“Não se pode servir a Deus e a Mamon” (Lucas, cap. XVI, v. 13)
PERGUNTA: — Qual é o sentido e a ação da lei, em
relação ao conceito evangélico de Jesus que assim enuncia: “Não se pode servir a Deus e a Mamon”? RAMATIS: — Apesar da existência de uma só Unidade Divina, ou seja, a Suprema Lei do Universo, que governa e disciplina os fenômenos da vida espiritual e física, o espíri- to do homem parte da dualidade, ou do contraste, para então se ajustar conscientemente ao monismo de Deus. Ele desperta a sua consciência individual percorrendo a senda da evolução espiritual, baseado no conhecimento e domí- nio das formas, mas sempre balizado pelo dualismo das margens opostas. A sua noção de existir, como alguém des- tacado no seio da Divindade, firma-se, pouco a pouco, nas convenções de positivo e negativo, branco e preto, sadio e enfermo, masculino e feminino, direito e torto, acerto e erro, virtude e pecado. É a chamada lei dos contrários, tão aceita pelos hermetistas. Conforme já explicamos alhures, embora Jesus tenha firmado os seus ensinamentos evangélicos nos aconteci- mentos e nas configurações físicas da vivência humana, em suas parábolas oculta-se a síntese das leis eternas que dis- ciplinam criativamente o Cosmo! Assim, no enunciado evangélico de que “Não se pode servir a Deus e a Mamon”, Jesus expressa, intencionalmente, nesse contraste, as leis que regem ambos os mundos espiritual e material. O reino
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de Deus, configurando que a verdadeira vida do espírito
imortal é uma resultante do mundo material e se rege por outras leis infinitas e imutáveis; apesar do dualismo, pela unidade! O homem consegue a libertação vivendo na maté- ria, conforme as leis espirituais expressas por Jesus em sua romagem terrena. É matriz original, que plasma o cenário de formas do mundo de Mamon, como um invólucro exte- rior, mas provisório e conhecido como Universo físico, o qual se constitui por galáxias, constelações, astros, plane- tas, satélites e asteróides! É o palco educativo, para os espí- ritos virgens, simples e ignorantes modelarem e organiza- rem a sua consciência individual, até possuírem a noção de existir no seio de Deus!
PERGUNTA: — Mas esse ensinamento evangélico de que
“Não se pode servir a Deus e a Mamon”, não implica uma rasa separação de dois mundos conflitários e opostos, onde apenas se valoriza o reino do espírito, mas se condena o desprezível mundo da matéria? RAMATIS: — Já vos dissemos que Deus é único e o Universo monista; assim, jamais pode haver conflitos na concepção de dois mundos, os quais permanecem consti- tuindo o mesmo Cosmo! Trata-se apenas de um propósito educativo e conciliador, concebido pelos próprios líderes espiritualistas, a fim de se distinguir as diferentes operações legislativas que atuam em pólos opostos, mas visando sem- pre o melhor conhecimento da Unidade Divina! Não há separação absoluta entre o “reino de Deus” e o “mundo de Mamon”, mas apenas se distinguem dois modos de vivên- cia aparentemente opostos, entre si, e que, no entanto, não modificam a Unidade fundamental da Vida Cósmica! Trata- se mais de um ponto de apoio mental humano, cujo con- traste permite ao espírito limitado do homem efetuar pes- quisas, análises e conclusões, que lhe são favoráveis para o mais rápido modelamento da própria consciência indivi- dual.
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