Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FIOCRUZ
Tipo de pesquisa:
Características do estudo:
1. Unicêntrico ( ) Multicêntrico ( )
2. Nacional ( ) Participação Estrangeira ( )
FIOCRUZ
1. Houve mudança no patrocinador do estudo aprovado pelo CEP? Houve novo aporte
financeiro realizado por outra fonte? A modificação foi informada ao CEP por emenda? O
orçamento previsto no planejamento do estudo foi suficiente para o cumprimento de todo
os objetivos da pesquisa?
O orçamento previsto no planejamento foi suficiente.
4. Resultados da pesquisa
Buscamos primeiramente descrever e analisar o mercado de saúde suplementar no país.
Colhemos importantes subsídios através da ferramenta TabNet, disponível no sítio da ANS, e,
pudemos concluir através de sua análise, que o mercado de saúde privado formal vem, desde o
ano de 2015, perdendo uma parte substancial de seus beneficiários, os quais estão migrando
rapidamente para o SUS, para modelos de planos de saúde mais simples e baratos, e até mesmo
para planos informais não normatizados pela agência reguladora, tais como cartões de desconto,
cartões pré-pagos e planos oferecidos por clínicas populares. Logo em seguida, investigamos
possíveis incentivos governamentais à expansão de planos de saúde privados. Vislumbramos
esta necessidade devido ao permanente conflito que ocorre entre o público e o privado em busca
por espaço no terreno da saúde. Discutimos a proposta de criação de um plano de saúde popular,
formalizado através do Ministério da Saúde e enviado para a apreciação da ANS. Este plano
contaria com reduções de coberturas previstas no Rol de Eventos e Procedimentos em Saúde,
FIOCRUZ
pois esta seria a única maneira de reduzir seu custo aos beneficiários. Haveria também, em
alguns casos, um fator moderador de coparticipação, dentre outras proposições, tais como
protocolos clínicos definidos, rede hierarquizada, etc. Esta proposta foi refutada pela ANS após
a criação de um grupo de trabalho dedicado ao tema, além de debates com a sociedade. Ao final
deste período de discussões da proposta, percebemos que planos muito similares a esta
modalidade já são ofertados por diversas clínicas populares ou mesmo se aproximam em forma
dos planos individuais mais básicos, os quais oferecem planos ambulatoriais com emergência.
Além disso, como citado acima, há um leque de iniciativas informais de expansão em curso no
país. Observamos ainda que a ANS regulamenta fortemente os reajustes dos planos de saúde
individuais, o que acarreta a negativa das operadoras em oferecer novos planos de saúde
individuais. Seria possível uma flexibilização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde,
visto que este serve como barreira de entrada? E, caso esta fosse aprovada, haveria demanda na
população por novos planos de saúde com preço mais acessível e menor cobertura? Dedicamo-
nos, então, à metodologia que serviu de estrutura a este trabalho, a qual contou com pesquisa em
fontes primárias – entrevistas com atores de destaque no campo da saúde pública e suplementar
– e fontes secundárias – pesquisa em bases administrativas e em artigos de opinião em mídia
impressa –, além de apresentar as Considerações Éticas e as Limitações do presente estudo. Em
seguida, discutimos os efeitos combinados entre a expansão do SUS e dos planos privados de
saúde, além de alguns cenários possíveis dentro desta relação, onde pudemos contar com os
subsídios da pesquisa em bases administrativas, da pesquisa em artigos de opinião em mídia
impressa, e das entrevistas realizadas com atores de reconhecida atuação no âmbito da saúde
pública e da saúde suplementar. Foi a partir da aprovação da PEC 55 em dezembro de 2016, a
qual limita os gastos públicos em saúde e outras áreas pelo prazo de 20 anos, que justificamos
este trabalho de pesquisa pela busca de alternativas privadas que possam suprir as possíveis
deficiências de atendimento que venham a surgir com a restrição de financiamento ao SUS,
além dos conhecidos problemas de gestão deste sistema. Tendo o mercado de saúde suplementar
apresentado considerável declínio no número de beneficiários nos últimos anos, não surpreende
o fato de que se busquem estratégias de expansão visando à recuperação, ou mesmo à
FIOCRUZ
superação, do patamar anterior. A principal proposição que estudamos foi a dos planos de saúde
populares ou acessíveis. Durante nossa caminhada, deparamo-nos com outras modalidades de
planos que já são comercializados de maneira informal, ou seja, sem regulamentação por parte
da ANS, e que em muito se assemelham à proposta do ex-Ministro da Saúde Ricardo Barros.
Concluímos, então, de posse das informações que analisamos, que o mercado encolheu
consideravelmente no que tange aos planos de saúde formais, mas que houve notável expansão
naqueles considerados informais, o que provoca uma forte reação das operadoras de saúde, e,
manifesta ainda, um desejo da população em adquirir planos de saúde. Ou seja, identificamos,
além de um movimento recorrente nas operadoras de saúde em busca de ampliação de mercado,
um intenso movimento social em direção à saúde privada, regulamentada ou não – notadamente
o modelo de saúde que oferece reduzidas garantias e, consequentemente, atrai o beneficiário
com reduzida capacidade de pagamento. Finalmente, destacamos que o processo de negociação
que ocorre silenciosamente nos bastidores do Governo, somado à conjuntura macro política que
o país atravessa, leva-nos a acreditar que alterações significativas serão produzidas a curto e
médio prazos favorecendo as operadoras de saúde, o que acarretará, sem dúvidas, reação
proporcional da sociedade civil organizada.
FIOCRUZ