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1 ETAPAS DE UM PROJETO DE ESTRADAS

A geometria de uma estrada deve correlacionar seus elementos físicos com:


- Características de Operação;
- Frenagem;
- Aceleração;
- Segurança e conforto;
- outros

Critérios para definição do projeto geométrico:

Utilizam-se: - Cálculos teóricos;


- Resultados empíricos de observação e análise de comportamento de motoristas.

Baseiam-se em:
- Princípios de Geometria e de Física;
- Características de operação dos veículos.

A construção de uma estrada deverá ser:


- Tecnicamente Possível;
- Economicamente Viável;
- Socialmente abrangente.

Após a comparação entre os diversos traçados possíveis, será escolhida a melhor solução
tomando como critério:

- Raios de curvatura horizontal;


- Inclinação de rampas;
- Volumes de Terraplenagem (corte / aterro);
- Superlargura e Superelevação;
- Dispositivos de Drenagem;
- Obras de Arte;
- outros.
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1.1 ATIVIDADES PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO

Estudos:
- De tráfego;
- Geológicos e geotécnicos;
- Hidrológicos;
- topográficos.

1.2 FASES DO ESTUDO DO TRAÇADO

- Reconhecimento / Anteprojeto
- Exploração / Projeto
- Locação / Projeto definitivo

1.2.1 Reconhecimento / Anteprojeto

Objetivo: Levantar e analisar os dados da região, necessárias à definição do traçado.


Verificam-se os principais obstáculos e escolhem-se os locais para lançamentos de
anteprojetos.

Elementos para o Reconhecimento:

I - Local dos pontos Inicial e Final da estrada

II- Indicação dos Pontos Obrigatórios de Passagem

a) De Condição
São pontos pré-estabelecidos condicionando a estrada a passar por eles
- Critérios não técnicos – (Politico, Econômico e Social).

b) De Circunstância
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São pontos selecionados no campo com base em critérios em função das condições
de tráfego e/ou menor custo.
- Critérios Técnicos

III- Pontos ligando os pontos obrigatórios de passagem

a) Diretriz Geral (pontos A e B)


Ligando os extremos da estrada

b) Diretriz Parcial
Ligando os pontos obrigatórios intermediários

Figura 1.1 - Diretrizes

D
(Povoado)

Lago

E B

- A Diretriz Geral Interliga os pontos extremos (A e B).


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- Com a intenção de beneficiar o povoado, a estrada foi condicionada a passar pelo ponto C
(ponto obrigatório de passagem de condição) alterando o traçado da diretriz geral para os
segmentos AC e CB.
- O segmento AC cruza com o Rio em três pontos, gerando, portanto a necessidade de
implantação três Obras de Arte Especiais, o que elevaria bastante o orçamento da rodovia. O
segmento AC poderia ser desviado para o lado direito do rio, no entanto seria necessária a
transposição de uma elevação. Pelo lado esquerdo do rio parece ser mais conveniente, pois,
atravessaria o rio apenas uma vez e o terreno é mais plano. A alternativa apropriada seria
passando pelo ponto D (Ponto Obrigatório de Passagem de Circunstância)
- O segmento CB cruza um lago, o que deve ser evitado. O segmento deve ser desviado
passando pelo ponto E (Ponto Obrigatório de Passagem de Circunstância).

São Pontos Obrigatórios de Passagem de Condição: A, B e C.


São Pontos Obrigatórios de Passagem de Circunstância: D e E.

1.2.2 Etapas do Reconhecimento

I- Coleta de Dados sobre a região


(Mapas, Cartas, Fotos, Topografia, Imagens de Satélites e outros)
II- Observação da Área (entorno) dos pontos obrigatórios de passagem
(Observação “in loco”)
III- Determinação das Diretrizes (Geral e Parciais)
IV- Determinação dos Pontos Obrigatórios de Passagem de Circunstância
V- Determinação das várias diretrizes possíveis (alternativas)
VI- Escolha das melhores diretrizes
VII- Levantamento de Quantitativos e custos das Alternativas
VIII- Avaliação dos Traçados

Tipos de Reconhecimento:
I- Com Cartas, Fotos ou Imagens de Satélites.
II- Aerofotogramétrico
III- Terrestre:
a) Inspeção dos possíveis traçados para posterior avaliação.
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b) Levantamento topográfico expedito das alternativas selecionadas.

Trabalhos de Escritório (reconhecimento)

Relatório Preliminar contendo:


 Descrição de dados coletados;
 Descrição de Alternativas Estudadas;
 Descrição das características geométricas adotadas;
 Orçamento Preliminar;
 Análise Técnica-econômica e financeira dos traçados.

Anexos ao relatório:

a) Planta da linha de reconhecimento: Extensão < 400 km => Escala= 1/20.000


Extensão ≥ 400 km => Escala= 1/50.000

b) Perfil da linha de reconhecimento: Extensão < 400 km => Escalas: H= 1/20.000


V= 1/2000
Extensão ≥ 400 km => Escalas: H= 1/50.000
V=1/5000

1.2.3 Exploração / Projeto


Novos estudos são realizados (tráfego, hidrológico, geotécnicos e etc.) para a elaboração dos
projetos Geométrico, de Drenagem, de Terraplenagem e de Pavimentação dentre outros.

Trabalhos de Campo (Exploração / Projeto)

a) Locação do Eixo da Poligonal


- Consiste em demarcar no terreno, ao longo dos alinhamentos, pontos a cada 20 m (vinte
metros), a partir do ponto inicial (Estaca zero).
- A Tangente é materializada (piqueteada) através de pontos com estaqueamento numérico
crescente.
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- Os pontos de mudança de direção quando não coincide com uma estação inteira, são
indicados pela estação inteira anterior, acrescido da distância entre o ponto e essa estaca.

b) Nivelamento e Contranivelamento da Poligonal:


- Nivelamento de todos os pontos locados, da poligonal;
- Elevação (cota) inicial transportada de uma referência de nível (RN);
- Nivelamento geométrico;
- Contranivelamento (Nivelamento no sentido contrário).
Tolerância: Erro tolerável ≤ ‫ڶڵ‬Ζ‫ڹ‬㨸㨸 ᦹ 㨶; k=Extensão nivelada em quilômetro.

c) Nivelamento das Seções Transversais (Seccionamento)

Figura 1.2 - Poligonal de Exploração

E60+15,35m

Poligonal

E66+9,37m

Estaca
66+9,37


Piquete Prego ‘


Terreno
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Planilha 1.1 – Caderneta de Nivelamento

Nivelamento
Leitura na Mira (mm) Plano de Referência Elevação “Cota”
Estaca
Ré vante (mm) (mm)
50 R50 PR1= E50+ R50 E50
51 V51 E51= PR1- V51
52 V52 E52= PR1- V52
53 R53 V53 PR2= E53+ R53 E53= PR1- V53
54 V54 E54= PR2- V54
55 V55 E55= PR2- V55
56 V56 E56= PR2- V56
57 R57 V57 PR3= E57+ R57 E57= PR2- V57
58 V58 E58= PR2- V58
59 V59 E59= PR2- V59

Figura 1.3 – Seções Transversais


Seção (Bissetriz)

Seção (Perpendicular)

Seção (Bissetriz)
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Planilha 1.2 – Caderneta de Seções Transversais

Seções Transversais
Estaca = Leituras na Mira Plano de
Altitudes Observações
Altitude = Ré Vante Referência
Afastamento

Direita

Afastamento

Esquerda

Trabalhos de Campo (Exploração / Projeto)


Após a conclusão dos serviços de campo, as cadernetas são levadas ao escritório para a
elaboração das plantas.
- Planta baixa: Escala= 1/2.000
- Perfil longitudinal: Escalas: H= 1/2.000
V= 1/200
- Seções transversais: Escala= 1/200
- Curvas de nível: Com equidistância de 1m (por interpolação)

Figura 1.4 – Perfil longitudinal


Escala: 1/200
Cota (m)

810

800
Escala: 1/2.000
210 215 220 225 Estaca
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Figura 1.5 – Perfil (Seção) Transversal

Escala: 1/200
Cota (m)
810

Eixo
800
Escala: 1/200
16 10 10 16 Distância (m)
0
Estaca 217

1.2.3 Projeto Definitivo / Locação

Na fase do projeto definitivo, a exploração é detalhada e o projeto definitivo será o conjunto


de todos os projetos, complementados por:
 Memorial Descritivo;
 Justificativa das soluções;
 Quantitativos;
 Especificações de materiais e serviços;
 Orçamento.

Características que devem ser observadas quando da elaboração do projeto:


 Curvas horizontais com o maior raio possível;
 Visibilidade em todo o traçado com destaque para os trechos em curvas (horizontais e
verticais);
 Rampas máximas apenas em casos especiais e com extensão mínima;
 Compensação de cortes e aterros;
 Cortes em rocha;
 Distância de transportes.
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Planta Baixa
Deverá ser Apresentada na escala de 1 / 2.000, contendo os seguintes elementos:
 Eixo da estrada com estaqueamento e curvas de nível com equidistância de 1 m (um
metro);
 Bordas da pista, pontos notáveis do alinhamento horizontal (PC, PT, PI e etc.) e
elementos das curvas (Raios, comprimentos e ângulos centrais dentre outros);
 Localização e limite das obras de arte correntes, especiais e de contenção;
 Linhas de offset de terraplenagem (aterro / corte);
 Limites da faixa de domínio, divisas entre propriedades com nomes, tipo de cultura e
às propriedades;
 Serviços públicos existentes;
 Referência de nível (RN).

Perfil longitudinal
Deverá ser apresentado nas escalas de 1 / 2.000 na horizontal e 1 / 200 na vertical contendo as
seguintes informações:
 Linha do terreno (Natural);
 Linha do greide (Projeto);
 Estacas e Cotas dos pontos da curva vertical (PCV, PIV e PTV);
 Comprimentos das curvas de concordância vertical;
 Rampas em porcentagem;
 Flecha máxima;
 Perfil geológico.

Observação: Em uma mesma folha (prancha) do desenho deverá constar a planta e o perfil de
um determinado trecho.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES
Disciplina: Estradas
Professor: Marcos Albuquerque

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