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Bibliotecas Escolares e a Web 2.

Síntese da 3ª sessão online (módulo 2)


de 7 a 17 de Fevereiro de 2011
Web 2.0 - qual o papel no âmbito do trabalho da BE?

Num momento inicial, solicitou-se que os formandos escolhessem e partilhassem, de uma forma
fundamentada, um vídeo sobre a Web 2.0.
Sugerimos que o trabalho neste módulo se iniciasse com a visualização da apresentação
“Bibliotecas e Web 2.0”. Os formandos podiam, facultativamente, complementar a visualização com a
leitura do documento “Introdução à temática - A Web 2.0: Potencialidades para as Bibliotecas
Escolares”.
Depois, a partir dessa apresentação e das leituras efectuadas (disponibilizou-se um conjunto de leituras
obrigatórias e outro de leituras facultativas) foi elaborada reflexão sobre a seguinte temática:
Que passos poderiam dar as nossas bibliotecas (tenha em conta a realidade da sua escola) para se
aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?
As reflexões foram publicadas num Fórum e, num segundo momento, solicitou-se que os formandos
escolhessem duas das sínteses publicadas pelos colegas e as comentassem.

No que se refere à primeira tarefa, ela foi prontamente realizada pela generalidade dos formandos que
tiveram uma grande capacidade de seleccionar vídeos mostrando-se atentos às escolhas prévias (apenas dois
vídeos foram repetidos). As fundamentações de forma geral foram sólidas e provocaram inclusive alguns
comentários dos formadores e colegas. A lista de reprodução com a totalidade dos vídeos encontra-se aqui:
http://www.youtube.com/view_play_list?p=7F76630836784DF6
e pode ser adicionada aos blogues-portefolios como widget /componente (html).

No que respeita à segunda tarefa, a turma superou as expectativas; 17 formandos tiveram a capacidade
de, em 10 dias produzirem um total de 114 intervenções.
As sínteses mais comentadas foram:
Clara Oliveira – 21 comentários;
Nuno Maria - 17 comentários e
Alice Santos – 14 comentários.

Todos se portaram “à altura” nunca deixando alguém sem resposta.

A reflexão da Clara, começa com uma citação, muito bem escolhida, que, sem referir especificamente a
Web 2.0 aponta para metodologias que a Web 2.0 potencia. Façamos uma releitura dessa citação (negrito
nosso):
“ A literacia ou as multiliteracias exigidas para aprender e para aprender ao longo da vida têm e devem ser adquiridas precocemente e
durante o percurso escolar, convocando para tal metodologias de pesquisa e de investigação que resultem do trabalho colaborativo da
biblioteca com todos os elementos da escola, viabilizando-se, assim, a construção do saber.”
Dra. Teresa Calçada, II Seminário FORBEV, Évora, Outubro de 2008
Bibliotecas Escolares e a Web 2.0

De uma forma geral, os trabalhos apresentados conseguiram comprovar as leituras e aprendizagens


realizadas e focaram três aspectos que consideramos essenciais:
- a consciência do papel da Biblioteca do/no século XXI;
- a compreensão do potencial das diversas ferramentas da Web 2.0;
- a atenção à realidade concreta de cada Biblioteca em que os formandos desenvolvem a sua actividade
profissional.

Retomamos o trabalho supramencionado para nos ajudar nesta síntese:

“ Mas o que é a Web 2.0? A Web 2.0 consiste no desenvolvimento de ferramentas que aproveitam a capacidade da
Internet para se tornarem melhores à medida que são utilizadas pelas pessoas, usando para isso a inteligência
colectiva. A Web 2.0 baseia-se na participação, na colaboração online e na certeza de que as pessoas querem criar
conteúdo em vez de apenas consumir. Trata-se pois de uma visão totalmente diferente do início da web, em que nos
sentávamos em frente ao computador consultando sites estáticos, fechados que não permitiam alterações.
Para a sobrevivência e afirmação da BE esta não pode “parar no tempo”, tem de acompanhar a mudança e para tal
desenvolver esforços para se tornar biblioteca 2.0.
Segundo Maness (2006) existem quatro princípios que caracterizam a Biblioteca 2.0:
Centrada no utilizador - o utilizador participa na criação de conteúdos e serviços disponibilizados na Web pela
biblioteca.
Disponibiliza uma experiência multimédia - tanto as colecções como os serviços da biblioteca 2.0 contêm
componentes vídeo, áudio e realidade virtual.
Socialmente rica - interage com os utilizadores quer de forma síncrona quer de forma assíncrona.
Inovadora ao serviço da comunidade - procura constantemente a inovação e acompanha as mudanças que
ocorrem na comunidade, adaptando os seus serviços para permitir aos utilizadores procurar, encontrar e utilizar a
informação.”

Grande parte da discussão em tornos deste tópico incidiu, como a Lucília Achando referiu na “A parte de
motivar todos para a partilha, para a colaboração e fazer perceber que na utilização da Web 2.0 as pessoas
também têm de criar conteúdos em vez de apenas consumir, citando palavras suas, e que eu subscrevo. Este é
o ponto fulcral da Biblioteca 2.0. Embora não tenha dúvidas de que vamos conseguir este será, no meu
entender, o grande desafio que nos espera se queremos uma Biblioteca 2.0 nas nossas escolas ou não.”
A discussão serviu bastante para uma troca de experiências e ansiedades relativamente àquilo que pode
ser feito na BE com a Web 2.0 sobretudo no que concerne o envolvimento dos leitores, dos professores… dos
utilizadores.

Às questões entretanto lançadas pelos formadores, a turma respondeu com empenho.


Vejamos por exemplo uma das respostas do Nuno Maria:

“Teresa e José eu concordo plenamente que todos devem criar conteúdos e não só consumir dos existentes, no entanto
considero que o actual panorama das nossas escolas, cada vez menos nos permite reflectir e criar novos conteúdos, a
burocracia, as reuniões e tudo o que por vezes devia ser secundário sobrepõe-se a esta parte fundamental a da
Bibliotecas Escolares e a Web 2.0

preparação de conteúdos sobretudo para os alunos. Acho que este não é um discurso de desculpa, mas sim o que sinto
na minha escola.
De qualquer forma penso que estes conteúdos da web 2.0 estão a ser introduzidos nas escolas, agora o ritmo é que
não é o desejado.
Uma outra resposta à pergunta da Teresa sobre se esta implementação é da unica responsabilidade da equipa da BE e
do professor bibliotecário, obviamente que não, todos têm essa responsabilidade, no entanto acho que a condução do
processo deve partir da direcção da escola e a iniciativa e a dinamização da BE.
Posso também dar a minha experiência deste ano lectivo, onde através do NAS, temos tentado criar um fundo
documental com conteúdos programáticos, multimédia, etc...temos tentado envolver os Coordenadores de
Departamento a criarem conteúdos e a usufruírem dos já existentes, bem como certificar os mesmos para as suas
disciplinas, tem sido um trabalho muito inglório, onde a troca e a partilha tem tido sempre entraves, havendo sempre
desculpas técnicas, falta de formação, etc... Mesmo depois de uma formação e explicação, não tem sido fácil.
Isto tudo para dizer que a mudança é sempre difícil, no entanto à que continuar passo a passo, pois este é o caminho
(na minha opinião).”

O comentário de algumas das sínteses foi também uma excelente oportunidade de partilha, como a da Alice
Santos que nos deixou a ligação da página da sua biblioteca, http://www.biblioteca.esjoseafonso.com/ ou da
Mafalda Rodrigues, o blogue: http://bibliotequices-bibliotequices.blogspot.com/?zx=998a931fc8a2f7ad

Terminamos esta síntese com alguns excertos de um trabalho que fez um pouco o sentido inverso pois a
reflexão só foi apresentada depois das intervenções da sua autora. Citamos assim o trabalho da Dora Pinheiro e
pedimos licença para usar a frase que citou no final. Tendo sido o último trabalho apresentado e dado que os
colegas já tinham produzido as suas sínteses, é menos provável que tenha lido esta. A frase final merece ser
lida.

“Desde logo, a pergunta que nos foi colocada refere passos, os passos da BE que me fizeram lembrar o caminho
trilhado até aqui, a este momento de charneira, como dizem os geógrafos, em que surgem novos caminhos, não tão
lineares e calmos mas porventura bem mais estimulantes. No meu comentário associei às mudanças actuais, a
“revolução” que significou o aparecimento das estantes abertas e de livre acesso por contraponto a uma época em que,
encerradas, se tinham como guardiãs de tesouro inacessível numa escola só para alguns, onde o conhecimento era
imutável e hierarquicamente transmitido e ao professor responsável pela biblioteca cumpria a conservação e
inventariação. E dizendo isto, que longo caminho foi já percorrido e como é e se quer diferente a BE!
Para David Lee King, a transformação de uma biblioteca tradicional numa biblioteca 2.0 opera-se segundo ondas,
recordando num esquema, os círculos concêntricos que uma pedra faz na água ao cair: da biblioteca “tradicional” às
melhorias introduzidas com os motores de busca, as bases de dados online e do correio electrónico; da mudança de
horizonte despoletada pelas necessidades de responder às procuras actuais e futuras aos projectos‐piloto, em que
aprende acerca da biblioteca 2.0 e começa a editar blogues; da oferta de participação ao utilizador para além de
informação ao envolvimento da comunidade: este é o objectivo, a biblioteca e a sua comunidade local criam uma
comunidade digital através da sua sucursal digital.
Para finalizar reforço a ideia de que ao professor bibliotecário se pede “partilha e a colaboração são as
palavras-chave, não a produção. Não temos que inventar a roda sistematicamente, temos que, por exemplo indexar os

sítios onde a roda já foi inventada e disponibilizá-lo na nossa Biblioteca” (Teresa Pombo in comentários). Pede-se
que seja um um profissional de excelência num redimensionamento do seu papel na escola.
“Teacher-librarians have come along way from the time when they were considered caretakers of the book
collection. Now they are information providers, consultants, curriculum activists, instructional designers, instructional
leaders, production specialists and most important, teachers” (Kreiser and Horton, 1992, p. 313).
Bibliotecas Escolares e a Web 2.0

Isto mesmo me lembrava a minha coordenadora Alice Santos, (que também por aqui anda!), que no primeiro
ano em que entrei para a equipa escreveu a seguinte dedicatória no pequeno livro que me ofereceu, A Biblioteca de
Umberto Eco,
“ Que possamos dar as mãos e abrir janelas para que outros venham debruçar-se nelas” ”

Os formadores

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