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Tipo: Livro

Assunto/Tema: Wallon e Vygotsky: psicologia e educação


Resumo/ Conteúdo de interesse:
Referência bibliográfica: BASTOS, Alice Beatriz Barreto Izique. Vygotsky e a perspectiva sócio-histórica.
In: _____. Wallon e Vygotsky: psicologia e educação. São Paulo: Loyola, 2013. (p. 51-74)
Conceitos:

Instrumentos:

Mediação:

Internalização:

Signos:

Citações:

Tópico 1: A mediação da atividade humana pelo uso de instrumentos

O psicólogo russo ao investigar o uso de instrumentos tanto pelos animais quanto pelos seres humanos na
resolução de problemas em diversas situações, estabeleceu similitudes e diferenças entre eles, dando destaque
à fala como fator que distingue e promove a diferença entre os homens e os animais na evolução das
resoluções situacionais e problemáticas. (p.51)

Importa destacar que a leitura que Vygotsky faz acerca do uso dos instrumentos na consecução de atividades,
está calcada nos pressupostos do Materialismo histórico-dialético de que a criação e manuseio dos
instrumentos possibilitam a ampliação e a ressignificação da cultura, transformando a natureza e os próprios
homens. (p.52)

Para Vygotsky, os instrumentos (externos e signos) estabelecem a relação de mediação entre os animais e seres
humanos com o mundo, com a natureza e com o psicológico (dos homens), para a realização de determinados
fins. (p.51-52)

“Os animais, apesar de também utilizarem instrumentos, não conseguem significá-los, tampouco podem
prolongar esse uso ao longo do tempo, prendendo-se a uma utilização de caráter mais imediato associada ao
seu respectivo campo visual.” (p.51)

“O pensamento infantil é preponderantemente marcado pela ação da criança e pela exploração dos objetos
concretos que manipula e investiga de maneira singular. Progressivamente ele vai podendo estabelecer
relações de casualidade e expressar-se já com certa intencionalidade.”

“Tanto os chimpanzés como as crianças são capazes de utilizar instrumentos com [...] finalidade mais imediata,
porém os animais não possuem objetivos específicos, não conseguem preservar e transmitir sua função aos
outros membros do grupo como os homens, e suas ações estão estreitamente associadas com as necessidades
biológicas.” (p.52)

“Umas das originalidades de Vygotsky foi investigar o uso dos instrumentos no contexto do trabalho humano e
relacioná-lo com a evolução do pensamento e da linguagem, diferenciando os momentos em que estão mais ou
menos integrados, tanto na filogênese quanto na ontogênese. Sua análise vai ressaltar a contribuição da
atividade simbólica como função organizadora específica que produz novas e fundamentais formas de
comportamento predominantemente humanas.” (p.52)

“[A] fala e a atividade prática apresentam-se inicialmente como linhas independentes de desenvolvimento,
porém convergem, marcando assim o momento de maior importância ao longo do desenvolvimento intelectual
especificamente humano. A fala abre novas e instigantes perspectivas para o estabelecimento de relações com
o meio e para a própria organização do comportamento. A fala acompanha a ação da criança passando,
gradativamente, a propiciar uma ‘função planejadora’”. (p.52)

“[P]ara atingir um objetivo a fala é tão importante quanto a ação. Ao buscar solucionar um problema, a
utilização da fala surge como mediadora para a própria ação. Diferentemente dos animais, a criança é
capaz de utilizar recursos variados e estímulos que não necessariamente estão presentes em seu campo visual
imediato. Outra característica humana específica é a possibilidade de planejar a solução da situação e de
conseguir utilizar os mesmos instrumentos numa situação posterior.” (p.52)

Para Vygotsky, a função planejadora da fala marca uma mudança significativa no desenvolvimento da fala
humana, pois a criança ao antecipar a fala sobre a ação está efetivamente melhor organizando resoluções de
uma determinada situação. (p.53)

“[A] fala egocêntrica deve ser compreendida como um momento de transição entre a fala exterior e a
interior. [Para Vygotsky], a fala comunicativa, que apresenta uma função evidentemente social, é anterior à
aquisição da fala internalizada, que já é capaz de dirigir-se ao próprio sujeito e adquirir uma função
intrapessoal.” (p.53)

“A utilização de instrumentos e a linguagem [na teoria histórico-cultural] são concebidas como mediadores das
relações do sujeito com o meio, possibilitando uma regulação do próprio comportamento, além de auxiliá-lo a
encontrar soluções para a superação de diversos desafios do cotidiano.” (p.53-54)

Tópico 2: a função da mediação simbólica

Vygotsky esquadrinhou as funções mediadoras dos instrumentos e dos signos, especificando as funções dessas
mediações, no uso direcionado do instrumento para o mundo externo, para modificar a natureza, ao passo que
o signo age modificando o sujeito internamente, além de controlar o comportamento. (p. 54)

“Os signos podem ser considerados instrumentos intermediários para auxiliar diferentes problemas
psicológicos relacionados à memória, à comparação entre objetos e situações etc. Nas crianças pequenas eles
são signos externos, concretos, que gradualmente podem ir sendo internalizados. Portanto, os signos aparecem
num primeiro momento como marcas externas e funcionam como um suporte concreto para a ação dos
homens.” (p.54)

“[O] signo como ‘um instrumento psicológico’, que auxilia na evolução das atividades psíquicas; sua
utilização é semelhante ao uso de instrumentos, na medida em que possibilita mudanças e transformações, tais
como a ampliação de diversas capacidades: memorização, atenção etc. Portanto, o signo é um instrumento
psicológico por excelência, podendo auxiliar significativamente o homem nas atividades psíquicas, sendo
capaz de transformar o funcionamento mental.” (p.55)

“Enquanto a utilização de instrumentos serve para transformar a natureza, o uso de signos propicia um
aprimoramento das funções psicológicas superiores.” (p.55)
“Os signos ainda supõem as representações mentais que podem substituir os objetos do mundo real. A função
simbólica é mais complexa e implica uma capacidade de abstração do concreto, possibilitando a representação
de objetos em sua ausência, ou seja, permitindo pensar o objeto enquanto imagem e representação mental.”
(p.55)

“Os signos são intermediadores entre o mundo real e o mundo interno, servem como sinalizadores para o
pensamento. Portanto, atuam como instrumentos da atividade psicológica, orientando e auxiliando o
comportamento humano diante das diversas situações.” (p.55)

“As formas superiores de comportamento diferenciam-se das inferiores pela presença de processos de
mediação entre elas. A mediação já aparece no uso de signos, mas de maneira mais concreta, enquanto nas
funções psicológicas superiores essa mediação já está internalizada.” (p.55)

“[O] uso de signos transforma as operações psicológicas.” (p.55)

“[A] internalização é a possibilidade de reconstruir internamente uma operação externa e implica


transformação.” (p.55)

“Quando uma operação que originalmente representa uma atividade externa passa a ser reconstruída
internamente estamos diante de um processo de internalização. Na perspectiva Vygotskiana os processos
aparecem primeiro no plano interpessoal, no âmbito do social, para depois se transformarem num processo
intrapessoal, interno, intrapsicológico. Portanto, para que os processos de internalização possam ocorrer,
muitas aquisições e mudanças necessitam ser processadas. Somente pela reconstrução da atividade psicológica
que está apoiada na mediação de signos os processos de internalização de formas culturais de comportamento
podem ocorrer." (p.55)

Tópico 3: Articulação entre linguagem e pensamento

Para Vygotsky a emergência do desenvolvimento da linguagem, tem estreita ligação com a evolução do
pensamento, tanto no plano da ontogênese como no da filogênese. (p.56)

A evolução da fala não acontece concomitantemente ao progresso processual do pensamento. (p.57)

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