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ISBN 978-85-5717-060-5

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


ANGÉLICA ILACQUA CRB-8/7057

Goldsmith, Mike
Do zero ao infinito (e além) : tudo o que você sempre
quis saber sobre matemática etinha vergonha de perguntar
/ Mike Goldsmith ; tradução de Fabio Storino. - São Paulo :
Benvirá, 2016.
Av. das Nações Unidas, 7221, 12Andar, Setor B 152 p. : il.
Pinheiros - São Paulo - SP - CEP: 05425-902 ISBN 978-85-5717-060-5
Título original: From zero to infinity (and beyond) - Coai
maths stuff you need to know.
0800-0117875 1. Matemática - Curiosidades emiscelânea 2. Matemática
SAC De 2ª a 6ª, das 8h às 18h recreativa 1. Título li. Storino, Fabio
1 www.editorasaraiva.eom.br/contato coo 510
16-0882 CDU 51

Presidente Eduardo Mufarej Índices para catálogo sistemático:


Vice-presidente Claudio Lensing 1. Matemática : Obras populares : Curiosidades
Diretora editorial Flávia Alves Bravin
Copyright © Buster Books, 2012
Gerente editorial Rogério Eduardo Alves
Editoras Débora Guterman Título original: From zero to infinity (and beyond) - Coai maths
Ligia Maria Marques stuff you need to know.
Paula Carvalho Publicado primeiramente na Grã-Bretanha em 2012 por Buster
Tatiana Allegro Books, um selo da Michael O'Mara Books Limited, 9 Lia[) Yard,
Produtores editoriais Deborah Matias Tremadoc Road, London SW4 7NQ.
Rosana Peroni Fazolari
Todos os direitos reservados à Benvirá,
Comunicação e Maurício Scervianinas de França um selo da Saraiva Educação.
produção digital Nathalia Setrini Luiz
www.benvira.com.br
Suporte editorial Juliana Bojczuk
Produção gráfica Liliane Cristina Gomes

Preparação Augusto lriarte 1• edição, 2016


Revisão Tulio Kawata
Maria Fernanda Alvares
Revisão técnica Paulo Estêvão Silva
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
Diagramação Caio Cardoso
por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização da
Ilustrações Andrew Pinder Saraiva Educação. A violação dos direitos autorais é crime
Capa Caio Cardoso estabelecido na lei n• 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do
Impressão e acabamento Gráfica Paym Código Penal.

548.979.001 .001 1
SUMÁRIO

Aprenda a gostar
de números 7

~ NÚMEROS '.t..~ FORMAS


u.3) ELEGANTES LI SURPREENDENTES
Números da Antiguidade 9 De todas as formas 41
Tudo sobre nada 12 Triângu los extraordinários 43
Como conversar Tudo sobre áreas 47
com computadores 13
Em terceira dimensão 50
Operações comp licadas 15
Espaço interior 56
O nome dos números 17
Simet,·ia perfeita 60
Números indivisíveis 19
Estruturas matemáticas 61
Os números na natureza 20
A arte da matemática 62
Um número mortal 22
Música em números 63
Po ,·ções justas 27
Uma q uestão de graus 66
Gra na, grana, grana 30
A escala das med idas 67
Um depois do outro 33
Simplesmente enorme 36
Para além do infinito 38
DOZER
AO l~Fl~IT

ESCRITO POR

Dr. Mike Goldsmith

TRADUÇÃO
Fabio Storino

Benvirá
ft MATEMÁTICA
,t) DEMESTRE

Medidas reais 71 Ultrassecr·eto! 11 9


Unidades curiosas 72 Resolvendo o enigma 12 1
Precisamente acurado 75 O fator x 123
"Chute informado" 76 Boa, Sherlock 126

Autoengano 79 Uma máquina de matemática 128


Entendendo os movimentos 80 Prove 132
Não pode piscar 84 Argumento circular 134
Cronometrado 85 Mestres dos números 135
Quando faltam dias 89
Indo de A até B 92

X indica o local 96

j\,l 1\/~i1.- DADOS GJ GÊNIO DA


1
ri'
i Y\ COMOVENTES !{ MATEMÁTICA

Gráficos fantásticos 10 1 Vários truques com números 143


Fazendo uma média Dicas e atalhos 146
com os números 106
Técnicas de memorização
Organizando os números 109 matemática 150
A armadilha de números
de Venn li o
Uma deliciosa fatia de pizza 11 2
O que acontece depois? 11 4
APRENDA A GOSTAR
DE NÚMEROS

Você tem dificuldade com frações? Números o enlouquecem?


Não se preocupe: este livro o levará a uma jornada pelo fascinante
mundo da matemática, ao final da qual você estará habituado
com porcentagens e achat-á os decimais divinos!
Não se trata apenas da mecânica por trás das operações
matemáticas. Há seções neste livro sobre como a matemática
afeta tudo, do comportamento dos animais à maneira como
escutamos música. Muitos dos grandes pensadores da história
gostavam de matemática e a usavam para inventar coisas inte-
ressantes e fazer descobertas.
Seja ajudando na sua lição de casa ou ensinando novas coisas
para que você surpreenda seus amigos, este livro fará com que
você aprenda a gostar de matemática - eu garanto.
NÚMEROS DA ANTIGUID,,DE
Muito antes de as calculadoras e os computadores terem sido
inventados, q uando as pessoas queriam manter um registro
das coisas que contavam, elas faziam pequenos cortes em
um graveto ou pedaço de osso. Uma das primeiras formas
conhecidas desse tipo de contagem foi descoberta em uma
caverna na África do Sul. Era o osso de um babuíno com 29
linhas talhadas nele. Testes indicaram que essas marcas foram
feitas há cerca de 35 mil anos.

VAMOS CONTAR!

Essas linhas, ou entalhes, podem ter sido usadas para contar


qualquer coisa, de animais a pessoas ou a passagem dos dias.
No começo, o único símbolo
numérico usado era o 1. Mas,
na verdade, essas eram apenas
marcas feitas em ossos. Então, se
as pessoas quisessem contar até
mil, precisavam juntar um monte
de ossos de babuíno e fazer mil
vezes a marca 1.
Atualmente, há dez diferentes
dígitos, ou numerais: O, 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8 e 9. Esses dígitos formam
o chamado sistema decimal - do
latim decimus, que significa "dez".

9
O sistema decimal é uma maneira bastante lógica de contar:
a maioria das pessoas aprende a contar usando os dez dedos
das mãos. De,fato, a palavra "dígito" também significa "dedo".
Foi provavelmente assim que você aprendeu a contar, e é pro-
vável que os primeiros humanos também tenham aprendido
dessa forma.

CONTE COMO UM EGÍPCIO

O mais antigo sistema de contagem baseado no número dez


de que se tem notícia era usado há 5 mil anos, no Egito. Os
egípcios usavam conjuntos de linhas para números até nove.
Mais ou menos assim:

Seu símbolo para IO era Oi}, e números grandes usavam uma


combinação de íls e Oí}s. Portanto, 22 era escrito assim: (íl(íl)~~.
Para 1 00, eles usavam ~, para 1 .000, .l., até 1 .000.000: 1r'.
Como um milhão parecia um número imenso aos egípcios
antigos, o símbolo também era usado para se referir a qualquer
número enorme.

10 DO ZERO AO 1"4FINITO
NUMERAIS ETERNOS

Os romanos também contavam em grupos de dez, usando


letras para números: 1 ( 1),V (5), X ( 1O) , L (50) e C ( 100). Mais
t arde, D (500) e M ( 1.000) foram acrescentados.
Para escrever um número, letras eram agrupadas e depois
somadas ou subtraídas, de acordo com a ordem. Por exemplo: se
1é colocado antes de uma letra que representa um número com
valor maior; significa "um a menos". IX é 9, um a menos que dez.
Os símbolos CL eram usados para escrever 150 - ou 100 mais
50. Juntas, portanto, as letras CCLVII significam 257.
Podemos encontrar algarismos romanos em alguns relógios,
ou ao final de alguns programas de tevê, uma reforência ao ano
em que estes foram produzidos.

MÚMEROS ELEGANTES 11
TUDO SOBRE NADA
As pessoas vinham usando sistemas de contagem havia séculos
até se darem conta de que faltava algo - o zero! Embora um
grego antigo chamado Ptolomeu tenha feito experiências com
ele, o zero só passou a ser comumente usado a partir do final
do século IX.

, CONTE COMIGO

Sem o zero, não há como diferenciar; digamos, 166 de 1.066 e


166.000. Ele também é um conveniente ponto de partida para,
por exemplo, cronômetros, réguas e termômetros.
Para essa diferenciação, foi desenvolvido um novo sistema de
contagem de notação posicional, usando a posição relativa de cada
algarismo na composição do número. Esse sistema divide os
números em colunas, começando com as unidades à direita,
depois as dezenas, depois as centenas, depois os milhares, e daí
em diante. Veja o número 3.975, por exemplo: você pode

12
observar facilmente que há três milhares, nove centenas, sete
dezenas e cinco unidades.
Nesse sistema, depois que você chega ao 9, coloca I na casa
das dezenas e volta ao O na coluna das unidades. Depois do
19, o I na casa das dezenas muda para 2, e a casa das unidades
volta novamente para o O, e por aí vai até chegar ao 99. Então,
é colocado um I nas centenas e tanto as dezenas quanto as
unidades voltam a ser O.

COMO CO~VERSAR COM


COMPUTADORES
O sistema decimal pode ser chamado de base I O. Mas também
há outras bases. A mais simples é a base 2, ou sistema binário,
que usa apenas dois dígitos: 1 e O.
Em binário, em vez de escrever "O, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7" e daí em
diante, você escreveria "O, 1, 1O, 1 1, 100, 1O 1, 1 1O, 1 1 I" para
representar os mesmos números. Isso acontece porque, assim
como na base I O, os números binários também têm suas colunas.
Em vez de unidades, dezenas, centenas e milhares, contados
da direita para a esquerda, o valor das colunas dobra toda vez. Da
direita para a esquerda, a primeira coluna é a do 1, a coluna à
esquerda é a do 2, depois a do 4, depois a do 8, depois a do 16,
e por aí vai. Por exemplo, o número 17 é escrito como 10001,
que significa: um 16, nenhum 8, nenhum 4, nenhum 2 e um 1:

16 8 4 2
1 o o o

NÚMEROS ELEGANTES 13
Essa pode não parecer uma
maneira útil de contar, mas é
perfeita para a computação.
Todo computador é composto
por milhões de componentes
eletrônicos chamados transis-
tores, que podem estar ligados
ou desligados.
Para o computador; um tran-
sistor ligado representa 1, e um
transistor desligado representa O.
Um conjunto de transistores pode armazenar um número
binário. O número 5, por exemplo, seria armazenado como na
ilustração abaixo - bem, seria se existissem duendes dentro do
computador:
Computadores usam o sistema
binário para armazenar e trabalhar
com todo tipo de dados, não apenas
números.Tudo, de palavras a sons e
imagens, bem como números, pode
ser convertido para
código binário.

14 DO ZERO AO INFINITO
?~
• Há muitas outras bases além da base I O e da base 2.
A base 8, ou octal, e a base 64 também são usadas na
computação, bem como a base 16, ou hexadecimal, que
é usada para se referir às áreas da memória do compu-
tador. Ela usa os dígitos O, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 e as
letras A, B, C, D, E e F.

OPERAÇÕES COMPLICADAS
Quando está contando, adicionando ou subtraindo, você está
fazendo uma operação. Não do tipo que os médicos fazem
- e sim do tipo que os matemáticos fazem quando praticam
aritmética.
A palavra''aritmética''vem do grego
antigo e significa "a arte dos números".
É usada na adição, subtração, multipli-
cação e d ivisão, também conhecidas
como as quatro operações.

HÚMEROS ELEGANTES 15
FORMEM UMA FILA!

Retas numéricas são uma boa maneira de visualizar números


e operações. A reta numérica a seguir mostra a adição 2 + 2.
A resposta, conhecida por soma em adição, é, claro, 4:

o 2 3 4 5 6 7 8 9 10

A subtração também é bastante simples. Para cal-


cular I O- 4, conte de trás para a frente ao longo da
reta numérica, a part ir do primeiro número, 1O, usando
· o segundo número, 4.
A resposta é a diferença entre os dois números.
Neste caso, 6:

2 3 4 5 6 7 8 9 10

A multiplicação é uma adição repetida. Por exemplo,


para calcular 3 x 4 usando a reta numérica, simplesmente
conte, começando do O, o primeiro fator, ou número,
a quantidade de vezes indicada pelo segundo fator: Em
multiplicação, o resultado é conhecido como produto.
N este caso, o produto é 12.

o 2 3 4 5 6 7 8 9 1O 11 12

16 DO ZERO AO INFINITO
A divisão é uma subtração repetida. O exemplo a
seguir mostra 6--:- 3.A reta numérica é delimitada entre O
eo dividendo - o primeiro número-, depois dividida em
partes iguais equivalentes ao segundo número - o divisor.
O comprimento de cada segmento é o quociente, que é
como a resposta é conhecida na divisão. Neste caso, é 2:

o 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Para a adição e a multiplicação, não importa como a fórmula


é escrita: 2 + 3 é igual a 3 + 2. No entanto, é importante lembrar
que o mesmo não vale para a divisão e a subtração: 7-2 não
é igual a 2-7, e 12--:- 3 não é igual a 3--:- 12.

O NOME DOS NÚMEROS


Você já deve ter percebido que os números recebem muitos
nomes impressionantes. Surpreenda seus professores de mate-
mática mostrando que sabe a diferença entre números inteiros
e irracionais. Continue lendo para saber mais.

COMO ASSIM, INTEIRO?

Até aqui, este livro usou retas numéricas que começavam pelo O
seguido de 1, 2, 3 etc. Esses números, incluindo os números negativos
- aqueles à esquerda do zero na reta numérica-, são conhecidos
como inteiros. Os números à direita do zero na reta numérica
são conhecidos como inteiros positivos. Assim como os números
à esquerda do zero são conhecidos como inteiros negativos.

NÚMEROS ELEGANTES 17
AS FORMAS DOS NÚMEROS

Você provavelmente já ouviu


falar de números quadrados. São
números que podem ser obtidos
a partir da multiplicação de um
número inteiro por ele mesmo,
como o 4, que é 2 x 2, ou o 9,
que é 3 x 3. Mas você sabia que
também existem números trian-
gulares? São números na série
1, 3, 6, 1O e daí por diante (ver
página 22) .

NÚMEROS IRRACIONAIS

Os números racionais são aque-


1es que podem ser obtidos
dividindo-se um número inteiro por outro inteiro que não
seja zero. Dessa forma, 0,5, 8 e 4,25 podem ser escritos como
1 -=- 2, 64 -=- 8 e 17 -=- 4, respectivamente. São todos, portanto,
números racionais. Já os números irracionais, como a raiz qua-
drada de 2 (ver página 24), cuja notação é
1
.../2, ou como -ffl,
não podem ser escritos assim.

1. A raiz quadrada é um número que, mult iplicado por ele mesmo, resulta em determi-
nado número. Por exemplo, 4 é a raiz quadrada de 16 porque 4 x 4 = 16.

18 DO ZERO AO INFINITO
NÚMEROS INDIVISÍVEIS
A maior parte dos números pode ser decomposta em núme-
ros inteiros menores, ou fatores (ver página 16). Por exemplo,
4 pode ser dividido em dois lotes de 2.
Entretanto, alguns números não podem ser decompostos
dessa maneira e possuem apenas quatro divisores: -1 , 1, -p e p,
sendo p o próprio número a ser dividido. Por exemplo, o número
13 não pode ser dividido por nenhum número exceto I e 13.
Esses números indivisíveis são chamados de números primos.
Os menores primos são 2, 3, 5, 7, 1 1 e 13, mas há números
primos muito maiores do que esses e que, surpreendentemente,
só podem ser divididos por si mesmos ou por 1.

NÚMEROS ELEGANTES 19
OS NÚMEROS NA NATUREZA
Uma maneira de descrever os números é dizer que são ímpares
( 1, 3, 5, em diante) ou pares (2, 4, 6, em diante). Dois números
pares ou dois números ímpares possuem o que se chama de
mesma paridade; se você tem um número ímpar e um par, eles
possuem paridade diferente. Uma das curiosidades sobre pari-
dade é que não é uma invenção humana; ela também aparece
na natureza.

ESTRANHAMENTE PARES

A maioria dos animais possui um número par de membros do


corpo. Humanos são bípedes, o que significa que possuem duas
pernas. Cavalos e cachorros são quadrúpedes, o que significa
que possuem quatro patas, enquanto insetos possuem seis
patas, e aranhas, oito.
Um milípede (ou diplópode), cujo nome, em grego, quer
dizer"que possui mil pés", possui na verdade apenas trezentos
pés, mas, ainda assim, um número par.

GOSTEI. VOU LEVAR


150 PARES.

20 DO ZERO AO INFINITO
A natureza é tão organizada que mesmo o DNA - o mapa
de como um animal se desenvolve - é normalmente ordenado
em pares de cromossomos. A maioria dos humanos possui 46
cromossomos, dispostos em 23 pares.

No mundo das frutas e legumes, as regras são diferen-


tes, e muitos dos números relativos às plantas são
ímpares. Por exemplo, muitas flores possuem
cinco pétalas, e algumas frutas têm como base
uma forma de cinco pontas, como você pode
observar ao cortar uma maçã ao meio na
horizont al.
.()-
No entanto, embora nem todos os números
relativos às plantas possuam a mesma paridade,
eles têm algo em comum. O abacaxi e a pinha possuem espinhos
dispostos em dois conjuntos de espirais, um ordenado no sen-
tido horário e o outro no anti-horário.
Dependendo do tamanho do abacaxi, haverá ou 5 e 8 espirais,
ou 8 e 13 espirais, ou 13 e 21 espirais. Esses números são conhe-
cidos como números de Fibonacci
(para saber mais, ver página 34).
Os números também são im-
portantes no mundo dos cristais.
Muitas coisas - de sal a flocos de
neve - são compostas de cristais
de formas regulares, com um nú-
mero fixo de lados.
UM ~ÚMERO MORTAL
Pitágoras foi um matemático grego nascido por volta de 580 a.C.
Odiava lent ilhas e amava triângulos e é considerado por mu it os
um dos matem áticos mais importantes que já existiu. Po uco se
sabe sobre ele, exceto que um t eorema leva seu no m e, muito
embora Pitágo ras não o tenha .inventado de fato.2

- -

TRIÂNGULOS ADORÁVEIS

G rande parte da obra de Pit ágoras gira em torno dos triângulos.


Ele tinh a fascinação por números triangulares, como 3, 6 e I O,
que podem ser dispostos em for ma tri angular; assim:

o
(J '\)
'º ~ G o
Q ~ (t) tíif)

O TEOREMA DE PITÁGORAS

Pitágoras é conhecido por conta de um teorema relativo a triân-


gulos. É um teorema que só se aplica aos triângulos retângulos,
que possuem uma linha horizontal e uma vertical. O teorema
afirma que se você elevar ao quadrado os comprimentos dos dois
lados mais curtos, os catetos, e somá-los, o resultado será igual ao
quadr ado do comprimento do lado mais longo - a hipotenusa.

2. As relações e ntre os lados de um triângul o retângu lo já eram conhecidas pelos egíp-


cios e babilônios (3000 a.C.-260 d.C.). Nas tábuas mat emáticas (conhecidas como
YBC7289) ou nos pap iros de Rhind já se encontravam relações do triângu lo retângulo.
Porém, cou be a Pitágoras a sua demonstração. A tradição é unânime em atribu ir a e le
a descoberta do teo rema. [N. do RT.J

22 DO ZERO AO INFINITO
w
n
3

4cm

Neste exemplo, os lados do triângulo têm 3, 4 e 5 centímetros


de comprimento. Os quadrados dos catetos são 9, que é 3 x 3,
e 16, que é 4 x 4. Se você somar 9 com 16, obterá 25, que é
5 x 5. Portanto, a hipotenusa tem 5 centímetros de comprimento.
Isso é bastante conveniente, pois permite que você descub,~a
o comprimento de um dos lados de um triângulo retângulo caso
saiba o dos outros dois. Há até mesmo uma prática fórmula
para demonstrar esse raciocínio: a 2 + b2 = c2 .

LENTILHAS? NÃO, OBRIGADO

Embora o teorema leve seu nome, acredita-


-se que Pitágoras tenha ouvido falar sobre e le
no Egito. Os egípcios e os babilônios vinham
usando o princípio havia séculos. Seja como
for, Pitágoras formulou outras teorias incríveis.
Entre elas, a ciência básica do som, a ideia de
que a Terra gira e de que "tudo é número".
Pitágoras e seus seguidores
eram tão reservados que muitas
de suas práticas e ideias não são
conhecidas. Mas os historiadores

~ÚMEROS ELEGANTES 23
sabem que, além de não gostarem de lentilha, os
pitagóricos não se sentavam em potes de determi-
nados tamanhos e não permitiam que andorinhas
fizessem ninho debaixo de seus telhados.

A CRISE DOS DOIS

Pitágoras e seus segu idores eram famosos por gostar de coisas


simples, que se encaixavam em regras. Também estavam conven-
cidos de que todos os números podiam ser expressos como
razão - por exemplo, um quarto é a razão de I para 4, que pode
ser escrit a como ~. Porém, depois descobriu-se algo que co-
locou isso em questão.
Veja este triângulo:

Parece uma simples e inocente forma geométrica, não?


No entanto, se você usar a fórmula do teorema para des-
cobrir o comprimento da hipotenusa, as coisas se complicam
um pouco.
Isso porque I x I é apenas 1. Se somar os quadrados dos
dois lados para chegar ao quad rado da hipotenusa, você obterá
2. Não há uma maneira simples de mostrar o número que,
multiplicado por si mesmo, resulta em 2. Esse número, conhe-
cido como a raiz quadrada de dois, ou vl, não pode ser descrito
como uma razão - é um número que começa com 1,4142 ...
e não chega ao fim .

24 DO ZERO AO INFINITO
Isso irritou bastante os pita-
góricos, que tentaram manter
esses números sem fim, irra-
cionais, em segredo. Quando
um de seus seguidores, Hipaso,
começou a falar sobre eles sem
parar; foi lançado para a morte.

SUPERSTIÇÕES

Os pitagóricos não são os


únicos que não gostam de al-
guns números em particular.
Ao longo dos séculos e em diversas partes do planeta, foram
atribuídos diferentes significados a determinados números.
Na China, por exemplo, o oito é considerado um número da
sorte. Em outros países,
é o sete.Algumas pes-
soas acreditam que o NÃO LIGO PARA
RATOS,E XCETO
treze dá azar - há até QUANDO HÁ
TREZE DELES.
mesmo um nome para
o medo do número
treze: triscaidecafobia.

NÚMEROS ELEGANTES 25
DE QUEBRAR A CABEÇA

Acredita-se que os quebra-cabeças numéricos conhecidos como


quadrados mágicos tenham se originado na China. Ao longo
dos séculos, algumas pessoas acreditavam que pudessem ser
usados para fazer previsões, o que não é muito provável. Mas
eles são bons quebra-cabeças, isso é inegável!
Em um quadrado mágico, a soma dos números em cada
linha, coluna ou diagonal é sempre igual, ou seja, resulta em
uma constante.
No exemplo a seguir; a soma de toda linha, colun·a e diagonal
é igual a 15:

-1(
15

4 9 2 15

3 5 7 15

8 1 6
15
~
15 15 15 15

26 DO ZERO AO INFINITO
PORÇÕES JUSTAS
Imagine que é seu aniversário e você chamou sete amigos para
ir à sua casa. Como você cortaria o bolo em oito porções iguais,
garantindo que todo mundo recebesse uma fatia justa? É mais
fácil do que parece, se souber como ...

BELAS FATIAS

Na matemática, porções são chamadas de frações; então, para


dividir seu bolo de aniversário entre oito pessoas, ele precisa ser
cortado em o it o fat ias iguais. Ou seja, também se pode dizei- que
cada fatia será equ ivalente a um oitavo do bo lo. Como fração,
isso seria escrito assim: Ys. O número de cima é o numffado1~
e o de baixo é o denominador.

CORTANDO O BOLO

Veja como as frações podem ajudar


na divisão do seu bolo de aniversário:

1. Primeiro, corte o bolo na metade


(Y2 ), para ficar com duas partes iguais.
2. Corte cada metade novamente ao
meio, de maneira que você fique

NÚMEROS ELEGANTES 2,7


com quatro pedaços iguais, cada um agora representando
~ do bolo.
3. Por fim, corte cada quarto do bolo na metade, de maneira
que você fique com oito fatias. Cada fatia agora representa
Ys do bolo - o bastante para satisfazer você e seus sete
amigos, sem gerar briga.

Você deve ter percebido mais uma coisa. Viu como as frações
interagem entre si? Se você divide uma metade em dois, fica
com um quarto: Vi x Vi = ~; já se divide um quarto em dois,
fica com um oitavo: Vi x ~ = Ys.

FRAÇÕES PESADAS

Na maioria das frações, o numerador é menor do que o deno-


minador. Elas são conhecidas como frações próprios.
No entanto, de vez em quando, você pode se deparar com
uma fração incomum, como esta: Vi. Essa é uma fração im-
1

própria, porque o numerador é maior do que o denominador.


A fração Vi é outra maneira de dizer que há "onze metades".
1

28 DO ZERO AO INFINITO
Imagine que essas sejam metades de bolo; se elas fossem
combinadas para formar bolos inteiros, você teria cinco bolos
e meio, ou 5Yi. Isso é conhecido como um número misto, que é
um número inteiro seguido de uma fração.

PORCENTAGENS PERFEITAS

E se você pudesse dividir seu bolo em cem fatias em vez de


apenas oito? Se quisesse X do bolo, teria que pegar 25 fatias,
ou 2Yíoo. Isso também pode ser escrito como 25 por cento ou
25%, que significa "25 de 100" - de fato, 25% é só outro jeito
de dizer X.

DESMISTIFICANDO OS DECIMAIS

Outra maneira de pensar sobre frações é como um cálculo de


divisão. Se você usar o exemplo do bolo, X quer dizer "dividir
um bolo em quatro fatias". Se você digitasse 1--:- 4 em uma
calculadora, a resposta seria 0,25. Isso é conhecido como um
número decimal - às vezes, chamado apenas de decimal.
Se você colocar 1--:- 3 em uma calculadora, a resposta será
0,3333333 ... , um número que não acaba. Isso é chamado de
dízima periódica. Para economizar espaço, esses números são
escritos com um traço sobre o período (a parte que se repete);
então, n também pode ser escrito como 0,3.

NÚMEROS ELEGANTES 29
E O ARREDONDAMENTO?

Às vezes, um número tem muitos dígitos depois da vírgula. Por


exemplo, o número 0,4567 possui quatro dígitos - ou seja, neste
caso, estamos trabalhando com quatro casas decimais. Esses
dígitos podem ser encurtados "arredondando-se" o número
para baixo ou para cima. Se, em vez de quatro, você quisesse
trabalhar com duas casas decimais, teria que olhar para o dígito
na terceira casa deci mal - se fosse maior do que 5, como no
caso do número 0,4567, você arredondaria para cima (0,46);
se fosse menor do que 5, como no caso do número 0,654 3,
você arredondaria para baixo (0,65).

GRA~A, GRA~A, GRA~A


Na Antiguidade, as pessoas não usavam dinheiro; elas faziam
escambo, trocavam coisas entre si, como gado. Mas, convenhamos,
como gado não é uma coisa fácil de transportar, era preciso
encontrar uma alternativa.

30 DO ZERO AO INFINITO
Nos primórdios do dinheiro, as pessoas usavam como moeda
objetos naturais razoavelmente raros e pequenos o bastante
para serem carregados com facilidade-desde conchas até penas.
As moedas de metal começaram a ser usadas mais ou menos
em 700 a.C., na Lídia, que hoje é parte da Turquia, e na China.
Então, quando essas pessoas tinham que viajar longas distâncias,
ou comprar e vender em grande quantidade, eram obrigadas a
carregar consigo grandes e pesados sacos de moeda. Na China
do século XII, esse problema foi resolvido com a invenção do
papel-moeda.

PLÁSTICO FANTÁSTICO

Esse não é o final da história. Atualmente, a maior parte do


dinheiro do planeta está armazenada em computadores e é
transferida eletronicamente entre bancos, lojas e pessoas por
meio de cartões de crédito e de débito.

QUE INTERESSANTE!

Você já deve possuir sua própria conta bancária, e talvez sua


poupança esteja rendendo juros. E como esses juros se relacio-
nam com a inflação? O que são esses dois termos?
A ideia de juros é bem simples. Você coloca uma quantia
em uma caderneta de poupança e o banco a utiliza para
ganhar dinheiro para ele . Em troca, você recebe um dinheiro
extra, os juros. Se pega dinheiro emprestado de um banco,
você paga juros sobre o empréstimo, o que significa que terá
que pagar mais do que tomou emprestado.

NÚMEROS ELEGANTES 31
O montante de juros que você recebe ou paga depende
de três coisas: a quantidade de dinheiro que você depositou
ou pegou emprestado do banco, a taxa de juros oferecida
pelo banco e o tempo pelo qual o dinheiro fica na conta ou é
emprestado. Digamos que o banco ofereça uma taxa de juros
de 10% ao ano sobre a poupança e que você tenha depositado
R$ 200 e deixado o dinheiro lá por um ano. Ao final de um
ano, o dinheiro terá rendido 10% de R$ 200, ou seja, R$ 20.
Isso significa que, após um ano, haverá na sua conta R$ 220.

PARA O ALTO, SEMPRE

Quase tudo fica mais caro


com o passar do tempo. Da
mesma forma que a taxa de
juros, a inflação também é
descrita por meio de uma
porcentagem - digamos, 5%
ao ano. Então, se uma barra
de chocolate custa R$ 1
hoje, pode custar R$ 1,05
daqui a um ano.
Felizmente, o salário de
muitas pessoas também au-
menta a uma taxa parecida,
diminuindo o impacto dos
aumentos de preço.

32 DO ZERO AO ll-4Fll-41TO
UM DEPOIS DO OUTRO
Na matemática, uma linha ordenada de números é chamada
de sequência. Sequências normalmente possuem um padrão,
ou uma regra, que permite deduzir o próx imo número. Uma
contagem coloca os números na sequência mais simples que
existe. Na sequência a seguir, é adicionado I ao número anterior:

l, 2, 3,4 ...

Quando os números numa sequência são somados de forma


infinita, o resultado é chamado de série:

n + j'4 + Ys + Yi 6...

Essa série se encaminha para o número I .A soma dos dois pri-


meiros termos é K Adicionando o seguinte, Ys, a :X, obtém-se
Ys . Depois, Ya + YÍ 6 = 11Í 6, e daí em diante.

A VIDA DE UM RATO

Séries e sequências também existem no mundo


real. Por exemplo, o número de ratos após
certo número de gerações é representado por
uma série. Ratos normalmente têm · dez filhos
por ninhada. Os números em cada geração são
obtidos multiplicando-se o número de ratos da
geração anterior por dez:

1, 10,100, 1.000 ...

HÚMEROS ELEGANTES 33
O número total de ratos após o nascimento dos tataranetos é:

1+ 1O+ 100 + 1.000 = 1. 1 11

O número de roedores em cada geração pode ser ob-


tido adicionando-se um zero à direita do número anterior.
Po rtanto, na décima geração, haveria 1.000.000.000 de ra-
tos. Assustador, né? Esse tipo de conta leva rapidamente a
números enormes. No entanto, você precisa tomar cuidado
ao aplicar a matemática no mundo real - nesse caso, você
está ass umindo que cada rato bebê viverá o bastante para
produzir sua própria ninhada, mas, no mundo real, nem todos
eles chegarão a se reproduzir. Felizmente.

, A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI

Outra sequência que pode ser aplicada na natureza é conhe-


cida como sequência de Fibonacci, que é a seguinte:

1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34 ...

Há uma regra simples para formar essa sequência. Você


consegue descobrir? (A resposta está no final deste tópico.)
Essa sequência aparece em alguns lugares curiosos. Os
abacaxis da página 21 possuem dois números de Fibonacci
consecutivos em suas espirais. Ela também aparece na maneira
como os galhos de uma árvore crescem, na disposição das
sementes do girassol e no número de abelhas nas sucessivas
gerações de uma colmeia.

34 DO ZERO AO INFINITO
·a:iu,n8as o .Aa:iqo e.Aed epu~nbas ep so.AaWl)U
sowp11) S!OP so awos :p::>euoq!:1 ap so.1aWl)N

PADRÕES NOS CENTAVOS

É possível que existam números de Fibonacci até mesmo em


seu bolso.
Se tiver algumas moedas de 5 e de IO centavos, de quantas
maneiras diferentes você consegue formar 15 centavos? Você
poderia ter:

5 centavos e 1O centavos e 5 centavos , 5 centavos


10 centavos 5 centavos e 5 centavos

NÚMEROS ELEGANTES 35
Há três manei ras de fo rmar 15 centavos. E 20 centavos?
Você poderia ter:

5 centavos, 1O centavos, 5 centavos,


5 centavos, 5 centavos 5 centavos e 1O centavos e
e 5 centavos 5 centavos 5 centavos

5 centavos, 1O centavos e
5 centavos e 10 centavos
1O centavos

Há cinco manei ras de formar 20 centavos com moedas de


5 e de IO centavos. E, como você já imaginou, há oito maneiras
de formar 25 centavos, treze de fo rmar 30 centavos e 2 1 de
fo rmar 35 centavos. Não é legal? 3

SIMPLESME~TE E~ORME
O Universo é absolutamente eno rme. Uma simp les gota
d 'água contém cerca de I O sext ilhões de átomos, ou
10.000.000.000.000.000.000.000. Se você acha que isso é

3. De acordo com o Princípio Fundamental da Contagem (PFC), formular 15 centavos utili-


zando-se moedas de 5 e IO centavos resulta em dois modos apenas, já que não importa a
ordem dos elementos. O mesmo ocorre com 20 centavos: apenas três modos. [N. do RT.]

36 DO ZERO AO INFINITO
muito, saiba que o número de átomos no oceano é cerca de
um septilhão (um trilhão de trilhões) de vezes maior. Não
surpreende, portanto, que os matemáticos tenham criado uma
maneira bem mais fácil de representar esses números gigantes.
Por exemplo, 1 septilhão é escrito como 1024 , que significa" 1O
à potência 24", ou I O multiplicado por si mesmo 24 vezes, ou
1 seguido de 24 zeros. Isso é chamado de notação científica.

O COMPLEXO GOOGOLPLEX

Alguns números muito grandes possuem nomes especiais. Por


exemplo, 10 100 é um googo/ - o nome sugerido por um garoto
de 9 anos chamado Milton Sirotta, em 1938. Mas isso não é tudo:
também há o googolplex, que é I O elevado a googol, ou 10 101ºº:

MUITA AREIA

A primeira pessoa a estudar


números enormes foi o grego
antigo Arquimedes. Em sua
obra Arenarius [O contador de
areia], ele estimou o tamanho
do Universo e a quantidade de
grãos de areia que seria neces-
sária para preenchê-lo. Partindo de
uma miríade, o maior número em uso
à época - 10.000 - , e multiplicando-o
por si mesmo repetidas vezes, Arquimedes calculou que no
Universo inteiro caberiam 8 x 10 63 grãos de areia. Como o

NÚMEROS ELEGANTES 37
Universo provavelmente é infinito, ele errou feio, mas, ainda
assim, foi uma obra impressionante para a época.

PARA ALÉM DO l~Fl~ITO


Imagine uma reta numérica (como aquelas nas páginas 16 e 17),
depois imagine-a estendendo-se em ambas as direções. Isso
é o infinito. Não há um número máximo, porque você pode
sempre somar um para criar um número ainda maior:
Em muitos aspectos, o infinito é como o zero, que não
pode ser dividido. Por exemplo, a metade de infinito é infinito,
e mesmo um trilionésimo de infinito ainda é infinito, sempre.

INFINITAMENTE COMPLICADO

O infinito significa alguma coisa? Bem, pode ser que sim, porque
talvez o Universo em que você vive seja infinito. Se isso for

EU DISSE QUE ESTÁVAMOS INDO NA


DIREÇÃO ERRADA. A NOSSA TERRA JÁ
FICOU DUAS GALÁXIAS PARA TRÁS.

38 DO ZERO AO IMFIMITO
verdade, o número de estrelas pode ser infinito. Se houvesse,
digamos, apenas uma estrela em um trilhão com um planeta similar
à Terra orbitando ao redor dela, isso significaria que haveria um
número infinito de planetas como a Terra, porque um trilioné-
simo de infinito é infinito. Se houvesse um número infinito de
planetas como a Terra, haveria um número infinito de planetas
habitados por humanos, e um número infinito desses humanos
poderia ter seu nome, sua idade, seus pais - haveria um número
infinito de pessoas exatamente como você. É o bastante para
fazer você pirar!

NÚMEROS ELEGANTES 39
FORMAS
SURPREE~DE~TES
DE TODAS AS FORMAS
Muito da matemática trata de simplificar as coisas, do compor-
tamento humano ao movimento dos planetas. A geometria - a
matemática das formas - não é exceção.

MARAVILHAS NATURAIS

Muitas coisas na natureza, como as árvores e os humanos, pos-


suem formas complicadas e irregulares, difíceis de serem descritas.
Formas regulares não aparecem com muita frequência na
natureza, mas elas existem, como o disco do Sol, ou a forma
hexagonal dos favos de mel de uma colmeia. No caso dos favos
de mel, isso maximiza a área de cada alvéolo, ao mesmo tempo
que minimiza os espaços entre eles.
Caso a forma fosse circular, seria necessário usar mais cera
para preencher os intervalos entre os alvéolos. Esperta a natu-
- ?
reza, nao.

41
ONDE ESTÁ POLLY?

Formas simples e regulares podem ser divididas em formas


com linhas retas, como os quadrados, e formas com linhas
curvas, como os círculos. Formas com linha reta são cha-
madas de polígonos.
Aqueles que têm lados e ângulos com medidas congruentes
(lados e ângulos iguais) são chamados de polígonos regulares.
Entre eles, estão:

O quadrado

42 DO ZERO AO INFINITO
Depois do quadrado, o nome dos polígonos segue um
padrão regular: Cada forma contém a palavra grega para o nú-
mero correspondente de lados, seguida de "-gono" - a palavra
grega para "ângulo".

TRIÂ~GULOS EXTRAORDINÁRIOS
Depois dos círculos, os triângulos são provavelmente as formas
que os matemáticos mais ado ram. Tanto que o estudo dos
triângulos tem um nome próprio: t rigonometria.

A FORMA MAIS FORTE

O triângulo é uma das formas mais simples porque possui o


menor número de linhas retas - e a matemática adora sim-
plicidade. É também uma das formas mais úteis para construir
estruturas. Em locais de clima úmido, muitos telhados são inclina-
dos, ou triangulares, para que a chuva possa escon~er facilmente.
Guindastes, pontes e muitas outras estruturas também têm
um formato triangular: A razão é simples: é a forma mais forte.

TIPOS DE TRIÂNGULO

Os triângulos podem ser agrupados em três tipos:

Triângulo equilátero: Triângulo isósceles: Triângulo escaleno:


t o dos os t rês lados e os t rês poss ui do is lados e não poss ui lados o u
ângul os são congrue ntes. do is ângu los co ngrnentes. ângu los co ngru e ntes .

FORMAS SURPREENDENTES 43
A soma dos ângulos formados pelos três vértices é sempre
180º, não importa o tipo de triângulo.

?• ~
Ângulos de menos de 90º são agudos. Ângulos entre 90º
e 180º são conhecidos como obtusos. E aqueles entre
180º e 360º são côncavos.

TRIÂNGULOS SEMELHANTES

Se você quisesse descobrir a altura de algo muito grande, preci-


saria de uma longa escada e uma trena bastante comprida, certo?
Errado. Você só precisaria encontrar uma vara de madeira
suficientemente grande e reta e algo para medir- uma imensa
e linda árvor-e , por exemplo. Coloque a vara de pé no chão
a certa distância da árvore. Depois, encontre uma posição no
chão onde o topo da árvore se alinhe com o topo da vara do
seu ponto de vista. Isso formará do is triângulos: um , dos seus
olhos até a vara, e outro, dos seus olhos até a árvore. Ambos
possuem os mesmos ângulos, muito embora sejam de tamanhos
diferentes. São o que chamamos de triângulos semelhantes.
Os comprimentos dos lados de triângulos semelhantes
também são proporcio nais entre si. Por isso, com algumas
poucas medições, você poderá descobrir a altura da árvore
comparada à da vara.
Para fazê-lo, você precisará med ir a distância de A a D e a
distância de A a B. Depois, divida o comprimento da reta AB

44 DO ZERO AO INFINITO
pelo comprimento da reta AO para descobrir a razão, que seria
4 no exemplo abaixo. Multiplicando a altura da vara pela razão,
você chega à altura da árvore.
Nesse caso, 4 x 1,5 = 6, então a árvore deve ter 6 metros de
altura.Tudo isso sem precisar subir uma escada bamba!

DE OUTRO MUNDO

Algumas distâncias são mais difíceis de medir


diretamente - a distância até a Lua, por exem-
plo-, mas, ainda assim, os triângulos podem
ser usados para calculá-las. Você só precisa
medir o comprimento de um lado de um
triângulo imaginário, entre os pontos A e
B, para obter uma linha de base. Depois,
meça os ângulos formados pelas linhas
imaginárias até a Lua em A e B. Como
a Terra e a Lua estão em movimento,
isso precisa ser feito quando a Lua

FORMAS SURPREEt-4DEt-4TES 45
.estiver exatamente entre esses dois pontos. Depois que você
souber esses ângulos, o comprimento das retas AC e BC pode
ser calculado, o que também fornecerá a distância da Terra até
a Lua. Esse processo é conhecido por triangulação.

ATÉ AS ESTRELAS

Se você tentasse triangular uma estrela usando a mesma linha


de base do exemplo anter·ior, ela seria estreita demais devido à
grande distância. Mas há uma solução engenhosa para aumentar
o tamanho do triângulo.
Ao med ir o ângulo A primeiro e o ângulo B seis meses
depois - quando a Terra está do lado oposto de sua ó rb)ta
ao redor do Sol -, a distância entre os pontos A e B será o
dobro da distância entre a.Terra e o Sol. Usando esse triângulo
interestelar, você consegue descobrir a distância da estrela.
Simples!

A Janeiro

\. ,j /

-~,
~M;.
1

B Julho

46 DO ZERO AO INFINITO
TUDO SOBRE ÁREAS
Calcular a área de polígonos regulares simples, como quadrados,
e não regulares, como retângulos, é fácil. Basta multiplicar a
largura pelo comprimento. Para um quadrado com 4 centímetros
de lado, basta multiplicar 4 x 4. A resposta é 16, ou seja, o qua-
drado possui uma área de 16 centímetros quadrados (cm 2).
Um retângulo de 4 centímetros por 2 centímetros de lado
possui uma área de 8 centímetros quadrados.
De maneira similar, se você quiser saber a medida do contorno
de seu quadrado ou retângulo - o perímetro-, basta somar os
comprimentos dos quatro lados. Mas como você mediria um
círculo? Não há lados para multiplicar, e há situações em que
é bastante útil saber sua área ou circunferência, nome especial
que se dá para o perímetro de um círculo.

FÁCIL COMO PI

A resposta é mais simples do que você imagina. Por muitos séculos,


as pessoas consideraram que, para qualquer círculo, a circunfe-
rência é pouco mais do que três vezes a medida do diâmetro - a
distância entre dois pontos do círculo passando pelo centro dele.
Essa razão é sempre a mesma, não importa o tamanho do círculo:

o
op;;
3
~
-,
o
D D D

FORMAS SURPREENDENTES 47
Com o passar do tempo, o cálculo foi aperfeiçoado, e
concluiu-se que, na verdade, a circunferência de um círculo
mede aproximadamente 3, 141592654 vezes seu diâmetro.
Esse número é chamado de pi, que também pode ser escrito
usando o símbolo TI e costuma ser arredondado para 3, 1416.
Ele também é um número irracional (ver páginas 18 e 24-25)
e não tem fim.

A ÁREA DE UM CÍRCULO

Descobrir a área de um círculo também envolve o número pi,


mas, dessa vez, usando o raio, que é a metade do diâmetro.
Você só precisa de uma fórmula especial: Tir2, ou "pi vezes o qua-
drado do raio'', ou seja, a área de um círculo é igual a pi x (raio x raio).
Por exemplo, se um círculo tem um raio de 4 centímetros, o
quadrado do raio é 16. Se multiplicar isso por TI, você obtém a
área do círculo: TI x 16 = 50,272 centímetros quadrados.
Para visualizar melhor a área de um círculo, tente cortar um
círculo de papel, assim:

1. Dobre o círculo na metade e depois na metade novamente,


dividindo-o em quatro partes iguais, como mostra a figura
abaixo.

48 DO ZERO AO INFINITO
2. Agora, abra o círculo e dobre-o de maneira que os quatro
vincos se encostem. Repita o processo num ângulo reto.
Seu círculo ficará dividido em oito segmentos iguais.

3. Corte as fatias e disponha-as em duas fileiras de quatro.

4. Gire uma das fileiras horizontalmente e encaixe na outra, de


maneira a formar um retângulo levemente irregular chamado
paralelogramo, com a mesma área do círculo.

O lado mais comprido desse paralelogramo mede TI x r, e a


altura é r. Em outras palavras, TI x r x r, ou nr2. Em quanto mais
fatias iguais você cortar o círculo, mais ele se parecerá com
um retângulo.

FORMAS SURPREENDEHTES 49
EM TERCEIRA DIME~SÃO
Formas planas, como triângulos, quadrados e· retângulos, po-
dem ser combinadas de diversas maneiras, de modo a compor
figuras tridimensionais, ou poliedros. Por exemplo, um cubo é
composto por seis quad,~ados; um paralelogramo reto-retângulo
pode ser formado por três pares de retângulos.

O QUE TEM LÁ DENTRO?

O espaço interno dessas formas tridimensionais é chamado


de volume.Você pode calcular o volume de um cubo ou para-
lelogramo reto-retângulo multiplicando sua altura pela largura
e comprimento.

Por exemplo, para descobrir o volume de um cubo cujas


arestas medem 3 centímetros cada, você multiplica o número
3 três vezes: 3 x 3 x 3. A primeira parte, 3 x 3, dá 9, e 9 x 3 dá
27, o que significa que o cubo possui um volume de 27 centí-
metros cúbicos (cm 3).

50 DO ZERO AO INFINITO
Um paralelogramo reto-retângulo com lados de 2, 3 e 5 centí-
metros terá um volume de 2 x 3 x 5, ou 30 centímetros cúbicos.

SIMPLES CILINDROS

Para a maioria das pessoas, a forma de um cilindro é parecida


com a de uma lata de refrigerante. No entanto, as bases podem
assumir vários raios, desde que ela mantenha a mesma secção
transversal ao longo da altura da figura.
Se as bases das extremidades do cilindro são paralelas, o
volume sempre será a área de uma base multiplicada pela altura.
Para descobrir o volume de um cilindro circular; você precisa
da fórmula TI r 2 h - que é a fórmula da área de um círculo (ver
páginas 48 e 49) multiplicada pela altura h. Portanto, um cilindro
circular com 5 centímetros de altura e com bases cujo raio é
de 3 centímetros teria um volume de TI x 3 x 3 x 5, ou 141,372
centímetros cúbicos.

FORMAS SURPREENDENTES 51
ESFERICAMENTE FALANDO

Humanos podem até gostar de formas como os paralelogramos


reto-retângulos, mas a natureza prefere a esfera - o sólido mais
regular possível -, desde estrelas, planetas e muitas luas até
bolhas, globos oculares e átomos. Isso acontece porque uma
esfera é capaz de conter o volume máximo usando a menor
área de superfície possível.
Para descobrir o volume de uma esfera, você precisa saber
o raio - a medida do centro exato da esfera até sua superfície.
Depois, eleve o raio ao cubo, multiplique-o por 4n e então divida
por 3. Essa fórmula é normalmente
escrita como n nr 3 . Uma esfera
com um raio de 3 centímetros,
por exemplo, terá um volume
de 27 x Y3 x n, ou 36n, que
é 1 13,097 centímetros
cúbicos.

52 DO ZERO AO INFINITO
FORMAS NO ESPAÇO

Há apenas cinco formas tridimensionais com todas as arestas,


ângulos e faces iguais. Elas são conhecidas como poliedros regu-
lares ou sólidos platônicos. Os gregos antigos interessavam-se
bastante por formas geométricas - na verdade, gostavam tanto
dos sólidos platônicos que acreditavam que estes podiam ser
usados para explicar como o Universo foi construído.
Os gregos antigos acreditavam que tudo na Terra e ra
composto a partir de quatro elementos: terra, fogo, água e
ar. Também acreditavam que cada um desses elementos era
formado de átomos cuja forma era um dos sólidos platônicos,
da seguinte maneira:

Tetraedros
(compostos de
q uat ro triângu los Cubos
equi láteros): fogo (com postos de
se is q uadrados):
t erra
Octaedros
(compostos de
oito t riângul os
equi láteros) : ar lcosaedros
1 (com postos de
vint e triângul os
Dodecaedros equi láteros): água
(com postos de doze
pentágonos): estrelas
e outros planetas

FORMAS SURPREENDENTES 53
TOPOLOGIA IMPRESSIONANTE

Para estudar formas mais complexas do que os poliedros re-


gulares, usa-se a topologia.
A topologia estuda o que acontece com as formas quando
você as comprime, estica ou torce. Quando as formas podem
ser esticadas ou torcidas para dar origem a novas formas, são
descritas como topologicamente equivalentes. Por exemplo,
uma rosquinha e uma agulha podem ser descritas como topo-
logicamente equivalentes porque ambas possuem um buraco
passando por elas. No entanto, nenhuma delas pode ser descrita
como topologicamente equivalente a um copo porque um copo
não possui um buraco atravessando-o.

MÔBIUS DESNORTEADOR

A topologia já resultou em algumas estranhas descobertas sobre


as formas. Por exemplo, achava-se que objetos tridimensionais
possuíam um lado de dentro e um lado de fora, mas, em 1858,
o matemático alemão August Mobius criou algo que tinha
apenas uma superfície contínua, que ficou conhecido como a
ftta de Mobíus.

54 DO ZERO AO INFINITO
Você pode fazer sua própria fita de Mõbius facilmente. Pegue
uma tira de papel, gire uma das extremidades e fixe-a à outra,
de forma que fique assim:

Pegue uma caneta e desenhe uma linha ao longo do meio da


fita sem tirar a ponta do papel. Sua linha irá passar por toda a
superfície da fita, até se encontrar com o ponto inicial, provando
que a fita de Mõbius possui uma única superfície.

GARRAFAS DESCONCERTANTES

Um homem chamado Felix Klein teve uma ideia ainda mais


incrível. A garrafa que leva seu nome é uma forma com ape-
nas um lado - um cilindro
contínuo com uma única su-
perfície, de certa maneira. Na
verdade, uma garrafa de Klein
legítima seria tetradimensio-
nal (com quatro dimensões) ,
já que precisaria atravessar a
si mesma sem fazer buraco,
o que é impossível em três
dimensões.

FORMAS SURPREENDENTES 55
ESPAÇO INTERIOR
A garrafa de Klein da página anterior é um exemplo de modelo
tetradimensional - bem, de um modelo tridimensional de uma
forma tetradimensional. Mas o que isso realmente significa?
Uma forma sem dimensões se parece com. . . . .. bem,
com nada. Figuras adimensionais não ocupam espaço, então
não há nada para ver:

AS PRIMEIRAS TRÊS DIMENSÕES

Figuras unidimensionais também não podem ser vistas, pois


são apenas linhas sem espessura. No entanto, na matemática, é
normal imaginar que linhas são grossas o bastante para serem
desenhadas. Esta é uma forma unidimensional:

/
Ao estendê-la lateralmente, você pode formar uma figura
bidimensional. Este é um losango ou paralelogramo:

o
Se você adicionar algumas linhas verticais e outro parale-
logramo, a figura se torna uma representação de uma forma
tridimensional - um rombo ide (ou paralelepípedo).

56 DO ZERO AO INFINITO
E a quarta dimensão, com o que ela se pareceria?

A QUARTA DIMENSÃO

Para entender a quarta dimensão e daí para a frente, imagine


um quadrado. Um quadrado bidimensional é composto por
quatro arestas - um cubo tridimensional é composto de doze
arestas. A próxima forma quadrada - na quarta d imensão -
possui 32 arestas e é conhecida como tesseract ou hipercubo.
A melhor maneira de imaginar um tesseroct é imaginar
dois cubos tridimensionais, um dentro do outro, de maneira
que cada face do cubo se t1-ansforma em uma figura tridi-
mensional, assim:

FORMAS SURPREENDENTES 57
ESPAÇO-TEMPO

Tempo e espaço estão sempre interligados - são conhecidos


como espaço-tempo. O cientista mais conhecido por traba-
lhar com o conceito de espaço-tempo foi Albert Einstein. Ele
descobriu que, quando as coisas viajam numa velocidade muito
rápida, elas mudam de forma.
Imagine que houvesse uma grande bomba viajando pelo
espaço. Einstein provou que, se ela viajasse rápido o bastante,
mudaria de forma:

QUE ESPECIAL!

Outra parte das teorias de espaço-tempo de Einstein diz que


o tempo transcorre em ritmos diferentes dependendo de como
a pessoa que o está medindo se movimenta. Se você tiver o azar
de estar naquela bomba, pode perceber o tempo que o deto- ·
nadar leva para explodi-la como um minuto. Se alguém no solo
observar você (e a bomba) passando rápido pelo céu e resolver
cronometrar; pode perceber o tempo como dois minutos. Outro
exemplo: imagine uma nave espacial viajando numa velocidade
próx ima à da luz; se os astronautas a bordo viajassem por um
ano segundo sua própria medição, perceberiam, quando retor-
nassem, que um período muito mais longo teria se passado na
Terra - talvez milhares de anos.

58 DO ZERO AO IMFIMITO
NÃÃÃÃÃÃÃO!
DEMOLIRAM AQUELA
PIZZARIA! .

UMA DIMENSÃO EXTRA, OU TRÊS?

O mundo tem mesmo apenas quatro dimensões? Claro que não,


isso seria tolice. Na verdade, cientistas acreditam que haja onze!
A Teorío-M - a ideia de onze dimensões - sugere que existam
dez dimensões de espaço e uma de tempo.
Mas como é que ninguém nunca percebeu todas essas di-
mensões "extras"? A resposta é que elas são pequenas demais,
ou compactadas, para serem vistas.Talvez seja melhor assim: o
equivalente ao cubo de dez dimensões, chamado de dekeract,
é composto de 5. 120 arestas. Imagine só!

FORMAS SURPREEMDEMTES 59
SIMETRIA PERFEITA
Muitas formas e também outros objetos possuem simetria, o
que significa que, se você cortá-los ao meio de cima para baixo,
as duas metades serão muito similares, quando não idênticas.
Até mesmo as pessoas possuem simetria. Se você desenhar
uma linha passando pela metade do seu corpo, da cabeça aos
pés, as duas metades serão bastante parecidas. Essa linha é
chamada de eixo de simetria.

QUANTOS EIXOS?

Muitas formas regulares possuem vários


eixos de simet,~ia. Esse quadrado, por
exemplo, possui quatro eixos de sime-
tria.Você consegue descobrir quantos
eixos de simetria tem um círculo? A
resposta está na lateral desta página.

ESPELHO, ESPELHO MEU

e Pegue uma foto do seu rosto e apoie um espelho


5· 3
§1 !:2, em um ângulo de 90º bem na metade , dividindo
~ ~ seu rosto em dois, de maneira que a metade
~."8
)( UI
esquerda do seu rosto esteja refletida
~ ~- no espelho. Vire o espelho e faça o mesmo
e. e:
: 3
-·:::,
com a metade direita. As imagens são
~ 3'
.., CD
iguais ou diferentes? Quanto mais si-
~- ó mi lares, mais simétrico é o seu rosto.

60 DO ZERO AO INFINITO
ESTRUTURAS MATEMÁTICAS
Estruturas feitas pelo homem têm as mais diferentes formas
e tamanhos. Algumas são agradáveis aos olhos, outras com-
pletamente horrendas. Parte da razão pela qual algumas delas
parecem mais bonitas pode ser demonstrada matematicamente.

A PROPORÇÃO ÁUREA

Tanto o edifício das Nações Unidas, em Nova York, quanto o


Parthenon, em Atenas, possuem a mesma razão entre compri-
mento e altura: 1: 1,61 8. Ela é conhecida como proporção áurea e
pode ser representada pela letra grega phi, ou CD (não confundir
com pi!).Além de na arquitetura, ela também aparece nas artes.
É frequentemente usada em fotos, livros e cartões-postais.
A proporção áurea possui algumas propriedades ma-
temáticas interessantes. Se você pegar um retângulo com
a proporção áurea, como este a seguir, e dividi-lo em um
quadrado e outro retângulo, o retângulo menor também terá
a proporção áurea. Isso pode ser repetido indefinidamente.

a+b = ~ =Cb= 1611803


a b '

FORMAS SURPREE~DE~TES 61
E mais: se desenhar uma curva entre as quinas opostas de
cada quadrado, você terá uma espiral.

A ARTE DA MATEMÁTICA
Quanto mais distantes as coisas estão de você, menores elas pa-
recem. A regra básica é que, se algo está ao dobro da distância,
parece ter a metade da largura e altura. Para artistas, aprender
a desenhar ou pintar as coisas em perspectiva - para que elas
pareçam ter o tamanho certo - é uma habilidade importante.

O PONTO DOS PONTOS DE FUGA

Imagine que você esteja no meio de uma rua reta e plana.


Olhando para um dos sentidos, os lados da pista parecerão
se aprox imar até se encontrar em
um ponto. Nas artes, isso é chamado Linha do
hor izonte
de ponto de fuga .
~

COLOCANDO EM PERSPECTIVA

Se você olhar para qualquer pintura


de antes do século '>01, provavelmente
a achará um tanto estranha - os artis-
tas daquele período ainda não haviam
dominado a técnica da perspectiva.
Se estiver desenhando uma figura
que possui muitas retas paralelas -
uma estrada reta e plana cheia de

62 DO ZERO AO INFINITO
casas, por exemplo -, todos os objetos irão desaparecer no
mesmo ponto de fuga. Isso significa que você pode esboçar linhas-
-guias para ajudá-lo a verificar se sua perspectiva está correta.

MÚSICA EM ~ÚMEROS
A matemática também é bastante útil na música. Na verdade,
são os números que fazem a diferença entre música e ruído.
Eis o que acontece quando você dedilha a corda de um
instrumento como o violão:

Quando você dedilha as cordas de


um violão, por exemplo, a vibração
delas forma um tipo de figura.

Se pressionar seu dedo na


metade dessa oscilação, a
figura passa a ficar assim.

Ao fazer isso, o som que a corda produz fica mais alto na es-
cala, mais agudo, mas continua soando parecido. Na música, esses
dois sons estão ligados a uma mesma nota - dó, por exemplo.
Essas duas notas dó são descritas como estando a uma oitava
de distância - o intervalo de oito notas: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e
dó. Um intervalo é a distância entre duas notas.

FORMAS SURPREENDENTES 63
Os sons que a corda pro-
duz são na verdade ondas,
um pouco como as ondas que
se formam quando atiramos
uma pedra num lago, com a
diferença de que as ondas de
som se propagam em todas
as direções pelo ar.

PERFEITA HARMONIA

Notas em harmon ia soam de maneira agradável aos nossos


ouvidos quando tocadas juntas porque formam razões simples.
Em notas a uma oitava de distância, a razão é de dois para
um. As notas mais altas possuem um comprimento de onda
que é exatamente a metade daquelas uma oitava abaixo,
o que faz sentido se lembrarmos que elas são produzidas
pressionando-se a corda na metade do comprimento.
Quando duas notas a uma oitava de distância são tocadas
juntas, elas nos soam agradáveis. Outras combinações também
são agradáveis aos nossos ouvidos. Por exemplo, o intervalo de
uma quinta é um par de notas no qual uma possui um compri-
mento de onda uma vez e meia maior do que a outra. Notas
que soam de maneira desagradável juntas possuem diferentes
comprimentos de onda, que se chocam porque não possuem
razões simples - assim como o som que produzem.

64 DO ZERO AO INFINITO
PITÁGORAS E OS PLANETAS

Seu velho amigo Pitágoras (ver páginas 22 e 23) foi o primeiro


a observar que os sons harmônicos ou desarmônicos que as
diferentes combinações de notas produzem envolvem razões.
Pitágoras estava tão obcecado por suas ideias sobre razão que
achava que o Universo inteiro poderia ser explicado com núme-
ros. Ele e seus seguidores acreditavam que as distâncias entre
os planetas seguiam proporções simples e que produziam
sons harmoniosos quando se moviam. Essa ideia, chamada de
harmonia das esferas, foi popular por muitos séculos.

ABAIXE ESSE
VOLUME!

FORMAS SURPREENDENTES 65
UMA QUESTÃO DE GRAUS
De acordo com muitas pessoas - especialmente as que pre-
cisam subi-la-, a Baldwin Street, em Dunedin, Nova Zelândia,
é a rua mais íngreme do mundo. Isso tem sido objeto de muita
discussão, sobretudo porque há muitas maneiras de medir seu
gradiente - ou declividade.

COMO MEDIR?

A declividade pode ser medida usando uma razão. A razão da


Baldwin Street é de 1:2,86. Isso significa que, para cada 2,86
metros deslocados horizontalmente, a rua sobe I metro.
Às vezes são usadas porcentagens pai-a medir um gradiente.
O gradiente da Baldwin Street é 35%, o que significa que, para
cada metro deslocado, a rua sobe 35 centímetros.
O gradiente também pode ser expresso
como um ângulo em graus, conhecido
como "ângulo de elevação" -
o quanto ela sobe em

66
D
relação a um horizonte imaginário no começo da rua. O ângulo
de elevação da Baldwin Street é de 19,3º.

A ESCALA DAS MEDIDAS


Filmes antigos de ficção científica eram repletos de insetos gi-
gantes assassinos e outros monstros. Mas por que eles são tão
pequenos na vida real? A resposta é, obviamente, matemática.

UM EXPERIMENTO COM FORMIGAS

Diferentemente de você, insetos, como as formigas, não possuem


um esqueleto. Possuem uma carapaça rígida, ou exoesqueleto,
que protege seu corpo. Um inseto também é capaz de respirar
pelo exoesqueleto, mas há um limite para a quantidade de ar
que pode absorver. Essa quantidade depende de sua área de
superfície. Já a quantidade de ar de que um inseto precisa de-
pende de seu volume. O problema é que o volume e a área
não aumentam na mesma proporção.Veja a tabela a seguir para
ver o que aconteceria se uma formiga tivesse I O centímetros
de comprimento, ou até mesmo 100 centímetros:

Tamanho da Comprimento Área de Volume


formiga (cm) superfície (cm 2 ) (cm 3)

Pequeno 1 1 1

G rande 10 100 1.000

Gigante 100 10.000 1.000.000


Monstruoso 1.000 1.000.000 1.000.000.000

FORMAS SURPREENDENTES 67
O volume e a área da formiga pequena são ótimos: ela
consegue absorver a quantidade de ar de que precisa através
de seu exoesqueleto. No entanto, à medida que o tamanho da
formiga aumenta, o volume aumenta muito mais do que a área
da sua superfície. No caso da formiga tamanho monstruoso, seu
volume é mil vezes maior do que a área de sua superfície. Isso
significa que a formiga não teria uma área de superfície grande
o bastante para garantir o oxigênio de que seu corpo precisaria.
(Mais sobre volume nas páginas 50 e 5 1.)

AUMENTANDO AS COISAS

Olhe para a figura a seguir de um musaranho-elefante e um


elefante. Embora pareçam do mesmo tamanho aqui, você sabe
automaticamente que o musaranho-elefante é muito menor do
que o elefante. E se um matemático de outro planeta olhasse
para a mesma figura?

68 DO ZERO AO IHFIHITO
Surpreendentemente, é provável que o alienígena também
saberia disso, por causa das pequenas patas do musaranho. Elas
são muito finas em proporção a seu corpo se comparadas com
as patas do elefante.

Quando algo cai - digamos, um elefante - , o ar exerce uma


pressão na direção contrária. Essa força, chamada de resistên-
cia, depende da área do objeto em queda, mas a força para
baixo depende de seu peso. O peso do objeto depende de
seu volume e também de quão denso I ele é. Quanto menor
o objeto, maior a resistência do ar por quilograma, o que
significa que ele sofre uma desaceleração maior do que um
objeto maior.
Isso significa que , se você tiver o azar de cair de uma altura
de 4 metros, terá que ir para o hospital. Uma aranha mal sentiria,
enquanto um elefante ... bem, não se preocupe com formigas
gigantes, mas cuidado com elefantes cadentes!

1. A densidade está relacionada com a m assa - um objet o do t am anh o de uma bo la


de pingue-pongue, mas fe ito de ferro, t eria uma densidade maior do que um objeto de
mesm o t amanh o fe ito de queij o.

FORMAS SURPREEI-IDEI-ITES 69
MEDIDAS
l~CRÍVEIS

ERA PARA A GENTE


MEDIR EM FARAÓ VELHO
OU EM FARAÓ NOVO?
MEDIDAS REAIS
Não faz muito tempo, as pessoas não mediam as coisas em
metros e centímetros. Na verdade, a abordagem era bastante
dife rente. Algumas med idas eram baseadas nas partes do
corpo, motivo pelo qual a altura dos cavalos ainda é medida
em mãos em alguns países anglo-saxónicos e a altura das
pessoas é dada em pés e polegadas em alguns poucos países,
sobretudo nos Estados Unidos.

MEDIDAS PALPÁVEIS

No Egito Antigo, as coisas ffam medidas usando o cúbito, que


era o comprimento do antebraço do faraó em exercício so-
mado à largura da mão. A medida era esculpida em um bloco
de granito, e cópias em madeira ou pedra eram distribuídas
para os construtores. Isso funcionava bem durante o tempo de
vida do faraó, porém as medidas mudavam com as sucessões
de faraós, o que provavelmente era bastante irritante quando
se estava no meio de uma construção.
Ainda havia uma dúzia de outras unidades de comprimento
usadas no mundo antigo que também eram chamadas de cúbito,
o que deve ter gerado muita confusão.

AVANÇOS MILIMÉTRICOS

Ao longo dos séculos seguintes, muitos sistemas de medida


foram usados ao redor do mundo, os quais, às vezes, podiam
variar dentro de um mesmo país. Na Inglaterra, por exemplo,

71
foi apenas no século XIII que as pessoas tentaram padronizar
as unidades de medida utilizadas no país, quando se decre-
tou que uma polegada (2,54 cm) era o comprimento de
três grãos de cevada. Com o passar do tempo, a Inglaterra
adotou o sistema imperial de polegadas, pés ( 12 polegadas),
jardas (3 pés) e milhas ( 1.760 jardas). O sistema vigorou
até ser gradualmente substituído pelo sistema métrico de
centímetros, metros e quilômetros. Mas quem decidiu que
deveríamos todos usar esse sistema?

U~IDADES CURIOSAS
Em 1960, chegou-se a um acordo quanto a um sistema interna-
cional de unidades de medida. Elas são chamadas de unidades
SI, sigla do francês Systeme lnternationa/.

OS SETE INCRÍVEIS

Há sete unidades básicas do SI. Há


o metro para distância, o quilo-
grama para massa e o segundo
para tempo.Também há o am-
pere para corrente elétrica, o
kelvin para temperatura, o mol para
quantidade de matéria e a candeia para
intensidade luminosa. Essas unidades são
usadas como ponto de partida para todos
os outros tipos de unidades métricas.

72 DO ZERO AO IHFIHITO
Além disso, para todas as coisas que gostaríamos de medir-
como ruído, nebulosidade, maciez e nitidez-, as sete unidades
SI básicas dão conta delas, graças à matemática.

MUITO GRANDE OU MUITO PEQUENO?

O que fazer quando se quer medir algo muito grande ou muito


pequeno usando as unidades SI? Afinal, o metro é particularmente
útil para medir a altura de uma árvore, mas não é tão bom para
medir o tamanho de suas folhas. Já se quiser medir o tamanho
de uma floresta inteira, você precisará de algo muit o maior.

QUAL É A MELHOR UNIDADE?

Usando as sete principais unidades SI como ponto de partida,


você pode mudar a escala de cada tipo de unidade para cima
ou para baix o para medir todo tipo de coisa. Tudo o que você 1

precisa fazer é adicionar um "prefixo" diferente ao começo do


nome da unidade, para indicar que uma medida maior ou me-
nor será usada. Por exemplo, o "quilo-" de quilômetro significa
" mil"; o "centi-" de centímetro significa "a centésima parte"; e
o "mili-" de milímetro significa "a milésima parte".

1. Para fac il it ar o cálcu lo, você pode recorrer à escad in ha ao km


lado. Para cima você t e m as uni dades de transformação
maio r e para baixo as un idades de transform ação menor.
[N. do RTJ

MEDIDAS 11-!CRÍVEIS 73
... SIGA EM FRENTE POR
100.000 CENTÍMETROS ATÉ
CHEGAR AO DESTINO.

Se você quisesse , poderia medir distância viajada em centí-


metros, mas seria difícil para um motorista saber que saída pegar
numa estrada. O melhor a fazer é tentar escolher a medida mais
apropriada para o que se está medindo.

ENVERGONHADO NO PLANETA VERMELHO

As unidades SI foram adotadas pela maioria dos países. Isso signi-


fica que, quando as pessoas de um país trabalham em conjunto
com as de outro, todas estão usando as mesmas unidades de
medida. Pode não parecer tão importante, mas, quando ninguém
tem certeza sobre qual unidade de medida está sendo usada,
os resultados podem ser caóticos, e as consequências podem
sair caras!
Em 1999, por exemplo, a sonda espacial Mars Climate
Orbiter, da NASA, que custou 125 milhões de dólares para ser
construída, havia completado com sucesso quase toda a sua
jornada. Chegava o momento da aproximação final à atmosfera
marciana ... e foi aí que as coisas deram errado. Uma equipe
estava trabalhando com a antiga unidade imperial, e a outra com
o sistema métrico. O resultado foi que a órbita foi calculada
errado, e a sonda, destruída. Uma vergonha!

74 DO ZERO AO IHFIHITO
PRECISAMENTE ACURADO
As palavras "acurado" e "preciso" podem parecer intercambiáveis.
Mas, na verdade, possuem significados ligeiramente distintos.

BEM NO ALVO!

Um arqueiro atirou cinco fl echas em cada um dos alvos abaixo:

Preciso, mas Acurado, mas Preciso e


não acurado. não preciso. acurado.

No primeiro alvo, as flechas estão próximas


entre si, então o arqueiro foi altamente preciso.
No entanto, elas não estão próximas do cen-
tro do alvo, então a acurácia dele foi baixa.
No segundo alvo, o arqueiro atingiu um
alto nível de acurácia, já que todas as flechas
estão próximas do centro do alvo. Mas, nesse
caso, seu nível de precisão foi baixo, já que
as flechas não estão tão próx imas entre si.
Como você pode ver, no último alvo, o
arqueiro atirou as flechas tanto com acurácia
quanto com precisão.

MEDIDAS INCRÍVEIS 75
"CHUTE l~FORMADO"
Ser capaz de fazer estimativas é uma habilidade importante, e
a maioria dos humanos é até que boa nisso. Por exemplo: você
sabia que, ao tentar julgar se algo está ou não num ângulo reto, a
maioria dos humanos consegue identificar erros de menos de 1º?
A capacidade de estimar também ajuda nas tarefas cotidianas,
como atravessar a rua. Ao estimar a velocidade e distância dos
veículos, você pode julgar se tem ou não tempo suficiente para
atravessar a rua com segurança.
No entanto, as pessoas não pensam naturalmente em termos
de unidades. Em vez de pensar"Aquele carro está se movendo
a cerca de 20 quilômetros por hora", é mais provável que você
pense "Está rápido demais" ou "Dá tempo de atravessar".

76 DO ZERO AO IMFIMITO
SIMPLES AMOSTRAS

Estimar também pode economizar tempo. Caso você precise,


por exemplo, descobrir o tipo e a quantidade de diferentes
criaturas que vivem no gramado de um campo de futebol.
Contá-las levaria um tempo enorme. Em vez disso, você poderia
estimar a resposta usando um processo chamado amostragem.
Para colher a amostra de uma área, a primeira coisa necessária
é uma quadrícula - um quadrado feito de quatro hastes unidas,
cada uma com cerca de I metro. Ela é colocada no gramado,
e todas as criaturas encontradas naquela área são coletadas e
catalogadas. Você pode encontrar; por exemplo, 4 minhocas,
16 formigas, 3 besouros e I lesma.
Agora, digamos que o campo de futebol meça 100 metros
por 70 metros. Se multiplicar esses números, você terá a área
total: 100 x 70 = 7.000 metros quadrados.
Para estimar quantas criaturas existem, simplesmente multipli-
que os números encontrados da quadrícula por 7.000, obtendo:

28.000 minhocas,
1 12.000 formigas,
21.000 besouros,
7.000 lesmas.

Obviamente, esse tipo de


abordagem deve ser usado
com cuidado. Caso você tam-
bém tivesse encontrado uma
moeda no quadrado, seria muito
improvável que houvesse uma for-
tuna espalhada pelo resto do campo.

MEDIDAS IHCRÍVEIS 77
PALPITES SURPREENDENTES

Fazer estimativas pode levar a alguns fatos incríveis e,


até mesmo, pertu rbadores. Por exemplo, o último suspiro
de Shakespeare em 161 6 provavelmente conteve cerca de
1.000.000.000.000.000.000.000 de moléculas de ar. Nos
quatro séculos seguintes, essas moléculas se espalharam
pelo mundo e pela atmosfera, que contém cerca de
1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000
de moléculas de ar (um tredecilhão, ou um milhão de bilhões de
bilhões de bilhões de bilhões).
Se dividir o número maior pelo menor, você obterá
1.000.000.000.000.000.000.000. Isso significa que você pode
estimar que uma em cada 1.000.000.000.000.000.000.000 molé-
culas no ar vem do último suspiro de Shakespeare. No entanto,
esse também é o número de moléculas que você absorve a
cada inspiração, então há uma boa chance de que sua próxima
respiração inclua uma molécula da última de Shakespeare!

78 DO ZERO AO INFINITO
Esses números imensos são grandes demais para uma calcu-
ladora, mas há uma maneira rápida de fazer cálculos com eles.
Como visto na página 36, números grandes como 1.000 podem
ser expressos como potências de dez, de modo que 1.000 pode
ser ex presso como 103 - porque equivale a IO x IO x IO. O
número de moléculas no último suspiro de Shakespeare pode ser
reduzido para 102 1. O número de moléculas na atmosfera é 1042 .
Felizmente, dividir esses números é a mesma coisa que sub-
trair suas potências de dez. Assim, a questão da página anterior
também pode ser calculada como 1042 --:-10 2 1, que é 1021 .

UM CHUTE INFORMADO

Estimativas também são úteis quando usamos calculadoras e


planilhas de cálculo. Se você tem uma vaga ideia de quanto será
o total, é bem mais fácil identificar um erro e verificar se pres-
sionou algum botão por engano ou digitou uma fórmula errada.

AUTOE~GA~O
O fato de que o cérebro humano pode estimar todo tipo de
coisa significa que ele precisa fazer suposições. Por exemplo,
você pode perceber um ponto no horizonte que vai ficando
maior até se transformar em uma _pessoa pequenininha. Se
a pessoa vai ficando maior~ você presume que ela esteja se
aproximando e que seja aproximadamente do seu tamanho.
Uma vez que você faz tais suposições, seu cérebro pode usar
as leis da perspectiva (ver página 62) para estimar a distância
da pessoa e sua velocidade de aproximação.

MEDIDAS !~CRÍVEIS 79
O problema das suposições é que às vezes elas
estão erradas, o que pode resultar em uma ilusão de
óptica como esta:

Seu cérebro irá fazer o possível para entender


o que você está olhando.
Em princípio, pode parecer que você está olhando
para a imagem de uma caixa vista de cima. No entanto,
depois de um tempo, uma nova perspectiva surge, e
parece que você está olhando uma caixa vista de baixo.
Qual está correta?
Ambas estão corretas.A imagem da caixa é uma ilusão
de óptica conhecida como Cubo de Necker. O cérebro
humano tenta entendê-lo quando, na verdade, não há
informação suficiente, motivo pelo qual você percebe
duas perspectivas.

ENTENDENDO OS MOVIMENTOS
Na matemática e na física, há dois tipos de medidas, chamadas
de escalar e vetorial. Uma grandeza escalar é simplesmente
um número que pode aumentar ou diminuir. Um vetor é um

80 DO ZERO AO INFINITO
número que pode aumentar ou diminuir, mas que também
possui uma direção.
A velocidade de um carro - 20 quilômetros por hora (km/h),
por exemplo - é uma grandeza escalar, o que significa que
pode apenas aumentar ou diminuir. No entanto, para a física,
a "velocidade" do carro é um vetor, pois significa a rapidez do
carro em uma direção específica - digamos, 20 quilômetros
por hora ao sul.

A TRAJETÓRIA DE UM AVIÃO

Se um avião precisasse ir de Londres a Los Angeles - uma


distância de cerca de 8.800 quilômetros - em I O horas, a que
velocidade ele teria de voar? Logicamente, você imaginou que ele
precisaria voar a 880 quilômetros por hora a oeste, mas e se
o vento estivesse soprando na direção contrária a 100 quilô-
metros por hora?

. _..cl.- Viajando a 880 km/h


...-_ _ _ _ _ ~ - -- - - - -_ __,Pe 1o ar
Oeste

Voar contra o vento torna a viagem mais lenta. Então, para


fazer o cálculo, você precisa subtrair a velocidade do vento da
velocidade do avião:

880 - 100 = 780 km/h a oeste

MEDIDAS 11'4CRÍVEIS 81
É também por isso que um avião às vezes chega antes do
esperado - se o vento está a seu favor, a velocidade aumenta.

O PRIMEIRO CIENTISTA DE VERDADE

Muitos dos primeiros trabalhos relacionados ao movimento foram


conduzidos há quatrocentos anos pelo cientista italiano Galileu
Galilei. Sob vários aspectos, Galileu foi o primeiro cientista de
verdade , no sentido de que ele tentava explicar, com a ajuda dos
números, o Universo e as leis que descrevem seus fenômenos.

A LEI DA QUEDA DOS CORPOS

Galileu percebeu que a gravidade da Terra puxa tudo para baixo,


motivo pelo qual as coisas caem se estiverem soltas. Ao caírem,
a Terra as continua puxando, fazendo com que elas caiam cada
vez mais rápido.
Uma das sacadas geniais de Galileu foi perceber que a pre-
sença do ar na Terra afeta a maneira como as coisas se movem.
Na verdade, objetos em queda livre atingem uma velocidade
constante após um tempo, chamada velocidade terminal . Isso
ocorre porque a resistência que o ar exerce sobre eles impede
o aumento da velocidade, motivo pelo qual as penas caem mais
lentamente do que as bolas de canhão. Se você soltasse uma
pena e uma bola de canhão na Lua, onde praticamente não há
atmosfera, elas cairiam na mesma velocidade.
Ao imaginar como as coisas cairiam se não houvesse ar,
Galileu reconheceu que as leis dos objetos em queda livre eram

82 DO ZERO AO INFINITO
bastante simples. Ele percebeu que elas podiam ser descritas
matematicamente de maneira bastante direta:
)
~ )1

Os objetos caem com uma aceleração "constante". ~


Portanto, se um objeto cai a uma determinada velocidade,
após I segundo, cairá duas vezes mais rápido; após 2 segundos,
três vezes mais -rápido; após 3 segundos, quatro vezes mais
rápido, e assim por diante.

r
.

'
\;. . . . . '''----'l" ~·-'<-:;. ./_ ,, . ~. .. 7lt v>,/

E mais:

Se um objeto cai por uma determinada distância em I segundo,


terá percorrido quatro vezes aquela distância após 2 segundos,
nove vezes a distância após 3 segundos, e- dezesseis vezes a
distância após 4 segundos.

Percebeu como os dois conjuntos de números estão rela-


cionados? As distâncias - 1, 4, 9 e 16 - são os quadrados dos
tempos - 1, 2, 3 e 4. Quanto maior a duração da queda, mais
rápido o objeto cai.

MEDIDAS INCRívEIS 83
?~
• Você pode estar pensando: "De que adiantam essas noções
e descobertas se a resistência do ar significa que elas não
se aplicam?". Bem, na Terra, ajustes podem ser feitos às
equações matemáticas para levar isso em consideração.
E, se você viajasse para o espaço, logo perceberia sua
utilidade - as naves espaciais obedecem a essas regras
porque não há ar para desacelerá-las.

~ÃO PODE PISCAR


Os intervalos mais breves de tempo são medidos em menos
de um trilionésimo de trilionésimo de trilionésimo de "nanos-
segundo" (bilionésimo de segundo). Um nanossegundo é tão
rápido que um piscar de olhos
leva 100 milhões de nanos-
DESCULPE, PERDI AQUELES
segundos, então não é uma ÚLTIMOS 100 MILHÕES. EU PISQUEI.

medida particularmente útil


no dia a dia.

84 DO ZERO AO IMFIMITO
UMA QUESTÃO DE TEMPO

Você provavelmente não perceberia facilmente um nanossegundo,


mas o tempo é algo sobre o qual você está bastante consciente.
Sejam os minutos que não passam durante uma aula muito chata
ou as horas que voam durante uma festa de aniversário muito
legal. O que exatamente é o tempo? Como ele é medido?
Os primeiros humanos mediam a passagem do tempo de
diversas maneiras - incluindo a mudança das estações ou as fases
da Lua ao longo do mês. No fim das contas, no entanto, as pessoas
queriam uma maneira mais precisa de medir o tempo. Para isso,
inventaram-se algumas unidades de medida muito úteis.

1
MINUTO A MINUTO

Você já sabe que há sessenta segundos em um minuto, e ses-


senta minutos em uma hora, e que há 24 horas em um dia,
sete dias em uma semana e 365 dias em um ano. Mas por que
os meses não seguem um padrão? Alguns possuem trinta dias,
outros 31, ou mesmo 28 ou 29. Para descobrir o porquê, você
precisa voltar no tempo e entender como eles eram medidos.

CRO~OMETRADO
Uma das primeiras maneiras de medir a passagem do dia
foi desenvolvida no Egito Antigo, há cerca de 3.500 anos. O
relógio de sombra, como era chamado, baseava-se na sombra
projetada pelo Sol quando se movia pelo céu. Funcionava
porque o comprimento e a direção da sombra mudavam
conforme a posição do Sol.

MEDIDAS INCRÍVEIS 85
BRINCANDO COM AS SOMBRAS

O relógio de sombra era bastante simples e dividia as horas


do dia em dez, mais uma hora de crepúsculo no início da ma-
nhã e uma no fim da tarde. Consistia em uma barra elevada
que lançava uma sombra sobre outra barra, na qual as ''horas''
eram marcadas. Durante as manhãs, a barra elevada apontava
para o leste, de maneira que a sombra era projetada na barra
das horas a oeste. Ao meio-dia, o relógio era
girado na direção oposta e seguia o Sol à me-
dida que ele se deslocava de leste a
oeste. Relógios de sombra eram
portáteis, embora tives-
sem que ser alinhados
corretamente toda vez
que eram deslocados.
No entanto, um relógio de sombra não podia ser usado para
indica,~ as horas à noite e, caso o céu estivesse encoberto du-
rante o dia, você não conseguiria saber se estava no horário ou
muito atrasado. Outro problema era que, quanto mais longe da
Linha do Equador você estivesse, mais a duração dos dias variava
ao longo do ano. Isso significava que, no inverno, o relógio de
sombra dividia o dia no mesmo número de horas,
mas elas passavam mais rápido.
Embora ninguém tenha certeza sobre
onde ou quando foram usados os primei-
ros relógios de sol, eles se parecem muito
com os relógios circulares de parede e
de pulso que temos hoje. Os relógios
O MOSTRADOR DIVIDE
O DIA EM 12 HORAS. de sol representaram um grande avanço

86 DO ZERO AO INFINITO
em relação aos relógios de sombra, já que as horas medidas
tinham a mesma duração ao longo do ano. No entanto, ainda
havia o problema de terem que ser adequadamente ajustados
e dependerem da luz solar para indicar as horas.

RELÓGIOS PARA OS DIAS NUBLADOS

Era necessário um relógio que pudesse medir o tempo dentro


e fora de casa, não importando a previsão do tempo ou se
era dia ou noite.
Os egípcios antigos testaram relógios de água (clepsidras).
O exemplar mais antigo conhecido data de aproximadamente
1500 a.C. Esses relógios funcionavam por gravidade: a água num
recipiente mais alto pingava a uma taxa constante
em um recipiente mais baixo, que continha
a marcação das horas. No entanto, eles
também não eram muito precisos.
A medição do tempo finalmente
melhorou com a invenção do reló-
gio mecânico, por volta do século
XIV Ele funcionava graças a um V
peso que caía gradualmente,
acionando um sistema de en-
grenagens. Mas mesmo esses
relógios ainda não eram muito
precisos.
Era necessário algo que
garantisse que a velocidade do
peso que caía fosse constante,

MEDIDAS INCRÍVEIS 87
para que as engrenagens girassem também a uma velocidade
constante. Sabe-se que Galileu (ver página 137) havia rascunhado
alguns protótipos de relógio usando um pêndulo em 1582,
mas o primeiro foi feito por um homem chamado Christiaan
Huygens, em _1657. O relógio de pêndulo oscilante de Huygens
tornou-se o instrumento mais preciso de medição do tempo
até o século XX.

CHEGANDO LÁ!

No século XVII, as pessoas sabiam que aTerra girava 360º em um


dia, e 15º em uma hora. Se você velejasse para o leste por uma
hora, sabia que sua localização estaria 15º mais ao leste em relação
ao ponto de partida. Se errasse por alguns minutos, no entanto,
sua localização também estaria errada. Relógios de pêndulo,
embora precisos na terra, não funcionariam no mar. Em 17 60,
John Harrison resolveu esse problema com seu modelo H4, um
relógio de bolso grande, porém preciso.
Enquanto isso, em terra firme, muitos relógios eram ajustados
para o horário local. Quando o Sol estava sobre a cabeça, era
meio-dia, mas isso muda de lugar para lugar, então o tempo
era· diferente em cada cidade. No século XIX, chegaram as
redes ferroviárias e, com elas, uma padronização do tempo.

FUSO, NÃO CONFUSO

Em 1884, o Observatório Real de Greenwich, nos arredores


de Londres, foi escolhido como o local do meridiano principal.
Isso significava que as linhasverticais de longitude em um mapa

88 DO ZERO AO IHFIHITO
sempre começariam com o Oº em Greenwich. Também era
uma localização conveniente porque, quando é meio-dia em
Greenwich, é meia-noite do lado oposto do planeta, no meio
do oceano Pacífico. Isso significava que um número mínimo de
pessoas seria afetado pela mudança na data- na linha conhecida
como a Linha Internacional de Data.

Os instrumentos mais precisos de medição do tempo atual-


mente baseiam-se nas oscilações regulares dos átomos. São
tão precisos que um deles, localizado no Laboratório Nacional
de Física do Reino Unido, ficará defasado em menos de um
segundo em 138 milhões de anos!

QUANDO FALTAM DIAS


Séculos atrás, medir a passagem de um
ano era um desafio ainda maior do que
medir as horas do dia. Muitas pessoas
baseavam-se no Sol ou na Lua para man-
ter um controle dos dias. No Egito Antigo,
os agricultores baseavam seus calendários
no nível do rio Nilo. Na Roma Antiga,
o calendário do exército usava o mês
lunar - o tempo que levava para a Lua
passar por todas as suas fases. O ano era
então dividido em treze partes.

MEDIDAS INCRÍVEIS 89
Nenhum desses sistemas funcionava muito bem. Por exemplo,
a Lua leva cerca de 29,5 dias para passar pelas quatro fases,
então o calendário do exército romano de treze ciclos durava
383,5 dias, já que 13 x 29,5 = 383,5. Era mais longo, portanto,
do que um ano verdadeiro, que é o tempo que leva para a
Terra girar em torno do Sol - um ano solar.

VOLTA AO SOL EM POUCO MAIS DE 365 DIAS

Por que era tão difícil dividir um ano? A resposta é que a


Terra leva 365,25 dias para girar em torno do Sol, menos
onze minutos, então não é possível dividir um ano em partes
iguais. Com o passar dos anos, esse X de dia extra começa
a se acumular. Um dia, nosso ano ficaria tão dessincronizado
que celebraríamos o ano-novo no inverno.

CALENDÁRIO CAÓTICO

Os romanos antigos tinham percebido o problema havia muitos


anos, e, em 45 a.C., o ditador Júlio César promoveu mudanças no
calendário. O problema foi que isso bagunçou çompletamente
o ano - os dias estavam tão errados que Júlio César adicionou
noventa dias extras ao ano 46 a.C. para corrigir o problema.
Não é à toa que aquele foi considerado o "ano da confusão"!

QUERIDOS ANOS BISSEXTOS

Para evitar que o problema se repetisse, os romanos decidiram


acumular o X de dia extra por três anos, adicionando um dia

90 DO ZERO AO INFINITO
inteiro no quarto ano, de maneira que ele tivesse 366 dias. Esses
são anos bissextos. No entanto, o calendário ainda não estava
certo - o ano ainda estava onze minutos mais longo! Com os
anos, esses onze minutos se acumularam novamente E; , em mea-
dos do século XVI, o calendário estava defasado em dez dias.
Então, em 1582, o papa Gregório anunciou que esses dez
dias seriam omitidos para corrigir novamente o calendário.
Também foi decidido que os anos múltiplos de cem, como 1600,
1700 e 1800, não deveriam ser anos
bissextos, a não ser que também
fossem múltiplos de quatrocen- NÃO INTERESSA QUE O
CALENDÁRIO MUDOU . VOCÊ SE
ESQUECEU DO MEU ANIVERSÁRIO!
tos. Em alguns países, a corre-
ção só foi feita muito mais
tarde. Na Inglaterra, por
exemplo, a correção foi
feita em 1752, quando
foram omitidos onze
dias. Dizem que isso
gerou distúrbios no
país, com algumas
pessoas alegando
que o governo havia
roubado onze dias
de suas vidas!

MEDIDAS INCRÍVEIS 91
INDO DE A ATÉ B

~ Castelo da
~ainha Malvada
Casa d a ~
Vovó~

99 çi
{")9 lJ
9 '1í_
'1r
Floresta do
Lobo Mau

9
9QQ
9~9
Vale das
Sombras

Cálculos e fórmulas são ótimos quando temos muita informação


matemática, mas, às vezes, uma figura é muito mais útil. Pegue o
caso de um trajeto, por exemplo. É bem simples dizer: "Passe
a Colina do Poço dos Desejos e atravesse a Floresta do Lobo
Mau para chegar à Casa da Vovó", mas e se você tivesse que
ajudar alguém a viajar por uma distância maior? É mais fácil fazer
isso desenhando um mapa.

ACERTANDO O TAMANHO

Desenhar um mapa é melhor do que nada, mas não diz muita


coisa em relação à distância entre os lugares, ou ao tamanho
das coisas em relação a outras. O melhor seria um mapa de-
senhado em escala.

92 DO ZERO AO INFINITO
lflTlllhA Castelo da . .... C d
<IJIIIIJ/// Rainha Malvadl . ·····.... asa ~ ~
.·.· ···. ·.Vovo ~

Floresta do
·· ... Lobo Mau

Este mapa está em escala, ex ibida como uma razão, de


1: 10.000. Isso significa que I centímetro no mapa equivale a
10.000 centímetros - ou 100 metros - no mundo real. Você
pode usar a escala em um mapa para ajudá-lo a calcular distâncias.
Para calcular uma distância em linha reta, você só precisa de
um pedaço de papel. Faça marcas no comprimento da escala
- no caso, marcas de I centímetro - em seu pedaço de papel,
depois coloque-o sobre o mapa para calcular as distâncias
entre os lugares. Por exemplo, a distância entre o Castelo da
Rainha Malvada e a Casa da Vovó é de 4 centímetros. Na escala
1: 10.000, isso equivale a 40.000 centímetros, ou 400 metros.
Se você quiser medir uma distância que não seja uma linha
reta, pode usar um pedaço de barbante para seguir a curva
de sua rota - contornando a Colina do Poço dos Desejos, por
exemplo. Depois, pode comparar a quantidade de barbante
com a sua escala.

MEDIDAS IHCRÍVEIS 93
A ESCALA DAS ALTURAS

Castelo da
Rainha Malvada ····.. ... Casa d~ ~
: · · .. . Yovo~
• ... ···· ···...

Os mapas podem mostrar até mesmo as elevações e os decli-


ves do solo usando as chamadas curvas de nível. Cartógrafos
marcam pontos em uma colina ou vale que possuem a mesma
altura e os unem em uma série de anéis. Os anéis mostram a
forma e as alturas relativas de colinas e montanhas e a profun-
didade de vales. Ladeiras íngremes são exibidas em um mapa
com linhas paralelas próx imas; ladeiras mais suaves possuem
linhas mais espaçadas. Neste mapa, os anéis da Colina do Poço
dos Desejos estão bastante próxi mos, indicando que ele é
muito íngreme - talvez seja melhor contorná-lo!

94 DO ZERO AO INFINITO
ONDE FICA O NORTE?

Para poder ler um mapa, você também precisa ter conhecimento


sobre direção. Ela é mostrada por meio de uma flecha apontada
para o topo do mapa, indicando o norte. Ao consultar o mapa com
o auxílio de uma bússola, você pode se certificar de que está indo
na direção correta. É útil porque funciona sob qualquer condição.

GRADES MARAVILHOSAS

A maioria dos mapas possui linhas de grade horizontais e


verticais que seguem a escala. Neste mapa, cada quadrado na
grade possui I centímetro de largura. Como você sabe que a
escala é de 1: 10.000, então também sabe que cada quadrado
representa 100 metros no solo.

MEDIDAS IMCRÍVEIS 95
As linhas de grade nos ajudam a localizar um ponto exato
no mapa usando as referências da grade. Por exemplo, você
pode pedir a seus amigos que o encontrem em 23 17. Para
encontrar o local exato do ponto de encontro, eles precisarão
saber o que esses números significam. No caso, os primeiros
dois dígitos dizem onde olhar na horizontal (linhas verticais), e
os dois últimos onde olhar na vertical (linhas horizontais).
Todos os seus amigos então o encontrarão na margem do
rio ao norte da Ilha do Pirata- no cruzamento da linha vertical
23 com a linha horizontal 17.

X l~DICA O LOCAL
Talvez você tenha que indicar um local mais exato que fique
entre as linhas de grade - o Castelo da Rainha Malvada, por
exemplo. Nesse caso, você vai precisar fornecer como referência
um número de seis dígitos para ajudar seus amigos a localizá-lo.
O número 216205 mostra a localização exata do castelo. Os
dois primeiros dígitos mostram a linha vertical 21, e o quarto
e quinto dígitos, a linha horizontal 20.

2/6205

Você então precisa imaginar que cada quadrado está divi-


dido em cem quadrados menores, cada um com IO metros de
largura - dez na horizontal e dez na vertical. O terceiro dígito
mostra a posição horizontal exata: 6. O sexto dígito mostra a
posição vertical exata: 5.

96 DO ZERO AO INFINITO
Isso indica que o castelo está a 60 metros ao leste e 50
metros ao norte do canto do quadrado 2120.

Castelo da
Rainha Malvada
21 22

COORDENADAS ESPERTAS

Se souber as coordenadas, ou referências da grade, de duas


localidades, você pode calcular a distância entre elas. No
mapa a seguir, um explorador aparece na referência 212173
- e ele quer chegar à Casa da Vovó, que está em 252204.

MEDIDAS !~CRÍVEIS 97
Para calcular a distância entre os dois pontos, você pode
desenhar um triângulo retângulo sobre o mapa e usar o teorema
de Pitágoras, segundo o qual a soma dos quadrados dos catetos
(os lados mais curtos) é igual ao quadrado da hipotenusa (o
lado mais longo). (Para saber mais sobre Pitágoras, ver páginas .
22 e 23.) Então, para encontrar a distância até a Casa da Vovó
- o lado longo do triângulo - , você primeiro precisa calcular
os comprimentos dos dois lados mais cu rtos.
Aqui, a linha horizontal mostra quão a leste
está a Casa da Vovó em relação à posi-
ção atual do explorador. Ele está a
20 metros a leste da linha vertical
2 1, e a casa está a 20 metros a
leste da linha vertical 25. Cada
quadrado é igual a 100 metros,
então a reta horizontal A tem
400 metros de comprimento.
A linha vertical mostra
quão ao norte está a Casa
da Vovó em relação ao explo-
rador. Ele está a 30 metros ao
norte da linha horizontal 17,
e a casa está a 40 metros ao
norte da linha horizontal 20,
portanto a reta vertical B tem
3 1O metros de comprimento.
Agora você pode aplicar
o teorema de Pitágoras:

98 DO ZERO AO INFINITO
400 x 400 = 160.000 metros e
3 1O x 3 1O = 96. 100 metros

Se a 2 + b 2 é igual ao quadrado da distância até a Casa da


Vovó, e essa soma é igual a 256.100, então a casa está a apro-
ximadamente 500 metros do explorador (há um botão de raiz
quadrada em algumas calculadoras, com o símbolo "v", para
ajudá-lo no cálculo!).

MEDIDAS INCRÍVEIS 99
DADOS
COMOVENTES

ACHO QUE COMEÇOU A


FAZER ISSO QUANDO
ESBARREI NELE COM
MEU ESFREGÃO...
GRÁFICOS FANTÁSTICOS
A maneira mais fácil de organizar muitas informações, ou dados,
pode ser usando um diagrama. Diagramas podem apresentar
dados de maneira clara e inteligível e torná-los mais fáceis de
ser entendidos - podem ser utilizados até mesmo para prever
valores futuros.
Matemáticos usam muitos tipos de diagrama - gráficos de
barra, de pizza e diagramas de Venn são apenas alguns deles. É
importante escolher o tipo certo de diagrama para a informação,
ou ela poderá não fazer sentido.

COLOQUE NUM GRÁFICO

Um gráfico de linha pode ser usado para representar grafi-


camente informações que variam ao longo do tempo. Por
exemplo, o gráfico a seguir mostra a altura de um menino de
seu nascimento até os 18 anos, ano a ano:

180 cm
170 cm
160 cm
ISO cm
140 cm
130 cm
120 cm
110 cm
100 cm
90 cm
80 cm
70 cm
60 cm
50 cm
z
~ i'.lJ
:::J
Q_
o
3
(1)
:::J
r+
o

101
O canto inferior esquerdo mostra o início da escala horizon-
tal - também conhecida como eixo x - e o da escala vertical
- também conhecida como eixo y.
Ao unir os pontos referentes a cada ano, pode-se observar
o padrão de crescimento do nascimento até quando o garoto
atinge a idade adulta. Fica claro que o garoto cresceu rapidamente
em seu primeiro ano e que a taxa de crescimento desacelerou
à medida que ele se aproximava dos 18 anos.

PROJETANDO O FUTURO

No gráfico de linha da página anterior, todas as informações


necessárias estavam incluídas. Ese você quisesse usar um gráfico
para tentar descobrir. o que poderia acontecer depois?
Por exemplo, imagine que um carro viaja por uma estrada e
que um passageiro está marcando o tempo a cada 200 metros.
Os dados estão apresentados na seguinte tabela:

Distância (metros) Tempo (segundos)


o o
200 22
400 35
600 57
800 84
1.000 96
1.200 123

Essa informação pode ser representada em um gráfico com


o tempo no eixo x e a distância no eixo y, assim:

1 02, DO ZERO AO INFINITO


1.400
1.200 •
V,
o 1.000
1...
+-'
(1)
800 •
E 600
400
200
o
o N ...):,.. O'- (X) -
o o o o o N ...):,..
o o o
segundos

A velocidade do carro está mudando o tempo todo, então,


em vez de ligar todos os pontos, uma linha de tendência foi
desenhada, passando pelo maior número de pontos possível.
Ela fornece a velocidade média do carro (ver páginas 81 a 83).
Você pode usar essa linha de tendência para calcular quanto
tempo o carro levaria para viajar 1 .400 metros. No gráfico, você
verá que a linha mostra que, se o carro continuasse viajando
na mesma velocidade média, levaria 132 segundos para viajar
1.400 metros.

81
ACOMPANHANDO TENDÊNCIAS
80
79
78 Os gráficos também podem olhar para
77 o que chamamos de tendências. Uma
~ 76 tendência é a direção geral na qual algo
~ 75
74 está se movendo. O gráfico ao lado
73 apresenta a expectativa de vida média
72
71 dos habitantes da Inglaterra de 1960
70 até 201 O e mostra que a expectativa
N N
'° '° '° '° go
o ~ ~ i
O'- o
o de vida no país está aumentando.
ano

DADOS COMOVENTES 103


81 I
Se você desenhar uma linha
80
de tendência sobre as obser-
79
78 vações do gráfico, ele mostrará
77 uma tendência de aumento na
~ 76
~ 75 expectativa de vida. Em 1960, a
74 média era de 71 anos e, em 20 1O,
73
72 era de pouco mais de 80 anos.
71 Portanto, em cinquenta anos, a
70
IV IV IV expectativa de vida aumentou
'°o '°o'-.1 '°o '°o~
O' CX)
o
o
o
o
o
o
IV
o nove anos.
ano
Você pode "extrapolar" 1

(ou prever) como a informação se comportaria no futuro


estendendo a linha de tendência pelos dez anos seguintes.
Você pode ver que, em 2020, a média da expectativa de
vida, mostrada aqui com uma linha tracejada, deve girar em
torno de 8 1 anos.

20
ERROS E MAL-ENTENDIDOS
18
16
Às vezes, os dados em um gráfico 14
podem parecer um pouco estranhos. V)
Q) .
12
Veja o caso de um gráfico sobre o 0 10
-o 8
Cure-O, um med icamento que se 6
propõe a curar soluços. 4
2
O primeiro gráfico mostra a linha o
o
de tendência para os dados. Parece o
soluços

1. É importante tomar cuidado com extrapolação: se você fizesse a mesma coisa para
trás, por exemplo, com a expectativa de vida diminuindo em nove anos a cada cin-
quenta anos, em dado momento, a expectativa média de vida seria zero!

104 DO ZERO AO INFINITO


sugerir que, se você tomasse vinte 20
doses de Cure-O, não teria mais
18 •
16
soluços. 14
No entanto, quando se olha para VI
Q)
12 • •

~
0 10
as observações individuais das dosa- "O
8
gens, elas aparecem tão dispersas 6
4 •
no gráfico que não há de fato uma
tendência clara.
2 • • •
o
o tv ~ O' O)

Na verdade, se você omitir al- o


soluços
gumas das observações, a linha de
tendência muda, fazendo parecer que, 20
quanto mais Cure-O você tomar, 18
16
mais soluços terá! 14
Isso mostra a importância de VI 12 • •
se analisar os dados com bastante
~o 10 • •

-------
"O

cuidado.
8 •
6
Éfácil tirar conclusões precipitadas 4 •
quando você começa a extrapo-
2 • • •
o
o tv ~ O' O)
lar, e isso pode produzir resultados o
soluços
estranhos!
Quando você apresentar os da-
dos em um gráfico, especialmente
se estiver usando um programa de
computador para adicionar a linha
de tendência, certifique-se de que
seus resultados façam sentido!

DADOS COMOVENTES 105


FAZE~DO UMA MÉDIA
COM OS ~ÚMEROS
Os gráficos são apenas uma das maneiras de explorar dados.
Assim como os métodos a seguir, eles fazem parte de uma área
da matemática chamada estatística.

TIRANDO A MÉDIA

Se você toma o mesmo ônibus todos os dias, pode querer


descobrir quanto tempo em média dura o trajeto. A primeira
coisa que você precisa fazer é anotar quantos minutos leva
cada viagem. Seus dados vão se parecer com algo deste tipo:

12, 1 1, 12, 12, 9, 9, 13, 15, 13, 13, 13, 13, 1O, 1O, 1O

Mas como esses dados podem ajudá-lo? Para descobrir a


duração média do trajeto, você só precisa somar os números
e depois dividir o total pelo número de viagens que fez. Há
quinze números no total, cuja soma é igual a 175, portanto:

175 7 15 = 1 1,7

Isso nos diz que seu trajeto de ônibus leva em média 1 1,7
minutos.

106 DO ZERO AO INFINITO


O QUE TEM NO MEIO?

Em vez de calcular a média, você pode querer calcular a mediana.


Esse é o dado que aparece no centro do grupo de observações.
A primeira coisa que você precisa fazer é colocar os dados em
ordem crescente. Há quinze observações, portanto a mediana
é o oitavo número - 2 -, mostrado abaixo em negrito:
1

9, 9, 1O, 1O, 1O, 1 1, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15

Se houver um número par de observações, a mediana será


formada pelos dois números do meio somados e divididos por 2:

9, 1O, 1, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15


1

Nesse caso, 12 e 13 são os números do meio, que somam


25, portanto a mediana é 25 -:- 2 = 12,5.

Uma terceira coisa que pode ser calculada é o dado que aparece
com maior frequência, ou moda.

9, 9, O, O, O, 1, 12, 12, 12, 13, 13, 13, 13, 13, 15


1 1 1 1

Nessa lista, a moda é 13, porque ele aparece cinco vezes.

DADOS COMOVENTES 107


DADOS DISTORCIDOS

O que aconteceria se, um dia, houvesse muito trânsito e sua


viagem de ôn ibus levasse 80 minutos em vez de 12? A soma
das durações das q uinze viagens seria 24 3 em vez de 175, de
forma que a média aumentaria para 16,2 minutos. Isso enviesa
sua duração média da viagem. É aqui que a mediana e a moda
podem ser úteis, já que ambos os valores permanecem os
mesmos e podem ser usados como guias. Isso mostra quão
importante é analisar bem seus dados antes de tirar qualquer
conclusão.

ESSAS MALDITAS
OBRAS VIÁRIAS ESTÃO
PREJ"UDICANDO MEUS DADOS.

108 DO ZERO AO INFINITO


ORGANIZANDO OS NÚMEROS
Imagine que foi medida a altura de mil homens.
Mil números é bastante número para trabalhar. No entanto,
você pode classificá-los em ordem crescente, depois agrupá-los
em intervalos - 140 a 144,9 centímetros, 145 a 149,9 centí-
metros, e assim por diante.Você pode então contar o número
de pessoas em cada intervalo e projetar o resultado em um
histograma, ou gráfico de barras, assim:

180
160
VI 140
(d

~ 120
Q.J

~ 100
"'C

e
Q.J
80
,§ 60
e:
40
20
o t---) t---)
...i,,.. ...i,,.. u, u, ---...J ---...J o ou,
o 1
u,
1 ? u,
1
°'
? °'
u,
? 1
u,
1
00
?
00
u,
1
'-Ü

?
'-Ü
u,
1
o
u, u, ~ ~
...i,,..
...i,,..
...i,,..
'-Ü ...i,,.. '-Ü °' °' :i
...i,,.. '-Ü
---...J
'-Ü
00
...i,,..
00
'-Ü
'-Ü
...i,,..
'-Ü
'-Ü
o o
...i,,.. '-Ü

'° '° '° '° '° altura


'° em '° '° '° '° '° '° '°
'° centímetros

Essa forma curva é conhecida como distribuição normal.


Em uma distribuição normal de dados como essa, a média, a
mediana e a moda estão todas no mesmo lugar, bem no meio.

DADOS COMOVEHTES 109


Ao agrupar os dados dessa maneira, você pode ver que, dos
mil homens, há poucos nos intervalos de altura mais baixa e
mais alta e mais agrupados em torno da média.

A ARMADILHA DE
NÚMEROS DE VENN
Gráficos de linha e de barra nem sempre são a maneira mais
efetiva de exibir dados. Se você precisa mostrar a relação entre
diferentes conjuntos de dados, um diagrama de Venn pode ser
útil. O diagrama recebe o nome de John Venn, que teve a ideia
em 1881, e consiste em círculos que se sobrepõem. A área
comum aos círculos sobrepostos representa o que os dois
conjuntos de dados têm em comum.

SORVETE COM ERVILHA

Se você perguntasse a vinte ami-


gos se eles gostam de sorvete e de
ervilha, poderia apresentar o re-
sultado em um diagrama de Venn
de acordo com as respostas deles.
Nesse exemplo, 18 amigos disseram
gostar de sorvete, dos quais 8 dis-
seram também gostar de ervilha, e
os últimos 2 gostam de ervilha, mas
não de sorvete:

11 Q DO ZERO AO IMFIMITO
O círculo A mostra os amigos que gostam de sorvete. O
círculo B mostra os amigos que gostam de ervilha.
A área C, onde os dois círculos se sobrepõem, representa
as pessoas que gostam tanto de sorvete quanto de ervilha -
essas pessoas são co muns a ambos os conjuntos.

MUITAS PREFERÊNCIAS

Um inventor chamado Professor X criou um robô e espera


que ele se torne bastante popular. Gizmoide sabe jogar futebol
e tênis e pode cuidar de seu cachorro de estimação enquanto
você está na escola. Parece uma ideia brilhante: futebol e tênis
são esportes bem populares, e muitas pessoas possuem cães
de estimação.
Para se certificar, o Professor X conduz uma pesquisa de
opinião, perguntando a cem pessoas se elas jogam futebol ou
tênis e se possuem um cachorro de estimação. Seus dados
mostram que 54 pessoas gostam de jogar futebol, 32 jogam
tênis e 46 possuem um cachorro. Apenas 3 pessoas não gostam
de futebol ou tênis nem possuem cachorro.
O resultado parece promissor, mas a coisa realmente útil
dos diagramas de Venn é que eles podem mostrar a relação

DADOS COMOVENTES 111


entre dois ou mais conjuntos de dados. Se alguém não gosta
de nenhuma dessas três coisas, elas aparecem fora dos círcu-
los. Então o Professor X usa esse diagrama para mostrar quão
popular o Gizmoide seria.

Nada
3

Rapidamente, o Professor X consegue visualizar o número


de pessoas em cada preferência.
Portanto, das cem pessoas pesquisadas pelo Professor X,
apenas uma faria uso de todas as funcionalidades do Gizmoide!

UMA DELICIOSA FATIA DE PIZZA


Lembra-se da pesquisa arrepiante da página 77? Ela encontrou
4 minhocas, 16 formigas, 3 besouros e I lesma. Em vez de sim-
plesmente escrever esses dados na forma de lista, você poderia
mostrá-lo visualmente usando um gráfico de pizza, com fatias
de diferentes tamanhos representando a informação.

112 DO ZERO AO INFINITO


FAZENDO A PIZZA

Se você tiver um computador; ele deve ser capaz de gerar um


gráfico de pizza. Basta digitar os dados, apertar alguns botões, sen-
tar e relaxar. No entanto, se você estiver desenhando um gráfico
de pizza à mão, sua primeira tarefa é calcular quantos graus cada
inseto e ser rastejante representa na pizza.
Primeiro, você precisa somar todos esses animais para obter
o total - 24. Depois, precisa calcular a fração do total que cada
animal representa.

Formigas

As 16 formigas podem ser escritas como 1%4, que é a mesma


coisa que 2A , ou 0,66 em decimal. (Ver páginas 27 a 29 para
refrescar a memória sobre o assunto.) Multiplique 0,66 pelos
360º de um círculo, e você saberá quantos graus deverá ter a
fatia dada às formigas - 240º.As minhocas precisam de 60º, os
besouros, de 45º, e as lesmas, de 15º.Agora você pode dividir
seu círculo em fatias para cada um deles. Observe que, se você
somar todos esses ângulos, o total será 360º.

DADOS COMOVENTES 113


O QUE ACO~TECE DEPOIS?
Às vezes, seria bastante útil saber o que poderia acontecer no
futuro. Por exemplo, você pode querer descobrir se vai chover
no fim de semana ou se fará sol no feriado. Embora seja difícil
ter certeza, é possível calcular a probabilidade de que algo
aconteça e expressar isso em números.

IMPROVÁVEL

Um grupo de matemáticos, os estatísticos - pessoas que es-


tudam estatística -, passa a vida toda calculando a chance de
algo acontecer.
Por exemplo, as chances de ganhar na loteria são de cerca de
uma em 14 milhões - ou seja, você teria muita sorte se ganhasse.
As chances de você ser atingido por. um raio é de uma em 3
milhões - um grande azar, mas ainda assim muito improvável!
SERÁ POSSÍVEL?

Há um truque para prever as chances de algo acontecer: Tal-


vez você queira saber qual é a chance de jogar um dado e
consegui r o número seis, por exemplo. Para calcular isso, você
precisa contar o número de resultados possíveis - quantos
números diferentes podem aparecer no dado - e que fração
disso o seis seria.
Quando se joga um dado, há seis possíveis res ultados,
porque ele possui seis faces . No entanto, apenas uma delas
é a que você quer: Isso significa que as chances de t irar um
determinado número são de uma em seis.
Se você quisesse descobrir as chances de tirar um nú-
mero par em vez de um específico, precisaria saber quantos
lados há com número par em relação ao total de faces do
dado. Há t rês números pares, ou seja, as chances de tirar um
número par são de três em seis - o equivalente a uma em
duas. Obviamente, as chances de tirar um número ímpar são
as mesmas.

QUE PREVISÍVEL!

Os estatísticos estão mesmo interessados é em probabilidade.


A escala abaixo, que vai de O a 1, mostra qual é a probabili-
dade de algo acontecer:
o 0,5

Impossível : Chances iguais: Certo:


com certeza, não é t ão provável que aco nteça com certeza,
irá acontece r. quanto q ue não aconteça. irá acont ece r.

Por exemplo, a probabilidade de um peixinho de aquário


vir a morrer é de 1, já que todo peixinho um dia morre . Você

DADOS COMOVENTES 115


também pode ex pressar essa probabilidade como porcenta-
gem: a probabilidade de um peixinho de aquário morrer um
dia é de 100%.

PARA SER PRECISO

Quando se fala de probabilidade, é importante lembrar que a


maneira como você a expressa pode mudar o sentido; por isso,
você deve ser preciso na descrição do que está sendo medido.
Por exemplo, a probabilidade de um peixinho morrer em um
momento específico, ou em um dia específico, é bem diferente
da probabilidade de um peix inho morrer algum dia.

UMA HIPÓTESE RAZOÁVEL

Você se lembra do Cure-O, o medicamento para soluço da


página 104? Se fosse um remédio de verdade, os cientistas

BEM, PODE HAVER


ALGUNS EFEITOS
COLATERAIS .

116 DO ZERO AO INFINITO


teriam que ter certeza absoluta da sua eficácia antes que ele
pudesse ser usado para tratar as pessoas.
Os cientistas que testam um novo medicamento formulam
o que é chamado de hipótese: uma teoria que precisa ser com-
provada ou refutada. Para fazê-lo, eles coletam e analisam dados
de experimentos para calcular se os resultados são genu ínos ou
fruto do acaso. A partir daí, podem decidir se o dado é esta-
tisticamente significativo ou não. Se a probabilidade de que o
medicamento seja efetivo é de 0,99, ou 99%, então podem dizer
com confiança que ele é efetivo - diferentemente do fictício
Cure-O, que não funcionava. Mesmo se o medicamento curar;
ainda é preciso conduzir testes para se certificar de que ele é
seguro em humanos!

DADOS COMOVENTES 117


MATEMÁTICA
DE MESTRE
ULTRASSECRETO!
As pessoas vêm usando mensagens cifradas há mais de 4 mil
anos. Algumas técnicas envolviam trocar letras do alfabeto ou
usar símbolos, mas muitas se baseavam na matemática. Essa
ciência dos códigos secretos (e da tentativa de decifrá-los) é
conhecida como criptografia.

O CÓDIGO DE CÉSAR

Mais de 2 mil anos atrás, Júlio César desenvolveu uma simples


técnica de criptografia chamada de cifra de substituição. Nela,
você substitui cada letra em sua mensagem por outra letra do
alfabeto algumas casas depois. Em geral, César deslocava três
casas para a direita - então A se tornava D, B virava E, e daí
em diante.

FALHAS FREQUENTES

O problema com as cifras de substituição é que são fáceis de


serem quebradas. Isso acontece porque algumas letras apare-
cem com uma frequência maior do que outras e produzem
padrões, que também apareceriam na sua mensagem cifrada.
Por exemplo, em inglês, a letra mais comum é E. Ao analisar
uma mensagem cifrada, é bastante fácil perceber qual é a letra
que mais aparece, essa letra, provavelmente, foi trocada pelo
E. Se a letra H for a mais frequente, você pode afirmar que
é bastante provável que cada letra da mensagem tenha sido
substituída por outra que fica três casas adiante no alfabeto.

119
Em 1465, um italiano chamado Leon Alberti publicou a pri-
meira tabelo de frequência de que se tem notícia, que mostrava
com que frequência as letras apareciam e ajudava as pessoas a
decifrar códigos simples.

É O POLÍBIO?

Um método um pouco mais efetivo do que a cifra de substi-


tuição foi criado por um grego chamado Políbio. Sua técnica
envolvia dispor as letras do alfabeto em uma matriz:

1 2 3 4 5

1 a b e d e

2 f g h i/j k

3 1 m n o p

4 q r s t u

5 V w X y z

Para criptografar uma mensagem com o quadrado de Políbio,


você substitui cada letra por dois números - o número da linha
seguido do número da coluna. A letra H, por exemplo, torna-se
23.Tente usar o quadrado para decodificar a seguinte mensagem
(a solução é mostrada abaixo):

5 1, 34, 13, 15 13, 34, 33, 4 3, 15, 22, 45, 24, 45,
43,45,35, 15,42, 14, 15,44, 15,44, 24,51, 15!

, 120 DO ZERO AO IMFIMITO


DESVENDANDO O QUADRADO

Ainda assim, é fácil quebrar o código, uma vez percebido que


a letra mais frequente, E, é representada pelo número 15. No
entanto, você poderia adicionar uma'' chave'' - uma palavra que
muda a disposição do alfabeto em seu quadrado de Políbio
- para tornar o código mais difícil. Assim, quando alguém lhe
enviasse uma mensagem, e tanto você quanto a pessoa pos-
suíssem a mesma chave - "zebra", por exemplo - , essas letras
seriam colocadas no alfabeto primeiro, seguidas pelo resto do
alfabeto. Uma pessoa que tentasse quebrar o código teria que
saber a chave para conseguir colocar as letras no lugar certo
do quadrado e então decifrar a mensagem.

1 2 3 4 5

1 z e b r a

2 e d f g h

3 i/j k 1 m n

4 o p q s t

5 u V w X y

RESOLVE~DO O E~IGMA
Uma máquina de criptografia parecida com uma máquina de
escrever; conhecida como Enigma, foi inventada nos anos 1920
e usada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
Quando a mensagem era digitada, uma série de rotores a
transformava em um texto cifrado para manter a comunica-
ção em segredo.

MATEMÁTICA DE MESTRE 121


A máquina Enigma era extre-
mamente complexa, com tantas
combinações possíveis que muitas
pessoas acreditavam que fosse
indesvendável. E mais: a chave mu-
dava diariamente à meia-noite. No
entanto, um grupo de pessoas
trabalhou de maneira incansável
para tentar desvendar o código.
Alan Turing (ver página 141) e
seus colegas de Bletchley Park, na
Inglaterra, possuíam uma máquina
Enigma e uma máquina eletromecânica chamada de Bomba.
Ao colocar pequenos trechos de uma mensagem que já
havia sido decifrada, que eles chamavam de cola, o grupo foi
capaz de usar a Bomba para desconsiderar configurações
incorretas e encontrar as corretas para _decifrar a mensagem
inteira. Acredita-se que esse projeto ultrassecreto que desven-
dou a Enigma tenha ajudado a encurtar a duração da Segunda
Guerra Mundial.

- - - - - - - - - - - - - - - -

CRIPTOGRAFIA DE COMPUTADOR

Atualmente, as informações podem ser criptografadas e des-


criptografadas num piscar de olhos com o uso de computa-
dores. A internet, informações bancárias, tudo é criptografado
de maneira cada vez mais complexa. Às vezes, esses códigos
são quebrados por hackers, que· usam meios sempre muito
engenhosos para obter as informações.

122 DO ZERO AO INFINITO


O FATOR X
Uma área da matemática chamada de álgebra pode ser usada
para calcular quantidades quando você já possui parte das
informações de que precisa. Tudo o que você tem de fazer é
equilibrar a equação - um cálculo que equilibra os dois lados
de uma balança.Veja como:

EQUAÇÃO FÁCIL

Uma equação, como x = 2 + 1, pode parecer estranha num


primeiro momento, mas há uma maneira fácil de enxergar as
equações que o ajudará a resolvê-las. Imagine uma balança
antiga, daquelas com um prato pendente em cada extremidade,
e que em cada um deles esteja um dos lados da equação.
Tudo o que está à esquerda do sinal de igual precisa estar
em equilíbrio com o que está à direita. A solução - o valor
de x - terá que ter o mesmo valor de tudo o que está do
outro lado.Você sabe que 2 + 1 é igual a 3, então, para que as
escalas estejam equilibradas, x também precisa ser 3.

3=2+1

MATEMÁTICA DE MESTRE 123


SUBTRAÇÃO SIMPLES

Você também pode se deparar com equações como x + 1= 2.


Parece um pouco mais difícil do que a equação anterior, mas a
regra de que ambos os lados devem estar em equilíbrio ainda
se aplica. Para descobrir o valor de x dessa vez, você precisa
reordenar a equação para que x fique isolado em um dos lados
do sinal de igual:

=
"x + 1 2" é o mesmo que "x =2 - 1"

Em outras palavras, x = 1, de maneira que a equação é sim-


plesmente 1+ 1= 2.

MÚLTIPLAS CONFUSÕES

Às vezes, você pode se deparar com uma equação em que tem


que multiplicar para achar a resposta:

xx3=JOx2+1

A maneira como o lado direito da equação foi escrito está


confusa. Seria I O x 2 = 20 + 1 = 21 , ou I O x 3 = 30? Os mate-
máticos evitam essa confusão usando parênteses e calculando
primeiro o que aparece entre eles. Então, em

X X 3 = O X (2 +
J J )

é fácil ver que x x 3 = 1O x (3), que é igual a 30.

124 DO ZERO AO INFINITO


Como x x 3 = 30, para descobrir x, você precisa dividir a
resposta do lado direito pelo 3 da esquerda. Então:

X X 3 = 30

é a mesma coisa que dizer que x = 30 + 3. Portanto, x precisa


ser IO.

PARA QUE SERVE A ÁLGEBRA?

Você deve estar olhando para essas equações e se perguntando


para que serve a álgebra. Parece muito trabalho para descobrir
simplesmente que x = 1 ou x = 1O, mas a álgebra pode ser útil
para vários outros assuntos além da matemática.
Na física, por exemplo, muitas leis importantes,
como a lei da queda dos corpos de Galileu
(ver páginas 82 e 83), são simplificadas em
uma equação. As equações também são
usadas na química, na economia e até
na geografia.

MATEMÁTICA DE MESTRE 125


BOA, SHERLOCK
A lógica é uma área da matemática que, como muitas outras,
teve origem na Grécia Antiga. Ela é usada para provar teorias
e ideias usando métodos e sistemas estritamente formais.

LOGICAMENTE FALANDO

Tradicionalmente, a lógica era vista como um ramo da filosofia


- o estudo do pensamento e das ideias. Um dos exemplos mais
conhecidos de lógica é um silogismo - raciocínio
composto por duas proposições e uma conclu-
são - envolvendo o pensador grego Sócrates:

Todas as pessoas são mortais.


Sócrates é uma pessoa.
Portanto, Sócrates é mortal.

A lógica não garante que as afirmações sejam


verdadeiras, mas pode ser usada para analisar
a ideia por trás das afirmações e a conclusão
que se segue caso fossem. Por exemplo, caso
se descobrisse que Sócrates não era
uma pessoa, mas uma estátua, então a
conclusão seria falsa. Seria mais correto
escrever as afirmações assim:

Se é verdade que
todas as pessoas são mortais.
E se é verdade também que

126 DO ZERO AO INFINITO


Sócrates é uma pessoa.
Então, só pode ser vffdade que
Sócrates seja mortal.

Agora, a conclusão está correta, seja Sócrates uma pessoa


ou uma estátua.

APLICANDO A LÓGICA

Uma abordagem lógica como essa pode ser útil na matemática.


Faz você olhar para a estrutura do que está sendo dito e ajuda
a identificar problemas por meio de afirmações. Você t ambém
pode usá-la para garantir que todo o seu raciocínio esteja sendo
expresso corretamente .

.!t
'

r
A LÓGICA REINVENTADA

No século XIX, um matemático chamado George Boole perce-


beu que a maneira como a lógica vinha sendo usada na filosofia
também poderia ser adotada pela álgebra. Isso ficou conhecido
como álgebra booliana.

MATEMÁTICA DE MESTRE 1fJ.7


O trabalho de Boole foi retomado no século XX por três
matemáticos notáveis - Gottlob Frege, Bertrand Russell e Alfred
Whitehead. Eles queriam demonstrar que, empregando um
determinado conjunto de regras, qualquer teoria matemática
poderia ser provada utilizando a lógica.

UMA MÁQUINA DE MATEMÁTICA


O primeiro instrumento de cálculo foi o ábaco, usado há mais
de 4 mil anos. Nos séculos seguintes, muitas outras máqui-
nas de cálculo foram desenvolvidas - incluindo a máquina
diferencial de Charles Babbage, de 1822, a qual, usando uma
série de rodas dentadas, podia fazer cálculos e armazenar dados.

LIGADO, DESLIGADO

O desenvolvimento do tipo de computador usado atualmente


foi possível graças à lógica e começou com o acionamento de
uma chave.
O flip-flop é um tipo de componente eletrônico que pode
ser usado para armazenar informação, e foi inventado no início
do século XX.
Se um impulso elétrico fosse enviado por um circuito com
o flip-flop, ele fazia com que uma lâmpada se acendesse.
Um segundo impulso, e a lâmpada se apagava. Não impres-
siona muito, né? No entanto, isso perm itia ao circuito armazenar
informação - o fato de que o impulso havia sido recebido - da
maneira mais simples possível.

128 DO ZERO AO INFINITO


Pode não parecer uma grande
descoberta hoje - e à época
também não foi motivo de muita
empolgação. Mas, ao se agrupa-
rem vários dispositivos como
esse, era possível armazenar
uma sequência de impulsos ·
em uma fileira de lâmpadas, al-
gumas acesas e outras apagadas.

DE VOLTA AO BINÁRIO

É aqui que os flip-flops ficam interessantes. Se você atribuir às


lâmpadas acesas e apagadas os números" I" e "O", respectiva-
mente, a coisa começa a se parecer cada vez mais com código
binário (ver páginas 13 e 14).Aqui, a sequência de lâmpadas é:

LIGADO DESLIGADO DESLIGADO · LIGADO

ou 1001, em binário. Se você se lembra das colunas do 1, do


2, do 4 e do 8, isso significa um 8 e um 1, ou 9:

8s 4s 2s Is
1 o o 1

MATEMÁTICA DE MESmE 129


PERCEBE O QUE
Ao interligar circuitos eletrô- ISSO SIGNIFICA?
INVENTAMOS A
nicos, as sequências de luzes em ILUMINAÇÃO DE
DISCOTECA!
duas fileiras de lâmpadas pode-
riam ser somadas - em outras
palavras, elas poderiam ser usadas
para efetuar cálculos. Diferentes
componentes também podem ser
incluídos para realizar outras fun-
ções. Por exemplo, eles poderiam
se conectar de tal forma que, se
um deles ou ambos estivessem
acesos, uma terceira lâmpada se
acendesse.
Se nenhuma lâmpada estive acesa, então a terceira também
estaria desligada, assim:

Lâmpada 1 Lâmpada 2 Lâmpada 3

Esse tipo de circuito é conhecido como circuito lógico. Ele


representa a ideia de que, se uma ou outra coisa é verdadeira,
então uma terceira coisa também é verdadeira (ver páginas
126 e 127).

130 DO ZERO AO INFINITO


OS PRIMÓRDIOS

Há um grande debate sobre qual foi o primeiro computador


a ser construído. Só se sabe que os primeiros modelos ocupavam
salas inteiras de tão enormes, eram muito caros e precisavam de
diversas pessoas para operá-los.

UM COMPUTADOR EM SEU BOLSO

No fi nal dos anos 1960, o desenvolvimento de um circuito inte-


grado, conhecido como microchip, permitiu que fossem constru-
ídos computadores muito menores. Surgia assim o computador
pessoal. Os primeiros eram bastante limitados em termos de
memória - meros 16 KB - , e os programas eram gravados e
lidos em fitas cassete. Apenas quatro décadas depois, as pes-
soas podem usar telefones celulares com muitos gigabytes de
memória para navegar pela internet.

MATEMÁTICA DE MESTRE 131


PROVE
Todo novo teorema precisa ser provado para que possa ser
aceito - e há muitas maneiras de prová-los.

PENSANDO DE CABEÇA PARA BAIXO

Para descobrir se uma afirmação é verdadeira, faça uma afirmação


oposta. Se esta pode ser refutada, a primeira afirmação precisa
ser verdadeira. Isso é chamado de prova por contradição.

132 DO ZERO AO INFINITO


Um dos melhores exemplos de prova por contradição foi
um desafio resolvido pelo matemático suíço Leonhard Euler. O
desafio perguntava se era possível passar por todos os quatro
distritos de Konigsberg, na Rússia, cruzando cada uma de suas
sete pontes apenas uma vez. Tenta,~ cada rota possível levaria
muito tempo, mas Euler conseguiu chegar à resposta usando a
prova por contradição - sem sair do conforto de sua poltrona.
O primeiro passo foi formular a hipótese de que havia com
certeza uma rota na qual cada ponte pudesse ser atravessada
somente uma vez. Ele logo raciocinou que, para que cada
ponte fosse atravessada apenas uma vez, precisaria haver um
número par de pontes. Se houvesse apenas uma ponte, você
não poderia entrar e sair de um distrito sem atravessá-la duas
vezes - se houvesse três, você poderia entrar por uma e sair
por outra, mas a terceira não seria atravessada. Como eram
sete pontes, Euler tinha provado por contradição que não havia
uma rota possível na qual as pontes pudessem ser atravessadas
apenas uma vez.

MATEMÁTICA DE MESTRE 133


ARGUME~TO CIRCULAR

Este aviso incomum é um exemplo de paradoxo - algo absurdo,


que se contradiz. É impossível obedecer a ele. Existem muitos
paradoxos por aí.Alguns deles foram criados por pura diversão,
outros para testar os limites da matemática.

O PARADOXO DO BARBEIRO

"O barbeiro faz a barba de todos os homens


que não barbeiam a si mesmos.''

Essa afirmação é um paradoxo atribuído a Bertrand Russell. É


absurdo porque leva a uma contradição: se o barbeiro fizesse
a própria barba, isso faria dele um homem que se barbeia e,
portanto, ele não poderia ser um barbeiro.

O TEOREMA INCOMPLETO

Em 193 1, um matemático austríaco chamado Kurt Gõdel publicou


seu teorema da incompletude. Ele provava que em qualquer sis-
tema lógico complexo deve haver algumas afirmações impossíveis
de serem provadas ou refutadas e que o sistema terá lacunas
que não podem ser preenchidas. Também demonstrou que a

134 DO ZERO AO INFINITO


matemática é um desses sistemas. Isso significa que deve haver
partes da matemática que não podem ser provadas e out ras
que nunca serão descobertas. Se não podem ser descobertas,
ninguém nem sabe quais são - que confuso!

MESTRES DOS ~ÚMEROS


Você já ouviu falar sobre o trabalho de alguns dos mais brilhan-
tes matemáticos na história. Agora, conheça um pouco mais
da história de algumas das pessoas que fizeram descobertas
incríveis ao longo dos séculos.

~ (e. 580 a.C.-c. 500 a.C.)

Matemático grego a quem se atribui o teorema que leva


seu nome. Pitágoras e seus seguidores acreditavam que
tudo poderia ser descrito com números. Ele também
descobriu os números irracionais. Pouco se sabe sobre ele
e seus seguidores, fora o fato de que não podiam comer
lentilhas nem carne! (Para saber mais sobre Pitágoras, ver
páginas 22 a 24.)

MATEMÁTICA DE MESTRE 135


~ (e. 287 a.C.-c. 212 a.C.)

O matemático grego Arquimedes calculou pi com uma


precisão fantástica para a época. Também mediu a área de
figuras geométricas e era um inventor.

136 DO ZERO AO INFINITO


JOHANNES KEPLER ( 1571-1630)

Kepler descreveu as leis que regem a maneira como os


planetas giram ao redor do Sol. Percebeu que os planetas
se movem em órbitas elípticas e que sua velocidade não
é constante.

MATEMÁTICA DE MESTRE 137


1'.

138 DO ZERO AO INFINITO


SIR ISAAC NEWTON (1642-1717)

Junto com Albert Einstein, Sir Isaac Newton é considerado


um dos maiores cientistas de todos os tempos. Descreveu as
leis matemáticas que explicam como os objetos se movem
e como são afetados pela gravidade. Como resultado, pôde
calcular os movimentos da Lua, dos planetas e de come-
tas. Muitas de suas teorias foram publicadas em sua obra
mais importante: Princípios matemáticos da filosofia natural
(Philosophi~ Natura/is Principia Mathematica).

~(1646-1716)

Leibniz ajudou a desenvolver várias novas áreas da ma-


temática, incluindo lógica e "cálculo" - um ramo da
matemática relacionado à álgebra e à geometria. Passou
vários anos discutindo com Sir Isaac Newton sobre quem
havia inventado o cálculo e também inventou uma das
primeiras máquinas mecânicas de calcular.

MATEMÁTICA DE MESTRE 139


ALBERT EINSTEIN ( 1879-1955)

O físico alemão, posteriormente naturalizado americano,


Albert Einstein, sempre reclamava que não era bom em
matemática. Apesar disso, desenvolveu a teoria matemática
da gravidade, aperfeiçoando o trabalho de Sir Isaac Newton.
Também demonstrou como o tempo pode se desacelerar
ou acelerar e foi o autor da mais famosa equação do mundo,
E = mc 2 • Nada mal para quem achava que não era bom em
matemática!

140 DO ZERO AO INFINITO


.\

ALANTURIHG (1912-1954)

Durante a Segunda Guerra Mundial, a máquina Enigma foi


usada pela Alemanha para criptografar mensagens (ver
páginas 121 e 122). Valendo-se do trabalho de matemáticos
poloneses, como Marian Rejewski, Turing e seus colegas
conseguiram quebrar o código, até então considerado inde-
cifrável por muitos. Esse trabalho ajudou à pôr fim à guerra.

SIR AHDREW WILES ( 1953 até o presente)

Professor de matemática em Princeton, nos Estados Unidos,


Wiles conseguiu provar o último teorema de Fermat, em
1995. A solução levou dez anos e uma publicação de mais
de cem páginas.

MATEMÁTICA DE MESTRE 141


GÊ 10 DA
MATEMÁTICA
VÁRIOS TRUQUES
COM~ÚMEROS
Se quer impressionar seus amigos com suas habilidades mágicas
e seus professores com suas espantosas habilidades matemá-
ticas, as páginas seguintes foram feitas para você!
Há uma seleção de truques incríveis envolvendo números,
atalhos e dicas de matemática e uma coleção de técnicas mnemô-
nicas para ajudá-lo a memorizar informações matemáticas úteis.

TRUQUE 1: COMO LER MENTES

Para esse truque, você só precisa de um amigo e uma calculadora.

1. Peça para seu amigo pensar em um número de três algaris-


mos cuja diferença entre o primeiro e o último dígito seja
de pelo menos 2. Por exemplo: 923 seria um bom número,
porque 9 menos 3 dá 6; mas 253 não, porque 2 e 3 estão
muito próximos.
2. Agora, peça para seu amigo inverter os dígitos. O número
923, por exemplo, viraria 329.
3. Agora, peça que subtraia o número menor do maior,
usando a calculadora se necessário. 923 - 329 = 594.
4. Depois, peça para ele inverter os dígitos novamente. O nú-
mero 594 vira 495. Observe que, agora, o par de números
deve sempre ser múltiplo de 3.
5. Por fim, peça para somar ambas as respostas: 594 + 495.
Erga as mãos e diga: "Não me conte, eu sei a resposta!".

143
6. Faça uma pausa para aumentar o efeito dramático. Depois,
diga: "Sua resposta por acaso é 1.089?", e espere a reação
de espanto de seu amigo.

TRUQUE 2: ASSISTENTE SECRETO

Esse truque requer um assistente secreto na plateia, alguém que


consiga fazer cálculos de cabeça e consiga parecer surpreso.
Você também precisará de pelo menos três outras pessoas para
impressionar. Será preciso fazer alguns preparativos para que o
truque funcione bem. Eis o que você precisa fazer:

Os preparativos
Antes de os membros da plateia chegarem, escolha junto com
seu assistente um número que seja maior do que 6.000 para
ser colocado no envelope do passo 1.
Seu assistente precisará ser capaz de subtrair do nú-
mero no envelope os números escolhidos nos passos
3, 4 e 5 - é aí que será necessário fazer cálculos de
cabeça.
No passo 6, eles terão essa resposta
à mão para usar como o ano "esco-
lhido" e poderão escrever junto ao
número que vocês dois combinaram
e escreveram por baixo.

A execução
1. Comece o truque dizendo, com uma ex-
pressão dramática: "Estou pensando em

144 DO ZERO AO IMFIMITO


um número". Dramatizando, escreva o número combinado
com seu assistente - 7.684, por exemplo - e coloque num
envelope, lacrando-o no final.
2. Deixe o envelope à vista da plateia pelo resto da duração
do truque. Certifique-se de que todos possam vê-lo a todo
momento.
3. Pergunte para um membro da plateia o ano em que ele
nasceu e escreva a resposta em um pedaço grande de
papel - 1973, por exemplo.
4. Agora, peça para outro membro da plateia dizer um ano
memorável em sua vida - 2009, por exemplo - e escreva
esse número no mesmo papel.
5. Peça para uma terceira pessoa dizer a você um ano im-
portante na história - 1500, por exemplo - e escreva esse
número também.
6. Anuncie que você irá aumentar a dificuldade pedindo que
alguém da plateia escolha outro ano, do passado ou do
futuro, e que o anote no final da lista, mas sem que você
possa vê-lo. Você deve escolher seu assistente secreto para
essa tarefa! Ele precisará calcular o número usando aquele
escolhido por vocês previamente e os números dos passos
3, 4 e 5. O ano precisará ser 2202, porque 1973 + 2009 +
1500 + 2202 dá 7 684.
7. Agora peça para seu assistente "somar" os quatro números
de sua lista para poder anunciar o total. Enquanto ele estiver
somando, entregue o envelope lacrado para outro membro
da plateia.
8. Depois que seu assistente anunciar que o número é 7.684,
sua plateia ficará espantada quando o envelope for aberto
e descobrir que os números são iguais!

GÊl-410 DA MATEMÁTICA 145


DICAS E ATALHOS
Quando você mexe com números, há sempre atalhos úteis
para ajudá-lo a encontrar rapidamente uma solução. Estes são
apenas alguns deles.

DIVIDINDO POR CINCO

Pode parecer complicado dividir por cinco, a menos que você


decore todas as respostas, mas dividir por dez é bem mais fácil.
Qualquer número que você precise dividir por cinco pode ser
dividido por dez e depois dobrado para encontrar a resposta,
pois 5 = 1O -=- 2.
Por exemplo, 90 -=- 5 pode parecer difícil à primeira vista,
mas 90 -=- 1O é muito mais fácil: a resposta é 9.
Depois, você pode simplesmente dobrar a resposta, obtendo
18. Portanto:

90 -=- 5 = 18

Tente fazer o mesmo para números maiores: 280 -=- 5, por


exemplo. Também dá certo: 280 -=- 1O = 28, e 28 x 2 = 56,
portanto 280 -=- 5 = 56.

É DIVISÍVEL?

Quer chutar por quais outros números um número pode ser


dividido? Há alguns truques simples para ajudá-lo a calcular.

146 DO ZERO AO INFINITO


Se um número é divisível por .. .
. . . 3, a soma de seus dígitos também será um múltiplo de
3. Por exemplo: você sabe que 8.904 é divisível por 3 po,~que
8 + 9 + 4 é igual a 2 1.
. . . 4, os últimos dois dígitos serão ou dois zeros, ou serão
divisíveis por quatro.
. . . 1O, sempre terminará em zero.

C•)#tai
Para multiplicar um número por onze, prime iro multipl ique por
dez. Por exemplo, 4 25 x IO = 4.250. Depois adicione o primeiro
número à sua resposta. Portanto, 4 .250 + 425 = 4.675.

MAIS NOVE, POR FAVOR

Quando você multiplica por nove, há um truque para obter a


resposta rapidamente.

1. Erga as mãos com as palmas abertas voltadas para você.


2. Dobre os dedos correspondentes ao número que você
quer multiplicar por nove. Para 9 x 4, abaixe o quarto dedo
da sua mão esquerda.
3. Conte os dedos à esquerda daquele abaixado. Nesse caso,
três. Esse é o número da dezena da resposta.
4. Agora, conte os dedos à direita. Nesse caso, seis. Esse é o
número da unidade. A resposta, portanto, é 36.

GÊNIO DA MATEMÁTICA 147


í"~4~)
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CÁLCULOS RÁPIDOS

Somar uma lista de números pode ser uma tarefa difícil, espe-
cialmente quando os números não são inteiros. Considere a
seguinte lista, por exemplo:

73,4 + 98,0 + 61,9 + 83, 1 + 3,6 + 56,6 + 64, 1 + 50,0 = 490,7

Se você quiser apenas uma resposta aproximada, tente


arredondá-los para o número mais próximo antes de somá-los.
A diferença será menor do que você pensa:

73 + 98 + 62 + 83 + 4 + 57 + 64 + 50 = 49 1

Se você quiser realmente economizar tempo, pode arredondá-


-los para o múltiplo de ·, O mais próximo, obtendo um total
aproximado. A diferença da resposta abaixo é de menos de 3%:

70 + 100 + 60 + 80 + O + 60 + 60 + 50 = 480

148 DO ZERO AO INFINITO


QUAL É A MINHA IDADE?

O truque a seguir permitirá a você estimar a idade de alguém


usando apenas os poderes de uma calrnladora. O truque
funciona com qualquer pessoa com mais de IO anos, então é
perfeito para impressionar seus professores ou pais. Eis o que
você precisa fazer:

1. Peça para a pessoa multiplicar o primeiro número da idade


dela por cinco, mas não contar a você. Por exemplo, se a
pessoa tiver 23 anos, ela multiplicará 2 x 5, obtendo IO.
2. Peça para ela adicionar três ao número que acabou de calcular.
Essa pessoa de 23 anos somaria IO + 3, obtendo 13. Todos
esses cálculos devem ser mantidos em segredo por ela; você
não pode ver os cálculos que ela está fazendo.
3. Peça para_ela dobrar o número
obtido. Essa pessoa de 23
anos, então, multiplicaria
13 x 2, obtendo 26.
4. Em seguida, peça para
ela somar o segundo
dígito da idade dela
ao número obtido
no passo 3. A pessoa
do nosso exemplo
somaria 26 + 3, ob-
tendo 29. Peça para
ela lhe dizer esse
número.

GÊNIO DA MATEMÁTICA 149


5. Agora, tudo o que você precisa fazer é subtrair seis do
número que ela revelou e, voilà, essa será a idade da pessoa!

Esse truque deve func ionar com todas as pessoas com


mais de IO anos - como mágica!

TÉCNIC~S DE MEMORIZAÇÃO
MATEMATICA
A mnemônica é uma técnica para ajudar a se lembrar das coisas.
Às vezes, é uma ri ma, ou um "acrônimo" - uma palavra criada
abreviando a primeira letra de cada palavra em uma lista. LER,
por exemplo, é um acrônimo de Lesão por Esforço Repetitivo.

COMO EU GOSTARIA DE LEMBRAR DO PI!

Lembrar de mais de algumas poucas casas decimais do número


pi pode ser menos difícil do que parece à primeira vista. Você
só precisa de uma rima ou sentença onde cada palavra tem
o número correspondente de letras dos números em pi. Por
exemplo, "Sim, é útil e fácil memorizar um número muito mas
muito colossal usando-se técnica mnemônica" revela catorze
casas decimais de pi:

3, 14159265358979

150 DO ZERO AO INFINITO


PARA LEMBRAR FRAÇÕES

Em uma fração (ver páginas 27 a 29), qual número é o nume-


rador e qual é o denominador? Use isso para se lembrar:

O numerador nas nuvens,


e o denominador debaixo.

MÉDIA, MODA OU MEDIANA?

Quando você está lidando com dados e médias (ver páginas


106 e 107), como se lembrar do que é média, moda e mediana?
Os termos podem confundir um pouco.

"Era uma vez uma média,


que tinha uma mediana no meio,
e com frequência queria estar na moda."

DIREÇÕES DA BÚSSOLA

Para fazer bom uso dos mapas das páginas 92 a 99, você pre-
cisará saber onde é o norte, sul, leste e oeste. Use essa técnica
mnemônica para se lembrar dos pontos cardeais em sentido
horário, começando por cima, onde fica o norte:

''Não Leio Sem Óculos' '

GÊl'-410 DA MATEMÁTICA 151

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