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4- Desafios futuros do setor farmacêutico e

manutenção da competitividade.
O setor farmoquímico do Brasil é reconhecido como um dos 13 em todo o
mundo que têm uma indústria capaz de fabricar tanto insumos farmacêuticos ativos
(IFAs), quanto medicamentos acabados e de que seu mercado interno figura entre os dez
maiores do mundo. Entretanto o setor farmacêutico brasileiro é cada vez mais
dependente de importações, e apresenta crescente déficit comercial, o sexto maior do
mundo no setor. A produção interna de IFAs é ínfima e decrescente, fazendo com que
90% das necessidades do setor sejam supridas atualmente por importações, segundo
dados da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos
- ABIQUIFI. A crescente dependência destas importações representa um dos maiores
desafios do país e estes só poderão ser enfrentados se empreendedores, governo e
universidades planejarem e executarem um plano de investimentos e modernização do
parwue industrial farmoquímico em uma parceria sólida.

A área farmacêutica obteve um grande avanço industrial com a lei que


“quebrou” as patentes de diversos farmacos e possibilitou a fabricação e
comercialização dos medicamentos genéricos, embora, esta produção ainda deFAs
importados, principalmente da Índia e China. Com a edição da Lei nº 9.787, de 10 de
fevereiro de 1999, que institui e definiu a produção de medicamnetos genéricos,
obteve-se um grande ganho nos gastos das familias brasileiras em relação ao gasto com
a aquisição de medicamentos, já que anteriormente uma grande parte do orçamento
familiar era gasto com este item. Atualmente com o genérico no mercado se tem um
fármaco de qualidade, pois esse também precisa ser analisado pelo Agência Nacional de
Vigilância Sanitária que é vinculada ao ministério da saúde, e com preço acessível.
Outro avanço na indústria farmoquímica foi a Resolução RDC 17/2007, da Anvisa, que
definiu com todos os pré-requisitos necessários para o registro do medicamento similar.

Uma outra questão bastante complexa é a formação acadêmica desse setor, são
restritas, generalistas e não incentivam os futuros profissionais a ingressarem no setor
de pesquisa. Uma formação inovadora, técnica e voltada para a produção e criação de
novos farmacos seria um dos pilares para o desenvolvimento da indústria farmoquímica
brasileira. Atualmente as instituições de ensino superior direcionam seus currículos
para a formação de comerciantes de medicamentos, inibindo as disiciplinas ligadas a
pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. A mudança desse tipo de
formação tem que partir da própria universidade, e de diretrizes dos orgãos ligados a
educação e a cultura, é preciso que se mudem os conceitos, a cadeia farmacêutica é uma
das mais inovadoras, daí a necessidade dos altos investimentos em pesquisa e
desenvolvimento para a busca de novos fármacos. Em contrapartida, o setor
farmacêutico é um dos mais rentáveis, e com isso, um dos mais competitivos.
O Brasil possui uma politica de interesses quando se fala de medicamentos
voltados para a linha que se adequa ao Sistema Único de Saúde (SUS), se o
medicamento não se enquadra nesse sistema, não há interesse do governo. Os
representantes governamentais precisam pensar e inserir politicas voltadas tanto para a
criação e identificação de novos princípios ativos, como para a formulação de novos
medicamentos.

A burocracia e a falta de incentivos a novos projetos têm influência negativa


nesse caminhar. Em outros países o setor farmacêutico proporciona aos profissionais da
área um campo de pesquisa e inovação amplo, incentivando cada vez mais que se
formulem novos fármacos e inclusive empresários que já foram beneficiados com o
sucesso voltam a investir no setor e buscam por novas ideias. O que difere o Brasil dos
demais países é que por aqui não se tem esse leque de inovação inclusive os
profissionais são treinados para diminuir riscos, enquanto que o setor farmacêutico vai à
contra partida. A inovação requer correr riscos e estar em busca de novas descobertas
tanto na formulação dos medicamentos quanto na cura das enfermidades que vão
surgindo.

A competitividade desse setor está em grande parte ligada ao fato de que ciência
e tecnologia tendem a caminhar juntas, a inovação tecnológica tem sido o diferencial e
destaque na competição entre empresas e países, mas não é um processo rápido e sim
complexo, longo e caro.

Referências
NICOLSKY, R. ​Os desafios da indústria farmacêutica naciona. ​Portal Protec​, Rio de
Janeiro, mai, 2014. Disponível em:
http://protec.org.br/noticias/pagina/31124/Os-desafios-da-industria-farmaceutica-nacion
al.

PINTO, A. C.; BARREIRO, E. J. Desafios da indústria farmacêutica brasileira.


Química Nova​, São Paulo, v. 36, n. 10, p. 1557-1560, nov. 2013 . Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/qn/v36n10/12.pdf.
RODRIGUES, P. H. A. A evolução recente da indústria farmacêutica brasileira nos limites da
subordinação econômica. ​Physis​, Rio de JAneiro, v. 28, n. 1, p. 1-22, jan./mar. 2018.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0103-73312018280104 .
VIEIRA, V. M. M.; OHAYON, P. Inovação em fármacos e medicamentos:
estado-da-arte no Brasil e políticas de P&D​. E & G​, v. 6, n. 13, p. 1-23, mai. 2006.
Disponível em: http://periodicos.pucminas.br

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