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Se a solidão me invade,
o que poderei fazer senão amar o próximo,
o que poderei fazer,
se a noite cai,
e o frio pousa sob meus ossos,
o que poderei fazer para aquecer o coração?
Não economicamente viável,
dizia-se do homem e dos seus actos,
o seu comportamento não arrastava simpatias,
talvez tivesse o coração congelado,
mas não,
haveria de percorrer o mundo,
haveria de fazer vingar os seus imensos sonhos,
o passado perseguia-o como uma sombra,
as energias faltavam,
a sua luta era quixotesca,
um dia, um dia teria felicidade,
pois compreendera na solidão e do sofrimento,
a sua condição,
um dia o sol brilharia ao ponto de não ver sua sombra,
a pique, sob o seu corpo adulto,
e choveria logo a seguir,
regenerando a mãe terra as suas sementes,
acabaria num florilégio diverso,
abraçado a sua amada,
abraçado a uma outra vida.
Muitas das vezes deixamos andar
Não nos preocupamos com o amanhã
Dizemos que o medo de ontem será
O medo de amanhã
Quando menos esperamos,
Depois de tanto procurar,
Conseguimos obter alguma coisa,
Nem que seja o pão para a boca
E isso já nos traz dignidade
Para não dizer felicidade
Mas também a esperança
De que um dia dos iremos todos rir
Disto que se está passando “cá em baixo”.
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O que ficará,
serenando a mente:
vozes, fortes presenças,
emoções próximas e tacto púbere, arfante.
O que dissipa o espírito,
a enfermidade habitada no corpo,
enclausurado, retido.
Como a letra que escrevo no repouso,
um fio invisível de força que me tocará,
ficará.
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Todas as palavras,
o desejo de ver um filho,
quando filhos são meus poemas.
São surrealistas, são pedaços.
Dizer o que penso, dizer o mais importante,
o que a mente trabalhou na minha ausência.
Tudo o que possa fazer não me ultrapassará,
estará comigo e com os outros, mas em mim.
As setas serão apontadas a outros.
Digo poemas no sofá,
a vida corre algures em mim,
por onde se vislumbra um poema.
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Quando amanhecer,
estarei numa floresta verde,
escutando melodias de pássaros,
como o rouxinol, o canário, o pintassilgo,
que conheço desde pequeno,
das aventuras na minha aldeia.
Estarei no centro donde tudo partiu em aventura,
serei levado a procurar respostas,
pelo cilício de grossas folhas,
ai me acomodarei junto à mãe natureza,
permitindo junto a um regato que a água percorra meu corpo,
e desemboque no chão,
inundando o labiríntico espectro das espécies da terra.
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O amor escapou-me
E vivo amargurado
Mas não posso deixar cair uma lágrima
Pois que o mundo não compreende,
Por isso fico em jejum que não é religioso
Revolto-me contra Deus
Mas não lhe dou um soco,
Quero esquecer-me que existo
Para me completar nos outros,
Esquecendo o culto do Eu.
Não tenho trabalho,
No entanto sei que o trabalho dignifica o homem,
e talvez haja mulher e filhos depois disso.
No entanto sei que isto tudo não é o mais importante.
Nunca me disseram que sou bonito,
Nunca me disseram que sou feio,
Disseram-me um dia que era giro,
E eu sei que era só para me confortar.
No entanto, não quero comover ninguém,
Talvez seduzir alguém
Porque sempre se diz
Que o dinheiro não dá felicidade.
Talvez queira só conversar sobre a vida,
Talvez vá mesmo trabalhar,
Talvez faça alguma coisa de especial
Uma vez na vida,
Que o resto é só espera sem fim,
Da morte que um dia acolhe toda a gente.
Contudo não é o fim,
Apenas o princípio.
Como eu sabendo isso não respeito o Outro,
Não posso confessar-me,
Não posso contar ao psicanalista,
Irá o segredo morrer comigo?
Quando quanto mais conto mais invento,
Mais se descobre a vida em novas qualidades.
De Vermoil a Nova Iorque vai uma grande distância,
Contudo parece-me que já lá estive,
Sei que há pessoas em meu redor que já lá estiveram,
Resta-me salvar o mundo pela palavra,
Recomeçar, recomeçar.
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Sou um romântico,
a partir de agora o meu objectivo de vida
será encontrar uma mulher solteira
ou permanecer errante?
Contemplar o seu corpo ao amanhecer,
fazer amor com a mesma mulher durante um certo tempo,
provavelmente um compromisso civil, religioso,
ou uma vida errante,
a dada altura tenho de optar,
mas quero optar por namorar,
e se a sociedade permitir criar filhos,
pois que não acredito que a ciência os faça por mim.
A ciência é como uma banda desenhada,
serve para ilustrar, mas não pode comandar a razão.
provavelmente o que procuro não o devia dizer,
mas mesmo assim digo que procuro e procuro,
talvez seja coisa simples que se resolva pela palavra,
talvez seja coisa complicada que se resolva pela palavra.
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Nome do ficheiro: Pensarilho
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