Você está na página 1de 7

Perícia contábil e o “Abuso do poder econômico”.

Prof. MSc. Wilson Alberto Zappa Hoog1

Resumo
Apresentamos uma breve análise sobre o sentido e importância da ratio legis, a
razão ou espírito da lei, (letra b, do art.4º da Lei 1.521/51), que reprime o abuso do poder
econômico do hipersuficiente em relação ao hipossuficiente, pois a norma jurídica busca
proibir, sob todas as formas, as vantagens profanas e oriundas da premente necessidade,
boa-fé, ou leviandade da parte mais fraca, em uma relação de direto empresarial.
Conjuntamente com as atribuições do CADE - Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, diz a Lei 8.884/94, art 20: “Constituem infração da ordem econômica,
independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por
objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I -
limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre
iniciativa”.

Nesta breve análise, busca-se contribuir com a formação da melhor doutrina, que
admite o direito e a segurança jurídica em sua plenitude social-econômica, a partir do
sentido e alcance do conceito de : abuso do poder econômico.

Palavras-chave:
Abuso do poder econômico, lei antitruste, CADE, princípio da igualdade; perícia
contábil, dulocracia empresarial, princípio da moralidade.
Desenvolvimento:

O poder econômico decorre da concentração do domínio político e econômico de


grandes grupos privados basicamente sob o controle do capital bancário. O poder
econômico resulta, principalmente, das estratégias e condutas usadas pelo capital das
instituições bancárias nas suas associações com o capital industrial ou com o comercial que
formam o grupo econômico, e este poder está concentrado nos grandes grupos privados,
independentemente do domínio do capital bancário, industrial ou comercial. Deve-se
ressaltar que o grupo econômico é definido como o conjunto de empresas que, ainda
quando juridicamente independentes entre si, estão ligadas por relações contratuais ou por
participações de capital, que pertence a empresários ou a sociedades empresárias que
exercem o controle efetivo direto ou indireto. Os analistas ou consultores mais liberais,
tidos como da escola antitruste, argumentam que uma excessiva concentração do poder
econômico gera um sistema produtivo altamente ineficiente que permite aos grandes grupos
apropriem-se de uma parcela expressiva do excedente da riqueza produzida, numa
ambiência altamente profana, por estarem protegidos da concorrência, logo abusam do seu
poder econômico. O equilibro e dinamismo econômico político social dependem
fundamentalmente da distribuição de poder, riqueza e renda, logo, temos uma ruptura com
as elites econômicas. A ratio legis, a razão ou espírito da lei, (letra b, do art.4º da lei
1.521/51), que reprime o abuso do hiperssuficiente em relação ao hipossuficiente 2, busca
proibir, sob todas as formas, as vantagens profanas e oriundas da premente necessidade,
boa-fé, ou leviandade da parte mais fraca, em uma relação de direto empresarial.

Diante desta introdução, tem-se que o abuso do poder econômico é o ato de impor a
vontade de uma pessoa sobre a de outra, tendo por base o exercício abusivo do poder,
desprezando-se a ética empresarial, a livre-iniciativa, a saudável concorrência e as leis
vigentes. O abuso de poder pode se dar em diversos níveis a partir da qual, um político, um
empresário ou uma sociedade empresária tem influência direta ou indireta sobre outros e
caracteriza-se pelo uso ilícito ou doloso deste poder para atingir um fim antieconômico 3. O
epicentro do abuso do poder é a submissão de outrem às diversas formas de servidão,
obtidas por assedio moral, inibição ao exercício da empresa 4, onerosidade excessiva,

2
limitação da oferta de bens, imposição de metas, e a coerção entre outras várias formas de
imposição do coronelismo. A noção do abuso do poder envolve aspectos mais amplos e
complexos do que o mero exercício de uma inibição por uma autoridade. O abuso do poder
pode ser praticado desde as formas mais tênues até as mais explícitas. Logo, caracterizar o
abuso de poder não é uma tarefa de simples identificação da ação do forte, ou seja, do
hiperssuficiente sobre o hipossuficiente, pois o poder, em determinadas circunstâncias,
muda de face e ganha dissimulações que dificultam a identificação do abuso do mesmo.
Razão pela qual somente peritos de alta qualificação e notável capacidade 5 devem ser
convocados para o diagnóstico sobre se existiu ou não, o abuso do poder econômico.
Genericamente temos as seguintes facetas do abuso de poder econômico: 1- Quando o
indivíduo ou coletividade tira vantagem ilícita do capital ou de bens materiais ou imateriais
em detrimento de outrem. 2- ou usa da autoridade legítima ou da influência para sobrepujar
o mais fraco de modo ilegítimo. 3- ou usa de uma informação ou de um conhecimento e os
nega aos demais como forma de monopólio ou de tirar vantagem. 4 - ou quando se utiliza
ilicitamente de uma ideologia ou valor socialmente aceito como forma de tirar vantagens ou
de vencer opositores. 5- ou usa do nepotismo, portanto, de uma notoriedade, conhecimentos
ou autoridade para favorecer outrem de forma ilícita. Poderá constituir abuso do poder
econômico toda forma de injustiça social, como o monopsônio6, o monopólio, truste,
dumping, oligopólio ou qualquer atividade da eliminação da concorrência, do livre
mercado, do domínio dos mercados ou aumento arbitrário dos lucros ou da diminuição da
margem de preço dos concorrentes, ou de revendedores ou representantes. A Carta Magna,
em seu parágrafo 4.º, artigo 173 assevera que "a lei reprimirá o abuso do poder econômico
que vise à dominação do mercado, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário
dos lucros". Existem no Brasil leis como: a de nº 8.884/1994 conhecida como a Lei
Antitruste; a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que define crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo; a Lei 7.492/1986 que define os
crimes contra o sistema financeiro; a Lei 1.521/51 que trata de crimes contra a economia
popular; a Lei 8.078/1990 que dispõe sobre a proteção do consumidor; o Decreto-lei 22.626
de 1933, que em seu art. 4º, torna defesas as usurae usurarum, termo latim, que significa:
juros objeto de novos juros ou a conversão dos juros vencidos em capital, como débito
autônomo. Leis estas têm como finalidade prevenir e reprimir as infrações contra a ordem

3
econômica tomando como ponto de partida os princípios consagrados no artigo 170 da
Constituição Federal, que garantem a livre concorrência, que têm como finalidade a defesa
dos interesses dos consumidores. Estas leis tratam especificamente dos atos de inibição e
concentração (truste e abusos), onde o legislativo se ocupou com o aumento da
produtividade, da função social da propriedade com a melhoria da qualidade dos bens ou
serviços e com o desenvolvimento social econômico protegendo assim um mercado
competitivo para que os preços dos bens e serviços permaneçam no equilíbrio entre a oferta
e a demanda, privilegiando com isso a democracia e o livre mercado.
Os abusos do poder econômico também são caracterizados quando o
hipersuficiente dá ao seu cliente hipossuficiente um tratamento ou política comercial
diverso do que recebe ou pratica junto ao seu fornecedor, logo não age sem isonomia e
eqüidade. Como exemplo, uma indústria ou fábrica do tipo hipersuficiente, logo detentor do
poder econômico, adquire bens de seus fornecedores, segundo as suas necessidades de
produção e paga os bem em média de 30 a 60 dias. Enquanto, para o seu cliente, impõe
quotas de compras, independente de necessidades, e ainda recebe à vista, pois transfere o
financiamento do hipersuficiente para o seu braço econômico, um banco do mesmo grupo
econômico, diminuindo com isto a margem do seu cliente, obtendo um maior lucro com
esta operação, lucro discricionário7, sendo este ganho direcionado ao braço financeiro, às
vezes combinando a prática da usura com a do anatocismo. Esta lesão 8 enorme é vedada,
por ser o truste, ato defeso pela Lei Antitruste 8.884, de 11 de junho de 1994. O truste
representa um acordo ou combinação entre sociedades empresárias que compõem um grupo
econômico, geralmente profano, com o objetivo de restringir a concorrência, criar
dependência ou restrições ao desenvolvimento empresarial, diminuir a margem de lucro das
sociedades empresárias, que operam na fase seguinte, com o comércio varejista ou
diretamente com os consumidores. O truste pode também buscar controlar ou inibir o
saudável lucro, o livre mercado e os preços, via monopólio ou oligopólio, e até a dulocracia
empresarial que é a criação de forte dependência pelo predomínio do elemento escravo nos
negócios jurídicos dos compartilhantes do mercado. Dulocracia é também toda forma de
comportamento aético do hipersuficiente em relação ao hipossuficiente, de um concedente
para com o concessionário, do franqueador para com o franqueado, do representado para o
representante.

4
E por derradeiro o uso do poder econômico, está vinculado a um regime
principiológico contabilístico9, composto por vários preceitos, ande destacamos os
seguintes: princípio da impessoalidade10, princípio da eficiência11, princípio da
moralidade12, princípio da legalidade13, e o princípio da economicidade14.

5
1
Wilson Alberto Zappa Hoog, www.zappahoog.com.br; Bacharel em Ciências Contábeis, Mestre em Direito, Perito
Contador; Auditor, Consultor Empresarial, Palestrante, especialista em Avaliação de Sociedades Empresárias, escritor de
várias obras de contabilidade e direito e pesquisador de matéria contábil, professor-doutrinador de perícia contábil, direito
contábil e de empresas em cursos de pós-graduação de várias instituições de ensino.

2
Hipossuficiente - diz-se de pessoa que é economicamente frágil, ou que não é auto-suficiente. A condição de não capaz,
apto, hábil, não é exclusivamente econômica, financeira ou social; pode ser em decorrência de falta de conhecimentos ou
cultura sobre determinado fato ou direito, logo, pode ser a ausência de desenvolvimentos intelectuais obtidos por instrução.
O hipossuficiente, normalmente é aquela pessoa que tem direito à assistência judiciária gratuita, ou à inversão do ônus da
prova como as hipóteses previstas no Código de Defesa do Consumidor.

3
Antieconômico – no sentido geral indica tudo que é contrário à economia. Pode este vocábulo ser utilizado nos sentidos
de: A) todos os atos e fatos contrários ao sistema econômico, logo, contra a ordem econômica e financeira nacional; como
exemplos: danos emergentes, onerosidade excessiva, dumping, monopólio, atentados contra o consumidor, contra a livre
concorrência ou a pratica de lucros discricionários. B) Contrário à economia no sentido restrito do termo “fins
econômicos”, ou seja: contra o equilíbrio econômico de um negocio jurídico das atividades de fins econômicos como os
objetos sociais das sociedades e dos empresários, logo em termos contemporâneos representa tudo o que é contra a
remuneração do risco, “lucro”, em que incorre o empresário, sócio ou acionista, em conseqüência da utilização das
oportunidades lícitas aproveitadas pelo administrador da célula social. Contudo, a remuneração ou o lucro, fins econômicos,
não dependem unicamente do desempenho da empresa, mas também, do ambiente econômico, social e político onde está
inserida a atividade.

4
Inibições ao exercício da empresas - qualquer ato ou fato que interfere na preservação e manutenção da empresa, logo,
contrário ao axioma da preservação das células sociais. Portanto, é todo tipo de valimento que impede ou dificulta a
preservação da atividade econômica, seja por dano emergente, seja por perdas, por lucros cessantes ou por lucros
discricionários, ou ainda, por modificação artificial das leis de mercado, oferta procura ou alteração de preço. É o
catalisador que vem anulando a ação da função social da propriedade, por ser antieconômico. Na medicina segundo
Roudinesco (ROUDINESCO, Elisabeth e Plon Michel, Dicionário de Psicanálise, Jorge Zahar Editor,Rio de Janeiro,
1998, p 332.), “as inibições são tidas como um distúrbio que remete a um estado mórbido”; aliás, Freud, define como: “uma
limitação normal das funções e sintoma ou sinal de mortificação patológica dessas funções”. A partir dos estudos de Freud,
tem-se que: a inibição ao exercício da empresas assume formas particulares, de acordo com o tipo de dano, e conversão a
perdas com deslocamento para o lucro cessante, podendo ter como causas primárias: o assédio moral, o desequilíbrio
econômico-financeiro, a lesão ao livre mercado e a livre-iniciativa. Esta teoria e estudos de Freud fazem com que se leve em
conta a realidade do dano emergente, ou seja: do trauma para a valorimetria da indenização. Para efeito de exemplo,
podemos citar a disposto no CADE: toda forma de se criar dificuldades ao funcionamento ou ao desenvolvimento da
atividade econômica; onde se encontra presente a inibição ao exercício da empresas. A imposição, (Lei 8.884/94, art. 21: As
seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam
infração da ordem econômica;    XI - impor, no comércio de bens ou serviços, a distribuidores, varejistas e representantes,
preços de revenda, descontos, condições de pagamento, quantidades mínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer
outras condições de comercialização relativos a negócios destes com terceiros;) ainda que indireta de preços de venda,
abaixo do custo de aquisição de bens.
5
PROFISSIONAL CONTÁBIL DE NOTÓRIA CAPACIDADE TECNOLÓGICA E CIENTÍFICA – aquele contador
não mediano, que detém alto grau de conhecimento científico e tecnológico, que cultua a educação continuada; é de
capacidade ilibada, com independência de juízo acadêmica, imparcialidade e domínio absoluto da ciência, emérito
profissional, de capacidade comprovada e confiança do juiz, por ser o seu olho científico-tecnológico, a sua mão longa,
enfim os sentidos tecnológicos do magistrado.
6
MONOPSÔNIO – diz-se da situação de mercado em que existe um só comprador ou consumidor de determinada
mercadoria ou serviço, opõe-se ao monopólio, por ser seu reverso. Na existência do monopsônio, o vendedor de serviços ou
de produtos, fica sujeito às regras do seu cliente, podendo obter a insolvência pela perda do seu único cliente. É uma
situação inusitada, que fere o princípio da livre-iniciativa e concorrência. Fato em que a lei procura proteger, em algumas
situações como o caso do representante comercial onde lhe é assegurada uma indenização equivalente ao prazo pactuado
conforme § 1º, inc. “j”, do art. 27 da Lei 4.886/65. Pois em um cenário econômico extremamente competitivo e globalizado,
deve ser assegurada à ética, os princípios da livre-iniciativa e da livre concorrência, conforme inc. IV do art. 1º e o inc. IV do art.
170 da Constituição Federal, e qualquer restrição ao pleno exercício do direito da atividade econômica para uma dada
pessoa jurídica hipossuficiente economicamente implica dano a sua vida e defesa contra as volatilidades do mercado e sua
prerrogativa de exercer plenamente o seu objeto social.
7
LUCRO DISCRICIONÁRIO – diz-se do rédito positivo de uma atividade econômica que procede à discrição, ou seja,
sem restrições; arbitrário, diz-se arbitrário por ser contra a Lei de economia popular, 1.521/51, art. 4º. É, portanto, um abuso do
poder econômico, ato proibido pela CF, art. 173, § 4º, sendo, portanto, a ganância por um excessivo e sórdido apego ao lucro.

8
A lesão, genericamente é o dano que uma pessoa sofre, no fim de um ato negocial, resultante da desproporção existente
entre as prestações das partes envolvidas no negocio.

9
Regime principiológico contabilístico - representa todo um conjunto de preceitos normativos ou convencionais,
obrigatórios e inalteráveis, que regem, os registros dos fatos e dados das relações patrimoniais, pela contabilidade, enquanto
ciência ou política.
10
Princípio da impessoalidade – é o princípio que prega que o direito não se refere ou não se dirige a uma pessoa em
particular, mas, às pessoas em geral: Independente de qualquer circunstância ou particularidade. Logo, determina condutas
obrigatórias e impede a adoção de comportamentos de favoritismo e serve, para orientar a correta interpretação das normas
positivadas. Logo temos a equanimidade ou disposição de reconhecer o direito de todas as pessoas envolvidos em uma
relação, com imparcialidade. Logo, afastada toda e qualquer influência ou interesse, evitando-se excesso por uma
interpretação extensiva viciada ou polissêmica, para prevalecer a eqüidade. Verte da CF, art. 37.
11
Princípio da eficiência - determina que, quando mero protocolo burocrático for um estorvo à realização da justiça, o
formalismo deve ceder diante da eficiência. Ou seja: é necessário se superar concepções puramente burocráticas de
preciosismo ou de formalismo, priorizando-se todo o exame de legitimidade, da economicidade, da razoabilidade, em
benefício da eficiência. Dita a virtude de se produzir um efeito. Determina que deverá o agente perseguir padrões
consideráveis de excelência para obter um resultado, mediante o menor dispêndio possível de recursos; logo tem-se a
obrigação de se buscar alternativas mais eficientes e menos onerosas, sempre objetivando os melhores resultados. Verte da
CF, art. 37.
12
Princípio da moralidade – verte da Constituição Federal, art. 37; aplicado à iniciativa privada por força dos arts. 5-
XXIII, e 170, inciso III, abrindo o caminho para o combater a vergonhosa impunidade que lastreia os imorais e os amorais.
Determina e privilegia o decorro, a confiança na boa-fé, na honradez e na probidade. Impõe a observância de preceitos
éticos produzidos pelos fatores consuetudinários da sociedade, sendo, portanto, possível zelar pela moralidade, por meio da
correta utilização dos instrumentos de investigação, como a auditoria e a perícia. Este princípio veda condutas inaceitáveis
e transgressoras da ética e bom senso, não permitindo qualquer tipo de condescendência, e impõe a adoção de um r egime
principiológico contabilístico por valorização da ordem econômica, livre-iniciativa e livre concorrência, pautado nos
valores sociais que norteiam a atuação dos administradores das células sociais. Este regime especial fundamenta-se
essencialmente na supremacia do interesse social e na ordem econômica, sobre o interesse particular. Por derradeiro, tem-se
como aspecto relevante, a absoluta vinculação e subordinação dos direitos da propriedade CF art. 5 –XXII ao seu bom uso
social, conforme CF, arts. 5°, inciso XXIII e, 170, inciso III.
13
Princípio da legalidade- O princípio da legalidade determina que todos os atos e fatos se desenvolvem, na forma e nos
limites da lei. Logo é necessária a previsão em norma jurídica como condição de validade de uma atuação, e sempre é
essencial que tenham efetivamente acontecido os atos e fatos sobre os quais a lei vem tratando. Está equivocada a posição
segundo o qual uma norma legal confere e legitima qualquer conduta e impede o exame pelo Poder Judiciário. Pois o
princípio da legalidade não pode ser compreendido como um simples implemento formal das arrumações legais. Por não se
incorporar a uma mera aparência de legalidade, mas, ao contrário, requer uma atenção especial para com a ratio legis e para
com as circunstâncias de um caso real. Verte da CF, arts. 5 – II e 37.
14
Economicidade – refere-se à capacidade ou à atividade produtiva e de geração de lucros. Pela visão de Lopes de Sá,
“função de vitalidade patrimonial. Capacidade de circular valores patrimoniais e de sobreviver”. Economicidade é também
um dos princípios do fordismo, teoria Ford de administração, que tem como fundamento: reduzir ao mínimo o estoque de
matéria-prima, aumentando a velocidade de produção e venda. Na teoria da Ford, a economicidade tem como
características: padronização de mão-de-obra, material e desenho, produção em série, minimização de custos, revolução na
estratégia comercial, produção em massa, com ênfase na real ou potencial capacidade de consumo em massa, produção de
carros a preços populares (pioneiro em 1903), estabelecimento de salário mínimo e jornada diária de oito horas de trabalho.

Você também pode gostar