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Ciências Sociais

Lévi-Strauss

‘’Tristes Trópicos’’

Autor:

Nasceu em 1908 e morreu em 2009. Proveniente de Paris, Etnógrafo e Pai da


Antropologia e sociologia contemporânea. Criador e fundador da Escola de pensamento
Estruturalista.

Exige um sentido crítico e de conhecimento sobre os locais e culturas, pois existem


populações marginais à parte da sociedade. Existe assim, um choque de culturas que
resulta de um sentimento de mau estar e desejo da normalização. Havia também a
supermacia do poder do ser humano sobre outro, que implicava a decisão da vida do
outro (ex: juiz ou médico).

A monocultura implicava que todos eram iguais em toda a parte. Era necessário olhar
para outras culturas » Tédio da sociedade Ocidental.

A Escola Estruturalista afirmava ‘’é do grupo que os indivíduos recebem as suas


lições’’, pois é a nossa cultura e sociedade que diz como é que nos devemos comportar.

Existem dois tipos de viagens, as reais e as imaginárias, que consistem em viagens


espácio-temporal para um mundo utópico que transforma o Homem de várias maneiras.
Com o ‘’tempo das verdadeiras viagens’’ (primeiros exploradores) houve uma
consciencialização da evolução e dos estudos sobre as populações » Mais tempo, mais
conhecimento.

As estruturas vão determinar os comportamentos -» conceito fundamental de


Estrutura.

Índios Brutais vs Bom Selvagem:

Para os gregos a linguagem dos outros era percetível como ‘’barbarbar’’ daí o termo de
bárbaros. Para além disso possuíam uma educação diferente considerada inferior, com
costumes, princípios e rituais estranhos e desconhecidos. Os índios brutais eram
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submissos a um poder absoluto, enquanto que o bom selvagem é utopia e paz como um
estado da humanidade sendo que o bem comum prevalece sobre o individualismo.

Os Tristes trópicos são tristes pois vivemos um momento de tédio; a civilização em


massa é como um vegetal e o grupo prevalece sobre o individuo. Trópicos pois fazem
parte das viagens descritas e brasil e índia.

Lewis Morgan

‘’A sociedade primitiva I’’

Autor:

Era antropólogo, Etnógrafo e escritor americano. Pai da antropologia moderna.

Ideia principal do Evolucionismo ‘’A história da humanidade é uma só quanto à sua


origem, uma só quanto à sua experiência e uma só quanto ao seu progresso’’.

Os evolucionistas demonstram principal preocupação pela origem da humanidade e


todas as civilizações apresentam um fio condutor comum. No entanto, algumas
populaações estagnaram numa das etapas primitivas, que no texto é referente à evolução
humana em 3 etapas: Selvajaria, barbária e civilização.

Morgan trabalha sobre a escola do século XIX, o estudo das evoluções das sociedades
humanas e as relações do parentesco, referindo-se à raça humana e à família humana.
Sendo que o Homo Sapiens saiu da África na grande migração há 200 mil anos, devido
a um ambiente incompatível com a nossa sobrevivência, pois o ser humano estaria
extinto se não tivessem ocorrido as migrações.

Fatores específicos essenciais para a sobrevivência:

 Meios de subsistência » importância da pesca.


 Governo
 Linguagem
 Família
 Religião
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 Vida doméstica » intimamente ligada à família


 Arquitetura
 Propriedade

Ou seja, o homem surgiu selvagem, desenvolveu-se Barbárie acabando por se maturar


numa Civilização. Os 3 estados dividem-se em 3 períodos o antigo, médio e recente, e
em 3 fases a inferior, média e superior.

Marx Engels

Manifesto do Partido Comunista

Autor:

Pai do Comunismo moderno, filósofo que originou o Marxismo. Intelectual e


revolucionário, preocupado em mudar o mundo, preocupa-se com a classe dos
oprimidos (proletariado/operários) no século XIX » Revolução Industrial. Influenciou-
se em diversas áreas, desde a política à arquitetura.

Luta de classes » Opressor Vs Oprimido

Apoia o capitalismo como sendo a Ditadura da Burguesia. Previu que o sistema


capitalista iria desenvolver tensões entre a burguesia e o proletariado, e que estas
produziriam uma auto-destruição, sendo, nessa altura o capitalismo eventualmente
substituído pelo socialismo (ordem social das pessoas, teriam mais valor que o próprio
capital, sendo uma sociedade socialista) governado pela classe trabalhadora » Ditadura
do proletariado, estado dos trabalhadores ou democracia dos operários, que resultaria
por uma sociedade sem classes, como combate ao socialismo.

Opressão social: Ricos – Pobres, Burguesia – Proletariado, Capitalista – Trabalhador.

Existe um espectro na europa considerado um contra-poder » O COMUNISMO. A nova


burguesia torna-se a classe opressora e quando se falam em trabalhadores ou recursos há
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uma ‘’coisificação’’ dos operários e dos trabalhadores. Era necessário criar ‘’prol’'
(crianças) para haver mais peças de trabalho na família.

A História de toda a sociedade é a história da luta de classes, sendo que as relações


sociais se baseavam nas relações de trabalho.

Tudo isto ocorria pois o principal objetivo da época era a obtenção de capital e lucro,
não havendo qualquer preocupação com o bem-estar e a motivação dos trabalhadores,
estes não eram vistos como pessoas, mas como recursos facilmente substituídos (as
mulheres e crianças eram os mais baratos). Para a própria manutenção do proletariado é
necessário filhos para perpetuar a classe dos trabalhadores, ‘’só se recebe salário porque
se trabalha, se ninguém recebesse salário estaríamos todos em pé de igualdade.’’ » ‘’ O
que o operário vende não é o seu trabalho, mas a força do seu trabalho’’.

Emile Durkheim

» Sociologia como ciência positiva. Ultimo cientista positivista, todos somos seres
racionais, e toda a vida é regida pela racionalização).

» Pai da sociologia;

» Nasce em 1858-1917, académico, sociologo,antropologo, filosofo.

» Fundador da Escola Francesa – Escola Durkheimiana.

»: Foi o 1º autor a sistematizar Como fazer as regras do Método Sociológico, fundando


os métodos da sociologia. Combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica.

» É amplamente conhecido como um dos melhores teóricos da Coesão social (respeitar


as normas através do estabelecimento da sociedade) definição do ‘’normal’’ e do
‘’patológico’’, para cada sociedade ( o que é normal para x cultura não tem de ser
normal para a cultura y).

» O ‘normal’ é o que é obrigatório para o individuo, é superior a ‘’ele’/ individuo’. A


Sociedade e a consciência coletiva são entidades morais ( antes de ser materiais são
comunidades morais), sendo que quem as criou foi um coletivo ( por exemplo os
códigos civis) que estabelecem as regras do que devemos fazer ou não fazer.
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» A moral é superior ao indivíduo e há uma preponderância da sociedade sobre o


individuo. Ao mesmo tempo o individuo tem de se realizar através das normas impostas
da sociedade. Todas as sociedades tem uma forma normal de coexistência –
Solidariedade (das sociedades tradicionais ou da sociedade moderna) entre os seus
membros para gerar coesão social. A norma moral tende a tornar-se a norma jurídica.

» Coesão social- coerção (submissão do individuo, caso não respeitemos a regras vamos
ser punidos).

- AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLOGICO (1895):

Pretende sistematizar como se faz sociologia/antropologia nas ciências sociais, assim


como, aplicá-las a um objeto para ver se era possível aplicar as suas regras à
investigação sociológica, (ex: suicídio).

- O QUE É UM FACTO SOCIAL?

Palavras chave: coisas, coletivo, exterior, pensar, agir, sentir, regras morais e
jurídicas, coercivo, obrigação e imperativo

» Deve-se considerar como coisas/ objeto, e não um individuo;

» Determina a forma de pensar, agir, sentir, são as regras morais e jurídicas


impostas/determinadas/condicionado pela sociedade.

» Papel coercivo / obrigatório (ex: se n respeitar as regras da minha sociedade vou ser
punida – marginais);

» Os intermediários entre a sociedade e os indivíduos são os professores e os pais.


Imperativo morais, Aspetos exteriores (Através da educação faz se a ligação entre o
individuo e a sociedade);

» Consiste nas representações e ações, que ocorrem independentes da consciencia


individual, sendo produzidos da mesma forma por um conjunto de indivíduos, sendo
também instrumentos sociais e culturais que determinam as maneiras de agir, pensar na
vida;

» O facto social tem de se adaptar à sociedade, como por exemplo: normas sociais,
valores que existem independentemente da vontade e da existência do individuo;

» De caracter social e não biológico; mas coletivo.


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» Os factos sociais vão determinar os nossos costumes – coisas geradas pela sociedade,
nascem da sociedade, são exteriores, e através da educação, pais e professores molda-se
o individuo

» Não é inato aprendemos com a sociedade

Regras para explicar 

» Analisar os factos sociais como coisas, sendo possível objetividade da ‘’coisa’’,

» Afastar pré-noções, todos os pré-conceitos e preconceitos,

» Isolamento social através da estatística,

» Analisá-lo e compara-lo com outros factos sociais dentro da sua dinâmica/categoria.

Max Weber Entre o Protestantismo e o Capitalismo

» Intelectual alemão, jurista, economista e um dos pais fundadores da Sociologia


Moderna. O seu estudo vai para além da influencia na sociologia, especialmente na
economia, filosofia, direito e na administração.

» O seu pensamento Baseia-se no desencantamento da sociedade capitalista e moderna,


devido ao processo de racionalização.

» Define o Estado como a entidade que reivindica o monopólio do uso legitimo da força
física.

» Nasceu em 1864 e morreu em 1920.

Palavras chave: Espirito do capitalismo, racionalização, religião protestante,


ascetismo, Lutero, Profissão, Tempo, poder, Calvinismo

Reforma protestante: elementos da igreja liderados por Lutero (cristão afeto a igreja
católica) encontra aspetos / princípios incoerentes em relação às práticas da igreja
católica, porque 1) os católicos / padres iam contra os princípios da religião, tinham de
se privar de todas as tentações carnais, gerar família e ter filhos, senão ficando
incapacitados de cuidar da população crente – iam contra o que era dito e ensinado. 2)
A questão do dizimo ou indulgência: décima parte do seu ordenado, através de um
pagamento de forma a assegurar um lugar num lugar sagrado, eliminando os pecados 3)
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Para agradar a deus tem de se passar o tempo a rezar e ser ascético - Isto leva a uma
rotura da igreja cristã protestando sobre o poder do vaticano, levando à reforma
protestante e à criação de uma igreja Luterana: protestaram sobre as práticas da igreja.
Dentro da igreja protestante acabaram as indulgencias/dizimo, os pastores podem gerar
família e os protestantes são chamados como os puritanos.

Lutero indica que a única forma de amar a ‘deus’ é relativamente ao tempo que
dedicamos a trabalhar/ na nossa profissão é para a glória de deus. A profissão/ Vocação
profissional é a única forma de trabalhar para a glória de deus, tendo de ser produtiva.
Quem indica a vocação profissional é deus.

Pg 28: ‘’Uma observação superficial…do seguinte modo: …. Indiferença aos bens deste
mundo…’’ Os católicos foram educados a ficarem indiferentes aos bens materiais –
Censura do materialismo.

» Luteranismo considera que o ascetismo é uma perda de tempo, sendo o oposto a


glorificar deus. Convém reservar tempo para ir visitar o templo e falar com o seu pastor
de forma a transmitir a mensagem entre deus e o individuo. Assumem uma vertente
educacional ao traduzir a bíblia. As igrejas protestantes pretendiam eliminar imagens e
decoração dentro delas.

Lutero diz a vocação do individuo é transmitida através de um mandamento de Deus,


tem de se respeitar a vontade de deus não a podendo contrariar, e não havendo livre
arbítrio. #

» Calvinismo / igreja calvinista : recupera ideia’’ a vocação profissional é a única


vocação para glorificar deus e trabalhar em honra de deus mas de forma flexível (Deus
não se engana mas pode mudar de ideias face às profissões, tendo na mesma de seguir
as suas indicações) ‘’ Ir ao templo é uma perda de tempo, cabe-os a trabalhar sendo a
única forma de amar a deus etc, gastando esse tempo todo em algo mais produtivo.
Dogma Calvinista: Predestinação (deus me fez rica, se deus n se engana então tenho de
aceitar esse tipo de vida, não havendo problema na acumulação de riqueza. Há pessoas
destinadas especificamente), Individualismo ( vida dedicada à profissão, rotina
inevitável ao trabalhar horas excessivas, trabalhar até morrer)

»Espirito do capitalismo: O capitalismo não vive sem a ideia do individualismo,


trabalhador da vocação profissional de amar o individuo, já não precisa das bases
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religiosas, acabando por se automatizar ( o pensamento e as bases religiosas) como base


na sociedade. O tempo é dinheiro (fundada na doutrina calvinista).

Pode o regime económico surgir da religião?

A religião é uma das razões não exclusivas, porque as culturas do ocidente e do oriente
desenvolvem se de formas diversas. Salientou também a importância do protestantismo
ascético ( prática de abstenção de prazeres até ao conforto material, de forma a atingir a
perfeição moral e espiritual) que levou ao aparecimento do capitalismo, da burocracia e
do estado racional e legal nos países ocidentais.

Weber afirma relativamente aos membros participantes da ética protestante que todos
tem uma coisa em comum: o espírito do trabalho e do progresso pois todos os
protestantes eram religioso e estavam preocupados com estes 2 aspetos para agradar a
Deus. Já os iluministas acreditam que a ciência é o novo Deus. Weber rejeita a
espiritualidade católica, pois afirma uma indiferença entre os indivíduos e os bens do
mundo.

O espírito do capitalismo não é caracterizado pela busca do prazer e do dinheiro deve e


uma orientação em q o indivíduo vê a dedicação ao trabalho e a busca de riqueza como
um dever moral. No calvinismo o trabalho surge como compromisso religioso com o
intuito de salvação. O luteranos possui uma visão tradicional que o trabalho não possui
valor e que o indivíduo está inserido num ciclo social.

Marcel Mauss

-Nasce em 1872 e morre em 1950; pai da etnologia e da antropologia francesa.


Professor de antropologia e professor da religião primitiva; fundador do instituto de
etnologia da universidade francesa.

Palavras chave: Métodos de trocas; reciprocidade; contrato; intercâmbio; laços morais;


trocas /potlach; economia formal, solidariedade social

- ‘’Ensaio sobre a dádiva’’ /Dom/ gift = presente  publicado em 1925 num artigo e em
1950 num livro. Mauss apresenta os métodos de trocas nas sociedade primitivas. É
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reconhecido pelo estudo etnográfico e antropológico mais importante, sobre os


conceitos de reciprocidade, contrato e intercâmbio. Tem uma visão holística ou total da
sociedade, considera-a como um todo integrado, considera assim que as sociedade são
organismos vivos. formula questões: ‘’ como é que as sociedades se integram? …. Faz
uma utilização sistemática do material histórico, trabalha um ritual de ‘’potlach’’/troca.
Interessa-se por sociedades não ocidentais e procura desenvolver uma sociologia
comparada baseada numa etnografia detalhada de sociedades reais.

Analisa a Dádiva e a obrigação de retribuir; estuda a importância da troca e a


necessidade de apurar o significado que é atribuído pelos membros da sociedade
estudada, nomeadamente os seus caracteres simbólicos e, finalmente, estudar o que é
um facto social total.

A história da humanidade tem sido gerada através das trocas (fundadoras das relações
interpessoais). Para Mauss as trocas são uma fator de coesão moral e de integração
social.

O Potlach é uma cerimónia que consiste num contexto religioso de homenagem. Quem
foi homenageado faz a renuncia dos seus bens materiais, que devem ser entregues a
amigos e a parentes. A palavra Potlach significa dar e é caracterizado como uma festa
em que os bens são redistribuídos, com o objetivo de fazer uma redistribuição da
riqueza.

O ensaio de Mauss trata da forma como o comércio de objetos entre grupos constrói os
seus relacionamentos. Argumenta que quem oferece algo a alguém, isto leva à
obrigação moral da reciprocidade (aquele que recebeu passa a ter a obrigação de
retribuir de forma simbolicamente sempre superior devido à honra, reputação e o
espírito Mana. O espírito do objeto é o Hau  primeiras formas de contratos nas
sociedades primitivas). O resultado corresponde às primeiras formas de economia
formal, ou contrato primitivo e é uma forma de criar solidariedade social entre grupos.
As doações especificas tem objetivos: estabelecer relações de fortes alianças,
hospitalidade, proteção e assistência mútua. – Teoria da reciprocidade. Estuda o fluxo
de objetos materiais, rituais, pessoas e nomes, todos eles passíveis de serem trocados. E
revela a importância do simbolismo nas relações sociais.

- Os serviços económicos totais consiste num complexo de trocas que tem funções
sociais, religiosas, morais, económicas, políticas e de parentesco.
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Teoria da reciprocidade: Presentes ou serviços que se apresentariam como forma


voluntária, fazem parte de uma organização que torna a reciprocidade uma obrigação.
Dispor de um objetos é fazer um pacto e reorganiza a teoria em 3 momentos: 1) Dar 2)
receber 3) retribuir

O que é um facto social total? Ex: Natal

É uma atividade que tem implicações em toda a sociedade, a nível econômico,


jurídico, político e religiosas. Diversas esferas da vida social e psicológica são
tecidas juntas pelo que ele passa a chamar de "fatos sociais totais". Um fato social
total é tal que ele informa e organiza as instituições e práticas aparentemente
bastante distintas. Nesses fenômenos sociais "totais", como nos propomos chamá-
los, exprimem-se, de uma só vez, as mais diversas instituições: religiosas, jurídicas
e morais – estas sendo políticas e familiares ao mesmo tempo –; econômicas – estas
supondo formas particulares da produção e do consumo, ou melhor, do
fornecimento e da distribuição. Ou seja, envolve a economia, a politica, a religião e
tem característica moral e a característica do parentesco (todas as características
de uma determinada sociedade, quer se queira ou não).

Alfred Radcliffe-Brown: Fundador da Escola estrutural-funcionalista com base na


estrutura, função e inaugura e utiliza o método observação direta. Nasce em 1881 e
morre em 1955 em Inglaterra. É influenciado por Émile Durkheim através do conceito
que a relação que a sociedade é um organismo vivo.

Para Radcliffe-Brown a função de um costume é contribuir para a continuação da vida


do organismo social/sociedade (não tem uma característica biológica). A analogia
orgânica é fundamental para a teoria do Estrutural-Funcionalismo, porque esta escola
define a unidade funcional ‘’como uma condição em que todas as componentes do
sistema social trabalham em conjunto com um grau de harmonia ou coerência interna
para continuar a ser um sistema, isto é, sem produzir conflitos persistentes que não
possam ser nem resolvidos nem regulados.’’

Objetivo da Escola Estrutural-Funcionalista: descobrir leis do comportamento social,


através do método comparativo e através do método da observação direta. Os estudos
principais dedicam-se ao estudo do parentesco entre populações(quais as diferenças e
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semelhanças). » Não há ciência sem comparação, caso contrário é um estudo de caso. »


Compara assim os sistemas de relações sociais. O método proposto concentra-se na
estrutura das relações sociais atribuindo funções às instituições de acordo com o
contributo que elas dão à manutenção da estrutura/sociedade.

É o primeiro antropólogo a estabelecer a observação direta, com trabalho de campo e


funda esta escola com o livro ‘’As ilhas Andamans’’. Para fazer antropologia é
necessário trabalho de campo (no terreno) para podermos observar diretamente as
populações estudadas. » Característica fundamental da investigação cientifica.

Bronislaw Malinowski: Fundador da Escola Funcionalista com base na função, a


necessidade, o estatuto e inaugura na década de 1920 aplicando o método observação
participante. Nasce em 1884 e morre em 1942, de origem polaca e vive em Oxford. É o
grande Antropólogo que funda o método antropológico por excelência. Publica do livro
‘’ Os argonautas do pacífico oeste’’ estudando o Kula, publicado em 1922. É nesta obra
que Malinowski inaugura o realismo etnográfico (é preciso participar na vida das
pessoas estudadas, não é suficiente observar).

Vantagem da observação participante: não se observa só, é necessário também


participar nas vidas quotidianas da população estudada, para gerar familiaridade.
Quando se gera familiaridade há uma integração na sociedade. As tarefas de um
etnógrafo segundo Malinowski: são capturar o ponto de vista do nativo, a sua relação
com a vida/mundo e compreender a sua visão sobre o seu mundo.

Princípios da Escola Funcionalista: Inicialmente toda a cultura existe porque tem função
aliada ideia da necessidade biológica.

A ferramenta indispensável de qualquer antropólogo é o diário de campo. É o primeiro


antropólogo a dizer que é preciso colocar a subjetividade do autor a nu. É fundamental
fazer trabalho de campo com recurso a observação participante conhecendo a língua.

A sociologia estuda a própria sociedade e a antropologia estuda culturas diferentes.

O problema apresentado consiste na diferenciação o trabalho de campo com a


observação participante.

Trabalho de campo VS observação participante


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Observação participante – permite descrever as práticas quotidianas com maior realismo


do seu ponto de vista (por conviver com o grupo em questão, pode criar uma narrativa
mais realista, mais fie aos verdadeiros costumes).

O trabalho de campo consiste em estar a par dos valores e critérios da etnologia


(conhecer profundamente a teoria) assim como estabelecer uma vivência prolongada e
profunda entre a civilização. Mais envolvente do que a observação participante. Porque
quanto interagimos com as populações, vamos além das entrevistas e do que é
verbalizado, observando e fazendo parte dos seus comportamentos e rotinas.

Raça e História - Lévi-Strauss

Palavras chave: raça/cultura/etnia, história (progresso), etnocentrismo, diversidade cultural,


relativismo, identidade ‘’nós’’ e alteridade ‘’os outros’’.

Autor: nasce em 1908 na bélgica e morre em 2009 em paris. É um dos pais da


antropologia e da sociologia contemporânea. É o pai fundador da escola estruturalista, a
estrutura são todas as características que existem em todas as sociedades,
nomeadamente, a politica, a religião, a economia, o parentesco. Todas as sociedade tem
o seu sistema e a sua estrutura.

Este texto nasce como simples brochuras em que o conceito de raça foi confundido com
o conceito de cultura. Raça é uma característica biológica, é indiscutível. O objetivo do
livro é combater o preconceito racista, é uma reflexão de alguns dos conceitos sociais
(palavras chave). Quando procuramos caracterizar as raças biológicas, se somos mais
desenvolvidos ou não, afastamo-nos da realidade cientifica.

A estrutura caracteriza-se como um sistema de relações e são os sistemas que compõem


as diferentes culturas, a perspetiva estruturalista de Lévi-strauss é universalista, a escola
nasce com linguística, sós falamos uns com os outros e as nossas palavras têm
significado, pois algumas não são traduzíveis, ou seja podem não ter significado noutras
culturas. Esta perspetiva é portanto universalista e a estrutura consiste num sistema de
leis constantes de espírito, o que significa que são simbólicas e não pertencentes ao
campo do empiricamente observável. A cultura e a linguagem formam conjuntos de
comunicação.
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Diversidade cultural » existem 10000 culturas diferentes em vez de 4 ou 5 raças,


maioritariamente há mais culturas do que raças. ‘’Nós’’ Identidade (culturas ocidental)
vs ‘’os outros’’ Alteridade. Por causa da diversidade cultural gera-se o etnocentrismo,
criando um sentimento de repulsa perante as outras culturas. A diversidade é muito mais
rica do que aquilo que conhecemos. Nas sociedades humanas, há culturas que
pretendem cooperar umas com as outras e há outras que pretendem afastar-se umas das
outras, para se distinguirem. Dentro da própria sociedade há distinções. A proximidade
entre culturas promove um desejo de oposição e de distinção, o próprio isolamento pode
levar à distinção entre culturas.

O etnocentrismo » todas as culturas acham que o seu ‘’etnos’’cultural (características


culturais) são sempre superiores e melhor às outras culturas. Essa cultura vai fazer uso
dos conceitos de identidade e de alteridade, a identidade é superior à alteridade. Todas
as culturas pretendem distinguir-se das outras.

O relativismo cultural »As culturas são relativas a si próprias, com isto favorece a
comunicação entre indivíduos das diferentes culturas, sendo assim a história está ligada
ao progresso da civilização. E a história tende a dividir as pessoas relativamente ás suas
raças estritamente biológicas. A diversidade cultural não compreendida leva a
sentimentos de repulsa que cria o conceito de etnocentrismo. A etnia diz respeito a
estruturas culturalmente distintas e algumas características raciais. O relativismo
cultural não consiste em aceitar determinadas práticas, mas temos de respeitar e
perceber a cultura da pessoa, favorecendo a comunicação entre indivíduos de culturas
diferentes. A vantagem da raça e história é a ideia que a diversidade cultural deve ser
acolhida e não descartada.

‘’O etnocentrismo é comum a todas as sociedade humanas, impede a comunicação entre


indivíduos de culturas diferentes’’

Raça e cultura

Nada permite afirmar a superioridade ou a inferioridade intelectual de uma raça em


relação a outra, a não ser que se quisesse restituir sub-repticiamente a sua consistência à
noção de raça, parecendo demonstrar que os grandes grupos étnicos que compõem a
humanidade trouxeram, enquanto tais, contribuições específicas para o património
comum. Quando procuramos caracterizar as raças biológicas mediante propriedades
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psicológicas particulares, afastamo-nos da verdade científica, quer a definamos de uma


maneira positiva quer de uma maneira negativa.

Diversidade das Culturas

As culturas humanas não diferem entre si do mesmo modo, nem no mesmo plano.
Operam simultaneamente nas sociedades humanas forças que actuam em direcções
opostas, umas tendendo para a manutenção e mesmo para a acentuação dos
particularismos, outras agindo no sentido da convergência e da afinidade. A noção de
diversidade das culturas humanas não deve ser concebida de uma maneira estática.
Acontece em virtude do seu afastamento geográfico, das propriedades do meio e da
ignorância em relação ao resto da humanidade. Muitos costumes nasceram não de
qualquer necessidade interna ou acidente favorável mas apenas da vontade de não
permanecer atrasado em relação a um grupo vizinho. Assim, a diversidade das culturas
humanas é menos função do isolamento dos grupos, que das relações que os unem-

O Etnocentrismo

É, no entanto, parece que a diversidade das culturas raramente surgiu aos homens tal
como é: um fenômeno natural, resultante das relações diretas ou indiretas entre as
sociedades; sempre se viu nela, pelo contrário, uma espécie de monstruosidade ou de
escândalo; nestas matérias, o progresso do conhecimento não consistiu tanto em dissipar
esta ilusão em proveito de uma visão mais exata como em aceitá-la ou em encontrar o
meio de a ela se resignar. A atitude mais antiga consiste em repudiar pura e
simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas
daquelas com que nos identificamos. Recusa-se, tanto num como noutro caso, a admitir
a própria diversidade cultural, preferindo repetir da cultura tudo o que esteja conforme à
norma sob a qual se vive A humanidade acaba nas fronteiras da tribo, do grupo
lingüístico, por vezes mesmo, da aldeia. Recusando a humanidade àqueles que surgem
como os mais "selvagens" ou "bárbaros" dos seus representantes, mais não fazemos que
copiar-lhes as suas atitudes típicas. O bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na
barbárie. Mas a simples proclamação da igualdade natural entre todos os homens e da
fraternidade que os deve unir, sem distinção de raças ou de culturas, tem qualquer coisa
de enganador para o espírito, porque negligencia uma diversidade de fato, que se impõe
à observação e em relação da qual não basta dizer que não vai ao fundo do problema
para que sejamos teórica e praticamente autorizados a actuar como se este não existisse.
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Preso entre a dupla tentação de condenar experiências que o chocam afetivamente e de


negar as diferenças que ele não compreende intelectualmente, o homem moderno
entregou-se a toda espécie de especulações filosóficas e sociológicas para estabelecer
vãos compromissos entre estes pólos contraditórios, e para aperceber a diversidade das
culturas, procurando suprimir nesta o que ela contém, para ele, de escandaloso e de
chocante.

Culturas Arcaicas e Culturas Primitivas

O processo evolucionista consiste em tomar a parte dos aspectos que conhecemos das
civilizações antigas pelo todo, e concluir, a partir do facto de duas civilizações
oferecerem semelhanças em alguns aspectos, a analogia de todos os aspectos.
Canibalismo pseudocientífico pouco respeitador da integridade das culturas humanas.
“Povos sem história”, significa que a sua história é conhecida, não significa a sua
inexistência. Na verdade, não existem povos criança, todos são adultos, mesmo aqueles
que não tiveram diário de infância e adolescência. História progressiva, que acumula os
achados e as invenções para construir grandes civilizações e história a que falta este
dom sintético.

A Ideia de Progresso

O progresso não é necessário nem continuo; procede por saltos, que não consistem em ir
sempre mais longe na mesma direcção. A humanidade em progresso nunca se
assemelha a uma pessoa que sobe uma escada.

História Estacionária e História Cumulativa

A distinção entre as duas formas de história depende da natureza intrínseca das culturas
a que esta se aplica, ou resulta antes da perspectiva etnocêntrica em que sempre nos
colocamos para avaliar uma cultura diferente da nossa? Consideraríamos assim como
cumulativa toda a cultura que se desenvolvesse num sentido análogo à nossa, cujo
desenvolvimento fosse dotado de significação para nós. Enquanto as outras culturas nos
apareceriam como estacionárias, não porque o fossem mas porque a sua linha de
desenvolvimento nada significa para nós, não é mensurável nos termos do sistema de
referência que utilizamos. A historicidade/factualidade de uma cultura é função da
situação em que nos encontramos em relação a ela, do número e da diversidade dos
nossos interesses nela apostados. A oposição entre culturas progressivas e culturas
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inertes resulta de uma diferença de localização. O ambiente que nos cerca faz penetrar
em nós um sistema complexo de referências e as realidades culturais de fora só são
observáveis através das deformações por ele impostas, quando ele não nos coloca na
impossibilidade de aperceber delas o que quer que seja. Com as culturas, parecem-nos
tanto mais activas aquelas que se deslocam no sentido da nossa e tanto mais
estacionárias quando a sua orientação é divergente. Perguntamo-nos se este imobilismo
aparente não resulta da nossa ignorância sobre os seus verdadeiros interesses,
conscientes ou inconscientes e se tendo critérios diferentes dos nossos, esta cultura não
é, em relação a nós, vitima da mesma ilusão. Ou melhor, apareceríamos um ao outro
como despromovidos de interesse, muito simplesmente porque não nos parecíamos. A
originalidade de cada uma das culturas reside na maneira particular como resolvem os
seus problemas e perspectivam valores, que são aproximadamente os mesmos para
todos os homens, porque todos os homens sem excepção possuem uma linguagem,
técnicas, arte, conhecimentos científicos, crenças religiosas, organização social,
económica e política. Ora esta dosagem não é nunca exactamente a mesma em cada
cultura, e a etnologia moderna dedica-se cada vez mais a desvendar as origens secretas
destas opções do que a traçar um inventário de características diferentes.

Lugar da Civilização Ocidental

É possível que cada cultura seja incapaz de emitir um juízo verdadeiro sobre outra, pois
uma cultura não se pode evadir a si mesma e a sua apreciação permanece, por
conseguinte, prisioneira de um inevitável relativismo. A adesão ao género da vida
ocidental resulta menos de uma decisão livre do que de uma ausência de escolha. Se não
é o consentimento que fundamenta a superioridade ocidental, não o será então essa
maior energia de que dispõe e que lhe permitiu precisamente forçar o consentimento? A
civilização ocidental procura aumentar continuamente a quantidade de energia
disponível por cabeça de habitante e proteger e prolongar a vida humana. Alguns
espíritos têm uma impertinente tendência para reservar o privilegio do esforço, da
inteligência e da imaginação às descobertas recentes, enquanto as realizadas pela
humanidade no seu período bárbaro seriam fruto do acaso e haveria aí, em suma, apenas
um pouco de mérito.

Acaso e Civilização
Ciências Sociais

Ao homem moderno estariam reservadas as fadigas do labor e as iluminações do génio.


Esta visão ingénua resulta de uma total ignorância da complexidade e da diversidade
das operações implicadas nas técnicas mais elementares. Todas estas operações são
muito numerosas e demasiado complexas para que o acaso possa explicá-las. Cada uma
delas tomada isoladamente nada significa, só a sua combinação imaginada, desejada,
procurada e experimentada permite o êxito. O acaso existe, sem dúvida, mas não dá por
si só qualquer resultado. Logo, não temos razão para excluir o acto inventivo, que
certamente foi requerido para os últimos métodos, quando queremos explicar os
primeiros. No que diz respeito às invenções técnicas, a civilização ocidental mostrou-se
mais cumulativa do que as outras. A humanidade soube acumular uma multiplicidade de
invenções orientadas no mesmo sentido. Não quer isto dizer que não existam
transformações que se produziram nos outros locais, simplesmente não tomam um
sentido para o homem ocidental moderno e apresentam-se-lhe mesmo como se não
existissem. A simultaneidade de aparecimento das mesmas transformações tecnológicas
em campos tão vastos e em regiões tão afastadas, mostra bem que esta não dependeu do
génio de uma raça ou cultura, mas de condições tão gerais que se situam fora da
consciência dos homens. Todos os povos possuem e transformam, melhoram ou
esquecem técnicas suficientemente complexas para lhes permitir dominar o seu meio,
sem o que teriam desaparecido há muito tempo. A diferença não é, pois, entre história
cumulativa e história estacionária; toda a história é cumulativa, com diferenças de graus.
A humanidade não evolui num sentido único. E, se em determinado plano, esta parece
estacionaria ou mesmo regressiva, isso não quer dizer que, sob outro ponto de vista, ela
não seja sede de importantes transformações.

A colaboração das culturas

Nenhuma cultura se encontra isolada. Aparece sempre coligada com outras culturas e é
isso que lhe permite edificar séries cumulativas, que dependem da extensão, duração e
variabilidade do regime de coligação. A possibilidade que uma cultura tem de totalizar
este conjunto complexo de invenções de todas as ordens a que se chama civilização é
função do número e da diversidade das culturas com as quais participa na elaboração de
uma estratégia comum. Não existe pois sociedade cumulativa em si e por si. A história
cumulativa não é propriedade de determinadas raças ou culturas que assim se
distinguem das outras. Resulta mais da sua conduta do que da sua natureza. Exprime
uma certa modalidade de existência das culturas que não são senão a sua maneira de
Ciências Sociais

estar em conjunto. Neste sentido, podemos dizer que a história cumulativa é a forma
característica de história destes superorganismos sociais que os grupos de sociedade
constituem, enquanto a história estacionária seria característica desse género de vida
inferior que é o das sociedades solitárias. O problema não consiste em saber se uma
sociedade pode ou não tirar proveito do estilo de vida dos seus vizinhos, mas se, e em
que medida, é capaz de os compreender e mesmo até de os conhecer. Quando falamos
de civilização mundial, não designamos uma época ou um grupo de homens: utilizamos
uma noção abstracta, a que atribuímos um valor moral ou lógico. Nos dois casos, querer
avaliar contribuições culturais, referindo-as exclusivamente ao escalão de uma
civilização mundial que é ainda uma forma vazia, seria empobrecê-las singularmente,
esvaziá-las da sua substância e conservar delas apenas um corpo descarnado. Temos,
pelo contrário, procurado mostrar que a verdadeira contribuição das culturas não
consiste na lista das suas invenções particulares, mas no desvio diferencial que
oferecem entre si. O sentimento de gratidão e de humildade que cada membro pode e
deve experimentar para com os outros só poderia fundamentar-se numa convicção - a de
que as outras culturas são diferentes da sua, das mais variadas maneiras. Por outro lado,
consideramos a noção de civilização mundial como uma espécie de conceito limite, ou
como uma maneira abreviada de designar um processo complexo. Porque, se a nossa
demonstração é válida, não existe nem pode existir uma civilização mundial no sentido
absoluto que damos a este termo, uma vez que a civilização implica a coexistência de
culturas que oferecem entre si a máxima diversidade e consiste mesmo nessa
coexistência. A civilização mundial só poderia ser coligação, à escala mundial, de
culturas que preservassem cada uma a sua originalidade.

O Duplo Sentido de Progresso

O progresso cultural é função de uma coligação entre as culturas, que consiste no põe
em comum das possibilidades que cada cultura encontra no seu desenvolvimento
histórico, e esta coligação e tanto mais fecunda quanto se estabelecia entre culturas mais
diversificadas. Para progredir, é necessário que os homens colaborem; e no decurso
desta colaboração, eles vêem gradualmente identificarem-se os contributos cuja
diversidade inicial era precisamente o que tornava a sua colaboração fecunda e
necessária. Mas, mesmo que esta contradição seja insolúvel, o dever sagrado da
humanidade é conservar os dois extremos igualmente presentes no espírito, nunca
perder de vista um em exclusivo proveito do outro; não cair num particularismo cego
Ciências Sociais

que tenderia a reservar o privilégio da humanidade a uma raça, a uma cultura ou a uma
sociedade; mas também nunca esquecer que nenhuma fracção da humanidade dispõe de
fórmulas aplicáveis ao conjunto e que uma humanidade confundida num género de vida
único é inconcebível, porque seria uma humanidade petrificada. É preciso que saibam
que a humanidade é rica em possibilidades imprevistas, que, ao aparecerem, encherão
sempre os homens de estupefacção; que o progresso não é feito à imagem confortável
desta "semelhança melhorada” em que procuramos um preguiçoso repouso, mas que é
cheio de aventuras, de rupturas e de escândalos. A humanidade está constantemente em
luta com dois processos contraditórios, para instaurar a unificação, enquanto o outro
visa manter ou restabelecer a diversificação. É a diversidade que deve ser salva, não o
conteúdo histórico que cada época lhe deu e que nenhuma poderia perpetuar para além
de si mesma. E necessário, pois, encorajar as potencialidades secretas, despertar todas as
vocações para a vida em comum que a história tem de reserva; é necessário também
estar pronto para encarar sem surpresa, sem repugnância e sem revolta o que estas novas
formas sociais de expressão poderão oferecer de desusado. A tolerância não é uma
posição contemplativa dispensando indulgências ao que foi e ao que é. É uma atitude
dinâmica, que consiste em prever, em compreender e em promover o que quer ser. A
diversidade das culturas humanas está atrás de nós, à nossa volta e à nossa frente. A
única exigência que podemos fazer valer a seu respeito (exigência que cria para cada
indivíduo deveres correspondentes) é que ela se realize sob formas em que cada uma
seja uma contribuição para a maior generosidade das outras.

Raça e História » o que é o etnocentrismo?

A atitude mais antiga consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais,


morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos
identificamos. Recusa-se, tanto num como noutro caso, a admitir a própria diversidade
cultural, preferindo repetir da cultura tudo o que esteja conforme à norma sob a qual se
vive- Recusando a humanidade àqueles que surgem como os mais "selvagens" ou
"bárbaros" dos seus representantes, mais não fazemos que copiar-lhes as suas atitudes
típicas. O bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na barbárie.

Questão de Desenvolvimento

Claude Lévi-Strauss foi o pai fundador da escola Estruturalista Francesa, que tem como
foco a linguagem, uma vez que defende que falamos aquilo que pensamos. Escreveu o
Ciências Sociais

livro “Raça e História” em 1952, com o propósito de definir alguns conceitos


consagrados nas Ciências Sociais, sendo os mais importantes: Raça, História,
Etnocentrismo, Diversidade Cultural e Relativismo cultural. Segundo Claude Lévi-
Strauss, o conceito de raça é de caráter biológico, sendo que é algo discutível, visto que
muitas das vezes existe confusão entre a noção permanente biológica da raça e as
produções sociológicas e psicológicas das culturas humanas. Desta forma, facilmente se
pode afirmar que as diferenças de raça nada tinham a ver com as culturas. Para entender
de facto, as diferenças entre culturas e populações diferentes, temos que entender a sua
etnia. Para além disso, para compreender uma tradição cultural, é necessário entender as
razões que levam à criação dessa tradição, desde a sua origem até aos dias de hoje. Daí
a existência do conceito do Relativismo cultural, que tem como vantagem permitir que
haja uma compreensão cultural e não apenas uma aceitação, proporcionando uma fácil
comunicação entre as culturas. No que se refere ao conceito de história, Lévi-Strauss
distingue dois tipos de história: “ história cumulativa” e “história
estacionária/estagnada”. Quando falamos em “história cumulativa”, estamos a associar
aos diferentes povos que acumulam os conhecimentos adquiridos, e portanto são
considerados como povoações mais desenvolvidas. No entanto, quando nos referimos a
“história estacionária/estagnada”, associamos aos povos primitivos ou vistos como
inferiores perante os outros, pois não existe desenvolvimento e portanto a sua história
estagnou e não houve evolução. Tendo em conta os dois tipos de história, Lévi-Strauss
define então o conceito de diversidade cultural. Em primeiro lugar, indica-nos que se
existe originalidade nas diferentes raças, então existe uma relação com as circunstâncias
geográficas, históricas e sociológicas e não tanto com as aptidões que cada povo adquire
associadas à sua constituição fisiológica. Para além disso, afirma que “… existem muito
mais culturas humanas do que raças humanas”. Ou seja, duas culturas constituídas por
homens de diferentes raças podem diferir tanto ou mais que duas culturas provenientes
de povos racionalmente distintos. A diversidade cultural é “… de facto no presente, e
também de direito no passado, muito maior e mais rica que tudo o que estamos
destinados a conhecer dela”( Lévi-Strauss, 1956). Por último, no que se refere ainda ao
conceito de diversidade cultural, posso afirmar que segundo o pensamento do autor, a
diversidade das culturas não pode ser vista de uma maneira estática e como um “desejo
de oposição, de se distinguirem, de serem elas próprias”, pois cada cultura tem a sua
particularidade e como tal não pode existir comparação entre elas. Devido às diferenças
existentes entre as culturas, surgiu o conceito de etnocentrismo, conceito esse que
Ciências Sociais

consiste na ideia de que existe uma população melhor que outra ou superior a outra. No
caso das populações primitivas, por exemplo, existem povos que acreditam que estas
são inferiores a eles, devido ao facto de não se terem desenvolvido da mesma forma que
eles. O etnocentrismo consiste sobretudo no desprezo que existe entre um determinado
povo em relação às forma morais, religiosas, sociais e estéticas diferentes das deles,
assim como à existência de maneiras de viver, crer ou pensar. Assim sendo, o objetivo
do “Raça e História” é combater o racismo e promover a diversidade cultural.

Boaventura - A crítica da razão indolente

O paradigma emergente é resultado de um paradigma dominante que vive uma crise


profunda e irreversível porque é o resultado interativo de condições sociais e teóricas,
entretanto a ciência precisa de financiamento, estando refém dos interesses económicos
e capitalistas. É preciso criar um novo paradigma emergente.

O fim dos monopólios de interpretação é um bem absoluto da humanidade.

Qual a diferença entre senso comum e conhecimento cientifico?

O senso comum assume que a ciência tem capacidade para resolver todos os problemas.
O conhecimento cientifico faz-se com evidencias e provas. No entanto as promessas da
ciência falharam, por isso precisamos de um novo paradigma emergente (o autor não dá
o nome para esse paradigma emergente).

Metodologia

É o parentesco um elemento fundamental. As Histórias de vida são estratégias para


conhecer as estruturas do parentesco. É a partir da descolonização que se estuda a
antropologia das sociedades complexas. Família tradicional (não complexa) composta
pela mãe (bola), o pai (triângulos) e os 2 filhos, têm sempre muitos mais filhos etc. O
desenho é por faixa etária, da esquerda para a direita. As famílias são consanguíneas
(irmãos ou primos) ou são matrimoniais (Mães têm laços com o pai). A regra universal
do parentesco é a proibição do incesto. A geologia é um desenho de quem é quem,
quem casou com quem, quem tem laços.
Ciências Sociais

Os métodos da análise do parentesco são qualitativos, através da genologia, a história de


família, estudos de caso (qual a relação de um elemento com a restante família). Os
registos sonoros ou filmes também são recursos para a investigação importante pois não
quebra o diálogo. As entrevistas realizadas podem ser semiestruturadas são
caracterizadas por tópicos que permitem o diálogo e permite ao entrevistado que fale o
que quiser falar abertamente, a desvantagem é que as pessoas podem-se desviar do
assunto central. Caso o entrevistado não permita que seja gravado há outro método
qualitativo » conversas informais com recurso à memória e os tópicos num papel.

Os costumes e as práticas relativas ao parentesco pertencem, pelo menos parcialmente,


ao domínio do inconsciente. Cada cultura dispõe na sua língua de meio próprios para
pensar e exprimir as categorias da existência do parentesco. As estruturas do parentesco
são universais, todas as culturas têm estruturas ou sistemas de parentesco, mas muito
diferentes comparando-as entre si. O parentesco não é uma fatalidade biológica, é uma
construção social e cultura. As normas de cada cultura, no que diz respeito ao
parentesco, informam as estruturas de parentesco. É sempre uma forma de classificação
e de organização.

O parentesco é extremamente biológico? Não, o principal objetivo criação,


classificação e organização dos elementos que compõem uma família, um clã ou um
parentesco.

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