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CENTRO LITERATUS

CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM

GABRIELLA ALVES CAVALCANTE


JOCIELE CELLYS LEANDRO DE SOUZA
KASSIA ELEN BANDEIRA DE OLIVEIRA

A QUESTÃO DO ABORTO NO BRASIL

MANAUS
2020
GABRIELLA ALVES CAVALCANTE
JOCIELE CELLYS LEANDRO DE SOUZA
KASSIA ELEN BANDEIRA DE OLIVEIRA

A QUESTÃO DO ABORTO NO BRASIL

Trabalho de Apresentação parcial da disciplina Noções de


Pesquisa em Enfermagem apresentado ao Curso Técnico
de Engermagem do Centro Literatus, como parte dos
requisitos para obtenção do grau final da disciplina.

Orientadora: Profa. Rafaela Andrade

MANAUS
2020
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1 INTRODUÇÃO

A definição de aborto, segundo a Organização Mundial da Saúde, refere-se se à


interrupção da gestação com a extração ou expulsão do embrião, ou do feto de até 500 gramas
antes do período perinatal. Desta forma, falar de aborto nem sempre é uma tarefa fácil, pois
o tema além de ser delicado envolve questões morais, científicas, éticas, religiosas e
filosóficas. O Brasil faz parte do grupo de países que possuem legislações restritivas
quanto à interrupção da gravidez. Contudo, conforme prevê o artigo 128 do Código
Penal desde o ano de 1984, é permitida a interrupção da gravidez em dois casos
específicos: quando a gravidez é resultante de estupro ou para salvar a vida da mulher .
Há ainda uma terceira situação a qual é autorizada o aborto, é possível a interrupção
terapêutica da gestação quando o feto for anencefálico. Portanto, a gestante que se
adeque em uma dessas três situações, é apoiada pelo governo e pode realizar o aborto
legal gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No entanto, devido a prática
ser considerada crime com pena de reclusão, muitas mulheres que não se enquadram
nas categorias de interrupção da gravidez protegida por lei recorrem a clínicas
clandestinas ou efetuam o processo em suas próprias casas, sem nenhuma assistência
ou instrução de segurança.
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2 OBJETIVOS

2.1 Geral
 Identificar como a questão do aborto no Brasil, de acordo com o artigo 128 do Código
Penal (1984), contribui para minimizar o número de morte de mulheres.

2.2 Específicos

 Realizar pesquisa bibliográfica sobre a questão do aborto no Brasil;


 Descrever em quais casos pode ocorrer o aborto de acordo com o artigo 128 do texto
legal;
 Descrever como ocorre e quais as consequências do aborto em clínicas clandestinas ou
outros métodos que propiciem riscos a saúde da mulher.

3 JUSTIFICATIVA

No Brasil, o aborto é considerado crime; entretanto, o Código Penal Brasileiro, em seu


artigo 128, não pune a realização do aborto nas seguintes situações: gravidez que coloque em
risco a vida da mulher e gravidez resultante de estupro, e nos casos de anencefalia. No
entanto, devido a prática ser considerada crime com pena de reclusão, muitas mulheres
que não se enquadram nas categorias de interrupção da gravidez protegida por
lei recorrem a clínicas clandestinas ou efetuam o processo em suas próprias casas, sem
nenhuma assistência ou instrução de segurança. Como resultado, segundo dados
do Ministério da Saúde, aproximadamente 4 mulheres morrem por dia no Brasil em
consequência de um aborto que deu errado.

4 METODOLOGIA

A metodologia ocorrerá através de Pesquisa bibliográfica e Pesquisa exploratória.


Será realizada a partir de materiais publicados em livros, artigos, dissertações e teses sejam
eles físicos ou virtuais.
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5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 O aborto

As discussões sobre o aborto são extensas e antigas. Existem controvérsias que variam
de intensidade sobre se e quando o aborto deve ser permitido e quais as situações que o
justificam ou sobre quando se inicia a vida. Valores éticos como poder, igualdade, dignidade,
direitos, liberdade, justiça, fé, moral e autonomia se atravessam nessa trama de discussão
(Giugliani, C., et al. 2019).

Ainda de acordo com Giugliani et al (2019), o termo aborto comporta diferentes


significados, que variam conforme o com texto cultural, político ou legal. Na área da saúde,
abortamento é a interrupção da gestação (espontânea ou voluntária) até 20 ou 22 semanas com
o embrião ou feto pesando menos de 500g; já o aborto, é o produto do abortamento. Contudo,
na prática, os dois termos são utilizados como sinônimos.

5.2 A questão do aborto no Brasil

No Brasil o aborto é considerado crime contra a vida humana conforme dispõe a


Constituição Federal de 1988 e o Código Penal brasileiro que prevê pena de detenção nos
casos de aborto com ou sem consentimento. Porém, mesmo sendo considerado crime, o
aborto é realizado numa média de um milhão de vezes por ano no país (ARAGÃO, 2019).

Ainda de acordo com Aragão (2019), atualmente o Brasil não pode ignorar a realidade
de diversas mulheres que sofrem ao realizarem abortos clandestinos que podem tristemente
resultar na morte das mesmas. Essas ocorrências trazem um impacto negativo na saúde
pública, e penalizar criminalmente a mulher que pratica de forma voluntária o aborto não foi
suficiente para solucionar o problema. Em alguns casos específicos o aborto não é punível,
como no caso de aborto natural, aborto necessário e aborto de anencefálos.

5.3 Tipos de abortos legais no Brasil

No Código Penal, há duas previsões de afastamento do delito: risco de vida à gestante


e na gravidez resultante de estupro. A primeira previsão corresponde ao aborto necessário e a
segunda ao aborto humanitário (NUCCI, 2012).
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5.3.1 Aborto necessário ou terapêutico

Aborto necessário e também chamado de aborto terapêutico é aquele realizado por


médico quando não existe outro meio para salvar a vida da gestante. Nesta modalidade o
médico realiza o aborto com o único objetivo de salvar a vida da mãe, preocupando-se apenas
com ela.

De acordo Bittencourt (2013) o aborto necessário exige dois requisitos, quais sejam: o
perigo de vida da gestante e a inexistência de outro meio para salvá-la. É necessário que haja
perigo iminente à vida da gestante, e não apenas o perigo à saúde, mesmo que seja muito
grave. Neste caso o aborto, deve ser a única forma de salvar a vida da gestante, caso contrário
o médico responderá pelo crime.

O Código Penal Brasileiro somente autoriza a prática do aborto nos casos em que essa
opção seja a única alternativa para sobrevivência da gestante, pois a vida da gestante se torna
mais importante que o nascimento do feto com vida, e assim, esta modalidade de aborto não
constitui crime e não será punível.

5.3.2 Aborto sentimental

Aborto sentimental, também chamado de aborto humanitário ou ético é o aborto da


gravidez resultado de estupro. Não haverá punição do médico que realizar o aborto na
gestante vítima de estupro, desde que a gestante tenha autorizado e consentido.

No Código Penal não existe limitação temporal para a gestante decida pelo
abortamento, ela pode decidir durante qualquer momento da gestação. Nesta modalidade de
abordo, a interrupção da gravidez é exclusivamente realizada por motivo psicológico que a
gestante sofreu em consequência da forma violenta a qual foi submetida na concepção da
gravidez. O código penal não pune está modalidade (ARAGÃO, 2019).

Para realização do aborto sentimental, é necessário que haja prova do crime de


estupro, que pode ser produzida por todos os meios em direito admissíveis. Não é necessária
autorização judicial, sentença condenatória ou mesmo processo criminal contra o autor do
crime sexual.
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5.3.3 Aborto de anencéfalo

Aborto de anencéfalo, também chamado de aborto eugênico ou eugenésico é aquele


realizado nos casos de fetos defeituosos, ou naqueles com possibilidade de se tornarem
defeituosos no futuro. Pode se dizer que o aborto eugênico é aquele realizado para “evitar” o
nascimento de crianças defeituosas.

Dessa forma, o Supremo Tribunal Federal em 12.04.2012, decidiu que não pratica o
crime de aborto tipificado no Código Penal a mulher que antecipa o parto em caso de gravidez
de feto anencéfalo. Dentro dos preceitos de proteção da vida dispostos na Constituição
Federal, a interrupção da gravidez no caso de feto anencéfalo, não é considerada como crime,
sendo assim ninguém pode obrigar uma mulher a manter uma gestação que já se encontra
inexistente, tendo em vista a não perspectiva de vida do feto.

O aborto eugênico é parcialmente aceito pela doutrina, em razão da “escolha” dos


“defeitos” que autorizaram o aborto serem muito subjetivas. Mesmo que seja provável que a
criança nasça com deformidades ou enfermidade incurável, o Código Penal brasileiro não
legitima a realização do chamado aborto eugênico.

5.4 Abortos clandestinos e Inseguros

Várias mulheres, independentemente de sua classe social, credo e idade realizam o


aborto. As que têm boas condições financeiras utilizam clínicas, com mais higiene e cuidado.
As mais carentes, que compõem a maior parcela da população brasileira, são impelidas a
buscar métodos mais perigosos, o que resulta no elevado índice de agravo à saúde e alta
mortalidade. As medidas para evitar uma gravidez indesejada no Brasil são insuficientes.
Como resultado, várias mulheres se envolvem em situações de abortos inseguros, os quais,
inúmeras vezes, resultam em complicações graves como hemorragias, infecções, perfuração
do útero, esterilidade – muitas vezes levando-as à morte em consequência dessas práticas
(SANTOS et al., 2013).

Ainda de acordo com Santos et al. (2013), considerando que a morte feminina
representa apenas uma fração dos problemas relacionados ao aborto, os dados referentes à
hospitalização decorrentes do abortamento confirmam sua magnitude, sendo que a curetagem
pós-abortamento representa o terceiro procedimento obstétrico mais realizado nas unidades de
internação da rede pública de serviços de saúde. O problema decorrente das complicações
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pós-aborto ou da morbidade relacionada ao aborto desdobra-se em vários outros pertinentes


quer à esfera da saúde propriamente dita da mulher, quer à possibilidade de atendimento pelos
serviços de saúde ou, ainda, à sobrecarga hospitalar e ao custo das internações,
principalmente.

No Brasil, dados sobre aborto e suas complicações são incompletos. Dados


assistenciais estão somente disponíveis para o setor público e dados de mortalidade dependem
de investigação do óbito.

A Figura 1 mostra o total de óbitos com causa básica aborto e o total de óbitos com
outras causas básicas e com menção de aborto entre o ano de 2006 e 2015.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAGÃO, Nikolly Sanches. A Descriminalização do Aborto no Brasil. 2019. Revista


Âmbito Jurídico. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-
descriminalizacao-do-aborto-no-
brasil/#:~:text=No%20Brasil%20o%20aborto%20%C3%A9,vezes%20por%20ano%20no%20
pa%C3%ADs.. Acesso em: 06 dez. 2020.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Especial 2. Vol. II. 13ª
Ed. 2013.

Giugliani, C et al. O direito ao aborto no Brasil e a implicação da Atenção Primária à


Saúde. Revista Brasileira De Medicina De Família E Comunidade, 14(41), 1791.
https://doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1791

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 3. ed. – São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

SANTOS, Vanessa Cruz et al. Criminalização do aborto no Brasil e implicações à saúde


pública. Revista Bioética, Brasília, v. 21, n. 3, p. 1-51, dez. 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
80422013000300014&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 06 dez. 2020.

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