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VITÓRIA
2009
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VITÓRIA
2009
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Agradecimentos:
Aos meus pais, pela dedicação e amor para me proporcionar uma educação digna,
pela confiança em tudo que realizei e pelo apoio em momentos bons e ruins. Amo
vocês
A minha irmã, Thaís pelo apoio, companhia e pelas ótimas conversas noturnas que
não deixam nossos pais dormirem.
As minhas amigas Amanda e Camila, por todo apoio, incentivo nos momentos
difíceis e momentos de descontração que sempre guardarei em meu coração.
Muito obrigada.
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Victor Hugo.
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RESUMO:
ABSTRACT:
LISTA DE GRAFICOS:
LISTA DE TABELAS:
LISTA DE FIGURAS:
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO:............................................................................................................................................... 11
5. CONCLUSÕES: ......................................................................................................................................... 55
7. ANEXOS: ......................................................................................................................................................... 60
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1. INTRODUÇÃO:
Quando uma operação de fusão ou aquisição é realizada no país, o sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC) entra em foco para analisar possíveis
ineficiências provocadas pela operação.
O caso teve início em 2002 com a aquisição da Garoto pela Nestlé e se desenrolou
até o ano de 2004, quando o órgão antitruste decidiu pelo veto da operação. A
conclusão foi que o negócio levaria a formação de duopólio no mercado de
cobertura de chocolate, dividido entre a Nestlé e a Kraft Foods (proprietária da
Lacta). Além da existência de barreiras à entrada de novos concorrentes, como o
alto investimento em marca, fábricas e num eficiente sistema de distribuição
(BASILE, 2009).
Após sete anos do anúncio da operação, não só a justiça se manifesta sobre o caso,
o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, é favorável a operação. Para o
governador, "O CADE cometeu um grande equívoco em relação à aquisição da
Garoto pela Nestlé. Os números de mercado, que já foram amplamente divulgados,
mostram isso." (Nunes, 2009).
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Paulo Hartung vai além, e critica a postura do órgão referente ao caso: "A gente tem
que ter cuidado para você não ter um órgão de defesa da concorrência no nosso
país com um viés academicista, muito de tese de doutorado e de pós-doutorado e
esquecer da economia real. Fazer projeções mirabolantes que não ocorrem e
impedir que negócios sigam em frente", disse a entrevista realizada em agosto de
2009, na comemoração do aniversário de 80 anos da Chocolates Garoto (Nunes,
2009).
O presidente da Nestlé Brasil, Ivan Zurita, disse que a empresa nem cogita uma
mudança de planos para a operação. Segundo ele, a empresa não possui um “plano
B” caso o processo judicial não seja bem sucedido. O presidente se mostra confiante
diante do caso, dizendo que a Nestlé continuará a investir na Garoto e o mérito do
CADE é de exclusividade da justiça (Nunes, 2009).
De forma a realizar o disposto acima, esta monografia foi divida em quatro seções
além desta introdução.
Além disso, serão abordados alguns aspectos determinantes para a análise de atos
de concentração, como: identificação do mercado relevante para a determinação do
grau de poder de mercado.
2.1. O OLIGOPÓLIO:
O oligopólio é estrutura de mercado com maior recorrência na economia mundial.
Ele, teoricamente se situa entre a concorrência pura e o monopólio puro. “Há com
freqüência um grande número de concorrentes no mercado, mas não tantos a ponto
de considerarmos nula a influência de cada um deles sobre o preço. Essa situação é
conhecida como oligopólio” (VARIAN, 2003).
Para ilustrar este conceito, Pindyck (2005) enfatiza o papel da interação entre as
empresas e de como elas consideram as reações dos concorrentes em relação as
suas decisões estratégicas. Este tipo de interação não existe em cenários de
concorrência pura, onde as ações de alguns agentes não influênciam ações e/ou
estratégias dos outros.
Mário Possas (1985) afirma que a tipologia utilizada para classificar as estruturas de
mercado concebidas pela teoria neoclássica é insuficiente. Em seu trabalho
“Estruturas de Mercado em Oligopólio” um dos critérios usados por ele para a
classificação do oligopólio é o grau de diferenciação do produto produzido. Tal
classificação se divide em:
As barreiras a entrada, por sua vez, entram não mais como um dos
componentes da estrutura do mercado, ou ainda como uma das possíveis
explicações da determinação de preços em oligopólio (na chamada teoria dos
‘preços limites’), mas como síntese da natureza e dos determinantes da
concorrência potencial como a da interna. Coerentemente com o que foi dito
acima, a magnitude das barreiras a entrada é a principal responsável pela
determinação das margens de lucro, como reflexo das condições de
concorrência, ao fixar-lhes um limite superior. (POSSAS, 1985)
Segundo Kupfer (2002), a partir do trabalho pioneiro de Joe S. Bain nas décadas de
1940 e 1950 ganhou corpo nas teorias de Economia Industrial a idéia de que o
principal fator na determinação dos preços e da lucratividade em uma indústria está
relacionado à facilidade ou dificuldade que as empresas estabelecidas encontram
para impedir a entrada de novas empresas, isto é, a existência ou não de barreiras à
entrada na indústria.
CONDIÇÕES BÁSICAS:
Oferta: disponibilidade de insumos, tecnologia, aspectos institucionais, características do
produto.
Demanda: Elasticidade-preço, presença de substitutos, sistema financeiro, distribuição de
renda
ESTRUTURA:
Número de vendedores e compradores, diferenciação de produtos, estruturas de custos,
integração vertical e diversificação.
↓
CONDUTA:
Política de preços, estratégias de produto e vendas, pesquisa e desenvolvimento, investimento
em capacidade produtiva
↓
DESEMPENHO:
Alocação eficiente de recursos, atendimento da demanda dos consumidores, progresso
técnico, contribuição para viabilização do pleno emprego dos recursos, contribuição para uma
distribuição equitativa da renda, grau de restrição monopolística da produção e margens de
lucro.
TABELA 1 - MODELO ESTRUTURA-CONDUTA-DESEMPENHO
lucro serão maiores (desempenho), por que as empresas apresentam elevado grau
de coordenação (conduta). Isto é, a estrutura influencia a conduta e determina o
desempenho.
Bain em seu livro “Barries to New competition” apresenta dois conceitos importantes
para o tema, o significado de “entrada” e “condição de entrada”. O primeiro surge da
combinação de dois eventos: (a) o estabelecimento de uma nova entidade legal na
indústria, e (b) o acréscimo de capacidade produtiva não utilizada anteriormente. Já
o segundo, Bain (1956) define como “o percentual pelo qual as firmas estabelecidas
podem elevar seu preço acima de determinado nível competitivo, sem atrair novos
entrantes”. Ou seja, essa variação determina a dificuldade de entrada de potenciais
entrantes.
E = (Pl – Pc) / Pc
1. Economias de escala
Este tipo de barreira está ligada a duas fontes básicas: economias de escala reais
e pecuniárias. Quando reais, as economias de escala são obtidas através da
redução dos fatores produtivos em detrimento do aumento da produção. Ou seja, se
houver um aumento na produção, a quantidade de insumos empregados aumenta,
mas em menor proporção.
Já as economias de escala pecuniárias têm relação com a diminuição do valor dos
insumos. Geralmente acontecem quando o fornecedor obtém economias de escala
reais.
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Vantagens absolutas de custos ocorrem “quando o custo médio de longo prazo das
empresas entrantes é superior ao das empresas estabelecidas em qualquer nível de
produção de um bem homogêneo” (KUPFER, 2002). Normalmente, ocorrem quando
as empresas estabelecidas têm melhores condições de acesso a fatores de
produção. Todavia, vantagens absolutas de custos são consideradas fontes de
barreiras à entrada pouco relevantes empiricamente.
A Nestlé e a Lacta foram mais citadas na região Sul (47% e 18%, respectivamente).
Já a Garoto teve melhor desempenho nas regiões Norte/Centro-Oeste (35%). Se, de
fato, as mulheres consomem mais chocolate do que os homens, os dados mostram
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Relaciona as marcas preferidas pelos consumidores durante o ano.
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Numa análise mais atual, Michael Porter entende que a concorrência em uma
indústria tem sua origem na estrutura econômica básica e vai muito além de apenas
o comportamento dos atuais concorrentes. Sendo assim, ele desenvolveu um
modelo destinado a analise da competição entre as empresas conhecido como o
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modelo das “Cinco Forças de Porter”. Onde enumera as cinco “forças” competitivas
necessárias para o desenvolvimento de uma estratégia competitiva eficiente.
Acesso aos canais de distribuição. Uma barreira de entrada pode ser criada pela
necessidade da nova entrante de assegurar a distribuição para seu produto.
Considerando que os canais de distribuição já estão sendo atendidos pelas
empresas estabelecidas, a empresa nova precisa persuadir os canais a aceitarem
seu produto por meio de descontos de preço, diferencial no atendimento e coisas
semelhantes, o que reduz os lucros. O Fabricante de um novo produto alimentício,
por exemplo, precisa persuadir o varejista a ceder espaço na bastante disputada
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• Produtos patenteados
• Subsídios governamentais
Com o objetivo de promover o bem estar social, o governo pode fazer restrições
referentes a padrões de poluição do ar e da água e índices de segurança e de
eficiência do produto (Porter, 1986). Determinações de padrões para teste de
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num exercício abusivo de poder de mercado. Ações como esta, são controladas
preventivamente por meio de atos de concentração.
Os atos de concentração são definidos pela lei antitruste brasileira2 como ações que
“(...) visem a qualquer forma de concentração econômica, seja através de fusão ou
incorporação de empresas, constituição de sociedade para exercer o controle de
empresas ou qualquer forma de agrupamento societário, que implique participação
de empresa ou grupo de empresas resultante em vinte por cento de um mercado
relevante, ou em que qualquer dos participantes tenha registrado faturamento bruto
anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de
reais).”
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Definido no inciso 3º do artigo 54 da Lei 8.884/94.
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2.6.2.Poder de mercado
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A Seae e a SDE adotaram como referência a um aumento de preços o referente a de 5%, 10% ou 15% de
aumento, conforme o caso concreto, por um período não inferior a um ano. (BRASIL, 2001).
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Condutas como esta, são favorecidas através de fatores estruturais como: alto grau
de concentração, barreiras a entrada de novos concorrentes e homogeneidade de
produtos.
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Definidas na Resolução nº 20/99 do CADE, que tem o objetivo de instruir o público acerca das
infrações à ordem econômica.
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3. O MERCADO DE CHOCOLATE:
Além disso será feita uma breve descrição das empresas envolvidas no ato de
concentração estudado..
3.1. CONCEITO
De acordo com a resolução nº 12/1979 da Comissão Nacional de Normas e Padrões
(CNNP) para Alimentos, chocolate é o produto preparado com cacau obtido por
processo tecnológico adequado e açúcar, podendo conter outras substâncias
alimentícias aprovadas.
Outras formas de chocolate, como branco, diet, orgânico e colorido, não são
descritos pela legislação, mas fazem parte da gama de produtos das principais
indústrias de chocolates do Brasil.
Conta à lenda que Quetzalcoatl, deus da lua, roubou uma árvore de cacau da terra
dos filhos do sol, para presentear seus amigos, os mortais, com sementes de uma
arvore sagrada. De acordo com a versão mitológica, as sementes de cacau teriam
surgido na região dos astecas e aí frutificado, dando origem à árvore.
Por estar ligada à religiosidade, a árvore foi primeiramente cultivada apenas pelos
sacerdotes, que, com a polpa, produziam uma bebida amarga a ser oferecida em
ocasiões muito especiais. Seu alto valor fez com que os astecas usassem as
sementes, ou favas, como moedas - dez favas valiam um coelho! Além disso, a
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bebida amarga (o açúcar ainda não era conhecido) e com poderes especiais só
poderia ser tomada em taças de ouro puro. (NESTLÉ/BR, 2009).
aproximadamente meio milhão de tabletes por dia. Com o fim da guerra o consumo
do tablete de chocolate se popularizou e, atualmente o chocolate é um dos produtos
alimentícios mais populares do mundo.
Em 1972, o Brasil passou por uma crise no consumo de chocolate. Ao longo dos 226
anos desde a chegada do cacau no país, enquanto a indústria de chocolate evoluiu
e se igualou as indústrias do mercado internacional, o consumo interno não
acompanhou tal evolução. (ABICAB, 2009)
Para que um chocolate tenha este nome em seu rótulo, é necessário seguir a
legislação brasileira, que exige para chocolate líquido, barra e pó, um mínimo de
25% de cacau e para chocolate branco, um mínimo de 20% de manteiga de cacau
(BRASIL, 2005).
aroma. Após este processo, se obtém uma massa de partículas finas chamada de
pasta, massa, ou licor de cacau. (NALON, 2008)
De acordo com Hérme, o chocolate ainda passa por mais três processos antes de
ser lançado como produto final:
Segundo CADE (2004), a Chocolates Garoto S/A é uma empresa brasileira, com
sede em Vila Velha, Estado do Espírito Santo com atuação no setor de
industrialização de alimentos, especificadamente, na fabricação de chocolates e
confeitos.
A Nestlé Brasil LTDA, iniciou sua produção no Brasil no ano de 1921, com a
fabricação do Leite Moça, em Araras – São Paulo. Atualmente, são comercializados
mais de 1000 produtos com o selo da Nestlé no território brasileiro.
Para isso, será explicado o papel do CADE neste sistema assim como a sua
importância no julgamento de atos de concentração.
pode intervir na ordem econômica através da lei, não podendo atender a vontades
de qualquer indivíduo ou do Poder Executivo.
Até o início da década de 90, o sistema econômico brasileiro era marcado por uma
postura fechada com rígidas políticas de controle de preços. Mas, após a abertura
dos mercados, esta posição se tornou inconveniente.
Ele é formado por um conselho composto por um presidente mais seis conselheiros,
cidadãos entre 30 e 65 anos com notável saber jurídico e econômico. Todos são
indicados pelo Presidente da República, sabatinados e aprovados pelo Senado
Federal, para um mandato de dois anos, havendo possibilidade de uma única
recondução por igual período. Além do conselho, o CADE também possui sua
própria procuradoria formada por um procurador chefe nomeado assim como seu
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CADE. Informações a respeito do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Disponível em: <http://www.cade.gov.br>. Acesso em: outubro/2009.
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Pelo Aurélio, jurisdição quer dizer: “Poder atribuído a uma autoridade para fazer cumprir
determinada categoria de leis e punir quem as infrinja em determinada área.”.
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Como o órgão tem suas decisões subordinadas apenas ao poder judiciário, o CADE,
pode atuar livremente (cumprindo as Leis estabelecidas) na defesa da concorrência
no Brasil. Ficando imune a pressões do governo, grupos sociais e corporações.
4.2.1. A OPERAÇÃO
No dia 15 de março de 2002 o Sistema Brasileiro de Defesa da concorrência foi
notificado sobre a aquisição da Chocolates Garoto S/A pela Nestlé Brasil Ltda. A
justificativa apresentada pela Garoto foi à dificuldade em efetuar investimentos para
manter a sua competitividade no mercado, Já a Nestlé descreveu a aquisição como
“uma oportunidade de desenvolvimento de seus negócios, de modo à melhor
atender à demanda por confeitos e chocolates no Brasil”. (CADE, 2004)
De acordo com o relatório feito pela SDE, a Nestlé subscreveu e integralizou ações
emitidas pela Garoto na decorrência do aumento de capital da ultima, seguindo-se
pelo regaste do restante das ações, pela Garoto, das ações em posse de seus
acionistas e diretores. Em decorrência disto a Nestlé passou a possuir a totalidade
do capital social da Garoto.
Com base nos pedidos da CADBURY E LACTA, A SEAE fundamentou seu pedido
cautelar em, basicamente, quatro fatos: a) o grau de concentração preliminarmente
verificado é bastante significativo; b) as importações podem não ser um instrumento
eficaz para inibir o exercício do poder de mercado; c) a marca, em mercados como o
de chocolates, possui importância significativa na escolha final do consumidor,
sendo que a presente operação envolve duas das três principais marcas do mercado
de chocolates e d) a provável demissão de funcionários antes da manifestação final
do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência poderia gerar custos adicionais a
uma possível restrição à operação (SEAE, 2002).
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O acordo foi firmado em 27 de março de 2002, com validade até o julgamento final
deste ato de concentração. O acordo na íntegra pode ser examinado no anexo 1
desta monografia.
No inicio da definição de seu voto, o relator do processo após análise dos pareceres
técnicos da SDE e SEAE, realiza a definição final dos mercados relevantes para
analise dos efeitos concorrenciais da operação. E os mercados são esses: (i) balas
e confeitos sem chocolate, (ii) coberturas de chocolate, (iii) achocolatados e (iv)
chocolates sob todas as formas, excluindo-se chocolates artesanais.
De acordo com relatório produzido pela SEAE, para instalação de uma nova planta
no mercado, foram estimados investimentos na casa dos R$ 50 milhões somados
aos investimentos de 10 a 20% do faturamento líquido em publicidade. Portanto,
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A segunda barreira trata dos segredos industriais das formulas para se obter novos
sabores e outras características dos chocolates da preferência do consumidor. Esta
barreira se apresenta quando um novo produtor lança um produto e tem dificuldade
em ganhar mercado devido à fidelidade do consumidor ao sabor, forma, e forma de
composição dos ingredientes dos produtos das firmas estabelecidas. Esse tipo de
barreira requer investimentos em pesquisas para o desenvolvimento de novos
produtos ou processos, que se revela em custos irrecuperáveis se o produto em
questão fracassar nas vendas.
4.2.6. DECISÃO
De acordo com CADE (2004) não é possível que a operação seja autorizada pelo
CADE, pois fere o inciso 1º do artigo 54 da Lei 8.884/1994. A operação também não
atende ao inciso 2º do mesmo artigo, que autoriza o ato “quando necessários por
motivo preponderantes da economia nacional e do bem comum, e desde que não
impliquem prejuízo ao consumidor ou usuário final”. (Brasil, Lei 8.884/1994)
A solução estrutural não é utilizada no caso Nestlé/ Garoto, pois para que o ato seja
aprovado dessa forma, o mesmo deve cumprir o inciso 1º do art. 54 da Lei
8.884/1994. Portando, a Nestlé é instruída pelo CADE a alienar todos os ativos
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Referente à fusão da Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma.
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referentes a Chocolates Garoto a um terceiro interessado que não possua mais que
20% do mercado relevante e seja capaz de sustentar a marca.
4.2.7. O PÓS-DECISÃO:
Após o encerramento do processo administrativo, as requerentes peticionaram junto
ao CADE, requerimento com o pedido de reconsideração da decisão, que foi negado
no dia 3 de fevereiro de 2005 (CIEE, 2007).
Numa nova tentativa de reverter a decisão, a Nestlé Brasil LTDA, propôs como
alternativa a venda de cerca de 10% do mercado de chocolates e 20% do setor de
coberturas à empresas concorrentes em resposta à uma provável aprovação do ato
de aquisição. No dia 27 de abril de 2005, o pedido foi mais uma vez rejeitado.
5. CONCLUSÕES:
Vimos que através da nova classificação de oligopólio feita por Possas (1986), que
as empresas não competem essencialmente através dos preços. Fatores como a
diferenciação de produtos contribuem para que a competição se concentre nas
despesas com publicidade, comercialização e inovação de produtos, que facilitam a
fidelização e a busca por novos consumidores.
Através dos conceitos de Bain (1956), Kupfer (2002) e Porter (1986), entendemos
que as barreiras à entrada estruturais são de suma importância para a análise dos
atos de concentração horizontais. No caso Nestlé/Garoto, em especial, barreiras
como o acesso aos canais de distribuição e fidelização da marca impedem que
outros concorrentes consigam entrar no mercado de chocolate brasileiro.
Como foi visto no relatório do CADE, a nestlé possui acordos com os principais
distribuidores do país, o que garante que seus produtos estejam em maior
quantidade nas prateleiras dos principais pontos de venda brasileiros. A facilidade
na distribuição acontece pois, além dos acordos com os distribuidores, os produtos
da empresa possuem consumidores fiéis que já possuem a opção de compra
definida no momento da compra do produto. Assim, o medo de possíveis quedas
nas vendas, faz com que os revendedores de chocolate separem uma parcela maior
de espaço nas prateleiras para produtos já consolidados no mercado.
O CADE em sua análise referente a aquisição da Garoto pela Nestlé, constatou que
a operação é prejudicial para o exercício da livre concorrência pois, gera aumento de
poder de mercado para Nestlé, e resulta na formação de barreiras a entrada de
novas empresas no mercado de chocolates.
Após sete anos entre processos administrativo e judicial, fica cada vez mais difícil a
dissolução da aquisição da Garoto. O processo que se encontra atualmente no
Superior Tribunal de Justiça de Brasília, ainda tem possibilidade de recursos no
mesmo tribunal e no Superior Tribunal Federal. Com a possibilidade de tantos
recursos, o processo judicial referente a operação, se arrastará por muitos anos até
uma decisão definitiva.
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6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
______. Juiz aprova compra da Garoto sem condições. Valor Online, São Paulo,
20 Ago. 2009. Disponível em:
<http://www.valoronline.com.br/?online/alimentos/43/5773547/juiz-aprova-compra-
da-garoto-sem-condicoes&scrollX=0&scrollY=0&tamFonte=>. Acesso em: Out. 2009.
<http://www.mj.gov.br/sde/data/Pages/MJ29715BC8ITEMID0F5EF400563947618EA
C3AB808F0E851PTBRIE.htm>. Acesso em: Out 2009.
7. ANEXOS:
Anexo 1:
III) A análise pelo CADE das informações acima referidas, prestadas pelas
Requerentes, bem como de outras que cheguem ao seu conhecimento, poderão
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IV) A revisão do presente Acordo sempre será possível, seja por auto-iniciativa do
CADE, seja no exame de um pedido feito pelas Requerentes, quando se comprovar
que não subsistem os requisitos de fumus bono iuris e periculum in mora que o
motivaram ou quando o periculum in mora em reverso justificar tal revisão.
VI) Enquanto perdurar este Acordo, o plenário do CADE poderá revisar para menos,
em até 50% (cinqüenta por cento), a seu critério e discricionariamente, o valor da
“astreinte” fixada, desde que reconhecidas circunstâncias que justifiquem esta
revisão.