do Código de Processo Civil,
declarar-se suspeito, por motivo de foro íntimo. Neste sentido, já decidiu, reiteradamente, o
Eg. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: “TARS: “Muito embora a suspeição por motivo
íntimo não esteja prevista no Código de Processo Penal, se o juiz criminal se sentir, em
consciência, impedido de presidir determinado feito, poderá jurar suspeição por motivo
íntimo”. (JTAERGS 73/24 e RT 652/331).
3.10) Impedimento ou suspeição de jurados (Tribunal do Júri). Arts. 106 e 448 a 451 do
Código de Processo Penal. A arguição deve ser no momento da instalação do Conselho de
Sentença, oralmente, mediante consignação na ata de julgamento.
3.11) Impedimentos dos representantes do Ministério Público (art. 258 do CPP):

3
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli; FISCHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência.
Lumen Juris, 2010, p. 225.
4
O legislador, do Código de Processo Penal de 1941, expressamente, de forma cogente, adotou a interpretação extensiva e
aplicação da analogia no processo penal, consoante art. 3º do aludido pergaminho processual, ipsis litteris:“A lei processual
penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de
direito.”
17

3.11.1) O inciso I, do art. 252, do CPP é análogo ao impedimento do Ministério Público,


todavia, neste caso (art. 252, I, do CPP), o juiz não poderá exercer a jurisdição.5
3.11.2) Pela Súmula 234 do STJ: “A participação de membro do Ministério Público na fase
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
denúncia”.
3.11.3) A competência para julgar suspeição de representante do Ministério Público de
primeiro grau é do juiz de primeiro grau (art. 104 do CPP). “Arguição de suspeição de
membro do Ministério Público de primeiro grau deve ser processada e julgada em Primeira
Instância, pelo Juízo do feito, não cabendo recurso contra a decisão proferida, conforme
dispõe o art. 104 do CPP” (RJDTACRIM 4/252).
3.12) Serventuários ou servidores da justiça: “As prescrições sobre suspeição dos juízes
estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável” (art. 274
do CPP).
3.13) Da decisão que julga a suspeição não cabe recurso. Cabe, entretanto, mandado de
segurança em matéria penal (direito líquido e certo) ou Habeas Corpus, se houver justa causa
para o reconhecimento da suspeição.
3.14) Nulidade por suspeição (art. 564, I, do CPP).
Rotina:
Autuar em apartado os autos da exceção.
Certificar nos autos do processo principal.

Petição
(razões e provas)

Procuração com
poderes especiais.
(art. 98 do CPP)

Conclusão dos autos


ao juiz que a parte
pretende recusar.

Despacho

O juiz reconhece a Se o juiz não reconhece a suspeição


suspeição, junta a petição autua a petição em apartado, oferece resposta
aos autos e remete os autos em 3 dias e, em 24 horas, a encaminha ao
ao substituto legal. (art. 99 do CPP) ao Tribunal de Justiça. (art. 100 do CPP)

Juiz substituto automático O Relator rejeitará a Não rejeitada a exceção,


prosseguirá nos autos nos Exceção se manifestamente será produzida a prova
seus ulteriores termos. improcedente. testemunhal.
(art. 100, § 2º, do CPP) (art. 100, § 1º, do CPP)

Tribunal julga procedente Tribunal julga improcedente


a exceção, ficam nulos os atos a exceção, o juiz prossegue
do processo principal. nos autos até a sentença final.
(art. 101 do CPP) (art. 101 do CPP)

5
“O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver
dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como
juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo”. (art. 255 do CPP).
18

4. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO


(arts. 95, II, 108 e 109 do CPP)
Comentários:
4.1) A incompetência absoluta pode ser reconhecida ex officio e alegada a qualquer tempo,
em qualquer grau de jurisdição, não estando sujeito à preclusão.
4.2) Já a incompetência relativa não pode ser reconhecida de ofício, conforme entendimento
pacificado do STJ na Súmula 33: “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
a) Princípio do juiz natural (art. 5º, LIII, da CR)
b) Princípio da investidura (art. 93 da CR)
c) Princípio da independência (art. 2º da CR)
d) Princípio da imparcialidade do juiz (arts. 5º, XXXVI e art. 95, caput e parágrafo único, da
CR)
e) Princípio da indelegabilidade
f) Princípio da inevitabilidade ou da irrecusabilidade
g) Princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CR)
h) Princípio da indeclinabilidade (art. 5º, XXXV, da CR)
i) Princípio da inércia da jurisdição (art. 5º, LIX e 129, I, da CR)
j) Princípio da improrrogabilidade ou princípio da aderência ao território
k) Princípio da independência das jurisdições civil, criminal, princípio da dualidade
jurisdicional ou princípio da distinção da jurisdição civil e criminal.
l) Princípio da perpetuatio jurisdictionis, princípio da perpetuação da jurisdição ou princípio da
perpetuatio fori.
m) Princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CR)
n) Princípio da unidade da jurisdição (art. 1º, caput, da CR – unidade indissolúvel).
o) Princípio do prévio juízo (art. 5º, XXXIX c/c o inciso LIII, da CR) – nulla poena sine iudicio,
e
p) Princípio da identidade física do juiz (art. 399, § 2º, do CPP – redação da Lei nº
11.719/2008.
COMPETÊNCIA – DEFINIÇÃO
COMPETÊNCIA – (jurisdicional) é o âmbito dentro do qual cada órgão jurisdicional
exerce a jurisdição.
Fases da determinação da competência:
a) Competência de jurisdição;
b) Competência originária;
c) Competência de foro (ou territorial);
d) Competência de juízo;
e) Competência interna (ou competência de juiz);
f) Competência recursal.
COMPETÊNCIAS: ratione materiae, ratione loci e funcional (não determinada pela legislação
infraconstitucional).
19

Material (art. 69, III, do CPP)


Territorial (art. 69, I, do CPP)
Em razão da pessoa (art. 69, VII, do CPP) – (constitucional) competência por prerrogativa de
função tem como critério o cargo ou função exercida pelo indivíduo: STF, STJ, TRF TJ...
(presidente da república, ministros, governadores, juízes, promotores...).
Funcional – dividida pela função que cada um dos diversos órgãos jurisdicionais exerce em
um processo.
a) Por fase do processo – é aquela em que, de acordo com a fase do processo, um órgão
jurisdicional diferente exerce a competência. Ex.: crimes da competência do Tribunal do Júri:
primeira fase: juiz sumariante; segunda fase – (iudicium accusationis)
b) Por objeto do juízo – 2ª fase nos processos do tribunal do júri (iudicium causae) – juízo
colegiado heterogêneo – juiz de direito presidente e sete juízes leigos.
c) Por grau de jurisdição – é a que divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores
e inferiores; por exemplo: competência recursal ou em razão do recurso.
COMPETÊNCIA absoluta e relativa:
a) Competência absoluta é a improrrogável, isto é, a que não comporta modificação.
b) Competência relativa – é a prorrogável, ou seja, a que, dentro de determinados limites,
pode ser modificada no caso concreto.
Prorrogação de competência:
Prorrogar – tem o sentido figurado de prolongar, alongar, aumentar a extensão da
competência de um órgão jurisdicional para alcançar concretamente uma causa que, de
início, não era de sua competência, abstratamente, mas passou a ser concretamente.
Pode haver prorrogação de competência quando esta é relativa:
a) Legal ou necessária – arts. 76 e 77 do CPP e 102 a 104 do CPP;
b) Voluntária – quando pode depender da vontade das partes:
b1) Expressa – art. 424 do CPP e art. 111 do CPC.
b2) Tácita – art. 108 do CPP e art. 305 do CPC.
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA: subdivide-se:
a) Delegação externa – quando os atos são praticados em juízos diferentes, como nas cartas
de ordem dos tribunais aos juízes de direito para inquirições em cumprimento de outras
diligências (art. 9º, § 1º, da Lei nº 8.038/90).
b) Delegação interna – quando a delegação é feita dentro do próprio juízo, como na hipótese
de um juiz ceder a outro a competência para praticar atos no processo, inclusive, decisórios,
como no caso de juízes substitutos ou auxiliares do titular do juízo.
c) conflito de competência (conexão) entre crime da competência da Justiça Federal e da
Justiça Estadual: Súmula 122 do STJ: “Compete a Justiça Federal o processo e julgamento
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do
art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal”.
Rotina:
Autuar em apartado os autos da exceção.
Certificar nos autos do processo principal.
20

Exceção oposta
verbalmente/escrita
(art. 108 do CPP)

Prazo da defesa
(vide exceção de suspeição)

Ouvida do Ministério Público


(art. 108, § 1º, do CPP)

Acolhida a declinatória Recusada a incompetência


o feito principal será remetido o juiz continuará no feito.
ao juizo competente.

No juízo competente são Da decisão que conclui pela


ratificados os atos competência do juízo não
anteriores. cabe recurso.
(art. 108, § 1º, do CPP) (art. 581, II, do CPP)

5. EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA
(arts. 95, III, e 110, do CPP)
Comentários:
5.1) Funda-se a exceção peremptória da litispendência no princípio de que ninguém pode ser
julgado duas vezes por um só fato. É o non bis in idem que se tem em vista.6
5.2) Esta exceção pode ser alegada pelo acusado ou reconhecida, ex officio, pelo juiz.
Todavia, a litispendência pode se verificar entre dois juízos distintos.
5.3) O órgão do Ministério Público, na qualidade de custos legis, poderá argui-la.
5.4) Quanto ao prazo a exceção pode ser oposta a qualquer tempo e em qualquer grau de
jurisdição (art. 108 do CPP).
5.5) Da decisão do juiz que acolhe a exceção cabe recurso stricto sensu (art. 581, III, do
CPP).
5.6) Não cabe recurso específico da decisão do juiz que não reconhece a exceptio
litispendentiae, podendo a parte lançar mão do Habeas corpus, pela nulidade de um dos
processos.
Rotina:
Autuar em apartado os autos da exceção.
Certificar nos autos do processo principal.

6
NORONHA, E. Magalhães. Curso de direito processual penal. 22. ed. atual. por Adalberto José Q. T. de Camargo
Aranha. São Paulo: Saraiva, 1994, p. 65.
21

Ex officio pelo juiz

Petição da parte

Ministério Público
(custos legis)

Por escrito
(ou verbalmente)

Ouvida da parte
contrária

O juiz decide

6. EXCEÇÃO DE COISA JULGADA


(arts. 95, V, e 110 do CPP)

Comentários;
6.1) O Juiz, em qualquer fase do processo, poderá reconhecê-la de ofício.
6.1.1) A coisa julgada formal caracteriza-se pela imutabilidade da decisão dentro do processo.
Designa-se coisa julgada material “para expressar a obrigação que todo e qualquer Juiz tem
de respeitar a inalterabilidade, a imutabilidade da decisão proferida por outro juízo” 7,
transitada em julgado (res judicata).
6.1.2) Coisa julgada formal: decisão que rejeita a denúncia por inépcia.
6.1.3) Coisa julgada material: decisão que rejeita a denúncia por atipicidade do fato imputado
ao acusado.
6.2) A exceção de coisa julgada oponível é da decisão de mérito, dos autos principais (não de
meras questões incidentais).
6.3) A exceção pode ser suscitada pelo Ministério Público.
6.4) Pela dicção do art. 110 do CPP aplicar-se-á à exceção de coisa julgada.
6.5) Se o Juiz rejeitar a exceção não cabe recurso específico. Todavia, o acusado pode
manejar Mandado de Segurança (em matéria penal) ou impetrar uma ordem de Habeas
Corpus.

7
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 405.
22

6.6) Se o Juiz reconhecer a exceção o recurso cabível é o da apelação, art. 593, II, do CPP,
em face de ressalva expressa, (art. 581, III, do CPP).
6.7) Jurisprudência:
[...] Para que se configure a coisa julgada, é indispensável a identidade de partes, de
fundamento e de pedido, requisitos estes não presentes em processo que visa a apuração de
responsabilidade de motorista causador de colisão de veículo, e o que é movido visando a
apuração de delito por negligência médica, causando a morte da vítima”. (STJ, RHC
1.709/RS, relatoria Min. Cid Flaquer Scartezzini, 5ª T., julgado em 12.02.1992, DJ,
09.03.1992, p. 2589).
Rotina:
Autuar em autos apartados os autos da exceção.
Certificar nos autos do processo principal.

Requerimento verbal Requerimento do


ou por escrito da parte Ministério Público

Ouvida do Juiz decide


Ministério Público

Juiz rejeita a exceção


(não cabe recurso específico)

Juiz reconhece a exceção


(cabe apelação - art. 593, II, do CPP)

7. INCIDENTE DE RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS


(arts. 118 a 124 do CPP)

Comentários
7.1) Importante: O art. 60, § 3º, da Lei nº 11.343/2006 (Lei Antidrogas) 8 e o art. 4º, § 3º, da
Lei nº 9.613/98 (Lavagem de Bens e Capitais) condicionam a restituição de bens ao
comparecimento pessoal do acusado, facultando-se ao Juiz proceder aos atos necessários
para a conservação de bens, direitos ou valores.
7.2) Quanto a bens instrumentos de crimes ou adquiridos com produto do crime (art. 91, II, a,
e 91, II, b, in fine, ambos, do CP) na primeira hipótese os bens, direitos ou valores não podem
ser devolvidos se constituem fatos ilícitos; na segunda hipótese eles não podem ser
devolvidos porque são perdidos em favor da União Federal.
7.3) Dispõe o art. 118 do CPP: “Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas
apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo”.

8
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão
imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos
alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de
viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico
dessas substâncias”.
23

7.4) Nos casos de arquivamento ou absolvição as coisas apreendidas, que forem objeto de
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção proibida, não podem ser restituídas, visto que
serão confiscadas para a União Federal, por constituírem ilícitos penais.9
7.5) A restituição, se ordenada pela Autoridade Policial Judiciária requer, previamente,
sempre seja ouvido o Ministério Público (art. 120, § 3º, do CPP).
7.6) Em todo caso a ouvida prévia do Ministério Público é obrigatória.
7.7) Para não perecer o bem pode o Juiz lançar mão do art. 133 do CPP: Avaliação e venda
de bens em leilão público. Tratando-se de pecúnia, o Juiz determinará o depósito em conta
de instituição financeira à disposição do Juízo. (v. art. 1.159 do Código Civil, de aplicação
subsidiária).
7.8) Igual procedimento (item anterior) deverá ser tomado quando se tratar de coisa
deteriorável ou facilmente perecível quando a situação for de complexa solução, podendo,
inclusive, o Juiz nomear pessoa idônea como depositário fiel.
7.9) Armas de fogo: art. 25 da Lei nº 10.826/03. “As armas de fogo apreendidas, após a
elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais interessarem à
persecução penal serão encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no
prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de
segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei”. Redação da
Lei 11.706/08.
7.10) Importante2: Em caso de dúvida sobre quem seja o legítimo dono da coisa, o Juiz
enviará as partes para o juízo cível (art. 120, § 4º, do CPP).
7.11) Jurisprudência:
“Ementa: Processual Penal. Recurso Ordinário em Mandado de Segurança. Pedido de
Restituição de Coisa Apreendida. Indeferimento. Decisão Judicial de Natureza Definitiva.
Utilização do writ como Sucedâneo de Recurso Previsto em Lei. Impossibilidade.
A decisão judicial que resolve a questão incidental de restituição de coisa apreendida tem
natureza definitiva (decisão definitiva em sentido estrito ou terminativa de mérito), sujeitando-
se, assim, ao reexame da matéria por meio de recurso de apelação, nos termos do art. 593,
inciso II, do CPP.
O mandado de segurança não é sucedâneo de recurso, portanto imprópria a sua impetração
contra decisão judicial passível de recurso de apelação, consoante o disposto na Súmula 267
do Supremo Tribunal Federal.”10
Rotina:
. O incidente correrá em autos apartados, apensos ao principal.
. Registrar o bem no cadastro do judwin/CNJ.
. Encaminhar o bem para o depósito, mediante guia própria.
. Entregar a coisa mediante termo nos autos, após decisão do Juiz.
. Alvará Judicial para levantamento de dinheiro em conta bancária.

9
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 7. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008, p. 316.
10
(STJ – RMS 17.993/SP, relatoria Min. Paulo Medina, 6ª Turma, julgado em 25.05.2004, DJ, 01.07.2004, p. 279).
24

Sem dilação probatória Com dilação probatória


(3º de boa-fé)

Requerimento ao delegado Requerimento ao Juiz

Vista ao MP Produção de prova


(5 dias)

Juiz decide Manifestação do terceiro

Entrega do bem Vista ao MP


(termo nos autos)

Juiz decide

8. SEQUESTRO DE BENS IMÓVEIS


(arts. 125 a 133 do CPP)
Comentários:
8.1) Conceito: “O sequestro é medida assecuratória, fundada no interesse público, e
antecipativa do perdimento de bens como efeito da condenação, no caso de bens produto de
crime ou adquiridos pelo agente com a prática do fato criminoso. Tem como fundamento o
interesse público, qual seja, o de que a atividade criminosa não tenha vantagem econômica,
o sequestro pode, inclusive, ser decretado de ofício”.11
8.2) O sequestro difere da especialização de hipoteca e do arresto porque estas são medidas
assecuratórias de reparação civil do dano em favor da vítima, por isso que o art. 143 não tem
aplicação no sequestro, que significa o exaurimento da sentença penal.
8.3) O perdimento de bens em favor da União, ou terceiro de boa-fé, como efeito da sentença
penal condenatória, encontra o seu requisito de validade no art. 91, II, do Código Penal.
8.4) O sequestro tem por objetivo evitar a vantagem econômica do acusado com a prática do
crime.12
8.5) O art. 125 do CPP disciplina o sequestro de bens imóveis e o art. 132 o de bens móveis,
com a aplicação das regras inerentes ao sequestro de bem imóvel.
8.6) Requisitos: fumus commissi delicti (indício de autoria ou participação em infração penal)
e periculum in mora (indícios veementes da procedência ilícita do bem) (arts. 125 e 126 do
CPP).
8.7) Tratando-se de bem imóvel a alienação dar-se-á por praça e de bem móvel por leilão.
8.8) A impenhorabilidade do bem de família não se aplica ao sequestro, em face do disposto
no art. 3º, inciso III, da Lei nº 8.009/90.
11
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 8. ed. revista, atualizada e ampliada com a colaboração de João
Daniel Rassi. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 176.
12
FEITOZA, Denílson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. 6. ed. rev. ampl., e atual... Niterói-RJ: Editora
Impetus, 2009, p. 933.
25

8.9) Para o sequestro de bens não se exige a abertura de inquérito policial. O Ministério
Público poderá formular o pedido com base em documentos obtidos no curso de investigação
criminal promovida pela Promotoria de Justiça.13
8.10) Legitimidade para requerer o sequestro: art. 127 do CPP.
8.11) Do indeferimento do pedido cabe apelação e do deferimento embargos do próprio
acusado ou de terceiro de boa-fé. A defesa dar-se-á por meio de embargos (art. 130, I e II, do
CPP c/c o art. 1.048 do Código de Processo Civil), este, de aplicação subsidiária. Poderá,
também, o prejudicado apelar da decisão que determina o sequestro ou ingressar com
mandado de segurança em matéria penal.
8.12) Realizado o sequestro haverá inscrição no Registro de Imóvel para publicizar a restrição
do bem (at. 128 do CPP).
8.13) O sequestro para proteção dos bens da Fazenda Pública:
8.13.1) A disciplina do sequestro de bens pertencente à Fazenda Pública está prevista no
vetusto, porém, em vigor, Decreto-Lei nº 3.240/41, cuja validade tem sido aceita nos
Tribunais, como lembra Pacelli14.
8.13.2) Jurisprudência: A sexta turma do Eg. STJ considera válido o DL nº 3.240/41,
conforme aresto (STJ, RMS 28.627/RJ, relatoria Min. Jorge Mussi, 5ª T., julgado em
06.10.2009, DJe 30.11.2009).
8.14) O sequestro está disciplinado na legislação especial:
8.14.1) Na Lei de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores. No art. 4º e seguintes –
Lei nº 9.613/98.
8.14.2) Na Lei Antidrogas – art. 60, caput, da Lei nº 11.343/06, condicionado o conhecimento
do pedido de restituição de bens ao comparecimento pessoal do acusado a juízo (§ 3º).
Rotina:
Autuar em apartado os autos do sequestro.

13
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2010, p. 403.
14
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli; FISHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 272.
26

Juiz ex-officio Ministério


(antes da denúncia ou da queixa) Público

O Juiz defere a medida. Requerimento


Presentes os requisitos: do
fumus commissi delicti e ofendido
Periculum in mora.

Da decisão cabe
apelação (art. 593, II do CPP) Representação da autoridade
Policial Judiciária

Auto do sequestro procedido


por 2 (dois) Oficiais de Juiz indefere o pedido por
Justiça. ausência de requisitos legais.

Inscrição do Sequestro de
Bem Imóvel no Registro Cabe apelação.
Imobiliário (art. 128 do CPP) (art. 593, II, do CPP)

Intimação do titular de bem


sequestrado.

Oposição de embargos pelo


acusado ou 3º de boa-fé
(art. 130 do CPP)

Transitada em julgado a sentença


penal, o Juiz pronunciará
decisão nos embargos
(art. 130, parágrafo único do CPP)

Procedentes os embargos ou nas


hipóteses do art. 131 do CPP o
sequestro será levantado.

Improcedentes
os embargos.

Avaliação e venda do
imóvel em hasta pública.

O montante da venda será


repassado à União, ressalvados
os direitos da vítima ou
terceiro de boa-fé.
27

9. EMBARGOS DO ACUSADO OU 3º DE BOA-FÉ


(art. 130, I e II, do CPP)
Comentários:
9.1) Art. 130 do CPP: “O sequestro poderá ainda ser embargado: I – pelo acusado, sob o
fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração; II – pelo
terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de
tê-los adquirido de boa-fé. Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada decisão nesses
embargos antes de passar em julgado a sentença condenatória”.
9.2) Art. 131 do CPP: “O sequestro será levantado: I – se a ação penal não for intentada no
prazo de sessenta dias, contado da data em que ficar concluída a diligência; II – se o terceiro,
a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que assegure a aplicação do
disposto no art. 74, II, b, segunda parte, do Código Penal; III – se for julgada extinta a
punibilidade ou absolvido o réu, por sentença transitada em julgado”.
9.3) Pela lição de Pacelli, verbis: “Permite-se, então, a prestação de caução, ou seja, de
garantia legal, que pode ser real (coisa, hipoteca etc.) ou fidejussória (fiança), nos termos do
art. 826, CPC), que responderá pelo levantamento do sequestro. Naturalmente, a caução
oferecida não poderá ser inferior ao bem desonerado pelo citado levantamento do
sequestro”.15
9.4) Jurisprudências: embargos e levantamento do sequestro:
9.4.1) O sequestro será levantado se, passados o prazo de 60 (sessenta) dias, desde o
cumprimento da diligência, não for intentada a ação penal. (STJ, RMS 25.486/MG, relatoria
do Min. Felix Fischer, 5ª T., julgado em 07.08.2008, DJe, 22.09.2008).
9.4.2) 1. A via impugnativa dos embargos, prevista no art. 130 do CPP, é cabível no caso de
o sequestro recair sobre bens imóveis adquiridos com os proventos da infração, medida
constritiva prevista no art. 125 do mesmo diploma processual. 2. Mostra-se inviável o
oferecimento dos embargos previstos no art. 130, I, do CPP, contra o sequestro prévio a que
se refere o art. 136 do CPP, que tem natureza de garantia à hipoteca legal (art. 134 do CPP)
e que atinge quaisquer bens imóveis do réu para assegurar posterior especialização e
inscrição desses bens. 3. Tendo sido apresentados, equivocadamente, os embargos contra
decisão que decretou o sequestro, e, portanto, já tendo esta transitado em julgado, mostra-se
inadmissível a impetração de mandado de segurança, conforme entendimento sufragado no
enunciado 268 da Súmula do STF. 4. Recurso improvido. (STJ, RMS 14.465/SC, relatoria
Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª T., julgado em 15.03.2005, DJ, 09.05.2005, p. 433).
9.4.3) [...] O recorrente confessou não só o crime, mas também que seu fruto fora depositado
na conta poupança em seu nome, a qual fora determinado o sequestro. Apesar de não ter
sido intentada a ação penal no prazo descrito no art. 131, I, do CPP, o sequestro merece ser
mantido, considerando a excepcionalidade do caso e as informações ministeriais no sentido
de não se tratar de inércia daquele órgão, mas, sim, de dificuldades no cumprimento de
certas diligências e na apuração dos fatos. Recurso desprovido. (STJ, RMS 9.999/SP,
relatoria Min. José Arnaldo da Fonseca, 5ª T., julgado em 01.06.1999, DJ, 28.06.1999, p.
132).
9.5) Interposição do recurso cabível:

15
OLIVIERA, Eugênio Pacelli; FISHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 278.
28

9.5.1) Caberá mandado de segurança, em matéria penal, se o interessado provar que


adquiriu o bem antes da imputação pela qual o agente está sendo investigado ou
processado16.
9.5.2) Para Norberto Avena dada a inexistência de prova de aquisição lícita do bem, pela
necessidade de dilação probatória, o correto é a interposição dos embargos do CPP, com
ampla possibilidade probatória: oitiva de testemunhas, perícias, requisição e juntada de
documentos.17
Rotina:
Autuar em apartado os autos dos embargos.

EMBARGANTE

O próprio acusado sob o O 3º de boa-fé alegando que o


argumento de ter adquirido bem foi transferido a título oneroso
o bem licitamente. e a aquisição se deu de boa-fé.

Suspensão dos O Juiz pode julgar, de plano, os


Embargos. embargos, antes do Trânsito em
Julgado da Sentença Penal.

Trânsito em julgado Procedentes os Embargos Improcedentes os embargos,


da Sentença Penal. o sequestro será levantado. mantém-se sequestro.

Absolvição do acusado Condenação do acusado


transitada em julgado. com Trânsito em Julgado
da Sentença.

Levantamento do Julgamento dos


sequestro. Embargos.
(embargos prejudicados)

Procedentes os Embargos Improcedentes os embargos, o


levantamento imediato do o Juiz criminal mandará avaliar
sequestro. o bem imóvel e o levará à hasta
pública.

O montante da venda será


repassado à União, ressalvados
os direitos da vítima ou 3º de
boa-fé.

16
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2010, pp. 413-
414.
17
Idem, p. 414.
29

10. HIPOTECA LEGAL


(arts. 134 a 144 do CPP)
Comentários:
10.1) O ato ilícito é fonte da recomposição patrimonial do dano, cuja ação ex delicto dar-se-á
na esfera do juízo cível sem prejuízo, segundo Pacelli 18, da parcela mínima dos prejuízos
efetivamente comprovados, de acordo com o art. 387, IV, do Código de Processo Penal.
10.2) São requisitos legais o fumus commissi delicti e periculum in mora: prova da
materialidade delitiva, indícios de autoria e a plausibilidade o pedido de impossível ou difícil
reparação do dano, colocando em risco a efetividade de eventual sentença penal
condenatória nos autos do processo penal de conhecimento.
10.3) A hipoteca legal, como garantia real, incide sobre bens imóveis, lícitos, da propriedade
do acusado.
10.4) Jurisprudência: 1. A decisão que determinou a hipoteca legal sobre os bens do réu e de
sua empresa, encontra-se devidamente fundamentada, principalmente, após a decisão
prolatada em sede de embargos declaratórios, inexistindo, pois, desrespeito ao previsto no
art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. 2. Não se configura demonstrado, de plano, a
existência do direito líquido e certo da ora Recorrente, uma vez que presentes na espécie os
pressupostos autorizadores da medida assecuratória deferida (hipoteca legal),
consubstanciados, além da existência da materialidade delitiva e de indícios da autoria de
delito de apropriação indébita, na confusão patrimonial dos bens particulares do suposto autor
do delito e da empresa do Recorrente. 3. No caso em tela, nada mais fez o Juízo do feito do
que assegurar o patrimônio do réu – constituído nas suas ações da empresa ora Recorrente -
para satisfazer o ressarcimento dos possíveis danos ocasionados à vítima do crime de
apropriação indébita, em ação civil ex delicto. 4. Não prospera a alegação de
responsabilidade penal atribuída a terceiros da relação jurídica, a ponto de ensejar violação
ao princípio da pessoalidade, já que esse “terceiro”, nada mais é do que a própria empresa do
réu, que, conforme já ressaltado, confunde-se com o seu próprio patrimônio particular. 5. Não
restou caracterizada, em sua verdadeira essência, a aplicação da teoria da desconsideração
da personalidade jurídica, uma vez que, na presente hipótese, houve apenas a determinação
da hipoteca legal dos bens do réu, bem como dos bens de sua própria empresa (que,
ressalte-se, confunde-se com o seu patrimônio particular), para a garantia do ressarcimento
dos danos ocasionados à vítima do delito, denominado pelo Tribunal a quo de “teoria da
desconsideração da pessoa jurídica, às avessas” (fl. 448). 6. Sobrevindo condenação em
definitivo do réu e recaindo os efeitos de tal condenação sobre o Recorrente, na esfera cível,
poderá ela se valer dos embargos de terceiros, onde será possibilitada a ampla discussão da
regularidade ou não da constrição judicial procedida sobre seus bens. 7. Recurso desprovido.
(STJ, RMS 13.675/PR, Rel. Ministra Laurita Vaz, 5ª T., julgado em 26.04.2005, DJ
23.05.2005, p. 307).
10.5) A especialização da hipoteca significa a incidência do ônus real sobre o bem imóvel de
propriedade do indiciado ou acusado, se já houver ação penal, objetivando a garantia da
recomposição do dano patrimonial, prestando-se, não obstante, ao pagamento das custas e
de mais despesas processuais (ver art. 1.489, III, do Código Civil).19
10.6) Estão legitimados para a medida assecuratória o ofendido, seu representante legal e,
excepcionalmente, o Ministério Público na ausência da Defensoria Pública e o estado de

18
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de; FISCHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 281. “Como já vimos, o arresto e a especialização da hipoteca legal são medidas
assecuratórias, fundadas no interesse privado, que têm por finalidade assegurar a reparação civil do dano causado pelo delito,
em favor do ofendido ou seus sucessores”. FEITOZA, Denílson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis. 6. ed.
revista, ampliada e atualizada... Niterói-RJ: Editora Impetus, 2009, p. 936.
19
Idem, ibidem.
30

pobreza do autor, diante da tese do Min. Sepúlveda Pertence de progressiva


inconstitucionalidade do art. 68 do CPP com a consolidação da Defensoria Pública, a teor do
art. 134 da Constituição da República.20 A legitimação do MP, está prevista também, em
progressiva inconstitucionalidade no art. 142 do Código de Processo Penal.
10.7) Da decisão que defere a medida cabe apelação (art. 593, II, do CPP).
10.8) Com a superveniente sentença penal condenatória os autos da hipoteca legal serão
encaminhados ao juízo cível para liquidação (art. 143 do CPP).
10.9) Todavia, se a sentença for absolutória ou declaratória de extinção da punibilidade a
hipoteca legal será cancelada (art. 141 do CPP).
10.10) O arresto previsto no art. 137 é simétrico à hipoteca legal, todavia, refere-se a bens
móveis de origem lícita de propriedade do acusado.21
10.11) O procedimento de arresto de bens móveis é idêntico ao previsto para a Hipoteca
Legal.
10.12) A defesa poderá lançar mão dos embargos, a teor dos arts. 129 e 130 do CPP.
10.13) De igual modo, a hipoteca legal não se submete às restrições de não penhora do bem
de família, de que trata a Lei nº 8.009/90, art. 3º, VI. Assim, a hipoteca legal pode incidir sobre
bem imóvel gravado com a cláusula de impenhorabilidade de bem de família. (TRF, 4ª região,
ACR 5.045 PR-2005.70.00.005045-3, julgado em 04.07.2007).
Rotina:
Autuar em apartado os autos da hipoteca legal.

20
Idem. Curso de processo penal. 13. ed. 2. tir., revista e atualizada... Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 220.
21
AVENA, Norberto. Processo penal: esquematizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: Método, 2010, p. 427.
31

Hipoteca Legal
(arts. 134 a 144 do CPP)

Requerimento do ofendido, representante legal ou herdeiros


e do Ministério Público (art. 134 e 142 do CPP)

Presença dos Requisitos Legais

fumus commissi delicti e periculum in mora

Em qualquer fase do Processo

Estimação do valor da responsabilidade cível e designação


de imóvel (ou imóveis) para Hipoteca (art. 135 do CPP)

O juiz mandará, de logo, proceder ao arbitramento do valor


da responsabilidade cível e avaliação do imóvel (ou imóveis)
(art. 135 do CPP)

Nomeação de Perito (art. 135, § 2º, do CPP)

Prova ou indicação destas da


estimativa do valor da responsabilidade
civil (art. 135, § 1º do CPP)

Juntar prova de domínio dos bens. (art. 135, § 1º, do CPP)

O juiz, após ouvir as partes em 2 (dois) dias em cartório, poderá


corrigir o valor da responsabilidade (art. 135, § 3º, do CPP).

A autorização da inscrição da hipoteca do imóvel (ou imóveis)


será necessária para garantia da responsabilidade
(art. 135, § 4º, do CPP)

Após a condenação o valor da responsabilidade


será liquidado definitivamente (art. 135, § 5º, do CPP)

Poderá ser pedido novo arbitramento se qualquer das partes


não se conformar com o arbitramento anterior da sentença
(art. 135, § 6º, do CPP)

Se o acusado prestar caução em dinheiro ou


título, o juiz pode deixar de mandar proceder
a inscrição da hipoteca legal
(art. 135, § 6º, do CPP)

O arresto do imóvel decretado no início será


revogado no prazo de 15 (quinze) dias se não
for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal
(art. 136 do CPP)

Não havendo bens imóveis ou se o valor destes for insuficiente


poderão ser arrestados bens móveis, suscetíveis de penhora,
sendo facultada a hipoteca legal de imóveis
(art. 137 do CPP)
32

11. INCIDENTE DE FALSIDADE


(arts. 145 a 148 do CPP)
Processamento:
11.1) Suspender os autos do processo principal - art. 394 do CPC (aplicação subsidiária).
11.2) A procuração outorgada ao advogado exige, para arguir o incidente, poderes especiais
(art. 146 do CPP).
11.3) STJ: “Incidente de Falsidade – Procuração – Poder especial. O art. 146 do CPP exige
poder especial para instauração do incidente de falsidade. O Processo Penal visa a projetar a
verdade real (rectius) material. É finalidade de natureza material. O procedimento, apesar de
disciplinar condutas, não pode impedir que o fim seja alcançado. Conclusão oposta levará a
contrastar a teleologia do processo. Assim, na falta do respectivo poder na procuração,
cumpre abrir-se oportunidade para o defensor agir. O procedimento submete-se ao processo”
(REsp. 148.227/PR – Rel. Min. Vicente Cernicchiaro – Pub. DJ, 15.06.1998, p. 175).
11.4) Contra a decisão do juiz que indefere o pedido cabe o recurso doméstico em sentido
estrito (art. 581, XVIII, do CPP).
11.4.1) O recurso só terá efeito devolutivo (art. 584 do CPP).
11.4.2) O recurso deve subir ao Tribunal nos próprios autos do incidente de falsidade.
11.4.3) A fase recursal é imprópria para instauração do incidente de falsidade documental,
por acarretar flagrante supressão da instância de primeiro grau, pois redundaria na
possibilidade de o tribunal julgar um recurso com base em elemento de convicção que não
esteve à disposição do juiz de primeiro grau de jurisdição.22
Rotina:
- Autuar os autos do incidente em apartado.
- Abrir vista à parte contrária – demais coacusados e órgão do Ministério Público para
resposta (em 48 horas).
Em seguida, abrir-se-á a fase da dilação probatória, intimando-se o(s)
impugnante(s)/querelante(s) e o(s) impugnado(s)/querelado(s) para se manifestarem,
sucessivamente, no prazo de 3 (três) dias, a fim de provar suas alegações.
- Abrir conclusão dos autos ao Juiz que pode ordenar diligências (realização de perícia, por
exemplo).
- Pedido improcedente – arquivar os autos do incidente.
- Irrecorrível a decisão que reconhecer a falsidade documental. O documento será
desentranhado dos autos principais e anexado aos autos do incidente, dando-se vista ao
Ministério Público para apurar a responsabilidade do autor da falsidade.

22
TRF, 5ª. Região, Apelação 99.05.05825-7, DJ, 17.07.2007.
33

Incidente de Falsidade
(arts. 145 a 148 do CPP)

De ofício ou a requerimento da parte


(arts. 145 e 147 do CPP)

Autuação em apartado do Incidente Resposta da parte contrária no


(art. 145, I, do CPP) prazo de 48 horas (art. 145, I, do CPP)

Concessão sucessiva de três dias Conclusão dos autos ao Juiz


para a produção de prova
(art. 145, II, do CPP)

Realização de diligências
ordenadas pelo juiz
(art. 145, III, do CPP)

Julgamento

Pedido improcedente Pedido procedente


documentos mantidos desentranhamento do documento
nos autos dos autos (art. 145, IV, do CPP)

Trânsito em Julgado
(formal)
(art. 148 do CPP)

Remessa do documento e
dos autos do Incidente ao MP
(art. 145, IV, do CPP)

12. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL


(arts. 149 a 153 do CPP)
Comentários:
12.1) O juiz instaura o incidente mediante portaria, formulando os quesitos para ser
respondido por um único perito oficial (art. 159 do CPP redação da Lei nº 11.690/2008). Na
falta de perito oficial o juiz deverá nomear 2 (dois) peritos para proceder ao exame.
12.2) Nomeia curador – o defensor do acusado, defensor público ou dativo.
12.3) Há crise de instância com a suspensão temporária do curso do processo principal.
12.4) O juiz dará vista às partes para formulação de quesitos complementares (art. 176 do
CPP), no prazo de 5 (cinco) dias e indicação de assistente técnico (art. 159, §§ 3º e 5º, II, do
CPP).
12.5) Prazo não fatal para realização do exame: 45 (quarenta e cinco) dias.
34

12.6) Os autos apartados do procedimento do incidente são apensados aos autos do


processo principal.
Rotina:
a) acusado preso: ofício encaminhando o acusado ao Diretor do HCTP (Hospital de Custódia
e Tratamento Psiquiátrico).
b) acusado solto: notificar o acusado para comparecer ao HCTP para realização da perícia
psiquiátrica.

A requerimento das partes,


de ofício pelo juiz,
representante legal do paciente
(art. 149 do CPP)

Instauração na fase Instauração na fase


de Inquérito Policial Judicial
(art. 149, § 1º, do CPP) (art. 149, § 1º, do CPP)

Juiz nomeia curador


(art. 149, § 2º, do CPP)

Suspensão do processo
principal
(art. 149, § 2º, do CPP)

Acusado Preso Acusado solto.


Transferência para o Hospital Exame preliminar em Hospital Psiquiátrico
de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em casa de saúde (local adequado)
(art. 150 do CPP) (art. 150 do CPP)

13. BUSCA E APREENSÃO


Comentários:
13.1) A busca e apreensão pode ser determinada de ofício, pelo juiz, ou a requerimento de
qualquer das partes (art. 242 do CPP).
13.2) Art. 5º, LVI, da CR – o devido processo legal exclui da apreciação do juiz a prova obtida
por meios ilícitos.
13.3) Para Ada Pellegrini Grinover é da essência do mandado judicial – certo e determinado –
que o fumus boni iuris seja demonstrado no caso concreto e o periculum in mora evidenciado
pela necessidade de se colher, o mais rápido possível, os elementos probatórios que
interessam ao esclarecimento dos fatos debatidos no processo.23
13.3.1) Dispensa mandado judicial a prisão em flagrante delito (art. 302 do CPP) e nos crimes
permanentes (art. 303 do CPP).
13.4) O conceito de domicílio, emprestado do Direito Civil (art. 70 do CC) deve ser
interpretado da forma mais ampla possível:

23
GRINOVER, Ada Pellegrini. A marcha do processo. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 480.
35

13.4.1) Por domicílio deve-se compreender, para o efeito da licitude da coleta da prova, a
casa ou habitação, isto é, o local onde a pessoa vive, trata dos seus assuntos particulares ou
profissionais, a exemplo de escritório, consultório, gabinete do juiz, quarto de hotel,
hospedaria... para o efeito de inviolabilidade (art. 5º, XI, da CR).
Processamento:
13.4.2) Proceder-se-á a busca domiciliar, por mandado (quando o Juiz não o fizer
pessoalmente), com o objetivo de prender pessoas suspeitas de cometer crime; apreender
objetos ou coisas – produto de crime. A busca pessoal dar-se-á em contato com o corpo do
acusado, pertences íntimos como bolsa, mala, veículo, avião... objetivando, por exemplo, a
apreensão de arma de fogo, droga... ou qualquer produto de crime, que a pessoa oculte
consigo, visto que o rol do art. 240 do CPP e exemplificativo e não exaustivo (numerus
clausus).
13.4.2.1) A busca pessoal não depende de mandado judicial (art. 244 do CPP).
13.5) Horário para cumprimento da busca e apreensão: para o Min. do Supremo Tribunal
Federal Celso de Mello a expressão dia deve ser compreendida entre a aurora e o
crepúsculo, não socorrendo a interpretação analógica ao art. 172 do CPC (realização dos
atos processuais das 6 (seis) às 20 (vinte) horas).
Rotina:
- Distribuído o requerimento da Autoridade Policial Judiciária, abrir vista ao Ministério Público.
- Se o pedido partir do próprio Ministério Público, fazer conclusão dos autos ao Juiz para
decidir.
- Expedir mandado de busca e apreensão com as garantias constitucionais e exigências
legais.
- Fazer constar no mandado de busca as limitações quanto ao horário de cumprimento da
diligencia (da aurora ao crepúsculo).
- Se positiva a busca, a Autoridade Policial Judiciária fará relatório dos bens, objetos ou
coisas apreendidas e lavrará, em sendo o caso, a prisão em flagrante delito de pessoas.
- Os bens apreendidos deverão ser cadastrados no correspondente cadastro do CNJ.
- Se negativa a busca, o Juiz mandará arquivar os autos, depois de ouvido o MP, por
despacho de mero expediente.

Fluxograma de Medida Cautelar de


Busca e Apreensão
(arts. 240 a 250 do CPP)

Requisitos legais

Fumus boni iuris Periculum in mora

Razões fundadas para Descobrir objetos necessários


prender criminosos ou à prova do crime ou à
apreender coisas defesa do acusado
(art. 240, § 1º, do CPP) (art. 240, § 1º, "e", do CPP)
36

14. PRISÃO TEMPORÁRIA


Comentários:
14.1) Prisão temporária: (fumus commissi delicti) (art. 1º, III, da Lei nº 7.960/89): fundadas
razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
participação do indiciado) (crimes elencados no art. 1º, inciso III, alíneas “a” a “o”, da Lei nº.
7.960/89); (periculum libertatis) (art. 1º, I e II, da Lei nº 7.960/89 c/c o art. 312 do CPP)
quando a prisão for imprescindível para as investigações, se o indiciado não tiver residência
fixa, ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade, 24 sob pena
de dificultar a formação da opinio delicti (convicção) do Ministério Público.
14.2) A prisão temporária não poderá ser decretada de ofício pelo Juiz (art. 2º da Lei nº
7.960/89).
14.3) Em sede de prisão temporária já se pronunciou o E.g. Superior Tribunal de Justiça,
verbis:
“Processual penal. Prisão temporária. O despacho que decreta a prisão temporária evidencia
legalidade quando o juiz deixa expressos os indícios de autoria e materialidade e enfatiza a
necessidade de constrição ao exercício do direito de liberdade. Decisão por unanimidade;
denegar a ordem de habeas corpus. (STJ–Rel. Min. Luiz Vicente Cernichiaro: Decisão:
29/03/93)”.
14.4) Tratando-se de crime não hediondo o prazo é de 5 (cinco) dias, prorrogável por mais 5
(cinco), no caso de extrema e comprovada necessidade, em qualquer caso, ouvindo-se,
previamente o Ministério Público, na hipótese de representação da Autoridade Policial
Judiciária (art. 2º, § 1º, da Lei nº 7.960/89).
14.5) Em se tratando de crime hediondo o prazo da prisão temporária é de 30 (trinta) dias,
prorrogável, por igual período (art. 2°, § 4º, da Lei nº 8.072/90).
14.6) Não prorrogada a prisão temporária o preso deverá ser posto, imediatamente, em
liberdade.
14.7) O decreto da prisão temporária deverá ser exarado pelo Juiz no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas.
14.8) O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento das partes, determinar que o preso seja
conduzido a sua presença; solicitar informações ou esclarecimentos da Autoridade Policial
Judiciária ou submeter o acusado a exame de corpo de delito.
14.9) Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma
das quais será entregue ao acusado e servirá como nota de culpa.

24
Segundo Pacelli deve se aplicar analogicamente o art. 313, parágrafo único, do CPP, incluído pela Lei nº 12.403/2011,
para fins de imediata soltura do acusado após a correta identificação. Comentários à Lei nº 12.403 de 05 de maio de 2011.
OLIVEIRA, Pacelli de (no prelo), p. 54.
37

Prisão Cautelar Temporária


Lei nº. 7.960/89

Requisitos Legais

Fumus Commissi Delicti Periculum Libertatis


(art. 1º, III, da Lei nº. 7.960/89) (art. 1º, I e II, da Lei nº. 7.960/89)

Pressupostos

Imprescindibilidade da medida Indiciado não tem residencia fixa ou


para as investigações do não fornece elementos para
Inquérito Policial esclarecer sua identidade
(art. 1º, I, da Lei nº. 7.960/89) (art. 1º, II, da Lei nº. 7.960/89)

Crimes punidos com pena de reclusão


(art. 1º, III, "a" a "n", da Lei nº. 7.960/89)

15. PRISÃO PREVENTIVA


Comentários:
15.1) Prisão preventiva: (fumus commissi delicti): (prova da materialidade do crime e indício
suficiente de autoria); (periculum libertatis): perigo o acusado representa em liberdade à
garantia da ordem pública, econômica, conveniência da instrução criminal, aplicação eventual
da lei penal e ao cumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas
cautelares anteriormente descumpridas. (art. 312 do Código de Processo Penal).
a) ordem pública: credibilidade na justiça, tranquilidade da sociedade e manutenção do pacto
social. O crime rompe a ordem pública e a sanção penal restaura a ordem violada; o crime
causa a sensação de fraqueza da ordem e das instituições de segurança pública do
Estado. Os Tribunais têm entendido que: “a gravidade e a violência da infração têm valor
considerável na decretação da custódia preventiva, mesmo porque revelam, no mínimo,
uma possível periculosidade do agente” (TJSP –Rel. Pires Neto – RJTGP 125/579).
b) garantia da ordem econômica: com a sonegação de impostos, o imputado viola a ordem
econômica pela concorrência desleal de preços (art. 173, § 4º, da CR); coloca em risco o
equilíbrio fiscal do Estado, na sua função federativa de reduzir a pobreza, a marginalidade,
e as desigualdades sociais. Assim, a garantia da ordem econômica visa coibir as ações
daqueles que buscam locupletar-se à custa do erário público.
c) conveniência da instrução criminal: se o imputado alicia ou suborna testemunhas ou
utiliza-se de meios para destruir provas do crime; a fuga do imputado do distrito da culpa 25
causa embaraço à instrução probatória, bem como, coloca em xeque a aplicação eventual
da lei penal; a ausência de aplicação da lei penal, no sentido de reprimir e prevenir o
crime, causa, no ambiente social, a sensação de impunidade, sendo esta cúmplice da
violência do dia-a-dia nos grandes centros urbanos. A ameaça a testemunhas é uma
ameaça indiscutível formulada pelo réu ou pessoas ligadas a ele e por isso pode

25
Súmula 89 do TJPE.
38

desencadear a prisão preventiva, como forma de garantir a conveniência da instrução


criminal.26
d) aplicação da lei penal: STF: “a simples fuga do acusado do distrito da culpa, tão logo
descoberto o crime praticado, já justifica o decreto de prisão preventiva”. (RT 497/403).
e) discorrendo sobre o instituto da prisão preventiva, Espínola Filho, afirma que Walter P.
Acosta, leciona: "... a prisão preventiva é uma medida de força, que o interesse social
reclama da liberdade individual, com a tríplice finalidade de permitir que o indiciado se
mantenha acessível à justiça no distrito da culpa, de impedir que ele, por manobras,
estorve a regular produção das provas e de obstar ao prosseguimento de sua atividade
delituosa". 27
e) STJ: “A primariedade, os bons antecedentes e a residência em domicílio no distrito da
culpa são circunstâncias que não obstam a custódia provisória, quando ocorrentes os
motivos que legitimam a constrição do acusado”. (JSTJ 2/267).
Para decretação da prisão preventiva o Juiz deve ponderar o princípio constitucional da
presunção do estado de inocência (art. 5º, inciso LVII, da CR) com o princípio da necessidade
da prisão (art. 312 do CPP).
15.2) Hipóteses do art. 313 do Código de Processo Penal:
I – crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
anos.
II – se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado,
ressalvado o disposto no inciso I , do caput, do art. 64 do Código Penal.
III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.
Parágrafo único – Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
manutenção da medida.
Rotina:
Observar o manual do CNJ

26
NUCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005, p. 584.
27
ACOSTA, Walter P. O processo penal. 22. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1995, p. 80.
39

Prisão Cautelar Preventiva


(arts. 311, 312 e 313 do CPP)

Requisitos de admissibilidade

Fumus commissi delicti Periculum libertatis

Indício verossímel de Prova da existência do


autoria ou participação crime
(art. 312 do CPP) (art. 312 do CPP)

Pressupostos
(art. 312 do CPP)

Garantia da ordem pública Garantia da ordem


econômica

Conveniência da Aplicação da Lei Penal


instrução criminal

Hipóteses legais

Crimes dolosos punidos A reincidência em crime Violência doméstica e familiar


com pena máxima superior a doloso contra mulher, idoso, criança,
4 (quatro) anos de reclusão (art. 313, II, do CPP) adolescente, enfermo ou pessoa
(art. 313, I, do CPP) com deficiência (art. 313, III, do CPP)

16. LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA


(art. 5º, LXVI, da CF, c/c arts. 321 a 350 do CPP)

Comentários
16.1) Valor da Fiança: o salário de referência foi abolido pela Lei nº 7.789/89. A Lei nº
7.843/89 criou o BTN (Bônus do Tesouro Nacional) como índice de atualização monetária. O
BTN foi extinto pela Lei nº 8.177/91 e o índice foi substituído pela TR (Taxa Referencial),
critério de atualização do valor da fiança substituído pela unidade do salário mínimo (art. 325
do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/2011).
16.2) Conceito de Fiança: para o legislador é uma garantia real. É uma caução real (art. 326
do CPP).
16.3) Modalidades (art. 330 do CPP):
a) Por depósito;27
b) Por hipoteca.28

27
Em conta de poupança, em nome do acusado, à disposição do juízo, de preferência, em instituições financeiras oficiais.
28
Inscrição em primeiro grau: art. 1.476 do Código Civil.
40

16.4) Finalidade – visa assegurar, no caso de condenação do acusado, o pagamento das


custas; da satisfação do dano ex delicto e eventual pagamento de multa.
16.5) Momento da prestação da fiança – desde o inquérito policial e no processo até antes do
trânsito em julgado da sentença.
16.6) Quem poderá prestá-la? O próprio acusado ou qualquer pessoa pode efetuar o
pagamento (trata-se de garantia real).
16.7) Obrigações – art. 329 do CPP.
16.8) MP controle a posteriori – art. 333 do CPP.
16.9) Hipóteses de vedação:
a) Crimes de racismo;
b) Crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e os definidos
como crimes hediondos.
c) Crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático;
d) Quando o acusado houver, no mesmo processo, quebrado a fiança concedida ou
infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações constantes do art. 327 e 328 do CPP;
e) Caso de prisão civil ou militar;
f) Quando presentes os motivos que autorizem a prisão preventiva;
16.10) Possibilidade de aumento e diminuição do arbitramento (art. 325, § 1º, incisos I, II e III,
do CPP).
16.11) Arbitramento (art. 326 do CPP).
16.12) Reforço (art. 340 do CPP).
16.13) Dispensa (art. 350 do CPP).
16.14) Extinção da Fiança:
16.14.1) Obrigações (arts. 327 e 328 CPP) e art. 341 do CPP.
16.14.2) Cassação (art. 338 do CPP).
16.15) Quebramento (art. 341 do CPP). STJ: “A quebra de fiança, pela fuga do réu do distrito
da culpa, é causa suficiente ao restabelecimento da prisão em flagrante”. (RHC 9.203-SP, 5ª
T., relatoria Édson Vidigal, 23.11.1999, v.u., DJ 13.12.1999, p. 162.29
16.16) Perda (art. 344 do CPP).
16.17) Inafiançabilidade constitucional: art. 5º, incisos LXII, LXIII e LXIV, da CF e legislações
extravagantes: racismo, tortura, tráfico de drogas, terrorismo, e os definidos como hediondos;
ação de grupos armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático de Direito.
16.17.1) Jurisprudência: v. HC – 97975, relatoria Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado
em 09.02.2010, DJe-050 Divulg. 18.03.2010 Public. 19.03.2010 Ement. Vol. 02394-02 Pp.-
00313 em relação à fiança/liberdade provisória nos crimes hediondos ou a ele equiparados.
Interpretação do art. 44 da Lei nº 11.343/2006.

29
“O fato de haver sido revogado o sursis em face de superveniência de nova condenação não impede a concessão da fiança
enquanto não transitar em julgado a decisão condenatória” (STF – RHC 75.917-9 relatoria Min. Maurício Correa – DJU
5.6.98, p. 29). A fiança quebrada ou perdida passa a fazer parte do Funpen – Fundo Penitenciário nacional – art. 2º, VI, da
Lei Complementar nº 79/94, cujo valor deverá ser depositado em banco federal.
41

16.18) Estabelece o art. 413, § 2º, do CPP, que por ocasião da pronúncia, se o crime for
afiançável, o juiz fixará o valor da fiança para concessão ou manutenção da liberdade
provisória.
16.19) Concessão de fiança nos crimes de sonegação fiscal e contra a economia popular:
a) STJ: “1. Com a introdução do parágrafo 2º ao art. 325 do Código de Processo Penal, pela
Lei nº 8.035/90, ficou proibida a concessão de liberdade provisória sem arbitramento de
fiança, quando se tratar de crimes contra a economia popular e de sonegação fiscal. 2.
Recurso provido. (REsp 556.827/DF, relatoria Ministra Laurita Vaz, 5ª T., julgado em
17.11.2005, DJ, 19.12.2005, p. 463).
b) TJDF: “Embora o art. 325, § 2º, do Código de Processo Penal, imponha o pagamento de
fiança na concessão de liberdade provisória em crime de sonegação fiscal, tal regra há de ser
afastada se o acusado estiver impossibilitado de prestá-la por motivo de pobreza, ex vi do
disposto no art. 350 do mesmo diploma legal, que deve ser prestigiado mesmo que não tenha
sido expressamente citado no r. decisum recorrido”. (RSE 20040110420512 – relatoria Sérgio
Bittencourt – 1ª Turma Criminal, julgado em 12.05.2005, DJ, 17.08.2005, p. 68).
16.20) Da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança cabe
recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP).

Infração punida com Infração punida


pena máxima de com prisão com pena
Prisão até quatro anos máxima superior a
quatro anos

Juiz
Delegado de Polícia (art. 322, parágrafo único, do CPP)
(art. 322 do CPP)
Decisão do Juiz
48 (quarenta e oito) horas
(art. 322, parágrafo único, do CPP)

Hipóteses de vedação da fiança


(art. 323 e 324 do CPP)

Valor da Fiança
(art. 325 do CPP)

Inciso I Inciso II Parágrafo I

Infrações punidas Infrações punidas com Possibilidade de dispensa,


com até quatro pena superior à quatro redução em até 2/3 e
anos de prisão anos de prisão aumento de até 1000
vezes

1 a 100 salários 10 a 200 salários


mínimos mínimos

Juiz concede
a Fiança

Vista dos autos


ao MP
(art. 333 do CPP)

Cabe Recurso em
Sentido Estrito
(art. 581, V, do CPP)
42

17. LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA


(art. 5º, LXVI, da CF, arts. 310, parágrafo único, e 321 do CPP)
Comentários:
17.1) Diferenças entre liberdade provisória, revogação de prisão preventiva e
relaxamento de prisão (art. 5º, LXV, da CF): a liberdade provisória não se confunde com o
relaxamento de flagrante nem com a revogação da prisão preventiva. Em tais casos, a prisão
é considerada ilegal ou os motivos insubsistentes. Ao contrário, na liberdade provisória o
motivo da prisão é legal, válido, mas esta é substituída pela liberdade cautelar. Todavia, o
acusado permanece sob uma causa de prisão que fica suspensa, não obstante, a concessão
da liberdade provisória possa ser revogada, se houver razão para tanto. 30
17.1.1) Conceito: é uma medida de contracautela que se concede ao réu mediante a restrição
de alguns direitos.
17.1.2) A liberdade provisória deve ser concedida a partir da prisão em flagrante delito se não
estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva.
17.1.2.1) STF: “O parágrafo único do artigo 310 do Código de Processo Penal não impõe ao
Juiz, a exarar, de ofício, despacho fundamentado de toda e qualquer prisão que lhe seja
comunicada, se entender não configurado qualquer dos pressupostos da prisão preventiva.
Todavia, cabe-lhe a obrigação de fundamentar a decisão sempre que a liberdade provisória é
postulada e denegada” (STF – HC 62166/SP, relatoria Min. Moreira Alves, j. 31.10.1984).31
17.1.3) Modalidades:
a) obrigatória (art. 283, § 1º, do CPP, alterado pela Lei nº 12.403/2011)32.
b) permitida (naquelas hipóteses em que não cabe a prisão preventiva).
c) vedada (crimes inafiançáveis) Constituição da República e legislação extravagante.
Pacelli faz a distinção entre liberdade provisória com fiança, sem fiança e vinculada (apenas
nos casos de excludentes de ilicitude e culpabilidade).33
COM FIANÇA
LIBERDADE SEM FIANÇA
PROVISÓRIA
VINCULADA
17.2) Liberdade provisória sem fiança (art. 310, inciso III do CPP, redação dada pela Lei nº
12.403/2011).
17.3) O juiz pode conceder a liberdade provisória sem fiança, todavia, depois de ouvir o
Ministério Público.
17.3.1) Liberdade Provisória Sem Fiança:
a) pena não privativa de liberdade (art. 283, § 1º, do CPP);
b) hipótese do art. 350 do CPP;
c) casos em que a fiança não se mostra necessária (art. 321 e art. 282, II, do CPP)
ou for vedada (art. 323 e 324 do CPP);
17.3.2) Liberdade Provisória Com Fiança:

30
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 267.
31
Vide Resolução 87-CNJ.
32
Veja-se os comentários ao item 9, b) do fluxograma Liberdade Provisória com Fiança.
33
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli. Atualização do Processo Penal. Lei nº 12.403, de 5 de maio de 2011, p. 56.
43

a) casos em que a fiança se mostrar necessária (art. 321 e art. 282, II, do CPP).
17.3.3) Liberdade Provisória Vinculada:
a) casos em que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III
do caput do art. 23 do Código Penal, sem a fixação de qualquer das medidas
cautelares do art. 319 do CPP, vinculando o acusado apenas a termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação (art. 310,
parágrafo único, do CPP).
17.3.4) Liberdade Provisória com imposição de outras medidas cautelares:
a) comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,
para informar e justificar atividades;
b) proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante
desses locais para evitar o risco de novas infrações;
c) proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
d) proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
e) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado
ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
f) suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações
penais;
g) internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência
ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e
houver risco de reiteração;
h) monitoração eletrônica.
17.4) Da decisão que conceder fiança cabe recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP).
Rotina:
Devem ser expedidos Alvará de soltura clausulado e Termo de Compromisso a ser subscrito
pelo beneficiário, conforme modelos anexos.

Requerimento

Anexar Folha de
Antecedentes Criminais

Vista ao
Ministério Público

Juiz decide

Com ou sem fiança


(art. 310, inciso III,
c/c art. 321 e art. 319 do CPP)
44

18. EMENDATIO LIBELLI


Comentários:
18.1) O princípio da correlação entre imputação e sentença, no que diz respeito à emendatio
libelli determina que: “O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de
aplicar pena mais grave (art. 383 do CPP com redação da Lei nº 11.719/2008).
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de
suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os
autos.
18.2) Desde os romanos o acusado se defende dos fatos a ele imputados, por isso que no
vetusto Direito Romano havia o erro de fato (situações fáticas) diferentes do erro de tipo
(situações fáticas e/ou normativas).
18.3) Pelo princípio iura novit curia do livre convencimento o juiz conhece o direito e cuida do
direito, em face da regra romana narra mihi factum, dabo tibi ius.
18.4) Jurisprudência:
STF: “O acusado se defende dos fatos, sendo provisória a qualificação dada pelo Ministério
Público quando do oferecimento da denúncia. II – Ao magistrado é dado emprestar ao fato
definição jurídica diversa daquele constante da denúncia (art. 383 do Código de Processo
Penal). III – Inocorrente a alegada falta de correlação entre acusação e sentença” (HC
90.686/PE – Rel. Min. Ricardo Lewandowski – DJE-013 – Pub. 11.05.2007. E ainda: “(...).
Não se há de confundir emendatio libelli com mutatio libelli. A impetração sustenta ter
ocorrido mutatio libelli, quando, na verdade, trata-se de emendatio libelli, expressada na
circunstância de o Juiz, sem alterar o quadro fático constante da denúncia, ter conferido outra
definição jurídica ao crime, de acordo com o disposto no artigo 383 do Código de Processo
Penal” (RHC 90.114/PR – Rel. Min. Eros Grau – DJE-082 – Pub. 17.08.2007).
18.5) Em 2º grau de jurisdição não pode o Tribunal lançar mão da emendatio libelli em face
do princípio da vedação ne reformatio in peius, pois não pode ser piorada a situação
processual do acusado se o recurso for exclusividade dele.
45

Denúncia Queixa

Juiz atribui definição


jurídica diversa

Sentença
(pode aplicar pena mais grave)

Desclassifica a infração penal


com possibilidade de
suspensão condicional do
processo

O juiz encaminha os autos ao


MP para proposta de SCP

Promotor de Justiça Promotor de Justiça


entende não caber a oferece a SCP
SCP

Juiz discorda do MP e Juiz concorda com o MP Em audiência o acusado Se o acusado não


envia os autos ao PGJ e profere sentença de aceita a SCP aceitar o SCP o juiz
(análise do art. 28 do CPP) condenação/absolvição (art. 89, § 1º, da Lei profere sentença de
do acusado 9.099/95) condenação/absolvição

Se o PGJ concordar Se o PGJ discordar


com o Promotor o do Promotor
juiz deverá julgar designará outro para
o processo apresentar a proposta de SCP

19. MUTATIO LIBELLI


(art. 384 do CPP)
Comentários:
19.1) Conceito: “Trata-se aqui da possibilidade de o magistrado verdadeiramente alterar o
conteúdo da peça acusatória, conforme a própria expressão latina induz: a mutação do
“libelo”, cujo emprego se encontra doutrinariamente amparado pelo zelo em impedir que o
magistrado profira provimentos além daquilo que foi pleiteado. Argumenta-se, também, com o
novo conteúdo da acusação diante das provas que foram produzidas”. 34
19.2) O Ministério Público está jungido pelos princípios da legalidade, obrigatoriedade e
indisponibilidade da ação penal.
19.2.1) Pelo princípio da obrigatoriedade (legalidade ou necessidade) promover a ação penal
não é uma faculdade do Ministério Público. Presentes os elementos necessários, é ele
obrigado a promover a ação;
19.2.2) Pelo princípio da indisponibilidade – uma vez promovida a ação penal, ao Ministério
Público é vedado dela desistir (art. 42 do CPP). Não pode, assim, dispor da ação penal.
Poderá, entretanto, opinar pela absolvição do acusado (isso não implica que o juiz deixe de
condená-lo).
19.3) A mutatio libelli só pode ser reconhecida após a produção de provas.

34
CHOKR, Fauzi Hassan. Código de Processo Penal: comentários consolidados e crítica jurisprudencial. 2. ed. rev, atual. e
comentada... Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2007, p. 586.
46

19.4) Pela dicção do art. 384, § 1º, do CPP, com redação da Lei nº 11.719/2008, não
procedendo o MP ao aditamento, aplica-se o disposto no art. 28 do aludido Código de
Processo Penal.
19.4) Reza o § 2º, do art. 384, do CPP, ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco)
dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e
hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do
acusado, realização de debates e julgamento”.
19.5) Diz o § 4º, do art. 384: “Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três)
testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do
aditamento”.
19.6) A audiência, depois da mutação da libelo, obedecera aos ditames do art. 400 ou 411 do
Código de Processo Penal.
19.7) Procedido ao aditamento, com a desclassificação da conduta, presentes os requisitos
do art. 89 da Lei nº 9.099/95, deverá o Ministério Público propor a medida despenalizadora da
suspensão condicional do processo, em face do direito público subjetivo do acusado, isto
porque o processo penal tutela liberdades públicas e o direito a uma pena alternativa,
preenchidos os requisitos legais, circunscreve-se na esfera do princípio da autonomia da
liberdade do acusado (§§ 3º, do art. 384 c/c o § 1º, do art. 383, do CPP).
19.8) Em homenagem a princípio constitucional, os autos devem ser encaminhados ao juiz
natural, havendo modificação da competência, operada pelo aditamento (§ 2º).
19.9) Art. 419 do CPP: “Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da
existência de crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não for
competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja”.
19.10) A teor da Súmula 453, do Supremo Sinédrio, a mutatio libelli, ao dar definição nova ao
fato, não se aplica no segundo grau de jurisdição por representar, inclusive, supressão de
instância, em flagrante desconsideração ao princípio do juiz natural, fundamento inarredável
do Estado Democrático de Direito.
19.11) De outra ótica, em sede de competência originária, por prerrogativa de função a
mutatio libelli é amplamente aplicada nos tribunais (Lei nº 8.038/90).
19.12) No que tange à ação penal de iniciativa privada, em face do princípio da preclusão,
não há previsão legal para a mutatio libelli, em face da titularidade do MP para ação penal
pública (art. 129, I, da CR) e a condição de custos legis na ação penal privada (art. 45 do
CPP). Segundo Pacelli1 não cabe, depois da Lei nº 11.719/08 o procedimento da mutatio
libelli nos crimes de ação de iniciativa privada, por incompatibilidade. Cabe, todavia, na ação
penal de iniciativa privada, subsidiária da pública (art. 5º, LIX e art. 29 do CPP).
19.13) A decisão que procede à nova definição jurídica do fato é irrecorrível. Todavia, desafia
Habeas Corpus ou Mandado de Segurança em matéria penal. STF: “O despacho judicial que
determina a baixa do processo, apoiado no art. 384 por haver possibilidade de nova definição
jurídica do fato, é irrecorrível. Por carecer de definitividade é inapelável e, por não constar das
hipóteses taxativas arroladas no art. 581, não cabe recurso em sentido estrito” (RT 733/475).

1
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de; FISCHER, Douglas. Comentários ao código de processo penal e sua jurisprudência.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 728.
47

Encerramento da instrução criminal


nova definição jurídica do fato

Juiz baixa os autos ao O Promotor de Justiça


Promotor de Justiça para adita a denúncia de forma
aditar a denúncia espontânea

Promotor de Justiça Promotor de Justiça


procede ao aditamento entende não ser
no prazo de 5 dias caso de aditamento

Intimar a Defesa Técnica Juiz determina a remessa


para se manifestar no dos autos ao Procurador
prazo de 5 dias Geral de Justiça
(art. 28 e art. 384, § 1º, do CPP)

Admitido o aditamento o juiz, a requerimento O PGJ concorda com o Promotor O PGJ discorda do Promotor
das partes designará audiência de Justiça e não procede ao de Justiça
para inquirir testemunhas, novo aditamento
interrogatório do acusado e debates orais

Cada parte pode arrolar O Juiz sentencia pela O PGJ adita a denúncia
até 3 testemunhas no prazo imputação da denúncia ou designa outro
de 5 dias Promotor para fazê-lo

A sentença fica adstrita


ao novo aditamento

Não recebido o aditamento


o processo prosseguirá
48

20. ROTEIRO PRÁTICO DE PROCEDIMENTOS NO PROCESSO PENAL

20.1) GENERALIDADES
Procedimento: Corresponde a sequência de atos, ordenados lógica e cronologicamente
entre si, que levam à prolação de uma sentença.
Classificação: Os procedimentos penais subdividem-se em comum e especial (art. 394 do
CPP).
Procedimento comum: Subdivide-se em ordinário, sumário e sumaríssimo (art. 394, § 1º do
CPP).
Procedimentos especiais: Compreendem os remanescentes no CPP (Júri, crimes
funcionais, crimes contra a honra, crimes contra a propriedade imaterial) e os previstos em
legislação extravagante, a exemplo da lei de entorpecentes.
Critério de definição de ritos: A adoção do procedimento ordinário, sumário ou sumaríssimo
levará em conta a quantidade da pena cominada ao crime, considerando-se todos os fatores
capazes de alterar a pena máxima cominada à infração (qualificadoras e privilégios, causas
de aumento e diminuição):

a) Rito ordinário (arts. 395 a 405 do CPP): aplica-se aos crimes cuja pena máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
b) Rito sumário (arts. 395 a 397 e 531 a 536 do CPP): aplica-se aos crimes cuja pena
máxima cominada for superior a 2 (dois) anos e inferior a 4 (quatro) anos;
c) Rito sumaríssimo (Lei nº 9.099/95): aplica-se às infrações de menor potencial
ofensivo (pena máxima até 2 anos e contravenções penais).

21. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO


Comentários:
21.1) Oferecimento de denúncia ou queixa: Prazo de 15 (quinze) dias para o acusado solto
e 5 (cinco) dias, se preso (art. 46, caput, do CPP). A inicial deve estar em conformidade com
os requisitos do art. 41 do CPP, sendo o momento oportuno para apresentação de rol de
testemunhas, em número máximo de oito (art. 401 do CPP).
Rotina:
- Recebidos os autos com denúncia ou queixa, deverá a Secretaria, depois de autuá-los e
numerá-los, verificar o procedimento aplicável, conforme critérios infra. Sugere-se a
elaboração de um relatório, afixado na contracapa, contendo as principais ocorrências do
processo e respectivas folhas dos autos, para fins de contagem e monitoramento de prazos 35.
Inserir o processo no sistema de controle de presos provisórios e apor tarja de identificação,
em sendo o caso.
21.1.2) Recebimento da denúncia/queixa: O chamado juízo de admissibilidade consiste no
exame dos pressupostos processuais e das condições da ação. Não se caracterizando
nenhuma das hipóteses de rejeição, elencadas no art. 395 do CPP, o juiz deverá receber a
denúncia.
Rotina (para o juiz):

35
Aplica-se como regra geral o limite de 105 (cento e cinco) dias para conclusão dos processos com réus presos. Não há,
contudo, uma regra absoluta, podendo referido prazo sofrer oscilações ante as peculiaridades do caso concreto.
49

- Na decisão de recebimento da denúncia ou queixa, especificar o atendimento ao art. 41 do


CPP e a ausência de qualquer das hipóteses do art. 395 do mesmo diploma.
21.1.3) Citação para resposta em dez dias e intimações para audiência: Recebendo a
denúncia/queixa, o juiz ordenará a citação do acusado para oferecer resposta escrita, no
prazo de 10 (dez) dias (art. 396 do CPP). O prazo para oferecimento da resposta escrita
começa a fluir do cumprimento do mandado de citação pessoal ou por hora certa. Na
hipótese de citação por edital, o prazo só começa a correr com o comparecimento do
acusado ou de seu defensor constituído nos autos (art. 396, parágrafo único do CPP). Para o
réu situado fora do território da jurisdição do juiz processante, a citação dar-se-á por carta
precatória. Quando o acusado comparece espontaneamente à Serventia, ocorre a citação por
termo. Para o réu situado em território certo no estrangeiro, é cabível a citação por carta
rogatória, cuja expedição suspende o prazo de prescrição, bem como a marcha processual
até o cumprimento da diligência (art. 368 do CPP).
Rotina:
- O mandado de citação deverá conter (art. 352 do CPP): nome do juiz; nome do querelante
(nas ações iniciadas por queixa); nome do réu ou, em sendo desconhecido, seus sinais
característicos; residência do réu; finalidade da citação (apresentação de resposta escrita);
subscrição do escrivão e rubrica do juiz.
- Deverão constar no mandado citatório as seguintes advertências: a) de que em caso de
procedência da acusação, a sentença poderá fixar valor mínimo à reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (art. 387, IV, do
CPP); b) de que “a reparação do dano sofrido pela vítima é circunstância que sempre atenua
a pena, desde que o acusado o faça por sua espontânea vontade, com eficiência e antes do
julgamento. O valor correspondente pode ser fixado de comum acordo entre as partes e
homologado no juízo competente (art. 65, inciso III, alínea “b” do Código Penal).” 36; c) de que
citado o acusado e certificado o decurso do decêndio sem apresentação de defesa escrita,
será nomeado Defensor Público ou dativo para apresentá-la.
- Da carta precatória para citação deverá ser informado se o acusado possui defensor
constituído, caso em que deverá ser informado nome, telefone e endereço (inclusive
eletrônico, se houver).
- O procedimento a ser adotado pelo Oficial de Justiça para citação com hora certa está
previsto nos artigos 227 a 229 do CPC.
- Antes de expedir edital de citação, a serventia deverá necessariamente oficiar órgãos
responsáveis pelos estabelecimentos penitenciários do Estado para confirmar eventual prisão
do acusado, no prazo de 15 (quinze) dias. O edital deverá ser afixado no átrio do Fórum e
publicado na imprensa. A citação por edital de réu preso na circunscrição do juízo
processante gera nulidade, consoante dispõe a Súmula 351 do STF.
- Quando citar o acusado por termo, a secretaria deverá identificá-lo mediante documento
autêntico e lavrar certidão nos autos, discriminando as advertências indagações constantes
no mandado de citação.
- Decorrido o prazo previsto no edital de citação, a secretaria deverá certificar nos autos e
fazer conclusão ao juiz, que deliberará sobre: a suspensão do processo e do curso do prazo
prescricional; a produção antecipada de provas urgentes; a decretação da prisão preventiva
se presentes os requisitos do art. 312 do CPP.
- Quando o acusado se ausenta injustificadamente a qualquer ato processual ou muda de
residência sem prévia comunicação ao Juízo, a serventia deverá certificar nos autos e abrir
36
A referência em destaque é obrigatória por força do que dispõe o art. 2º, I do Provimento nº 38/2010 da Corregedoria
Geral de Justiça de PE, editado com o fito de dar cumprimento às ações de implantação do Plano de Gestão das Varas
Criminais e de Execução Penal.
50

conclusão para decretação de revelia. O acusado não precisará ser intimado dos atos do
processo em que for revel.
- Para a audiência de instrução e julgamento, deverão ser intimados: o acusado; o ofendido;
as testemunhas; o defensor constituído; o Ministério Público e o Defensor Público ou
nomeado. O defensor constituído será intimado pelo órgão oficial e os demais pessoalmente.
- Cabe à Secretaria certificar a ocorrência de causa que possa configurar abandono de causa,
fazendo conclusão dos autos ao juiz.
21.1.4) Resposta da defesa (art. 396-A do CPP): A defesa escrita é obrigatória e deverá ser
apresentada no prazo de 10 (dez) dias, contados do efetivo cumprimento do mandado de
citação ou, no caso de citação por edital, do comparecimento do acusado ou de seu defensor.
A resposta escrita é o momento adequado para a defesa: arrolar testemunhas (até o número
de oito); arguir preliminares; deduzir alegações que interessem à defesa do réu; apresentar
documentos e justificações; especificar as provas que pretende produzir. Em havendo a
arguição de exceções, estas serão processadas em apartado. Se a resposta escrita não for
apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para fazê-lo, dando-lhe vista dos autos. A fim
de se respeitar o princípio constitucional do contraditório, sempre que na peça de defesa
houver arguição de preliminares ou juntada de documentos, deve-se dar vista dos autos à
acusação para manifestação.
Rotina:
- Caso a resposta seja apresentada, juntar a petição e abrir conclusão.
- Caso esta não tenha sido apresentada, certificar o decurso de prazo para apresentação de
defesa escrita e fazer conclusão para o juiz.
21.1.5) Realização da audiência de instrução e julgamento ou absolvição sumária:
Apresentada a resposta escrita, os autos seguem à conclusão do juiz para exame de eventual
absolvição sumária, nos termos do art. 397 do CPP, cujas hipóteses são as seguintes:
existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo a inimputabilidade; circunstância de o fato
narrado evidentemente não constituir crime; extinção da punibilidade do agente. A absolvição
sumária só é admissível quando o juiz tiver certeza da caracterização de uma de suas
causas, sem necessidade de dilação probatória adicional. Nesta fase, vige a regra in dubio
pro societate. Não sendo o caso de absolvição sumária, o juiz deverá sanear o feito,
deliberando sobre as arguições constantes na defesa escrita, e designará dia e hora para a
audiência una de instrução e julgamento, com observância do prazo de 60 (sessenta) dias
(art. 400 do CPP).
Rotina:
- Antes de fazer conclusão para deliberação sobre absolvição sumária, a secretaria deverá
verificar e certificar o cumprimento de todas as deliberações constantes na denúncia ou na
queixa.
- A requisição dos acusados presos para audiências, no Estado de Pernambuco, deverá ser
feita à SERES com no mínimo 15 (quinze) dias de antecedência, por meio eletrônico.
- Para a audiência de instrução e julgamento, a secretaria deverá intimar o acusado, seu
defensor, o Ministério Público e, em sendo o caso, o querelante e o assistente de acusação.
- Não sendo possível a ouvida de testemunhas por videoconferência, a oitiva será através de
carta precatória.
- A dinâmica da audiência de instrução e julgamento segue o previsto no art. 400 do CPP, na
seguinte ordem de oitivas: ofendido; testemunhas de acusação; testemunhas de defesa;
esclarecimentos do perito; acareação; reconhecimento de pessoas e coisas; interrogatório;
51

requerimento de diligências e decisão; alegações finais; sentença; manifestação das partes


sobre a sentença.
- A regra é condução das testemunhas à audiência pelas partes. A intimação pelo juiz
constitui exceção e só deve ocorrer quando requerido pela parte, mediante justo motivo.
- Modo de inquirição das testemunhas é o cross examination: inquirição direta pelas partes,
devendo o juiz apenas complementá-las, se houver pontos a serem esclarecidos (art. 212,
caput e parágrafo único do CPP).
- No número máximo de 8 (oito) testemunhas, não são computadas aquelas que não prestam
compromisso nem as referidas (art. 401, § 1º do CPP).
- Quando as testemunhas de defesa não tiverem presenciado os fatos, suas oitivas poderão
ser substituídas pela apresentação de declarações de conduta social do réu, antes da
audiência, evitando-se com isso desperdício de tempo37.
- A expedição de carta precatória não suspende a instrução criminal, devendo ser assinalado
prazo razoável para o seu cumprimento. Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o
julgamento, mas a todo tempo a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos (art. 222
do CPP).
- Não é preciso intimar as partes da data da audiência no Juízo deprecado, pois cabe às
partes acompanhar a tramitação da carta. Exige-se, contudo, que as partes sejam intimadas
da expedição da precatória.
- Ao qualificar a testemunha, a serventia deverá indagar sobre a necessidade de resguardo
de intimidade ou imagem, ou alguma das situações do art. 217 do CPP.
- O interrogatório do acusado adota o sistema presidencial como método de inquirição (o juiz
faz as perguntas primeiramente e depois indaga às partes se restou algum ponto para ser
esclarecido.
- A audiência pode ser encerrada sem prolação de sentença quando: é deferida alguma
diligência; a causa é complexa; o número de acusados é excessivo; é necessária a expedição
de carta precatória para interrogatório do acusado.
- Na hipótese de mutatio libelli (art. 384, caput do CPP), os autos deverão ir com vista ao
Ministério Público para aditamento da denúncia, no prazo de 5 (cinco) dias. Feito o
aditamento, a defesa terá o prazo de 5 (cinco) dias para se manifestar, arrolando até 3 (três)
testemunhas. Ao receber o aditamento, o juiz designará audiência em continuação, com
inquirição de testemunhas, novo interrogatório, debates e julgamento. Rejeitado o aditamento,
o feito seguirá trâmite normal.
21.1.6) Solicitação de diligências: O deferimento de diligências só é cabível nos feitos do
procedimento ordinário e para diligências cuja necessidade se origine das circunstâncias ou
fatos apurados na instrução, ou aquelas determinadas de ofício pelo juiz (art. 402 do CPP).
Deferida a diligência, o juiz determinará o encerramento da audiência (art. 404 do CPP).
Indeferida a diligência ou encerrada a instrução sem diligências adicionais, será dada a
palavra às partes para apresentação de alegações finais.
21.1.7) Alegações finais: As alegações finais em regra são apresentadas em audiência, no
prazo de 20 (vinte) minutos prorrogáveis por mais 10 (dez). Havendo mais de um acusado, o
tempo previsto para a defesa de cada um será individual (art. 403, § 1º do CPP).
Excepcionalmente, poderão ser apresentadas por memoriais escritos quando houver:
complexidade da causa; grande número de réus; deferimento de pedido de diligências (art.
403, § 3º do CPP). Nesses casos, o magistrado concederá às partes o prazo de 5 (cinco) dias
sucessivamente para a apresentação de memoriais e, depois de apresentadas as

37
Recomendação constante no art. 1º, VI, “i” do Provimento nº 38/2010 da CGJ de PE.
52

manifestações respectivas, proferirá sentença em 10 (dez) dias (§ 3º do art. 403). Em


havendo recusa do Ministério Público em apresentar alegações finais, o juiz deve aplicar
analogicamente o disposto no art. 28 do CPP. Se o defensor for intimado para apresentá-las
e não o fizer, deverá o juiz mandar intimar o réu para, se quiser, constituir outro defensor; em
não o fazendo, deve o magistrado nomear defensor dativo.
21.1.8) Sentença: É a decisão judicial que julga o mérito da causa. Pelo critério adotado pelo
art. 593 do CPP, a sentença pode ser condenatória ou absolutória (própria ou imprópria,
quando impuser medida de segurança). Com o advento da Lei nº 11.719/08, o juiz deverá
estipular um valor mínimo para a indenização da vítima na sentença condenatória, o qual
poderá ser complementado no Juízo Cível, por meio de liquidação de sentença (art. 63,
parágrafo único).
Rotina:
- A sentença deve ser proferida em audiência ou em 10 (dez) dias, a depender da hipótese.
- Publicada a sentença, a secretaria deve providenciar a intimação das partes, exceto se a
sentença for publicada em audiência, hipótese em que as partes já sairão intimadas.
- A intimação ao MP e ao defensor dativo será sempre pessoal (arts. 390 e 370, § 4º do CPP
e art. 5º, § 5º da Lei nº 1.060/50).
- A intimação do réu observará as seguintes regras (art. 392 do CPP): a) no caso de sentença
absolutória, a intimação será feita ao réu pessoalmente ou ao seu defensor; b) no caso de
sentença condenatória, tanto o réu quanto o advogado deverão ser pessoalmente intimados
da decisão. Caberá a intimação por edital do réu solto e do advogado que não forem
localizados para intimação pessoal. A intimação do réu preso, contudo, será sempre pessoal.
- O STF assentou o entendimento de que o prazo recursal começa a correr da última
intimação, sendo indiferente se for a do réu ou a do seu defensor.
- Quando se trata de acórdão confirmatório de decisão condenatória, é suficiente e intimação
do defensor do acusado por meio de publicação no Diário Oficial.
- Admite-se execução provisória da sentença penal condenatória sujeita a recurso sem efeito
suspensivo.
53

Denúncia/Queixa-crime
(rol de testemunhas: até o máximo de 8)

Rejeição Recebimento

- inépcia da inicial; Citação do Acusado para responder à acusação


- ausência de pressuposto processual; em 10 (dez) dias e designação de dia/hora para
- ausência de condição da ação; audiência de instrução e julgamento (em até 60 dias)
- ausência de justa causa para o início da ação. com intimação das partes para tal.

Interposição de recurso em sentido estrito. Resposta com arguição de preliminares, questões de


(art. 581, I, do CPP) interesse da defesa, documentos, justificações, provas
pretendidas, rol de testemunhas (até o máximo de 8) com
qualificações e pedido de intimações das mesmas, caso necessário.

Não apresentada a resposta, nomeação de defensor para tal.

Audiência de Instrução e Julgamento: Possibilidade de absolvição sumária quando:


declaração do ofendido; inquirição das testemunhas (acusação e manifesta existência de causa excludente de ilicitude; manifesta existência
defesa); esclarecimentos dos peritos; acareações; reconhecimento de causa excludente de culpabilidade (salvo inimputabilidade);
de pessoas e coisas; interrogatório do acusado o fato narrado não constituir crime; extinção de punibilidade do agente.

Diligências não solicitadas ou indeferidas. Determinação de diligências solicitadas


(conclusão da audiência sem alegações finais)

Alegações finais orais em 20 minutos, Alegações finais pelas partes em


prorrogáveis por mais 10 minutos. 5 dias (por escrito)
(mais de 1 acusado: prazos individuais)

Assistente do MP - 10 minutos (necessidade de


prorrogação do prazo da defesa por igual período) SENTENÇA EM 10 DIAS.

SENTENÇA NA PRÓPRIA AUDIÊNCIA Em virtude do número de acusados ou sendo o fato


complexo, o juiz pode determinar que as alegações finais
sejam apresentadas pelas partes em 5 dias (por escrito)
sucessivamente.

SENTENÇA EM 10 DIAS

22. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO


Comentários:
22.1) Oferecimento de denúncia ou queixa: O prazo é o mesmo do rito ordinário. O número
máximo de testemunhas, contudo, é de cinco (art. 532 do CPP).
22.2) Recebimento da denúncia/queixa
22.3) Citação para resposta em dez dias e intimações para audiência: Admite as mesmas
modalidades (pessoal, por hora certa ou por edital).
22.4) Defesa escrita: No prazo de 10 (dez) dias, com rol de testemunhas em número máximo
de 5 (cinco).
22.5) Absolvição sumária ou recebimento da denúncia
22.6) Audiência de instrução e julgamento (art. 531 do CPP): Deverá ser designada no
prazo de 30 (trinta) dias. As oitivas são realizadas na seguinte ordem: declarações do
ofendido; inquirição das testemunhas da acusação (salvo as que forem inquiridas por
precatória); inquirição das testemunhas arroladas pela defesa; esclarecimentos dos peritos;
acareações; reconhecimentos; interrogatório; alegações orais por 20 (vinte) minutos para
cada parte, prorrogáveis por mais 10 (dez) a critério do juiz; sentença.
Rotina: Difere da audiência de instrução e julgamento do rito ordinário em razão de não haver
previsão da possibilidade de requerimento de diligências nem de conversão das alegações
54

finais orais em memoriais escritos. Assim, a sentença deve ser proferida em audiência. A
maioria da doutrina, no entanto, tem se manifestado favoravelmente à possibilidade de
conversão dos debates orais em memoriais, vez que o procedimento ordinário tem aplicação
subsidiária a todos os outros (art. 394, § 5º do CPP).
22.7) Diferenças entre os procedimentos ordinário e sumário: Número máximo de
testemunhas (8 no ordinário e 5 no sumário); prazo da audiência de instrução e julgamento
(60 dias no ordinário e 30 no sumário); possibilidade de pedido de diligências ao final da
audiência e de conversão dos debates orais em memoriais (previsão expressa no rito
ordinário e inexistência de previsão no sumário); prazo para conclusão (105 dias no ordinário
e 75 dias no sumário).
55

ORGANOGRAMA DE PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO

Denúncia/Queixa-crime
(rol de testemunhas: até o máximo de 5)

Rejeição Recebimento

- inépcia da inicial; Citação do acusado para responder à acusação


- ausência de pressuposto processual; em 10 (dez) dias e designação de dia/hora para
- ausência de condição da ação; audiência de instrução e julgamento em 30 (trinta)
- ausência de justa causa para o início da ação. dias com intimação das partes para tal.

Não apresentada a resposta,


Interposição de recurso em sentido estrito. nomeação de Defensor Público para tal.
(art. 581, I, do CPP)

Audiência de Instrução e julgamento: declaração do ofendido; inquirição das testemunhas (acusação Possibilidade de Absolvição sumária quando:
e defesa); esclarecimento dos peritos; acareações; reconhecimento de pessoas e coisas; interrogatório manifesta existência de causa excludente de ilicitude; manifesta existencia de causa
do acusado; Alegações finais orais em 20 minutos, prorrogáveis por mais 10 minutos (mais de 1 acusado: excludente de culpabilidade(salvo inimputabilidade); fato narrado não constituir crime;
prazos individuais); Assistente do MP: 10 minutos (prorrogação do prazo para defesa por igual período) extinção de punibilidade do agente.

SENTENÇA NA PRÓPRIA AUDIÊNCIA


56

23. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO COMUM SUMARÍSSIMO


Comentários:
23.1) Generalidades: O procedimento previsto na Lei nº 9.099/95 é aplicável às infrações
de menor potencial ofensivo, assim considerados os delitos apenados com pena máxima
abstrata igual ou inferior a 2 (dois) anos e as contravenções penais, bem como aos delitos
previstos no Estatuto do Idoso cujo máximo da pena não ultrapasse 4 (quatro) anos (art. 94
da Lei nº 10.741/03) (Vide Adin – STF 3096). O procedimento da Lei nº 9.099/95 obedece
aos critérios da oralidade, informalidade, simplicidade, celeridade e economia processual. O
objetivo maior é a reparação dos danos causados, aplicando-se pena não privativa de
liberdade, por meio da composição e da transação.
23.2) Atuação da autoridade policial: Ao invés do inquérito policial, é lavrado o Termo
Circunstanciado de Ocorrência, sucinto e objetivo, que será encaminhado ao Juizado
Especial.
23.3) Audiência preliminar: As partes serão intimadas para audiência preliminar, na qual
estarão presentes juiz, defensor e Ministério Público. O juiz elucidará a respeito da
possibilidade de conciliação pela composição civil de danos e pela transação (aplicação de
pena não privativa de liberdade). A composição acarreta a extinção da punibilidade pela
renúncia ao direito de queixa ou representação, conforme o caso. A decisão homologatória
de composição ou transação não gera maus antecedentes.
Rotina:
- No mandado de intimação para audiência preliminar deverão constar as seguintes
advertências: “Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo sobre a reparação do dano sofrido pela vítima,
homologado por sentença, acarreta renúncia desta ao direito de queixa ou representação. A
reparação do dano sofrido pela vítima é circunstância que sempre atenua a pena, desde que
o acusado o faça por sua espontânea vontade, com eficiência e antes do julgamento. O
valor correspondente pode ser fixado de comum acordo entre as partes e homologado no
juízo competente (art. 65, inciso III, alínea “b”, do Código Penal)”38.
- A intimação do autor do fato para a audiência preliminar deve conter a advertência da
necessidade de acompanhamento de advogado e de que, na sua falta, ser-lhe-á nomeado
Defensor Público39.
- É cabível o encaminhamento de proposta de transação por carta precatória 40.
- O início do prazo para o exercício da representação do ofendido começa a contar do dia
do conhecimento da autoria do fato, observado o disposto no Código de Processo Penal ou
legislação específica. Qualquer manifestação de vontade da vítima que denote intenção de
representar vale como tal para os fins do art. 88 da Lei nº 9099/95 41.
- Verificada a impossibilidade de citação pessoal, ainda que a certidão do Oficial de Justiça
seja anterior à denúncia, os autos serão remetidos ao juízo comum após o oferecimento
desta42.
- É cabível a substituição de uma modalidade de pena restritiva de direitos por outra,
aplicada em sede de transação penal, pelo juízo do conhecimento, a requerimento do
interessado, ouvido o Ministério Público43.

38
A referência é obrigatória por força do que dispõe o art. 2º, II do Provimento nº 38/2010 da Corregedoria Geral de Justiça
de PE.
39
Enunciado Criminal nº 09 do FONAJE.
40
Enunciado Criminal nº 13 do FONAJE.
41
Enunciado Criminal nº 25 do FONAJE.
42
Enunciado Criminal nº 64 do FONAJE.
43
Enunciado Criminal nº 68 do FONAJE.
57
- A proposta de transação e a sentença homologatória devem conter obrigatoriamente o tipo
infracional imputado ao autor do fato, independentemente da capitulação ofertada no termo
circunstanciado44.
- A ação penal relativa à contravenção de vias de fato dependerá de representação 45.
- O juiz pode alterar a destinação das medidas penais indicadas na proposta de transação
penal46.
- No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa47.
- A ausência da vítima na audiência, quando intimada ou não localizada, importará renúncia
tácita à representação48.
23.4) Oferecimento da denúncia ou queixa: Não havendo conciliação, passa-se, na
mesma audiência, ao oferecimento de denúncia ou queixa oral.
23.5) Audiência de instrução e julgamento: Aberta a audiência, será dada a palavra ao
defensor para responder à acusação, após o que o juiz receberá ou não a denúncia ou a
queixa. Recebida, o juiz fará análise da proposta de suspensão condicional do processo, se
houver; caso esta não seja aceita, prosseguir-se-á com a audiência, sendo ouvidas a vítima,
as testemunhas de acusação e de defesa, passando-se ao interrogatório do acusado,
debates orais e sentença.
Rotina:
- É cabível, quando necessário, o interrogatório por carta precatória, por não ferir os
princípios que regem a Lei nº 9.099/9549.
- Em regra não devem ser expedidos ofícios para órgãos públicos, objetivando a localização
de partes e testemunhas nos Juizados Criminais50.
- É direito do réu assistir à inquirição das testemunhas, antes de seu interrogatório,
ressalvado o disposto no artigo 217 do Código de Processo Penal. No caso excepcional de o
interrogatório ser realizado por precatória, ela deverá ser instruída com cópia de todos os
depoimentos, de que terá ciência o réu51.
- Até a prolação da sentença é possível declarar a extinção da punibilidade do autor do fato
pela renúncia expressa da vítima ao direito de representação ou pela conciliação52.
- A transação penal poderá ser proposta até o final da instrução processual53.
23.6) Sentença: Na sentença, que dispensa relatório, o juiz mencionará os elementos de
sua convicção. É dispensável a intimação do autor do fato ou do réu das sentenças que
extinguem sua punibilidade54.

44
Enunciado Criminal nº 72 do FONAJE.
45
Enunciado Criminal nº 76 do FONAJE
46
Enunciado Criminal nº 77 do FONAJE
47
Enunciado Criminal nº 110 do FONAJE
48
Enunciado Criminal nº 117 do FONAJE
49
Enunciado Criminal nº 17 do FONAJE
50
Enunciado Criminal nº 27 do FONAJE
51
Enunciado Criminal nº 66 do FONAJE
52
Enunciado Criminal nº 113 do FONAJE
53
Enunciado Criminal nº 114 do FONAJE
54
Enunciado Criminal nº 105 do FONAJE
58

PROCEDIMENTOS DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL (LEI Nº. 9.099/1995)

Delegacia de Polícia (TCO)


(art. 69)

Audiência preliminar
(art. 72)

Não obtida composição Autor do fato


de danos não encontrado
(art. 75)

Presente o autor do fato


(vítima com advogados) Justiça Comum
(rito sumário)

Composição de danos
(materiais e/ou morais)
*Renúncia tácita do direito de
representação (art. 74)

Aceitação pelo autor do fato

Juiz homologa por sentença


irrecorrível

Descumprimento da composição
dos danos

Execução do título
(JuÍzo Cível)

Vítima oferece
representação (art. 76)

Não havendo
arquivamento

MP (A. P. C.) oferta a Queixa (A. Privada)


Transação Penal Advogado

Aceitação da transação penal


pelo autor do fato
(art. 76, § 3º)

Cumprido o objeto da transação penal


extingue-se a punibilidade

Juiz Homologa por sentença a


transação penal (art. 76, § 4º)

Da sentença cabe apelação


(art. 76, § 5º)

Julgamento da apelação
colégio recursal
59

24. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

25. PROCEDIMENTO DO JÚRI


Comentários:
25.1) Generalidades. Seguem o rito do júri os crimes dolosos contra a vida, na forma
tentada ou consumada, bem como as infrações que sejam a eles conexas (art. 5º, XXXVIII
da CF/88). São crimes dolosos contra a vida: homicídio, aborto, infanticídio, induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio. O procedimento do Tribunal do Júri é especial em razão
das particularidades específicas e sofreu alterações profundas com a nova redação dos
artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal. O Tribunal do Júri é órgão temporário de
primeira instância, composto pelo juiz de direito e 25 (vinte e cinco) jurados, sorteados para
formação do conselho de sentença. Em linhas gerais, o procedimento em tela subdivide-se
em duas partes: 1) judicium accusationis: nesta fase, que é relativamente similar ao
procedimento ordinário, ocorre o exame de admissibilidade da acusação (sumário de culpa);
2) judicium causae: fase que se passa efetivamente ao Tribunal do Júri.
25.2) Fase do exame de admissibilidade da acusação: Vai desde o oferecimento da
denúncia ou queixa até a pronúncia.
25.2.1) Oferecimento de denúncia ou queixa: No prazo de 5 (cinco) ou 15 (quinze) dias,
conforme o acusado esteja solto ou preso, respectivamente.
Rotina:
- Monitorar o prazo para oferecimento da denúncia;
- Observar a recomendação do CNJ, que manda observar a tramitação direta de inquéritos
entre polícia civil e Ministério Público55.
25.2.2) Recebimento de denúncia ou queixa: A decisão de recebimento não admite
recurso, sendo passível de habeas corpus. Da decisão de rejeição liminar, que ocorre nas
hipóteses previstas no art. 395 do CPP (inépcia da inicial, falta de condição da ação ou
pressuposto processual ou ausência de justa causa), cabe recurso em sentido estrito.
Rotina:
- Recebidos os autos com denúncia ou queixa subsidiária, deverá a Secretaria, depois de
autuá-los e numerá-los, fazer constar a observação de que se trata de procedimento do Júri.
Sugere-se a elaboração de um relatório, afixado na contracapa, contendo as principais
ocorrências do processo e respectivas folhas dos autos, para fins de contagem e
monitoramento de prazos56. Inserir o processo no sistema de controle de presos provisórios
e apor tarja de identificação, em sendo o caso.
25.2.3) Citação para apresentação de defesa escrita: Ao receber a denúncia, o juiz
ordenará a citação do acusado para responder a acusação por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias (art. 406 do CPP). A citação poderá ser pessoal, por hora certa ou por edital, conforme
o caso. O prazo para resposta será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou,
no caso de citação inválida ou por edital, do comparecimento do acusado ou de defensor
constituído (§ 1º, do art. 406).
Rotina:
- Verificar as rotinas já indicadas no procedimento comum ordinário referentes à citação do
acusado.

55
Art. 1º, II do Provimento nº 38/2010 da CGJ.
56
O prazo para conclusão da fase preparatória do procedimento do Júri é de 90 (noventa) dias (art. 412 do CPP). Não há,
contudo, uma regra absoluta, podendo referido prazo sofrer oscilações ante as peculiaridades do caso concreto.
60
25.2.4) Defesa escrita: Nela, o acusado deverá arguir toda a matéria de defesa, além de
arrolar testemunhas no número máximo de 8 (oito) – art. 406, § 2º. Não apresentada no
prazo legal, o juiz deverá nomear defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos
(art. 408).
Rotina:
- Verificar as rotinas já indicadas no procedimento comum ordinário referentes à resposta da
defesa.
25.2.5) Manifestação do Ministério Público ou do querelante sobre a defesa escrita: No
prazo de 5 (cinco) dias, quando forem arguidas preliminares ou apresentados documentos
(art. 409). Note-se que no procedimento ordinário não é prevista a possibilidade de
contraditório após a apresentação da resposta escrita. Por outro lado, não há no Júri
previsão da possibilidade de absolvição sumária neste momento do processo, se presentes
as hipóteses do art. 397.
Rotina:
- Apresentada a defesa escrita, observar se foram arguidas preliminares ou juntados
documentos. Na hipótese afirmativa, abrir vista dos autos ao Ministério Público e monitorar o
prazo para manifestação.
25.2.6) Decisão do juiz sobre as diligências requeridas pelas partes: Prazo de 10 (dez)
dias (art. 410).
Rotina:
- Fazer conclusão dos autos ao juiz quando as partes formularem pedido de diligências;
- Se for o caso, as exceções apresentadas serão processadas em apartado (art. 407).
25.2.7) Audiência de instrução, debates e julgamento (art. 411): Com a previsão legal de
audiência una, nesta deverão ser produzidas todas as provas pessoais: declarações do
ofendido, se possível; inquirição de testemunhas (acusação e defesa); esclarecimentos dos
peritos; acareações; reconhecimentos (pessoas e coisas); interrogatório do acusado;
alegações orais (acusação e defesa), por vinte minutos para cada parte, prorrogáveis por
mais dez, a critério do juiz (se houver mais de um réu, o tempo será computado
individualmente; se houver assistente de acusação, terá dez minutos para falar depois do
Ministério Público, prorrogando-se por igual período o tempo da defesa); decisão (pronúncia,
impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação). A sentença deverá ser proferida em
audiência ou no prazo de dez dias (§ 9º, do art. 411). Não há previsão de substituição dos
debates orais por memoriais, em caso de complexidade ou necessidade de diligência
ulterior, porém, entende-se ser possível a substituição em tais situações, uma vez que o
procedimento ordinário aplica-se subsidiariamente.
Rotina:
- Verificar, no que for cabível, as rotinas já indicadas no procedimento comum ordinário
referentes à audiência de instrução e julgamento.
25.2.8) Decisão. A decisão que encerra a primeira fase do procedimento pode ser de:
pronúncia (art. 413); impronúncia (art. 414); absolvição sumária (art. 415) ou
desclassificação (art. 419). Pronunciar significa que o processo será remetido ao Tribunal do
Júri para julgamento do acusado, por estarem presentes prova da materialidade do crime e
indícios de autoria ou participação. Dessa decisão cabe recurso em sentido estrito.
Impronunciar significa que o réu não irá a Júri, quando ausentes a prova da materialidade do
crime e/ou indícios de autoria ou participação. A sentença de impronúncia é passível de
apelação. Será possível a absolvição antecipada do acusado, pelo juiz, denominada
tecnicamente de absolvição sumária, cujo recurso cabível é a apelação, quando o juiz se
convencer da inexistência do fato, da negativa de autoria, de que o fato não constitui crime
61
ou de excludente de ilicitude ou de culpabilidade. Não há mais possibilidade de recurso de
ofício. Por fim, a decisão é de desclassificação quando o juiz se convence da existência de
crime não doloso contra a vida. O juiz não deverá capitular o delito, mas apenas dizer que
não é de sua competência. Da desclassificação caberá recurso em sentido estrito (aplicação
extensiva do art. 581, inciso II, do CPP).
Rotina:
- Verificar, no que couber, as rotinas já indicadas no procedimento comum ordinário
referentes à sentença/decisão.
- A intimação da sentença de pronúncia será sempre pessoal ao acusado, ao defensor
nomeado e ao Ministério Público (art. 420, I). O defensor constituído, o querelante e o
assistente do Ministério Público serão intimados pelo DJe (art. 420, II). O acusado solto que
não for encontrado será intimado por edital da decisão de pronúncia (art. 420, parágrafo
único).
25.3) Fase efetiva do Tribunal do Júri: Dá-se entre a pronúncia e o julgamento do
acusado. Durante essa fase, acontecem os seguintes atos: recurso de pronúncia;
preparação para julgamento; intimação para sessão de julgamento; inclusão em pauta;
julgamento pelo Tribunal do Júri. A fase de apresentação de libelo e contrariedade ao libelo
foi eliminada.
25.3.1) Intimações do Ministério Público/assistente ou querelante e do defensor: Para,
no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em Plenário, no
número máximo de 5 (cinco) – art. 422.
Rotina:
- Preclusa a decisão de pronúncia, certificar e fazer os autos conclusos ao juiz, que
determinará as intimações.
25.3.2). Saneamento do processo: O juiz ordenará as diligências necessárias para sanar
qualquer nulidade ou esclarecer fato de interesse ao julgamento da causa (art. 423, I). Em
seguida, fará um breve relatório do caso e determinará sua inclusão na pauta do Tribunal do
Júri (art. 423, II).
Rotina:
- Decorridos os prazos para indicação das testemunhas de Plenário, certificar o necessário e
fazer os autos conclusos ao juiz para despacho saneador;
- Organizar a pauta do Júri de acordo com os critérios estabelecidos no art. 409, que
estabelece a seguinte ordem de prioridade: acusados presos; dentre estes, os que estiverem
há mais tempo na prisão; em igualdade de condições (presos na mesma data), os
precedentemente pronunciados;
- Afixar a lista dos processos a serem julgados na porta do edifício do Tribunal do Júri até
um dia antes do primeiro julgamento (art. 429, § 1º);
- Intimar partes, ofendido (quando possível), testemunhas e peritos, quando houver
requerimento, para a sessão de instrução e julgamento (art. 431);
- Requisitar o acusado, acaso custodiado, bem como policiais militares e civis, se arrolados
como testemunhas.
25.3.3) Possibilidade de desaforamento: Só pode ser decretado pelo Tribunal de Justiça,
a requerimento das partes ou do juiz (art. 427). É cabível quando o interesse da ordem
pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal
do acusado. Consoante entendimento consolidado pelo STF, tal decisão submete-se ao
62
crivo do contraditório.57 O art. 428 do CPP também admite a possibilidade de desaforamento
em razão do comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puder ser realizado nos
próximos seis meses, contados do trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
Rotina:
- Vide procedimento do desaforamento no organograma anexo.
25.3.4) Convocação do júri: Sorteio de 25 (vinte e cinco) jurados, contidos em uma lista
geral, para a reunião periódica ou extraordinária (art. 433).
Rotina:
- Intimar Ministério Público, OAB e Defensoria Pública para acompanharem o sorteio dos
jurados (art. 432).
25.3.5) Julgamento: O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado (presidente) e 25
(vinte e cinco) jurados sorteados entre os alistados, dos quais serão sorteados 7 (sete), que
constituirão o Conselho de Sentença (art. 447). Poderá haver, em determinadas situações,
impedimento para servir no mesmo Conselho (art. 448) e servir de jurado (art. 449). O
Conselho de Sentença poderá, no mesmo dia, conhecer mais de um processo (art. 452).
Para instalação dos trabalhos, será necessário o comparecimento de, pelo menos, 15
(quinze) dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados (art. 463). Na sessão de julgamento, são
praticados os seguintes atos, em sequencia: a) chamada dos jurados; b) instalação dos
trabalhos; c) pregão; d) recolhimento das testemunhas; e) formação do conselho de
sentença (as partes poderão recusar até três jurados sem justificativa, art. 468); f) exortação
(juramento); g) distribuição aos jurados de cópias da pronúncia, decisões posteriores que
julgarem admissível a acusação e relatório do processo; h) declarações do ofendido (o juiz,
o acusador e o defensor farão perguntas diretamente ao ofendido, às testemunhas e ao
acusado, perguntando em primeiro lugar a parte que arrolou a testemunha, enquanto os
jurados formularão perguntas por intermédio do juiz); i) inquirição das testemunhas de
acusação; j) inquirição das testemunhas de defesa; k) interrogatório; l) manifestação da
acusação (uma hora e meia); m) manifestação da defesa (uma hora e meia); n) réplica (uma
hora); o) tréplica (uma hora e somente se houver réplica); p) quesitação (indagações sobre:
materialidade; autoria ou participação; se o acusado deve ser absolvido; se existe causa de
diminuição de pena; se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento). A resposta,
negativa de mais de três jurados, a qualquer dos quesitos referentes à materialidade e à
autoria encerra a votação e implica a absolvição do acusado (art. 483, § 1º, do CPP).
Respondidos afirmativamente por mais de três jurados os quesitos relativos a materialidade
e autoria será formulado o quesito com a seguinte redação: O jurado absolve o acusado?
(art. 483, § 2º). Decidindo os jurados pela condenação o julgamento prossegue, devendo ser
formulados os quesitos subsequentes (art. 483, § 3º, do CPP). Se as respostas aos quesitos
forem contraditórias, a votação deverá ser repetida (art. 490); q) sentença (condenatória ou
absolutória, deverá ser proferida pelo juiz presidente, de acordo com a decisão dos jurados,
por maioria de votos (arts. 489 e 492). Da sentença proferida em plenário cabe apelação
(art. 593, inciso III, do CPP). Somente poderão ser lidos ou exibidos em plenário
documentos ou objetos juntados aos autos no mínimo três dias úteis antes, cientificada a
parte contrária (art. 479). O escrivão deverá lavrar ata descrevendo, fielmente, o que ocorrer
na sessão de julgamento (arts. 494 e 496). É possível o julgamento sem a presença do
acusado (art. 457). É proibido, durante os debates, referência, pelas partes, à decisão de
pronúncia e outras posteriores, relativas à procedência da acusação, ao uso de algemas 58 e
ao silêncio do acusado ou à ausência de interrogatório por falta de requerimento (art. 478).

57
Súmula 712 do STF: “É nula a decisão que determina o desaforamento de processo de competência do júri, sem
audiência da defesa”.
58
Súmula Vinculante nº.11 do STF: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
63
Rotina:
- Convocar os jurados sorteados pelo correio ou qualquer outro meio hábil a comparecerem
à reunião periódica. Na convocação, transcrever os artigos 436 a 446 do CPP, que tratam da
função do jurado (art. 434);
- Anotar em ata tudo o que for se passando na sessão de julgamento.

26. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI


ORGANIZAÇÃO DO JÚRI

# Composição do Tribunal do Júri:

TRIBUNAL DO JÚRI

Juiz Presidente 25 jurados

# Isenção do Dever Cívico de Servir como Jurado:


Art. 436. O serviço do júri é obrigatório. O alistamento compreenderá os cidadãos maiores
de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade.
§ 1o Nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em
razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou
grau de instrução.
§ 2o A recusa injustificada ao serviço do júri acarretará multa no valor de 1 (um) a 10 (dez)
salários mínimos, a critério do juiz, de acordo com a condição econômica do jurado.
Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:
I – o Presidente da República e os Ministros de Estado;
II – os Governadores e seus respectivos Secretários;
III – os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras
Distrital e Municipais;
IV – os Prefeitos Municipais;
V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública;
VI – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;
VII – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública;
VIII – os militares em serviço ativo;
IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeiram sua dispensa;
X – aqueles que o requererem, demonstrando justo impedimento.

sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
64
# Efeitos do Exercício da Função de Jurado:
1. prestação de serviço público relevante;
2. presunção de idoneidade moral;
3. prisão especial (em caso de crime comum e até o julgamento definitivo);
4. preferência nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou
função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária.

# Organização:

Alistamento
80 a 400 pessoas (<100.000 habitantes)
300 a 700 pessoas (>100.000 habitantes)
800 a 1.500 pessoas (>1.000.000 habitantes)

Publicação da lista
(até 10 de outubro de cada ano)

Nova publicação com/sem alterações


(até 10 de novembro de cada ano)

URNA GERAL

Fixação da data para o início da


REUNIÃO PERIÓDICA
e organização de sua pauta

Notificação do MP/OAB/Defensoria Pública


para sorteio dos jurados que atuarão
na reunião periódica

Sorteio de 25 nomes a portas abertas


(15º a 10º dia útil antes da instalação da
REUNIÃO)

Nomes sorteados encaminhados a


URNA DO SORTEIO

Convocação dos 25 jurados sorteados


para a REUNIÃO PERIÓDICA

EDITAL e INTIMAÇÕES
65

27. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI


(CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA – 1ª FASE – PRAZO MÁXIMO DE 90 DIAS)

Denúncia/Queixa-crime
(rol de testemunhas: até o máximo de 8)

Rejeição Recebimento

- inépcia da inicial; Citação do acusado para responder à


- ausência de pressuposto processual; acusação em 10 (dez) dias.
- ausência de condição da ação;
- ausência de justa causa para o início da ação.

Interposição de recurso em sentido Resposta com arguição de preliminares, questões de interesse


estrito (art. 581, I, do CPP) da defesa, documentos, justificações, provas pretendidas, rol
de testemunhas (até o máximo de 8) com qualificações e
pedido de intimações das mesmas, caso necessário.

Não apresentada a resposta Ouvida do MP/Querelante em 5 dias


nomeação de defensor para tal. sobre preliminares e documentos.

Audiência de instrução em 10 dias: declaração do


do ofendido; inquirição de testemunhas (acusação e defesa);
esclarecimento dos peritos; acareações; reconhecimento de
pessoas e coisas; interrogatório do acusado; debates.

Alegações finais orais em 20 minutos,


prorrogáveis por mais 10 minutos
(mais de 1 acusado: prazos individuais)

Assistente do MP - 10 minutos
(necessidade de prorrogação do
prazo da defesa por igual
período)

Sentença na Própria
audiência ou
em 10 dias

Pronúncia Impronúncia Absolvição Sumária Desclassificação


(art. 415)

Recurso em Sentido Estrito


(art. 581, IV) Apelação Apelação Recurso em Sentido
(art. 416) (art. 416) Estrito (art. 581, II)

PRECLUSÃO
(INÍCIO DA 2ª FASE DO JÚRI)
66

28. PROCEDIMENTO DO DESAFORAMENTO

# Hipóteses de Permissão:
1. interesse de ordem pública;
2. dúvida sobre a imparcialidade dos jurados;
3. dúvida sobre a segurança do réu;
4. comprovado excesso de serviço (ouvida do juiz-presidente e da parte contrária), nos
termos do art. 428 CPP59.

Requerimento da Acusação ou Defesa


ou Representação da Autoridade Judicial

TRIBUNAL

Distribuição imediata e Possibilidade de suspensão


preferência de julgamento do julgamento ante a relevância
pela Câmara/Turma dos motivos alegados

Solicitação de informações ao
Juiz-presidente (caso não tenha
sido o autor da representação)

Pedido deve ser indeferido quando na pendência A Lei nº 11.689/08 não fala mais em Parecer do
de recurso contra decisão de pronúncia ou quando Procurador Geral de Justiça, embora pareça-nos
já ocorrido julgamento (exceção: fato surperveniente necessária a intervenção do MP em tal
ou concomitante ao julgamento anulado) procedimento de competência do Tribunal.

DECISÃO
(irrecorrível, mas, mesmo antes da Lei nº
11.689/08 o STF já admitia a impetração de
habeas corpus contra o indeferimento do pedido)

59
Art. 428. O desaforamento também poderá ser determinado, em razão do comprovado excesso de serviço, ouvidos o juiz
presidente e a parte contrária, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 (seis) meses, contado do trânsito em
julgado da decisão de pronúncia. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 1o Para a contagem do prazo referido neste artigo, não se computará o tempo de adiamentos, diligências ou incidentes de
interesse da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 2o Não havendo excesso de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade que ultrapasse a
possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá
requerer ao Tribunal que determine a imediata realização do julgamento. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
67

29. PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI


(CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA – 2ª FASE)

Presidente do Tribunal do Júri


Preparatória

(intimação do MP/Querelante e da Defesa para, em 5 dias,


apresentarem rol de testemunhas que serão ouvidas em plenário -
Fase

até o máximo de 5 - solicitação de diligência e juntada de docs)

Deliberação sobre o requerimento de provas; Diligências


necessárias para sanar nulidades e esclarecimento de
fatos relevantes; Relatório sucinto do processo com a
inclusão na pauta da REUNIÃO PERIÓDICA.

SESSÃO DE JULGAMENTO: Verificação da presença


de ao menos 15 dos 25 jurados; Ausência injustificada do
MP (art. 455); Ausência injustificada do Defensor ( art. 456);
Deliberação sobre adiamento e demais ausências.

Ausência de testemunha (análise dos arts. 458 e 461);


Testemunhas presentes: recolhimento das mesmas.

Instalação dos trabalhos


(partes presentes, jurados em número
suficiente e testemunhas imprescindìveis):
ANÚNCIO DO PROCESSO E PREGÃO.

Advertência aos jurados sobre


impedimentos, suspeição e
incompatibilidades (arts. 448 e 449);
Incomunicabilidade dos Jurados.

Sorteio e compromisso
de 07 Jurados.

Entrega, aos jurados, de cópias da pronúncia,


das decisões posteriores que julgaram
admissível a acusação (se foi o caso)
e do relatório do processo.

INÍCIO DA INSTRUÇÃO
EM PLENÁRIO
68

INSTRUÇÃO EM PLENÁRIO

Declaração do ofendido (se possível);


Testemunhas de acusação;
Testemunhas de defesa.

Interrogatório do réu

Debates:
(1h30min para cada parte)

As partes não poderão fazer referência à decisão de As partes não poderão fazer referência ao silêncio
pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação ou a determinação do uso de algemas como do acusado ou à ausência de interrogatório por
argumento de autoridade que beneficiem ou prejudique o acusado. falta de requerimento, em seu prejuízo.

Réplica - Tréplica
(1h para cada parte)

O tempo da parte pode ser utilizado


para a ouvida, novamente, de
qualquer testemunha.

Consulta aos jurados sobre


dúvidas e formulação/leitura
dos quesitos ( art. 483)

Sala especial

Votação dos quesitos

Volta à sala pública e


proclamação da
SENTENÇA
69

30. PROCEDIMENTO DOS CRIMES FALIMENTARES


(arts. 503 a 512 do CPP)
Comentários:
30.1) A Lei n° 11.101/05, conhecida como “a nova lei de falências e recuperação Judicial”
revogou os artigos 503 a 512 do Código de Processo Penal.
30.2) Com efeito, o procedimento aplicável aos crimes falimentares segue as regras
estabelecidas na novel legislação.
30.3) De início, vale o registro do que dispõe o artigo 183 da referida Lei: “Art. 183. Compete
ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação
judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos
crimes previstos nesta Lei”. Assim, a Lei nº 11.101/08 afasta a competência do juízo
universal para processar e julgar os crimes falimentares.
30.4) Havendo mais de um juiz competente, aplicar-se-ão as regras dos artigos 75 e 83 do
CPP.
30.5) Como regra geral, os crimes se processam mediante ação pública incondicionada (art.
184 da Lei nº 11.101/05. Assim, o Ministério Público deverá promover a ação penal:
“Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, o Ministério
Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, promoverá
imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, requisitará a abertura
de inquérito policial”. (Art. 187 da Lei n.º 11.101/05).
30.6) Aplica-se a regra do artigo 46 do CPP (05 dias para o indiciado preso e 15, para solto).
A exceção fica por conta de quando, o indiciado, estiver solto e o Promotor de Justiça
aguardar a exposição circunstanciada apresentada pelo administrador judicial da falência.
Neste caso, o prazo será de 15 dias.
30.7) Por outro lado, há regra expressa admitindo ação penal privada subsidiária da pública:
“Decorrido o prazo a que se refere o art. 187, § 1o, sem que o representante do Ministério
Público ofereça denúncia, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá
oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6
(seis) meses”. (artigo 184, parágrafo único, da referida Lei).
Recebida a denúncia ou a queixa, segue-se o rito sumário.
Rotina: observar o disposto quanto ao rito sumário.
31. PROCEDIMENTOS DOS CRIMES COMETIDOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NO
EXERCÍCIO DA FUNÇÃO
(arts. 513 a 518 do CPP)
Comentários:
31.1) O procedimento em comento, previsto no artigo 514 do CPP, aplica-se aos crimes
funcionais afiançáveis e aos crimes de excesso de exação (art. 316, §1º, do CP) e de
facilitação ao contrabando e descaminho (art. 318 do CP), de acordo com a Lei nº
12.403/2011.
31.2) Assim, este rito é cabível quer aos crimes funcionais descritos no Código Penal, quer
descritos em leis extravagantes, que também regulam crimes praticados por servidor público
contra a administração pública (exemplo: o crime de sonegação fiscal com a participação de
funcionário público do fisco para a perpetração de delito previsto na Lei nº 4.729/65). Deve-
se apenas observar se tais delitos são afiançáveis.
70

31.3) Procedimento é o seguinte: antes de receber a denúncia ou queixa (subsidiária), o juiz


notificará o acusado para apresentar a sua defesa preliminar, no prazo de 15 dias. A defesa
apresentada tem por finalidade obstar o recebimento da peça acusatória inaugural.
31.4) Se o acusado não puder, por algum motivo, ser intimado pessoalmente, o juiz deverá
nomear-lhe defensor dativo para que este apresente a defesa preliminar, conforme o art.
514, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Igual providência deve ser adotada se o
acusado não apresentar defesa preliminar.
31.5) A teor da Súmula 330 do STJ, é dispensável a notificação prévia quando a denúncia
ou queixa estiver instruída com inquérito policial. Dispensa-se a notificação prévia quando há
concurso material com outro crime, não funcional, que seja mais grave.
31.6) Apresentada a defesa prévia, o juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em decisão
fundamentada, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da
inexistência de crime ou da manifesta improcedência do pedido, ou caso contrário, receberá
a peça acusatória, seguindo-se o rito sumário ou ordinário, de acordo com a pena máxima.
Rotina:
A secretaria deve observar que o primeiro ato de comunicação processual neste rito é a
notificação do acusado, e não citação.

32. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A HONRA


(arts. 519 a 523 do CPP)
Comentários:
32.1) De início, vale destacar que todos os crimes contra a honra possuem pena máxima
menor do que dois anos. Assim, como regra geral, estes delitos seguirão o procedimento
sumaríssimo.
32.2) Acontece que o procedimento em comento não está revogado, pois existe a
possibilidade de incidência, mesmo de forma abstrata, de uma causa de soma ou
exasperação de pena que possa ultrapassar o limite do sumaríssimo.
32.3) Assim, o crime de calúnia, cuja pena máxima é de dois anos de detenção, seguirá o
procedimento sumaríssimo. Porém, se a imputação contida na peça acusatória é de calúnia
em continuidade delitiva, ou em concurso com outro crime contra a honra, ou até mesmo
presente uma causa de aumento de pena prevista no artigo 141 do CP, a competência é
deslocada, do Juizado para a Vara Criminal, seguindo-se o rito em comento60.

60
Esse entendimento é pacífico no Superior Tribunal de Justiça: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO
ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. PENA MÁXIMA EM ABSTRATO, MAJORADA PELA CONTINUIDADE
DELITIVA, ACIMA DE DOIS ANOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM. 1. A Lei nº 10.259/2001, que instituiu os
Juizados Especiais Criminais na Justiça Federal, traz em seu art. 2º, parágrafo único, que devem ser considerados delitos de
menor potencial ofensivo, para efeito do art. 61 da Lei nº 9.099/95, aqueles a que a lei comine pena máxima não superior a
dois anos, ou multa, sem exceção. Entretanto, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, se em virtude da
exasperação a pena máxima for superior a 2 (dois) anos, fica afastada a competência do Juizado Especial Criminal. 2. No
caso, o delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, tem como pena máxima dois anos de detenção, devendo ser
considerada, ainda, a majoração pela continuidade delitiva, conforme o art. 71 do CP. Assim, de acordo com o
entendimento desta Corte Superior, compete ao Juízo Comum processar e julgar os crimes apurados nestes autos, pois
somadas as penas, estas ultrapassam o limite estabelecido como parâmetro para fins de fixação da competência para o
julgamento das infrações de menor potencial ofensivo cometidas em concurso de crimes. 3. Recurso a que se nega
provimento. (RHC 27.068/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 31/08/2010, DJe
27/09/2010). HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE
FOGO (ARTIGO 10, CAPUT, DA LEI 9.437/1997). CONCURSO FORMAL COM O DELITO DE RECEPTAÇÃO.
71

32.4) Apesar de o Código de Ritos tratar da aplicação deste procedimento apenas para os
crimes de calúnia e injúria, é pacífico o entendimento de que este também é aplicável para o
crime de difamação.
32.5) Como regra, temos que os crimes contra a honra se processam mediante ação privada
(art. 145 do CP), salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, do Código Penal, da violência
resulta lesão corporal.
32.6) Se o crime for praticado contra a honra do Presidente da República ou chefe de
governo e de estado estrangeiro, o crime é de ação pública condicionada à Requisição do
Ministro da Justiça. A Súmula 714 do STF admite legitimidade concorrente quando for o
crime cometido contra a honra de servidor público no exercício de suas funções, admitindo-
se, assim, tanto ação privada quanto ação pública condicionada.
32.7) O que caracteriza este procedimento como especial é a designação de uma audiência
de tentativa de reconciliação (art. 520 do CPP) antes do recebimento da queixa.
32.8) O itinerário a ser seguido é este:
32.8.1) Após o oferecimento da queixa-crime, o juiz notificará o querelante e o querelado a
fim de que compareçam à audiência de tentativa de reconciliação, desacompanhados de
advogados: “Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se
reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a
presença dos seus advogados, não se lavrando termo” (art. 520 do CPP).
32.8.2) Conciliadas as partes, arquiva-se o feito. Frustrada a conciliação, o juiz recebe a
queixa-crime.
32.9) Segue-se o rito ordinário ou sumário conforme o caso. Vale registrar que, na
resposta escrita, o querelado poderá apresentar exceção da verdade ou exceção da
notoriedade. (artigo 523 CPP). Tais exceções são cabíveis somente nos crimes de calúnia e
difamação. Apresentada a exceção, o querelante será notificado para, dentro de dois dias,
oferecer sua resposta, podendo substituir as testemunhas arroladas na queixa.
32.10) Vale ainda registrar que existe a previsão de uma medida preparatória, porém
dispensável, chamada pedido de explicações, consoante dispõe do artigo 144 do CP: “Art.
144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se
julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério
do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa”.
32.11) Neste caso, o juiz deve receber o pedido e designar audiência para o ofensor
esclarecer suas afirmações ou solicitar as explicações por escrito. Cabe ao ofendido analisar
se as explicações deverão ou não ser aceitas e se vai ou não ajuizar a respectiva queixa-
crime.

EXASPERAÇÃO DA PENA PARA FINS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA. ABSOLVIÇÃO PELO CRIME DE


RECEPTAÇÃO. PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO. NULIDADE NÃO VERIFICADA. 1. Compete à Justiça Comum o
julgamento de crime de menor potencial ofensivo praticado em concurso formal com delito que não possui tal natureza,
uma vez que na hipótese de concurso de crimes a pena considerada para a fixação da competência é a resultante da soma,
no caso de concurso material, ou da exasperação, quando se tratar de concurso formal ou de crime continuado... (HC
82.258/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 23/08/2010). E ainda: “... 2. É
pacífica a jurisprudência desta Corte de que, no caso de concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da
competência do Juizado Especial Criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material, ou a exasperação, na
hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas cominadas aos delitos; destarte, se desse somatório
resultar um apenamento superior a 02 (dois) anos, fica afastada a competência do Juizado Especial. 3. Parecer do MPF
pela competência do Juízo suscitado....” (CC 101.274/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 16/02/2009, DJe 20/03/2009).
72

33. PROCEDIMENTO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL


(arts. 524 a 530 do CPP - Lei nº 9.279/96)
Comentários:
33.1) Assim dispõe o art. 525 do CPP: “No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa
ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que
constituam o corpo de delito”.
33.2) Com efeito, os crimes praticados contra propriedade imaterial e industrial se
processam mediante ação privada, salvo a hipótese do art. 24, §2º, do CPP.
33.3) A particularidade deste procedimento é a de que a queixa não pode ser oferecida sem
a prova da materialidade, condição objetiva de procedibilidade.
33.4) Por isso, o ofendido deverá solicitar ao juízo criminal diligência de busca e apreensão
do material contrafeito. Após a apreensão, será dada vista dos autos ao ofendido e ao
Ministério Público, visando à formulação de quesitos à perícia.
33.5) Encerrada as diligências os autos serão conclusos ao Juiz para homologação do laudo
(art. 528 do CPP).
Rotina: Deve a secretaria certificar se a queixa ou a denúncia está acompanhada do laudo
pericial e em seguida fazer conclusão.

34. PROCEDIMENTO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU DESTRUÍDOS


(arts. 541 a 548 do CPP)
Comentários:
34.1) O artigo 541 do CPP trata da restauração de autos, seja na primeira ou segunda
instância, no caso de extravio ou destruição. Vejamos:
“Art. 541 - Os autos originais de processo penal extraviados ou destruídos, em primeira ou
segunda instância, serão restaurados.”
34.2) Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, será uma ou outra
considerada como original. (art. 541, §1º, do CPP)
34.3) Haverá a citação do réu e intimação das partes para audiência. Realização de
audiência (art. 542 do CPP).
34.4) Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz mandará, de ofício, ou a
requerimento de qualquer das partes, que:
a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembrança, e reproduza o que
houver a respeito em seus protocolos e registros;
b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal, no Instituto
de Identificação e Estatística ou em estabelecimentos congêneres, repartições públicas,
penitenciárias ou cadeias;
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem encontradas, por edital, com o
prazo de 10 (dez) dias, para o processo de restauração dos autos.
34.5) Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ainda que os autos se tenham
extraviado na segunda.
34.6) No caso de falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz tomará as seguintes
providências, de ofício ou a requerimento das partes: a) determinará que o Escrivão
certifique, segundo sua lembrança, o estado em que se encontrava o processo extraviado ou
73

destruído, reproduzindo todos os registros que houver (livros, protocolo...); b) Requisitará


cópias de documentos que constem nos registros de Órgãos Oficiais, como Instituto de
Identificação, IML etc. Se as partes não forem encontradas para intimação, pessoalmente,
para a audiência designada, deverão ser intimadas, por edital, no prazo de dez (10) dias.
34.7) Na audiência, as partes serão ouvidas, lançados no termo os pontos que acordarem, a
exibição dos documentos, a conferência das certidões e demais documentos que foram
reproduzidos.
34.8) O artigo 543 do CPP prevê algumas observações que deverão ser tomadas pelo
magistrado:
34.8.1) O juiz determinará as diligências necessárias para a restauração, observando-se o
seguinte: I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as
testemunhas, podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar
não sabido; II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de preferência
pelos mesmos peritos; III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia autêntica
ou, quando impossível, por meio de testemunhas; IV - poderão também ser inquiridas sobre
os atos do processo, que deverá ser restaurado, as autoridades, os serventuários, os peritos
e mais pessoas que tenham nele funcionado; V - o Ministério Público e as partes poderão
oferecer testemunhas e produzir documentos, para provar o teor do processo extraviado ou
destruído.
34.9) As custas e taxas judiciárias, já pagas nos autos originais, não serão novamente
cobradas, exceto quando comprovada culpa da parte. Neste caso os causadores do extravio
responderão, em dobro, pelo respectivo pagamento.
34.10) Realizadas as diligências que, salvo motivo de força maior, deverão concluir-se
dentro de 20 (vinte) dias, serão os autos conclusos para julgamento.
34.11) No curso do processo, e depois de subirem os autos conclusos para sentença, o juiz
poderá, dentro em 5 (cinco) dias, requisitar de autoridades ou de repartições todos os
esclarecimentos para a restauração.
34.12) Julgada a restauração, os autos respectivos valerão pelos originais. Se no curso da
restauração os autos originais aparecerem, nestes continuará o processo, apensos a eles os
autos da restauração.
34.13) Dessa decisão cabe apelação. (art. 593, II, do CPP)

A requerimento das partes


ou de ofício pelo Juiz
(art. 542, § 2º, do CPP)

Citação das partes


(art. 541, § 2º, "c", do CPP)

Audiência de restauração
(art. 542 do CPP)

Sentença de Restauração
(art. 544 do CPP)

Apelação
(art. 593, II, do CPP)
74

35. PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS


Comentários:
35.1. Generalidades. Os crimes de competência originária do Tribunal de Justiça estão
elencados no art. 105, “I”. da Constituição Federal, a saber: a) nos crimes comuns, os
Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os
desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros
dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante
tribunais; (...) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas
mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro
de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de
1999); (...) e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados.

36. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO


Comentários:
36.1) Regra geral, é o recurso cabível para impugnar as decisões interlocutórias do juiz
criminal. Além das decisões interlocutórias, desafia RESE a sentença de extinção de
punibilidade, bem como decisão que julga procedente as exceções, salvo as de suspeição e
impedimento.
36.2) A interposição deve ser feita em 05 dias, à exceção da situação prevista no art. 581,
XIV, que tem o prazo de 20 dias.
36.3) O prazo para oferecer razões e contrarrazões é de dois dias. Não cabe apresentação
de razões em 2º grau.
36.4) O magistrado pode sustentar ou reformar a decisão (art. 589 e parágrafo único do
CPP).
36.5) Se a decisão descrita no artigo 581 do CPP estiver relacionada à execução penal, o
recurso cabível é o agravo em execução, previsto na Lei de Execução Penal (art. 197 da Lei
nº 7.210/1984).
36.6) O recurso subirá nos próprios autos nas seguintes situações: rejeição da denúncia,
procedência das exceções, salvo a de suspeição (e impedimento), pronúncia, extinção da
punibilidade e concessão de Habeas Corpus, ou ainda, quando o recurso não prejudicar o
andamento do processo.
36.7) O recurso subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles se
conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
36.8) Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo
termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
36.9) O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele
constarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não
for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de interposição.
36.10) Quando for impossível o Chefe de Secretaria extrair o traslado no prazo da lei,
poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
75

36.11) O recurso será apresentado ao Tribunal de Justiça, dentro de cinco dias da


publicação da decisão acerca do pedido de retratação.
Rotina:
Interposto o recurso, deve o Chefe de Secretaria certificar a sua tempestividade e fazer
conclusão;
Recebido o recurso, a providência dever ser a de intimar a parte recorrente para apresentar
as razões recursais (caso não as tenha apresentado) e, em seguida, intimar a parte
recorrida para apresentar a resposta.
Certificar a apresentação ou não da reposta e fazer conclusão.
Caso o magistrado mantenha a decisão guerreada, o Chefe de Secretaria deverá remeter os
autos ou formar o instrumento respectivo, providenciando o encaminhamento à Instância
Superior.
Deve-se observar a necessidade da existência da certidão de intimação da decisão
recorrida.

Publicação da decisão
(alguma das hipóteses do art. 581 do CPP).

Interposição
Prazo: 5 dias.

Razões
Prazo: 2 dias.

Contrarrazões
Prazo: 2 dias

Apresentadas ou não as Contrarrazões,


conclusão ao juiz.

Decisão sobre manutenção ou retratação.


Prazo: 2 dias

Mantida: Remessa ao TJ Reformada: Possibilidade de nova


Prazo: 5 dias impugnação por simples petição.
76

37. APELAÇÃO CRIMINAL


Comentários:
37.1) Recurso cabível das seguintes situações: I - das sentenças definitivas de condenação
ou absolvição proferidas por juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de
definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos para RESE; III - das decisões
do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do
juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça
no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados
manifestamente contrária à prova dos autos.
37.2)O magistrado deverá avaliar os requisitos de admissibilidade, por ocasião da
interposição do recurso.
37.3) Uma vez admitido o apelo, os autos sobem ao Juízo ad quem. Pode acontecer de o
apelo subir por instrumento (art. 601, §1º, - Se houver mais de um réu, e não houverem
todos sido julgados, ou não tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração
do traslado dos autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de trinta
dias, contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do
prazo para a apresentação das do apelado).
37.4) O apelante pode anunciar na petição de interposição que irá arrazoar somente na
Instância Superior.
37.5) Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de três dias, após o Ministério Público.
37.6) A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto imediatamente
em liberdade. Ademais, a apelação não suspenderá a execução da medida de segurança
aplicada provisoriamente.
37.7) Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se da sentença
não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer
das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente,
poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.
37.8) Neste caso, o prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do
dia em que terminar o do Ministério Público.
37.9) As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado, quer em
relação a parte dele.
37.10) Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá vista dos
autos, no prazo legal.
37.11) Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns.
Rotina:
Interposto o recurso, deve o Chefe de Secretaria certificar a sua tempestividade e fazer
conclusão;
Recebido o recurso, a providência deverá ser a de intimar a parte recorrente para apresentar
as razões recursais (caso não as tenha apresentado) e, em seguida, intimar a parte
recorrida para apresentar a resposta.
Certificar a apresentação ou não da resposta e fazer conclusão.
77

Publicação da decisão
(alguma das hipóteses do Art. 593 do CPP).

Interposição
Prazo: 5 dias.

Razões
Prazo: 8 dias.

Contrarrazões
Prazo: 8 dias

Apresentadas ou não as Contrarrazões,


conclusão ao juiz.

Mantida: Remessa ao TJ
Prazo: 5 dias

38. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


Comentários:
38.1) Recurso cabível quando houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão de
decisão criminal.
38.2) Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que constem os
pontos em que a decisão, sentença ou acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou
omisso.
38.3) No segundo grau, o requerimento será apresentado pelo relator e julgado,
independentemente de revisão, na primeira sessão.
38.4) Se não preenchidas as condições enumeradas nos artigos 382 ou 619, o recurso será
indeferido liminarmente.
38.5) A interposição dos embargos faz com que se interrompam os prazos para interposição
de outros recursos. Porém, no JECrim o efeito é suspensivo.
38.6) O prazo de interposição é de 2 dias, salvo no JECrim, que é de 5 de dias.

Publicação da decisão

Interposição
Prazo: 2 dias

Acolhimento Rejeição
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39. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA OU TELEMÁTICA


(DADOS DOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÕES):
Comentários:
39.1) fumus commissi delicti: (indícios razoáveis de autoria ou participação em infração
penal, punida com pena de reclusão);
39.2) - periculum in mora: (indispensabilidade da medida cautelar, para formação do
convencimento, tendo em vista que a prova não poderá ser obtida por outros meios
disponíveis) art. 1º, incisos I e II e art. 4º e § 1º, da Lei nº 9.296/96.
Art. 1º a interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em
investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único: O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações
em sistemas de informática e telemática.
Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer
qualquer das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punido, no máximo, com pena de detenção.
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de
ofício ou a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução
processual penal.
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação telefônica conterá a demonstração
de que a sua realização é necessária à apuração de infração penal, com indicação dos
meios a serem empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente,
desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que
a concessão será condicionada a sua redução a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido.
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma
de execução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por
igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova.
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de
interceptação, dando ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua
realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será
determinada a sua transcrição.
§ 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da
interceptação ao juiz, acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo
das operações realizadas.
§ 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8°, ciente o
Ministério Público.
79

Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que trata esta Lei, a autoridade


policial poderá requisitar serviços e técnicos especializados às concessionárias de serviço
público.
Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica, de qualquer natureza, ocorrerá em
autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal,
preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas.
39.3) “A apreciação da existência de indícios razoáveis da autoria ou participação em
infração penal e da possibilidade de utilização de outros meios de prova não se coaduna
com a via estreita do writ, pois demanda revolvimento do conjunto fático dos autos” (STJ HC
20.087).”
39.4) “O habeas corpus é meio impróprio para a análise das alegações que não encontram
pronto respaldo nos documentos carreados ao feito, quais sejam, de que as interceptações
teriam sido deferidas sem que a polícia procedesse anteriormente a qualquer ato
investigatório dos delitos, de que a prova dos crimes de que foram acusados os pacientes
poderia ter sido obtida por outros meios, e da confiabilidade questionável das degravações
juntadas aos autos” (STJ RHC 13274/RS).
39.5)“...A interceptação telefônica deve perdurar pelo tempo necessário à completa
investigação dos fatos delituosos. II. O prazo de duração da interceptação deve ser avaliado
pelo Juiz da causa, considerando os relatórios apresentados pela Polícia” (STJ RHC 13274).
39.6) “Habeas corpus. Denúncia e prisão cautelar fundadas em interceptações e gravações
de comunicações e em outros indícios de prova. Alegação de sua ilicitude e invalidade, nos
termos dos incisos III, art. 1º, X, XI e XII, LV e LVI, art. 5º, da Constituição Federal e do art.
5º, da Lei 9296/96. Inocorrência das irrogações. As interceptações e gravações telefônicas
ocorreram por determinação judicial e perduraram pelo tempo necessário à elucidação dos
fatos delituosos, revestidos de complexidade e envolvendo organização criminosa, com o
que não se violou a Lei nº 9.296/96. Ordem denegada.” (STJ 37590/SP).
Autuação em apartado (art. 8º da Lei nº 9.296/96).
Resolução 59 do CNJ sobre interceptações telefônicas:
RESOLUÇÃO N° 59 DE 09 DE SETEMBRO DE 2008.
Disciplina e uniformiza as rotinas visando ao aperfeiçoamento do procedimento de
interceptação de comunicações telefônicas e de sistemas de informática e telemática nos
órgãos jurisdicionais do Poder Judiciário, a que se refere a Lei nº 9.296, de 24 de julho de
1996.
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições
constitucionais e regimentais;
CONSIDERANDO a necessidade de aperfeiçoar e uniformizar o sistema de medidas
cautelares sigilosas referentes às interceptações telefônicas, de informática ou telemática,
para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, tornando-o seguro e
confiável em todo o território nacional;
CONSIDERANDO a necessidade de propiciar ao Magistrado condições de decidir com
maior independência e segurança;
CONSIDERANDO a imprescindibilidade de preservar o sigilo das investigações realizadas e
das informações colhidas, bem como a eficácia da instrução processual;
CONSIDERANDO dispor o art. 5°, inciso XII, da Constituição Federal ser inviolável o sigilo
da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
80

telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e nas formas que a Lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
CONSIDERANDO estipular o art. 1° da Lei n°. 9.296/96, o qual regulamentou o inciso XII,
parte final, do art. 5° da Constituição Federal, que todo o procedimento nele previsto deverá
tramitar sob segredo de justiça;
CONSIDERANDO a atribuição do Conselho Nacional de Justiça de zelar pela observância
dos princípios do artigo 37 da Constituição Federal, pela escorreita prestação e
funcionamento do serviço judiciário, para isso podendo expedir atos regulamentares (art.
103-B, parágrafo 4°, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45/2004);
CONSIDERANDO, finalmente, que a integral informatização das rotinas procedimentais
voltadas às interceptações de comunicações telefônicas demanda tempo, investimento e
aparelhamento das instituições envolvidas;
RESOLVE:
CAPÍTULO ÚNICO
DO PROCEDIMENTO DE INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS E DE
SISTEMAS DE INFORMÁTICA E TELEMÁTICA.
Seção I Da distribuição e encaminhamento dos pedidos de interceptação
Art. 1°. As rotinas de distribuição, registro e processamento das medidas cautelares de
caráter sigiloso em matéria criminal, cujo objeto seja a interceptação de comunicações
telefônicas, de sistemas de informática e telemática, observarão disciplina própria, na forma
do disposto nesta Resolução.
Art. 2°. Os pedidos de interceptação de comunicação telefônica, telemática ou de
informática, formulados em sede de investigação criminal e em instrução processual penal,
serão encaminhados à Distribuição da respectiva Comarca ou Subseção Judiciária, em
envelope lacrado contendo o pedido e documentos necessários.
Art. 3°. Na parte exterior do envelope a que se refere o artigo anterior será colada folha de
rosto contendo somente as seguintes informações:
I - "medida cautelar sigilosa";
II - delegacia de origem ou órgão do Ministério Público;
III - comarca de origem da medida.
Art. 4°. É vedada a indicação do nome do requerido, da natureza da medida ou qualquer
outra anotação na folha de rosto referida no artigo 3°.
Art. 5°. Outro envelope menor, também lacrado, contendo em seu interior apenas o número
e o ano do procedimento investigatório ou do inquérito policial, deverá ser anexado ao
envelope lacrado referido no artigo 3°.
Art. 6°. É vedado ao Distribuidor e ao Plantão Judiciário receber os envelopes que não
estejam devidamente lacrados na forma prevista nos artigos 3° e 5° desta Resolução.
Seção II
Da rotina de recebimento dos envelopes pela serventia
Art. 7°. Recebidos os envelopes e conferidos os lacres, o Responsável pela Distribuição ou,
na sua ausência, o seu substituto, abrirá o envelope menor e efetuará a distribuição,
cadastrando no sistema informatizado local apenas o número do procedimento investigatório
e a delegacia ou o órgão do Ministério Público de origem.
81

Art. 8°. A autenticação da distribuição será realizada na folha de rosto do envelope


mencionado no artigo 3°.
Art. 9º. Feita a distribuição por meio do sistema informatizado local, a medida cautelar
sigilosa será remetida ao Juízo competente, imediatamente, sem violação do lacre do
envelope mencionado no artigo 3°.
Parágrafo único. Recebido o envelope lacrado pela serventia do Juízo competente, somente
o Escrivão ou o responsável pela autuação do expediente e registro dos atos processuais,
previamente autorizado pelo Magistrado, poderá abrir o envelope e fazer conclusão para
apreciação do pedido.
Seção III
Do deferimento da medida cautelar de interceptação
Art. 10. Atendidos os requisitos legalmente previstos para deferimento da medida o
Magistrado fará constar expressamente em sua decisão:
I - a indicação da autoridade requerente;
II - os números dos telefones ou o nome de usuário, e-mail ou outro identificador no caso de
interceptação de dados;
III - o prazo da interceptação;
IV - a indicação dos titulares dos referidos números;
V - a expressa vedação de interceptação de outros números não discriminados na decisão;
VI - os nomes das autoridades policiais responsáveis pela investigação e que terão acesso
às informações;
VII - os nomes dos funcionários do cartório ou secretaria responsáveis pela tramitação da
medida e expedição dos respectivos ofícios, podendo reportar-se à portaria do juízo que
discipline a rotina cartorária.
§ 1º. Nos casos de formulação de pedido verbal de interceptação (artigo 4º, § 1º, da Lei nº
9.296/96), o funcionário autorizado pelo magistrado deverá reduzir a termo os pressupostos
que autorizem a interceptação, tais como expostos pela autoridade policial ou pelo
representante do Ministério Público.
§ 2º. A decisão judicial será sempre escrita e fundamentada.
Seção IV
Da expedição de ofícios às operadoras
Art. 11. Os ofícios expedidos às operadoras em cumprimento à decisão judicial que deferir a
medida cautelar sigilosa deverão ser gerados pelo sistema informatizado do respectivo
órgão jurisdicional ou por meio de modelos padronizados a serem definidos pelas
respectivas Corregedorias locais, dos quais deverão constar:
I - número do ofício sigiloso;
II - número do protocolo,
III - data da distribuição;
IV - tipo de ação;
V - número do inquérito ou processo;
VI - órgão postulante da medida (Delegacia de origem ou Ministério Público);
VII - número dos telefones que tiveram a interceptação ou quebra de dados deferida;
82

VIII - a expressa vedação de interceptação de outros números não discriminados na


decisão;
IX - advertência de que o ofício-resposta deverá indicar o número do protocolo do processo
ou do Plantão Judiciário, sob pena de recusa de seu recebimento pelo cartório ou secretaria
judicial, e
X - advertência da regra contida no artigo 10 da Lei nº 9.296/96.
Seção V
Das obrigações das operadoras de telefonia
Art. 12. Recebido o ofício da autoridade judicial a operadora de telefonia deverá confirmar
com o Juízo os números cuja efetivação fora deferida e a data em que efetivada a
interceptação, para fins do controle judicial do prazo.
Parágrafo 1º. Semestralmente as operadoras indicarão em ofício a ser enviado à
Corregedoria Nacional de Justiça os nomes das pessoas, com a indicação dos respectivos
registros funcionais, que por força de suas atribuições, têm conhecimento de medidas de
interceptações telefônicas deferidas, bem como os dos responsáveis pela operacionalização
das medidas, arquivando-se referido ofício em pasta própria na Corregedoria Nacional.
Parágrafo 2º. Sempre que houver alteração do quadro de pessoal, será atualizada a referida
relação. (NR)
Seção VI
Das medidas apreciadas pelo Plantão Judiciário
Art. 13. Durante o Plantão Judiciário as medidas cautelares sigilosas apreciadas, deferidas
ou indeferidas, deverão ser encaminhadas ao Serviço de Distribuição da respectiva
comarca, devidamente lacradas.
§ 1º. Não será admitido pedido de prorrogação de prazo de medida cautelar de
interceptação de comunicação telefônica, telemática ou de informática durante o plantão
judiciário, ressalvada a hipótese de risco iminente e grave à integridade ou à vida de
terceiros, bem como durante o Plantão de Recesso previsto artigo 62 da Lei nº 5.010/66.
§ 2º. Na Ata do Plantão Judiciário constará, apenas, a existência da distribuição de "medida
cautelar sigilosa", sem qualquer outra referência, não sendo arquivado no Plantão Judiciário
nenhum ato referente à medida. (NR)
Seção VII
Dos pedidos de prorrogação de prazo
Art. 14. Quando da formulação de eventual pedido de prorrogação de prazo pela autoridade
competente, deverão ser apresentados os áudios (CD/DVD) com o inteiro teor das
comunicações interceptadas, as transcrições das conversas relevantes à apreciação do
pedido de prorrogação e o relatório circunstanciado das investigações com seu resultado.
§ 1º. Sempre que possível os áudios, as transcrições das conversas relevantes à apreciação
do pedido de prorrogação e os relatórios serão gravados de forma sigilosa encriptados com
chaves definidas pelo Magistrado condutor do processo criminal.
§ 2º. Os documentos acima referidos serão entregues pessoalmente pela autoridade
responsável pela investigação ou seu representante, expressamente autorizado, ao
Magistrado competente ou ao servidor por ele indicado.
Seção VIII
Do transporte de autos para fora do Poder Judiciário
83

Art. 15. O transporte dos autos para fora das unidades do Poder Judiciário deverá atender à
seguinte rotina:
I - serão os autos acondicionados em envelopes duplos;
II - no envelope externo não constará nenhuma indicação do caráter sigiloso ou do teor do
documento, exceto a tipificação do delito;
III - no envelope interno serão apostos o nome do destinatário e a indicação de sigilo ou
segredo de justiça, de modo a serem identificados logo que removido o envelope externo;
IV - o envelope interno será fechado, lacrado e expedido mediante recibo, que indicará,
necessariamente, remetente, destinatário e número ou outro indicativo do documento; e
V - o transporte e a entrega de processo sigiloso ou em segredo de justiça serão efetuados
preferencialmente por agente público autorizado. (NR)
Seção IX
Da obrigação de sigilo e da responsabilidade dos agentes públicos
Art. 16. No recebimento, movimentação e guarda de feitos e documentos sigilosos, as
unidades do Poder Judiciário deverão tomar as medidas para que o acesso atenda às
cautelas de segurança previstas nesta norma, sendo os servidores responsáveis pelos seus
atos na forma da lei.
Parágrafo único. No caso de violação de sigilo de que trata esta Resolução, o magistrado
responsável pelo deferimento da medida determinará a imediata apuração dos fatos.
Art. 17. Não será permitido ao magistrado e ao servidor fornecer quaisquer informações,
direta ou indiretamente, a terceiros ou a órgão de comunicação social, de elementos
sigilosos contidos em processos ou inquéritos regulamentados por esta Resolução, sob
pena de responsabilização nos termos da legislação pertinente. (NR)
Seção X
Da prestação de informações sigilosas às Corregedorias-Gerais
Art. 18. Mensalmente, os Juízos investidos de competência criminal informarão à
Corregedoria Nacional de Justiça, por via eletrônica, em caráter sigiloso, a quantidade de
interceptações em andamento. (NR)
I - (Revogado).
II - (Revogado).
Parágrafo único. (Revogado).
Seção XI
Do acompanhamento administrativo pela
Corregedoria Nacional de Justiça
Art. 19. A Corregedoria Nacional de Justiça exercerá o acompanhamento administrativo do
cumprimento da presente Resolução.
Parágrafo único. (Revogado)
Seção XII
Das disposições transitórias
Art. 20. O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá, conjuntamente com a Agência
Nacional de Telecomunicações - ANATEL, estudos para implementar rotinas e
84

procedimentos inteiramente informatizados, assegurando o sigilo e segurança dos sistemas


no âmbito do Judiciário e das operadoras.
Art. 21. (Revogado).
Art. 22. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.
Ministro GILMAR MENDES

Fluxograma de Medida Cautelar de


Interceptação Telefônica
(Lei nº. 9.296/96)

Requisitos legais

Fumus commissi delicti Periculum in mora

Indícios razoáveis de A prova não pode ser admitida


autoria ou participação por outros meios disponíveis
(art. 2º, I, da Lei nº. 9.296/96) (art. 2º, II, da Lei nº. 9.296/96)

Infração penal punida Demonstração de necessidade


com pena de reclusão de apuração da infração penal
(art. 2º, III, da Lei nº. 9.296/96) (art. 4º, da Lei nº. 9.296/96)

40. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO DA LEI DE ENTORPECENTES


Comentários:
40.1) Oferecimento de denúncia: O prazo para oferecimento é de 10 (dez) dias da
chegada dos autos do inquérito policial. O número máximo de testemunhas é de cinco (art.
54, III, da Lei nº 11.343/06).
Rotina: Oferecida a denúncia ministerial, fazer os autos conclusos ao juiz. Cadastrar os
bens e valores apreendidos no cadastro nacional do CNJ.
40.2) Notificação para defesa prévia em dez dias: Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
notificação do acusado para oferecer defesa prévia (sic), por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias. A defesa, portanto, precede o recebimento da peça acusatória. Essa notificação será
obrigatoriamente pessoal e, junto com ela, deve-se entregar ao acusado cópia da peça
acusatória. A defesa preliminar deve ser sempre escrita e sua apresentação fora do prazo
constitui mera irregularidade processual.
85

Rotina: Expedir mandado de notificação (vide capítulo dos modelos de expedientes),


instruindo-o com cópia da denúncia. Não sendo localizado o acusado para notificação
pessoal, fazer conclusão ao juiz, que poderá determinar a notificação por edital.
40.3) Defesa preliminar: No prazo de 10 (dez) dias, com rol de testemunhas em número
máximo de 5 (cinco). Na preliminar, a defesa deve invocar tudo o que possa interferir na
decisão de recebimento ou rejeição da peça acusatória (preliminares, prejudiciais de mérito).
Ainda que o juiz entenda pela adoção do procedimento ordinário novo, introduzido pela Lei
nº 11.719/08, para os casos relacionados com os delitos de drogas com pena superior a 4
(quatro) anos, não se pode jamais abrir mão da defesa preliminar prevista no art. 55 da Lei
de Drogas, pois esta representa uma importante garantia para o acusado e integra o devido
processo legal.
Rotina: Apresentada a defesa preliminar, juntá-la aos autos e fazer os autos conclusos ao
juiz.
40.4) Intervenção do defensor nomeado: O acusado, notificado pessoalmente ou por
edital, deve apresentar a defesa preliminar em dez dias. Se não o faz, o juiz nomeará
defensor para apresentá-la em dez dias (em se tratando de defensor publico o prazo é
computado em dobro61), concedendo-lhe prontamente vista dos autos. Na medida do
possível, deverá o defensor entrar em contato com o acusado ou com seus familiares, para
que se possa exercer a defesa de modo amplo. De qualquer forma, o juiz não pode receber
a peça acusatória sem a defesa preliminar, que é obrigatória, seja ela apresentada por
defensor constituído, dativo ou público.
Rotina: Decorrido o prazo de dez dias sem apresentação de defesa preliminar, certificar o
decurso do prazo in albis e fazer conclusão ao juiz, que nomeará defensor para fazê-lo,
concedendo-lhe vista dos autos.
40.5) Decisão de recebimento ou rejeição da denúncia: Apresentada a defesa preliminar,
o juiz decidirá em cinco dias. A decisão consiste em, fundamentadamente, receber ou
rejeitar a peça acusatória. Todas as questões suscitadas na defesa preliminar devem ser
valoradas. Caso o juiz entenda imprescindível, antes do recebimento ou rejeição da
denúncia, poderá, no prazo de 10 (dez) dias, determinar a apresentação do preso, bem
como a realização de diligências, exames e perícias. A realização dessas diligências
preliminares não constitui, contudo, etapa procedimental obrigatória, e sim mera faculdade
do juiz.
40.6) Audiência de instrução e julgamento: Recebida a denúncia, o juiz designará dia e
hora para audiência de instrução, debates e julgamento, ordenará a citação pessoal do
acusado, a intimação do Ministério Público, das testemunhas e requisitará os laudos
periciais. O acusado deverá ser pessoalmente intimado para a audiência, na qual será
interrogado. Não sendo localizado o acusado, far-se-á sua citação por hora certa ou por
edital, aplicando-se subsidiariamente os artigos 362 e 366 do CPP. Se o acusado já havia
constituído advogado e não é localizado para a citação pessoal, o processo seguirá com a
presença do advogado (art. 367 do CPP, de aplicação subsidiária). Para a audiência
também deverão ser intimadas as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa. Em
se tratando de acusado funcionário público, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o
afastamento cautelar de suas atividades, comunicando ao órgão respectivo (art. 56, § 1º, da
Lei nº 11.343/06). A audiência deverá ser realizada no prazo de 30 (trinta) dias, depois do
recebimento da denúncia, esteja o acusado solto ou preso (prazo único). Exceção é quando
se faz necessária a realização do exame de dependência toxicológica, que se realizará em
90 (noventa) dias. Concluído o exame pericial, o processo terá prosseguimento normal. Na

61
Art. 5º, § 5º, da Lei nº 1.060/50.
86

audiência, observa-se a seguinte ordem processual: a) interrogatório do acusado. Se o


acusado não comparece, apesar de citado pessoalmente, a audiência terá andamento
normal, sem a sua presença. Para os juízes que vêm aplicando o novo rito ordinário, o
interrogatório é realizado após a ouvida das testemunhas (aplicação subsidiária do art. 400
do CPP); b) inquirição das testemunhas (primeiro as arroladas pela acusação e depois as
arroladas pela defesa, em número máximo de cinco cada). A audiência poderá ser adiada ou
suspensa caso alguma testemunha esteja ausente e desde que a parte que a arrolou insista
na sua oitiva; c) debates orais (será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do
Ministério Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de vinte
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério do juiz). Se houver necessidade
de esclarecimentos de perito, tal pode dar-se antes ou depois da oitiva das testemunhas,
mas sempre precedendo os debates orais. O juiz poderá deferir a apresentação de
alegações finais em memoriais, fixando prazo para tanto; d) sentença. Em regra, cabe ao
juiz proferir sentença logo após os debates orais. A lei, contudo, faculta-lhe proferi-la no
prazo de dez dias, devendo os autos seguir conclusos para tal finalidade (art. 58 da Lei nº
11.343/06). Na sentença, o juiz define o destino das drogas, armas, bens e valores
apreendidos62. As drogas deverão ser destruídas por incineração, enquanto os bens e
valores apreendidos serão perdidos em favor da União.
Rotina:
- Chegando os autos com a decisão de recebimento da denuncia, deverá a Secretaria: 1 -
intimar representante do Ministério Público, defensor e testemunhas para a audiência de
instrução e julgamento; 2 - citar o acusado; 3 - requisitar, quando for o caso, o réu ao
sistema prisional e os policiais à respectiva corporação; 4 - diligenciar para que o laudo
pericial da substância entorpecente seja juntado aos autos até a data da audiência.

62
Art. 63 da Lei nº 11.343/06: Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou
valor apreendido, seqüestrado ou declarado indisponível. § 1 o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes
tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar, após decretado o seu perdimento em favor da União, serão
revertidos diretamente ao Funad. § 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e não leiloados em caráter
cautelar, cujo perdimento já tenha sido decretado em favor da União. § 3 o A Senad poderá firmar convênios de cooperação,
a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § 2 o deste artigo.
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declarados perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens, o
local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
legislação vigente.
87

Organograma do Procedimento da Lei nº. 11.343/2006


(Entorpecente)

Inquérito Policial 30 dias com o OBS.: podem ser


(arts. 50 a 53) investigado preso duplicados (art. 51,
(art. 51) parágrafo único)

Denúncia Devolução do I. P. 90 dias com o


(art. 54, III) para realização de investigado solto
diligências imprescindíveis (art. 51)
(art. 16 do CPP)

Requisitar diligências
suplementares Arquivamento
(art. 54, II) (art. 54, I)

Notificação do
denunciado para Apresentar defesa, arguir
exceções, suscitar nulidades,
defesa preliminar
requerer produção de provas.
(art. 55, caput)

Caso não constitua advogado,


Defesa Preliminar será nomeado um defensor
Prazo: 10 dias dativo. (art. 263 do CPP)
(art. 55, § 1º)

Decisão de rejeição Caso imprescindível, no prazo


da denúncia máximo de 10 dias será
(arts. 43 e 581, I, do CPP) apresentado o preso, realizadas
diligências, exames e perícias.
(art. 55, § 5º)
Decisão de recebimento
da denúncia
(art. 55, § 4º)

Afastamento cautelar Requisição de laudos


do denunciado, quando periciais
funcionário público (art. 56, caput)
(art. 56, caput)

Designação de audiência Realização da


e citação audiência
(art. 56, caput) (art. 57)

Audiência em até 30 dias, em regra. 1 - Interrogatório


Audiência em até 90 dias, em caso (art. 57)
de exame de dependência.
(art. 56, § 2º)

2 - Inquirição das testemunhas de


acusação e defesa;
máximo 5 para cada parte.

3 - Debates orais:
20 minutos para cada parte,
prorrogáveis por mais 10.

4 - Sentença
(Imediata ou)
no prazo de 10 dias)

41. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E


FAMILIAR CONTRA A MULHER
(Lei nº 11.340/2006)
Comentários:
41.1) Generalidades. A primeira relevante observação a se fazer quanto ao procedimento
dos delitos em comento consiste na opção do legislador no sentido de afastar,
peremptoriamente, do âmbito dos Juizados Especiais Criminais o julgamento dos crimes
perpetrados com violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 41 da Lei nº 11.340/06).
O objetivo do legislador foi não banalizar os crimes abrangidos pela Lei nº 11.340/06,
afastando-o da brandura da resposta penal imposta pela Lei nº 9.099/95, excluindo a
88

possibilidade de composição civil, transação penal e suspensão condicional do processo.


Passou-se a entender que a ação penal nos crimes de lesão corporal leve, praticados no
âmbito doméstico ou familiar contra a mulher tornou-se pública incondicionada, não mais
reclamando a representação da ofendida, uma vez que a exigência da representação fora
instituída pela Lei nº 9.099/95, inaplicável à espécie. A matéria, contudo, ainda não se
encontra pacificada. O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que o crime de lesão
corporal leve cometido com violência doméstica e familiar contra a mulher tem a
representação como condição de procedibilidade. No julgamento do Recurso Especial
Repetitivo nº 1.097.042-DF – representativo da controvérsia –, acentuou-se que reconhecer
a incondicionalidade da ação quanto aos delitos de lesão corporal simples significaria retirar
da vítima o direito de relacionar-se com o parceiro escolhido, ainda que considerado ofensor.
O STJ entende, pois, que a regra segundo a qual não se aplicam as disposições da Lei de
Juizados Especiais aos crimes de violência doméstica (art. 41 da Lei nº 11.340/06) afasta
apenas a incidência dos institutos despenalizantes da citada lei 63, mas não exclui a
exigibilidade de representação ou a possibilidade de retratação. Por outro lado, é pacífico
que a representação continua exigível em relação aos outros crimes (ameaça, por exemplo),
por força do disposto no art. 16 da lei em comento, que admite a possibilidade de “renúncia
à representação”. O dispositivo preceitua que "nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade,
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público". Assim, se a renúncia da
vítima ocorre após o recebimento da denúncia, é considerada extemporânea e por isso não
ensejará ausência de justa causa para a ação penal. Embora a designação da audiência de
que trata o art. 16 não seja obrigatória, é recomendável que o juiz assim proceda, a fim de
se evitar a retratação tardia à representação.64
41.2) Oferecimento de denúncia ou queixa: Consoante o disposto no art. 16 da Lei nº
11.340/06, quando se tratar de crime de ação condicionada a representação, o juiz poderá
designar audiência de ratificação, a fim de que a vítima seja consultada sobre o exercício (ou
não) do direito de representação. O Ministério Público, via de regra, requer a designação da
audiência de ratificação antes de oferecer denúncia, por economia processual. Para esta
audiência, deverão comparecer vítima e suposto infrator, cuidando o juiz para que as partes
sejam ouvidas separadamente.
Rotina: - Fazer os autos conclusos ao juiz quando o Ministério Público apresentar cota
requerendo a designação de audiência de ratificação (art. 16 da Lei nº 11.340/06). Se o juiz
designar a audiência, deve-se intimar vítima, infrator e Ministério Público. Se o crime é de
ação penal pública incondicionada e o Ministério Público oferece denúncia, fazer conclusão
dos autos para que o juiz delibere sobre o recebimento.
- Lembrar de sempre apensar os autos do inquérito policial ao pedido de medida de proteção
correspondente.
- Caso a vítima manifeste o desejo de se retratar da representação, comunicar ao juiz, a fim
de que este designe a audiência de que trata o art. 16 da referida lei.
41.3) Recebimento da denúncia/queixa, citação para responder à acusação em dez
dias e intimações para audiência, defesa escrita, absolvição sumária ou recebimento
da denúncia/queixa e audiência de instrução e julgamento.
63
O Plenário do STF declarou por unanimidade, em 24/03/2011, a constitucionalidade do art. 41 da Lei nº. 11.340/06,
tornando impossível a aplicação dos institutos despenalizadores nela previstos, como a suspensão condicional do processo e
a transação penal (HC 106.212).
64
Aliás, este é o entendimento constante do Fórum Nacional de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
(enunciado 4).
89

Considerando a ausência de previsão de regras específicas na Lei nº 11.340/06 em relação


a tais etapas procedimentais, deve ser seguido o procedimento comum ordinário ou sumário
na apuração das infrações penais tipificadas no diploma legal em comento, a depender do
quantum da pena máxima abstratamente prevista.

ORGANOGRAMA DO PROCEDIMENTO DA LEI DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E


FAMILIAR CONTRA A MULHER (LEI Nº 11.340/06)

Inquérito Policial

MP denuncia MP requer designação da


(crimes de ação pública audiência prevista no art. 16 da Lei nº 11. 340/2006.
incondicionada) (crimes de ação pública condicionada a representação
da vítima)

Vítima
Recebimento representa
da
denúncia

Vítima
Processo segue se retrata
procedimento do rito comum
ordinário ou sumário,
conforme o caso
Sentença de
Extinção de
punibilidade.

42. ROTEIRO DO PROCEDIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA


PREVISTAS NA LEI Nº 11.340/06
Comentários:
42.1) Generalidades. As medidas protetivas de urgência (MPUs), constantes dos art. 22, 23
e 24 da Lei nº 11.340/06 poderão ser concedidas pelo Juiz, a requerimento da ofendida ou
do Ministério Público, de imediato, independentemente da oitiva das partes e de
manifestação do Parquet, o qual, no entanto, deve ser prontamente comunicado, nos termos
do artigo 19, § 1º, da Lei nº 11.340/06. Verificando o juiz a plausibilidade das alegações
(fumus boni iuris) e a urgência do pedido da ofendida (periculum in mora), deferirá a
providência cautelar postulada. Dispõe o artigo 22 da legislação em comento que o juiz
poderá aplicar em conjunto ou separadamente as seguintes medidas protetivas de urgência:
suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão
competente; afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; proibição
de determinadas condutas, entre as quais: aproximação da ofendida, de seus familiares e
das testemunhas, fixando limite mínimo de distância entre estes e o agressor; contato com a
ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; frequentação
de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
90

atendimento multidisciplinar ou serviço similar; e prestação de alimentos provisionais 65, além


de outras medidas previstas sempre que a segurança da ofendida exigir.
42.2) Recebimento das medidas protetivas de urgência. A atuação da autoridade policial
compreende prestar o atendimento preliminar nos casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher, devendo adotar as providências pertinentes de polícia judiciária, bem como
viabilizar a remessa do pedido das medidas protetivas de urgência pela vítima, em
expediente apartado, ao Poder Judiciário. Não cabe à autoridade policial requerer ou
representar pelas medidas protetivas à ofendida, apenas encaminhá-la ao juízo competente.
Caso reconheça a necessidade de uma medida mais severa e estando presentes os
requisitos legais, deverá representar pela prisão preventiva do agressor, com base no artigo
313, IV, do Código de Processo Penal. A medida cautelar em comento possui caráter cível,
com abrangência no âmbito do direito de família e administrativo. O procedimento aplicável
às medidas protetivas é o definido nos artigos 18 e 19 da Lei Maria da Penha, bem como os
relativos aos ritos dos Códigos de Processo Civil e Penal. Depois de recebido o expediente
com o pedido da ofendida (encaminhado pela autoridade policial), caberá ao magistrado, no
prazo de 48 horas: conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas
protetivas de urgência; determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência
judiciária, quando for o caso (art. 18). Em caso de prisão do agressor, a ofendida deverá ser
notificada dos atos processuais relativos a este, especialmente dos atos pertinentes ao
ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
defensor público (art. 21). A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao
agressor (parágrafo único do art. 21 da Lei em comento).
Rotina:
- Com a chegada da MPU, fazer os autos conclusos ao juiz;
- Deferida a liminar, cumprir com prioridade, expedindo-se os competentes mandados de
intimação/notificação (vide capítulo dos modelos de expedientes);
- Com a chegada do inquérito policial respectivo, apensá-lo à medida cautelar
correspondente;
- Caso a vítima noticie o descumprimento, pelo agressor, das medidas protetivas
determinadas pelo juiz, certificar nos autos a informação, dar vista ao MP e fazer os autos
conclusos ao juiz;
- Em sendo deferido o pedido de arquivamento do inquérito policial, fazer conclusos ao juiz
os autos da MPU para que esta também seja extinta, face o seu caráter eminentemente
acessório.

65
Onde houver Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher é possível também a fixação de
alimentos provisórios, tendo em vista, que neste caso a Unidade Jurisdicional possui competência plena (cível e criminal).
91

MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO

O(A) Doutor(a) ________________, Juiz(a) de Direito


Titular da _______Vara Criminal da Comarca do
____________, em virtude da Lei...

MANDA a Autoridade Policial Judiciária, a quem este for


apresentado, devidamente assinado, expedido conforme determinado na decisão exarada nos autos do
processo ______________, que em seu cumprimento, dirija-se a:
__________________________________________________ (residência de __________________), aí sendo
proceda a BUSCA E APREENSÃO pessoal e domiciliar, no período diurno (art. 5º, inc. XI da Constituição da
República), para o fim de apreender: 1- arma de fogo, munições e instrumentos utilizados na prática de
crimes 2- substância entorpecentes 3-Outros objetos que tenham ligação com o fato ou que sejam de
origem criminosa. As armas, porventura apreendidas, devem ser relacionadas, entregando-se cópia ao
proprietário do imóvel, sendo encaminhadas a este Juízo, sem prejuízo de posterior encaminhamento para
análise pericial.

CUMPRA-SE. Eu___________________, Chefe de Secretaria, digitei e


subscrevi.

Juiz(a) de Direito

Certifico ser autêntica a assinatura do(a)


Dr(a).______________________MM. Juiz(a) de Direito
da ___Vara Criminal da Comarca de _______
Eu,_____________ (Chefe de Secretaria),Subscrevi.
___/____/____.
92

CARTA PRECATÓRIA CRIMINAL

Distribuição Despacho do Juiz Deprecado

As partes foram intimadas do disposto no art. 222, §§ 1º e 2º, do CPP e da


Súmula 247 do STJ.
Juízo Deprecante:
Juízo Deprecado:

Dados do Processo
Processo n° Classe:
Expediente nº

Partes

Autor:
Acusado:
Vítima:

Local da Diligência

FINALIDADE: __________________________________. Seguem anexos os seguintes


documentos: ____________________________________________________________.

O(A) DOUTOR(A) __________________________, Juiz(a) de Direito da _____ Vara Criminal, da Comarca de


______________, Pernambuco, FAZ SABER ao(a) Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da Comarca
a quem for esta distribuída ou da Comarca onde estiver a pessoa procurada, que dos autos do processo acima
referido foi extraída a presente Carta Precatória a fim de que Vossa Excelência se digne de ordenar a
realização da(s) diligência(s) ora deprecada(s), conforme peça(s) e documentos(s) anexos, parte(s) integrante
desta Carta. Encarece, ademais, a devolução da presente devidamente cumprida, no prazo estipulado. Dado e
Passado nesta Comarca de ____________, aos ___/____/_____. Eu, _________________, Chefe de
Secretaria, digitei e subscrevi.

Juiz(a)
de Direito

Certifico ser autêntica a assinatura do(a)


___________, MM. Juiz(a) de Direito Titular
da _____ Vara Criminal da Comarca de
______. Eu, _______________ (Chefe de
Secretaria), Subscrevi. _____________,
____/____/____.
93

RESOLUÇÃO Nº 239 DE 16/06/2008 (DOPJ 18/06/2008)

EMENTA: Regulamenta o art. 6º da Lei Complementar n. 100


de 21 de novembro de 2007, constituindo as Comarcas
Integradas no Estado de Pernambuco.

A CORTE ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO, no uso das atribuições


legais e regimentais,

CONSIDERANDO o disposto no art. 6º da Lei Complementar Estadual n. 100, de 21 de novembro de 2007;


CONSIDERANDO que a integração de comarcas para fins de comunicação de atos processuais, realização de
diligências e atos probatórios, trará maior celeridade na tramitação dos processos,
RESOLVE:
Art. 1º- Reunir em áreas, constituindo em Comarcas Integradas, as comarcas constantes do anexo I.
Art. 2º- As Comarcas Integradas constituirão um só território para efeitos de citação, intimação, penhora e
cumprimento de quaisquer atos cautelares e executivos, provisórios ou definitivos, da jurisdição civil ou
criminal.
Art. 3º- Fica dispensada a expedição de cartas precatórias entre as Comarcas Integradas.
§ 1º- Em sendo conveniente ao interesse da justiça, a critério exclusivo do juízo deprecante, frente à natureza
da diligência ou para facilitar a comunicação, poderá ser expedida carta precatória à Comarca Integrada,
devendo a decisão ser motivada.
§ 2º- As comarcas que disponham de Central de Mandado (CEMANDO) poderão, ainda, enviar, através de
sistema de malotes, os mandados para a comarca de cumprimento do ato, conforme regulamentação baixada
pela Presidência do Tribunal de Justiça.
Art. 4º- A Corregedoria Geral da Justiça deverá expedir as instruções convenientes à boa execução da
presente Resolução.
Art. 5º- Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação.
Recife, 16 de junho de 2008
JONES FIGUEIRÊDO ALVES
Presidente em exercício do Tribunal de Justiça
(Resolução aprovada, à unanimidade, em Sessão Ordinária da Corte Especial realizada em 02/06/2008)
ANEXO I-ÁREAS REFERENTES ÀS COMARCAS INTEGRADAS
ÁREA 1 ÁREA 2 ÁREA 3 ÁREA 4 ÁREA 5
Recife Olinda Igarassu Jaboatão dos Camaragibe
Guararapes
Olinda Paulista Itamaracá Cabo de Santo São Lourenço da
Agostinho Mata
Jaboatão dos Abreu e Lima Itapissuma
Guararapes
Camaragibe Igarassu

MANDADO DE PRISÃO

O(A) Doutor(a) _________________, Juiz(a) de Direito Titular da ______ Vara Criminal da Comarca de
__________, em virtude da Lei ....
94

MANDA a qualquer Autoridade Policial, a quem este for apresentado, devidamente assinado, que se dirija ao
endereço do acusado ou em qualquer lugar onde o referido possa ser encontrado e, em seu cumprimento,
PRENDA-O e RECOLHA-O à __________________(Unidade Prisional):

Nome/Alcunha:
Data de nascimento:
Filiação:
Natural de:
Estado civil:
Residente:
Tendo em vista haver sido decretada a sua Prisão Preventiva, embasado nos artigos 311, 312 e 313, inciso I,
todos do CPP, com redação da Lei 12.403/2011, nos autos do processo nº _____________ em que responde
como incurso nas penas do artigo ___________________________________.
Deve a Autoridade que ordenar a prisão observar as garantias constitucionais do(a) acusado(a):
a) separação do acusado e/ou investigado(a) dos demais presos;
b) o respeito à integridade física e moral;
c) o direito de permanecer calado, sendo-lhe assegurado a assistência da
família e de advogado;
d) a comunicação da prisão à família à Autoridade Judiciária, ao Ministério
Público e Defensoria Pública e;
e) identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial.
Cópia do presente mandado será entregue, sob recibo, do acusado.
O presente decreto de prisão preventiva tem vigência pelo prazo de (180) dias, podendo o Magistrado
reexaminar a prisão cautelar, findo esse prazo, de acordo com a Resolução nº 66/2009, do Conselho Nacional
de Justiça. Deve a autoridade Policial Judiciária informar a este Juízo a data da prisão da(o) acusado(a).
Executada a prisão do(a) acusado(a), este deverá ser conduzido ao IML para realização do exame de corpo
de delito.
A Autoridade Policial deverá comunicar a este Juízo a data do efetivo cumprimento do presente.
Cumpra-se. Dado e passado nesta Comarca de ___________, Estado de Pernambuco, aos
____/____/______. Eu, ___________, Chefe de Secretaria, digitei e subscrevi.

Juiz(a) de Direito

Certifico ser autêntica a assinatura do(a) Dr.(a)


____________________ MM. Juiz de Direito da
___Vara Criminal da Comarca de _______
Eu,_____________ (Chefe de
Secretaria),Subscrevi. ___/____/____
95

TERMO DE INCINERAÇÃO

Aos ______ dias do mês de _________ de _______, às ___:____ horas, nas cercanias do Fórum da Comarca
de ________, onde se encontrava o(a) ____________________, Juiz(a) Direito Titular da ____ Vara Criminal,
o Representante do Ministério Público Dr. ___________________________ o Delegado
____________________, oportunidade em que foram separadas para incineração as substâncias
entorpecentes (MACONHA, CRACK e COCAÍNA) apreendidas nos processos com trânsito em julgado e ou
em tramitação neste Juízo, com laudos de exames químicos e ou físico-químicos definitivos, nos autos dos
processos a seguir relacionados: processo nº __________, processo nº ____________. Pequenas amostras
das substâncias, apreendidas nos autos dos referidos processos, foi retida para possível contraprova. O(A)
MM. Juiz(a) determinou juntar cópia do presente termo aos processos, cujas sentenças não transitaram em
julgado. Nada mais foi dito tendo o(a) MM. Juiz(a) mandado encerrar o presente termo, que vai assinado
pelos presentes. Eu, _________________, Chefe de Secretaria, digitei e subscrevi.

Juiz(a) de Direito

Promotor de Justiça

Delegado

Processo nº:
Classe:
Expediente nº:
Acusado:
Advogado/OAB nº:
96

ALVARÁ DE SOLTURA

O(A) Dr. (a) ______________________, Juiz(a) de Direito ________Vara Criminal da Comarca de


_____________________, em virtude da Lei ...

MANDA ao Agente Penitenciário desse Presídio, ou quem suas vezes fizer, sendo-lhe este apresentado, indo
por mim assinado, colocar, incontinenti, em liberdade, salvo se por outro motivo deva permenecer preso(a), a
pessoa de ______________________________________, por haver sido concedida a sua Liberdade
Provisória (com ou sem Fiança), (Relaxamento) (ou Prisão Domiciliar), vinculada aos compromissos legais, nos
autos do Processo nº ___________________, como incurso nas penas do artigo
__________________________. Dado e Passado nesta Comarca de __________, aos ____ de ________ de
_________. Eu_______________________, Chefe de Secretaria, digitei e subscrevi.

Cumpra-se.
Cópia do presente alvará será entregue, sob recibo, ao acusado.
O acusado deverá ser cientificado para comparecer no dia ___de ______de _____, às __:__ horas, a fim
de prestar os compromissos legais.
Juiz(a) de Direito

Certifico ser autêntica a assinatura do(a)


Dr(a)______________________ MM. Juiz(a) de
Direito da ____Vara Criminal da Comarca de
_______ Eu,_____________ (Chefe de
Secretaria),Subscrevi. ___/____/____ .

Nos termos da Portaria nº 291 DE 01/12/1995 (DOPJ 12/12/1995), que dispõe sobre o Regimento Interno
da Corregedoria Geral da Justiça: “50. - Determina-se que ao serem expedidos alvarás de soltura, deles
se faça constar o nome do advogado do acusado, o número de sua inscrição na O.A.B. e o endereço
profissional; 50.1 - a entrega do alvará de soltura será feita ao procurador habilitado nos autos,
mediante protocolo, ficando cópia em Cartório.
Resolução nº 108, de 06 de abril de 2010
Dispõe sobre o cumprimento de alvarás de soltura e sobre a movimentação de presos do sistema carcerário, e
dá outras providências.

(Publicada no DLe nº 64/2010, em 12/04/2010, pp. 2-3)


RESOLUÇÃO Nº 108 DE 6 DE ABRIL DE 2010
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, e
CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar a forma e prazo de cumprimento dos alvarás de soltura em
âmbito nacional, vez que verificadas disparidades entre os diversos tribunais;
CONSIDERANDO o decidido no Pedido de Providências nº 200910000004957 quanto à não submissão do
cumprimento de alvará de soltura ao Juiz Corregedor dos Presídios e a verificação de eventuais óbices pelo
estabelecimento penal;
CONSIDERANDO que a requisição de réu preso para comparecer em juízo para a simples comunicação de
atos processuais não encontra previsão legal, atenta contra a segurança nos presídios, e causa ônus
desnecessário ao erário;
CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça na 102ª Sessão Ordinária,
realizada em 6 de abril de 2010, nos autos do ATO 0002265-53.2010.2.00.0000.
R E S O L V E:
97

Art. 1º O juízo competente para decidir a respeito da liberdade ao preso provisório ou condenado será também
responsável pela expedição e cumprimento do respectivo alvará de soltura, no prazo máximo de vinte e quatro
horas.
§ 1º O Tribunal poderá delegar ao juízo de primeiro grau o cumprimento de decisão determinando a soltura,
caso em que a comunicação será feita imediatamente após a decisão, a fim de possibilitar a observância do
prazo previsto no caput.
§ 2º O cumprimento de alvará de soltura de preso custodiado em Estado diverso deverá ser feito pelo meio
mais expedito, com observância do disposto no artigo 2º, caput e parágrafo 1º.
§ 3º O preso em favor do qual for expedido o alvará de soltura será colocado imediatamente em liberdade,
salvo se estiver preso em flagrante por outro crime ou houver mandado de prisão expedido em seu desfavor,
após consulta ao sistema de informação criminal do respectivo tribunal e ao sistema nacional.
§ 4º Ainda que outros motivos justifiquem a manutenção da prisão, conforme disposto no parágrafo anterior, o
alvará de soltura deverá ser expedido e apresentado pelo oficial de justiça diretamente à autoridade
administrativa responsável pela custódia, para baixa nos registros competentes em relação ao processo ou
inquérito a que se refere o alvará.
§ 5º O oficial de justiça deverá certificar a data, local e horário do cumprimento do alvará de soltura, o
estabelecimento prisional e o respectivo diretor, bem como se resultou ou não na soltura do preso e as razões
que eventualmente justificaram a manutenção da prisão.
§ 6º O cumprimento do alvará de soltura é ato que envolve o juízo prolator da decisão e a autoridade
administrativa responsável pela custódia, não estando submetido à jurisdição, condições ou procedimentos de
qualquer outro órgão judiciário ou administrativo, ressalvada as hipóteses dos parágrafos 1º e 2º.
Art. 2º Decorrido o prazo de cinco dias após a decisão que determinou a soltura o processo deverá ser
concluso ao juiz para verificação do cumprimento do alvará de soltura.
§ 1º O não cumprimento do alvará de soltura na forma e no prazo será oficiado pelo juiz do processo à
Corregedoria Geral de Justiça, inclusive do juízo deprecado, quando for o caso, para apuração de eventual
falta disciplinar e adoção de medidas preventivas, e ao Ministério Público, para apuração de responsabilidade
criminal.
§ 2º As Corregedorias deverão manter registro em relação aos alvarás de soltura não cumpridos na forma e no
prazo previstos na presente resolução, para informação ao Departamento de Monitoramento do Sistema
Carcerário - DMF, quando solicitada.
Art 3º Os Tribunais poderão formalizar convênios para cooperação e troca de informações com órgãos
públicos, dentre os quais o Departamento de Polícia Federal e Secretarias de Estado, para acesso das
autoridades penitenciárias aos sistemas informatizados da justiça criminal.
Parágrafo único. Referidos convênios permitirão que as pesquisas sobre antecedente, prisão em flagrante e
mandado de prisão sejam feitas de forma ininterrupta, inclusive aos finais de semana e feriados, a fim de que
todos os eventuais óbices à efetivação do alvará de soltura sejam imediatamente levantados.
Art. 4º As comunicações dos atos processuais ao indiciado, réu ou condenado preso serão realizadas por
oficial de justiça diretamente no estabelecimento onde custodiado, dispensada a requisição para a formalização
de tais atos em juízo.
Parágrafo único. Comparecendo o réu ou apenado em audiência as comunicações em relação aos atos nela
praticados serão realizadas na própria audiência.
Art. 5º O juiz do processo de conhecimento deverá requisitar diretamente o réu preso para a audiência, sem a
necessidade de aquiescência da vara de corregedoria de presídios ou das execuções penais, onde houver.
Art. 6º Os Tribunais e os juízos deverão adaptar sua legislação e práticas aos termos da presente resolução no
prazo de até 60 dias.
Art. 7º Aplica-se a presente resolução, no que couber, aos sistemas eletrônicos para cumprimento de alvarás
de soltura eventualmente instalados nos Tribunais.
Art. 8º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Ministro GILMAR MENDES
98

CERTIDÃO
REGIME DE PUBLICIDADE RESTRITA

Certifico que, na data de hoje, o Bel. ____________________________, advogado constituído do


investigado _____________________________, qualificado nos presentes autos, teve assegurado o integral
acesso aos autos, extraindo as cópias que lhe interessavam. Foram copiados os seguintes documentos:
_________________________________________. Ademais, em razão da natureza do procedimento, o referido
procurador foi cientificado da necessidade do dever de sigilo e de que este se estende sobre as informações
constantes do processo nº ____________________ relativas às partes que não são por ele representadas. O
referido é verdade. Dou fé. ________, ___/___/_____. _______________. Chefe de Secretaria, digitei e
subscrevi.
REQUISIÇÃO PESSOAL DE POLICIAL MILITAR PARA AUDIÊNCIA

COMARCA:
VARA:
NÚMERO DO PROCESSO:
FINALIDADE DA AUDIÊNCIA:
DATA DA AUDIÊNCIA:
LOCAL DA AUDIÊNCIA:
NOME DO JUIZ REQUISITANTE
SEQ. NOME COMPLETO DO FILIAÇÃO: CONDIÇÃO DO NATUREZA JURÍDICA DO
REQUISITADO: REQUISITADO: REQUISITADO:
POLICIAL MILITAR-1 RÉU/AUTOR DO FATO-1
POLICIAL CIVIL-2 TESTEMUNHA-2
BOMBEIRO-3 OUTROS-3
1
2
3

Atenciosamente,
_____________________, matrícula _______
________________________ Juiz de Direito
REQUISIÇÃO DE ACUSADO(A) PARA AUDIÊNCIA

COMARCA:
VARA:
NÚMERO DO PROCESSO:
FINALIDADE DA AUDIÊNCIA:
DATA DA AUDIÊNCIA:
LOCAL DA AUDIÊNCIA:
NOME DO JUIZ REQUISITANTE
SEQ. NOME COMPLETO DO FILIAÇÃO: CONDIÇÃO DO NATUREZA JURÍDICA DO
REQUISITADO: REQUISITADO: REQUISITADO:
PRESO – 1 RÉU-1
AGENTE TESTEMUNHA-2
PENITENCIÁRIO-2 OUTROS-3
1
2
3

Atenciosamente,
_____________________, matrícula _______
________________________ Juiz de Direito
101

Juízo de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca _____________.

TERMO DE COMPROMISSO
(Modelo Padrão)

Processo nº: ________________________________


Classe: ____________________________________
Expediente nº: _______________________________
Investigado/acusado: __________________________
Vítima: _____________________________________

Aos _____ de _______ de ______ compareceu na Secretaria deste Juízo o investigado/acusado:


_________________________, residente e domiciliado na rua ____________________________, ficando este
ciente da necessidade do cumprimento das obrigações abaixo descritas, nos termos dos artigos 327 e 328 do
Código de Processo Penal. “No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício
ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida,
impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).” (art. 282,
§ 4º, do CPP, redação da Lei 12.403/11 ou, ainda, aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e
328 do CPP (art. 324, I, do CPP), redação da Lei nº 12.403/11. Podendo, ainda, ser quebrada a fiança nas
hipóteses: I – regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; II-
deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; III – descumprir medida cautelar imposta
cumulativamente com a fiança; IV – resistir injustificadamente a ordem judicial; V – praticar nova infração penal
dolosa.” (Art. 341 do CPP), redação da Lei nº 12.403/11.
66
Condições impostas: (art. 319 do CPP)

I- comparecimento período em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II- proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III- proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante;
IV- proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V-recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos;
VI-suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver
justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII- internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração;
VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX – monitoração eletrônica.
Do que para constar lavro o presente termo que vai devidamente assinado pela Autoridade Judiciária
Processante e pelo acusado. Eu,......................................., Chefe de Secretaria, digitei e subscrevi.

Juiz(a) de Direito

De acordo:___________________________________________________________

66
Redação da Lei nº 12.403/2011.
102

__________, ____ de _____ de 20___.

Ofício nº ________________
Referente ao Processo nº _________________

Senhor Secretário:

De ordem do(a) Doutor(a) _________, Juiz(a) de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca
de _____________ e com base no artigo 1º, inciso VI, alínea “f” da Portaria nº 38/2010, da Corregedoria Geral
de Justiça, sirvo-me do presente expediente para solicitar a Vossa Senhoria, no prazo de 10 (dez) dias, a fim de
instruir os autos do processo em epígrafe, o espelho de cadastro do acusado, abaixo qualificado:

__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_______________________________________________________________

Outrossim, informo-lhe que nos referidos autos foi designada audiência de instrução e
julgamento
, portanto necessitamos, com urgência, do envio do cadastro para fins de intimação do
acusado.

Ao ensejo, apresento os protestos de apreço e consideração.

Chefe de Secretaria

Ilustríssimo Senhor,
Bel. ______________________________
SECRETARIA DE INFORMÁTICA - TRE-PE
AV, Agamenon Magalhães, 1160 –1º andar Parque Amorim
Recife-PE CEP 52030-210
Fone/Fax (081) 3221.8000 ramal 9401
103

Juízo de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca _____________.

MANDADO DE CITAÇÃO

Processo nº: ________________________________


Classe: Ação Penal - Procedimento Ordinário/Sumário
Expediente nº: _______________________________
Acusado: ___________________________________
Vítima: _____________________________________
Oficial de Justiça: _____________________________ - Matrícula

O(A) Doutor(a) ________________________________, Juiz(a) de Direito da _____Vara Criminal da


Comarca de _________________, Estado de Pernambuco, em virtude da Lei...

MANDA ao Oficial de Justiça, a quem este for distribuído, indo por mim assinado, com base no artigo 396 e
396-A do Código de Processo Penal, CITE o acusado: __________________________________, residente na
____________________________________, para no prazo de 10 (dez) dias, responder por escrito à
acusação, podendo arguir preliminares e alegar tudo o que interessar a sua defesa, oferecer documentos
e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo
sua intimação quando necessário.
Fica o acusado advertido de que não apresentada a resposta no prazo legal, ser-lhe-á nomeado
Defensor Público.
Segue cópia da denúncia/queixa anexa e da decisão de seu recebimento.

Caso não tenha condições financeiras para constituir advogado, deverá procurar a Defensoria Pública do Estado,

situada na _______________________________________________________, para que seja indicado Defensor, a fim

de patrocinar sua defesa.

A partir do recebimento da denúncia, haverá o dever de informar ao Juízo sobre quaisquer mudanças de endereço,

para fins de adequada intimação e comunicação oficial.

Fica o acusado ciente de que em caso de procedência da acusação, a sentença fixará valor mínimo à reparação dos

danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (artigo 387, IV, CPP), cabendo a ele

manifestar-se a respeito;

A reparação do dano sofrido pela vítima é circunstância que sempre atenua a pena, desde que o acusado o faça por sua

espontânea vontade, com eficiência e antes do julgamento. O valor correspondente pode ser fixado de comum acordo

entre as partes e homologado no juízo competente (art. 65, inciso III, alínea “b”, do código Penal).

Eu, __________________________, o digitei e submeti à conferência e subscrição da Chefe de


Secretaria. ________, ___/___/_____.

Chefe de Secretaria
104

Juiz(a) de Direito

ADVERTÊNCIA: a ofensa, através de palavras ou atos, que redunde em vexame, humilhação,


desprestígio ou irreverência ao oficial de justiça poderá configurar o crime de desacato. (Instrução
Normativa nº 9/2006, art. 41.)

Espaço para informações do advogado apontado pelo citando:


Nome, endereço, email.
105

__________, ____ de _____ de 20___.

Ofício nº ________________
Referente ao Inquérito Policial nº _________________

.
Senhor(a) Delegado(a),

De ordem do(a) Doutor(a) _________, Juiz(a) de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca
de _____________ e com base no artigo 1º, inciso VI, alínea “m”, da Portaria nº 38/2010, da Corregedoria Geral
de Justiça, sirvo-me do presente expediente para solicitar a Vossa Senhoria, no prazo de 10 (dez) dias, a fim de
instruir os autos do processo em epígrafe, a relação e a avaliação dos bens apreendidos, bem como o
encaminhamento do laudo de constatação da substância supostamente toxicológica.

Ao ensejo, apresento os protestos de apreço e consideração.

Chefe de Secretaria

Ilustríssimo Senhor,
Bel(a)___________________________________
Delegado(a) de Polícia da ___ª Circunscrição Policial.
106

Juízo de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca _____________.

MANDADO DE CITAÇÃO
URGENTE – ACUSADO PRESO

Processo nº: ________________________________


Classe: Ação Penal - Procedimento do Júri
Expediente nº: _______________________________
Acusado: ___________________________________
Vítima: _____________________________________
Oficial de Justiça: _____________________________ - Matrícula

O(A) Doutor(a) ________________________________, Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca


de _________________, Estado de Pernambuco, em virtude da Lei ...

MANDA ao Oficial de Justiça, a quem este for distribuído, indo por mim assinado, com base no artigo 406 do
Código de Processo Penal, CITE o acusado __________________________________, atualmente preso e
recolhido na ______________________________________________________, para no prazo de 10 (dez) dias,
responder por escrito à acusação, podendo arguir preliminares e alegar tudo o que interessar a sua defesa,
oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas,
qualificando-as e requerendo sua intimação quando necessário.
Fica o acusado advertido de que não apresentada a resposta no prazo legal, ser-lhe-á nomeado
Defensor Público.
Seguem, anexas, cópias da denúncia e da decisão do seu respectivo recebimento.

Caso não tenha condições financeiras para constituir advogado, seus familiares deverão procurar a Defensoria

Pública do Estado, situada na _______________________________________________________, para que seja

indicado Defensor, a fim de patrocinar sua defesa.

Fica o acusado ciente de que em caso de procedência da acusação, a sentença fixará valor mínimo à reparação dos

danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (artigo 387, IV, do CPP), cabendo a

ele manifestar-se a respeito;

A reparação do dano sofrido pela vítima é circunstância que sempre atenua a pena, desde que o acusado o faça por

sua espontânea vontade, com eficiência e antes do julgamento. O valor correspondente pode ser fixado de comum

acordo entre as partes e homologado no juízo competente (art. 65, inciso III, alínea “b”, do Código Penal).

Eu, __________________________, o digitei e submeti à conferência e subscrição da Chefia de Secretaria.


________, ___/___/_____.

Chefe de Secretaria
107

Juiz(a) de Direito

ADVERTÊNCIA: a ofensa, através de palavras ou atos, que redunde em vexame, humilhação,


desprestígio ou irreverência ao oficial de justiça poderá configurar o crime de desacato. (Instrução
Normativa nº 9/2006, art. 41.)

Espaço para informações do advogado apontado pelo citando:


Nome, endereço, email.
108

Juízo de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca _____________.

MANDADO DE INTIMAÇÃO

Processo nº: ________________________________


Classe: TCO – Procedimento sumaríssimo
Expediente nº: _______________________________
Autor do Fato: _______________________________
Vítima: _____________________________________
Oficial de Justiça: _____________________________ - Matrícula

O(a) Doutor(a) ________________________________, Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca


de _________________, Estado de Pernambuco, em virtude da Lei...

Manda ao Oficial de Justiça, a quem este for distribuído, indo por mim assinado, intimem-se as pessoas a
seguir relacionadas para que compareçam na audiência preliminar designada, acompanhada de seus advogados:

Audiência: / /20 às h min - Preliminar - art. 72 Lei 9099/95.

Observação: No caso da menoridade da vítima, deverá fazer-se acompanhar do respectivo representante legal,
desde já intimado para tanto.

Autor do Fato: ___________________________________


Endereço:_______________________________________

Vítima: _________________________________________
Endereço:_______________________________________

Caso não tenha condições financeiras para constituir advogado, deverá procurar a Defensoria Pública do Estado,

situada na _______________________________________________________, para que seja indicado Defensor, a fim

de patrocinar sua defesa.

Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo

sobre a reparação do dano sofrido pela vítima, homologada por sentença, acarreta a renúncia deste ao direito de

queixa ou representação (art. 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95).

Eu, __________________________, o digitei e submeti à conferência e subscrição da Chefe de Secretaria.


________, ___/___/_____.

Chefe de Secretaria
109

Juiz(a) de Direito

ADVERTÊNCIA: a ofensa, através de palavras ou atos, que redunde em vexame, humilhação,


desprestígio ou irreverência ao oficial de justiça poderá configurar o crime de desacato. (Instrução
Normativa nº 9/2006, art. 41.)

Espaço para informações do advogado apontado pelo citando:


Nome, endereço, email.
110

PORTARIA

O(A) Doutor(a) _________________________, MM. Juiz(a) de Direito titular da ____ Vara


Criminal da Comarca___________, Estado de Pernambuco, no uso do exercício jurisdicional, em virtude da Lei...

Considerando haver dúvida sobre a integridade mental do


acusado___________________________, acusado da imputação do art.______________, do Código Penal,
nos autos do Inquérito Policial nº ou Processo nº______________________

R E S O L V E:

Instaurar, com base nos artigos 149 usque 154 do Código de Processo Penal O INCIDENTE DE
INSANIDADE MENTAL do acusado ______________________________.

1.Nomeio-lhe curador na pessoa d(o)a Bel(a). __________________________Defensor(a)


Público(a).
2 Determino visto dos autos às partes para formulação de quesitos e indicação de assistente(s)
técnico(s) no prazo de (5) cinco dias (art. 176 do CPP) e (art. 159, §§ 3º e 5º, II, do CPP).

3 Formem-se autos apartados, instruindo-os com cópias do procedimento inquisitorial (ou da


denúncia e termos de inquirições) e questionário.
Gabinete do Juiz de Direito da _________________ Vara Criminal da______________, aos
____de ________ de 20___.

Juiz(a) de Direito
111

QUESTIONÁRIO
(parte integrante da portaria acima para todos os efeitos legais)

OS (Drs.) PERITOS DEVERÃO RESPONDER AOS SEGUINTES QUESITOS:

I - art. 26, caput, do Código Penal (inimputabilidade).

1) O acusado_____________________________ ao tempo da ação (ou omissão) era,


inteiramente, incapaz de entender o caráter ilícito do fato?

1.1) Em caso afirmativo, essa incapacidade era proveniente de doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado? Justificar.

1.2.) Negado o primeiro quesito, o acusado ____________________________, ao tempo da


ação (ou omissão) era, inteiramente, incapaz de determinar-se de acordo com o caráter ilícito do fato?
1.3.) Em caso afirmativo, essa incapacidade era proveniente de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado?Justificar.

II - art. 26, parágrafo único, do Código Penal (semi-imputabilidade).


2.1) O acusado_______________________________ ao tempo da ação (ou omissão) não era,
inteiramente, capaz de entender o caráter ilícito do fato?
2.2) Em caso afirmativo, essa redução de entendimento era proveniente de perturbação da
saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado? Justificar.
2.3) Negado o primeiro quesito, o acusado _____________________________ ao tempo da
ação (ou omissão) não era, inteiramente, capaz de determinar-se de acordo com o caráter ilícito do fato?
Justificar.
2.4) Em caso afirmativo, essa redução de capacidade era proveniente de perturbação da saúde
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado? Justificar.
Gabinete do(a) Juiz(a) de Direito da _________________ Vara Criminal da______________,
aos ____de ________ de 20___.

Juiz(a) de Direito
112

PORTARIA
(EXAME TOXICOLÓGICO)

O(A) Doutor(a) _________________________, MM. Juiz(a) de Direito titular da ____ Vara


Criminal da Comarca___________, Estado de Pernambuco, no uso do exercício jurisdicional, em virtude da Lei...

Determina que o acusado____________________seja encaminhado pela direção da Unidade


Prisional_________________, com urgência, ao Instituto Médico Legal para realização de exame
Cromatográfico para cannabis sativa linnèe (tetrahydrocanabinnol) e cocaína (erythroxylon coca Lamarck),
devendo os senhores peritos, no prazo impreterível de 30 (trinta) dias responder aos seguintes quesitos:
113

QUESTIONÁRIO
(parte integrante da Portaria para todos os efeitos legais).
OS (Drs.) PERITOS DEVERÃO RESPONDER AOS SEGUINTES QUESITOS:
1º) Quesito: o acusado por dependência química ou psíquica era ao tempo da ação
inteiramente incapaz de entender a ilicitude da posse ou a venda de substância entorpecente, ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento?
2º) Quesito: o acusado por dependência química ou psíquica ou por motivo de caso fortuito ou
força maior não era, inteiramente, capaz de entender a ilicitude da posse ou a venda de substância
entorpecente, ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?
3º) Quesito: por quaisquer das circunstâncias previstas nos quesitos anteriores o acusado não
possuía ao tempo da ação plena capacidade de entendimento do caráter ilícito da posse ou da venda de
substância entorpecente?
4º) Quesito: por quaisquer das circunstâncias previstas nos quesitos primeiro e segundo, acima
referidos, o acusado ao tempo da ação, possuía capacidade diminuída para entender o caráter ilícito da
posse ou da venda de substância entorpecente?
5º) Quesito: no caso de dependência química ou psíquica que cause incapacidade absoluta de
determinação ou entendimento qual o tratamento médico adequado a que o acusado pode submeter-se?
6º) Quesito: o acusado, ao tempo da ação, era dependente de substância entorpecente ou
causadora de dependência física ou psíquica? Qual substância? Desde quando?
7º) Quesito: o acusado ao tempo da ação, estava sob o efeito de substância entorpecente ou
que determine dependência física ou psíquica? Qual substância?
8º) Quesito: essa dependência era proveniente de caso fortuito ou força maior?
9º) Quesito: em razão da dependência, ou do fato de estar sob o efeito das referidas
substâncias provenientes ou não de caso fortuito ou força maior, o acusado era inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento?
10) Quesito: em razão das mesmas circunstâncias referidas no quesito anterior, o acusado
possuía, ao tempo da ação, reduzida capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento?
11) Quesito: necessita o acusado de tratamento especializado? De que espécie? Por quanto
tempo?
12) os antecedentes a personalidade, os motivos determinantes, as circunstância do fato, os
meios empregados e os modos de execução do delito autorização a suposição de que, em liberdade, o
acusado voltará a delinquir após o tratamento hábil?
Com base nos (arts. 176 e 159, §§ 3º e 5º, II, do CPP), determino vista às partes, facultando a
formulação de quesitos e indicação de assistente(s) técnico(s).
Deve a Secretaria do Juízo, monitorar o encaminhamento do acusado ao IML, bem como, o
encaminhamento do laudo, a este Juízo, no prazo legal.
Gabinete do(a) Juiz(a) de Direito da _________________ Vara Criminal da______________,
aos ____de ________ de 20___.

Juiz(a) do Direito

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