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Sumário

Noções-preliminares-sobre-Estado,-Governo-e-Administração-Pública-I 2
Noções-preliminares-sobre-Estado,-Governo-e-Administração-Pública-II 5
Noções-preliminares-sobre-Estado,-Governo-e-Administração-Pública-III 9
Organização-Administrativa-I 12
Organização-Administrativa-II 16
Organização-Administrativa-III 18
Organização-Administrativa-IV 21
Organização-Administrativa-V 23
Organização-Administrativa-VI 27
Responsabilidade-Civil-do-Estado-I 30
Responsabilidade-Civil-do-Estado-II 33
LEI-8.429_92---Improbidade-Administrativa-I 36
LEI-8.429_92---Improbidade-Administrativa-II 38
Poderes-Administrativos-I 41
Poderes-Administrativos-II 45
Poderes-Administrativos-III 48
Atos-Administrativos-I 50
Atos-Administrativos-II 52
Atos-Administrativos-III 55
Atos-administrativos-IV 58
Atos-administrativos-V 63
Controle-da-Administração-Pública-I 67
Controle-da-Administração-Pública-II 71
Lei-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-I 74
Lei-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-II 79
Lei-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-III 87
Lei-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-IV 95
LEI-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-V 100
Lei-Nº-8.666_93---LICITAÇÃO-VI 104
8.666-93 107
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PROFESSOR: LUCAS
NETO
DIREITO
ADMINISTRATIVO
Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e
organização.

Surge aqui como primeira e real necessidade, realizar a diferenciação entre os conceitos de
Estado, governo e administração pública.

Estado é um ente, um sujeito de direitos, que tem como elementos o povo, o território e a
soberania. Na definição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p. 13),
“Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e
governo soberano”.
Analisando como ente, o Estado se torna capaz de contrair direitos e obrigações. Saliente-se,
que o Estado possui personalidade jurídica própria, tanto na fase interna (perante os agentes
públicos e os cidadãos, como perante outros Estados estrangeiros.

O povo faz com que se efetive o Estado. É através do povo que se origina todo o poder
representado pelo Estado.
Inclusive, podemos ver o supracitado expressamente no art. 1º, parágrafo único, da
Constituição (“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição).” Quando se fala em diretamente lembramos
do plebiscito, referendo e iniciativa popular. Quando falamos no indireto, lembramos
automaticamente do voto, que tem características de ser direto, secreto, universal e
periódico.

Por sua vez, a Soberania é o poder que tem o Estado de se administrar.


É por conta da soberania que o Estado pode regular o seu funcionamento, as relações
privadas de seus cidadãos e as funções econômicas e sociais de seu povo.

PELA soberania É QUE o Estado edita leis que se aplicam ao seu território, sem se sujeitar a
qualquer tipo de ENTROMETIMENTO de outros Estados. AQUI SE FALA EM VOZ PRÓPRIA.
Autonomia administrativa, financeira e orçamentária. Isso mesmo, É MACHO!!!

Finalizando os conceitos, o território é a área onde o Estado exerce sua soberania. Onde ele
de fé e fato atua. Delimitação territorial para tanto.

OBSERVAÇÃO FATAL PARA DERRUBAR 15 MIL: Os elementos (povo + território +


soberania) do Estado não podem ser CONFUNDIDOS com suas funções. As funções
estatais, que por sua vez, são denominadas “Poderes do Estado”, são divididas em:
legislativa, executiva e judiciária.

O LEGISLATIVO: CRIA LEIS E FISCALIZA


O EXECUTIVO: ADMINISTRA
O JUDICIÁRIO: JULGA

Acima temos as funções típicas, mas fique esperto, de acordo com o Sistema de
freios e contrapesos desenvolvido por Montesquieu, teremos cada poder realizando
a função típica do outro, de maneira atípica.

Leido
Lei doDireito
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A CF-88 é quem informa que as três funções ou Poderes da União, “independentes e


harmônicos entre si”, são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. (art. 2º)

A separação das funções estatais não significa uma afirmação de que haja uma divisão
parada, estagnada, congelada, de poder entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

O ESTADO possui um poder que é soberano, que é uno, indivisível e que emana do povo.

No sistema de freios e contrapesos, desenvolvido por Montesquieu, as funções promovem


uma mútua fiscalização umas das outras (o Poder Legislativo fiscaliza atos dos Poder
Executivo, por meio dos Tribunais de Contas, o Poder Judiciário avalia a legalidade e os
procedimentos adotados pelo Legislativo, o Executivo nomeia os juízes dos tribunais de
segunda instância e de instância superior etc.).

Quanto ao governo, leve para sua prova essa definição: é elemento do Estado e o
define como “a atividade política organizada do Estado, possuindo ampla
discricionariedade, sob responsabilidade constitucional e política” (ZANONNI).
Aglutino para você mais um dado À informação, citando Meirelles (1998, p. 64-65) que diz
que “governo é a expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do
Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”.

Já a Administração Pública pode ser definida em seu sentido amplo e em seu sentido
estrito.

No que diz respeito ao seu sentido amplo, na lição da Maria Di Pietro (2009, p. 54), a
Administração Pública se subdivide em órgãos governamentais e órgãos administrativos
(sentido subjetivo) e função política e administrativa (sentido objetivo).

Perceba que há 2 (dois) sentidos, e são esses 2 sentidos que os examinadores adoram cobrar
em provas de concursos.

No que se relaciona ao sentido estrito, a Administração Pública é subdividida nas pessoas


jurídicas, órgãos e agentes públicos que exercem funções administrativas (sentido subjetivo)
e na atividade exercida por esses entes (sentido objetivo).

Analisando o sentido subjetivo percebe-se maior destaque naqueles que realizam as funções
e na análise do sentido objetivo se observa a própria função exercida.
No aspecto de sentido objetivo (que também é chamado de material ou funcional), a
Administração Pública é definida, por Di Pietro (2009, p. 57), como “a atividade concreta e
imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico total ou parcialmente público, para a
consecução dos interesses coletivos”.

Enfim, serviço público é toda atividade que a Administração Pública executa, direta ou
indiretamente, para satisfazer à necessidade coletiva, sob regime jurídico
predominantemente público.

QUESTÕES

1. No que se refere ao Estado, governo e à administração pública, A existência do Estado


pode ser mensurada pela forma organizada com que são exercidas as atividades executivas,
legislativas e judiciais.
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2. Acerca do direito administrativo, Em sentido subjetivo, a administração pública confunde-


se com os próprios sujeitos que integram a estrutura administrativa do Estado

3. O Estado é um ente personalizado, apresentando-se não apenas exteriormente, nas


relações internacionais, mas também internamente, como pessoa jurídica de direito público
capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem jurídica.

4. A administração pública confunde-se com o próprio Poder Executivo, haja vista que a este
cabe, em vista do princípio da separação dos poderes, a exclusiva função administrativa.

GABARITO:
1) CERTO
2) CERTO
3) CERTO
4) ERRADO

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DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROFESSOR LUCAS
NETO

O que vem a ser Direito Administrativo?

Antes de mais nada, você precisa compreender que o direito administrativo tem origem na
Revolução Francesa, quando surgiu o Estado de Direito.

Neste momento surgiram dois sistemas do direito administrativo no mundo: sistema europeu-
continental e o sistema angloamericano (common law).

O sistema europeu-continental originou-se na França e foi centrado, enfaticamente, em traçar


liames entre os cidadãos (particulares) e Administração, definindo prerrogativas e deveres à
Administração, além de agir consagrando garantias individuais em face do poder público.

Neste modelo existem duas jurisdições, ou seja, não é só o Poder Judiciário quem dá a última
palavra (que julga em definitivo uma disputa). Aqui, existe também a jurisdição
administrativa, que por sua vez, pode ser exercida pelo Conselho de Estado.

Por sua vez, quando analisamos o sistema anglo-americano deixa-se para o âmbito do direito
privado as relações entre Estado e cidadãos.

A jurisdição é una, sendo exercida exclusivamente, unicamente, pelo Poder Judiciário.

No nosso País, embora a influência seja mais forte do sistema europeu-continental, resolveu-
se por adotar a jurisdição una.

Mas, CUIDADO!!! Existem exceções à jurisdição una no Brasil. Veja:

Diante de situações excepcionais é obrigatório que exista em cena o prévio exaurimento das
instâncias administrativas, para que a partir desse momento possa se ingressar no Poder
Judiciário.

Analisando a Constituição, esta informa que o Poder Judiciário só admitirá ações


relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias
da justiça desportiva, regulada em lei.

Na análise do art. 7º, § 1º, da Lei 11.417/06, que disciplina a Súmula Vinculante, determina-se
o exaurimento da via administrativa para que seja cabível a reclamação ao STF (na
reclamação o STF dirá se houve ou não violação, pela Administração, do texto da súmula
vinculante).
.

Em suma, trago aqui um resumo das exceções à jurisdição uma no Brasil, que podem ser
resumidas da seguinte forma:

 ações que estejam analisadas à luz da disciplina e das competições desportivas;

 habeas data (prévio esgotamento das instâncias administrativas);

 reclamação ao STF afirmando violação à súmula vinculante pela Administração

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 mandado de segurança (não cabe se for possível recurso administrativo com efeito
suspensivo, sem caução).

Agora é hora de abordarmos os conceitos de direito administrativo.

No entanto, não podemos falar em um único conceito, mas em diversos.

Cada um, de acordo com uma escola ou um critério distinto.

Mas para concurso, quero que leve para a sua prova conceito de pelo menos três escolas ou
critérios.

As seguintes:

a) Escola do serviço público: Aqui, o Direito Administrativo está intimamente ligado ao


serviço público, não diferenciando a atividade jurídica do Estado e o serviço público que é
atividade puramente de caráter material.

Esse critério surgiu na França, tendo como um dos seus ideologistas Duguit que afirma que o
direito público se resume às regras de organização e gestão dos serviços públicos. Entretanto,
é claro e evidente que o serviço público não abrange todo o conteúdo do Direito
Administrativo.

b) Critério do Poder Executivo: Aqui, concentra-se a totalidade da atividade administrativa


como disciplina exclusiva do Poder Executivo.
Mas isso acaba, naturalmente, tornando-se questionável, partindo-se da prerrogativa de que
todos os demais Poderes podem exercer atividade Administrativa.

c) Critério teleológico: Se visto por essa vertente, o Direito Administrativo seria o sistema
de regras, normas jurídicas que orientam a atividade do Estado para o cumprimento de seus
fins. Essa ideia (corrente), acabou sendo envolvida e aceita por diversos doutrinadores, entre
eles, destaca-se Oswaldo Aranha que veio a definir o direito Administrativo como
“ordenamento jurídico da atividade do Estado-poder, enquanto tal, ou de quem faça as suas
vezes, de criação de utilidade pública, de maneira direta e imediata.”

O questionamento desse critério está na sua abrangência, é como se ele tivesse passado do
ponto.

e) Critério negativo ou residual: De acordo com essa corrente, o Direito Administrativo


tem por objeto as atividades desenvolvidas para a consecução dos fins estatais, excluídas a
legislação e a jurisdição ou somente esta. Di Pietro (2009, p. 46).

f) Critério da Administração Pública: O Direito Administrativo seria a junção de todos os


princípios que ordenam a Administração Pública, no que concerne às suas entidades, aos
órgãos, aos agentes e às atividades para realizar o que o Estado almeja.

Mas enfim, qual é a conceituação admitida hoje pela doutrina brasileira?

Daí, analisa-se que o conceito de Direito Administrativo irá depender do critério


adotado por cada doutrinador.

Leandro Zannoni define “Em sentido amplo, Direito Administrativo é o ramo do direito público
interno que visa a satisfazer os interesses da coletividade de forma direta e concreta.”

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Di Pietro, já conceitua o direito administrativo como “o ramo do direito Público que tem por
objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública.”

Desta forma, conforme se percebe, o conceito mais admitido pela doutrina


brasileira tem inspiração no critério da Administração Pública.

Objeto do Direito Administrativo

O principal objeto do direito administrativo é o ato de regular a função administrativa.

Essa função administrativa, consequentemente, envolve vários aspetos.

Mas quais seriam os aspectos que formam o objeto do direito administrativo?

Veja abaixo:

 Aspecto subjetivo: aqui o direito administrativo estuda os órgãos, as entidades e os agentes


públicos;

 Aspecto jurídico: aqui o direito administrativo avalia as prerrogativas da Administração e as


sujeições jurídicas.

 Aspecto material: neste a atividade administrativa, executada pelo aparelho do Estado (ou
quem dele receba delegação para o exercício de atribuições públicas), abrangendo as
atividades de prestação de serviço público, fomento, poder de polícia e intervenção no
domínio econômico e na propriedade privada.

Analisa-se, desta forma, que o direito administrativo estuda a função administrativa, que
envolve os aspectos subjetivos, jurídicos e materiais.

Fontes do Direito Administrativo

Quais são as fontes do Direito Administrativo?

Veja:

Lei (em sentido amplo) – é a principal fonte do direito administrativo (fonte primária).

Aqui, quando falamos “lei”, estamos falando de forma bem genérica, ou seja, nos referimos a
todo arcabouço legislativo ao dispor do direito administrativo:

EX: Constituição, leis ordinárias, leis complementares, decretos, portarias e outros atos
normativos.

A doutrina, ou seja, o entendimento dos estudiosos do Direito acerca da lei, os


ensinamentos dos teóricos do direito administrativo, encontrados nos textos, artigos e livros,
que também passam a se importantes fontes doutrinárias.

A jurisprudência, que diz respeito ao conjunto de decisões dos tribunais, sendo considerada
a terceira fonte do direito administrativo.
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súmula vinculante foi incluída entre as fontes do direito administrativo, decorrente da


jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Os costumes, ou seja, a praxe administrativa e social, que é aquela que tem origem a partir
de regras criadas pela própria sociedade, que os consideram obrigatórias e que não estão
escritas.

São importantes quando influenciam na lei e jurisprudência e são considerados fonte do


Direito Administrativo.

E os princípios gerais de direito, que são importantes fontes do direito administrativo,


pois deles extraímos, por exemplo,a ampla defesa e contraditório (aplicável aos
procedimentos na Administração).

EXERCÍCIOS

1) O direito administrativo visa à regulação das relações jurídicas entre servidores e entre
estes e os órgãos da administração, ao passo que o direito privado regula a relação entre os
órgãos e a sociedade.

2) O direito administrativo é o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem órgãos,


agentes e atividades públicas que tendem a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado.

3) O direito administrativo, como ramo autônomo, tem como finalidade disciplinar as


relações entre as diversas pessoas e órgãos do Estado, bem como entre este e os
administrados.

GABARITO:
1) ERRADO
2) CERTO
3) CERTO

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DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROFESSOR LUCAS
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OS PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL SÃO OS SEGUINTES:

LEGALIDADE
IMPESSOALIDADE
MORALIDADE
PUBLICIDADE
EFICIÊNCIA

(LIMPE)

Os Princípios implícitos não estão expressos nas normas jurídicas, mas surgem em
decorrência dos julgados, da necessidade do ordenamento jurídica.

O exemplo mais destacado de princípio implícito é o da segurança jurídica, que tem seu
embasamento no art. 5º, XXXVI da Constituição Federal.

Vejamos alguns exemplos de princípios implícitos:

Quando falamos do regime jurídico administrativo, devemos saber que ele está fundado,
basicamente, sobre dois princípios: o da supremacia do interesse público sobre o privado
(ou princípio do interesse público) e o da indisponibilidade, pela administração, dos
interesses públicos.

O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é limitado pela


proporcionalidade, ou seja, o ato praticado pelo administrador só será legítimo se o meio
utilizado por ele for adequado para atender ao fim perseguido.

O princípio da Indisponibilidade do interesse público em relação ao interesse privado


sugere que o poder público expressa o interesse público, portanto estará sempre em um
patamar superior ao mero interesse individual.

O princípio da legalidade significa subordinação da Administração às imposições legais. A


Administração Pública só pode realizar, fazer ou editar o que a lei expressamente permite.

Segundo o princípio da impessoalidade a Administração não pode praticar qualquer ato


com vistas a prejudicar ou beneficiar alguém, nem a atender o interesse do próprio agente, o
agir deve ser impessoal, pois os agentes públicos devem visar, tão somente, o interesse
público.

O princípio da impessoalidade para algumas bancas organizadoras, como a CESPE-


CEBRASPE, é também conhecido como princípio da finalidade e da isonomia (=igualdade).

O princípio da moralidade impõe ao administrador o dever de sempre agir com lealdade, boa-
fé e ética, probidade, honestidade.

Atenção especial à súmula vinculante nº 13: proibição ao nepotismo.

Em certos casos a CF impõe o sigilo. São eles: para proteger a intimidade do indivíduo (art.
5º, X) e para promover a segurança da sociedade e do Estado.

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Mas tenha Cuidado especial: há proibição constitucional de se utilizar a publicidade


institucional do Estado para realizar promoção pessoal.

O princípio da eficiência refere-se tanto à atuação do agente público quanto à organização da


administração pública.

Vejamos outros princípios consagrados:

Princípio da finalidade. Para este princípio, todas as ações da Administração devem ser
praticadas visando o interesse público. Analisa-se aqui o fundamento de nosso Estado de
Direito: a finalidade perseguida pelo gestor é aquela conferida previamente pelo titular do
poder – o povo – através das leis.

De acordo com o princípio da razoabilidade, a Administração deve atuar, no exercício dos


atos discricionários (atos que a lei tenha dado certa margem de liberdade ao administrador),
obedecendo critérios aceitáveis do ponto de vista racional, ou seja, com bom-senso,
prudência e racionalidade.
Esse princípio, acaba sendo, um dos limites do ato discricionário.

Princípio da motivação. De acordo com Di Pietro (2009, p. 80), o princípio da motivação exige
que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões,
justificando-as.

Princípio da autotutela: Esse princípio dispõe que a Administração deve exercer o controle
interno de seus próprios atos, anulando-os, quando eivados de ilegalidade, ou revogando-os,
por razões de conveniência e oportunidade (=mérito). Indispensável, nesse ponto, a
transcrição das Súmulas nºs 346 e 473, ambas do STF:

Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos.

Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

De acordo com o PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE deverá haver um juízo de


adequação entre os meios e fins na consecução dos atos administrativos.

Princípio da segurança jurídica: esse princípio tem previsão constitucional expressa (art.
5º, XXXVI) e também está previsto no art. 2º da Lei nº 9.784/99.

Ele PROÍBE a aplicação retroativa de nova legislação ou de sua interpretação, de modo a


prejudicar terceiros. Sendo assim, resguarda-se a estabilidade das relações, consagra-se a
boa-fé e a confiança depositada pelos indivíduos no comportamento do Estado.

Princípio da especialidade: as entidades da administração indireta não podem se desviar de


seus objetivos definidos em lei instituidora. Se uma artarquia explora atividade econômica,
por exemplo, estará fugindo do preceito principal, do seu fulcro especial.

Princípio da tutela ou do controle: proveniente do princípio da especialidade, sendo que


dispõe de que a Administração Pública direta fiscaliza as atividades exercidas pela
Administração indireta.

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O princípio da tutela ou do controle está mais ligado ao princípio da especialidade do que ao


princípio da autotutela ou do controle judicial dos atos administrativos.

Princípio da continuidade do serviço público: aqui, os serviços públicos prestados pelo Estado
são provenientes das demandas do Estado Social de prover os serviços básicos à população.
Em razão disso, eles não podem ser interrompidos. Essa é a regra geral.

Entretanto , ao analisar a possibilidade do corte da energia elétrica em razão do não


pagamento, o STJ entendeu que a concessionária pode interromper o fornecimento do
serviço, mediante aviso prévio (AG 1200406 – AgRg).

O mesmo STJ, contudo, observando o princípio da continuidade do serviço público, não


autoriza o corte de energia elétrica em unidades públicas essenciais, como em escolas,
hospitais, serviços de segurança pública etc. (ERESP 845982).

Princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal: ao administrado é


assegurado o direito de ser informado dos atos de um procedimento, de se manifestar em
prazos razoáveis, indicar provas e recorrer.

EXERCÍCIOS:

1) Acerca do regime jurídico administrativo, julgue o próximo item. O princípio da supremacia


do interesse público sobre o interesse privado é um dos pilares do regime jurídico
administrativo e autoriza a administração pública a impor, mesmo sem previsão no
ordenamento jurídico, restrições aos direitos dos particulares em caso de conflito com os
interesses de toda a coletividade.

2) De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange tanto as regras quanto


os princípios, os quais são considerados recomendações para a atividade da administração
pública

3) Entende-se por regime jurídico-administrativo,conjunto de prerrogativas, não conhecidos


no âmbito do direito privado, que conferem posição privilegiada à Administração Pública;

4) O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma explícita.

GABARITO:
1-E
2-E
3-E
4-C

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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para que exista desenvoltura na organização da administração pública, tanto direta quanto
indiretamente, isto, somente se dará por meio da atuação de órgãos, entidades públicas e
seus respectivos agentes.

Se analisarmos o teor da Lei 9.784/1999 chegaremos às seguintes conclusões:

 Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica.

 Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura


da Administração indireta. Em suma, a diferença básica entre órgão e entidade é que esta
possui personalidade jurídica própria e aquele não. Mas vamos desenvolver mais os
conceitos.

Entidade vem a ser a pessoa jurídica, pública ou privada; nisto enquadra-se tanto as
entidades políticas, que possuem autonomia política, isto é, capacidade de legislar e se auto-
organizar (são pessoas políticas a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios), como
as entidades administrativas, que não possuem autonomia política, ou seja, não podem
legislar, limitando-se a executar as leis editadas pelas pessoas políticas;
Ainda que não tenham autonomia política, as entidades administrativas detêm autonomia
administrativa, isto é, capacidade de gerir os próprios negócios, porém sempre se
subordinando às leis postas pela entidade política (são entidades administrativas as
autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista).

Já o Órgão, por sua vez, é elemento despersonalizado, isto é, não possui personalidade
jurídica, cabendo a este a realização das atividades da entidade a que pertence, através de
seus agentes.

Os órgãos, de acordo com a doutrina majoritária do Direito Administrativo São “centros de


competência” constituídos na estrutura interna de determinada entidade política ou
administrativa (Os maiores exemplos são: Ministérios do Poder Executivo Federal, Secretarias
de Estado, departamentos ou seções de empresas públicas etc.).

QUANDO OCORRE O INSTITUTO DA CENTRALIZAÇÃO?

Uma das mais importantes sistemáticas da organização é a centralização, que ocorre quando
o Estado executa suas tarefas diretamente, por intermédio dos órgãos e agentes
administrativos que compõem sua estrutura funcional.

O que vem a marcar a centralização é o desempenho direto das atividades públicas pelo
Estado, por uma das pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios).

Tal execução centralizada de atividades públicas pelos entes federados vem a se desenvolver
por meio da atuação da respectiva Administração Direta.

QUANDO OCORRE O INSTITUTO DA DESCENTRALIZAÇÃO ?


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No fenômeno da descentralização o Estado distribui algumas de suas atribuições para outras


pessoas, físicas ou jurídicas. O que vem a marcar a descentralização é o desempenho indireto
de atividades públicas. Partimos da prerrogativa da existência de, pelo menos, duas pessoas
distintas: o Estado (a União, um Estado, o DF ou um Município) e a pessoa – física ou jurídica –
que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição.

Logo, para sua prova, quando se envolverem 2 pessoas jurídicas você lembrará da
descentralização, e não da desconcentração.

A descentralização pode ser política ou administrativa. A descentralização política,


característica dos Estados federados, ocorre na criação de entidades políticas para o exercício
de competências próprias, não provenientes do ente central.

No Brasil é assim que ocorre, há autonomia dos Estados e dos Municípios, entes locais que
detêm competência legislativa própria, conferida diretamente pela Constituição, sendo que
tal competência é originária dos entes locais, e não mera delegação ou concessão do governo
central, a União. Já a descentralização administrativa ocorre quando determinadas atribuições
definidas pelo poder central são exercidas por entidades descentralizadas. Tais atribuições
não provêm da Constituição, e sim das leis editadas pelo ente central.

Por sua vez, a descentralização administrativa ocorre dentro de uma mesma esfera de
governo: a entidade política (União, Estado, DF ou Município) transfere alguma ou algumas de
suas atribuições a entidades que irão compor as suas respectivas administrações indiretas,
criadas especificamente para esse fim, ou, ainda, a pessoas físicas ou jurídicas sem vínculo
anterior com a Administração.

Para a doutrina majoritária, chegaremos à seguinte classificação para a


descentralização administrativa. Em três modalidades:

 Descentralização por serviços, funcional, técnica ou por outorga.

 Descentralização por colaboração ou delegação.

 Descentralização territorial ou geográfica.

A descentralização por serviços, funcional, técnica ou por outorga apresenta-se quando


uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios), mediante lei, cria uma pessoa
jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de
determinado serviço público.

É exatamente isto que acontece na criação das entidades da administração indireta, ou seja,
das autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.

Uma outra vertente da transferência da titularidade é que a entidade descentralizada passa a


desempenhar o serviço com independência em relação à pessoa que a criou.

Se fosse o contrário, não se justificaria a criação da entidade. Assim, o controle efetuado pelo
ente instituidor sobre as entidades descentralizadas por serviço deve observar os limites
impostos pela lei. Tal controle, de caráter finalístico, denominado de tutela, tem por objetivo
garantir que a entidade não se desvie dos fins para os quais foi instituída. Ademais, não
existe subordinação entre a entidade descentralizada e a pessoa jurídica que a criou, mas
tão-somente vinculação.

Por um outro lado, a descentralização por colaboração ou delegação ocorre quando, por
meio de contrato ou ato unilateral, o Estado transfere a execução de determinado serviço
público a uma pessoa jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o Poder
Público a titularidade do serviço.
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Na descentralização por colaboração a entidade “colabora”, ajuda ao Poder Público,


executando o serviço que deveria ser por ele prestado.

Na descentralização por colaboração não é necessária a edição de lei formal, bastando a


formalização de um contrato (concessão ou permissão de serviços públicos) ou de um ato
unilateral (autorização de serviços públicos) da Administração para que se possa transferir a
responsabilidade pela execução do serviço a outra pessoa.

A delegação por contrato é sempre efetivada por prazo determinado. Já na delegação por
ato administrativo, como regra, não há prazo certo, em razão da precariedade típica da
autorização (possibilidade de revogação a qualquer tempo).

Vale a pena salientar que, na descentralização por colaboração (concessão, permissão ou


autorização), delega-se exclusivamente a execução do serviço.

É por nome próprio que a pessoa delegada presta o serviço, por seu nome e por sua conta e
risco, sob a fiscalização do Estado. No entanto, a titularidade do serviço permanece nas mãos
do Poder Público. Essa sistemática lhe permite dispor do serviço de acordo com o interesse
público, podendo alterar unilateralmente as condições de sua execução, aplicar sanções ou
retomar a execução do serviço antes do prazo estabelecido.

Desta feita, considerando que o Poder Público continua a deter a titularidade, o controle que
exerce é muito mais amplo e rígido do que na descentralização por serviço, o que pode, como
dito, resultar inclusive na retomada da execução do serviço a qualquer tempo. Contudo,
tampouco nesse caso há hierarquia entre o Poder Público delegante e a entidade que recebeu
a delegação para executar o serviço público.

Algo importante a se observar é que não há relação de hierarquia em nenhuma forma de


descentralização.

Finalizando, saliente-se que a DESCENTRALIZAÇÃO TERRITORIAL OU GEOGRÁFICA


se verifica no momento em que uma entidade local, geograficamente delimitada, dotada de
personalidade jurídica própria, de direito publico, possui capacidade administrativa genérica
para exercer a totalidade ou a maior parte dos encargos.

DESCONCENTRAÇÃO

No momento em que o ESTADO se organiza por essa via, a entidade se desmembra em


órgãos para melhorar sua organização estrutural. Trata-se de uma distribuição interna de
competências, ou seja, uma distribuição ou organização de competências dentro da mesma
pessoa jurídica.

Na desconcentração criam-se os órgãos.

A desconcentração envolve uma única pessoa jurídica., cujas atribuições são distribuídas
entre várias unidades de competências, os órgãos públicos, uns subordinados a outros dentro
de uma mesma estrutura organizacional.

Os princípios da centralização, desconcentração e descentralização balizam a divisão da


Administração em direta e indireta.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA
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Administração Direta vem a ser, no melhor conceito, o conjunto de órgãos que integram as
pessoas políticas do Estado (União, Estados, DF e Municípios), aos quais foi atribuída a
competência para o exercício de atividades administrativas, de forma centralizada. Em outras
palavras, na administração direta “a Administração Pública é, ao mesmo tempo, a titular e a
executora do serviço público.

O princípio da centralização é inerente à Administração Direta. Com efeito, as pessoas


políticas União, Estados, DF e Municípios executam, por si próprias, diversas tarefas internas
e externas. Para tanto, se valem de seus inúmeros órgãos internos, dotados de competência
própria e específica e constituídos por servidores públicos, que representam o elemento
humano dos órgãos.

Quando o Estado executa tarefas diretamente, através de seus órgãos internos, estamos
diante da Administração Direta no desempenho de atividade centralizada.

Questões

1- A criação, por uma universidade federal, de um departamento específico para cursos


de pós-graduação é exemplo de descentralização.

2- Quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço
público, ocorre a descentralização por meio de outorga.

3- Desconcentração administrativa é a distribuição de competências entre órgãos de uma


mesma pessoa jurídica.

1) Errado
2) Certo
3) Certo
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

ÓRGÃOS PÚBLICOS

Os órgãos públicos SURGEM como centros de competência instituídos para o desempenho de


funções estatais. Constituem-se em unidades de ação com atribuições específicas na
organização do Estado.

O Estado, por sua vez, é uma pessoa jurídica. Contrariamente às pessoas físicas, as pessoas
jurídicas não possuem vontade própria: elas precisam de alguém para atuar em seu nome.

No caso do Estado, são as pessoas físicas que integram seus órgãos, os agentes públicos.

Para isso, inúmeras teorias surgiram para explicar as relações do Estado com seus agentes.
Vejamos as principais:

Primeiramente se entendeu que os agentes eram mandatários do Estado. É a chamada


teoria do mandato. Tal ideia não vingou porque não explicava como o Estado, que não tem
vontade própria, poderia outorgar o mandato.

Na teoria da representação, os agentes eram representantes do Estado, equiparando o


agente à figura do tutor ou curador das pessoas incapazes.

A teoria também foi criticada; primeiro por equiparar o Estado ao incapaz que, ao contrário do
Estado, não possui capacidade para designar representante para si mesmo; e segundo
porque, da mesma forma que a teoria anterior, permitia ao mandatário ou ao representante
ultrapassar os poderes da representação sem que o Estado respondesse por esses atos
perante terceiros prejudicados.

Enfim, foi instituída a teoria do órgão, hoje amplamente aceita na doutrina e na


jurisprudência, pela qual se presume que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio
dos órgãos que a compõem, sendo eles mesmos, os órgãos, compostos de agentes. Desse
modo, quando os agentes agem, é como se o próprio Estado o fizesse.

Criação e extinção

Para que falemos na criação e extinção de órgãos na Administração Direta do Poder Executivo
necessitamos sempre imaginar a existência de lei em sentido formal, de iniciativa do chefe do
Poder Executivo (CF, art. 61, §1º, II, “e” 9).

A lei deve ser aprovada no Poder Legislativo, mas quem dá início ao processo legislativo é o
chefe do Executivo. Já a organização e o funcionamento dos órgãos do Executivo criados por
lei podem ser feitos por meio da edição de simples decretos, os chamados decretos
autônomos, desde que não impliquem aumento de despesa, nem criação ou extinção de
órgãos públicos.

Capacidade processual

O órgão não possui, via de regra, capacidade processual em razão de que não possui
personalidade jurídica. Por este motivo, não pode figurar como sujeito ativo ou passivo de
uma ação judicial.
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A análise da capacidade, em regra, é da própria pessoa política (União, Estados, DF e


Municípios). Logo, chegamos à conclusão de que não se interpõe ação judicial contra a
Receita Federal, e sim contra a União. Contudo, há exceções. A jurisprudência reconhece a
capacidade de certos órgãos públicos para a impetração de mandado de segurança na defesa
de suas prerrogativas e competências, quando violadas por ato de outro órgão.

Saliento aqui que essa capacidade só é reconhecida em relação aos chamados órgãos
autônomos e independentes, que são os órgãos mais elevados do Poder Público, de natureza
constitucional, e apenas quando defendem suas prerrogativas e competências. Não alcança,
portanto, os demais órgãos, superiores e subalternos.

QUESTÕES

1- Em regra, os órgãos, por não terem personalidade jurídica, não têm capacidade
processual, salvo nas hipóteses em que os órgãos são titulares de direitos subjetivos, o
que lhes confere capacidade processual para a defesa de suas prerrogativas e
competências.

2- A atuação do órgão público é imputada à pessoa jurídica a que esse órgão pertence.

3- a criação e extinção de órgãos da administração pública depende de lei, de iniciativa


privativa do Chefe do Executivo.

GABARITO:
1) Certo
2) Certo
3) Certo
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

O nosso Estado brasileiro é um ente político e central, é a República Federativa do Brasil,


pessoa jurídica de direito público externo, por sua vez, instituiu os fenômenos da
desconcentração e descentralização política.

Ao percebermos a desconcentração política, verificamos a criação dos poderes (funções) do


Estado, independentes e harmônicos entre si, ou seja, o Poder Legislativo (função legislativa),
o Judiciário (função de julgar) e o Executivo (função administrativa).

Já, ao analisarmos a descentralização política, os entes políticos internos, pessoas jurídicas de


direito público interno, compreendem a União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios. Assim chegamos à noção de Administração Pública, ou seja, Administração
Pública nada mais é que do que o Estado (entes políticos internos) no exercício da função
administrativa (função executiva).

O Estado, visando ao melhor desempenho de suas atribuições, no exercício da função


administrativa, para melhor desempenho dessa função, subdivide-se internamente e
externamente.

Administração Pública Direta

Decreto-Lei nº 200/67, Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A Administração


Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da
República e dos Ministérios.

ASSIM sendo, a Administração Pública Direta compreende os próprios Entes Políticos, ou seja,
União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, todos com personalidade jurídica de
direito público no exercício da função administrativa. Até aí tudo bem. Nada de novo! No
entanto, para melhor organização das atividades que deve desempenhar, a Administração
Pública direta procede a distribuição interna dessas atividades, fazendo uma
departamentalização, uma setorização, ou seja, opera-se a desconcentração administrativa.

Desta feita, a desconcentração administrativa é a distribuição de atividades (funções,


competências) em uma estrutura interna. Trata-se, pois, de divisão, distribuição de funções
no âmbito interno de uma mesma pessoa jurídica, especialmente com a criação de órgãos.

Assim, temos o surgimento dos órgãos administrativos, cuja principal característica talvez
seja ausência de personalidade PRÓPRIA!

De outro lado, com o mesmo intuito de organizar-se e melhor desempenho de suas funções, o
ente federativo no exercício da função administrativa também procede a distribuição de suas
funções externamente. Significa dizer que o ente político transfere uma ou algumas de suas
atividades (funções ou competências) para outra pessoa, para que a execute, para que a
realize. Portanto, a descentralização administrativa é a distribuição externa de atividades de
uma pessoa para outra, especialmente com a criação de entidades administrativas.

Esse mecanismo, distribuição externa de funções (descentralização administrativa) é que deu


ensejo ao surgimento do que se denomina Administração Pública indireta. Assim,
Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas distintas do Estado, e criadas
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por ele, para realizar atividades que lhe são atribuídas como próprias. Art. 4° A Administração
Federal compreende: II - A

Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de


personalidade jurídica própria:

Órgãos Público

Com fulcro no art. 1º, §2º, inc. I, da Lei nº 9.784/99, órgão público é “a unidade de atuação
integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”.

Órgãos públicos, de acordo com Di Pietro corresponde a uma unidade que congrega
atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a
vontade do Estado.

Mesmo que a análise típica de surgimento dos órgãos públicos se dê originariamente no


âmbito da Administração Pública direta (desconcentração administrativa), tal fenômeno é
amplamente aplicável também na Administração indireta. Significa dizer que a
desconcentração administrativa pode ocorrer na Administração direta ou na indireta,
conforme se extrai do conceito legal.

Obs fatal: O órgão não se confunde com a pessoa jurídica (ente ou entidade). Na
verdade, é parte integrante da estrutura de uma pessoa jurídica. Por isso, a
característica básica que diferencia um órgão de uma entidade é que os órgãos não
possuem personalidade jurídica e integram a estrutura interna de um ente ou
entidade.

MAS CUIDADO!!! Alguns órgãos podem ter representação própria para a defesa de suas
prerrogativas institucionais.
VEJA algumas jurisprudências pontuais, mas indispensáveis para sua prova:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CÂMARA LEGISLATIVA DO


DISTRITO FEDERAL. LEGITIMIDADE PARA RECORRER. CAPACIDADE PARA SER PARTE E ESTAR
EM JUÍZO. ADI 1557. LEGITIMIDADE PARA A CAUSA CONCRETAMENTE APRECIADA. AUSÊNCIA.
PRECEDENTES. A corte pacificou entendimento de que certos órgãos materialmente
despersonalizados, de estatura constitucional, possuem personalidade judiciária (capacidade
para ser parte) ou mesmo, como no caso, capacidade processual (para estar em juízo). ADI
1557, rel. min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 18.06.2004. Essa capacidade, que decorre do
próprio sistema de freios e contrapesos, não exime o julgador de verificar a legitimidade ad
causam do órgão despersonalizado, isto é, sua legitimidade para a causa concretamente
apreciada. Consoante a jurisprudência sedimentada nesta Corte, tal legitimidade existe
quando o órgão despersonalizado, por não dispor de meios extrajudiciais eficazes para
garantir seus direitos-função contra outra instância de Poder do Estado, necessita da tutela
jurisdicional. Hipótese não configurada no caso. Agravo regimental a que se nega provimento.

(RE 595176 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em
31/08/2010)

Mesmo que, via de regra, os órgãos não tenham personalidade jurídica, alguns (órgãos
independentes e autônomos) são dotados de capacidade processual (capacidade judiciária ou
personalidade judiciária) a fim de irem a juízo na defesa de suas prerrogativas institucionais,
tal como o TCU na defesa de sua prerrogativa de fiscalizar as contas pública, por exemplo.

Conforme entendimento do STF, alguns órgãos têm a capacidade ou “personalidade


judiciária” para impetrarem mandado de segurança para a defesa do exercício de suas
competências e do gozo de suas prerrogativas.
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O órgão também não se confunde, em regra, com a pessoa física (com o agente público).
MUITO CUIDADO NESSA HORA!

Importante então que fique aqui registrado que o agente público e o órgão mantêm uma
relação que se concretiza em razão do exercício de atividades pelos agentes públicos em
decorrência das atribuições destinadas a determinados órgãos.

Três sãos as teorias que tentam explicar tal relação, sendo:

a) Teoria do mandato: Para esta teoria o agente público seria um mandatário da pessoa
jurídica. Significa dizer que receberia um mandato ou procuração para atuar em nome da
administração.

b) teoria da representação: para esta o agente público era legalmente representante do


Estado, ou seja, o Estado teria como seu representante legal o agente público.

c) teoria do órgão: é a aplicada no âmbito da Administração Pública brasileira,


devendo ser aquela observada nas respostas dos certames. Explica a relação no
sentido de que a pessoa jurídica manifesta a sua vontade por meio dos órgãos, de
tal modo que, quando os agentes que os compõem, ao exercerem suas atribuições,
é como se o próprio Estado o fizesse, traduzindo-se numa ideia de imputação.
Significa que o agente atua de acordo com as competências do órgão, realizando a
vontade do ente ou entidade que este integra.

Desta feita, o Estado atua por meio de seus órgãos e, dentro destes, haverá agentes que
realizarão as atribuições destinadas à estrutura organizacional. É exatamente essa a teoria
que explica a relação entre o Estado, o órgão e o exercício das atividades administrativas
pelos agentes, por isso também é denominada teoria da imputação [princípio da imputação
volitiva].

Questões

1- A Administração Pública Direta compreende os próprios Entes Políticos, ou seja, União,


Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, todos com personalidade jurídica de
direito público no exercício da função administrativa.

2- Os órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de


funções estatais. São unidades de ação com atribuições específicas na organização do
Estado.

GABARITO:
1-C
2-C
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Como os órgãos públicos apresentam-se em sua classificação?

Órgão, de acordo com a doutrina majoritária, é parte integrante da estrutura de um ente ou


entidade, é possível identificarmos diversos tipos, espécies, de órgãos públicos, de maneira
que podemos classificá-los utilizados vários mecanismos.

Dentre os principais, podemos citar quanto a posição estatal, quanto a estrutura, e quanto a
atuação funcional.

Quanto à posição estatal chegamos aos órgãos independentes, os autônomos, os


superiores e os subalternos.

Os independentes aqui a sua criação tem origem na própria Constituição e representam um


dos Poderes estatais, não estão sujeitos a qualquer subordinação hierárquica ou funcional por
outro órgão, apenas à Constituição e às Leis. (Ex.: Chefia do Executivo, Tribunais, Congresso
Nacional etc.).

Os autônomos são aqueles que gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica,


estando postos na cúpula da Administração, abaixo e subordinados diretamente aos órgãos
independentes, participando das decisões governamentais no âmbito de suas competências.
(Ex.: Ministérios, Secretarias de Estado).

Os superiores são os órgãos que detêm o poder de direção, comando e controle das
atividades administrativas de sua competência, entretanto estão sempre subordinados a
controle hierarquia de uma autoridade superior, não gozando, portanto, de autonomia. (Ex.:
Departamentos, Gabinetes, Coordenadorias, Divisões etc.).

Os subalternos são os órgãos que estão subordinados a outros órgãos de hierarquia maior,
com função eminentemente de execução das decisões tomadas administrativamente. (Ex.:
Seção de pessoal, expediente, material, transporte, apoio técnico etc.).

Quanto à estrutura, ou ainda, constituição interna desse órgão, temos os simples e os


compostos.

São simples os órgãos constituídos por um só centro de comando, sem subdivisões internas.

E, compostos, os que possuem, em sua estrutura interna, outros órgãos que lhe estão
subordinados hierarquicamente.

Quanto à atuação funcional temos os órgãos singulares e os colegiados.

Singulares são órgãos que atuam, exercem seu poder decisório, por meio de um único
agente. (Diretoria Geral etc.).

E, os Colegiados, aqueles cuja atuação e decisão passa, em regra, pela manifestação conjunta
e majoritária de seus membros (Comissões Disciplinares, Comissão de Licitação etc.).

Administração Pública Indireta


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É uma forma de descentralização administrativa em que o Estado, Administração Pública


Direta, transfere competências administrativas para outra pessoa jurídica criada por ele.

Essa transferência é denominada outorga e somente se dá por meio de lei.

Então, a outorga é a transferência de determinada competência da administração


direta para a indireta.

Com efeito, temos no âmbito da Administração Pública indireta as seguintes entidades


administrativas:

 Fundações Públicas (F);

 Autarquias (A);

 Sociedades de Economia Mista(S);

 Empresas Públicas (E).

FAMOSA FASE – isso mesmo, leve essa regrinha de memória para a prova. Falou em
entidades administrativas, lembre-se: FASE!

Vamos praticar!!!

1. Os órgãos públicos classificam-se, quanto à estrutura, em órgãos singulares, formados


por um único agente, e coletivos, integrados por mais de um agente ou órgão.

2. Atualmente, a doutrina majoritária, para explicar a relação entre o órgão público e o


agente, utiliza-se da teoria da representação, segundo a qual os agentes são
representantes do Estado.

3. De acordo com a teoria do órgão, a atuação da pessoa jurídica deve ser imputada ao
agente — pessoa natural — integrante de sua estrutura.

GABARITO:

1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
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DIREITO ADMINISTRATICO
PROF LUCAS NETO

As autarquias são:

 Pessoas jurídicas de direito público,


 Criadas por lei, com autonomia administrativa, orçamentária e técnica (capacidade de
autoadministração), e capital exclusivamente público, para o desempenho de
atividades típicas do Estado.

O Decreto-Lei nº 200/67 define autarquia, nos termos do art. 5º, inc. I, da seguinte forma:

Art. 5º Para os fins desta lei considera-se:

I – Autarquia – o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receitas próprias, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Numa
visão bem simplista, podemos dizer que as autarquias representam uma parcela do Estado no
exercício indireto de sua função administrativa (gestão administrativa descentralizada), por
meio de um órgão a que se atribuiu vida própria.

É possível identificar as seguintes características nas autarquias. Leve estas informações


basilares à sua prova, pois caso surjam questões relacionadas à autarquia, será sobre este
assunto:

 A criação é sempre por lei;


 São dotadas de personalidade jurídica de direito público;
 Gozam de autonomia administrativa, orçamentária e técnica;
 São criadas para especialização dos fins ou atividades;
 Sujeitam-se ao controle de tutela. Significa que não estão subordinadas ao ente que as
criou, mas apenas vinculada aos fins para os quais foi criada (supervisão ministerial).

As autarquias são sempre criadas por lei.

Apenas a Lei (em sentido estrito) pode criar uma Autarquia. Esta mesma lei que definirá sua
estrutura, sua atividade, ou seja, seus contornos.

A partir do início da vigência da lei criadora, tem a entidade seu surgimento (seu nascimento),
sem qualquer necessidade de averbação de seus atos institucionais em órgãos destinados a
tanto, pois seu delineamento está todo contido na norma criadora.

Logo, por observância do princípio da simetria (paralelismo das formas), a extinção também
deverá ser procedida por meio de lei.

Conclui-se que, se somente por lei específica é possível à criação, então, somente por lei
poderá ocorrer à extinção de uma Autarquia.

De acordo com a doutrina majoritária costuma-se dividir as autarquias em institucionais e


territoriais.

As autarquias territoriais surgem por desmembramento geográfico do Estado, criando-se


um ente, ao qual se outorga prerrogativas de forma geral funções administrativas e até
mesmo de
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ordem política, a exemplo dos territórios que são autarquias territoriais de natureza política
integrantes da União.

As autarquias institucionais são pessoas administrativas criadas por lei, com objetivo
específico, sem qualquer espécie de delegação política, pois recebem, por outorga, a
titularidade de uma atividade típica do Estado. Exemplo: Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS.

De outra vertente, classificam-se, ainda, as autarquias quanto ao objeto, quando temos as


autarquias em regime comum e as em regime especial.

As autarquias em regime especial são autarquias dotadas de maiores prerrogativas, tal qual
maior autonomia administrativa, poder normativo técnico e, ainda, algumas gozando de
mandato fixo para os seus dirigentes. Ex.: Universidades (Lei nº 5.540/68), BACEN e as
denominadas agências reguladoras (ex.: ANATEL, ANA, ANEEL, ANP, ANVISA, etc.).

Quanto à estrutura, temos as autarquias corporativas e as fundacionais.

As autarquias corporativas são aquelas que têm a prerrogativa de fiscalizar e controlar o


exercício de certas profissões. Ex.: CRECI, CRM, CREA, CRC, ou seja, os conselhos
profissionais.

Nesse aspecto, cabe destacar que o Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que a
OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não integra a Administração Pública, realizando, pois,
serviço público de forma independente, e, por isso, não se submete ao regime jurídico-
administrativo (não sendo obrigada a realizar concurso para ingresso de pessoal), tampouco a
controle Estatal de suas finalidades ou mesmo do Tribunal de Contas da União no tocante aos
seus recursos e gastos.

Percebe-se que apesar de os conselhos de profissões sejam autarquias corporativas, e, por


isso, se submetem a controle do Tribunal de Contas da União, além de terem o dever de
licitar e realizar concursos públicos, a OAB estaria excluída dessas sujeições na medida em
que não integra a Administração Pública, conforme entendimento do STF.

As autarquias fundacionais são autarquias criadas em razão de um destacamento de


patrimônio estatal, com o escopo de atuarem desempenhando atividades ligadas ao
desenvolvimento social, tal como saúde, educação ou em proteção aos direitos e interesses
de minorias.

Ex. Fundação Universidade de Brasília (FUB), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) etc.

No entanto, verifica-se que há duas hipóteses de agências: as reguladoras e as executivas.

As agências reguladoras (autarquias em regime especial) surgiram em decorrência do plano


nacional de desestatização (Lei nº 9.491/97), cujo escopo era pôr fim ao monopólio estatal de
alguns serviços definidos em certos setores e, principalmente, visando o princípio da
especialidade, com papel de disciplinar e fiscalizar atividades típicas do Estado, cuja
execução fora outorgada a particulares.

Essas agências caracterizam-se por três elementos: maior independência, investidura


especial (depende de nomeação pelo Presidente aprovação prévia do Senado Federal) e
mandato, com prazo fixo, conforme lei que cria a pessoa jurídica.
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Quanto ao regime especial, o prof. Carvalho Filho dá especial destaque às prerrogativas para
que se caracterize uma autarquia em regime especial, citando quatro fatores, sendo:

1º) poder normativo técnico (chamada deslegalização, ou seja, poder de editar normas
técnicas complementares das normas gerais);

2º) autonomia decisória (poder de decidir os conflitos administrativos que envolvem sua área
de atuação);

3º) independência administrativa (seus dirigentes têm investidura por prazo certo);

4º) autonomia econômico-financeira (têm recursos próprios e dotação orçamentária


específica).

Pode-se dizer, portanto, que as agências reguladoras são responsáveis pela regulamentação
(poder regulamentar), controle e fiscalização de serviços públicos, atividades e bens
transferidos ao setor privado e, em suma, englobam as seguintes atividades:

a) serviços públicos propriamente ditos, tal como ANEEL (Lei nº 9.427/96), ANATEL (Lei nº
9.472/97), ANTT e ANTAQ (Lei nº 10.233/2001);

b) atividade de fomento e fiscalização de atividade privada (Ancine – MP 2.281-1/01 – Lei nº


10.454/02);

c) regulação e fiscalização de atividades econômicas (ANP, Lei nº 9.478/97);

d) atividades sociais – exercidas pelo Estado, mas facultadas também ao particular – (ANVISA,
Lei nº 9.782/99; ANS, Lei nº 9.961/00); e,

e) agência reguladora de uso de bens públicos, tal como a ANA, criada pela Lei nº 9.984/00.

Devemos ficar atentos a observar uma série de traços específicos e característicos dessas
entidades quanto a pessoal, regime jurídico, licitações, dentre outros. Vejamos:

a) Regime de pessoal: A Lei nº 9.986/00 estabelecia a possibilidade de contratação por


meio do regime celetista. Porém, o STF entendeu que não se compatibilizava o regime
de emprego com as atribuições desempenhas pelas agências reguladoras, firmando,
com isso, a necessidade de observar o regime estatutário.
b) Licitação: devem observar as normas da Lei nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02. Podendo
optar por modalidades especificas como o pregão e a consulta, conforme consta da Lei
nº 9.986/00.

As agências executivas, por outro lado, são autarquias ou fundações que por iniciativa da
Administração Direta (Presidente da República), recebem o status de Agência Executiva, em
razão da celebração de um contrato de gestão, que objetiva uma maior eficiência e redução
de custos (Decretos Federais nº 2.487 e 2.488, ambos de 1998).

Para receber tal qualificação é preciso ter plano estratégico de reestruturação e


desenvolvimento institucional em andamento e celebrar contrato de gestão com o Ministério
supervisor.
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São, portanto, autarquias ou fundações qualificadas para melhor desempenho de suas


atividades que firmam contrato de gestão para maior autonomia administrativa e
orçamentária, não estando, portanto, hierarquicamente subordinadas.

PRATICANDO...

1. As agências reguladoras têm autonomia financeira e orçamentária, assim como receita


própria.

2. Os bens das autarquias não são passíveis de penhora.

3. As autarquias federais detêm autonomia administrativa relativa, estando subordinadas


aos respectivos ministérios de sua área de atuação.

GABARITO:
1. CERTO
2. CERTO
3. ERRADO
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Públicos
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Fundações Públicas

De acordo com o que aduz O Decreto-Lei nº 200/67, em seu art. 5º, inc. IV, o conceito de
fundações é o seguinte: entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de
atividades que não exigem execução por órgãos ou entidades de direito público, com
autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e
funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 7.596,
de 1987)

É bastante importante que guardemos o conceito a seguir. As bancas organizadoras de


Concurso têm cobrado na literalidade, e os concurseiros têm se confundido bastante no que
diz respeito:

A Constituição Federal em seu artigo 37, inc. XIX, aduz que “somente por lei específica
poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as
áreas de sua atuação”.

Ora, a afirmação nos expressa que a criação de fundações públicas depende sempre de lei
específica, ou seja, precisa da lei autorizando a criação, cabendo a uma lei complementar
definir a área de atuação.

A criação, por sua vez, acontecerá através de decreto executivo que aprova o Estatuto, que
por sua vez deverá ser registrado em cartório de registro de pessoas jurídicas.

Além disso, as Fundações Públicas podem ter a natureza de pessoa jurídica de direito público,
caracterizando uma espécie de autarquia, denominada autarquia fundacional ou fundação
governamental.

As fundações públicas de direito público encontram-se subordinadas a regime jurídico de


direito público, o que determina que seus bens são públicos, o regime adotado para seu
pessoal é o estatutário, pagando suas dívidas por precatórios.

Já as fundações públicas de direito privado, se submetem, em regra, ao regime jurídico de


direito privado, sendo seus bens considerados privados, seus agentes, como regra, se
submetem ao regime celetista.

Mas tenha muito cuidado!!! Não há um absoluto domínio das regras atinentes ao regime
privado, é que por ser entidade pública está submetida a algumas restrições oriundas do
princípio da indisponibilidade do interesse público, ou seja, oriundas do regime jurídico-
administrativo, tal como obrigatoriedade de licitar, realizar concurso público, dentre tantas
outras implicações do regime público.

Empresas Estatais
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São espécies de empresas estatais as sociedades de economia mista e as empresas públicas,


bem como as suas subsidiárias.

A empresa pública, pela análise do Decreto-Lei nº 200/67, é pessoa jurídica de direito privado
composta por capital exclusivamente público, criada para a prestação de serviços públicos ou
exploração de atividades econômicas sob qualquer modalidade empresarial.

Saliente-se mais uma vez o art. 37, inc. XIX, bem como o art. 173, §1º, inc. II, da Constituição,
que assim dispõe:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o
estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação
de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I –
sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e
tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Já a sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, criada para prestação
de serviço público ou exploração de atividade econômica, com capital misto e na forma de S/
A.

Analisando as semelhanças entre as empresas estatais, entende-se que quanto à criação,


sempre depende de lei, só que a lei (específica) autoriza a instituição (art. 37, XIX, da CF),
que dependerá de registro de seus atos constitutivos (decreto de aprovação do contrato
social) no órgão competente [junta comercial].

No que diz respeito à extinção, em observância ao princípio do paralelismo das formas ou da


simetria haveria a necessidade também de lei autorizar, com análise posterior em cartório.

Por outro lado, destaco que as estatais estão submetidas às disposições da Lei 8.666/93.

Pode, contudo, quando exploradoras da atividade econômica, ter regime especial por meio de
estatuto próprio conforme o art. 173, §1º, III, CF.

Mas olha que importante:, O STF entendeu, em julgamento ainda pendente de finalização,
que a estatal exploradora de atividade econômica em regime concorrencial pode adotar
procedimento simplificado de licitação aprovado por decreto presencial (caso
Petrobras).

No que se refere ao regime tributário, diante da disposição contida no art. 173, §1º, inc. II,
CF/88, em regra, as estatais não têm privilégios tributários, que não sejam extensíveis à
iniciativa privada.

É SIMPLES ENTENDER!!! , somente gozaram de privilégios tributários se forem extensíveis às


entidades do setor privado no ramo em que concorrem.

ENTRETANTO... o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que se prestam serviços


públicos, especialmente em regime de exclusividade, gozam de prerrogativas de
direito público, tal como imunidade tributária em relação aos seus bens, rendas e
serviços e pagamento de seus débitos por precatórios (Caso ECT).

Um dos assuntos mais cobrados em concursos, no que diz respeito às empresas estatais
versa acerca do regime jurídicos destas, vejamos:
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Em razão de já estarem submetidas ao regime de direito privado, ocupam emprego público,


seguindo o regime da CLT. Entretanto, são considerados agentes públicos (servidores
públicos lato sensu), em razão de algumas regras: concurso público, teto remuneratório,
acumulação, remédios constitucionais, fins penais, improbidade administrativa, etc.

No que faz relação aos bens, são bens privados, logo, são passíveis de penhora, exceto
se a empresa for prestadora de serviços públicos e o bem estiver diretamente ligado a eles,
de modo que por força do princípio da continuidade o bem não poderá sofrer constrição.

As empresas públicas podem assumir qualquer forma societária/empresarial, ou seja, podem


ser S/A, Limitada, Comandita.

No entanto, as de economia mista só podem assumir a forma de S/A.

As empresas públicas federais têm suas demandas julgadas na Justiça Federal (art. 109, inc. I,
da CF/88), enquanto que as sociedades de economia mista terão suas causas decididas na
Justiça Estadual.

QUESTÕES

1. Ocorre o fenômeno da desconcentração quando o Estado desempenha algumas de


suas funções por meio de outras pessoas jurídicas.

2. A administração indireta abrange as fundações instituídas e mantidas pelo poder


público, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

3. Compõem a administração pública indireta as entidades autárquicas e fundacionais,


mas não as empresas públicas e as sociedades de economia mista.

GABARITO:
1.ERRADO
2.CERTO
3.ERRADO
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Direito Administrativo
Prof Lucas Neto

Elementos que indicam a Responsabilidade Civil no Brasil

Responsabilidade Civil é tema constante no Brasil. Sempre, em alguma situação da vida, já nos vimos diante de
alguma situação que gere a responsabilidade. Imagine você dirigindo um carro, e, de repente, por estar ao telefone e
por pura distração, colide em outro veículo. A RESPONSABILIDADE será sua, pois causou o episódio.

Mas e para a Administração Pública, será que é necessário comprovar CULPA?


Veja o Art. 37, parágrafo 6, da CF/88 que prevê:

As pessoas jurídicas de direito publico e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

 Elementos que surgem da análise:


a) Dano;
b) Alteridade do dano;
c) Nexo causal;
d) Ato estatal;
e) Ausência de causa excludente da responsabilidade estatal.

JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE – OBSERVAÇÃO FATAL: O STF CONSENTE QUE A RESPONSABILIDADE


CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO É OBJETIVA
RELATIVAMENTE A TERCEIROS USUÁRIOS E NÃO-USUÁRIOS DO SERVIÇO;

Para Concursos Públicos, você deve gravar o seguinte:

 RESPONSABILIDADE ENTRE PARTICULARES: SUBJETIVA


 RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: OBJETIVA

O Brasil adotou a TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. Ou seja, independentemente de culpa ou de dolo, vai haver
resposta da Administração.

Cuidado! Em regra, no Brasil, não se aplica a TEORIA DA CULPA e nem a TEORIA DO RISCO INTEGRAL.

Fique atento!

 Três vertentes devem ser analisadas em nosso estudo:


 Negligência;
 Imperícia;
 Imprudência. Não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço
público, de forma genérica, a falta do serviço.” (RE 369.820)
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Jurisprudência IMPORTANTE: Em sede de RE 327.904, o STF determinou que a ação com fundamento na
responsabilidade objetiva somente pode ser ajuizada contra o Estado e não contra seu agente, uma vez que o
disposto no art. 37, § 6º, da CF configura dupla garantia: “uma em favor do particular, possibilitando-lhe ação
indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste serviço público; outra, em prol
do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional
pertencer”.

 Pode haver responsabilidade por ato do Poder Legislativo quando:


 Lei de efeito concreto declarada inconstitucional;
 Mora do legislador em estabelecer a forma de um exercício de um direito constitucionalmente assegurado.

 Diante do Poder Judiciário, temos a responsabilidade em situações previamente previstas em lei nas
seguintes hipóteses:
 Erro judiciário
 Preso além do tempo
 Juiz proceder com dolo ou fraude
 Recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar.

Via de regra, o Estado não é responsável civilmente pelos danos causados em vítima de crime cometido por foragido
da prisão. É certo que pode haver responsabilidade do Estado por ato omissivo. Contudo,
também nessa hipótese, não se pode dispensar a presença do nexo de causalidade. Assim, entende o STF que não
há, nesses casos, nexo de causalidade entre o ato delituoso e a omissão da autoridade pública (AI-AgR
463.531, AR 1.376 e RE 369.820).

De acordo com o STJ, em julgado atual, analisou esse entendimento, ao afirmar que o candidato aprovado em
concurso público e nomeado tardiamente em razão de erro da Administração Pública, reconhecido judicialmente, faz
jus à indenização por dano patrimonial, consistente no somatório de todos os vencimentos e vantagens que deixou de
receber no período que lhe era legítima a nomeação (EREsp 825037/DF, CORTE ESPECIAL).

ATENÇÃO!!!! OBSERVAÇÃO FATAL PARA DERRUBAR 10 MIL CONCORRENTES: O STJ consolidou o


entendimento de que o prazo prescricional para o ajuizamento de ações indenizatórias contra a Fazenda Pública
continua sendo de cinco anos (STJ, 1ª Seção: EREsp 1081885/RR).

Questões

1) Francisco é servidor de sociedade de economia mista, prestadora de serviço público. Em determinada data,
Francisco, no exercício de sua função, intencionalmente, causou danos a particulares. Nesse caso, a
responsabilidade da sociedade de economia mista pelos danos ocasionados é:

a) objetiva.
b) subjetiva.
c) subsidiária.
d) inexistente.
e) disjuntiva.

2) Determinado servidor da Secretaria da Fazenda inseriu informações falsas sobre cidadão, seu desafeto, no
cadastro de contribuintes do Estado, fazendo com que o referido cidadão passasse a figurar no cadastro de
inadimplentes. Diante dessa situação, o cidadão, que é um pequeno empresário, sofreu diversos prejuízos
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morais e patrimoniais, especialmente em decorrência de restrições de crédito. A responsabilidade do Estado


pelos danos sofridos pelo cidadão é:

a) subjetiva, dependendo, pois, da prévia responsabilização do agente público em processo disciplinar ou


administrativo.
b) objetiva, dependendo, para efeito do dever de indenizar o cidadão, da comprovação do nexo de causalidade
entre a conduta do servidor e os danos sofridos.
c) afastada, se comprovada culpa exclusiva do agente público, o qual responde civilmente perante o cidadão
prejudicado e administrativamente por falta disciplinar.
d) condicionada à comprovação de dolo do servidor, circunstância que, se presente, obriga o Estado a indenizar
os danos patrimoniais e morais sofridos pelo cidadão.
e) decorrente da prestação do serviço público, não estando presente na situação narrada em face da conduta
dolosa do agente público.

3) Em face de greve de serventuários da Justiça alguns candidatos à vagas abertas por uma prestigiada empresa
de tecnologia não puderam se submeter ao correspondente processo seletivo, por não terem logrado obter
certidões necessárias para comprovar a inexistência de antecedentes criminais. A responsabilidade civil do
Estado, perante referidos cidadãos,

a) somente se configura em face de condutas comissivas, sendo afastada, dada a sua natureza objetiva, quando
não identificado o agente causador do dano.
b) independe de comprovação de dolo ou culpa do agente, elementos esses que, somente, são requeridos para
fins do direito de regresso do Estado perante o agente.
c) depende da comprovação de dolo ou culpa dos serventuários, não bastando a comprovação do dano e do
nexo de causalidade com ação ou omissão de agente público.
d) é de natureza subjetiva, ensejando o direito de regresso em face dos servidores responsabilizados em
processo administrativo.
e) é de natureza objetiva e independe, portanto, da comprovação do dano, bastando a identificação do nexo de
causalidade.

GABARITO:
1) A
2) B
3) B
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

 ELEMENTOS SUBJETIVOS

 Aplicação da teoria da culpa do serviço no Brasil

MUITA ATENÇÃO! VAI CAIR COM CERTEZA NA SUA PROVA! Pode ter certeza!!!

O Brasil adota a responsabilidade OBJETIVA. Disso você nunca pode se esquecer!!!

Mas, há situações em que a teoria da culpa é adotada no Brasil? Será que existiriam essas possibilidades no
Brasil???

Há sim! Com certeza!! Apesar de certa confusão divergente doutrinária, para as provas de concursos públicos
prevalece o entendimento de que é aplicável a teoria da culpa do serviço no Brasil quando o assunto é
prestação de serviços públicos pelo Estado.

Você deve entender que essa teoria tem por fundamento a responsabilidade subjetiva do Estado, porém não
se trata da culpa individual do agente estatal, mas sim do serviço prestado pelo Estado quando ele não
funciona, devendo funcionar, funciona mal ou funciona atrasado. O Estado faz vista grossa para determinadas
situações!

Assim, ocorre a responsabilidade subjetiva do Estado quando o serviço público é prestado de maneira aquém
do que se esperava e essa deficiência causou danos, ou seja, quando o Estado se omitiu na prestação de um
serviço público.

O Estado, nesse caso, pode comprovar que não agiu de forma negligente e se eximir da responsabilidade. O
STF já teve a oportunidade de se manifestar no seguinte sentido:

“Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige
dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo,
entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a
falta do serviço” (RE 369.820).

O STJ, analisando a responsabilidade civil do Estado por não ter removido entulho acumulado à beira de uma
estrada, para evitar que ele atingisse uma casa próxima e causasse o dano, concluiu que se tratava de
responsabilidade civil subjetiva e que não era devida a indenização, pois a autora não comprovou a culpa do
Estado (REsp 721.439).

Tudo estava caminhando normalmente nesse sentido até o primeiro semestre de 2016.

Este tema sofreu uma brusca alteração jurisprudencial a partir de um julgamento do STF em sede de
repercussão geral (os efeitos dessa decisão valem para todos os casos semelhantes).

No RE (recurso extraordinário) 841526, o STF analisou a responsabilidade civil do Estado por morte de detento
dentro do presídio.
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Nesse caso, o STF discutiu se a responsabilidade do Estado seria objetiva ou subjetiva, uma vez que o que
matou o detento não foi um ato estatal, mas uma omissão do Estado ao não zelar pela segurança do preso
dentro da cadeia (ele morreu assassinado).

Os ministros entenderam que não se tratava de aplicar a teoria da culpa JUDICIÁRIA ou da faute du service,
uma vez que a Constituição não prevê a responsabilidade subjetiva do Estado, mas a responsabilidade
objetiva (art. 37, § 6º).

Segundo o STF, nesse julgado, para se caracterizar a responsabilidade objetiva do Estado em hipóteses de
omissão do Estado, não se deveria averiguar a existência de dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva), mas
sim averiguar se o Estado tinha o dever de agir e deixou de agir. Nesse contexto, ainda segundo o STF no RE
841526, se constatado que o Estado tinha o dever de agir e não agiu, a responsabilidade civil seria objetiva
(risco administrativo), sem averiguação de culpa.

Assim, concluiu a Suprema Corte que a responsabilidade do Estado por omissão em razão de morte de
detento é objetiva. A repercussão geral teve a seguinte conclusão: “Em caso de inobservância de seu dever
específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela
morte de detento”.

 Assim, uma orientação que eu deixo para vocês na hora da prova:

 Se a questão informar que o Estado tinha o dever de agir e se omitiu, marque que a teoria aplicada é a
responsabilidade objetiva, sem medo.

 Se a questão afirmar que o serviço foi prestado de forma defeituosa e indicar no enunciado que o
examinador está tratando da teoria da faute du service, marque que a responsabilidade é subjetiva.

 Reparação do dano

Quem deve reparar o dano?


O Estado ou o agente público?

Segundo o disposto no art. 37, § 6º, da CF, o responsável direto por ressarcir o lesado pela prática do ato
estatal danoso é o Estado.

O dispositivo constitucional, contudo, não proíbe, de forma expressa, que o indivíduo busque o ressarcimento
do agente estatal causador do dano.
Diante disso, a doutrina se inclinou no sentido de que o lesado pode optar, segundo a sua conveniência, por
entrar com a ação de reparação de danos contra o Estado ou contra o agente.

Neste último caso, deveria ser comprovado nos autos o dolo ou a culpa do servidor ou empregado da
Administração. CUIDADO!!!! Não foi esse, contudo, o entendimento adotado pelo STF.

Já no julgamento do RE 228.977, a Suprema Corte consignou que o indivíduo que sofreu o dano deve cobrar
somente do Estado quando o lesado buscar a reparação por um ato praticado por um juiz.

No julgamento do RE 327.904, o STF colocou uma pá de cal sobre a matéria ao entender que a ação com
fundamento na responsabilidade objetiva somente pode ser ajuizada contra o Estado e não contra seu agente,
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uma vez que o disposto no art. 37, § 6º, da CF configura dupla garantia: “uma em favor do particular,
possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que preste
serviço público; outra, em prol do servidor estatal, que somente responde JUDICIÁRIA e civilmente perante a
pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer”.

Mas ATENÇÃO: Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça manifestou o entendimento de que o lesado
pode entrar com a ação contra o agente, contra o Estado ou contra ambos. Assim, se o examinador afirmar
que o entendimento jurisprudencial mais recente é o que autoriza ajuizar a ação contra o agente, contra o
Estado ou contra ambos, a alternativa estará correta. Por outro lado, se mencionar que o entendimento do STF
é o da dupla garantia, também está correto. Vejamos a jurisprudência da 4ª Turma do STJ sobre o tema:
“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. LEGITIMIDADE DE AGENTE PÚBLICO PARA
RESPONDER DIRETAMENTE POR ATOS PRATICADOS NO EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO.

Na hipótese de dano causado a particular por agente público no exercício de sua função, há de se conceder ao
lesado a possibilidade de ajuizar ação diretamente contra o agente, contra o Estado ou contra ambos. De fato,
o art. 37, § 6º, da CF prevê uma garantia para o administrado de buscar a recomposição dos danos sofridos
diretamente da pessoa jurídica, que, em princípio, é mais solvente que o servidor, independentemente de
demonstração de culpa do agente público. Nesse particular, a CF simplesmente impõe ônus maior ao Estado
decorrente do risco administrativo. Contudo, não há previsão de que a demanda tenha curso forçado em face
da administração pública, quando o particular livremente dispõe do bônus contraposto; tampouco há imunidade
do agente público de não ser demandado diretamente por seus atos, o qual, se ficar comprovado dolo ou
culpa, responderá de qualquer forma, em regresso, perante a Administração. Dessa forma, a avaliação quanto
ao ajuizamento da ação contra o agente público ou contra o Estado deve ser decisão do suposto lesado. Se,
por um lado, o particular abre mão do sistema de responsabilidade objetiva do Estado, por outro também não
se sujeita ao regime de precatórios, os quais, como é de cursivo conhecimento, não são rigorosamente
adimplidos em algumas unidades da Federação. Posto isso, o servidor público possui legitimidade passiva
para responder, diretamente, pelo dano gerado por atos praticados no EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO
PÚBLICA.

 Forma de reparação do dano

A reparação do dano pode ser requerida pelo particular no âmbito administrativo, oportunidade em que será
aberto um processo administrativo no qual se buscará a comprovação do fato e a extensão do dano. Se a
vítima concordar com a conclusão da Administração, a questão se encerrará.

O lesado, entretanto, pode requerer a reparação diretamente perante o Poder Judiciário contra o ente público
ou o prestador de serviço público, jamais, como visto, contra o agente estatal. Nesse ponto, discute a doutrina
se nas ações de reparação de danos causados pelo Estado é aplicável o art. 70, III, do CPC, que dispõe ser
obrigatória a denunciação à lide do agente estatal responsável pelo dano.

 CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE:

 CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA


 CASOS FORTUITOS E DE FORÇA MAIOR
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LEI 8.429/92


A improbidade administrativa tem sua base estabelecida na Constituição
Federal e está regulamentada pela Lei 8.429/92.
De acordo com a Constituição Federal, Art. 37, § 4º:
"Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
cabível."

SUJEITOS DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


Sujeitos Ativos
Denominam-se sujeitos ativos as pessoas que podem praticar um ato de
improbidade administrativa e que, eventualmente, possam ficar submetidas às
penalidades previstas na lei:
QUALQUER AGENTE PÚBLICO → trata-se do conceito em sentido amplo.
Alcança os exercentes de mandato, cargo, emprego ou função (dados por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo). Não importa se o exercício é dado de forma transitória ou sem remuneração.
PARTICULARES → também pode ser enquadrado na lei aquele que, mesmo
não sendo agente público:
 Induza ou concorra para a prática do ato de improbidade; ou
 Dele se beneficie (direta ou indiretamente).
Sujeitos Passivos
Denominam-se sujeitos passivos as pessoas (entidades) contra quem pode ser
praticado um ato de improbidade administrativa:
 Administração direta, indireta ou fundacional (qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território).
 Empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade, para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50%
do patrimônio ou da receita anual.
Também podem ser sujeitos passivos → entidades que recebam subvenção,
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício de órgão público, bem como aquelas para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do
patrimônio ou da receita anual. Entretanto, nesse caso, a sanção patrimonial está
limitada à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

DISPOSIÇÕES GERAIS
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Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela


estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e
publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO → integral ressarcimento do dano (no caso
de ação ou omissão, dolosa ou culposa).
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO → o agente público (ou terceiro beneficiário)
perderá os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.

Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar


enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo
inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do
indiciado (sobre bens do indiciado que assegurem o integral ressarcimento do dano
ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito).

O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer


ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

Exercícios
Julgue os itens a seguir:

1) As penalidades aplicadas ao servidor ou a terceiro que causar lesão ao


patrimônio público são de natureza pessoal, extinguindo-se com a sua morte.

2) Somente são sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa os agentes


públicos, assim entendidos os que exercem, por eleição, nomeação, designação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou
função na Administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do DF e dos Municípios.

3) Consideram-se sujeitos ativos dos ilícitos previstos na Lei de Improbidade


Administrativa o agente público e o terceiro particular que, mesmo não sendo
agente público, induzir ou concorrer para o ato ou dele se beneficiar direta ou
indiretamente.

Gabarito:
1. Errado
2. Errado
3. Certo
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA


A Lei 8429/92 prevê três modalidades de atos que configuram improbidade
administrativa:

 ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (auferir qualquer tipo de vantagem


patrimonial indevida em razão do exercício). Exige conduta DOLOSA.

 PREJUÍZO AO ERÁRIO (qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que


enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres). A conduta pode ser DOLOSA ou
CULPOSA.

 ATO QUE ATENTE CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA (qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições). Exige conduta
DOLOSA.

A Lei 8.429/92 aponta exemplos de condutas que caracterizam essas


modalidades de ato de improbidade (rol exemplificativo).
As três modalidades podem ser cometidas por uma conduta comissiva (ação) ou
omissiva.
Pode acontecer de determinado ato configurar duas ou até mesmo as três
modalidades de improbidade administrativa ao mesmo tempo. Nesse caso, serão
cabíveis as penalidades previstas para a infração mais grave (ordem de gravidade:
enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e ato que atente contra os princípios da
Administração Pública).

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (Art. 9º):


I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer
outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição,
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no Art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação,
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por
preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no Art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores
públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
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contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de


tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no Art. 1º
desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução
do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de
verba pública de qualquer natureza:
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente,
para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no Art. 1° desta
lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no Art. 1° desta lei.

Lesão ao erário (Art. 10):


I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no Art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no Art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que
de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de
qualquer das entidades mencionadas no Art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do
patrimônio de qualquer das entidades referidas no Art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço
superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou
regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz
respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
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qualquer das entidades mencionadas no Art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de
serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas
na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV - celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº
11.107, de 2005)

Ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da Administração Pública (Art. 11):
I - praticar ato visando a fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele
previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência, em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço."

Exercícios
Julgue os itens a seguir:

1) Um agente público que, agindo de forma culposa, gere lesão ao patrimônio


público, estará obrigado a ressarcir integralmente o dano causado.

2) Aquele que viola os deveres de legalidade, e quem retarda ou deixa de praticar,


indevidamente, ato de ofício praticam ato de improbidade administrativa, o qual
causa prejuízo ao erário.

3) Somente são considerados atos de improbidade administrativa aqueles que


causem lesão ao patrimônio público ou importem enriquecimento ilícito.

GABARITO:
1. Certo
2. Errado
3. Errado
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Poderes administrativos
Quando se fala em poderes Administrativos, o que se tem em mente é um super poder dado à Administração Pública.
Mas não é bem assim! Antes você deve entender que o Princípio que rege a Administração Pública no que diz respeito
ao exercício desse poder é o Princípio da SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO EM RELAÇÃO AO INTERESSE
PRIVADO.

Mas e a materialização desse principio? Costumeiramente, na prática, como é que a Administração se sobrepõe ao
particular?

À disposição da Administração estão os Poderes Administrativos, para que a Administração possa executá-los!

Agentes da Administração Pública, por gozarem desses poderes (= prerrogativas), encontram-se numa posição
superior ao cidadão comum. Desta feita, o Estado consegue intermedias os conflitos da sociedade. Esse poder não é
uma faculdade da Administração.

A melhor doutrina para o estudo desse assunto é a doutrina de Di Pietro, que assim diz “Embora o vocábulo poder dê
a impressão de que se trata de faculdade da Administração, na realidade trata-se de poder-dever, já que reconhecido
ao poder público para que o exerça em benefício da coletividade; os poderes são pois irrenunciáveis”.

 São poderes da Administração, conheçamos:

 Poder hierárquico;
 Poder disciplinar;
 Poder regulamentar;
 Poder de polícia.

Determinados autores colocam a discricionariedade e a vinculação como poderes da Administração, sendo assim,
esses “poderes” também serão analisados em nosso estudo.

Os poderes da Administração Pública, no entanto, não são uma arma brutal que provoca um ataque sem defesa contra
os administrados, eles são limitados pelos direitos individuais previstos na Constituição, como o direito a ampla defesa
e o contraditório, por exemplo, pela lei, pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e por diversos outros
postulados, como o do controle dos atos administrativos.

 PODER HIERÁRQUICO

Aqui o poder hierárquico decorre da hierarquia, esta pode ser definida como o vinculo de subordinação e coordenação
entre órgãos e agentes superiores e inferiores.
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 Cito aqui como principais características:

I - Editar atos normativos (como decretos, resoluções, portarias e instruções) com o intuito de ordenar
genericamente os subordinados;
II - Comandar os subordinados por meio de ordens específicas, os quais devem obedecer, salvo se a
ordem for manifestamente ilegal;
III - Fiscalizar a atividade inferior;
IV - Anular os atos inferiores ilegais;
V - Revogar os atos inferiores inoportunos ou inconvenientes;
VI - Aplicar sanções aos infratores;
VII - Solucionar conflitos de atribuições;
VIII - Delegar e avocar atribuições.

CUIDADO: O PODER HIERÁRQUICO NÃO CHEGA A RETIRAR O PODER DO DELEGANTE E MUITO MENOS
RETIRAR DO DELEGADO O PODER ORIGINÁRIO DELE!

 PODER DISCIPLINAR

É o chamado poder-dever que cabe à Administração de examinar infrações cometidas por servidores públicos e
demais pessoas com vínculo jurídico específico, sujeitas à disciplina administrativa.

NESTA sistemática, a Administração pública pode ainda aplicar penalidades se necessário após a devida averiguação
dos fatos. Esse poder disciplinar está intimamente ligado ao poder hierárquico. O poder hierárquico somente existe por
conta da prévia existência do Poder Disciplinar!

Um exemplo muito bacana do seu Exercício é no momento em que à administração exerce o controle interno das
pessoas a ela vinculadas, exerce o poder disciplinar em uma relação decorrente do poder hierárquico.

Saliente-se, também que nos contratos administrativos regidos pela Lei nº 8.666/93 não há hierarquia. Apesar das
cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, a Administração e o particular contratado não se situam em uma
relação de subordinação.

Você deve ter muito cuidado!!! Tenho uma observação fatal para a prova!!! As principais bancas vêm adotando
cegamente o posicionamento doutrinário de Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino de que as sanções administrativas
a que se sujeitam os contratados decorrem do poder disciplinar, uma vez que este seria “um vínculo jurídico
específico”.

Por isso, fique atento: para concurso, o poder disciplinar fundamenta as sanções aplicadas nos contratos
administrativos.

CUIDADO: Quando o assunto é a aplicação de pena para crimes e contravenções próprias do Código Penal pelo
Poder Judiciário, não há manifestação do poder disciplinar.

Nesse caso, o poder público está exercendo poder punitivo do Estado e não o poder disciplinar. Você verá que quando
a lei confere alguma margem de liberdade ao administrador para decidir sobre qual medida será adotada na situação
que se apresenta, o ato a ser praticado será discricionário.
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Agora, uma pergunta: o poder disciplinar é discricionário? Em regra não. Normalmente, a lei, de forma expressa,
estabelece qual é a sanção ideal a ser aplicada no caso concreto. Se ocorreu o fato X, a lei diz que o superior deve
aplicar a sanção Y.

Nesse caso, ocorrido o fato X, não há pra onde correr. A sanção Y deve ser aplicada, não há discricionariedade.

Pode-se chegar a essa conclusão observando o posicionamento do STJ: “6.1. A infração do art. 117, XI, da Lei
8.112/90 – ‘atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro’ –, impõe a aplicação
da pena de demissão, nos termos do art. 132, XIII, desse mesmo estatuto. 6.2. Portanto, nesse caso, o administrador
não tem qualquer margem de discricionariedade na aplicação da pena, tratando-se de ato plenamente vinculado.

Configurada a infração do art. 117, XI, da Lei 8.112/90, deverá ser aplicada a pena de demissão, nos termos da Lei.

OBS. FATAL: NÃO CONFUNDA PODER HIERÁRQUICO COM PODER DISCIPLINAR.

QUESTÕES

1) A legislação concede à administração poderes extraordinários, necessários para que o Estado alcance os seus
fins. Em relação aos poderes da administração pública, julgue os itens seguintes. Em decorrência do poder de
polícia, a administração pode condicionar ou restringir os direitos de terceiros, em prol do interesse da
coletividade.

2) Com relação aos poderes administrativos, assinale a opção correta.

a) A polícia administrativa realiza atividades fiscalizatórias e repressivas e suas ações incidem sobre bens,
serviços e pessoas.
b) Ao buscar uma finalidade, ainda que de interesse público, alheia à categoria do ato que utilizou, o agente
público competente incorre em excesso de poder.
c) Os atos administrativos praticados no exercício do poder de polícia não são suscetíveis de controle judicial,
uma vez que se caracterizam por coercibilidade e autoexecutoriedade.
d) A atividade da administração pública que, mediante atos normativos ou concretos, limita ou condiciona a
liberdade e a propriedade dos indivíduos, de acordo com o interesse coletivo, refere-se ao exercício do poder
regulamentar.
e) A avocação e a delegação de competência são atos administrativos praticados no exercício do poder
hierárquico da administração pública.

3) O ordenamento jurídico pode determinar que a competência de certo órgão ou de agente inferior na escala
hierárquica seja exclusiva e, portanto, não possa ser avocada.

Gabarito:
1. C
2. E
3. C
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

 PODER REGULAMENTAR

É aquele oriundo da competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo para editar atos administrativos normativos,
complementares à lei para a sua fiel execução.

Advém do Art. 84, inciso iv, da CF/88, que diz:

“Compete privativamente ao Presidente da República:


(...)
IV- Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução;”

 Bem, como o Poder Executivo possui o Poder Regulamentar, em que poder se enquadrariam as resoluções,
IN, Regimentos expedidos por autoridades administrativas?

Daí já se traz o PODER NORMATIVO, que é aquele que administração tem de editar atos gerais e abstratos.

Atos gerais: aquele que não é dirigido a um sujeito específico, mas a uma generalidade.
Atos abstratos: aquele que não foi editado para incidir sobre um único fato, mas para ser aplicado todas as vezes que
ocorrer determinada situação descrita na norma.

 Qual a diferença entre LEI E REGULAMENTO?

LEI não se confunde com REGULAMENTO. Aquela poderá inovar na ordem jurídica, criando direitos e obrigações para
as partes, já que a lei é ato normativo primário, fundado na Constituição.
Já o REGULAMENTO não pode inovar a ordem jurídica, pois sua função é de apenas detalhar o significado da lei: é
ato normativo secundário.

Logo, o PODER NORMATIVO É GÊNERO. PODER REGULAMENTAR É ESPÉCIE.

 EXISTE EXCEÇÃO A ESSA REGRA?? EXISTE REGULAMENTO AUTÓNOMO NO BRASIL?

Sim!!! Há uma exceção no Art. 84, VI, da Constituição:

“Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)”
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PERCEBA que pode o Presidente e os demais chefes do Poder Executivo editar decretos autônomos primários
para:

 ORGANIZAÇÃO

 FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL

Desde que não impliquem:

 Aumento de despesa ou

 Criação ou extinção de órgãos públicos

O Presidente pode editar um decreto autônomo para extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos.

 PODER DE POLÍCIA

Um dos mais importantes poderes da Administração Púbica, que decorre da prerrogativa que o Estado tem de restringir
o exercício dos direitos individuais em prol do interesse coletivo.

Nesse sentido, o conceito de poder de polícia não pode ser dado sem mencionar a ideia de restrição de atos
individuais em prol da coletividade. Celso Antônio Bandeira de Mello (2010, p. 822-823) apresenta o conceito de poder
de policia sob dois enfoques: sentido amplo e sentido estrito.

O primeiro englobaria todas as atividades do Estado limitadoras do exercício da liberdade e da propriedade, inclusive
as editadas pelo Poder Legislativo sob a forma de lei geral e abstrata. O segundo seria relacionado às restrições
realizadas pelo Poder Executivo (sejam elas gerais e abstratas ou concretas) com o propósito de coibir atos individuais
contrários aos interesses sociais. Para que fique claro na sua cabeça, citamos alguns exemplos de poder de polícia:
concessão de alvará de construção pelo Município, aplicação de multa por construção irregular, por excesso de
velocidade, por infração ambiental, etc., demolição de casa construída em obra pública, concessão de licença de
instalação etc.

ATENÇÃO: O poder de polícia se preordena a impor obrigações de não fazer, ou seja, a Administração se vale do
poder de polícia para evitar a ocorrência de danos, seja aplicando multa para quem viola a legislação seja
condicionando a execução de atividades a determinadas regras. Assim, diz-se que esse poder é um poder negativo.

 Atributos do poder de Polícia

Um tema IMPORTANTÍSSIMO para a sua prova quanto ao poder de polícia são os seus atributos.

São características ou atributos específicos – mas não exclusivos – do poder de polícia:

 Discricionariedade,
 Autoexecutoriedade,
 Coercibilidade
 Indelegabilidade.

No que concerne ao atributo da discricionariedade, como vimos acima, é margem de liberdade que a lei confere ao
agente público na prática de determinado ato.
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Ele poderá escolher se vai aplicar o ato desse ou daquele modo. A discricionariedade será avaliada no caso concreto,
observando se há essa margem de liberdade na lei.

Mas, via de regra, o ato proferido no uso do poder de polícia é discricionário, pois, na maioria das vezes, a lei dá ampla
margem ao agente (p. ex.: ocorrido um dano ambiental, a lei prevê que o administrador deve aplicar multa, mas esta
pode variar entre R$ 100,00 e R$ 20.000,00, é o agente quem vai decidir o valor) Como vimos acima, se a lei der certa
margem de liberdade ao agente, deixando de prever todas as hipóteses possíveis de aplicação da restrição ou qual a
sanção que se deve impor, o ato decorrente do poder de polícia será discricionário. Por outro lado, se a lei não deixar
margem ao agente, o ato será vinculado.

 POLÍCIA ADMINISTRATIVA X POLÍCIA JUDICIÁRIA

ADMINISTRATIVA: Atuação essencialmente preventiva, vários órgãos exercem, incide sobre propriedade, liberdade
dos indivíduos, coíbe desordem social, sujeita às normas administrativas.

JUDICIÁRIA: Atuação repressiva, órgãos responsáveis pela Segurança pública executam, incide sobre a própria
pessoa, busca a responsabilidade penal, sujeita as regras processuais penais e caráter investigativo.

Vamos às questões!!!!
1) Todas as medidas de polícia administrativa são auto executórias, o que permite à administração pública
promover, por si mesma, as suas decisões, sem necessidade de recorrer previamente ao Poder Judiciário.

2) Existem casos em que mesmo existindo lei específica sobre determinada matéria, cumpre à administração
criar mecanismos para aplicá-la. Nessas hipóteses, surge o poder regulamentar, que confere à administração a
prerrogativa de editar atos gerais para alterar e complementar as leis.

3) Poder regulamentar é o poder que a administração possui de editar leis, medidas provisórias, decretos e
demais atos normativos para disciplinar a atividade dos particulares. Poder conferido com exclusividade aos
chefes do poder executivo para editar atos normativos.

Gabarito:
1) E
2) E
3) E
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

 PODER VINCULADO

Para quem já estudou atos administrativos sabe que se o administrador se deparar com uma situação em que não há
margem alguma de liberdade para atuar, pois a lei determinou que o único comportamento possível e obrigatório a ser
adotado para a hipótese era aquele, o ato praticado é vinculado.

Atuação tipificada na lei. O Administrador deve seguir exclusivamente aquilo que está presente na LEI.

 PODER DISCRICIONÁRIO

O poder discricionário existe porque a atividade administrativa não é exata, é dinâmica, ou seja, o legislador não pode
prever todas as situações presentes e futuras de possível ocorrência para a Administração.

Em possibilidade de o administrador se deparar com uma situação para qual a lei confira margem de decisão, deve
escolher a alternativa que mais se adéque ao interesse público.

O Poder discricionário é conferido à Administração para a prática de atos discricionários (e a sua revogação), ou seja, é
aquele em que o agente administrativo dispõe de uma razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade
e conveniência da prática do ato, quanto ao seu motivo, e, sendo o caso, escolher dentro dos limites legais, o seu
conteúdo. (objeto)

Dentro das balizas conferidas pela Lei, o administrador público exerce o seu Poder discricionário no caso concreto.
Através de um juízo de conveniência e oportunidade (= mérito administrativo) ele decidirá qual conduta é mais
adequada ao interesse público.

Você leu bem: “dentro das balizas conferidas pela Lei”. Não há discricionariedade fora da lei. É por isso que
Alexandrino e Paulo ensinam que “na prática de um ato discricionário a administração exerce o poder discricionário e,
também, o poder vinculado.” Poucos concursos cobram “poder discricionário” e “poder vinculado” no edital. Isso ocorre
porque, como bem ensina Di Pietro, nem o poder vinculado nem o poder discricionário são autônomos. Na verdade,
esses poderes são atributos de outros poderes ou competência da Administração. A autora acredita que a
discricionariedade é uma prerrogativa.

 USO E ABUSO DE PODER

ABUSO DE PODER possui os seguintes elementos:

 Excesso de Poder : Vício na Competência


 Desvio de Poder ou Finalidade: Vicio na Finalidade do Ato Administrativo
 Usurpação de Função e Função de fato: Vício na Competência
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Questões:
1. De acordo com a doutrina majoritária, o controle judicial sobre o exercício do poder discricionário deve incluir a
análise do mérito do ato administrativo.

2. A razoabilidade funciona como limitador do poder discricionário do administrador.

3. Acerca dos poderes da administração pública, assinale a opção correta.

a) O poder de polícia é prerrogativa conferida à administração, que pode condicionar e restringir o uso e o gozo
de bens, atividades e direitos individuais, em benefício do interesse público, sendo exercido pela polícia civil no
âmbito estadual e pela Polícia Federal no âmbito da União.
b) O poder hierárquico é o poder de que dispõe a administração para organizar e distribuir as funções de seus
órgãos, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.
c) O poder discricionário somente poderá ser exercido, em respeito ao princípio do direito adquirido, no momento
em que o ato for praticado.
d) O poder disciplinar, necessário à manutenção e à organização da estrutura interna da administração, é
exercido por meio de atos normativos que regulam o funcionamento dos órgãos.
e) O poder regulamentar confere à administração a prerrogativa de editar atos gerais para complementar ou
alterar as leis.

Gabarito:
1) E
2) C
3) B
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceito

O melhor conceito para Atos Administrativos é aquele trazido pelas próprias provas de Concurso. Fazendo um
compilado de várias questões de concursos anteriores, e analisando com afinco a doutrina de Di Pietro e Hely Lopes
Meirelles, podemos conceituar com as seguintes características:

a) Imprescindível que a vontade surja de agente da Administração Pública ou de alguém dotado das prerrogativas
desta;
b) Seu conteúdo há de propiciar a produção de efeitos jurídicos com fim público;
c) Toda a categoria de atos deve ser regida basicamente pelo direito público.
d) Unilateral;
e) Difere do contrato administrativo

Fato administrativo

Em uma primeira vertente, o fato administrativo tem o sentido de atividade material no exercício da função
administrativa, que visa a efeitos de ordem prática para a Administração.

Os maiores exemplos são: a apreensão de mercadorias, a dispersão de manifestantes, a limpeza de uma rua.

Em uma segunda perspectiva, por várias vezes, o fato administrativo é o resultado de um ato administrativo, ou seja, é
a operação material do ato administrativo.

Assim sendo, depois de o Estado manifestar a sua vontade, cumpre o dever de executá-la.

Por exemplo, a demolição de um prédio (atividade material – fato administrativo) é resultante da ordem de serviço da
administração (manifestação da vontade – ato administrativo);

Silêncio administrativo

Ao analisar o estudo dos atos Administrativos, as palavras que surgem são MANIFESTAÇÃO, DECLARAÇÃO, etc.

Ocorre que não falamos como se classifica a “omissão” da Administração que possua efeitos jurídicos. Se a
Administração simplesmente não fizer nada e dessa omissão decorrer um efeito jurídico, estaríamos falando em “ato
administrativo”?

Para a melhor doutrina, o silêncio administrativo, isto é, a omissão da Administração quando lhe incumbe o dever de se
pronunciar, quando possuir algum efeito jurídico, não poderá ser considerado ato jurídico e, portanto, também não é
ato administrativo.

Dessa forma, a doutrina considera o silêncio como um fato jurídico administrativo.


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Por exemplo, se um cidadão requisitar o seu direito de obter certidão em repartições públicas, para a defesa de um
direito seu (CF, art. 5º, XXXIV), e a Administração não atender ao pedido dentro do prazo, não teremos um ato
administrativo, pois não houve manifestação de vontade.

Contudo, a omissão, nesse caso, pode gerar diversos efeitos, pois viola o dever funcional do agente público. Além
disso, se a omissão gerar algum dano ao cidadão, o Estado poderá ser responsabilizado patrimonialmente. Ainda
assim, como não houve manifestação, mas ocorreu um efeito jurídico, temos somente um fato jurídico administrativo.

Para sua prova é simples: Grave! Se houver previsão na lei de que o Silêncio da Administração poderá causar
efeitos jurídicos. Pronto!!! Gerará e produzirá um Ato Administrativo.

Questões:

1. A construção de uma ponte pela administração pública caracteriza um fato administrativo, pois constitui uma
atividade pública material em cumprimento de alguma decisão administrativa.

2. Todos os atos da administração pública que produzem efeitos jurídicos são considerados atos administrativos,
ainda que sejam regidos pelo direito privado.

3. Os fatos administrativos não produzem efeitos jurídicos, motivo pelo qual não são enquadrados no conceito de
ato administrativo.

Gabarito:
1) C
2) E
3) E
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Requisitos, elementos ou aspectos de validade

Esse é posicionamento que as bancas de concursos utilizam acerca dos requisitos dos Atos Administrativos, que não
se confundem com os atributos:

a) COmpetência: poder legal conferido ao agente para o desempenho de suas atribuições;


b) FInalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público (finalidade geral) e ao objetivo
diretamente previsto na lei (finalidade específica);
c) FOrma: é o modo de exteriorização do ato;
d) Motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que pratica o ato;
e) OBjeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é a alteração no mundo jurídico que o
ato se propõe a processar, ou seja, o efeito jurídico do ato.

 Mnemônico: COFIFOMOB

Vejamos o que mais os Concursos Públicos cobram acerca de cada um deles:

 Competência

É o poder atribuído ao agente para que este desempenhe especificamente suas funções. As competências resultam de
lei e por ela são delimitadas.

As competências são, dessa forma, o poder legal conferido aos agentes públicos para o desempenho de suas
atribuições.

Alguns autores fazem uso do termo “sujeito”, referindo-se ao agente a quem a lei atribui a competência legal. Além de
ser um poder, a competência é um dever, isso porque o agente competente é obrigado a atuar nas condições que a lei
o determinou.

Aquele que ttitulariza uma competência terá, consequentemente, o poder-dever de desempenhá-la. A competência não
poderá ser renunciada, analisando a indisponibilidade do interesse público. Portanto, a competência é sempre um
elemento vinculado do ato administrativo.

OBSERVAÇÃO FATAL PARA AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA;

a) Exercício obrigatório para os órgãos e agentes públicos;


b) Irrenunciáveis, sendo que quem possui as competências não vai poder abrir mão delas enquanto as
titularizar. Admite-se apenas que o exercício da competência seja, temporariamente, delegado. Porém, nesses
casos, a autoridade delegante permanece apta a exercer a competência e pode revogar a delegação a
qualquer tempo, logo continua com a sua titularidade;
c) Intransferíveis, sendo que não há possibilidade de serem objeto de transação para repassá-las a terceiros.
d) Imodificáveis pela vontade do próprio titular, sendo os seus limites estabelecidos em lei. Ninguém pode
dilatar ou restringir uma competência por sua própria vontade, devendo sempre observar as determinações
legais;
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e) Imprescritíveis, ainda que, mesmo que a pessoa fique por um longo tempo sem utilizar a sua competência,
nem por isso ela deixará de existir.

A delegação de competência envolve a transferência da execução ou da incumbência da prestação do serviço, sendo


que a titularidade permanece com o delegante, que poderá, a qualquer momento, revogar a delegação (Lei 9.784, art.
14, §2º14).

Dentro dessa análise, o art. 11 da Lei do Processo Administrativo estabelece que a competência é irrenunciável e se
exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos.

OBSERVAÇÃO FATAL AQUI!!! Nesse momento é muito importante a análise detida do Art. 12 e 13, da Lei
9.784/99:

 Não podem ser objeto de delegação:


 Edição de atos de caráter normativo;
 DEcisão de recursos administrativos;
 MAtérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade .

 Mnemônico: EDEMA

No que diz respeito à avocação, cujo conteúdo não foi tão detalhado pela Lei como foi a delegação, é aquela que
resulta no ato de “chamar para si funções originalmente atribuídas a um subordinado”. Sendo assim, a avocação é o
contrário da delegação, porém com algumas particularidades. Enquanto a delegação pode ser feito com ou sem
hierarquia, a avocação só é possível se existir hierarquia entre os órgãos ou agentes envolvidos.

 Finalidade

É onde a Administração Pública deseja chegar produzindo determinado Ato Administrativo.


A finalidade é o objetivo de interesse público a atingir. Todo ato administrativo deve ser praticado com o fim público.
Dessa forma, a finalidade é um elemento vinculado do ato administrativo,

 Desvio de finalidade

É vício na Finalidade do Ato Administrativo. De acordo com a lei, ele “se verifica quando o agente pratica o ato visando
a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”.

 Forma

É a exteriorização do ato administrativo na seara administrativa. A forma é o revestimento exteriorizador do ato


administrativo, constituindo um elemento vinculado, pelo menos na doutrina dominante.

 Vícios de forma

Uma vez que a forma dos atos administrativos é definida em lei, a sua inobservância representa a invalidação do ato
por vício de legalidade (especificamente, vício de forma). No entanto, Carvalho Filho dispõe que a mencionada regra
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deve ser analisada sobre o aspecto da razoabilidade por parte do intérprete. Em algumas situações, o vício de forma
representará mera irregularidade sanável.

 Motivo

De acordo com a melhor doutrina, e com o que está presente na análise das principais bancas organizadoras de
concurso, é o pressuposto de fato e direito, que faz com que o ato administrativo seja produzido.

O motivo, também chamado de causa, é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a realização do ato
administrativo. O pressuposto de direito do ato é o conjunto de requisitos previsto na norma jurídica (o que a lei
determina que deva ocorrer para o ato ser realizado). O pressuposto de fato é a concretização do pressuposto de
direito. Assim, o pressuposto de direito é encontrado na norma, enquanto o pressuposto de fato é a ocorrência no
“mundo real”.

 Teoria dos motivos determinantes

Motivo e motivação são situações distintas. Aquele corresponde aos pressupostos de fato e de direito do ato
administrativo, enquanto esta se refere à exposição ou declaração por escrito do motivo da realização do ato.

Vamos imaginar que a lei diz que o motivo para a aplicação da multa é o estacionamento em local proibido. Se o
agente de trânsito fundamentar o ato, escrevendo em seu boletim o motivo da aplicação da multa, estará motivando o
ato. Temos aí a motivação do ato administrativo.

 Objeto

O objeto é o conteúdo do ato administrativo. Como ele ficará reconhecido no universo administrativo. É o que
efetivamente cria, extingue, modifica ou declara, isto é, o efeito jurídico que o ato produz.

 Se liga nos principais exemplos que a doutrina cita:


 Concessão de licença ao servidor, o objeto é a própria licença;
 Emissão de uma Carteira Nacional de Habilitação, o objeto é a licença para dirigir;
 Exoneração de um servidor, o objeto é a própria exoneração.

Questões

1. Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos do ato administrativo a competência, o objeto, a forma, o
motivo e a finalidade.

2. O motivo do ato administrativo não se confunde com a motivação estabelecida pela autoridade administrativa.
A motivação é a exposição dos motivos e integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e
psicológica que corresponde à vontade do agente público.

3. Define-se o requisito denominado motivação como o poder legal conferido ao agente público para o
desempenho específico das atribuições de seu cargo.

Gabarito:
1) C
2) E
3) E
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Os atributos podem ser analisados como características dos atos administrativos. Eles constituem as
qualidades que consequentemente os tornarão diferentes dos atos privados.

São, assim sendo, aqueles que possibilitam afirmar que o ato se submete o ao regime jurídico de direito
público.

 Para as provas de Concurso, você deve levar:


a) Presunção de legitimidade ou veracidade;
b) Autoexecutoriedade;
c) Tipicidade (Maria Sylvia Zanella Di Pietro).
d) Imperatividade;

Regra de memória: PATI

Vamos analisar cada um deles:

 Presunção de legitimidade ou veracidade

Presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Administração, até que haja prova em contrário. Imagine:
quando um agente de trânsito impetra uma multa por ter visto um motorista dirigindo falando ao celular,
presume-se que de fato isso ocorreu, cabendo ao motorista provar contrário.

 Autoexecutoriedade

A autoexecutoriedade é estudada na possibilidade que alguns atos resultam de imediata e direta execução
pela Administração, sem necessidade de ordem judicial. Permitindo, ainda, o uso da força (executoriedade)
para colocar em prática as decisões administrativas.

Não se está dizendo que a autoexecutoriedade afasta a apreciação judicial, algo que seria inadmissível
segundo a Constituição Federal (art. 5º, XXXV). Apensar, saliente-se, que para todo exercício de repressão
à liberdade ilimitada do particular, necessite-se chamar o resguardo do Judiciário. Isso não seria viável!
Assim sendo, a autoexecutoriedade refere-se à possibilidade de a Administração fazer acontecer suas
decisões sem ordem judicial, mas não retira o direito do administrado de buscar o socorre no Poder
Judiciário se achar que seus direitos estão sendo prejudicados indevidamente.

 A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos. Ela existe em duas
situações:
 Quando estiver expressamente prevista em lei;
 Quando se tratar de medida urgente.
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Na primeira situação, podemos exemplificar com as diversas medidas autoexecutórias previstas para os
contratos administrativos, como a possibilidade de retenção da caução, a utilização das máquinas e
equipamentos para dar continuidade aos serviços públicos, a encampação, etc.

Quando se trata do exercício do poder de polícia, podemos mencionar a apreensão de mercadorias, a


cassação de licença para dirigir, etc. As medidas urgentes, por outro lado, ocorrem quando a medida
deve ser adotada de imediato, sob pena de causar grande prejuízo ao interesse público. Um exemplo é a
destruição de um imóvel com risco iminente de desabamento. Caso se depare com uma situação como
essa, a autoridade administrativa poderá determinar, de imediato, a demolição.

A Administração impele o administrado por meios indiretos de coação. Por exemplo, se a Administração
determinar que o particular construa uma calçada, mas ele se recusar a fazê-la, o Poder Público poderá
aplicar-lhe uma multa, em precisar socorrer ao Poder Judiciário para isso. A multa é um meio indireto de
coação, mas não obriga materialmente o particular a construir a calçada.

Na executoriedade, por outro lado, a Administração, por seus próprios meios, compele o administrado.
Verifica-se a executoriedade, por exemplo, na dissolução de uma passeata, na apreensão de medicamentos
vencidos, na interdição de uma fábrica, na internação compulsória de uma pessoa com moléstia
infectocontagiosa em período de epidemia, etc. Nesses casos, a Administração poderá utilizar até mesmo
a força para obrigar o particular a cumprir a sua determinação.

 Imperatividade

Pela imperatividade os atos administrativos impõem obrigações a terceiros, independentemente de


concordância. Este atributo depende, sempre, da expressa previsão na lei.

A imperatividade poderá ser chamada nas provas, de poder extroverso do Estado, sendo que deve ser
interpretado como que o Poder Público pode editar atos que vão além da esfera jurídica do sujeito
emitente, adentrando na esfera jurídica de terceiros, constituindo unilateralmente obrigações. Lógico
que a imperatividade não está presente em todos os atos administrativos, mas tão somente naqueles que
imponham obrigações aos administrados. Portanto, não possuem esse atributo os atos que concedem
direitos (concessão de licença, autorização, permissão, admissão) ou os atos enunciativos (certidão,
atestado, parecer).

 Tipicidade

Importante atributo descrito na obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que assim expõe: “a tipicidade é o
atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas em lei
como aptas a produzir determinados resultados” Este atributo está relacionado com o princípio da
legalidade, determinando que a Administração só pode agir quando houver lei determinando ou autorizando.
Logo, para cada finalidade que a Administração pretenda alcançar, deve existir um ato definido em lei.

EXERCÍCIOS
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1) Há presunção de legitimidade e veracidade nos atos praticados pela administração durante processo
de licitação.

2) O atributo da presunção de legitimidade é o que autoriza a ação imediata e direta da administração


pública nas situações que exijam medida urgente.

3) Em razão da característica da autoexecutoriedade, a cobrança de multa aplicada pela administração


não necessita da intervenção do Poder Judiciário, mesmo no caso do seu não pagamento.

GABARITO
1. C
2. E
3. E
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Atos gerais e individuais

Os atos gerais ou normativos: Estes não possuem destinatários


determinados. Eles apresentam hipóteses mais expansivas de aplicação,
que alcançará todos os sujeitos que nelas se enquadrarem. Tendo em vista a
forma genérica que possuem, esses atos são também conhecidos nas
provas de concursos como atos normativos. Destaco aqui como exemplos de
atos gerais: os regulamentos, portarias, resoluções, circulares, instruções,
deliberações, regimentos, dentre outros.

Os atos individuais ou especiais: estes se dirigem a destinatários certos,


conhecidos, determináveis. Acabam por produzir efeitos jurídicos no caso
concreto, a exemplos da nomeação, demissão, tombamento, licença,
autorização. Se João foi nomeado para determinado cargo público, então a
nomeação tem um sujeito certo e conhecido.

A Prof. Maria Di Pietro apresenta as seguintes características dos atos gerais


ou normativos quando comparados com os individuais:

a) o ato normativo não pode ser impugnado, na via judicial, diretamente


pela pessoa lesada (somente as pessoas legitimadas no art. 103 da CF
podem propor inconstitucionalidade de ato normativo);

b) o ato normativo tem precedência hierárquica sobre o ato individual (por


exemplo, existindo conflitos entre um ato individual e outro geral produzidos
por decreto, deverá prevalecer o ato geral, pois os atos normativos
prevalecem sobre os específicos);

c) o ato normativo é sempre revogável; ao passo que o ato individual sofre


uma série de limitações em que não será possível revogá-los (por exemplo,
os atos individuais que geram direitos subjetivos a favor do administrado
não podem ser revogados28);

d) o ato normativo não pode ser impugnado, administrativamente, por meio


de recursos administrativos, ao contrário do que ocorre com os atos
individuais, que admitem recursos administrativos.

Atos internos e externos

Os atos internos são aqueles que são analisados sob o teor de produzir
efeitos no interior da Administração Pública, alcançando seus órgãos e
agentes.
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Saliente-se que estes atos não geram direitos adquiridos e podem, por
conseguinte, ser revogados a qualquer tempo.

Eles não dependem de publicação oficial, bastando a cientificação direta aos


destinatários ou a divulgação regulamentar da repartição.

De acordo com parte da doutrina, esses atos vêm sendo utilizados de forma
errônea para atingir destinatários externos. Nessas ocasiões, a divulgação
externa será obrigatória. São exemplos de atos internos uma portaria que
determina a formação de um grupo de trabalho, a expedição de uma ordem
de serviço interna, etc.

Os atos externos, em contrapartida, são todos os que alcançam os


administrados, os contratantes ou, em alguns casos, os próprios servidores,
provendo sobre os seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a
Administração. Esses atos devem ser publicados oficialmente, dado o
interesse público no seu conhecimento.

Atos de império, de gestão e de expediente: são aqueles praticados com


todas as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos de forma
unilateral e coercitivamente ao particular, independentemente de
autorização judicial.

Os atos que são decorrentes do exercício do poder de polícia são típicos


exemplos de atos de império.

Os atos de gestão são os que são executados em situação de isonomia com


os particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio
público e para a gestão de seus serviços. São atos desempenhados para a
administração dos serviços públicos. Cito como exemplo a compra e venda
de bens, o aluguel de automóveis ou equipamentos, etc.

Finalizando, temos os atos de expediente que são atos internos da


Administração Pública que se destinam a dar andamentos aos processos e
papéis que se realizam no interior das repartições públicas. Trazem como
essência a ausência de conteúdo decisório, justificada pelo trâmite rotineiro
de atividades realizadas nas entidades e órgãos públicos.

Exemplos: a expedição de um ofício para um administrado, a entrega de


uma certidão, o encaminhamento de documentos para a autoridade que
pode tomar a decisão sobre o mérito, dentre outras.

Atos vinculados e discricionários


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A dupla mais conhecida. Os discricionários são aqueles praticados sem


margem de liberdade de poder decisório, em razão de que a lei determinou,
que o exclusivo comportamento possível a ser obrigatoriamente adotado é
sempre aquele em que se configure a situação objetiva prevista na lei.

Nos atos vinculados, por sua vez, há possibilidades de escolha ao agente


público, cabendo-lhe decidir com base no que consta na lei.

Por exemplo, a concessão de licença paternidade será fornecida quando


nascer o filho ou ocorrer a adoção pelo agente público, sendo que a
Legislação (Lei 8.112) determina a duração de cinco dias corridos.
Ocorrendo os seus pressupostos, a autoridade pública não possui escolha,
devendo conceder a licença de cinco dias.

Os atos discricionários, por outro lado, ocorrem quando a lei deixa uma
margem de liberdade para o agente público. Enquanto nos atos vinculados
todos os requisitos do ato estão rigidamente previstos (competência,
finalidade, forma, motivo e objeto), nos atos discricionários há margem para
que o agente faça a valoração do motivo e a escolha do objeto, conforme o
seu juízo de conveniência e oportunidade.

Desta feita, há discricionariedade quando a lei dispõe que o agente “pode”,


ou que “a critério da Administração”, ou ainda quando determina a
aplicação de uma multa “entre X e Y”.

Nesses casos, a autoridade deverá analisar os motivos e, em seguida, definir


o objeto ou conteúdo do ato administrativo. Na aplicação da pena de
suspensão a autoridade poderá suspender o servidor por até noventa dias,
ou seja, a autoridade pode aplicar um dia, cinco, dez, ou até mesmo, os
noventa dias, conforme o seu juízo privativo de conveniência e
oportunidade. Além dessas hipóteses em que a lei claramente estabelece
uma margem de liberdade, a doutrina menciona que o ato será
discricionário quando a lei utiliza conceitos jurídicos indeterminados,
deixando para a Administração a possibilidade de apreciar, segundo juízo de
conveniência e oportunidade, se o fato corresponde ao que consta na lei. Por
exemplo, quando a lei dispõe sobre uma pena em caso de “falta grave”,
mas não determina o que é isso, caberá ao agente público, diante de uma
irregularidade, enquadrá-la como falta grave ou não.

Simples, complexo e composto

Quanto à formação de vontade, o ato administrativo pode ser simples,


complexo e composto.

O ato simples é que aquele que resulta da manifestação de vontade de um


órgão único, seja ele unipessoal ou colegiado.

Não interessa, para seu entendimento o número de agentes que participa do


ato, mas sim que se trate de uma vontade unitária. Dessa forma, será ato
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administrativo simples tanto o despacho de um chefe de seção como a


decisão de um conselho de contribuintes. O ato complexo, por sua vez, é o
que necessita da conjugação de vontade de dois ou mais diferentes órgãos
ou autoridades. Apesar da conjugação de vontades, trata-se de ato único.

Já o ato composto é aquele confeccionado pela declaração de vontade de


apenas um órgão da Administração, mas que depende de outro ato que o
aprove para produzir seus efeitos jurídicos (condição de exequibilidade).
Desta forma, no ato composto teremos dois atos: o principal e o acessório.

Válido, nulo, anulável e inexistente

No que diz respeito à eficácia, o ato administrativo pode ser válido, nulo,
anuláveis e inexistente.

O ato válido é aquele praticado com total foco e observância de todos os


requisitos legais, relacionados à competência, à forma, à finalidade, ao
motivo e ao objeto.

Já o ato nulo, contrariamente, é aquele que sofre de vício insanável,


incurável, em algum dos seus requisitos de validade, não sendo possível,
portanto, a sua correção.

Logo, ele será anulado por ato da Administração ou do Poder Judiciário.

O ato anulável, por sua vez, é aquele que apresenta algum vício sanável, ou
seja, que é passível de convalidação pela própria Administração, desde que
não seja lesivo ao patrimônio público nem cause prejuízos a terceiros. Por
fim, o ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de
manifestação de vontade da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar
como ato administrativo.

Espécies de atos administrativos

REGRA DE MEMÓRIA

N ORMATIVOS
O RDINATÓRIOS
N EGOCIAIS
E NUNCIATIVOS
P UNITIVOS

a) atos negociais: MANIFESTAÇÃO DE VONTADE COINCIDE COM A DO


PARTICULAR.

São exemplos:
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(1) licença: ato vinculado e definitivo. Exemplo: licenças para dirigir e


construir;

(2) permissão: pode ser revogado a qualquer momento, é precário,


vinculado, produzido quando o interesse predominante é o público, como a
permissão de serviços públicos prevista na CF/88;

(3) autorização: o interesse predominante é o do particular – autorização


para explorar serviço de taxi é um grande exemplo;

b) atos enunciativos: é o ato pelo qual a Administração declara um fato ou


profere uma opinião, sem que tal manifestação, por si só, produza
consequências jurídicas – certidão, atestado, visto, parecer, etc.;

c) atos punitivos: Aqui a Administração aplica sanções aos seus agentes e


aos administrados em decorrência de ilícitos administrativos;

d) atos normativos: são os gerais, expansivos, genéricos;

e) atos ordinatórios: são atos administrativos internos, destinados a


estabelecer normas de conduta para os agentes públicos, sem causar
efeitos externos é esfera administrativa. Decorrem do poder hierárquico.
São exemplos: as ordens de serviço, portarias internas, instruções, avisos,
etc.

Exercícios

1. A autorização é ato administrativo discricionário mediante o qual a


administração pública outorga a alguém o direito de realizar determinada
atividade material.

2. Ato vinculado é aquele analisado apenas sob o aspecto da legalidade; o


ato discricionário, por sua vez, é analisado sob o aspecto não só da
legalidade, mas também do mérito.

3. A lei estabelece todos os critérios e condições de realização do ato


vinculado, sem deixar qualquer margem de liberdade ao administrador.

GABARITO:

1-CORRETO
2-CORRETO
3-CORRETO
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Extinção dos Atos Administrativos

Com a devida atenção ao atributo da presunção de legitimidade, uma vez em vigor, o


ato administrativo atingirá os seus efeitos, possuindo vícios de legalidade ou não, até
que venha a ser formalmente analisado o seu desfazimento.

As formas mais comuns de desfazimento dos atos administrativos são:

- anulação,
- a revogação e
- a cassação.

Vamos tratar sobre cada uma aqui!

Anulação

A anulação, conhecida como invalidação, é o desfazimento do ato administrativo em


virtude de ilegalidade, de sua ilegitimidade.

Como a ilegalidade atinge desde a origem do ato, a sua invalidação possui efeitos
retroativos (ex tunc).

Saliente-se, também que, a anulação dos atos administrativos é um poder-dever da


Administração, que vai poder realizá-la diretamente, por meio de seu poder de
autotutela já consagrada nas súmulas 346 e 476 do STF.

Em síntese, tais jurisprudências afirmam que: “A Administração Pública pode declarar


a nulidade dos seus próprios atos” e “A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Mas a anulação também pode ser realizada pelo Poder Judiciário por intermédio da
devida ação com esse fim. Via de regra, a anulação é obrigação da Administração, ou
seja, constatada a ilegalidade, o agente público deve promover a anulação do ato
administrativo.

Há casos em que a segurança jurídica e a boa fé fundamentam a manutenção do ato.


AEPCON Concursos
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Imagine determinado agente que frauda o Diário oficial do Município e cria vagas de
vereador para se beneficiar. E, ainda que sem querer, mas para não causar
desconfiança, acaba ajudando outros.

Os que causaram de fé e fato a situação ilegal sempre serão prejudicados. Mas será
que poderemos prejudicar os terceiros de boa-fé? Claro que não!

Sempre que existir a anulação de um ato, devem ser resguardados os efeitos já


produzidos em relação aos terceiros de boa-fé.

Cuidado!!! OBSERVAÇÃO FATAL!!! Não se trata de direito adquirido, uma vez que
não se adquire direito de um ato ilegal. Porém, os efeitos já produzidos, mas que
afetaram terceiros de boa-fé, não devem ser invalidados.

Convalidação

É a possibilidade de “corrigir” ou “regularizar”, “retificar”, “confirmar” um ato


administrativo, possuindo efeitos retroativos (ex tunc).

Assim, a convalidação tem por objetivo manter os efeitos já produzidos pelo ato e
permitir que ele permaneça no mundo jurídico.

Os atos nulos são insanáveis, assim sendo, não podem ser objeto de convalidação; já
os atos anuláveis são aqueles que podem ser convalidados.

Conforme estabelece a Lei 9.784/1999, em decisão na qual se evidencie não


acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração
(art. 55).

São quatro condições, portanto, para a convalidação de um ato segundo a Lei


9.784/1999:

(1) que isso não acarrete lesão ao interesse público;


(2) que não cause prejuízo a terceiros;
(3) que os defeitos dos atos sejam sanáveis;
(4) decisão discricionária (“poderão”) acerca da conveniência e oportunidade de
convalidar o ato (no lugar de anulá-lo).

Revogação

É o desfazimento de um ato administrativo válido e discricionário por motivo de


interesse público novo, outrora não conhecido, que o tornou inconveniente ou
inoportuno.

Trata-se, portanto, da extinção de um ato administrativo por conveniência e


oportunidade da Administração. A revogação é um ato administrativo discricionário
por meio do qual a Administração extingue outro ato administrativo, válido e também
discricionário, por motivos de conveniência ou oportunidade.
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Na revogação não há ilegalidade, o que existe é inconveniência e inoportunidade.

Por isso, o Poder Judiciário não pode revogar um ato praticado pela Administração.
Também em virtude da legalidade do ato, a revogação possui efeitos ex nunc (a
partir de agora).

Isso quer dizer que seus efeitos não retroagem. Tudo que foi realizado até a data da
revogação permanece válido. Nem todo ato administrativo é passível de revogação,
existindo diversas limitações, conforme ensina a doutrina.

Destaco aqui o que aduz Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Segundo a
grande doutrinadora, não são passíveis de revogação:

a) atos vinculados: aqui porque não se fala em conveniência e oportunidade no


momento da edição do ato e, após, também não se falará na hora de sua revogação;

b) atos que exauriram os seus efeitos: como a revogação não retroage, mas
apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já se exauriu, não há
mais que falar em revogação.
Exemplo: Imagine que a Administração concedeu uma licença ao agente público para
tratar de interesses particulares, após o término do prazo da licença, não se poderá
mais revogá-la, pois seus efeitos já exauriram;

c) quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato:


suponha que o administrado tenha recorrido de um ato administrativo e que o recurso
já esteja sob apreciação da autoridade superior, a autoridade que praticou o ato
deixou de ser competente para revogá-lo;

d) os meros atos administrativos: como as certidões, atestados, votos, porque os


efeitos deles decorrentes são estabelecidos em lei;

e) atos que integram um procedimento: a cada novo ato ocorre a preclusão com
relação ao ato anterior. Ou seja, ultrapassada uma fase do procedimento, não se pode
mais revogar a anterior;

f) atos que geram direito adquirido: isso consta expressamente na Súmula 473 do
STF.

Cassação

É o desfazimento de um ato válido em razão de descumprimento pelo beneficiário das


condições que deveria manter, ou seja, ocorre quando o administrado comete alguma
falta.

Opera como uma sanção contra o administrado em virtude de descumprir alguma


condição necessária para usufruir de um benefício.

Exemplo: cassação da carteira de motorista por excesso do limite de pontos previstos


no CTB, a cassação da licença para exercer uma profissão por infringir alguma norma
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legal, a cassação de uma licença para construir em decorrência de descumprimento


de normas de segurança, etc.

Caducidade

É a forma de extinção do ato administrativo por conta de invalidade ou ilegalidade


superveniente. Assim, a caducidade ocorre quando uma legislação nova – ou seja, que
surgiu após a prática do ato – torna-o inválido.
Segundo a Lei 9.784/1999 (art. 55), “O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”.

Trata-se de prazo decadencial, ou seja, que não admite interrupções nem suspensões.
A interrupção se refere à inutilização do tempo já transcorrido, ou seja, quando se
interrompe um prazo, dever-se- á reiniciar a sua contagem.

Exercícios

1- Os atos vinculados são insuscetíveis de revogação pela administração pública.

2- A revogação de um ato administrativo ocorre nos casos em que esse ato seja
ilegal.

3- Os atos administrativos do Poder Executivo não são passíveis de revogação pelo


Poder Judiciário.

Gabarito:

1-CORRETO
2-ERRADO
3-CORRETO
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

A doutrina dispõe que o controle da Administração Pública pode ser conceituado


“como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a
conformidade de sua atuação com os princípios que lhe são impostos pelo
ordenamento jurídico”.

Ou seja, o controle da Administração Pública constitui-se como um poder-


dever de fiscalização e revisão da atuação administrativa para garantir a
conformação com o ordenamento jurídico e com a boa administração.

Significa dizer que o controle vai bem mais acima do que diz a legalidade e
legitimidade, alcançando, inclusive, aspectos de eficiência, eficácia e
efetividade. No entanto, existem diversas formas de controle, cada uma com
finalidades e características específicas. Dessa forma, vamos apresentar um
quadro que resume as diversas formas de classificação do controle da
Administração Pública e, em seguida, vamos aprofundar o assunto.

Classificações para o controle da Administração Pública:

 quanto ao fundamento, à existência de hierarquia ou à amplitude:

a) hierárquico: que provém do escalonamento hierárquico dos órgãos


administrativos;

b) finalístico: aquele que não possui fundamento na hierarquia.

 quanto à origem ou ao posicionamento do órgão que o efetua:

a) interno: realizado no âmbito da própria Administração ou por órgão do


mesmo Poder que editou o ato controlado;

b) externo: realizado por órgão independente ou de outro Poder do que


efetuou o ato controlado;

c) popular: efetuado pela sociedade civil ou pelos administrados em geral.

 quanto ao órgão que o exerce:

a) administrativo: aquele que decorre das funções administrativas do órgão;


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b) legislativo: é o controle realizado no exercício da função típica do Poder


Legislativo de fiscalizar.

Divide-se em controle parlamentar direto (exercido diretamente pelo


Congresso Nacional); e controle parlamentar indireto (exercido pelo Tribunal
de Contas da União);

c) judicial: é o controle realizado pelo Poder Judiciário sobre a atuação da


Administração Pública.

 quanto ao momento em que se efetua:

a) prévio: é o controle preventivo realizado atos do início da prática do ato


ou antes de sua conclusão;

b) concomitante: ocorre durante o processo de formação do ato controlado;

c) posterior: também chamado de subsequente, é o controle que ocorre


após a conclusão do ato.

 quanto ao aspecto da atividade administrativa controlada:

a) de legalidade ou legitimidade: procura verificar a conformação do ato ou


do procedimento com as normas legais que o regem;

b) de mérito: tem por objetivo comprovar a eficiência e os resultados do ato,


além dos aspectos de conveniência e oportunidade.

Além das classificações acima, o art. 70, caput, da Constituição da República


apresenta um importante dispositivo no que se refere ao controle da
Administração Pública, apresentando o controle, quanto à natureza, em
contábil, financeiro, orçamentário, operacional e patrimonial.

O mencionado dispositivo ainda aborda os aspectos da fiscalização quanto à


legalidade, legitimidade economicidade, aplicação das subvenções e
renúncia de receitas. Vamos, então, detalhar as partes mais relevantes
sobre estes tipos ou formas de controle.

Natureza e aspectos da fiscalização O art. 70, caput, da Constituição da


República apresenta um importante dispositivo no que se refere ao controle
da Administração Pública, vejamos:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções
e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
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Destaco aqui as características dos principais controles:

Controle quanto ao momento

Controle prévio

O controle prévio (preventivo ou a priori) é realizado antes da conclusão ou


da operação do ato, como requisito para a sua eficácia ou validade.

Por exemplo, destaco a liquidação da despesa pública como requisito para


se efetuar o pagamento.

Outro exemplo seria a determinação de aprovação de um projeto de


engenharia por um órgão técnico antes do início da obra.

Controle quando ao aspecto

Quanto ao aspecto, o controle pode ser de legalidade e legitimidade e de


mérito.

O controle de legalidade e legitimidade possui a meta de verificar a


conformação do ato ou procedimento administrativo com as normas legais e
os preceitos administrativos.

Essa é uma hipótese de controle que pode ser exercida tanto pela própria
Administração, quanto pelos Poderes Legislativo e Judiciário.

A diferença é que a Administração o exerce de ofício ou por provocação;


enquanto o Legislativo só poderá exercê-lo nos casos previstos na
Constituição; e, por fim, o Poder Judiciário só atuará mediante provocação,
através da devida ação judicial. Com efeito, os atos ilegais ou ilegítimos são
passíveis apenas de anulação, já que não se pode falar em revogação
daquilo que não se encontra em conformação com a lei.

O controle de mérito, por sua vez, atua sobre a conveniência ou


oportunidade do ato controlado. Logo, é um controle que ocorre sobre os
atos discricionários.

1.Em relação ao controle externo exercido pelo Congresso Nacional, a


fiscalização financeira diz respeito ao acompanhamento da execução do
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orçamento e da verificação dos registros adequados nas rubricas


orçamentárias.

Comentário: a elaboração e execução do orçamento é finalidade da fiscalização


orçamentária, que verifica, entre outras coisas, o adequado registro nas
rubricas orçamentárias. A fiscalização financeira, por outro lado, verifica se a
receita e a despesa estão sendo executadas da forma adequada. Assim, a
questão está errada.

Gabarito: errado.

2. O controle da administração realizado pelo Poder Legislativo com o auxílio do


TCU abrange o denominado controle de economicidade, pelo qual se verifica se
o órgão público procedeu da maneira mais econômica na aplicação da despesa,
atendendo à adequada relação de custobenefício.

Comentário: a economicidade se refere à minimização de custos, sem


comprometimento dos padrões de qualidade. Nessa esteira, busca-se a
adequada relação custo benefício. Ademais, o art. 70 da CR fala em “controle
externo”, que será exercido “pelo Congresso Nacional”. Essa atribuição é
complementada pelo art. 71, caput, que “o controle externo, a cargo do
Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União”. Logo, podemos perceber que a questão está correta.

Gabarito: correto.

3.O controle exercido pela administração direta sobre as autarquias é finalístico,


externo e administrativo e não se baseia na subordinação hierárquica.

Comentário: o Cespe considerou o item como correto, demonstrando que o


entendimento da banca é que o controle exercido pela Administração Direta
sobre as entidades administrativas classifica-se como externo.

Gabarito: correto.
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DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Recurso administrativo

O ideal é utilizarmos o recurso administrativo, dentro do sentido amplo, para


tratar das diversas modalidades direcionadas a propiciar o reexame que
existe das decisões internas da Administração, temos: a reclamação
administrativa, a representação, o pedido de reconsideração, do recurso
hierárquico próprio, o recurso hierárquico impróprio e a revisão, vejamos:

a) reclamação administrativa: aqui o administrado, podendo ser ele servidor


público ou particular, apresenta o seu inconformismo com alguma decisão
administrativa que lhe afete direitos ou interesses.

A palavra chave da reclamação administrativa é que ela ocorre quando o


administrado deseja que a Administração reveja um ato que esteja afetando
um direito ou interesse próprio;

b) representação: denúncia feita por qualquer pessoa sobre


irregularidades. Nessa situação, o administrado não está efetivando uma
reclamação de um direito seu afetado diretamente, mas apenas
apresentando à Administração alguma irregularidade que entende que deve
ser corrigida.

Exemplo: Art. 74, §2º, da CF, estabelece que “qualquer cidadão, partido
político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da
União”.

c) pedido de reconsideração: pedido feito à mesma autoridade que emitiu o


ato, para que esta o aprecie novamente;

d) recurso hierárquico próprio: Nesse caso apresenta-se o recurso


hierárquico ou apenas recurso, em sentido estrito. Trata-se do pedido de
reexame do ato dirigido à autoridade hierarquicamente superior àquela que
editou o ato.

e) recurso hierárquico impróprio: recursos dirigidos a órgãos especializados


na apreciação de recursos específicos e que, portanto, não estão
relacionados hierarquicamente com a autoridade que editou o ato.

Nessa situação, não há hierarquia entre a autoridade que editou a decisão e


aquela que irá analisar o recurso. Em razão de não existir hierarquia, esse
tipo de recurso só é possível quando há previsão legal, atribuindo à
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competência e estabelecendo os limites de seu exercício pelo órgão


controlador.

Exemplo bem recorrente é o recurso direcionado ao Conselho Administrativo


de Recursos Fiscais – CARF, que é um órgão especializado no julgamento de
recursos contra as decisões de delegacias da Secretaria da Receita Federal
do Brasil.

f) revisão: aquele destinado a rever a aplicação de sanções, pelo surgimento


de fatos supervenientes, não conhecidos no momento da decisão original.

Nesse diapasão, a Lei 9.784/1999, como exemplo, estabelece que os


“processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a
qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
aplicada” (art. 65).

Prescrição

A prescrição é a perda do prazo para reclamar um direito pela via judicial, ou


seja, é a perda da possibilidade de defender um direito por meio da
pretensão judicial. Já a preclusão representa a perda do prazo para
determinada manifestação dentro de um processo (administrativo ou
judicial). A diferença entre os dois institutos é que na prescrição se perde a
possibilidade de mover uma ação judicial; enquanto a preclusão é apenas a
superação de um estágio do processo, ao qual não se poderá retornar.

A decadência é a perda do direito em si mesmo, ou seja, a pessoa não se


utiliza de seu direito dentro do prazo previsto em lei e, por esse motivo,
passa a não mais possuir essa prerrogativa.

Desta feita, conclui-se que atos administrativos sofrem limitação temporal


para fins de anulação, buscando preservar, ademais, a estabilidade das
relações jurídicas.

Exercícios

1-O cidadão que denuncie ilegalidades e condutas abusivas praticadas por


determinado servidor do TJDFT no exercício da função pública, mesmo não
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sendo diretamente afetado pela irregularidade perpetrada, deve fazê-lo por


meio do instituto da reclamação.

2- Caso deseje o reexame de decisão relativa a determinado ato


administrativo pela mesma autoridade que a emanou, o interessado
deverá realizar um pedido de reconsideração. Se a autoridade à qual o
interessado se dirigir não ocupar cargo na hierarquia do órgão que emitiu
o ato, o recurso interposto será um recurso hierárquico impróprio.

GABARITO:
1) ERRADO
2) CERTO
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Licitações Públicas

Conceito

Acredito que o primeiro passo nesse momento seja conceituar licitação.


Acredito que o conceito de Maria Sylvia Zanella Di Pietro seja um dos que mais
surgem em provas de Concurso, por isso, vamos a ele:
[...]o melhor conceito é “procedimento administrativo pelo qual um ente
público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados,
que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a
possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará
a mais conveniente para a celebração de contrato”.

É por meio da licitação que a Administração permite a abertura, ao


conjunto de interessados que se sujeitem às condições fixadas no
instrumento convocatório, a possibilidade de apresentação de
proposta. Já o instrumento convocatório, seja esta a carta convite ou o edital,
proporá as condições básicas para participar da licitação e estabelecerá as
normas que deverão ser observadas no contrato que se pretende celebrar.
Desta forma, o atendimento da convocação implica na aceitação das condições
ali estabelecidas.

Surge, com este cenário, a possibilidade de que sejam formuladas


propostas, dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente
para a celebração de contrato, sendo esta a parte final do conceito.

Legislação

Para a análise da lei, julgo como imprescindível que o candidato a concurso se


ligue bem no que diz o inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal de 1988
(CF/88), segundo o qual:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.
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Dando continuidade, o artigo 22, inciso XXVII, da CF/88 impõe como


competência privativa da União legislar sobre “normas gerais de licitação e
contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”, conforme
redação dada pela EC 19/1998.

Desta feita, à União compete estabelecer as normas gerais, aplicáveis a todos


os entes federados, cabendo aos estados, Distrito Federal e municípios
editarem normas específicas. Sendo bem mais detalhado na análise, a União
também pode editar normas específicas, mas que, neste caso, não se aplicaria
aos demais entes federados.

Continuando na Constituição, a EC 19/1998, dando nova redação ao artigo 173,


§1º, da CF, fez previsão para o estatuto jurídico das empresas públicas e
sociedades de economia mista, dispondo, entre outros temas, sobre normas
próprias de licitação e contratação para essas entidades.

A partir de agora, nossa análise tomará por base a Lei 8.666/1993 (Lei de
Licitações e Contratos, LLC, Lei de Licitações, Estatuto geral das licitações ou
somente Estatuto). Assim, quando não houver menção sobre qual lei estamos
falando ou sobre qual lei se refere os dispositivos mencionados, estaremos
tratando da Lei 8.666/1993.

Destinatários

A quem deve se aplicar a LEI DE LICITAÇÕES PÚBLICAS???

O artigo 1º da Lei de Licitações demonstra o seu campo de aplicação da


seguinte forma:
Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da


administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações
públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. (grifos nossos)
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Nunca podemos esquecer, em contrapartida, que a EC 19/1998 deu permissão


para a elaboração de legislação própria para empresas públicas e
sociedades de economia mista. Entretanto, como a mencionada lei ainda
não foi editada, essas entidades permanecem obrigadas a seguir a Lei de
Licitações. Ou seja, há possibilidade de que Empresas Públicas e Sociedades de
Economia Mistas, exploradoras de atividades econômicas, tenham critérios
diferenciados de Licitações, desde que estejam em regime de livre
concorrência.

O entendimento MAJORITÁRIO na doutrina e jurisprudência é de que as


entidades estatais que explorem atividades econômicas em sentido estrito não
precisam licitar quando o contrato que pretendem celebrar tenha objeto
relacionado às atividades-fim da entidade.

Finalidade

Perceba o que aduz o art. 3º, da LLC:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e
será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. (grifos nossos)

É costumeiro, também, em provas de Concursos, trocar FINALIDADES por


OBJETIVOS.

Organizando:

- Garantir a observância do princípio constitucional da isonomia


- Seleção da proposta mais vantajosa
- Promoção do desenvolvimento nacional sustentável

Assim sendo, incluíram-se margens de preferência na Lei de Licitações, a


exemplo da previsão o §5º do artigo 3º (grifou-se): “Nos processos de licitação
previstos no caput, poderá ser estabelecido margem de preferência para
produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas
técnicas brasileiras”.

Princípios

Facilitando o estudo de vocês, peço que façam uso desta super Regra
de memória: L-I-M-P-I VIN – PR –A – JULGAMENTO

L egalidade
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I mpessoalidade
M oralidade
P ublicidade
I gualdade entre as propostas

VIN culação ao instrumento convocatório


PR obidade administrativa
A djudicação compulsória

JULGAMENTO objetivo das propostas

O artigo 3º apresentado acima traz como princípios básicos da licitação a:

De acordo com o que aduz o §3º da Lei 8.666/1993 a licitação “não será
sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento,
salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.

Por meio desta exceção dá-se origem a outro princípio da licitação, qual seja o
sigilo na apresentação das propostas.

O artigo 4º dá o direito a qualquer cidadão para acompanhar o


desenvolvimento da licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou
impedir a realização dos trabalhos. Além disso, diversos outros dispositivos
constituem aplicação do princípio da publicidade, constituindo meios para a
ampla fiscalização sobre a legalidade do procedimento.

- Vinculação ao instrumento convocatório: Conforme é trazido no artigo 41,


“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual
se acha estritamente vinculada”.

Dando sequência, o inciso V do artigo 43 estabelece que o: “julgamento e


classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação
constantes do edital”.

Assim sendo, o edital constitui a lei interna da licitação, ao qual estão


vinculados a entidade licitante e todos os concorrentes;

- Julgamento objetivo: Este é puro REFLEXO do princípio da legalidade,


estipulando que o julgamento das propostas haverá de ser feito de acordo com
os critérios fixados no edital. Esse princípio decorre também do artigo 45, que
aduz o seguinte:

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de


licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os
tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele
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referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos


de controle.

Conforme é estipulado no artigo 3º, da LLC, além de apresentar os princípios


expressos, estabelece, ao seu final, que se aplicam também os princípios que
“lhes são correlatos”.

Exercícios:

1- Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

2- Qualquer pessoa poderá acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde


que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
Além disso, diversos outros dispositivos constituem aplicação do princípio da
publicidade, constituindo meios para a ampla fiscalização sobre a legalidade do
procedimento.

3- Subordinam-se ao regime da Lei de Licitações Públicas, além dos órgãos da


administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas,
as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Gabarito:

1- CERTO
2- ERRADO
3- CERTO
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Objeto

O objeto de um procedimento de licitação “é a obra, o serviço, a compra, a alienação,


a concessão, a permissão e a locação que, afinal, será contratada com o particular”.

Sendo assim, percebe-se que, o objeto da licitação confunde-se com o próprio objeto
do contrato.

Fiquem atentos para algumas definições apresentadas pela própria Lei 8.666/1993
(art. 6º):

obra: toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por


execução direta ou indireta;
serviço: - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a
Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação,
conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens,
publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
compra: toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou
parceladamente;
alienação: toda transferência de domínio de bens a terceiros;

A concessão e a permissão são formas de delegação de serviços públicos previstas


no artigo 175 da CF/88.

Para concluir, a locação ocorre quando um proprietário cede determinado bem para
utilização de terceiros.

Modalidades da Licitação

O artigo 22 da Lei 8.666/1993 estabelece as seguintes modalidades de licitação:


concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão.

Além dessas, a Lei 10.520/2002 instituiu a modalidade de licitação chamada pregão.


Por fim, a Lei 9.472/1997, Lei da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
criou a modalidade chamada consulta, aplicável às demais agências reguladoras por
determinação do artigo 37 da Lei 9.986/2000.

Um dos dispositivos que mais surgem em prova de Concursos é o §8º do artigo 22 da


Lei de Licitações, que veda expressamente a criação de outras modalidades de
licitação ou a combinação das modalidades nela referidas.

A análise desse dispositivo, merece ser compreendido como uma vedação para que
se criem novas modalidades de licitação por atos administrativos, decretos ou lei
federal, estadual ou municipal. Porém, a criação de novas modalidades por meio de
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lei nacional é permitida, a exemplo da Lei 10.520/2002, que é uma lei nacional,
aplicável a todos os entes federados.

O critério para escolha da concorrência, tomada de preços ou convite –


conhecidas como modalidades comuns –, em geral, decorre do valor do objeto a
ser licitado.

O convite é aplicável para obras e serviços de engenharia até o valor de R$ 330


mil e para compras e demais serviços o limite é de R$ 176 mil.

Já a tomada de preços (TP) pode ser utilizada em obras e serviços de


engenharia de até R$ 3,3 milhões e para compras e demais serviços o valor
máximo é de R$ 1,43 milhões. Acima desses valores, aplica-se a concorrência.
§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o
valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis,
ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de uso e nas
licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste
artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro
internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem ou
serviço no País.
Analisemos cada uma das modalidades, com suas principais características:

Concorrência

Esta é, sem dúvida, a mais complexa das modalidades comuns, sendo aplicada em
licitações de maior vulto, precedida sempre de ampla publicidade.

De acordo com o §1º do artigo 22, a concorrência é a modalidade de licitação entre


quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar,
comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
execução de seu objeto.

Essa é a mais complexa modalidade de licitação, podendo ser aplicada, em tese, em


qualquer situação quando o critério de escolha for o valor. Apresenta como
características principais a universalidade e a ampla publicidade:

O QUE SIGINIFICA ISTO?

Universalidade: É a possibilidade de participação de quaisquer interessados


que, na fase de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital, independentemente de registro cadastral;

Ampla publicidade: AQUI se entende que a divulgação da concorrência deverá


ocorrer por todos os meios disponíveis, por tantas vezes quantas julgar necessária.

A publicidade da concorrência é a mais ampla. Além do prazo mais dilatado entre a


publicação do edital e o recebimento das propostas ou da realização do evento, deve-
se buscar divulgar os meios em jornais, internet ou outros meios.
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Aproveito o ensejo para apresentar os prazos exigidos pela Lei entre a publicação do
edital e recebimento das propostas ou da realização do evento (artigo 21, §2º e
incisos):

Prazo: 45 dias

Situação:

a) concurso ou
b) concorrência, para o regime de empreitada integral ou quando a licitação for
do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço";

Prazo: 30 dias

Ocorrência:
c) concorrência, nos casos não especificados acima; ou
d) tomada de preços, quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica
e preço";

Prazo: 15 dias

Ocorrência:

e) tomada de preços, nos casos não especificados acima; ou


f) leilão;

Prazo: 5 dias úteis

g) convite.

De acordo com o §4º, art. 21, qualquer modificação no edital exige divulgação pela
mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente
estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a
formulação das propostas.

Voltando para a concorrência, podemos destacar ainda outra característica dessa


modalidade, que é a fase de habilitação preliminar, realizada após a abertura do
procedimento (publicação do resumo do edital).

Para que seja aplicada a modalidade concorrência não se deve analisar apenas o
preço. A LLC estabelece outros casos que exigem a utilização dessa modalidade,
independentemente do valor do objeto.

Vejamos então os casos em que a concorrência é obrigatória:


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a) obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ 3.300.000,00 (três


milhões e trezentos mil reais);

b) compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a R$


1.430,00 (um milhão e quatrocentos e trinta mil reais);

c) compra e alienação de bens imóveis, qualquer que seja o seu valor,


ressalvado o disposto no artigo 19, que admite concorrência ou leilão para alienação
de bens adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dação em pagamento
(§3º do artigo 23);

d) concessões de direito real de uso (§3º do art. 23);

e) licitações internacionais. Porém, a Lei admite uma exceção em que se poderá


utilizar a tomada de preços e outra em que se poderá utilizar o convite. De acordo
com o §3º do art. 23, a concorrência é obrigatória:
[...] nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os
limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser
de cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não houver
fornecedor do bem ou serviço no País.

f) alienação de bens móveis de valor superior a R$ 1.430.000 (‘’);

g) registro de preços (art. 15, §3º, I) ressalvadas as hipóteses de utilização do


pregão, conforme artigos 11 e 12 da Lei 10.520/2002;

h) concessão de serviço público (art. 2º, II, da Lei 8.987/1995);

i) parcerias público-privadas (PPP), conforme art. 10 da Lei 11.079/2004.

Tomada de preços

É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que


atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária
qualificação (art. 22, §2º, Lei 866/1993).

Esta modalidade admite a participação de duas espécies de concorrentes: os


cadastrados, que já comprovaram e momento anterior ao da licitação o
preenchimento dos requisitos previstos no edital para a execução do contrato; e os
não cadastrados, que poderão apresentar a documentação comprobatória até o
terceiro dia útil anterior à data do recebimento das propostas.

Ela é utilizada para celebração de contratos relativos a obras, serviços e compras de


menor vulto quanto comparada com concorrência. Assim como na concorrência, o
julgamento é realizado por uma comissão composta por três membros.

É a modalidade aplicável nas seguintes situações:


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a) obras e serviços de engenharia com valor estimado de até R$ 3.300.000,00


(três milhões e trezentos mil reais);

b) compras e serviços que não de engenharia até o valor estimado de R$


1.430.000,00 (um milhão quatrocentos e trinta mil reais);

c) em licitações internacionais, desde que preenchidas as seguintes condições:

- O órgão ou entidade disponha de cadastro internacional de fornecedores;


- O valor estimado do contrato a ser celebrado não ultrapasse o limite de valor para a
TP;

Convite

O convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao


seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de
3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte
e quatro) horas da apresentação das propostas .

A MODALIDADE convite é a menos complexa, a mais simples das três comuns. Assim,
a comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades
administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser
substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente (art.
51, §1º).

A diferença fundamental em relação a outras modalidades é que o convite utiliza a


carta convite no lugar do edital para fins de convocação dos participantes. Esse
instrumento não precisa ser publicado em diário oficial, mas deve ser afixado em local
apropriado para que os demais cadastrados possam participar.

Resumindo, há dois grupos de possíveis participantes. O primeiro envolve os


concorrentes, cadastrados ou não, em número mínimo de três, aos quais a
Administração envia a carta-convite. O segundo grupo é formado pelos demais
cadastrados, que poderão manifestar interesse em participar com antecedência
mínima de até 24 horas da apresentação da proposta.

Existe como convidar menos de 3, excepcionalmente?


Há possibilidade de convidar menos do que três interessados quando, por
limitações de mercado ou manifesto desinteresse, seja impossível a obtenção do
número mínimo de licitantes. Essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite (art. 22, §7º).

Poderão ser convidados mais de 3?

Por outro lado, quando existirem mais do que três possíveis interessados, a
cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o
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convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não


convidados nas últimas licitações (art. 22, §6º).

Concluindo, essa é a modalidade aplicável nas seguintes situações:

a) obras e serviços de engenharia com valor estimado em até R$ 330.000,00


(trezentos e trinta mil reais);

b) compras e demais serviços com valor estimado em até R$ 176.000,00 (cento e


setenta e seis mil reais);

c) licitações internacionais, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no


Brasil, observados os limites de valor apresentados acima.

Concurso

O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha


de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios
ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado
na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias
(art. 22, §4º).

Aqui, não interessa mais o valor, o que nos interessa é a natureza do objeto.

O procedimento dessa modalidade é bem diferente do utilizado nas modalidades


comuns. O julgamento é realizado por uma comissão especial integrada por
pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
servidores públicos ou não.

Ademais, os tipos de licitação previstos no artigo 45 da Lei 8.666/1993 não se aplicam


para essa modalidade, conforme contas no §1º daquele artigo (grifou-se): “Para os
efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade
concurso”.

O artigo 52 da Lei determina que o concurso deverá ser precedido de regulamento


próprio, a ser obtido pelos interessados no local indicado no edital, indicando pelo
menos: I - a qualificação exigida dos participantes; II - as diretrizes e a forma de
apresentação do trabalho; III - as condições de realização do concurso e os prêmios a
serem concedidos.

O concurso destina-se à contratação de trabalhos técnico, científico ou artístico, a


exemplo de obras de artes, projetos arquitetônicos, monografias, etc. Dessa forma, os
critérios de avaliação serão distintos para cada processo, tendo em vista às
peculiaridades do tipo de aquisição.

Para concluir, é importante não fazer confusão ente o concurso, como modalidade de
licitação realizada com o objetivo de contratar trabalhos; com o concurso público,
utilizado, nos termos do inciso II do art. 37 da CF/88, para selecionar pessoas para
ocupar cargos/empregos públicos.
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Leilão

De acordo com o §5º do art. 22, o leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor
da avaliação, dos seguintes bens:

a) bens móveis inservíveis para a administração;


b) produtos legalmente apreendidos ou penhorados; ou

c) para a alienação de bens imóveis, em que a aquisição derivou de procedimentos


judiciais ou dação em pagamento, conforme determina os art. 19, III.

CUIDADO!!! Não é em todos os casos, porém, que se pode utilizar o leilão para a
alienação de bens móveis. O Estatuto de Licitações define como limite o valor de R$
1,43 milhões, acima desse valor deve-se utilizar a concorrência.

Com efeito, o artigo 53 estabelece que o leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial
ou a servidor designado pela Administração. Além disso, todo bem a ser leiloado
será previamente avaliado pela Administração para fixação do preço mínimo
de arrematação.

Os bens arrematados serão pagos à vista ou no percentual estabelecido no edital,


não inferior a 5% (cinco por cento), com exceção dos leilões internacionais, nos
quais o pagamento da parcela à vista poderá ser feito em
até vinte e quatro horas.

Finalizando, o §5º do artigo 53 estabelece, para fins de atendimento do princípio da


publicidade, que o edital de leilão deve ser amplamente divulgado, principalmente no
município em que se realizará.

Exercícios:

1- A Tomada de preços é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor


de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto
na Lei, como nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais,
admitindo-se neste último caso, observados os limites da Lei, a tomada de preços,
quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o
convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.

2- Quando existirem 3 possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para


objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um
interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

3- Há possibilidade de convidar menos do que três interessados quando, por


limitações de mercado ou manifesto desinteresse, seja impossível a obtenção do
número mínimo de licitantes. Essas circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
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Gabarito:

1- Errado
2- Errado
3- Certo
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Obrigatoriedade

O artigo 37, inciso XXI, da CF/88 determina ASSIM:

“ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes.

Já a Lei de Licitações, objeto de nosso estudo, em seu artigo 2º, diz que as obras,
serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões,
permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com
terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as
hipóteses previstas nesta Lei.

Inexigibilidade de licitação

DICA: LEMBRE-SE DE INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO

Esta surge no momento em que se percebe que há inviabilidade jurídica de


competição entre contratantes, seja pela natureza específica do negócio, seja pelos
objetivos sociais visados pela Administração.

As situações de inexigibilidade são vinculadas.

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Imagina aí que uma prefeitura municipal deseje contratar a


cantora Ivete Sangalo, diretamente ou através de seu empresário exclusivo, como
fazer uma competição nessa situação? Agora, pense em uma situação em que um
órgão, localizado no interior da Amazônia, em um município em que só existe um
fornecedor de pneus. Como fazer a competição se só há um fornecedor?

São situações como essas em que se aplica a inexigibilidade de licitação.

Vamos ao que diz a LEI 8666:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em


especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser


fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em
que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
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II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei,


de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou


através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou
pela opinião pública.

A primeira observação que devemos fazer é que o rol de situações apresentadas no


artigo 25 é apenas exemplificativo. Isso quer dizer que a inexigibilidade não ocorre
apenas nas três situações apresentadas no artigo.

SE a prova trouxer algo que transpareça inviabilidade de competição, estará


presente um caso de inexigibilidade.

Produtor ou vendedor exclusivo

Essa primeira situação, que é produtor, empresa ou representante comercial


exclusivo, é bem óbvia.

Ora, se só há uma pessoa disponível para fornecer o produto ou serviço, seria


INVIÁVEL realizar uma licitação.

Serviços técnicos profissionais especializados

O que ocorre no item II é bem mais complexo.

De acordo com que aduz o Tribunal de Contas da União (Súmula 252/2010), devem
estar presentes, simultaneamente, três requisitos para que ocorra a inexigibilidade
prevista no inciso II do artigo 25 da Lei 8.666/1993:

 serviço técnico especializado, entre os mencionados no artigo 13 da Lei;


 natureza singular do serviço; e
 notória especialização do contratado.

O artigo 13 dispõe sobre os serviços técnicos profissionais especializados da seguinte


forma:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais
especializados os trabalhos relativos a:

I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos;


II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias;
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IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;


V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

§ 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a


prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão,
preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com
estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
[...]
§ 3o A empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente
relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como
elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, ficará obrigada
a garantir que os referidos integrantes realizem pessoal e diretamente os
serviços objeto do contrato. (grifos nossos)

A natureza singular surge de características próprias e específicas do objeto


do contrato.

Assim, trata-se de dupla singularidade:

(1) da situação que motivou o contrato;

(2) dos serviços prestados pelo especialista.

Contratação de artistas

A situação derradeira ocorre na contratação de profissionais de qualquer setor


artístico, a exemplo dos músicos.

Vai acontecer diretamente ou mediante empresário exclusivo. Além disso, é


imprescindível que o profissional seja consagrado pela crítica especializada ou
pelo público em geral.

Dispensa de licitação

Neste caso, apesar de existir a possibilidade de competição, o legislador pode


autorizar ou determinar que a Administração não realize a licitação.

Diferentemente da inexigibilidade, as hipóteses de dispensa estão taxativamente


previstas em lei. Dessa forma, a Administração não pode ampliar discricionariamente
as hipóteses de dispensa.
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A forma de contratação direta por dispensa de licitação divide-se em licitação


dispensada e licitação dispensável.

Licitação dispensada (vedações)

As hipóteses em que a licitação é dispensada estão expressamente previstas no


artigo 17 da Lei 8.666/1993. São casos em que, apesar de ser viável a competição, a
Lei determina que não se realize licitação.

Em sua completude, as hipóteses de licitação dispensada se referem à alienação de


bens imóveis ou móveis, previstas respectivamente nos incisos I e II do artigo 17.

Não quer dizer que todas as situações de alienação são de licitação dispensada, mas
que todos os casos de licitação dispensada são de alienação de bens.

Compreenda os casos em que se exige licitação para alienação de bens.

Referindo-se a bens imóveis, para a administração direta, autárquica e


fundacional, exige-se:

1. autorização legislativa;
2. existência de interesse público devidamente justificado;
3. avaliação prévia;
4. licitação na modalidade de concorrência, admitindo-se o leilão nos casos
previstos no artigo 19 da Lei (bens oriundos de dação em pagamento ou
procedimentos judiciais);

Para as empresas públicas e sociedades de economia mista não se exige autorização


legislativa.
Tratando-se de bens móveis, para todas as entidades da Administração, exige-se:
1. existência de interesse público devidamente justificado;
2. avaliação prévia;
3. licitação – neste caso a Lei não especifica a modalidade.
Para a alienação de bens imóveis, a licitação é dispensada nas seguintes
situações (art. 17, inciso I):

a) dação em pagamento;

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração


pública;

c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art.
24 (compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas
da administração);

d) investidura;
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e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera


de governo;

f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de


uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis residenciais construídos,
destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social;

g) procedimentos de legitimação de posse

h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de


uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito
local com área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) e inseridos no
âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por
órgãos ou entidades da administração pública; e

i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de


terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até
o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para
fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais.

Dispensável

As hipóteses de licitação dispensável encontram-se taxativamente previstas no artigo


24 da Lei de Licitações. AS BANCAS DE CONCURSOS, quando trazem esse assunto
costumam dividir as hipóteses de licitação dispensável em quatro grupos, vejamos:

 em razão do pequeno valor (incisos I e II do artigo 24): o até R$ 33.000,00


(trinta e três mil reais) para obras e serviços de engenharia (10% do valor previsto
no artigo 23, I, a); o até R$ 17.600,00 (dezessete mil seiscentos reais) para
compras e serviços que não sejam de engenharia (10% do valor previsto no artigo
23, II, a).

Para consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e


para as autarquias ou fundações qualificadas como Agências Executivas, os
limites acima são aplicados em dobro (20%).

 em razão da situação (art. 24): nos casos de guerra ou grave perturbação


da ordem (inciso III); nos casos de emergência ou de calamidade pública,
quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta)
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos (inciso IV);
licitação deserta ou frustrada – quando não acudirem interessados à licitação
anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas (inciso V);
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quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou
normalizar o abastecimento – por exemplo: a União adquire determinado bem e o
coloca no mercado para baixar os preços e normalizar o abastecimento do produto
(inciso VI); quando as propostas apresentadas consignarem preços
manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes (inciso VII) – a
Administração deve dar oito dias úteis para apresentação de novas propostas; quando
houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos
estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional (inciso IX); na contratação de remanescente de obra, serviço ou
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, desde que atendida a
ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições
oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
corrigido (inciso XI); para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo
internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as
condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público (inciso
XIV); nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento
quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional
ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a
normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao
limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 – R$ 80.000,00 – (inciso XVIII),
Com a atualização promovida pelo Decreto 9.412/2018, o valor mencionado
passa a ser de R$ 176 mil; na contratação da coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou
cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda
reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso
de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública
(inciso XXVII); e para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no
País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade
máxima do órgão (inciso XXVIII);

 em razão do objeto (art. 24):

para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades


precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de
mercado, segundo avaliação prévia (inciso X); nas compras de hortifrutigranjeiros,
pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço
do dia (inciso XII); para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos
históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou
inerentes às finalidades do órgão ou entidade (inciso XV); para a aquisição de
componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à
manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao
fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade
for indispensável para a vigência da garantia (inciso XVII); para as compras de
material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso
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pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização


requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
mediante parecer de comissão instituída por decreto (inciso XIX); para a aquisição
de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e
tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por
outras instituições de fomento à pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim
específico (inciso XXI); na contratação realizada por Instituição Científica e
Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia
e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida (inciso
XXV); na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos
contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em
operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força (inciso
XXIX); na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem
fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão
rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal
(inciso XXX); na contratação em que houver transferência de tecnologia de
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as
etapas de absorção tecnológica (inciso XXXII);

 em razão da pessoa

EXERCÍCIOS

1- NÃO é hipótese de contrato sujeito à licitação dispensável:

a) Aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser fornecidos


por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo.
b) Fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer
de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.
c) Compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas
da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua
escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
avaliação prévia.
d) Aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade
certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
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2- No que tange a licitação é correto afirmar que

a) licitação inexigível é aquela em que a lei confere ao administrador a possibilidade


discricionária de realizar ou não a licitação.
b) licitação dispensável é aquela onde não há a possibilidade de concorrência, por
isso a contratação é feita sem procedimento licitatório.
c) não existe a possibilidade de excepcionar a obrigatoriedade de licitação no Brasil.
d) na licitação dispensada, a própria lei estabelece previamente as hipóteses onde
não será necessária a licitação.

3- A venda de bens imóveis da administração pública, quando se sujeita à licitação


deve ser realizada

a) sempre na modalidade de concorrência.


b) na modalidade de concorrência, tendo como exceção as hipóteses de imóveis
adquiridos em procedimentos judiciais ou por dação em pagamento.
c) por leilão, em regra.
d) pela modalidade adequada ao preço do imóvel, podendo ser concorrência, tomada
de preços, convite ou leilão.

GABARITO:

1- A
2- D
3- B
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DIREITO ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO
Procedimento

Há duas fases, de acordo com a doutrina, para a LICITAÇÃO:

 fase interna: segundo o artigo 38 da LLC, o procedimento da licitação será


iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente
autuado, protocolado e numerado, contendo:

(1) a autorização respectiva,


(2) a indicação sucinta de seu objeto e
(3) do recurso próprio para a despesa;

 fase externa:

Observação FATAL: Aqui deve abrir uma audiência pública (somente para licitações
de grande vulto), depois segue para a publicação do resumo do edital ou convite,
recebimento da documentação, habilitação, julgamento das propostas, homologação
e adjudicação.

Audiência pública

CABE ao Poder Público realizar a audiência pública, antes da publicação do edital,


sempre que o valor estimado para a licitação ou para um conjunto de licitações
simultâneas ou sucessivas for superior a R$ 330.000.000,00 (trezentos e trinta
milhões) – cem vezes o valor previsto no artigo 23, I, “c”. O valor corresponde a 100 x
o valor da modalidade concorrência para obras e serviços de engenharia = 100 x R$
3,3 milhões de acordo com os novos valores atualizados das modalidades de licitação
do Decreto 9.412/2018.

Este procedimento serve para fornecer informações aos possíveis interessados e


permitir que eles se manifestem sobre o objeto a ser licitado.

Cabe a autoridade responsável realiza-la, com antecedência mínima de 15 (quinze)


dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulga-la, com a
antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos
meios previstos para a publicidade da licitação.

Audiência pública:
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Realização: 15 dias úteis da publicação do edital;


Divulgação: 10 dias úteis da sua realização.

Edital

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da
repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o
tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora
para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da
abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, [...]: (grifos nossos)

No edital deve conter o prazo e condições para assinatura do contrato ou


retirada dos instrumentos para execução do contrato e para entrega do objeto da
licitação. Deve dispor também sobre as sanções para o caso de inadimplemento;
condições para participação (habilitação) e apresentação das propostas; critérios
objetivamente estabelecidos para julgamento das propostas; locais, horários e
códigos para obter informações e esclarecimentos; instruções e normas para os
recursos; e condições de recebimento do objeto da licitação.

Nesse documento deve ser indicado onde se pode encontrar o projeto básico e se
há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação e o local
onde possa ser examinado e adquirido.

O §2º do artigo 40 determina que constituem anexos do edital, dele fazendo parte
integrante, os seguintes documentos:

I. o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, desenhos,


especificações e outros complementos;

II. orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários;

III. a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor;

IV. as especificações complementares e as normas de execução pertinentes à


licitação.

Não esqueça de que ainda existe a carta convite, que é o instrumento convocatório
utilizado na modalidade de licitação chamada de convite.

É bem menos complexo que o edital, que dispensa a publicação, devendo, no


entanto, ser encaminhado a pelo menos três interessados e afixado em local
adequada para permitir a participação de outros interessados que manifestarem
interesse até 24 horas antes da abertura das propostas. As regras previstas para o
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edital se aplicam, no que for cabível, ao convite, resguardada a simplicidade deste


último documento.

Habilitação

Nesta fase irá se verificar se o interessado em firmar o contrato com o Poder Público
possui os requisitos necessários para a adequada execução de seu objeto. Nesta fase,
ocorre a abertura dos envelopes com a “documentação” de habilitação da empresa,
juntamente com a apreciação desses documentos.

Dessa forma, o artigo 27 dispõe o seguinte:


Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente,
documentação relativa a:
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
IV - regularidade fiscal e trabalhista;
V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.

A habilitação jurídica tem o escopo de verificar se o licitante possui aptidão para


adquirir direitos e contrair obrigações (identidade, registro comercial, ato constitutivo,
etc.).

A qualificação técnica faz menção à capacidade ou aptidão de desempenho para


cumprir o objeto da licitação (registro ou inscrição em entidade profissional,
comprovantes da existência de aparelhamento e de pessoal qualificado, provas de
atendimento dos requisitos, etc.).

A qualificação econômico financeira tem a meta de verificar se o contratado


apresenta condições de satisfazer os encargos econômicos oriundos da execução do
contrato (balanço patrimonial, certidão negativa de falência ou concordata, etc.).

A regularidade fiscal faz menção às condições da empresa frente ao fisco (CPF,


CNPJ, inscrição no cadastro de contribuintes, regularidade com as fazendas federal,
estadual e municipal, regularidade com Seguro Social e FGTS).

O inciso V versa acerca da proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a


menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.

Julgamento das propostas

Comissão de licitação

O inciso XVI do artigo 6ª, define Comissão - Comissão, permanente ou especial, criada
pela Administração com a função de receber, examinar e julgar todos os
documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitantes.
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Logo, é função da comissão:

Receber, examinar e julgar os documentos e procedimentos, tanto da licitação


quanto do cadastramento de licitantes.

Assim sendo, a comissão é a responsável pela habilitação dos participantes e pelo


julgamento das propostas.

Além disso, o §3o dispõe que os membros das comissões de licitação responderão
solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão, salvo se posição
individual divergente estiver devidamente fundamentada e registrada em ata
lavrada na reunião em que tiver sido tomada a decisão.

Estas comissões serão permanentes, quando constituídas para os certames


rotineiros da Administração, e especiais, quando instituídas para um objeto
específico, como a contratação de um sistema de TI ou a construção de um prédio
novo.

Por fim, o §5º do artigo 51 salienta que, no caso de concurso, o julgamento será feito
por uma comissão especial integrada por pessoas de reputação ilibada e
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou
não.

EXERCÍCIOS

1- O projeto básico — conjunto de elementos necessários e suficientes para


caracterizar a obra ou serviço objeto da licitação — deve ser elaborado com base nos
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica, o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, as condições de avaliação do
custo e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo sempre conter
orçamento detalhado e global da obra, sob pena de nulidade.
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2- O princípio da impessoalidade, no que se refere à execução de obras públicas,


proíbe a subcontratação de empresas para a execução de parte do serviço licitado,
porquanto a escolha pessoal do subcontratado pelo contratado viola o interesse
público.

3- O edital de licitação, no caso de licitações pertinentes a obras e serviços, deve


incluir os requisitos mínimos exigidos para a aptidão técnica dos interessados,
devendo a comprovação desses requisitos ser feita por atestados registrados nas
entidades profissionais competentes, fornecidos por pessoas jurídicas de direito
público ou privado.

Gabarito:

1- CERTO
2- ERRADO
3- CERTO
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DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Tipos de licitação

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação
ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar
sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. (grifos nossos)

Existem quatro tipos de licitação, vamos a eles:

 menor preço: O que será mais importante para a Administração, a título de


seleção da proposta mais vantajosa para a Administração é determinar que será
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações
do edital ou convite e ofertar o menor preço.

 melhor técnica;

 técnica e preço;

 maior lance ou oferta: nos casos de alienação de bens ou concessão de direito


real de uso.

A “melhor técnica” e a “técnica e preço” destinam-se exclusivamente para os


serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial
(exemplificativo) na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos. A
licitação de técnica e preço aplica-se, ainda, na aquisição de bens e serviços de
informática não enquadrados como comuns.

Em se tratando da licitação do tipo “melhor técnica”, ocorre o seguinte:

1) são observadas as propostas técnicas dos licitantes;

2) logo após são abertos os envelopes das propostas de preço, no meio daqueles que
obtiveram a valoração mínima (não desclassificados) na etapa anterior;

3) inicia-se a negociação com o licitante que apresentou a melhor proposta técnica. O


objetivo é adequar a proposta de preço do licitante com a melhor proposta técnica ao
preço ofertado pelo candidato que obteve a melhor proposta de preço;
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4) caso a negociação com o primeiro colocado não obtenha sucesso, segue-se para a
negociação com o segundo colocado, seguindo dessa forma até que se obtenha
sucesso na negociação.

Assim você percebe que a proposta de preço tem um relevo maior que a proposta
técnica.

No tipo de licitação de “técnica e preço” a classificação dos proponentes far-se-á de


acordo com a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de
preço, de acordo com os pesos preestabelecidos
no instrumento convocatório. Dessa forma, as propostas de técnica e de preço são
analisadas simultaneamente, consagrando-se vencedor o interessado que obtiver a
melhor média ponderada entre as duas propostas.

De acordo com o artigo 5º da Lei 8.666/93, todos os valores, preços e custos


utilizados nas licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
nacional, salvo nos casos de licitação internacional (quando poderá ser permitida a
cotação em moeda estrangeira).

Homologação e adjudicação

Após a divulgação do resultado, com a escolha da proposta vencedora, a comissão de


licitação deve encaminhar o processo para a autoridade competente, encerrando-se,
assim, o seu papel. Após o julgamento das propostas, ocorrerá a deliberação da
autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto da
licitação.

A homologação corresponde a aprovação do procedimento; ela surge anteriormente


ao exame dos atos que o integram pela autoridade competente, a qual, se verificar
algum vício de ilegalidade, anulará o procedimento ou determinará o seu saneamento
(correção), quando possível.

Se tudo estiver correto, ocorrerá a homologação.

Assim que houver a homologação, surgem para a autoridade competente três


alternativas:

 Confirmar o julgamento, homologando-o;

 Ordenar a retificação da classificação, no todo ou em parte, se verificar


irregularidade corrigível no julgamento; ou

 Anular o julgamento, ou todo o procedimento, se encontrar irregularidade insanável


e prejudicial ao certame em qualquer fase da licitação.

A adjudicação, por sua vez, é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade
competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação para
subsequente celebração do contrato. É um ato declaratório vinculado pelo qual a
Administração determina quem foi o vencedor da licitação.
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Efeitos jurídicos da adjudicação:

a) O ato de aquisição do direito de contratar com a Administração nos termos


em que o adjudicatário venceu a licitação;

b) A vinculação do adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no edital e aos


prometidos na proposta;

c) A sujeição do adjudicatário às penalidades previstas no edital e normas legais


pertinentes se não assinar o contrato no prazo e condições estabelecidas;

d) O impedimento de a Administração contratar o objeto licitado com outrem;

e) A liberação dos licitantes vencidos de todos os encargos da licitação e o direito de


retirarem os documentos e levantarem as garantias oferecidas, salvo se obrigados a
aguardar a efetivação do contrato por disposição do edital ou legal.

Depois de devidamente homologados o resultado e a própria licitação, presume-se


que a Administração tem interesse na atividade a ser contratada.

Desse modo, é correto considerar-se que o vencedor tem inafastável direito à


adjudicação e, consequentemente, ao próprio contrato.

Exercícios

1- De acordo com a Lei 8.666, passado o resultado, após a devida escolha da


proposta vencedora, a comissão de licitação deve encaminhar o processo para a
autoridade competente, encerrando-se, assim, o seu papel. Após o julgamento das
propostas, ocorrerá a deliberação da autoridade competente quanto à homologação
e adjudicação do objeto da licitação.

2- Conforme estabelecido na Lei 8.666/93, todos os valores, preços e custos utilizados


nas licitações terão como expressão monetária a moeda corrente nacional,
inclusive em se tratando de licitação internacional, hipótese em que não poderá ser
permitida a cotação em moeda estrangeira.

GABARITO
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1- CERTO
2- ERRADO
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DIREITO
ADMINISTRATIVO
PROF LUCAS NETO

Revogação e anulação

As regras para revogação e anulação estão vazadas no artigo 49 da seguinte


forma:

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar
tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
§ 1o A anulação do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não gera
obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59
desta Lei.
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato, ressalvado o
disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
§ 3o No caso de desfazimento do processo licitatório, fica assegurado o
contraditório e a ampla defesa.
§ 4o O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se aos atos do
procedimento de dispensa e de inexigibilidade de licitação.

O artigo 59, mencionado nos parágrafos 1º e 2º, determina que a declaração de


nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos
jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já
produzidos. Contudo, a nulidade não exonera a Administração do dever de
indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela
for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que
não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu
causa. A anulação da licitação decorre de ilegalidade, operando efeitos
retroativos (ex tunc), pois o ato ilegal não produz consequências jurídicas nem
gera direitos ou obrigações entre as partes, podendo ser declarada pela
Administração ou pelo Poder Judiciário. Assim, a anulação do procedimento
licitatório não gera o dever de indenizar. Entretanto, a nulidade do contrato não
exonera a Administração do dever de indenizar o contratado por aquilo que
tiver realizado até a data em que for declarada e por eventuais prejuízos
regularmente comprovados, desde que o contratado não tenha sido o
responsável pelo ato ilegal.
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A revogação, por sua vez, ocorre por motivos de conveniência e


oportunidade. Dessa forma, só pode ser declarada exclusivamente pela
Administração. São efeitos não são retroativos (ex nunc), uma vez que a
revogação opera sobre atos válidos e eficazes, eis o motivo de obrigar o Poder
Público a indenizar o adjudicatário prejudicado. A Lei restringe os casos em que
é possível revogar a licitação, admitindo apenas nas em decorrência de fatos
supervenientes (fatos novos) devidamente comprovados, pertinente e
suficiente para justificar a revogação (art. 49, caput).
Com efeito, tanto a anulação quanto a revogação devem ser devidamente
justificadas, demonstrando a ocorrência do motivo e a lisura do Poder Público.
É importante destacar que a anulação poder ser total ou parcial, enquanto não
é possível revogar um simples ato do procedimento, como o julgamento. Dessa
forma, ou se revoga todo o procedimento licitatório, ou não se revoga nada.
Ademais, uma vez celebrado o contrato, não será mais possível revogar o
procedimento licitatório, mas apenas anulá-lo em caso de ilegalidade.
Por fim, a Lei assegura o contraditório e a ampla defesa no caso de revogação
ou anulação. Porém, para se oportunizar o contraditório e a ampla defesa é
imprescindível que haja um direito tutelado, o que só se constitui a partir da
homologação e adjudicação. Dessa forma, caso ainda não se tenha homologado
e adjudicado a licitação, não se faz necessário oportunizar o contraditório e a
ampla defesa para anular ou revogar o procedimento.

Sanções
As sanções administrativas estão disciplinadas nos artigos 86, 87 e 88 da Lei de
Licitações. Existem cinco tipos de sanções que podem ser impostas aos
contratados:
a) advertência;
b) multa de mora, por atraso na execução;
c) multa de ofício, por inexecução total ou parcial, podendo ser aplicada
cumulativamente com a advertência ou com as outras penalidades
demonstradas abaixo;
d) suspensão temporária da possibilidade de participar em licitação e
impedimento de contratar com a Administração por até dois anos;
e) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração
Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que
seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a
Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção
aplicada com base no inciso anterior.
A última penalidade é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do
interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de
vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação.

Exercícios
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1. A utilização da licitação pública para a aquisição de produtos e serviços


atende ao princípio da isonomia para a contratação, assegurando igualdade de
condições aos interessados em fornecer ao Estado.

2. A dispensa de licitação é prevista em caso de inviabilidade de competição,


situação que permite à administração adjudicar diretamente o objeto do
contrato.

3. O projeto básico — conjunto de elementos necessários e suficientes para


caracterizar a obra ou serviço objeto da licitação — deve ser elaborado com
base nos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica, o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, as condições
de avaliação do custo e a definição dos métodos e do prazo de execução,
devendo sempre conter orçamento detalhado e global da obra, sob pena de
nulidade.

GABARITO:
1) CERTO
2) ERRADO
3) CERTO
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DISCIPLINA: Lei 8.666/1993


PROFESSOR: Lucas Neto

A Lei 8.666 é uma das mais importantes normas para candidatos a Concurso Público no Brasil. Ela está presente
em concursos diversos – do Concurso MPU ao Concurso DETRAN-SP e muitos outros Brasil afora.

Por isso resolvi fazer um resumo com comentários e das principais referências doutrinárias na área de Direito
Administrativo, a disciplina onde a Lei 8.666 se insere.

A ideia é que você possa iniciar nos estudos da Lei ou fazer uma revisão sempre que quiser – próximo da sua
prova, por exemplo.

Peço que deixe um comentário ao final dizendo o que achou do texto. Essa é sua contribuição para que o site
continue crescendo.

Vamos nessa!

O que é a Lei 8.666? Do que ela trata?

A Lei nº 8.666/1993 regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal Brasileira (CF), e institui
normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. É conhecida como a Lei
de licitações e contratos.

De início, segue a disposição do artigo 37, inciso XXI, da CF:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

(…) XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concor-
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta,
nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações.

Nos termos do artigo 1º da Lei de licitações e contratos, esta “estabelece normas gerais sobre licitações e
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e loca-
ções no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

Conforme doutrinador Rodrigo Bordalo (2014), a Administração direta é constituída pelas entidades federativas
(ou entidades políticas), que são a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. Todas elas
são pessoas jurídicas de direito público.

Ademais, para Marco Miguel (2011), a Administração Pública indireta compreende pessoas jurídicas (de direito
público ou privado). Denominadas entidades, estão vinculadas à Administração Pública direta e são criadas
para a execução das atividades administrativas.

Mencionadas entidades, estão arroladas no artigo 4º, inciso II, do Decreto nº 200/67 e são: autarquias, em-
presas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
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Essas pessoas jurídicas são autônomas, dotadas de capacidade administrativa e independência gerencial,
sendo, no entanto, fiscalizadas pela Administração direta.

O artigo 37, inciso XXI, da CF, determina que, às obras, serviços, compras e alienações contratados pela
Administração Pública Direta e Indireta deverão ser obedecidos, também, os princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência, que já foram amplamente explicados.

Competência para legislar sobre licitação:

Em atenção ao parágrafo único, do artigo 1º, da Lei nº 8.666/93, “subordinam-se ao regime desta Lei, além
dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios”.

Portanto, todos os órgãos mencionados na Lei de Licitações deverão se atentar a todas as suas regras ao
firmar contratos de às obras, serviços, compras e alienações contratados.

Nos termos do artigo 22, inciso XXVII, da CF, é de competência da União legislar sobre as normas gerais de
licitação e contratação, em qualquer que seja a modalidade:

compete privativamente à União legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as moda-
lidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, obedecido o disposto no artigo 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
mista, nos termos do art. 173, § 1º, III.

O artigo 37, inciso XXI, da CF, foi mencionado acima, e trata da obrigatoriedade da Administração Pública
Direta e Indireta em observar as regras da licitação.

Por seu turno, o artigo 173, § 1º, III, trata das empresas públicas e sociedades de economia mista especifica-
mente.

Esse dispositivo dispõe que “ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”.

Ainda, continua ao afirmar que “A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre (…) licitação e contratação de obras, serviços, compras e
alienações, observados os princípios da administração pública”.

Ou seja, no caso das empresas públicas e sociedades de economia mista, é possível que, na lei que em se
estabelecerá o seu estatuto jurídico, podem haver artigos que tratem de forma específica regras para licitação
e contratação de obras, serviços, compras e alienações, que é o escopo da Lei nº 8.666/93.

Apesar de se tratar de competência privativa da União legislar sobre licitações e contratações, cabem aos
Estados e Municípios estabelecerem regras suplementares.

Conceito de Licitação
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O artigo 3º da Lei nº 8.666/93 conceitua licitação da seguinte forma:

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta


mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Para Rodrigo Bordalo (2014), licitação representa “o procedimento pelo qual a Administração, para a realização
de seus negócios, seleciona a proposta mais vantajosa, dentre aqueles que desejem firmar acordo com o
Poder Público”.

O doutrinador Marçal Justen Filho (2014) nos ensina que licitação é “um procedimento disciplinado por lei e
por um ato administrativo prévio, que determina critérios objetivos visando a seleção da proposta de contra-
tação mais vantajosa e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável, com observância do princípio
da isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência específica”.

A licitação é um procedimento administrativo que ocorre anteriormente às contratações realizadas pelo Poder
Público. Isso porque, não é adequado que o Estado realize contratos da mesma maneira que um particular
realiza, ou seja, com quem bem entender.

Com esse entendimento segue Matheus Carvalho (2015):

“A administração pública possui a tarefa árdua e complexa de manter o equilíbrio social e gerir a máquina
pública. Por essa razão, não poderia a lei deixar a critério do administrador a escolha das pessoas a serem
contratadas, porque essa liberdade daria margem a escolhas impróprias e escusas, desvirtuadas do interesse
coletivo”.

Portanto, a Lei nº 8.666/1993 vem para instituir as normas para que essas contratações sejam realizadas,
garantindo, nos termos do artigo 37, inciso XXI, da CF:

Igualdade de condições a todos os concorrentes.


Cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta.
Exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Objetivos da Licitação

Conforme Rodrigo Bordalo (2014), os objetivos da licitação são de três ordens:

Em primeiro lugar: o procedimento licitatório confere uma igualdade de oportunidades a quem deseja contratar
com a Administração. É uma decorrência do princípio da isonomia. Importa notar que esse princípio não veda
o estabelecimento de qualquer discriminação. Somente as exigências sem qualquer razoabilidade, as condições
impertinentes representam verdadeira violação.
Em segundo lugar: também representa objetivo da licitação a escolha da melhor proposta existente ao inte-
resse público. Representa esse escopo um desdobramento do princípio da moralidade administrativa, pela qual
o administrador deve agir com honestidade e boa-fé.
Em terceiro lugar: confere-se destaque à promoção do desenvolvimento nacional sustentável, nos termos da
atual redação do artigo 3º da Lei n 8.666/93 (com redação dada pela Lei n 12.349/2010). Trata-se de desígnio
que detém conformidade com um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: garantir o
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desenvolvimento nacional (artigo 3º, inciso II, da CF).


O jurista Hely Lopes Meirelles (2000) afirma que, como procedimento, a licitação desenvolve-se através de
uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual
oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrati-
vos.

A licitação tem por pressuposto e finalidade a competição.

E, justamente por ter regras bastante específicas para que seja realizado o procedimento da licitação, nem
sempre a proposta mais vantajosa é a de menor preço, pois deve ser garantido o interesse público, devendo
ser respeitado o princípio da isonomia.

A Lei nº 8.666/93 deixa isso bem claro, com a leitura do §1º, incisos I e II, do seu artigo 3º, senão vejamos:

§ 1º É vedado aos agentes públicos:

I – admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabele-
çam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer
outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos
§§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991;

II – estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer


outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de
pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o disposto no
parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.

Princípios Aplicados à Licitação Pública

Para atingir os objetivos, finalidades e pressupostos da licitação pública, a Lei nº 8.666/93, as licitações públi-
cas devem verificar, além dos princípios gerais da Administração Pública previstos no caput do artigo 37 da CF
(legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência), os princípios próprios da licitação.

Muitos desses princípios próprios da licitação pública são decorrentes dos princípios gerais.

Nas palavras do doutrinador Rodrigo Bordalo (2014), tais são os princípios atinentes à licitação pública:

Princípio da vinculação ao instrumento convocatório


O princípio da vinculação ao instrumento convocatório significa que as regras estabelecidas no instrumento
convocatório devem ser seguidas durante todo o processo licitatório.

Sempre é lembrada a célebre frase de Hely Lopes Meirelles, para quem “o edital é a lei interna da licitação”.

Princípio do julgamento objetivo


O instrumento convocatório deve indicar precisamente os elementos relacionados à valoração das propostas.

Ademais, tais elementos devem ser objetivos e concretos, para reduzir ao máximo o subjetivismo no momento
do julgamento. Costuma-se assinalar que critério objetivo é aquele que pode ser constatado por qualquer
pessoa mediante simples comparação.
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Princípio da adjudicação compulsória

Princípio pelo qual o objeto da licitação deve ser atribuído ao vencedor do certame. Em caso de contratação,
a Administração é obrigada a celebrar a avença com o licitante que se sagrou vitorioso (adjudicatário).

Observe-se que inexiste qualquer obrigação de celebrar o contrato. Caso a Administração decida fazê-lo, o
princípio referido impõe que a avença seja firmada com o adjudicatário.

Dispõe, portanto, o artigo 50 da Lei nº 8.666/93: “A Administração não poderá celebrar o contrato com prete-
rição da ordem de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena
de nulidade”.

Complementando o quadro de princípios acima, segue a listagem do autor Marco Miguel (2011) sobre o tema:

Princípio da Igualdade entre os licitantes (isonomia)

Uma das finalidades da licitação é garantir a igualdade entre os licitantes. Significa que todos os interessados
em contratar com a Administração devem competir em igualdade de condições, sem que seja oferecida van-
tagem para um e não para outro – decorre do princípio da impessoalidade.

É possível, porém, estabelecer requisitos mínimos para assegurar a adequada execução do objeto do contrato
e ter uma obra, produto ou serviço com perfeição e regularidade. O artigo 3º da Lei nº 8.666/93 evita prote-
cionismo.

Princípio da Publicidade e sigilo na apresentação das propostas

A publicidade consiste em elemento indispensável na atuação da Administração Pública. Constitui princípio


geral para a Administração Pública e específico no procedimento licitatório.

A licitação deve tramitar com transparência, para garantir o respeito dos demais princípios.

É o que determina o § 3º, do artigo 3º, da Lei das Licitações: “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura”.

Princípio da Probidade

A probidade (moralidade) deve nortear toda a Administração Pública, principalmente no procedimento licita-
tório. Em todas as fases do procedimento, os agentes devem atuar com ética.

No entanto, a moralidade não deve ficar restrita somente ao agente público; deve nortear, também, o com-
portamento dos licitantes.

O princípio do julgamento objetivo da proposta, que indica claramente os critérios para o julgamento, está
determinado no artigo 45 da Lei nº 8.666/93, conforme abaixo:

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição
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pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Encontramos, o princípio da vinculação ao instrumento convocatório no caput do artigo 41 da Lei das Licitações
que dispõe: “A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estrita-
mente vinculada”.

Nesse sentido, importante lembrar que, como a licitação é um procedimento público, se houver desvio das
regras legais e das previstas no edital, qualquer cidadão poderá impugná-lo, conforme os §§ 1º e 2º, do
transcrito artigo 41, que seguem abaixo:

§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação desta
Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes
de habilitação, devendo a Administração julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem
prejuízo da faculdade prevista no § 1º do art. 113.

§ 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que
não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a
abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão,
as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de
recurso.

Por fim, lembramos apenas que o princípio da publicidade não poderá ser interpretada de forma absoluta.

Por exemplo, a Lei das Licitações prevê que o conteúdo das propostas seja apresentado sem publicidade. Isso
para garantir a competição.

Essa é a disposição do artigo 3º, § 3º da Lei nº 8.666/93: “A licitação não será sigilosa, sendo públicos e
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura”.

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles (2003): “Não há que se confundir, entretanto, a abertura da documen-
tação e das propostas com o seu julgamento. Aquela será sempre ato público; este poderá ser realizado em
recinto fechado e sem a presença dos interessados, para que os julgadores tenham a necessária tranquilidade
na apreciação dos elementos em exame e possam discutir livremente as questões a decidir”.

Dispensa e Inexigibilidade de licitação (exceções)

Já explicitamos acima que, a regra é a obrigatoriedade da licitação prévia quando se trata dos negócios admi-
nistrativos.

Ocorre que, a Lei nº 8.666/93 prevê exceções que são chamadas de: licitação dispensada, licitação dispensável
e licitação inexigível.

Licitação Dispensada

No caso de licitação dispensada, a própria lei determina que não deve ser realizada licitação. As hipóteses
estão previstas no artigo 17 da Lei nº 8.666/93, e envolvem a alienação (transferência) de bens públicos.

O caput do artigo 17 da Lei de Licitações dispõe o seguinte: “A alienação de bens da Administração Pública,
subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá
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às seguintes normas”.

Em relação aos bens imóveis, depende de:

Autorização legislativa para órgãos da Administração direta e entidades autárquicas e fundacionais (empresa
pública e sociedade de economia mista não precisam de autorização).

Licitação na modalidade de concorrência.

Contudo, a licitação é dispensada, ou seja, não precisa ser realizada, quando envolve, por exemplo, dação em
pagamento, doação para outro órgão ou entidade pública, permuta, investidura, entre outras hipóteses elen-
cadas nas alíneas do inciso I, do artigo 17, da Lei nº 8.666/93.

Em relação aos bens móveis, a alienação depende de:

Avaliação prévia.
Licitação.
No entanto, a licitação é dispensada quando envolve, por exemplo, doação (permitida exclusivamente para
fins e uso de interesse social), permuta (permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração
Pública), venda de ações, venda de títulos, entre outras hipóteses elencadas nas alíneas do inciso II, do artigo
17, da Lei nº 8.666/93.

Licitação Dispensável

Tendo em vista que a não realização de licitação constitui uma exceção, as hipóteses da licitação dispensável
correspondem a situações que fogem à regra geral (que é a realização da licitação).

Para Rodrigo Bordalo (2014), na hipótese de licitação dispensável admite-se a concorrência entre vários inte-
ressados, de tal sorte que a licitação se torna faticamente possível. Apesar disso, por uma questão de permis-
sivo legal expresso, a Administração pode contratar diretamente.

Trata do exercício de uma competência discricionária, de tal maneira que o Poder Público pode optar entre
realizar a licitação ou dispensá-la, celebrando a avença diretamente.

As hipóteses de licitação dispensável compreendem um rol taxativo (numerus clausus), e encontram-se elen-
cadas no artigo 24 da Lei nº 8.666/93. Seguem alguns exemplos:

Para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto para a modalidade
convite (art. 23, I, a, que corresponde a R$ 150.000,00), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma
obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
conjunta e concomitantemente. O valor é de R$ 15.000,00;
Para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto para a modalidade convite
(art. 23, II, a, que corresponde a R$ 80.000,00) e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que
não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada
de uma só vez. O valor é de R$ 8.000,00;
Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situa-
ção que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emer-
gencial ou calamitosa;
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Quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
Quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento.
Entre outros, todos elencados nos incisos I a XXXV, do artigo 24, da Lei de Licitações.
Licitação Inexigível
Para Rodrigo Bordalo (2014), essa modalidade de contratação direta se verifica quando for inviável a compe-
tição entre eventuais licitantes.

Isso porque existe apenas um objeto ou uma pessoa que atenda às necessidades administrativas. Uma licitação
nessas condições é impossível, não podendo ser exigida.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (2010): “são licitáveis unicamente objetos que possam ser fornecidos
por mais de uma pessoa, uma vez que a licitação supõe disputa, concorrência, ao menos potencial, entre
ofertantes”.

A Lei nº 8.666/93 arrola exemplificativamente, em seu artigo 25, as hipóteses de impossibilidade jurídica de
licitação. São elas:

Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusivi-
dade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria
a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas enti-
dades equivalentes.
Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissio-
nais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.
(O artigo 13 apresenta, de forma taxativa, quais são os serviços técnicos profissionais em que a licitação é
inexigível).
Para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Procedimento Licitatório

O procedimento licitatório pode ser dividido em uma fase interna e outra externa.

Para Marco Miguel (2011), a fase interna inicia-se na repartição interessada no objeto a ser licitado. A autori-
dade competente determina abertura do processo e estabelece, entre outras coisas, a descrição do objeto que
será licitado (por exemplo, bens que pretende adquirir, obra que será realizada, serviço que será prestado); a
indicação dos recursos orçamentários.

A fase externa tem início a partir do momento em que a licitação se torna pública, e se desenvolve, basica-
mente, na seguinte sequência:

Possibilidade de audiência pública.


Instrumento convocatório (edital ou convite).
Recebimento da documentação e das propostas e habilitação dos solicitantes.
Julgamento das propostas.
Homologação e adjudicação.
Vamos tratar de cada uma das etapas da fase externa, abaixo.

Possibilidade de Audiência Pública

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Nos termos do artigo 39 da Lei nº 8.666/93, haverá a obrigatoriedade de realização de uma audiência pública
sempre que uma licitação ou um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas ultrapassar o valor de R$
150.000.000,00 (cento e cinquenta milhões de reais).

Isso com o objetivo de ampliar o debate sobre os gastos públicos.

O caput do artigo 39 dispõe o seguinte:

Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou
sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo
licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida pela autoridade responsável
com antecedência mínima de 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do edital, e divulgada,
com a antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos para a
publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito a todas as informações pertinentes e a se manifestar
todos os interessados.

Para dar conhecimento a todas as pessoas, a publicação convocando os interessados para participar deve
ocorrer com, no mínimo, 10 dias de antecedência da data marcada para a audiência.

É direito de qualquer pessoa, especialmente dos interessados em participar da audiência, ter acesso a todas
as informações pertinentes, bem como apresentar opiniões e sugestões (Marco Miguel, 2011).

Instrumento Convocatório
É a etapa da abertura da fase externa de uma licitação.

O edital é o instrumento por meio do qual a Administração Pública leva ao conhecimento de todos a realização
da licitação.

É utilizado nas modalidades de concorrência, tomada de preços, concurso, leilão e pregão. Na modalidade
convite, o instrumento convocatório é a carta-convite.

Trata-se da lei interna da licitação. Esse instrumento fixa as condições de realização da licitação e vincula a
Administração e os proponentes.

O artigo 40 da Lei nº 8.666/93 prevê os requisitos do edital, que são: objeto da licitação, prazos e condições,
garantias, condições de participação, critério de julgamento das propostas.

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada
e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por
esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura
dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:

I – objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;

II – prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64
desta Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação;

III – sanções para o caso de inadimplemento;

IV – local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico;


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(…) XV – instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;

XVI – condições de recebimento do objeto da licitação;

XVII – outras indicações específicas ou peculiares da licitação.

Conforme Marco Miguel (2011), ao ser publicado, abrem-se prazos para a sua impugnação na esfera adminis-
trativa de até cinco dias úteis para cada cidadão e até dois dias úteis para qualquer licitante, anteriores à
abertura dos envelopes de habilitação.

A impugnação pode ser feita também na esfera judicial, mesmo após os prazos.

Reconhecimento da documentação e das propostas e habilitação


É com o recebimento da documentação que se inicia a fase de habilitação, que tem por finalidade apurar as
condições pessoais de cada licitante. Como regra geral, a habilitação é prévia.

O tema da habilitação é tratado na Lei nº 8.666/93 pelos artigos 27 a 33, sendo que o artigo 27 dispõe o
seguinte:

Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa
a:

I – habilitação jurídica;

II – qualificação técnica;

III – qualificação econômico-financeira;

IV – regularidade fiscal e trabalhista;

V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.

Para evitar protecionismo, somente pode ser exigida dos interessados a documentação relativa a (Marco Mi-
guel, 2011):

Habilitação Jurídica
Previsto no artigo 28 da Lei das Licitações, corresponde à regularidade da pessoa física ou jurídica licitante
(cédula de identidade, registro comercial, ato constitutivo, estatuto ou contrato social, inscrição do ato cons-
titutivo, decreto de autorização para empresas estrangeiras).

Uma empresa irregular, por exemplo, não pode contratar com a Administração Pública.

Regularidade Fiscal e Trabalhista

É o atendimento das exigências do Fisco, no aspecto fiscal, bem como das contribuições sociais. Deve provar
a regularidade com as Fazendas federal, estadual e municipal, bem como com a Seguridade Social e com o
FGTS. Está prevista no artigo 29 da Lei nº 8.666/93.

Para que possa ser habilitado, o licitante deve entregar certidão de inexistência de débitos trabalhistas. Em
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outras palavras, caso o licitante tenha sido condenado na esfera trabalhista, tem que provar que está em dia
com suas obrigações.

Qualificação Técnica

É o que demonstra a capacidade para execução do objeto licitado. Está prevista no artigo 30 da Lei das
Licitações.

Qualificação econômico-financeira

É a que demonstra a “saúde” financeira do licitante, o que o torna capaz de satisfazer aos encargos econômicos
do contrato. As exigências estão previstas no artigo 31 da Lei das Licitações.

Cumprimento das regras de idade para o trabalho previstas no artigo 7º, XXXIII, da CF
Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.

Conforme Rodrigo Bordalo (2014), em caso de não satisfazer os requisitos pessoais de participação, a Admi-
nistração deve proceder à inabilitação do licitante.

Os estrangeiros que decidirem participar do procedimento devem apresentar o documento autenticado pelo
consulado e traduzido por tradutor juramentado.

Após a fase da habilitação, ocorre a abertura das propostas. Nesse momento, é verificado se as propostas
atendem aos requisitos do edital, classificando-as de acordo com o critério do julgamento do certame.

Nas palavras de Marco Miguel (2011):

A partir desse momento (abertura das propostas), o licitante não pode ser excluído do procedimento por
motivo relacionado à habilitação, salvo por fatos supervenientes (ocorridos após a habilitação), como a falência
do licitante ou, ainda, fatos só conhecidos após o julgamento, como é o caso da apresentação de documentos
falsos.

Uma vez habilitado, não pode desistir da proposta apresentada, a não ser que convença a comissão licitante
de que algum fato ocorrido após a apresentação tornou-a inviável, como o rompimento de relações comerciais
entre o Brasil e o país do qual ele iria importar o produto licitado, por exemplo.

Marco Miguel (2011)

Julgamento das propostas


Corresponde à fase de verificação da proposta mais vantajosa pela Administração Pública, a qual é realizada
pela comissão licitante.

A etapa do julgamento está prevista nos artigos 44, 45 e 46, da Lei nº 8.666/93.

Os critérios de julgamento devem ser fixados de acordo com o edital. Eles se relacionam com as modalidades
de licitação, que envolvem, na concepção de Marco Miguel (2011):

Menor preço: é o tipo mais comum. Sempre que o objeto ou serviço do contrato não exija especialização
técnica, o que a Administração busca é vantagem econômica;
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Melhor Técnica: o objeto licitado envolve certa especialização, rigor técnico ou mesmo a durabilidade ou qua-
lidade do bem ou serviço. Sem desprezar o elemento “preço”, a Administração dá preferência a outros fatores.
Técnica e Preço: combina os dois fatores anteriores. Busca uma técnica satisfatória com um preço vantajoso.
Decide pelo melhor custo-benefício.
Maior lance ou oferta.
Conforme o § 5º, do artigo 45, da Lei de Licitações: “É vedada a utilização de outros tipos de licitação não
previstos neste artigo”.

Em caso de desconformidade ou incompatibilidade da proposta com os requisitos do edital, referida proposta


será desclassificada pela comissão licitante.

Conforme artigo 45 da Lei nº 8.666/93:

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato
convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição
pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Homologação e Adjudicação
Para Rodrigo Bordalo (2014), a homologação consiste em “etapa de controle, em que é verificada a legalidade
do processo licitatório”.

Constitui um ato vinculado, uma vez que, inexistindo qualquer irregularidade, a autoridade competente é
obrigada a homologar.

A adjudicação, por sua vez, é a etapa final do procedimento, constitui o ato administrativo pelo qual a Admi-
nistração atribui ao vencedor o objeto da licitação.

Os efeitos da adjudicação são (Rodrigo Bordalo, 2014):

Aquisição pelo vencedor (adjudicatário), do direito de contratar, caso haja a celebração da avença. Com isso,
é vedado ao Poder Público contratar com qualquer outra pessoa que não seja o licitante vitorioso. Trata-se de
um dever imposto à Administração.
Vinculação do adjudicatário aos encargos e condições fixados no instrumento convocatório, bem como aos
termos estabelecidos em sua proposta. Representa um dever imposto ao licitante vencedor. Em caso de des-
cumprimento, este fica sujeito às penalidades previstas no edital.
Liberação dos demais licitantes dos encargos da licitação.
Além disso, há o direito adquirido do adjudicatário de não ser preterido. Nesse caso, a Administração não pode
contratar com outro, sob pena de nulidade.

Sobre o direito adquirido, segue o artigo 50 da Lei nº 8.666/93:

Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das pro-
postas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade.

Modalidades de licitação

A Lei nº 8.666/93 prevê cinco modalidades de licitação: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e
leilão. A modalidade de pregão é tratada pela Lei nº 10.520/2002.
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Concorrência

Nos termos do § 1º, do artigo 22, da Lei nº 8.666/93:

Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação pre-
liminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu
objeto.

Trata-se da modalidade marcada pela universalidade, uma vez que faculta a participação a quaisquer interes-
sados que preencham os requisitos da habilitação.

Um requisito é a ampla publicidade na imprensa. Por esse motivo a lei estabelece alguns prazos mínimos que
devem ser observados entre a divulgação do edital e a apresentação das propostas:

45 dias, quando o contrato a ser celebrado contempla o regime de empreitada integral ou quando a licitação
é do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”.
30 dias, nos demais casos.
A concorrência é modalidade obrigatória para contratações de: obras e serviços que ultrapassem R$
1.500.000,00; compras e outros serviços que ultrapassem R$ 650.000,00; alienação ou aquisição de bens
imóveis; direito real de uso; concessão de serviços públicos; entre outros.

Tomada de preços

Nos termos do § 2º, do artigo 22, da Lei nº 8.666/93:

Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das pro-
postas, observada a necessária qualificação.

Pode ser objeto da tomada de preços:

Obras e serviços de engenharia que o valor não ultrapasse R$ 1.500.000,00.


Compras e serviços que o valor não ultrapasse R$ 650.000,00.
Respeite os limites de valor do objeto do contrato.
O órgão ou entidade disponha de cadastro internacional de fornecedores.

Convite

Nos termos do § 3º, do artigo 22, da Lei nº 8.666/93:

Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local
apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente es-
pecialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresenta-
ção das propostas.

Modalidade de licitação utilizada para contratações de pequeno valor, na qual a Administração pode escolher
e convidar, no mínimo 03 interessados, a fim de que apresentem suas propostas.
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O convite pode ser utilizado para a contratação de:

Obras e serviços que não ultrapasse R$ 150.000,00.


Compras e outros serviços que não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00.
Respeite os limites de valor do objeto do contrato.
Não haja fornecedor do bem ou serviço no Brasil.

Concurso

Nos termos do § 4º, do artigo 22, da Lei nº 8.666/93:

Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes
de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Para Marco Miguel (2011), cada concurso deve ter o seu próprio regulamento, que indica, entre outras coisas,
a qualificação exigida, as diretrizes e a forma de apresentação dos trabalhos, os prêmios.

Frise-se que o § 1º do artigo 13 da Lei de Licitações dispõe:

Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profis-
sionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com
estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

O doutrinador Hely Lopes Meirelles (2000) dispõe que:

O concurso exaure-se com a classificação dos trabalhos e o pagamento dos prêmios, não conferindo qualquer
direito ao contrato com a Administração.

A execução do projeto escolhido será objeto de nova licitação, já agora sob a modalidade de concorrência,
tomada de preços ou convite, para a realização da obra ou execução do serviço.

Hely Lopes Meirelles

Leilão

Nos termos do § 5º, do artigo 22, da Lei nº 8.666/93:

Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis
prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Modalidade utilizada para a alienação de bens públicos.

Podem ser objeto de leilão os seguintes itens: móveis inservíveis para a Administração, produtos legalmente
apreendidos ou penhorados, bens imóveis alienados, cuja aquisição tenha derivado de procedimentos judiciais
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ou de dação de pagamento.

Devem ser verificados os requisitos do artigo 53 da Lei de Licitações.

Contratos da Lei nº 8.666/93

Agora veremos um pouco como a Lei 8.666 aborda o tema dos contratos:

Teoria Geral dos Contratos


Para definir o que são contratos administrativos, necessário verificar juridicamente qual o conceito de contra-
tos, da forma estatuída pelo Código Civil (Lei nº 10.406/2002).

Isso porque, apesar dos contratos administrativos serem regidos predominantemente por um regime jurídico
de direito público, aplica-se a estes a teoria geral dos contratos.

Contratos são acordos de vontades, manifestações bilaterais de vontades que formam um vínculo jurídico
entre as partes, estipulando obrigações recíprocas para o atingimento de determinado objetivo comum (Evan-
dro Guedes, 2014).

Os contratos podem ser classificados como contratos públicos e contratos privados, conforme o autor Evandro
Guedes (2014):

Contratos Privados: são contratos regulados integralmente pelo direito privado. A principal característica dos
contratos é a absoluta igualdade entre as partes.
Contratos Públicos: são contratos regulados predominantemente pelo direito público, mas com observância de
algumas regras gerais relativas ao direito privado. Em um contrato público, predomina a relação de desigual-
dade entre as partes, pois dentre as partes de um contrato público figura alguma entidade da administração
pública e tal entidade é dotada de poderes especiais que a outra parte (particular) não possui e obrigatoria-
mente deve aceitar.
Os contratos, independentemente de serem públicos ou privados, são acordos de vontades, ou seja, são ma-
nifestações bilaterais de vontades.

Para o autor Evandro Guedes (2014):

Os contratos administrativos são contratos públicos, e a diferença marcante entre os contratos administrativos
e os contratos privados é que aqueles são regidos predominantemente por um regime jurídico de direito
público e estes são predominantemente regidos por normas de direito privado.

O conceito de Maria Sílvia Zanella Di Pietro (2012) é o de que contratos administrativos são “ajustes que a
Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a conse-
cução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público”.

Diferentemente dos contratos administrativos, lembre-se que os contratos da administração são regidos pre-
dominantemente por normas de direito privado.

Contratos Administrativos

De acordo com o parágrafo único, do artigo 2º, da Lei nº 8.666/1993:

Considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e
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particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles (2000):

Contrato administrativo é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com particular
ou outra entidade administrativa para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições estabe-
lecidas pela própria Administração.

Hely Lopes Meirelles

Portanto, para que a administração pública alcance sua posição de supremacia, deve fazer cumprir o contrato
administrativo com máximo ganho para a sociedade.

Isso porque, enquanto a sociedade deseja um serviço público de qualidade, o particular contratado deseja o
lucro.

Características do Contrato Administrativo


O contrato administrativo tem as seguintes características: bilateralidade, presença da Administração Pública
como Poder Público, finalidade pública, comutativo, oneroso, formalidades estabelecidas em lei, prazo deter-
minado e presença de cláusulas exorbitantes.

Apesar dos contratos terem que ser celebrados por escrito, o artigo 60 da Lei nº 8.666/93, prevê que excep-
cionalmente podem ser verbais, no caso de pequenas compras que não excedam a R$ 4.000,00.

O artigo 61, parágrafo único da Lei das Licitações dispõe sobre a publicidade, uma condição de eficácia do
ato:

A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição
indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte
ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda
que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.

O artigo 55 da Lei das Licitações dispõe sobre as cláusulas necessárias em todo contrato, dentre elas:

Objeto e seus elementos característicos;


Regime da execução ou a forma de fornecimento;
Preço, critérios, garantias, direitos e as responsabilidades das partes.
Cláusulas Exorbitantes
Além das cláusulas gerais dispostas no artigo 55 da Lei das Licitações, o contrato administrativo possui uma
peculiaridade que são as cláusulas exorbitantes.

As principais estão dispostas no artigo 58, que são:

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em
relação a eles, a prerrogativa de:

I – modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os


direitos do contratado;
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II – rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta Lei;

III – fiscalizar-lhes a execução;

IV – aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V – nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vincu-
lados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas con-
tratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo.

Referidas cláusulas conferem prerrogativas à Administração Pública, sendo inerentes ao regime jurídico-admi-
nistrativo.

Recebem esse nome pelo fato de transcenderem as regras do direito privado. Se previstas em um contrato
privado, são consideradas inválidas. Contudo, são plenamente válidas em um contrato administrativo (Marco
Miguel, 2011).

Execução do contrato

Nos termos do artigo 66 da Lei nº 8.666/93:

O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução total ou parcial.

Conforme Marco Miguel (2011), além de eventuais reparações, o contratado é responsável pelos danos cau-
sados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato.

O fato de haver a fiscalização da Administração não afasta nem reduz a responsabilidade do contratado.

Terminada a execução do contrato, essa deve ser atestada pela Administração Pública, de que foi fielmente
executado.

O recebimento pode ocorrer provisória ou definitivamente, nos termos e requisitos determinados no artigo 71,
inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.666/93.

Extinção do contrato
Para Marco Miguel (2011), a extinção do contrato administrativo corresponde ao término do vínculo entre
contratante e contratado. O contrato pode ser extinto de várias formas:

Término do prazo.
Conclusão de seu objeto.
Anulação (decorre da nulidade).
Rescisão.
O artigo 59 da Lei nº 8.666/93 dispõe sobre a nulidade nos seguintes termos: “A declaração de nulidade do
contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria
produzir, além de desconstituir os já produzidos”.

Teoria da Imprevisão
Para Rodrigo Bordalo (2014), outra característica dos contratos administrativos á a mutabilidade, pela qual a
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ocorrência de determinados fatos previstos legalmente provoca a alteração da situação fática relacionado ao
contrato, o que impõe a alteração de suas cláusulas contratuais (revisão do contrato) ou mesmo a rescisão da
avença (extinção).

É a chamada teoria da imprevisão. Dentre os casos, destacam-se:

Caso fortuito ou força maior.


Fato do Príncipe: compreende uma medida de ordem geral, não relacionada diretamente com o contrato, mas
que nele repercute, provocando o desequilíbrio econômico-financeiro em detrimento do contratado (Maria
Sílvia Zanella Di Pietro, 2012).
Fato da Administração: consiste em qualquer conduta ou comportamento da Administração que, como parte
contratual, torne impossível a execução do contrato ou provoque seu desiquilíbrio-econômico (Maria Sílvia
Zanella Di Pietro, 2012).
Interferência imprevista: são ocorrências materiais não cogitadas pelas partes na celebração do contrato mas
que surgem na sua execução de modo surpreendente e excepcional, dificultando e onerando extraordinaria-
mente o prosseguimento e a conclusão dos trabalhos (Hely Lopes Meirelles, 2000).

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