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CAPÍTULO 10

“Não se pode
servir a Deus e a Mamon”
(Lucas, cap. XVI, v. 13)

PERGUNTA: — Qual é o sentido e a ação da lei, em


relação ao conceito evangélico de Jesus que assim enuncia:
“Não se pode servir a Deus e a Mamon”?
RAMATIS: — Apesar da existência de uma só Unidade
Divina, ou seja, a Suprema Lei do Universo, que governa e
disciplina os fenômenos da vida espiritual e física, o espíri-
to do homem parte da dualidade, ou do contraste, para
então se ajustar conscientemente ao monismo de Deus. Ele
desperta a sua consciência individual percorrendo a senda
da evolução espiritual, baseado no conhecimento e domí-
nio das formas, mas sempre balizado pelo dualismo das
margens opostas. A sua noção de existir, como alguém des-
tacado no seio da Divindade, firma-se, pouco a pouco, nas
convenções de positivo e negativo, branco e preto, sadio e
enfermo, masculino e feminino, direito e torto, acerto e
erro, virtude e pecado. É a chamada lei dos contrários, tão
aceita pelos hermetistas.
Conforme já explicamos alhures, embora Jesus tenha
firmado os seus ensinamentos evangélicos nos aconteci-
mentos e nas configurações físicas da vivência humana, em
suas parábolas oculta-se a síntese das leis eternas que dis-
ciplinam criativamente o Cosmo! Assim, no enunciado
evangélico de que “Não se pode servir a Deus e a Mamon”,
Jesus expressa, intencionalmente, nesse contraste, as leis
que regem ambos os mundos espiritual e material. O reino

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O Evangelho à luz do Cosmo

de Deus, configurando que a verdadeira vida do espírito


imortal é uma resultante do mundo material e se rege por
outras leis infinitas e imutáveis; apesar do dualismo, pela
unidade! O homem consegue a libertação vivendo na maté-
ria, conforme as leis espirituais expressas por Jesus em sua
romagem terrena. É matriz original, que plasma o cenário
de formas do mundo de Mamon, como um invólucro exte-
rior, mas provisório e conhecido como Universo físico, o
qual se constitui por galáxias, constelações, astros, plane-
tas, satélites e asteróides! É o palco educativo, para os espí-
ritos virgens, simples e ignorantes modelarem e organiza-
rem a sua consciência individual, até possuírem a noção de
existir no seio de Deus!

PERGUNTA: — Mas esse ensinamento evangélico de que


“Não se pode servir a Deus e a Mamon”, não implica uma
rasa separação de dois mundos conflitários e opostos, onde
apenas se valoriza o reino do espírito, mas se condena o
desprezível mundo da matéria?
RAMATIS: — Já vos dissemos que Deus é único e o
Universo monista; assim, jamais pode haver conflitos na
concepção de dois mundos, os quais permanecem consti-
tuindo o mesmo Cosmo! Trata-se apenas de um propósito
educativo e conciliador, concebido pelos próprios líderes
espiritualistas, a fim de se distinguir as diferentes operações
legislativas que atuam em pólos opostos, mas visando sem-
pre o melhor conhecimento da Unidade Divina! Não há
separação absoluta entre o “reino de Deus” e o “mundo de
Mamon”, mas apenas se distinguem dois modos de vivên-
cia aparentemente opostos, entre si, e que, no entanto, não
modificam a Unidade fundamental da Vida Cósmica! Trata-
se mais de um ponto de apoio mental humano, cujo con-
traste permite ao espírito limitado do homem efetuar pes-
quisas, análises e conclusões, que lhe são favoráveis para o
mais rápido modelamento da própria consciência indivi-
dual.

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