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Apresentação

N
a perspectiva humana, esperança é o ato de esperar aquilo
que se deseja obter. É uma expectativa na aquisição de algo
que se deseja. É uma visão otimista baseada na possibilidade
de que alguma coisa que se quer muito venha a ocorrer; a
esperança humana é, portanto, a confiança na hipótese de que algo bom
poderá vir a acontecer.
Mas como ter esperança quando as realidades da vida são tão
duras e hostis? Como ser otimista em um mundo onde existe tanta dor e
tanto sofrimento? Como cultivar a esperança diante de tantas realidades
que evidenciam as nossas limitações e esmagam o nosso ego? Como
confiar em algo que perece, se deteriora e se extingue com o tempo?
Como ter esperança se as perdas são tão marcantes, as felicidades tão
passageiras e a morte tão real?
Entretanto, existe um outro tipo de esperança, uma esperança
que é como uma âncora para a alma, que nos sustenta, nos firma e nos
fortalece, uma esperança viva, que não é baseada em nossa força ou
capacidade humana de realização. Uma esperança que nos faz olhar para
o futuro, por cima e para além das circunstâncias, e sorrir. E como disse
o apóstolo Pedro: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma
esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou
perder o seu valor.”. (1 Pedro 1:3-4)
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Firmados nessa esperança, vivamos o hoje à luz do que nos
aguarda no futuro. Alguns dizem que a esperança é a última que morre.
Para nós, contudo, ela nunca morre, pois está firmada naquele que
venceu a morte e reina para sempre. Por isso, durante quarenta dias,
teremos a oportunidade de meditar sobre a temática da esperança, através
de devocionais que cobrirão toda a primeira carta de Pedro, assim como
seremos convidados a exercitar as várias disciplinas espirituais, que nos
ajudarão a encontrar sentido na nossa existência, e caminhos para
também sermos uma bênção na vida dos outros.

Nesse pequeno livro, temos a primeira parte da jornada. Por


isso, não esqueça de adquirir a segunda parte em breve. Você também
poderá acompanhar as devocionais diárias em áudio, nas principais
plataformas de Podcast, buscando pela conta Sérgio Queiroz Podcast (na
Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Breaker e RadioPublic)

Nessa primeira parte, participaram comigo na construção das


devocionais, os pastores Thiago Dutra e Saulo Duarte, que trouxeram
mais sabedoria ao projeto.

Sejam bem-vindos aos 40 Dias de Esperança!

Sérgio Queiroz
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Dia 1
Eleitos e Peregrinos
Sérgio Queiroz

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de Deus, peregrinos dispersos no Ponto,
na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia, escolhidos de acordo
com o pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito,
para a obediência a Jesus Cristo e a aspersão do seu sangue:
Graça e paz lhes sejam multiplicadas.” 1 Pedro 1:1,2

O apóstolo Pedro inicia a sua primeira carta com uma referência


intrigante. Ele se reporta aos destinatários dela como um
povo eleito por Deus, peregrino na Terra e disperso
(espalhado) em várias nações. Ao afirmar que há um povo eleito
(escolhido) por Deus, o autor da carta afasta qualquer senso de mérito
humano, qualquer ideia de superioridade de uns sobre os outros e
qualquer orgulho de raça, de status social, de religião ou qualquer outra
característica moral, étnica, política ou econômica que se queira
apresentar diante do Soberano Criador como uma presunçosa “senha de
acesso” à sua santa presença.
De fato, a Bíblia é a história de um Deus amoroso e Todo-
Poderoso, que estabeleceu um plano de redenção para toda a sua criação,
que se encontra escrava do pecado e sujeita à justa e eterna destruição.
Em outras palavras, a Igreja é composta por um povo escolhido de
acordo com o conhecimento prévio de Deus Pai, antes mesmo do nosso
nascimento, antes da criação do mundo (Efésios 1:4), e tudo isso pela
graça dele e não de acordo com as nossas obras (Efésios 2:8).
A eleição divina é um presente e não um prêmio. Deus não nos
premia com a salvação em razão da nossa bondade, Ele nos elege e nos
salva em razão da bondade dele. Pense nisso! Alegre-se com essa verdade
revolucionária e libertadora. Essa é a linda mensagem do Evangelho!
Essa é a razão da nossa esperança! O Senhor do Universo se compadeceu
de nossas vidas, nos separou (santificou) para Ele, através da obra do
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Espírito Santo em nós, para que obedeçamos e sigamos a Jesus Cristo


em nossa jornada terrena, até chegarmos ao nosso verdadeiro lar. E é por
isso que somos chamados de peregrinos, pois a presente realidade não é
o nosso destino final, não é a nossa pátria eterna. Estamos de passagem
nessa velha ordem, nesse velho mundo, em direção ao Novo Céu e à
Nova Terra, onde habitaremos eternamente. (Apocalipse 21 e 22)
Agora imagine a importância dessa mensagem quando essa carta
chegou às igrejas do século I (provavelmente em algum momento antes
do verão de 64 d.C., quando Nero, Imperador Romano, determinou o
incêndio de Roma e, a partir daí, iniciou uma grande perseguição aos
cristãos, acusando-os falsamente de terem sido os responsáveis pelo ato).
Uma mensagem de esperança em meio ao caos. Afinal, nem Nero, nem
Roma, nem ninguém, seriam capazes de destruir os planos de Deus para
o seu povo, assim como nada nos separará do amor de Deus, que está
em Cristo Jesus (Romanos 8:35). Peregrinos, sim; abandonados, não.
Salvos, não pela obediência a Cristo, mas para a obediência a Cristo.
Esse é o nosso status e o nosso propósito de vida. Levante a cabeça e
fixe os olhos no horizonte da fé, no lugar e no tempo onde tudo ficará
bem, onde tudo fará sentido. Não desista, peregrino. Estamos em
viagem, estamos em missão. E a graça e a paz de Deus, reveladas em
Cristo Jesus, nos serão multiplicadas em todos os momentos, mesmo
quando tudo faltar, quando tudo parecer perdido ou sem sentido.

Começamos hoje uma jornada de quarenta dias em busca da verdadeira esperança.


Viva cada devocional com oração, meditação e outras disciplinas espirituais que iremos
apresentando ao longo dos dias. A disciplina espiritual é uma forma intencional de
buscarmos um relacionamento sincero com o Senhor! Vamos começar nossa jornada
escolhendo um lugar para nos render em oração ao Senhor. Ore ao Senhor pedindo
por aqueles que entrarão nesta caminhada com você! Você também pode listar pedidos
de oração e colocá-los diante de Jesus todos os dias! Que Deus derrame de Sua
esperança sobre todos nós!
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Dia 2
A esperança dos Herdeiros
Sérgio Queiroz
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!
Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por
meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais
poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para
vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação
prestes a ser revelada no último tempo.” 1 Pedro 1:3-5

E sse trecho da carta não poderia começar de uma maneira mais


justa ao seu conteúdo, senão através de uma profunda
declaração de adoração e louvor ao Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, em razão dos seus grandiosos feitos por nós. Cheio de
gratidão e profundo otimismo espiritual, Pedro reconhece a obra de
Deus ao nosso favor, em uma sequência de verdades confortantes,
capazes de afastar o desespero, de vencer a ansiedade, de aplacar o medo
e a falta de sentido existencial. Verdades eternas, prontas para combater
a covardia que bate à nossa porta de tempos em tempos, especialmente
quando enfrentamos grandes lutas e a vida parece não ter nenhuma
lógica, nenhum valor intrínseco e nenhuma razão de ser para além, é
claro, de suas próprias ruínas, limitações e decepções.
Com a força que um simples candeeiro tem de iluminar uma
estrada tortuosa, escondida pelas trevas da noite, Pedro nos enche de
esperança, de uma esperança viva, capaz de levantar da prostração e do
desânimo o mais moribundo dos soldados, vencido e paralisado pelo
cansaço e pela frustração. Mensagem capaz de nos restaurar a vontade
de viver e de lutar, ao nos afirmar que o próprio Deus tem o poder de
nos regenerar, de nos fazer nascer de novo, para que sejamos tirados da
orfandade e tornados filhos e filhas do Senhor da História, do Autor da
Vida, do Criador do Mundo.
Essa dose medicinal de esperança, que não morre jamais, pois
não se baseia em falsas ou limitadas promessas humanas de plenitude,
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começa a atuar em nossos corações ao nos fazer lembrar da misericórdia


de Deus por nós, da sua capacidade de olhar para a nossa miserável e
pecaminosa condição, destinada à escuridão e ao inominável desespero,
diante dos mistérios da vida, e nos salvar de nós mesmos, nos tornando
herdeiros de suas riquezas incomparáveis e eternas.
Queridos peregrinos, a nossa esperança não pode ser construída
sobre as incertezas dessa vida, mas precisa ser fundamentada na
misericórdia, na graça e no amor de Deus por nós. Uma esperança que,
transbordante de vida, nos faz caminhar nas estradas do hoje, olhando
para o nosso destino, para um lugar onde está muito bem guardada a
nossa herança, uma herança diferente daquela que muitos pais desejam
deixar para os seus filhos quando partirem. Uma herança triplamente
qualificada, pois é imperecível (não se desgasta com o tempo e é
indestrutível), imaculada (não sujeita à contaminação do pecado) e
eternamente valiosa (que nunca deixará de ser magnífica, como uma linda
flor que jamais murchará).
Não deixemos de fazer o melhor nessa fase da nossa existência,
mas vivamos o hoje com os olhos no que haverá de ser, pois assim
encontraremos força e vigor para continuar a jornada, com os olhos fitos
na linha de chegada, com o coração posto no outro lado da travessia.
Não tente abreviar a corrida, ela nos prepara para o prêmio e nos faz
valorizar a herança. Até lá, como diz o próprio Pedro, “seremos
protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser
revelada no último tempo”.

A adoração é uma disciplina espiritual vivida de forma comunitária, quando


celebramos juntos ao Senhor em nossa igreja local. Contudo, também é possível vivê-
la na intimidade de nosso quarto, louvando ao Senhor, assim como Pedro inicia este
texto. Dedique-se hoje a encontrar canções que lhe permitam viver um momento de
consagração ao Senhor!
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Dia 3
Alegria na Provação
Sérgio Queiroz
“Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser
entristecidos por todo tipo de provação. Assim acontece para que fique comprovado
que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que
refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus
Cristo for revelado. Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem
agora, creem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa, pois vocês estão
alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas.” 1 Pedro 1:6-9

H á certas coisas que não aprendemos através dos livros, nem


numa sala de aula da escola ou da faculdade. Há áreas da nossa
vida que só alcançarão a maturidade através das provas
enfrentadas no mundo real, no palco da existência humana, ao vivo e a
cores. Com isso, lembro-me de quando fui aprovado no concurso para
o cargo de Procurador da Fazenda Nacional, após anos de estudo. Ao
tomar posse, fiquei atordoado com tantas atribuições e percebi que havia
desafios no exercício da minha profissão que eu precisaria aprender no
cotidiano e que os livros não seriam capazes de suprir. Do mesmo modo,
só quem sabe verdadeiramente o que é o sofrimento é quem passou por
ele, por ele foi exercitado, fortalecido e, finalmente, amadurecido.
De fato, há lições cujas páginas não podem ser lidas
antecipadamente, pois o aprendizado vai depender das próprias
experiências vividas, quer boas, quer más. Essas lições nós temos que
escrever por meio das próprias lutas que enfrentamos, e as tintas usadas
pelo Pintor do Mundo serão muitas vezes as lágrimas que derramamos
na dura estrada em direção à maturidade.
A partir do texto que lemos, podemos aprender algumas coisas
muito especiais sobre como permanecer firmes em meio às provações.
A primeira delas é que os servos de Deus já têm grandes motivos para se
alegrarem e elas se relacionam ao que foi ensinado nos versos anteriores
do mesmo capítulo da primeira carta de Pedro. Ao dizer “nisso vocês
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exultam”, o autor se refere ao fato de que a nossa verdadeira alegria existe


porque Deus nos regenerou para uma esperança viva, para uma
maravilhosa herança.
A segunda razão para permanecermos firmes é que as provações
dessa vida não são eternas. Ao contrário, somos provados por pouco
tempo, quando comparamos os sofrimentos do presente com a gloriosa
herança que nos aguarda no porvir. Fomos feitos para a eternidade. Por
isso, o tempo das nossas provações nesta vida é muito curto diante do
que o Senhor tem preparado para aqueles que o amam, para os que
estarão com ele de eternidade em eternidade.
A terceira razão para nos alegrarmos é porque Deus aperfeiçoa
a nossa fé através do fogo do sofrimento. Sim, essa vida é feita de grandes
lutas e provações, mas essas experiências não existem para nos destruir,
antes servem para comprovar que a nossa fé é muito mais valiosa do que
o ouro que perece. O sofrimento dos eleitos de Deus não é em vão, ele
tem sentido, produz bênçãos e nos torna maduros. Além disso, é
importante termos em mente que, embora não sejamos salvos em razão
do nosso sofrimento, pois foi Cristo quem nos salvou em sua morte e
ressurreição, as provações que passamos nos aproximam de Deus e nos
fazem mais dependentes e confiantes Nele.
Finalmente, também precisamos perseverar pois a nossa
provada e valiosa fé resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus
Cristo for revelado. Em outras palavras, podemos dizer que o próprio
Cristo honrará a nossa fé e a nossa perseverança quando estivermos face
a face com ele. Esse dia será glorioso!

Em momentos de tribulação, precisamos pedir forças ao Senhor para perseverar e para


nos submeter à Sua vontade. Submissão é uma disciplina espiritual. Em
oração, peça ao Senhor para lhe ajudar a entender que Ele nunca nos abandona e que
um dia Ele dará respostas a todo não. Por enquanto, precisamos viver unicamente
para cumprir a vontade dEle em nossas vidas!
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Dia 4
O Privilégio da Nova Aliança
Sérgio Queiroz
“Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça
destinada a vocês investigaram e examinaram, procurando saber o tempo
e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava,
quando lhes predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam àqueles
sofrimentos. A eles foi revelado que estavam ministrando, não para si próprios, mas
para vocês, quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas por meio
daqueles que lhes pregaram o evangelho pelo Espírito Santo enviado do céu;
coisas que até os anjos anseiam observar.” 1 Pedro 1:10-12

A
pós ter falado sobre a alegria e a exultação que os filhos de Deus
desfrutam, mesmo em meio às provações, ao compreenderem
a profundidade da salvação e da herança que receberam
gratuitamente de Deus, Pedro volta os seus olhos para o Velho
Testamento, quando Cristo ainda não tinha vindo ao mundo, e explica
como os profetas de então se debruçaram sobre as promessas que
haveriam de ser cumpridas em favor da humanidade.
A intenção dele é mostrar que aqueles profetas do passado
investigaram e examinaram as Escrituras com muita dedicação, à procura
de saber quando, onde e de que maneira aconteceriam os fatos
relacionados aos sofrimentos que Jesus experimentaria, bem como as
glórias que viriam depois disso.
Muitos me perguntam se as pessoas que viveram antes de Cristo
foram salvas através da obediência à lei judaica, tendo em vista que o
Filho de Deus ainda não tinha encarnado, nem morrido por amor ao
mundo. De fato, a primeira impressão que muitos têm é que antes de
Cristo, nos tempos do Antigo Testamento, as pessoas eram salvas através
da obediência aos mandamentos de Deus. E aqui está um grande erro.
No capítulo 11 da carta aos Hebreus, nós temos vários exemplos
de fé de pessoas que viveram nos tempos do Antigo Testamento, heróis
e heroínas cuja esperança de salvação estava em Deus e não em nelas
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mesmas, tampouco na sua capacidade de cumprir os santos


mandamentos. O escritor da carta aos Hebreus menciona os atos de fé
de várias personagens que por aqui andaram antes de Cristo ser revelado,
mas que também foram tornadas justas pela confiança que depositaram
em Deus e em suas promessas de que restauraria toda a criação. Assim,
Abraão, Sara, Isaque, Jacó, José, Moisés, Raabe, Davi, Esther e os
profetas, cujas vidas podem ser conhecidas no Antigo Testamento,
também foram salvos pela graça e não por suas próprias obras de
obediência a Deus.
Na verdade, ao morrer na cruz, Jesus salvou os que Deus elegeu,
antes da fundação do mundo, para que cressem Nele. Portanto, a
salvação consumada no sacrifício de Jesus na cruz operou efeitos
pretéritos e futuros. Entretanto, os que viveram e vivem após a vinda de
Cristo são privilegiados por terem acesso à toda história do amor de Deus
pela humanidade, aos detalhes que os profetas não tiveram acesso, à
completa dimensão da graça de Deus revelada na cruz.
Desse modo, sejamos gratos ao Senhor por hoje termos a Bíblia
(Antigo e Novo Testamento) tão largamente disponível no Ocidente,
bem como oremos para que a Palavra de Deus alcance outros povos e
Nações que ainda não conhecem a linda história de um Deus que amou
ao mundo de tal maneira, que deu o seu único filho, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3.16). Que essa tão
grande salvação, que alcança o maior dos pecadores, seja proclamada nos
quatros cantos da terra, até que Jesus volte.

Provavelmente, você conhece o versículo de João 3:16, mas você já meditou nele. A
disciplina espiritual da meditação na Palavra é o momento onde podemos
detidamente permitir que o Senhor fale conosco através da Sagrada Escritura. Vimos
neste devocional sobre a benção que é termos acesso à Bíblia e alguns se demoram a ler
de forma apressada apenas para “terminar em um ano”, mas eu lhe convido a
meditar em Jo. 3:16 e se permitir ter o coração tocado pela profundidade do amor
de Deus.
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Dia 5
As Velhas Fôrmas
Sérgio Queiroz
“Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e
coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for
revelado. Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de
outrora, quando viviam na ignorância.” 1 Pedro 1:13,14

Q uando eu me converti, em meados dos anos noventa, uma música


marcou profundamente a minha compreensão sobre o processo
que Deus utiliza para nos moldar de acordo com a sua vontade.
Essa canção usa a metáfora do barro nas mãos do oleiro, baseada em
uma das visões do profeta Jeremias (Jr. 18). Em um dos seus pontos mais
tocantes, a letra traz uma afirmação extremamente forte e de
repercussões profundas: “quebra a minha vida e faze-a de novo, eu quero
ser um vaso novo”. Quanta seriedade precisamos ter ao cantarmos
canções assim! De fato, se por um lado a nossa salvação é gratuita, o
processo de conformação do nosso ser à vontade de Deus nos custa uma
vida de obediência e de renúncias.
Nesse ponto da carta, o apóstolo Pedro exorta os seus leitores a
não se deixarem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando eles
viviam na ignorância. E aqui parece ficar claro que uma vida sem Deus
tende a ser guiada pelos desejos maus do coração, enquanto uma vida
regenerada pelo Espírito Santo busca se livrar das “velhas fôrmas” que
definiam e moldavam os nossos pensamentos, valores e ações. Quem
realmente conhece o amor de Deus e experimentou a sua salvação, deixa
para trás os velhos senhores que guiavam as suas vidas, e se submetem
consciente e deliberadamente ao senhorio exclusivo de Jesus Cristo.
Diante de tão maravilhosa salvação, Pedro ensina que
precisamos estar com a mente preparada, prontos para agir de acordo
com a vontade de Deus em todas as circunstâncias, combatendo com
perseverança os maus desejos do coração e cultivando a esperança na
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segunda vida de Cristo, quando a Igreja do Senhor será presenteada e


receberá a sua incomparável herança. Todo esforço valerá à pena!
No mesmo sentido, em outro trecho da Bíblia, o apóstolo Paulo
escreveu aos Romanos exortando-os a deixar a velha vida e as “velhas
fôrmas”: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-
se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar
e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos
12:2).
Como diz o texto, a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável,
e o caminho para experimentarmos e comprovarmos isso em nossas
vidas requer uma mudança de mente, operada pelo Espírito Santo, uma
mudança na nossa visão de mundo, na nossa compreensão da realidade,
deixando para trás os velhos padrões e abraçando os valores do Reino de
Deus.
Desse modo, renovemos a esperança de que fazer a vontade do
Senhor é o caminho da verdadeira felicidade, da completa realização e do
pleno sentido da existência humana. Por isso, que o fazer a vontade de
Deus seja o nosso alvo de vida, mesmo que o mundo inteiro se desvie da
verdade, mesmo que sejamos tidos como loucos, mesmo que tenhamos
que nadar contra a corrente.

Muitas são as disciplinas espirituais que podem nos fazer intencionalmente buscar um
relacionamento mais profundo com Cristo, mas é comum na história da igreja perceber
a importância do jejum na nossa vida. Vivemos imersos em tantas coisas que tendem
a moldar nossa mente para o mundo e este é o momento onde podemos nos esvaziar
daquilo que é supérfluo e nos encher mais do Senhor. Estamos no quinto encontro dos
nossos 40 dias de esperança e seria maravilhoso se apresentássemos ao Senhor
um jejum de algo significativo para nós. Um alimento ou uma atividade que
poderíamos substituir para se entregar em um tempo a sós com Deus. Façamos
juntos este jejum e apresentemos a Jesus a nossa vida, pedindo que Ele transforme a
nossa vida todos os dias.
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Dia 6
Santo, Eu?
Sérgio Queiroz
“Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em
tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo". Uma vez
que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um,
portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês.” 1 Pedro 1:15-17

O lhar para a história do Cristianismo e ver quantos homens e


mulheres foram notáveis em seus compromissos de
obediência a Deus é de fato inspirador. Muitos deles foram e
ainda são reconhecidos por seus feitos, e até ganharam um dia especial
em sua memória no calendário litúrgico de várias denominações cristãs.
Discípulos como Paulo, Pedro, João, Maria, Francisco de Assis, Tereza
D’ávila, dentre tantos outros, devem ser imitados naquilo que foram
imitadores de Cristo, e quanto a isso todos os cristãos parecem
concordar. Entretanto, quando o assunto é olhar no espelho e ver nele
alguém que também foi chamado para ser santo, muitos começam a se
acovardar e a questionar: “Santo, eu? Não fui chamado para isso! Sou
apenas cristão”.
Após falar sobre o desafio de obedecer a Deus e não aos velhos
desejos do coração, Pedro faz menção a um texto do Antigo Testamento
(Lv.11:44-45) e lança sobre todos os seus ouvintes uma responsabilidade
que muitos preferem deixar apenas para os que foram canonizados pela
Igreja: “assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em
tudo o que fizerem”.
Ser santo não significa ser perfeito ou impecável. Ser santo não
é uma opção que Deus nos dá. Ser santo é ser separado por Deus e para
Deus, é ter um coração disposto a obedecer ao Senhor, é ter Jesus Cristo
como modelo de vida e seguir os seus passos em todas as decisões do
cotidiano. Ser santo é abraçar a graça, seguir a justiça e pisotear os maus
desejos do coração, tendo sempre em mente a santidade daquele que nos
chamou para ser santos como ele é. Ser santo é um chamado divino para
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todos os que experimentaram o poder regenerador do Evangelho e


passaram a ser filhos de Deus por adoção (João 1:10-13).
Na verdade, a busca por santidade é uma expressão do temor
que deve existir no coração daqueles que chamam Deus de pai. Não há
a menor coerência em afirmarmos a nossa filiação divina e
desconsiderarmos que o nosso Pai celestial é justo e julga imparcialmente
as nossas obras. Deus não apenas salvou um povo para si. Ele nos salvou
para a integridade, para sermos semelhantes a Jesus.
Desse modo, que a cada amanhecer, ao nos olharmos no
espelho, compreendamos que somos chamados para ser santos, que
somos um reflexo não só do amor, mas da santidade de Deus. E que
nessa busca incessante por sermos semelhantes ao Deus da vida, o
mundo enxergue em nós a necessária coerência entre as nossas palavras
e as nossas ações.
Que a nossa jornada terrena seja marcada pela graça e pelo temor
que nos possibilita caminhar na direção da perfeição que está em Jesus
Cristo. Que ele seja o nosso alvo, nossa inspiração e nossa esperança!
Que vivamos à luz de uma perfeição que alcançaremos, certos de que
aquele que começou a boa obra em nós, vai completá-la até o dia de
Cristo Jesus (Filipenses 1:6).

O Senhor nos chama ao arrependimento é uma disciplina espiritual que nos aproxima
de Deus é a confissão. Pode parecer que confessar meus pecados ao Senhor me
distancia dEle, mas lembre que Deus sabe de todas as coisas. Confessar é reconhecer
que erramos, mas mostra dependência e submissão à vontade do Pai. É um marco
para um novo começo, nos faz retomar a caminhada, sabendo que somos falhos, mas
que o Senhor nos chamou para ser santos. Confessar nossos pecados a um irmão
da igreja maduro na fé, um líder ou nossa esposa também é um passo importante no
discipulado, pois podemos “prestar contas” a alguém que nos estimula a prosseguir.
Viva está disciplina hoje e pense na possibilidade de ter alguém com quem
compartilhar suas dificuldades. Que o Senhor nos permita imitá-lo cada vez mais.
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Dia 7
Quanto vale a sua vida?
Sérgio Queiroz
“Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata
ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi
transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado
nestes últimos tempos em favor de vocês. Por meio dele vocês creem em Deus,
que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou, de modo que a fé
e a esperança de vocês estão em Deus.” 1 Pedro 1:18-21

U m dos filmes que mais tocou o meu coração foi a Lista de


Schindler, que retrata a história real de um empresário alemão,
membro do Partido Nazista, que ganhou muito dinheiro
durante os horrores da Segunda Guerra Mundial, até que começou a se
compadecer dos judeus perseguidos e passou a comprá-los dos nazistas
para livrá-los da morte nos campos de concentração. O filme encerra
com o fim da guerra e Oscar Schindler falando em prantos: “eu poderia
ter salvo mais pessoas, eu joguei tanto dinheiro fora, eu não fiz o
suficiente. E esse carro? Eu poderia ter vendido para salvar mais dez
pessoas”. Não sabemos ao certo quanto custou cada pessoa comprada
por Schindler. O fato é que elas foram compradas de volta à liberdade.
Muitos acham que o Cristianismo é apenas um conjunto de
normas morais, baseadas nos ensinamentos de Jesus, mas esquecem que
o centro da fé cristã não está em um código de conduta, mas no fato de
que precisamos de um salvador que nos redima de um estado completo
de escravidão ao pecado e transporte-nos para a liberdade dos filhos de
Deus (Colossenses 1:13). Schindler conseguiu comprar de volta a
liberdade de mais de mil judeus, usando suas riquezas, mas ninguém, a
não ser o próprio Deus, tem poder para redimir a nossa alma do inferno.
E é sobre isso que Pedro fala nos versículos acima. Ele reforça a
exortação de sermos santos como Deus é santo (1 Pedro 1: 15-17)
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chamando a nossa atenção para o fato de que não fomos redimidos da


nossa velha vida através do ouro ou da prata que, embora valiosos, são
perecíveis e não tem a capacidade de nos libertar do poder mortal do
pecado.
Que razão maravilhosa nós temos para viver uma vida de
santidade! Deus resgatou a nossa vida do cativeiro do pecado e da morte
eterna através do sangue do seu próprio filho. A libertação dos “judeus
de Schindler” custou dinheiro, mas a nossa vida eterna custou a vida do
Filho de Deus! Esse é o valor da nossa vida! Ao falar de Cristo como um
cordeiro sem mancha e sem defeito, Pedro certamente tinha em mente
os sacrifícios de animais oferecidos no Antigo Testamento, que eram
apenas simbologias do único e verdadeiro sacrifício que viria a ser aceito
por Deus pela nossa redenção. A vida de Cristo foi entregue por nós, em
um plano estabelecido antes mesmo da fundação do mundo e executado
há pouco mais de dois mil anos. Que maravilhosa graça! Que infinito
amor! Que fonte de viva esperança!
Os destinatários daquela carta estavam dispersos e sofrendo
perseguição, e a intenção de Pedro era firmá-los na esperança decorrente
das promessas de Deus. A ressurreição de Cristo como fato histórico
deveria ser entendida pelos leitores da carta como verdade central do
Cristianismo (1Coríntios 15.13-14), verdade capaz de impulsioná-los a
viver de fé em fé, enfrentando os obstáculos da vida de cabeça erguida e
buscando a santidade, como pessoas que têm muito valor para Deus e
que, mesmo sem merecer, desfrutarão de uma eternidade ao lado do seu
Redentor.
A esperança da Igreja não está em governos, nem no dinheiro
ou qualquer outra coisa perecível. A nossa esperança vem de Deus e está
em Deus!

Estudo é uma disciplina espiritual extremamente importante para nos ajudar a


fortalecer nossa fé, permitindo-nos entender a obra do Senhor e nos ajudando na hora
de falar aos outros sobre o que cremos. Fomos comprados pelo sangue de Jesus,
justificados, redimidos pela sua morte substitutiva. Que tal estudar sobre isso e se
aprofundar mais na Palavra do Senhor?
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Dia 8
Amor Sobrenatural
Sérgio Queiroz
“Agora que vocês purificaram as suas vidas pela obediência à verdade, visando ao
amor fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração. Pois
vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da
palavra de Deus, viva e permanente. Pois, "toda a humanidade é como a relva,
e toda a sua glória, como a flor da relva; a relva murcha e cai a sua flor,
mas a palavra do Senhor permanece para sempre".
Essa é a palavra que lhes foi anunciada.” 1 Pedro 1:22-25

C erto dia eu tomava café com um colega de trabalho quando


começamos a falar sobre realidades espirituais, sobre fé e sobre
as palavras de Jesus Cristo nos Evangelhos. De maneira muito
respeitosa, sabendo que eu era cristão, ele disse que admirava demais a
tradição judaico-cristã e toda a sua ética. No meio dos nossos debates,
ele declarou ser conservador quanto aos costumes, e que tinha opiniões
muito firmes quanto à necessidade de honestidade nos negócios, de
trabalho duro e de fidelidade conjugal, dentre outros temas da tão
celebrada pauta moral. Entretanto, subitamente, pondo a xícara sobre a
mesa, após um vigoroso gole de café, ele mudou o semblante, franziu a
testa, travou os dentes e proferiu as seguintes palavras: “admiro o
Cristianismo, admiro Jesus, mas não consigo ser cristão, pois para mim
não faz nenhum sentido amar os meus inimigos”.
Na verdade, o homem natural não tem a capacidade de amar
com o tipo de amor que Deus espera. O nosso amor é geralmente
baseado em sentimentos e emoções, e não em uma decisão consciente
de olhar o outro como o Senhor nos enxerga, através das lentes da graça
e da misericórdia. Não é à toa que Pedro busca uma base comum para
exortar os irmãos a amarem sinceramente uns aos outros. Ele diz: “Agora
que vocês purificaram as suas vidas pela obediência à verdade, visando ao amor
fraternal e sincero, amem sinceramente uns aos outros e de todo o coração. Pois vocês
foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da palavra
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de Deus, viva e permanente. Observemos que Pedro convoca os cristãos a


amarem uns aos outros porque foram graciosamente regenerados por
Deus, para a obediência à verdade, e que suas novas vidas, geradas a
partir de uma semente incorruptível (a Palavra de Deus), precisam ser
marcadas por uma nova capacidade de amar, uma capacidade
sobrenatural de fazer aos outros o que gostariam que os outros fizessem
a si.
De fato, não temos o poder de amar de maneira sobrenatural a
partir das nossas próprias forças e convicções, pois os nossos
mecanismos emocionais de defesa nos levam naturalmente a trocar
agressão por agressão, mal por mal, olho por olho e dente por dente. Só
o poder de Deus operando em nós nos possibilita amar como Deus ama.
É um desafio! Deve ser uma luta constante para que o nosso amor não
se baseie em emoções, mas em nossa obediência à verdade, em honra e
louvor a Deus. Costumo dizer que quem nunca experimentou a graça
que há no amor (de Deus), jamais conseguirá amar de graça. É um
trocadilho para enfatizar que só quem ama aquele que não merece, é
quem entende que não merece o amor salvador de Jesus Cristo.
Irmãos, a nossa vida terrena é muito curta, é como a flor da relva,
que murcha e cai. Contrariamente, a semente eterna que nos regenerou
não murcha, não cai e nem pode ser destruída. Ela permanece para
sempre, pois é a Palavra de Deus, que nos ensina o quanto somos amados
pelo Senhor e o quanto o amor pelo próximo deve transbordar de dentro
de nós, como consequência necessária de uma nova vida em Cristo. Não
se deixe enganar! Aqueles que só amam os seus iguais ainda não
conheceram o amor de Deus. Amor não se troca, amor se doa.

Serviço é uma disciplina espiritual eminentemente cristã, pois é um grande meio de


amar ao próximo através de nossas atitudes. Estamos falando sobre espiritualidade e
sobre aprofundar nosso relacionamento com Deus, mas não é possível falar de uma
vida real com o Senhor sem o serviço como expressão da nossa fé. Na igreja, na
rua, em nosso trabalho ou em qualquer lugar que estiver, exerça o amor gracioso de
Deus na vida de alguém e veja o quanto o serviço pode mudar os outros e a nós
mesmos.
21

Dia 9
Leite Espiritual
Sérgio Queiroz
“Livrem-se, pois, de toda maldade e de todo engano, hipocrisia,
inveja e toda espécie de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem de
coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação,
agora que provaram que o Senhor é bom.” 1 Pedro 2:1-3

E u e Samara temos três filhos, e dentre os momentos mais


marcantes e especiais que guardo no coração está o tempo em
que eles eram bebês. Naquele período inesquecível, eles eram
totalmente dependentes de nós, e dentre todas as necessidades que
tinham, a alimentação adequada era algo imprescindível, especialmente
durante o tempo que o melhor a lhes dar era nada mais, nada menos, que
o leite materno. Qualquer profissional da saúde sabe do valor do
aleitamento para os bebês e o quanto esse alimento é completo e
suficientemente capaz de nutrir os pequeninos e promover a saúde deles
até os seis meses de vida.
Lembro-me também do esforço que minha esposa fez para
continuar amamentando os nossos filhos, mesmo após o fim de cada
licença maternidade. O cansaço muitas vezes evidente no seu rosto só
não era maior que a satisfação de continuar sendo fonte de alegria e
sustento para os nossos filhos. E como eles desejavam o encontro com
a mãe, como havia amor, alegria e realização em seus olhos.
Nesse trecho da carta, Pedro usa exatamente o exemplo da
amamentação para nos ensinar que devemos, como crianças recém-
nascidas, desejar de coração o leite espiritual para que possamos crescer.
De fato, ao nos regenerar a partir de uma semente incorruptível, Deus
deseja nos alimentar amorosamente com os seus incomparáveis
ensinamentos, dando-nos o que precisamos para que nos firmemos na
verdade. A Palavra de Deus é o único e suficiente alimento capaz de nos
sustentar, guiar os nossos passos e produzir saúde espiritual, à medida
22

que caminhamos na direção da maturidade cristã. Não há como


alcançarmos a plenitude se deixarmos de lado os ensinamentos do
Evangelho.
Vale também ressaltar que os versículos bíblicos que lemos
falam de uma característica essencial desse leite espiritual. Ele deve ser
puro, sem as contaminações decorrentes das invenções humanas, dos
acréscimos indevidos ou mesmo da exclusão dos seus nutrientes
essenciais. A Palavra de Deus não pode ser adulterada, nem podemos
manipulá-la ao nosso bel prazer, escolhendo o que dela nos interessa e
abandonando o que nos confronta ou agride a nossa egolatria. Em
tempos que o mundo não suporta ouvir a verdade e prefere os mitos, o
Evangelho continua vivo e transformador, capaz de mudar e guiar o mais
duro coração e de trazer de volta para casa todas as filhas e filhos
pródigos.
Desse modo, quando somos regenerados pelo poder de Deus e
passamos a nos alimentar continuamente de sua santa Palavra, somos
capacitados a vencer o pecado que nos domina e nos coisifica. Somente
por meio de uma contínua busca pela vontade de Deus, pelo seu leite
espiritual puro, é que conseguimos lutar e vencer a maldade, o engano, a
hipocrisia, a inveja e todo tipo de maledicência.
Se a busca pela transcendência nos lança no mercado das
experiências e crenças da moda, o bom mesmo é voltarmos para a fonte
da eternidade, para os braços amorosos do Senhor, onde encontramos
vida, alimento, força, vigor e alegria para cantarmos como o salmista:
“Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais do que o mel
para a minha boca! (Salmo 119: 103).

Uma disciplina espiritual de extrema importância em nossa vida é a orientação.


É aquele momento onde pedimos ao Senhor que ilumine os nossos caminhos, assim
como crianças que precisam ser carregadas pelo seu pai, pois são dependentes dele. Nós
precisamos diariamente de orientação do Alto e podemos agora em oração pedir ao
Senhor que guie nossos passos para que andemos sempre em Sua Palavra.
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Dia 10
Pedras Vivas
Sérgio Queiroz
“À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens,
mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês também estão sendo utilizados
como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo,
oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.
Pois assim é dito na Escritura: "Eis que ponho em Sião uma pedra angular,
escolhida e preciosa, e aquele que nela confia jamais será envergonhado". Portanto,
para vocês, os que creem, esta pedra é preciosa; mas para os que não creem, "a pedra
que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular", e, "pedra de tropeço e
rocha que faz cair". Os que não creem tropeçam, porque desobedecem à mensagem;
para o que também foram destinados.” 1 Pedro 2:4-8

O s últimos anos têm sido bem intensos para mim, pois tenho
tido que fazer muitas viagens aéreas para cumprir
compromissos. Para quem viaja muito de avião, alguns
benefícios ou “privilégios”, por assim dizer, dados pelas companhias
aéreas aos seus passageiros frequentes, acabam se transformando em
alívios e facilidades que tornam um pouco menos estressante a vida de
quem viaja muito a trabalho. De fato, embarque prioritário, possibilidade
de escolha de assento com um pouco mais de espaço sem pagamento de
adicional, acesso a salas vip e outros pequenos mimos são muito bem-
vindos, especialmente quando voar se torna uma cansativa obrigação.
Nesse trecho de sua carta, Pedro nos fala sobre outro tipo de
privilégios, os privilégios que temos em Cristo Jesus, chamado de pedra
viva, quando somos por ele regenerados. Esses privilégios são exclusivos
daqueles que receberam a mensagem no coração e por ela foram
transformados. Esses privilégios não são baseados em nossa idade,
status, classe social, nível de escolaridade, cor ou sexo, nem são
alcançados a partir do esforço humano ou da quantidade de voos. São
privilégios decorrentes da graça e do amor de Deus por nós, uma dádiva
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imerecida, que não pode ser comprada no mercado, nem com milhas
nem com dinheiro.
O primeiro desses privilégios espirituais é a nossa união com
Cristo (À medida em que se aproximam dele, v.4), isto é, a nossa nova
condição de filhos e filhas, que nos torna eternamente ligados a Deus
com laços de indestrutível amor. E embora Jesus tenha sido rejeitado por
muitos, ele é a pedra principal escolhida pelo Pai para edificação do seu
Reino. Jesus é, portanto, o fundamento, a preciosa pedra angular sobre a
qual podemos edificar esperançosamente a nossa vida, certos de que
jamais seremos envergonhados. Por outro lado, quem rejeita essa pedra
como fundamento da vida, tropeçará nela e cairá para sempre. Em Cristo
está a esperança e sem ele tudo não passa de ilusão.
Um outro privilégio que temos em Cristo é o de sermos feitos
pedras vivas (que jamais morrerão), tendo Jesus como pedra
fundamental. Pedras escolhidas e usadas por Deus na edificação de uma
casa espiritual para a habitação Dele. No Antigo Testamento, o Senhor
ordenou que fosse construído um templo que representasse a sua
presença no meio do seu povo, na cidade de Jerusalém. Mas no ano 70
depois de Cristo, os Romanos destruíram esse templo, do qual só restou
o chamado Muro das Lamentações. A Igreja de Cristo, contudo, é um
templo eterno, vivo, indestrutível, lugar escolhido como casa para a
eterna habitação de Deus. E como partes vivas desse templo, podemos
confiar que não seremos destruídos pela morte, pois assim como Jesus
venceu a morte por ser a pedra viva fundamental, também venceremos
a morte e receberemos o privilégio da vida eterna.

Muitos são os privilégios daqueles que colocam suas vidas nas mãos do Senhor
é um deles é poder viver a disciplina espiritual da solitude. Diferentemente da
solidão, a solitude é algo que eu procuro, é um momento de silenciar as coisas
do mundo e ouvir unicamente a voz de Deus. Viva hoje um momento de solitude.
Permita-se não ouvir nada, nada além da voz de Deus lhe acalmando
e lhe direcionando nos caminhos dEle.
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Dia 11
Sacerdotes sem mérito
Sérgio Queiroz
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de
Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus;
não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.” 1 Pedro 2:9,10

A
democracia é um sistema político realmente impressionante, e
ainda que imperfeito, é o “menos pior” que nós temos. Através
dele, um povo escolhe livremente os seus governantes,
possibilitando que até mesmo nomes improváveis sejam alçados a cargos
importantíssimos nas estruturas de poder de um município, de um estado
ou até mesmo de uma nação.
Um outro sistema de escolha é a chamada meritocracia, muito
comum nas seleções de grandes empresas e nos chamados concursos
públicos. Assim, os mais preparados, e que se dão melhor nos testes, são
escolhidos para ocupar as melhores e mais desejadas posições, o que
também é uma realidade presente no ENEM e nos vestibulares em geral.
Na verdade, vivemos em um mundo onde precisamos provar que somos
bons, competentes, capazes, velozes, inteligentes, preparados e hábeis.
Por isso, não é incomum que muitas pessoas achem que também
precisam de méritos para ganhar a sua salvação eterna.
Aqui Pedro nos ensina que outro grande privilégio que temos
em Cristo é o de termos sido eleitos (escolhidos) por Deus e essa eleição
foi um ato exclusivo do Senhor, e não nosso. Não precisamos provar a
Deus que somos bons o suficiente, para sermos aprovados e escolhidos,
até porque ninguém é justo ou bom aos olhos de Deus (Romanos 3:10;
Marcos 10:18) O próprio Jesus disse: “Vocês não me escolheram, mas
eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que
o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome”. (João 15:16). Isso é o
que significa ser uma geração eleita por Deus e não pelos homens. A
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eleição (escolha) incondicional das pedras vivas, feita exclusivamente por


Deus, para que componham o seu templo, é um golpe contra a nossa
autossuficiência, prepotência e orgulho. No passado, Israel foi o povo
escolhido, mas na Nova Aliança, todos os que estão em Cristo são parte
dessa linda realidade, verdade eterna que nos enche o coração de
esperança, dádiva que deve ser recebida com humildade e
quebrantamento.
Por outro lado, temos o privilégio de ser membros de um
sacerdócio real. No Antigo Testamento, os sacerdotes tinham o papel de
representar o povo diante de Deus, oferecendo no lugar dos judeus os
sacrifícios exigidos pela lei judaica. Havia inclusive o Sumo Sacerdote,
única pessoa que poderia entrar, apenas uma vez por ano, no lugar mais
santo do templo, para oferecer sacrifícios em nome de toda a nação.
Assim, o fato de, em Cristo, todos os Cristãos serem sacerdotes do Rei,
nos dá o privilégio de estar continuamente em sua santa presença,
oferecendo sacrifícios a Deus, não mais o sangue de animais, mas
sacrifícios espirituais em forma de louvor, obediência, dedicação e
contínua santificação. Uma vez que Jesus derramou o seu sangue por
toda a humanidade, temos acesso ilimitado à presença do Soberano. Isso
é incomparável!
Além disso, como sacerdotes do Rei, reinaremos com ele
eternamente (Apocalipse 5:10). Entretanto, lembraremos, de eternidade
a eternidade, que esse privilégio nunca foi fruto de uma aprovação em
um teste de aptidão, mas prova do amor de um Deus que nos fez seu
povo quando ainda éramos seus inimigos.

Os privilégios da Cruz são os únicos que nos faz buscar simplicidade ,


e não orgulho. A disciplina espiritual da simplicidade nos olhar para o nosso
interior e procurar qualquer resquício de vaidade. Fomos salvos unicamente pela graça
de Deus, um favor imerecido que não nos faz melhores ou piores que ninguém.
No nosso coração cabe apenas gratidão e o resultado espiritual disso é uma
simplicidade que provém da Cruz. Entregue-se humildemente ao Senhor e busque
apenas nEle conforto e satisfação!
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Dia 12
Das Trevas para a Luz
Sérgio Queiroz
“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de
Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus;
não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.” 1 Pedro 2:9,10

C ontinuamos hoje a falar sobre os privilégios que adquirimos em


decorrência de termos sido escolhidos por Deus. De fato, temos
razões suficientes para cultivar a alegria e a esperança, pois além
de sermos uma geração eleita e um sacerdócio real, o Senhor também
constituiu a sua Igreja como nação santa, como povo exclusivo dele, para
anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a luz. De
fato, só quem sabe a importância da luz é quem experimentou as trevas,
é quem vive acorrentado na caverna dos medos, é quem percebe o
quanto a escuridão do pecado o mantém longe da presença gloriosa do
Criador. Louvado seja o nome do Senhor, que nos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz, ou como disse o apóstolo Paulo: “Ele nos
resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu
Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.
(Colossenses 1:13-14). Que privilégio!
No Antigo Testamento era comum Deus usar a palavra santo
(separado) para se referir a Israel, ao povo da aliança (Levítico 19:2;
Deuteronômio 7:6; Isaías 62:12). Entretanto, por causa do seu contínuo
pecado e descrença, Israel perdeu o privilégio de ser o único povo de
Deus. Com isso, a graça salvadora de Deus estendeu-se a todos os que
creem (João 3:16; Romanos 9-11). Assim, Deus separou (santificou)
pessoas de todas as raças, línguas e nações e, em Cristo, as fez uma só
nação santa. Essa é uma das lindas características e privilégios da Igreja:
ser uma única nação santa, formada por pessoas de todas as nações, de
todos os grupos étnicos.
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Somos, portanto, um povo exclusivo de Deus, comprado pelo


sangue de Jesus, uma possessão que o Senhor não reparte com falsos
deuses, pois nos redimiu com a vida do próprio filho. Não estamos soltos
aleatoriamente no mundo, não somos uma “coisa” vagando na
imensidão do universo, tampouco uma mera expressão inteligente da
matéria; temos um valor muito grande, uma dignidade intrínseca, que
custou a vida de Cristo. Não somos frutos do acaso, somos de Deus,
feitos para a glória dele e para a alegria da humanidade. E é exatamente
nesse ponto que voltamos à questão das trevas e da luz. Esse povo
exclusivo de Deus, que forma uma geração eleita, um sacerdócio real,
uma nação santa não pode se calar diante da grandeza do amor do
Senhor, não pode deixar de anunciar aos quatro cantos do mundo que
há esperança, que há vida em Cristo, que há plenitude em Deus.
Que hoje você possa expressar com muita dedicação e amor o
quanto a graça de Deus é maravilhosa. Que você não deixe para amanhã
o que é urgente. Há milhões de pessoas tateando no escuro da existência,
enquanto a luz de Cristo está pronta para iluminar corações e mentes em
busca de sentido. Você não é a luz, mas pode ser usado por Deus para
abrir a janela, de maneira que o sol da vida entre e faça morada. Seja
benção! Seja luz!

Vencemos hoje o primeiro ciclo das 12 disciplinas espirituais, além disso entendemos
o privilégio de termos sido chamados das trevas para a Liz. Isto nos permite entender
a missão que temos de levar esta Palavra a todos que ainda não a conhecem, mas
também nos permite celebrar e nos alegrar no Senhor pela Sua tão grande obra.
A disciplina espiritual da celebração foi sendo esquecida na história da igreja.
Parece que o crente precisa estar sempre triste, mas aprendemos com Israel o quanto
eles celebravam cada data importante na sua história. Talvez hoje você esteja triste
ou temeroso por alguma coisa, mas a benção é que podemos sempre olhar para o Senhor
é entender que, independentemente do que estamos vivendo, temos ao Senhor e Ele é
tudo em nossas vidas. Celebre isso e alegre-se nEle!
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Dia 13
O Poder do Testemunho
Saulo Duarte
“Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se
abstenham dos desejos carnais que guerreiam contra a alma. Vivam entre os pagãos
de maneira exemplar para que, naquilo em que eles os acusam de praticarem o mal,
observem as boas obras que vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua
intervenção. Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os
homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele
enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem.
Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem
a ignorância dos insensatos.” 1 Pedro 2:11-15

E m 1878 o pastor John Bunyan publicou na Inglaterra o livro “O


Peregrino - A Viagem do Cristão à cidade Celestial”. O
Peregrino veio a se tornar o segundo livro mais conhecido no
nosso meio (em primeiro, claro, é a Bíblia), e é uma alegoria da vida cristã.
Em seu escrito, o pastor John Bunyan fala de forma muito criativa sobre
a luta de um cristão para viver em um mundo totalmente oposto à
vontade de Deus. A luta de um cristão é não somente contra o mundo,
mas contra suas próprias vontades.
Assim como o pastor John traz em seu livro, é comum que o
Novo Testamento se refira aos cristãos como peregrinos, como
estrangeiros em um território com práticas avessas ao que Deus tem para
nós. Em uma terra cheia de maldade e oposição às Escrituras, o escritor
nos diz que devemos lutar não apenas contra os costumes de um mundo
que dia após dia busca transformar o que é certo em errado e o que é
errado em certo, mas devemos lutar principalmente contra nós mesmos,
que somos continuamente atraídos a viver de um modo que desagrada
ao Pai, “guerreando contra nossa alma”.
Trabalhando há anos com dependentes químicos, vejo o quanto
era comum que muitos deles simplesmente não quisessem mudar, mas
se acomodar no vício. Para ele é normal fumar uma pedra atrás da outra
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ou beber um gole após o outro; para quem é viciado em pornografia, é
normal acessar um site erótico atrás do outro; para quem rouba, é normal
tomar o que é do outro; para quem mente, é normal uma mentira após a
outra, mas o pecado não pode ser uma prática normal em nossa vida.
Paulo nos diz em Cl. 3:1-3 que nós ressuscitamos com Cristo, logo, nossa
vida agora está escondida com Cristo em Deus. Assim, devemos nos
abster do pecado, o nosso “normal” agora deve ser agradar ao Pai.
Quem teme ao Senhor, quem conheceu a graça de Cristo e
entendeu o presente que é a salvação; quem entendeu a profundidade do
que Paulo diz em Efésios 2:8: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio
da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus” não pode viver da mesma
forma. Quem Conhece a Cristo dá testemunho de seu relacionamento
com Deus para os que o cercam, mas não o fazem desrespeitando o
próximo, demonstrando intolerância, agindo com ira ou maledicência
contra o outro, pelo contrário, quem vive o relacionamento com Cristo
não anda nas práticas deste mundo, mas vive neste mundo com as
práticas de quem segue a Cristo, atraindo os outros com ações de
amabilidade, pacificação, paciência, bondade, mansidão, domínio
próprio. Em suma: é empático aos outros!
Cabe ressaltar que o contexto deste livro era de extrema
perseguição promovida pelas autoridades romanas a quem se declarava
cristão. Pedro, que vivia este contexto, não incentiva a rebelião, pelo
contrário, afirma que quem vive a liberdade promovida por Cristo, não
se levanta contra as autoridades constituídas por Deus, pelo contrário, se
submete às autoridades a fim de que não tenha de que ser acusado.
Testemunhemos dos feitos do Senhor em nossas vidas, do que
era improvável e se tornou real por Cristo. É sempre bom ouvir
testemunhos de pessoas que receberam milagres, que foram curadas,
enfim... mas não há maior milagre que a transformação de caráter, e é a
apresentação de uma vida que reflete um caráter transformado que mais
atrai os que não crêem e mais fortalece a fé dos que crêem. Sejamos
modelos de mudança!

A Palavra nos estimula a orar pelas nossas autoridades. Vamos separar este dia
para orar pelo nosso país, por justiça e paz, por leis que valorizem o amor ao próximo
e por governantes que temam ao Senhor!
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Dia 14
Livres Para Amar
Saulo Duarte
“Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para
fazer o mal; vivam como servos de Deus. Tratem a todos com o devido respeito:
amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei. Escravos, sujeitem-se a seus
senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas também
aos maus. Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com
Deus, alguém suporte aflições sofrendo injustamente.” 1 Pedro 2:16-19

N o período de minha conversão uma música era muito cantada


nas igrejas evangélicas e eu costumava cantá-la com muita
alegria pela sua mensagem ao mesmo tempo tão simples e tão
profunda. Ela dizia que eu preso vivia na angústia e solidão, mas Cristo
em seu amor me libertou, então hoje livre eu sou. E todos cantavam o
refrão “hoje sou livre, hoje sou livre”.
De fato, o Evangelho promove uma libertação que nos leva a
enxergar a vida de outra forma. A perspectiva de quem vive a nova vida
em Cristo agora é baseada na vontade dele, e não na sua própria vontade,
e ter a convicção de que fomos libertos também nos proporciona
esperança no amanhã, pois não ficamos mais presos à confiança em
nossas limitações para resolver as questões que assolam nossos dias, mas
sabemos que temos um Soberano que trabalha em nosso auxílio, sempre
sendo glorificado em nossas vidas cumprindo em nós o seu propósito.
A questão é que a noção de liberdade pode, por mais paradoxo
que pareça, levar à prisão. Veja: nós vivemos em uma sociedade com
valores difusos, em que todo momento somos incentivados a desfrutar
de nossa liberdade. Você é livre para passar em um sinal vermelho no
trânsito, é livre para agredir alguém, é livre para usar drogas, enfim – eu
e você somos livres para fazer coisas que geram consequências nocivas
para as nossas vidas. Nenhum usuário de drogas usa uma substância
desejando ser livre, ele o faz desfrutando de uma liberdade que tem,
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buscando um prazer momentâneo, uma sensação de liberdade, mas que


promoverá sua escravidão.
O indivíduo sem pleno sentido de vida é um escravo de sua
própria liberdade. A humanidade sem Deus corre atrás do vento, busca
falsos prazeres e se enche de satisfações momentâneas, enganosas
alegrias que conduzem somente à destruição. Quando estamos em
Cristo, nós vivemos a plenitude da alegria que não se limita ao que é
temporal, pois se jogar nos braços do Senhor é desfrutar do verdadeiro
sentido de liberdade.
Somos servos de um Senhor que não nos trata como escravos,
mas como filhos. Que segurança podemos ter! Em Cristo o escravo se
torna livre, o viciado se torna sóbrio, o presidiário se sente
desencarcerado espiritualmente, ainda que trancafiado, recebendo a
consequência de suas ações do passado. Em Cristo compreendemos um
amor maior que nos leva a amar ao outro ainda que este tenha nos
promovido um grande dano, e tal mensagem é loucura para os que não
crêem, pois assim é a mensagem do Evangelho: um Deus a quem
negamos nos dá uma prova de amor incompreensível à lógica humana,
ele envia o seu filho a fim de nos reconciliar com ele, como nos diz a
Escritura em II Cor. 5:18: “Tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da
reconciliação”.
Nós éramos inimigos, hoje somos não apenas amigos, somos
filhos! Como não compartilhar tal mensagem? Somos privilegiados não
apenas por vivermos a liberdade proporcionada por Cristo, mas também
por sermos mensageiros da mensagem de esperança a um mundo
perdido.

Algumas pessoas vivem prisões emocionais advindas de falta de perdão. Vivemos


presos a um passado que se eterniza no presente e nos impede de fechar ciclos em nossa
vida! A confissão é libertadora, pois nos permite abrir nosso corações e mostrar aos
outros nossos erros, nossas dúvidas, nossos medos! Imagine marcar este dia
confessando seus pecados e restaurando relacionamentos? Você é livre para fechar
ciclos, pedir ou liberar perdão a alguém! Liberte seu coração e recomece através do
amor gracioso de nosso Pai, que nos faz amar até mesmo nossos inimigos.
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Dia 15
Sofrendo Pelo Bem
Saulo Duarte
“Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por terem cometido o mal?
Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de
Deus. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês,
deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos. "Ele não cometeu pecado
algum, e nenhum engano foi encontrado em sua boca". Quando insultado,
não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se
àquele que julga com justiça.” 1 Pedro 2:20-23

C erta vez eu conversava com um universitário cristão e ele falou


como estava complicado compartilhar a fé no ambiente da
universidade. Em seu relato, ele dizia que, por mais que fosse
paciente e respeitoso, era comum que os colegas zombassem de sua fé e
o ridicularizassem, e tudo começou quando logo no início do curso ele
discordou de um colega que em determinada aula disse que os cristãos
eram alienados e que esta religião só havia trazido males à humanidade.
O ambiente em que Pedro viveu e escreveu esta carta era um
ambiente hostil aos cristãos autênticos, aos que se negavam a se curvar
diante de um imperador e, por isso, eram acusados de traição a Roma.
Pedro foi assassinado justamente por decidir se portar de forma inversa
às práticas de um povo que rejeitava o Deus bíblico.
Comparado com o que vemos em muitos países, nós temos o
privilégio de viver em uma nação que nos oferece plena liberdade
religiosa, e geralmente não aproveitamos tal liberdade. A questão é que
existem outros tipos de perseguições que não chegam a ser sanguinárias,
como a de nossos irmãos que vivem em países que perseguem o
Cristianismo, mas que também trazem sofrimento e que não podem ser
desmerecidas. Talvez você atualmente passe por sofrimento decorrente
da fé que professa em Cristo.
Para os que sofrem por Cristo é que Pedro escreve estes
versículos. No mesmo tópico ele fala sobre os que sofrem de forma
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merecida, como consequência de seus erros, e aqueles que sofrem de


forma injusta, vítimas da intolerância promovida contra os que seguem a
Jesus Cristo e à sua Palavra. Pedro diz que tal sofrimento, decorrente da
relação com Cristo, é “louvável diante de Deus”, e compara tal
sofrimento ao que o próprio Cristo passou por nós. Pedro nos mostra
que em Cristo temos esperança, ainda que atormentados, nEle teremos
consolo, e é esta certeza que nos fortalece em meio às perseguições, é
esta convicção que nos traz alívio: se sofremos como amigos de Deus,
sofremos injustamente, mas nosso sofrimento não é em vão, pois
sofrendo nEle, nós também seremos nEle glorificados, como Paulo nos
diz: “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser
comparados com a glória que em nós será revelada.”(Rm. 8:17-18).
Ora, mas o que pode ser tão poderoso ao ponto de fazer-nos
olhar para Cristo em meio ao sofrimento? Só a fé pode fazer isso, só a
expectativa de que temos um dono cuidando de nós, mais ainda: um Pai
que se importa conosco, só esta certeza pode fazê-lo! Quando vivo a fé
em Cristo e na sua Palavra, por mais terrível que seja minha tribulação,
faço como o Apóstolo Paulo que, mesmo em meio a um momento de
grandes privações e intenso sofrimento, declarou o que lemos acima, pois
o nosso foco está no que vem depois, não no que é passageiro, mas no
que é eterno, no que é glorioso, no que olhos não podem ver nem
ouvidos podem ouvir (1 Cr. 2:9).
Quando cremos que Deus é o centro de nossas vidas, confiamos
nos propósitos dele e sabemos que em meio ao sofrimento nós não
estamos sós, mas O temos na condução de nossa história, agindo em
nossas vidas com misericórdia e graça, mesmo quando não temos plena
capacidade para entender o que é isso. Ele cuida de nós!

Você poderia agora meditar nesta tão profunda verdade? “Considero que os nossos
sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.”
(Rm. 8:17-18). Quantas maravilhas Deus preparado para aqueles que sofrem em
Seu nome! Medite nesta Palavra e perceba que os sofrimentos de hoje são
momentâneos e não se comparam à glória eterna.
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Dia 16
Ovelhas Desgarradas
Saulo Duarte
“Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que
morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram
curados. Pois vocês eram como ovelhas desgarradas, mas agora se converteram ao
Pastor e Bispo de suas almas.” 1 Pedro 2:24,25

N o ministério pastoral é comum lidarmos com casos de


separações entre casais, intrigas entre irmãos, circunstâncias
diversas de quebras de relacionamentos que no
aconselhamento cristão temos como missão buscar a orientação de Deus
rumo à pacificação entre as partes a fim de que haja reconciliação.
A Bíblia nos diz que Deus fez o homem para viver um
relacionamento de intimidade com ele, mas o homem preferiu seguir
uma autonomia destruidora e, devido à impossibilidade de
relacionamento entre um Deus santo e alguém completamente
dominado pelo pecado, criou-se um abismo de inimizade entre um e
outro, de forma que o homem resolveu virar as costas para Deus:
“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um
homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os
homens, porque todos pecaram” (Rm. 5:12).
O pecado nos separou do Senhor, quebrou o nosso elo, era um
lindo relacionamento que terminou com uma traição pelo lado do
homem, quem mais recebia amor, apesar de não merecer tamanho valor.
Nós, a humanidade, decidimos nos levantar contra Deus e passamos a
desenvolver práticas que só nos levaram a um contínuo afastamento do
Senhor. Mas felizmente essa história não terminou assim. Por muito nos
amar, Deus sabia que só havia um meio de nos reconectar a ele: por meio
do sacrifício de seu Filho na cruz.
O Filho nos reconectou com o Pai, nós fomos reconciliados e
agora estamos unidos eternamente! “Mas Deus demonstra seu amor por
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nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.


Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda
seremos salvos da ira de Deus por meio dele! Se quando éramos inimigos
de Deus fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho,
quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua
vida!” (Rm. 5:8-10).
Precisamos entender que salvação é obra do alto, é graça, é favor
dado por Deus sem que mereçamos. O complicado é que os homens, no
decorrer da história, sempre tentam se achegar a Deus por meio de seus
próprios esforços, e o fazem por meio de boas obras, vida reta, religiões,
etc. Não adianta. Paulo nos diz em Efésios que é impossível o homem
se salvar pelas suas próprias obras: “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras,
para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8-9).
Muitos pensam que suas ações promovem a salvação, mas o que
as Escrituras dizem é que a salvação é de graça, mas que os nossos frutos
mostram a nossa salvação para o mundo perdido. Esta é a mensagem de
Pedro: nós, outrora ovelhas desgarradas escravas do pecado, agora em
Cristo precisamos mostrar com as nossas obras uma vida de quem foi
reconciliado, morrendo para as nossas vontades e vivendo para
promover a proclamação desta mensagem e agindo pela justiça de Deus
em um mundo caído.
Você hoje lê este material porque um dia o Filho te reconectou
com o Pai, e agora eu e você devemos viver de forma que essa conexão
seja visível aos que nos cercam. Se fomos reconectados a Deus pelo
Filho, a vida de Cristo deve nos inspirar de tal modo que a amizade com
Deus possa ser vista nas atitudes diante dos amigos, dos desconhecidos
e principalmente de nossa família. Que nossa reconciliação seja evidente
aos que nos cercam!

Ore ao Senhor pedindo por orientação! Como anda seu casamento? Sua vida com
Deus? Você vive como uma ovelha andando pelos pastos certos ou em dúvida sobre os
caminhos a seguir? Procure do Senhor os caminhos dEle através de orações específicas
de discernimento. Ele é o único que tem uma vontade boa, perfeita e agradável.
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Dia 17
Mulher Maravilha
Thiago Dutra
“Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus maridos, a fim de que, se alguns
deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua
mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês.” 1 Pedro 3:1,2

L er um texto sobre submissão feminina nos dias de hoje pode


parecer arcaico ou politicamente incorreto, mas não podemos
tratar as Escrituras com descaso. Até porque não estamos diante
de um texto isolado, pois Efésios 5:22 e Colossenses 3:18 trazem a
mesma ideia. Antes de rejeitarmos qualquer coisa, vamos entender o
seguinte:

- Deus criou homem e mulher essencialmente iguais, pois ambos são


feitos à imagem e semelhança de Deus. “Criou Deus o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Gênesis 1:27 NVI

- O Espírito do Senhor foi prometido a toda carne, homens e


mulheres, e assim aconteceu em Atos 2. ““E, depois disso, derramarei
do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas
profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões.” Joel
2:28 NVI

- Existem papéis diferentes atribuídos nas Escrituras a homens e


mulheres, onde, na constituição do matrimônio, a liderança do lar é
masculina e a mulher é sua fiel ajudadora. (Gn. 2:20-23)

- O exercício de um papel diferente não me faz essencialmente menor


ou maior, esta valoração é unicamente humana e não procede das
Escrituras. A Trindade, por exemplo (o grande exemplo), tem Deus
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Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo como essencialmente iguais,


mas, no plano da salvação, exercendo papéis diferentes. Mais que isso,
submetendo-se o Filho ao Pai, o Espírito ao Filho.

- Para Pedro, a sujeição não ocorreu apenas neste texto. Ele havia
falado sobre submissão ao Estado e ao seu empregador. Paulo reforça
este pensamento, falando também sobre obediência aos pais.

Agora que entendemos estes pontos, precisamos perceber a


beleza da Palavra no que se refere a este tema. A posição no casamento
da mulher é de grande honra, responsabilidade e importância. Ela é a
mulher respeitada, ajudadora e valiosa de Provérbios.
“Uma esposa exemplar; feliz quem a encontrar! É muito mais
valiosa que os rubis. Seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe
falta coisa alguma. Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da
sua vida.” (Provérbios 31:10-12 NVI)
Feliz o homem e os filhos e abençoado o lar que tem uma
mulher sábia que o edifica e que, segundo Pedro, mesmo que sem
palavras, ganha o seu marido para Jesus, unicamente pela sua conduta
honesta e respeitosa.
Muitas são as esposas que se impacientam com seus maridos
afastados do Senhor, mas não entendem que sua função é orar por eles
e adotar um papel de sabedoria no lar. É certo que a salvação só vem
pela pregação da Palavra, pelo ouvir a voz de Deus. Contudo, Pedro não
foge disso, ele apenas afirma que a conduta sábia da esposa abre os olhos
e os ouvidos daquele que olharia inicialmente com desconfiança para o
Cristianismo, mas que veria sentido em tudo ao perceber o importante
papel desempenhado pela sua esposa.

Talvez muito do que foi lido aqui seja desafiador para nossas mentes e fujam da nossa
Cosmovisão. Mas poderíamos tirar o dia de hoje para exercer a disciplina espiritual
do estudo. Que tal se aprofundar um pouco neste tema e perceber aquilo que podemos
mudar enquanto marido e esposa. O livro DEUS, CASAMENTO E
FAMÍLIA: RECONSTRUINDO O FUNDAMENTO BÍBLICO, escrito
por Andreas Köstenberger e David W. Jones é uma ótima dica de leitura.
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Dia 18
A Verdadeira Beleza
Thiago Dutra
“A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados
e joias de ouro ou roupas finas. Pelo contrário, esteja no ser interior, que não
perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo,
o que é de grande valor para Deus.” 1 Pedro 3:3,4

A
estética não é um mal em si. Ao contrário, o Senhor fez toda a
criação com uma beleza indescritível, a ponto de ser revelado
nela. “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de
Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente,
sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais
homens são indesculpáveis;” Romanos 1:20 NVI
O problema não é a beleza em si, mas o valor que damos àquilo
que não é belo. O texto de Pedro fala sobre a valorização de enfeites
exteriores, cabelos trançados, joias de ouro e roupas finas. Paulo fala a
Timóteo sobre o mesmo tema, ele diz:
“Da mesma forma, quero que as mulheres se vistam
modestamente, com decência e discrição, não se adornando com tranças
e com ouro, nem com pérolas ou com roupas caras, mas com boas obras,
como convém a mulheres que declaram adorar a Deus.” 1 Timóteo 2:9-
10 NVI
Em todos estes casos, Edwin Blum diz que: “a ênfase de Pedro
não está na proibição, mas num senso adequado de valores”.
A “beleza” questionada nestes textos é usada para demonstrar
riquezas e status social. Não é uma proibição de usar tranças, por
exemplo, mas um alerta sobre a importância de se nutrir uma beleza
muito mais valiosa, uma beleza que não perece e que é demonstrada num
espírito dócil e tranquilo.
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Talvez isto não seja tão valorizado por alguns homens, mas a
Bíblia diz que é importante aos olhos de Deus. Ou seja, o Senhor percebe
a beleza mais valiosa!
Enquanto homens e mulheres de Deus, somos diariamente
desafiados a não cair na superficialidade da moda, como se isto fizesse
de nós pessoas mais valiosas e belas. Num consumismo cada vez mais
desenfreado, comprar assumiu ares de terapia e shopping uma nova
religião.
Vestir determinadas marcas também refletem um
posicionamento social que, muitas vezes, queremos ainda reforçar nas
redes sociais. Tudo isto é muito perigoso, pois podemos estar
procurando belezas em lugares errados, mais que isso, podemos começar
a entender que a nossa beleza também está no lugar errado.
“Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que
não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.”
2 Coríntios 4:18 NVI
A beleza que mais importa é aquela que não se vê facilmente
com os olhos, ela é demonstrada em um coração que teme ao Senhor e
em atitudes que nos torna parecidos com Cristo. Se assim formos,
encontraremos valor naquilo que realmente importa. Quando olharmos
para nossas esposas, procuraremos a real beleza, a que não perece!

Simplicidade é uma disciplina espiritual vivida em muitas ordens religiosas, onde


algumas pessoas perceberam o quanto amar as coisas pode ser destrutivo numa fé que
nos manda amar pessoas. Tem se falado hoje sobre minimalismo, ou seja, uma filosofia
de vida que percebe os excessos do ter. Se você adotasse este padrão em sua vida e se
desfizesse daquilo que nada contribui para sua vida, quantas coisas você poderia doar?
A simplicidade nos permite focar no que realmente importa, no que é essencial.
Olhe hoje para sua vida e se desafie a ter uma vida mais simples. Quando as distrações
diminuírem, você poderá perceber Deus cada vez mais em sua vida.
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Dia 19
Vencendo o Medo
Thiago Dutra
“Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres
do passado, que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam a seus
maridos, como Sara, que obedecia a Abraão e lhe chamava senhor. Dela vocês serão
filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo.” 1 Pedro 3:5,6

P edro continua falando sobre a verdadeira beleza da mulher e


agora ele apresenta um modelo histórico do Antigo Testamento
para nos fazer entender o que ele quer dizer.
A referência trazida é Sara, esposa de Abraão, aquele que é
chamado de pai por todo um povo, aquele que saiu de sua terra e de sua
parentela e seguiu a vontade de Deus, aquele que sacrificaria seu filho,
Isaque, pois assim era a ordem do Senhor. Este homem de tantas
histórias de fé nas Escrituras é o marido de Sara, que é trazida como
exemplo de testemunha.
É comum este tipo de citação nas Escrituras, principalmente
quando o motivo é fortalecer nossa fé através do exemplo de outras
pessoas. Assim fez o escritor de Hebreus, logo após citar aqueles que
chamamos de heróis da fé.
“Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão
grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha
e do pecado que nos envolve e corramos com perseverança a corrida que
nos é proposta,” Hebreus 12:1 NVI
A tão grande nuvem de testemunhas foi citada no capítulo
anterior e sempre é dada como uma forma de inspirar cada um de nós a
viver uma vida mais parecida com Cristo. É nesse propósito que Sara é
citada por Pedro.
Primeiramente, fala-se de santas mulheres que colocavam a
esperança em Deus. Assim como uns confiam em carros, em casas ou
em dinheiro, feliz é aquele que põe sua confiança no Senhor! Aquele que
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tem a esperança firmada na rocha da fé, e não nas areias do medo e da


dúvida.
Sara também é lembrada pelo respeito dedicado ao seu marido,
Abraão, ao chamá-lo de “senhor”. Logicamente, isso não significa que
toda esposa deve chamar seu marido dessa forma, pois existem questões
culturais aqui envolvidas. Significa apenas uma forma respeitosa de falar
com o cônjuge. Sabemos o poder que a língua tem, e isso pode ser usado
para o bem, mas também para a destruição de relacionamentos. A forma
que se fala um com o outro significa respeito e é indispensável dar
testemunho também nisso.
Por fim, Pedro chama todas as mulheres de filhas de Sara, desde
que pratiquem o bem e não deem lugar ao medo. Muitos são os receios
e inseguranças de uma mulher, mas todas precisam viver uma vida de
dependência do Senhor e esperança nAquele que é o único capaz de nos
sustentar em todas as nossas adversidades.
Que o texto de Provérbios esteja em nosso coração: “Então
você seguirá o seu caminho em segurança e não tropeçará; quando se
deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo. Não terá medo da
calamidade repentina nem da ruína que atinge os ímpios, pois o Senhor
será a sua segurança e o impedirá de cair em armadilha.” Provérbios 3:23-
26 NVI

Já ouvi algumas vezes de mulheres que seu grande medo é ficar sozinha. Neste receio,
acabam se entregando em relacionamentos doentios e que não glorificam a Deus. Uma
das formas de vencer a solidão é buscando em Deus um momento significativo de
solitude. Aquela é algo que sentimos e que muito nos incomoda, mas esta é uma
disciplina espiritual que buscamos no mais profundo da nossa alma. Na solitude ,
encontramos Aquele que nunca nos abandona e em quem encontramos todas as
respostas. Pare um pouco! Deixe de ouvir as vozes deste mundo que lhe causam medo
e ouça a voz suave e confortante do Senhor!
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Dia 20
Homens com H
Thiago Dutra
“Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e
tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da
vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações.” 1 Pedro 3:7

P edro conclui sua linha de raciocínio falando um pouco também


sobre o papel do homem no casamento. Ele diz que o marido
deve ser sábio no convívio com sua mulher. Em outras palavras,
deve cumprir a Palavra de Deus em seus relacionamentos familiares.
A mulher deve se sujeitar a um marido que a lidera e a ama assim
como Jesus amou a Igreja, e Ele se entregou a ponto de ser traído e sofrer
uma vergonhosa morte, a morte de Cruz.
Simom Kistemaker diz que: “Na vida conjugal, espera-se que o
marido ofereça liderança, exerça autoridade e obedeça a Deus. Ele deve
entender que Deus lhe deu autoridade que precisa ser usada com amor e
para o bem-estar de sua esposa. Esta, por sua vez, deve lutar para apoiar
seu marido e ajudá-lo em sua tarefa. Com seus talentos e habilidades, ela
é uma serva de Deus cumprindo seu papel como ajudadora do marido”.
Este é o importante e difícil papel do homem, o de ser “Jesus”
para sua esposa, no que se refere ao modelo de homem e de vida com
Deus. Pedro ainda acrescenta que às mulheres é devida toda honra e
respeito, haja vista serem mais frágeis fisicamente. O marido deve
proteger sua esposa, pastoreá-la, honrá-la e respeitá-la.
Até porque elas são co-herdeiras do dom da graça da vida, ou
seja, estamos todos no mesmo barco no que se refere à salvação em
Jesus. Todos precisamos de Jesus, independentemente dos nossos erros
e acertos, precisamos cuidar mutuamente no casamento, o que nos
permitirá viver um relacionamento duradouro e próspero.
Por fim, Pedro ressalta que este deve ser o nosso proceder no
casamento, pois assim as nossas orações não serão interrompidas.
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Traduzida também como “orar livre de impedimentos”, este texto revela


que não adianta vivermos uma vida dupla, “Deus não aceita as orações
que marido e mulher oferecem num ambiente de luta, de briga e
discórdia. Ele quer que se reconciliem, para que possam orar juntos em
harmonia e, assim, gozar as incontáveis bênçãos divinas”. (Kistemaker)
Um casal que ora junto glorifica a Deus em seu casamento!
Devemos diariamente consagrar nosso lar ao Senhor e pedir
direcionamento e sabedoria para que entendamos qual o nosso papel no
matrimônio e na maternidade. Será que temos sido o marido, a esposa, o
pai, a mãe ou o filho que a Palavra exige de mim?
É extremamente importante que conversemos em família sobre
nossas dinâmicas de vida e entendamos o que passa nos corações de
nossa casa, dessa forma, poderemos louvar ao Senhor dizendo “eu e
minha casa serviremos ao Senhor”.

Encerramos hoje este primeiro ciclo de 40 dias de esperança e esperamos que você tenha
se enchido do Espírito Santo e da Palavra de Deus.
Viva hoje mais intensamente e com gratidão a disciplina espiritual da adoração.
É maravilhoso poder cantar louvores ao Senhor e sentir a Sua presença.
Que o Senhor te abençoe e te fortaleça na esperança que há nEle!

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