LIZANDRA VIEIRA - ADVOCACIA E ASSESSORIA – OAB/PR 98.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___VARA

CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO MOURÃO – ESTADO DO PARANÁ

MATA BIXO – DEFENSIVOS AGRÍCOLAS LTDA,

pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ de N°: 1.235.652/0001-99, com
sede na Rua Das Jararacas, nº 100, centro em Campo Mourão – PR, neste ato
representada por sua advogada, a bel. Lizandra Vieira , legalmente inscrita na OAB/PR
sob o nº 98.578, com escritório profissional cujo endereço encontra-se na nota de
rodapé, onde recebe intimações, vem mui respeitosamente a presença de Vossa
Excelência, com fulcro nos artigos 700 e seguintes do Código de Processo Civil, e
demais dispositivos legais pertinentes à matéria, propor a presente

AÇÃO MONITÓRIA

Em face de JOSÉ DAS COUVES, brasileiro, casado,

agricultor, residente na Rua da Periquita, nº 456, centro em Campo Mourão - PR, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:

I. Breve Relato dos Fatos

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Av. Goioerê, 1939 - fone/fax (044) 3545-5688 - e-mail:

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O requerido no ano de 2019, repassou ao requerente uns

cheques do banco XXX, Conta XXXX - nºs XXXXX, nominais ao requerente, no valor
de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais), referente a compra e venda de diversos
defensivos agrícolas.

Ocorre, no entanto, que os cheques foram devolvidos pelo

motivo “21”, ou seja, falta de fundos.

Não obstante, a exaustiva tentativa de recebimento dos

valores por parte do exequente, inclusive emitindo comunicação extrajudicial (doc.
Anexo), o executado não cumpriu com o pagamento do valor, e em virtude do tempo
transcorrido, os referidos títulos prescreveram para desconto na instituição bancária,
bem como para ajuizamento de ação executiva.

Assim, sendo plenamente possível o ajuizamento da ação

monitória, tem-se que o valor atualizado da dívida até o presente momento devidamente
corrigido pelo INPC mais juros de 1% (um por cento) ao mês, totalizam R$ 98.533,75
(noventa e oito mil e quinhentos e trinta e três reais e setenta e cinco centavos),
conforme planilha anexa.

II. Do Fundamento Legal

Cumpre observar, preliminarmente, que o cheque emitido

pelo requerido já se encontra prescrito, por já ter transcorrido mais de 06 (seis) meses do
prazo de apresentação do referido título extrajudicial ao banco sacado, não sendo
possível, destarte, a sua cobrança via ação de execução de título extrajudicial, conforme
lei 7.357/85, em seus artigos 33 e 59 que aduz:

“Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a

contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando
emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta)
dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior. ”
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“Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração

do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei
assegura ao portador. ”

Estando os cheques acima descritos prescritos e inaptos a

fundamentar pedido executório, necessária se faz a adoção do feito monitório, visando
conceder à cártula força executiva e ainda, possibilitando o reconhecimento do direito
creditório ali expresso.

A autorização legal para propor a Ação Monitória decorre

da interpretação do artigo 700, do Código de Processo Civil, que assim dispõe:

“Art. 700.  A ação monitória pode ser proposta por aquele que
afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título
executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

I - O pagamento de quantia em dinheiro;

II - A entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel

ou imóvel;

III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. ”

Tem-se na lição do ilustríssimo doutrinador Nelson Nery

Junior, que a “ação monitória é o instrumento processual colocado à disposição do
credor de quantia certa, de coisa fungível ou de coisa móvel determinada, com crédito
comprovado por documento escrito sem eficácia de título executivo, para que possa
requerer em juízo a expedição de mandado de pagamento ou de entrega de coisa para
satisfação de seu direito”1

Sabe-se ainda que qualquer documento escrito que não se

revista das características de título executivo é hábil para ensejar a ação monitória,
como por exemplo: cheque prescrito, duplicata sem aceite, carta confirmando a
aprovação do valor do orçamento e a execução de serviços, carta agradecendo ao

1
JUNIOR, Nelson Nery, e ANDRADE, Rosa Maria, Código de Processo Civil Comentado, 9 ed, RT:
São Paulo, 2006, pg. 1050.
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destinatário empréstimo de dinheiro, telegrama, fax, documento eletrônico sem eficácia

executiva.”2

Cediço também que tratando de cheque prescrito, não

existe a necessidade da causa debendi e consequentemente a descrição do negócio
jurídico subjacente à emissão da cártula, sendo que apenas o documento em si é
suficiente para deflagrar a demanda injuntiva em face do executado, ficando, portanto,
desprendido à situação fática que lhe deu causa.

Neste sentido é o posicionamento do Tribunal de Justiça

do Paraná:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA EMBASADA EM

CHEQUE PRESCRITO. IRRESIGNAÇÃO APENAS EM
FACE DO TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA
COMPUTADOS NA SENTENÇA DESDE O VENCIMENTO.
CÔMPUTO A PARTIR DA CITAÇÃO.ARTIGOS 405, DO
CÓDIGO CIVIL E 219, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
RECURSO PROVIDO.SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA, COM ADEQUAÇÃO DOS ÔNUS DE
SUCUMBÊNCIA. (TJPR - 6ª C. Cível - AC - 1100270-5 -
Umuarama - Rel.: Desembargador Sérgio Arenhart - Unânime -
J. 18.02.2014) (TJ-PR - APL: 11002705 PR 1100270-5
(Acórdão), Relator: Desembargador Sérgio Arenhart, Data de
Julgamento: 18/02/2014, 6ª Câmara Cível, Data de Publicação:
DJ: 1299 18/03/2014).

No caso em questão as notas fiscais em anexos

comprovam a origem da dívida, a despeito de não ser necessária a comprovação
conforme manifestação acima.

Deste modo, o cheque prescrito mostra-se como

documento hábil para propositura da à ação monitória, sendo este o procedimento
adequado para a busca da proteção judicial do credor.

2
Ob. Cit, pg. 1050.
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Assim preenchidos todos os requisitos legais exigidos para

o manejo da ação monitória, vem o Requerente buscar judicialmente o que realmente é
lhe devido, fato este impossível pela via extrajudicial.

III. Dos Pedidos e Requerimentos

Isto posto requer a Vossa Excelência:

a. Deferimento inaudita Altera pars da expedição do

mandado de pagamento referente a quantia de R$ 98.533,75 (noventa e oito mil e
quinhentos e trinta e três reais e setenta e cinco centavos), no prazo de 15 (quinze) dias
para cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de 5% (cinco por cento)
do valor atribuído à causa, nos termos do artigo 701 do Código de Processo Civil;

b. Ou querendo, no prazo previsto no artigo 702 do

Código de Processo Civil, oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado
inicial, sendo que se não oferecidos, ou se oferecidos, rejeitados, constituir-se-á, de
pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado
executivo, nos termos do artigo 702, §8º do mesmo diploma legal;

c. Seja JULGADA PROCEDENTE A PRESENTE

AÇÃO, condenando o requerido ao pagamento da importância acima, a serem
acrescidos de juros moratórios, custas e honorários advocatícios, estes a base de 20%
conforme artigo 85 Código de Processo Civil e demais cominações legais no momento
do efetivo pagamento.

Das Provas

Provará o que for necessário, usando de todos os meios

permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos (anexos), declarados
autênticos pela subscritora desta, sob sua responsabilidade pessoal, oitiva de
testemunhas (rol anexo) e depoimento pessoal do requerido.

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Do Valor da Causa

Dá-se à causa o valor de R$ R$ 98.533,75 (noventa e oito

mil e quinhentos e trinta e três reais e setenta e cinco centavos).

Termos em que
Pede e aguarda deferimento.
Campo Mourão - PR, 15 de agosto de 2020.

Lizandra Vieira Rodrigues

OAB/PR 98.578

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