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Resenha bibliografica 2 Estruturas de mercado em oligopétio Possas, Mario Luiz. Estruturas de mercado em oligopalio. Sio Paulo, Hucitec, 1985, 202 p. Mango Boranovsky * Em The years of high theory, Schackle cunhou a expressio “dilema de Marshall” para designar as referencias que aparecem nos Principios & pro blesdtica conciliagio entre concorréncia e rendimentos crescentes de escala. 0" ‘como tal esti ausente nos atuais livrostexto de microcconomia que incorporam a curva de custo médio de Iongo prazo em U proposta por Pigou, € mesmo nos textos mais avangados, que formulam um equili. brio geral nio-competitiva em concorréncia monopolista ou abordam a questio no ambito das empresas piblicas [cf Arrow e Habn (1971, Cap. 6) ¢ Malinvaud (1972, Cap. 9)]. No texto agora publicado, Possas exa- mina as virias conteibuigdes teéricas na ‘rea de microeconomia & luz do “dilema”, interpretando-as como um deslocamento continuo do método & ‘objeto da teoria microecondmica. O wratamento no é cronoldgico, mas ‘im temitico, estando os capitulos dispostos em grau progressive de con- vergéncia para 0 tratamento proposto na segio final pelo autor No primeiro capitulo so comentadas as teorias e modelos que preserva ‘0 “prego” como objeto maior (e freqiuentemente tinico) da microcconomia. ‘A abordagem inicia pela “concorréncia monopolista’, criticacla por sua incapacidade em lograr estabelecer uma regio intermedidria enue a con- correncia perfeita © 0 monopélio omitinde © oligopélio. O tratamento dispensado por Possas discrep do usualmente enconirad Isto porque exclui uma apresentagio grifica detalhada e inclui as criticas feitas por Kaldor, na época, 4 consisténcia interna da teoria (notadamente a hipétese de livre entrada) ¢, posteriormente, por Robinson, apontando (0 seu cariter estatica, Redigide no estilo de um ensaio, 0 livro exige do Ieitor um contato prévio com as teorias comentadas. Qs modelos neoclissicos de oligopélio so considerados aut6nomos face a0 “dilema de Marshall”, além de pouco articulados ao corpo da teoria + Professor do Departamento de Economia dla Universidade Federal Fluminense © Mestrando do Depattnmento de Beonomia da PUG)RY. Fog Plan, Foon. Rio de Jancivo, 510) —=SAT a Aen. 108, neoclissica, Em vista disso, © autor restringe 05 modelos de Cournot, Bertrand, etc, a uma nota de rodapé e a “Teoria dos Jogos" 4 meio arigrafo, Os resultados “racos” dessas formulagbes so considerados cone manilestagio da incapacidade neoclissica de estudar a interdependence entre agentes sem gerar indeterminagdes. problemiticas ao sen areabougo esttico. A seguir, ¢ feita a critica costumeita a0 “modelo de demanda quebsada’ (0 preso no € explicado) ¢ introdurido entusiasticamente © princtpio Alo custo total" Isto ¢ feito como desalio real a ortadoxia, wma’ ver quie questions © postulado da maximizagio de lucras e, conseyiientemente, Gestrona a demanda como elemento explicativo da formagio de prego, A “controvérsia manginalista” que se seguit as pesquisas empiticks gue fundamentam o “principio” é comentada rapidamente, sem Felaciongla dman de 1953 ¢ de Machlup de 1967, cruciais para a ria do positivismo neoclissco sedimentado nos atuaislivtostexto, Como Fecentemente Moss (1984), 0 postulado metodologico neatly. sico de “inrclevdncia das hipéteses” 36 abneve sucesso gracas te modelo de concorréncia monopolista, onde a fitma, e nfo a inthstria, ¢ 0 Toco de analise. Nese sentido, a’ concorténeia monopotista teria. desempenhade ‘mais o papel de estabclecer os fundamentos axiométicos do que de wna ponte entre os modelos de concorréncia perfeita e monopélio, de resto Inexistentes em Marshall na forma como Sto abordados atualmente pelo marginalismo, Posss finatiza esse capttulo diseutinde o modelo de grau de monopélio de Kalecki enquamto ramificagio teérica do “principio do custo toral” Salientese que Kalecki formula seu conceito, bem’ como oo “tisco xescente” discutido por Possas no Capitulo 2, mo contexto da contioversn, tedrica que se seguitt 20 artigo de Sratfa de 1926 por toda a década de 80. A simphificagio “de Possas uinplica dewincular Kalecki do “dilema de Marshall", 20 qual sua teotia microeconémica busca tambem “esponden”™ © modelo kaleckiano (nz formulagio de 1954) ¢ criticado porque a 1 gem bruta de lucro nao reflete apenas o “poder de mercado” das firms Jas também caracteristicas técnicas da indhstria (em expecial as tarde: custos fixosjcustos diretos), senda o “grau de monopolio’ uma variivel, sintese ¢, pottanto, inapropriada como elemento explicative numa teoria e preco. O comentirio inserese no contexto dos autores. que critic © conceito de grau de monopdlio. porque capta elementos ligados nao apenas margem, mas sobretudo i taxa de Iucto, questio que o autor voltaré a comentar adiante, como veremos. © deslocamento do preco para os procedimentos internos das firmas como objeto ce estudo caracteriza as teorias agrupadas no Capitulo 2 sob © titulo “Oligapélio © teoria da firma”. Distintamente da terminologia ‘usual, “teoria da firma’ no expressa modetos referentes a0 comportamento de olerta das firmas (abordados no cxpitulo anterior), mas sim. pretende delimitar um amplo segmento da microeconoinia que’ privilegia «firms enquanto sistema decisorio em lugar da enfase no sistema. aiocative mercedo. © autor identifica a origem dessa abordagem nos textos de 148 Pesq. Plan. Reon. 150) des, 1998 Berle ¢ Means nos anos 30, que enfatizam a separacio entre propriedade ¢ controle nas firmas modernas ¢ deslocam a énfase para 0 problema do ‘crescimento da firma, presente nas varias vertentes geradas a partit dos ‘anos 50, classificadas convencionalmente como "gerenciais” e “comport No primeiro grape, Possas sintetiza as contribuicdes de Baumol, Williamson e Marris, dedicando particular atengio a exe crescimento € 0s aspectos financeiros a ele associados. Cr de “equilibrio estavel” especialmente 0 conccito de reflexo do tratamento insatistatdrio da relacio enue a fi ‘A seguir, 0 autor discute os modelos comport mae 0 mercado, fundamentados na incerteza ¢ complexidade das informagies, concordando com seu ponto de partida mas no com seu método e resultados, dado o elevado grau de Rutonomia que esse ramo tedrico stibui a firma face 10 mercado. Dado o cariter peremprorio das couclusdes, a discussfo € excesivamente répida © saperlical, notamente no que se vefere A concepgao de. "vacionalidade esuingida"’ de Simon. O mesmo’ se aplica 4 apresentagSo.suméria. de Gatbratth, caja weoria das relagdes de poder como substtata das relages dle mercado ecujo desatio 2 "acionaligade estrutual” da rma so sage Fidos ¢ eriticados de pasagern. (© restante do enpitulo discute as ceorias de Penrose © Wood, nto clasificados nos grupos anteriores Ambor to tratados de forma favordvel, seja pein especiticagao dos concsitos inovadores de “firma”, “cua. de Crescimento™ “base tecnolOgicr”-e de uina vito schumpeteriana do. pro Ceo concortencial no cao de Penrose, xia pelo sratamento do amnbivo Financeiro da firma em Wood a partir do principio Kaleckiano do "seo crescente™ Hses autores no esa, entretanto, ellen eral de Poss So procedimento das “weoris da firma” de revolver 0 irealimo da orto- dloxta margiualiva através do “apelo. a0 empiriama” (p. 80), a0 inves de enfrentar diretamente 0 "dilemma de: Marshal Devese ter em mente, entcetamto, que o artigo de Coase (1952), wma das matriees teoricas desea abordagem, tenta solucionar 0 “dilema” 10 estabelecer os limites 2 substituigao da divisdo de trabalho via mercado pela divisio de trabatho dentro da firma e responder a pergunta. bisca por due existem figs? mesmo se aplica a idela Kaleekiana de que a! propriedade de capital estabelece um limite ao cresimento de cade firm das ceorlas gerenciay de cesaimenta, Que estes. prin por ono deer conta lo fendmens do oligo € ums ou quero. que o autor comega a responder no’ Capi 8 Gamo vines, ele mio inclul a5 chamadas “teotias do. pregolimite” de Bain e SylorLabini no su primeiro capitulo. Esta sto abordadasapenai quando ee inicia 0 uatamento das “etrutoras de mercado” no Capitulo 8 tata teoria de forinay de-concorréncia em condigdes de ligopali” (p. 128), Possas chega a esa conclusdo apts apresentar @ modelo de str tursconduta-desempento", isto 6, a concepgao de que 0 descmpenho das Revenha bibtiogrificn 2 no firmas é determinado pela conduta que estas adotaram em fungio da ‘strutura do mercado em que se situam e, particularmente, pelr mensura- so das barreiras & entrada através da margem de Incr. Salienta que tais modelos se aplicam a situagio de equilibrio de longo prazo e que divergénciss entre a margem de luo ¢ # intensidade das barreiras & entrada refletem situagies de desequilibrio, isto & de trans formagio na estrutura. Assim, 0 procesw de transformacio estrattal Bao € explicado por tais modelos, o que os impede de terem um caciter efetivamente dinimico, O ponto fundamental na teoria das barreiray 4 entrada ¢ a formulagio da naturera espefica do oligopilio, que debxa fe ser caracterizado basicamente pelo pequeno mimero cle comcortentes interdependentes entre si. Um dos aspectos essenciais € como interpretat 0 preco nesse contexto, pois, como indicam textos como o de Scierer (1979, pp. 162-1), Testa Saber s¢ 0 mesmo € estabeleciio de modo a impediv a entrada ou é rellexto da incidéncia real de entezda competitiva. Em ouuras palawras, exste banreira porque o preso € “alto” ou 0 preco & alto porque existe barreira? Ao longo de varias passagens do Tivro. (pp. 110, 122, 18) Posas opta pela segunda alterativa, como mosita a passigem dap. 184: "-.. os Dregos e margens de lucio mio sio causa, mas destas barter..." Esta visio € cocrente com sta thiase no fate. det teoria da barreira estabelecer a primazia dos aspectos estrowutais da inde tia sobre as decisoes individuais das fimas e, por outo lado, converge ppara uma teoria da_margem de Iuero como “renda.dilerencial” (1 tn Ricardo: “o prego no € alto porque a margem € alta, mas sim esta é elevada porque 0 prego € alto"), coerente com a recuperacio, promovida por Sieindl, do conceito de margem ¢ produtor marginal nat indstr foniorme Possas ini argumientar no capitulo conclusive, Antes de passar so Capitulo 4, 0 autor apresenta uma til resenha dla literatura sobre aspectos empiricos do. modelo de “eswutura conduta desempenho", destacando a inexisténcia de uma relagio clara entre oligo polizagio € progresso técnico. © capitulo final esti dividido em trés segdes, A primeira delas & ded cada a contribuigle de Steind!, qual seja, soa teoria dla re rmargem de Iucto e inventimento’— através dos conceltos de “"potencal de aeumulagio, “capacidade ociosa planejada” e “custos diferencias”. Possas recupera a perspectiva da anilise steindliana, localizandoa como. ma proposta para solucionar, a nivel da teoria microecondmica, 2 questio Intrinsecamente dinémica colocada pelo “dilema de Marshall". A "solugio”™ implica recuperar a nogio de estrutura ou otganizagio industrial que permeia os textos marshallianos, ao invés de enveredar pela "firma repre -", € assim estabelecer of determinantes fundamentais da estrutura oligopotista A restrigio bisica do autor 4 formulagio steindtiana € 0 watamento incipiemte dispensido 4 firma, que explicaria a crise etonicn que atns 20 oligopélio coneentrado. Asim como em Guimardes (1082), 2 te 70 Peag. Plan. Beon, 15(3) dex. 1985 de Steindl & invocada como matziz de um “corpo tedrica alternativo”. Mas, enquanto em Guimaries as propostas steindlianas ocupam 0 lugar iniermedirio em uma andlise recorrente (firma-indistria-firma) , em Possas constituem © ponto de partida para um modelo ciclico intersctorial, como veremos, Ao propor seu “corpo tedrico alternative”, o autor afasta de imediato ‘a possibilidade de integrar teoricamente as teorias da firma as teorias de estrutura, dada a diversidade de objetos. Sugere em seu lugar un de “concorréncia" que permite apontar os elementos estrucurais (“estn turn de mercado") compostos pela “‘insercio" das firmas na estrutura produtiva e por suas “estratégias de concorréncia” (politicas de expansio) Concorréncia passa a significar um “proceso de defrontacio de varios capitais”, os quais io de propriedade das firmas, cuja ligica de devises 36 € compreensivel em meio zo mercado, Este € caracterizado em fungio do pracesso concorrencial (atributes téenicos, produtives ¢ de formas de competicio), tendo uma estrutura 4 qual ests associado um padrio de Assim, as decisées das firmas sobre lucro e acumulagfo sto interpretadas ¢ situadas no Ambito de “estruturas de mercado”, cada uma das quais caracterizada por mecanismos proprios de compatibilizagdo entre Iucros € investimento e por determinadas fungées de investimento em expansio de capacidade produtiva, Na ditima secio 0 autor propée uma tipologia de cinco estruturas de mercado com dinamicas microeconémicas préprias: oligopslio concentzado, oligopslio diferenciado, oligopilio diferenciade- concentrado, oligopélio competitive € mercados competitivos. As seqdes conclusivas devem ser lidas tendose em mente 0 fato de o live corresponder basicamente ao segundo capitulo de uma tese de douto- rado. Li, ele seguese a uma discussio sobre a demanda efetiva (Capl wecede um modelo de ciclos econémicos (Capitulo 3), Alguns sntais para a plena compreensio de Capitulo 4 do livro culo 1) € tSpicos fundan (conceite de concorréncia, discussio da funcio investimento, distribuigto de rendla) sio apresentados ao longo da tese, e sua auséncia pode difieultar sobrecudo o entendimento da teoria da margem de lucros proposta pelo autor, Assim, nap. 172 ele afirma que a margem tem como “limite superior” as barreiras a entrada e como "limite inferior” as restrigdes Financeiras da firma, Tais restrigbes sto especificas & firma, intraduziveis em termos de estruturas de mercado, ¢ constituem o principal elemento das teorias da firma que 0 autor engloba em seu “corpo tebrico alternativo”. Nesse ponto, a exposi¢io torna-se pouco clara, pois Possas nega tanto a imerpretagio da teoria da barreira como uma teoria de prego, quanto a teoria de Wood, segundo a qual a margem ¢ determinada pelos investi mentos planejados pela firma, A indefinigo ao longo do texto sobre qual seria sua teoria do prego fica clara nas pp. 111 € 112, quando relaciona virios itens capazes de intluenciar a decisio de preco da firma. Essa indeterminagio nao ocorre no Capitulo 3 da tese, onde, apos Revonha bibliogrética 2 a Gistinguir fix-price e flex-price, utiliza © modelo kaleckiano de grau de monopolio para estabelecer 2 distribuigio de renda na economia, funcio iisica de uma teoria do preco ou da margem. Naquele meswno capitulo da tese ele dedur as equacées de investimento, as quais infelizmente sio apenas sugeridas no livro, bem como a equacio de restrigio financeira, para afirmar: “o nivel de vendas e producto programado em fungio da estratégia da expansio da empresa, condicionada pelas caracteristicas da estrutura do mercado, determina, ao mesmo tempo, © investimento necessitio para adequar, a partir do fim do perlodo de investimento subseqiiente, a capacidade produtiva ao cxescimento previsto das vendas para o periodo em que ela deverd estar ativada, ¢ 0 montante de lucros que podera financis-lo no periodo imediato, dadas as condigies de mercado nas quais se prevé que eles venham a ser auleridos ... Na concepeio que apresentei, os Iucros e 0 investimento nio sio variaveis dependentes, mas interdependentes, ambas explicadas pelas condicdes par- ticulares do’ mercado, que gerou um crescimento desejado a um lucro possivel: a restrigio financeira no cumpre aqui outro papel que ndo o de resirigio — vale dizer, eventual e no determinante” [Possas (1983, Cap. ITT, pp. 801.3, grifos do autor) }, A relagio existente entre margem, investimento © bamveivas ficaria mais clara se 0 autor distinguisse, conforme Robinson e Eatwell (1973, Cap. 6 do Livro H) e Cowling (i981), a margem brata ¢ a margem’liquida de lucro, desta excluiindo os custos tixos e indiretos. Dessa forma, enquanto, ‘a margem bruta é determinada pela politica de pregos das firmas através, de uma interpretagio apropriada do grau de monopélio ~ definido em fungi do grau de concentraglo industrial, grau de colusio ¢ clasticidade di demanda, como em Cowling ¢ em Robinson ¢ Eatwell, ou por “latores institucionais”, como em Reynolds (1988) —, a margem liquida depende dos custos dos investimentos em manutencio de barveiras & entrada, Assim, © processo de investimento estaria diretamente ligado a formacio das bar reiras, condigio necessiria para a permanéneia de margens elevadis de lucro ao impedir a entrada, Essa interpretacio € coerente com a exposicdo a respeito da concorénci: {eita por Possas (1983, Cap. IIL, pp. 147-69) , onde é argumentado que 0 ol ‘gopélio significa uma concorréncia mais intenss no porque a mobilidade do capital tenia aumentado, mas sim porque a barreira 4 entrada é uma “ironteita entre mercados" (p. 161) que estimul a concorréncia através do processo de investimento das firmas, uma concepsio que, segundo 0 ‘autor, procura conciliar Steindl e Schumpeter. Esse argumento indica dlaramente a relacio entre investimentos barreiras & entrada ¢, a0 mesmo tempo, elucida a passagem na p. 178 do livro (onde associa a “taxa de Jucro” a cada firma em particular € no ao comportamento do mercaclo, dada a sua dependéncia da relagio capital/produto) , permitindo, ainda, que seja mantido 0 conccito de estrutura de mercado como unidade biisica de andlise capaz de detinir as decisées de quantidade (através de suas poli ticas de investimento) © de prego (através dlo grau de monopélio) das firmas, 188 esq. Plan, Bon. 15(3) dee. 1985 A relagio intima entre modelos fix-price ¢ processos de investimento ficou clara desde a formulacio original de Hicks (1965, Caps. Vil a XI), fem que a expectativa de demanda é crucial para definir, inicialmente, 0 equilibrio de estoques caracteristicos desses mercados e, depois, o fluxo de investimento desejado, Por outro lado, a expectativa de vendas é tam. bém fundamental em sistemas com economias de escala, pois deve haver demanda para 0 produto em expausio, como enfatiza Kaldor (1978) Desse modo, no € um fato surpreendente o “corpo tebrico alternative” de Possas desembocar numa teoria da concorréncia através do investimento, com relagdes ciclicas vipicas de modelos de acelerador, que fornecem a “solugio de equilibrio geral” (macroecondmica) do corpo microecond- mico. A fungio preefpua do livro (Capieulo TI da tese) & produzir a base microecondmica de seu modelo ciclico, no qual as "industrias” sio os setores da economia [cl Possas (1984) |. Uma vez definide 0 objeto eo método da microeconomia, tornase necessirio buscar os elementos que 0 autor considera “complementares” ao seu proprio livro (p. 10): as teorias dos componentes endégenos das estruturas de mercado. Uma das dispo- iveis na praga & a de Neon ¢ Winter (1982), que procura integrar ‘Simon ¢ Schumpeter numa “teoria evolucionista” em que 0 mercado opera selecionando as firmas mais dinimicas. Temse, assim, uma confluéncia doutrindria com a proposta de Possas, pois o retorno a Marshall é comum ‘a ambas, Tal “retorno” significa privilegiar o carécer empirico-testivel das hipéteses, fugindo 20 positivismo neodkissico [cl Moss (1984) }, talvez 0 Gnico caminho disponivel para se construir uma teoria microeco- némica distinta Como afirma o insuspeito Blaug (1980), a teoria da firma em desequi- librio é a alternativa que se coloca ao paradigma neoclassico de maximi- zacio sob certeza. O livro de Possas, congregado a outros textos seus, & uma contribuigio importante nesse sentido. Bibliografia Annow, K. J., € Haun, F. H, General competitive analysis. Sto Francisco, Holden-Day, 1971. Bae, M, The theory of the firm, In: The methodology of economics. Cambridge, Cambridge University Press, 1980. Coase, R. H. The nature of the firm. In: Srictex, G. J, Bouore, K. F., eds. Readings in price theory. Chicago, R. D. Inwin, 1952, [Publicado originalmente em Economica, N. 8 1987] Cowu3se, K, Oligopoly, distribution and the rate of profit, European Economic Review, 15 (2), 1981. Resenha biblografica 2 183, Guimanies, B.A. de oxgen Acumulagio € crescimento da firma — um estudo so industrial. Rio de Janeiro, Zahar, 1982. Hues, J. Capital and growth. New York ¢ Oxford, Oxford University Press, 1965, Kator, N. The irrelevance of equilibrium economics, Collected Econ: ‘omic Essays, 5. New York, Holmes and Meier, 1978. [Publicado origi- nalmente em Economic Journal, 1972.) 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