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Portugal tem, desde os anos 80, uma experiência rica e diversificada na realização de projetos na
área das Tecnologias Digitais nas Escolas, alguns deles pioneiros na sua visão e ambição, mas cujos
objetivos se encontram ainda por cumprir.
Num momento em que um novo Plano de Transformação Digital das Escolas está em curso, é
essencial uma reflexão sobre essas experiências, os resultados conseguidos e as estratégias e
processos seguidos na sua implementação.
Só essa reflexão, associada à análise do novo contexto em que vivemos - totalmente impensável há
um ano atrás –, conduzirá a um novo processo que, embora não isento de riscos, possa evitar a
repetição de algumas práticas ineficazes do passado, criando, ao mesmo tempo, novos caminhos e
novas abordagens para o sucesso deste Projeto.
As Escolas, enquanto organizações, não são uma exceção a este conjunto de benefícios, e podemos
ver, aliás, algumas destas áreas refletidas nos objetivos do Programa de Digitalização das Escolas1.
Mas é, sobretudo, no impacto ao nível das práticas de ensino e aprendizagem que habitualmente
se concentram todos os esforços na implementação e na utilização das tecnologias digitais na
Educação.
Esta abordagem tem levado a uma conceção restrita sobre a atividade da Escola, concentrando-a,
exclusivamente, na dimensão do ensino e aprendizagem, secundarizando as restantes práticas
organizacionais, 2 e esquecendo a sua interdependência e contributos para os resultados.
1
PDE _Programa Digitalização das Escolas
2
- Conclusão da European Commission’s Opening up Education Initiative, sobre a necessidade de revisão das
estratégias das Escolas na utilização das tecnologias (in DigComOrg).
São vários os modelos que reforçam esta conceção holística do impacto da tecnologia na vida da
Escola e que propõem uma abordagem integrada em todas as suas dimensões.
DigCompOrg 3
A necessidade de transformação digital dos sistemas de Educação e Formação, como fatores para o
desenvolvimento da Europa, tem sido uma mensagem-chave da Comissão Europeia e está na base de
várias iniciativas lançadas nos últimos anos.
Estudos realizados sobre esta temática revelaram uma multiplicidade de experiências sobre a
utilização das tecnologias nas Escolas, sem que tenha sido possível uma aprendizagem e uma
partilha, devido aos diferentes objetivos, áreas de atuação e destinatários adotados.
Apesar disso foi possível chegar a uma importante conclusão, a partir da análise dessas experiências.
O referencial identifica 7 dimensões de análise sobre as Competências Digitais das Escolas, sendo
possível adicionar outras dimensões em função de contextos específicos.
3
Referencial Europeu para as Competências Digitais das Organizações Educativas
Competências Digitais da Organização 4
Sublinha-se também a importância das competências digitais dos alunos e funcionários, para o
sucesso da organização, procurando as melhores formas para o encorajamento e apoio do
desenvolvimento individual.
o Conteúdos e Informação
o Investigação e Inovação
o Ensino, Aprendizagem e Avaliação
o Comunicação
o Tecnologias e Infraestrutura
Este tipo de abordagem blended, e como vimos nos diferentes modelos, pode permitir o
desenvolvimento de situações de aprendizagem flexíveis e personalizadas, adequadas aos
regimes de ensino aplicados em função da realidade atual que vivemos de eventual e repentina
suspensão das atividades letivas presenciais e frequência das instalações escolares de todos os
alunos ao mesmo tempo, desenvolver situações de aprendizagem flexíveis e personalizadas.
4
Referencial desenvolvido por JISC- Digital Capability Initiave, apresenta também um referencial para os Indíviduos
Modelo de Transformação da Educação 5
Esta proposta endereça algumas dimensões muito específicas à realidade escolar – Inclusão e
Acessibilidade –, reforçando o papel que as tecnologias podem desempenhar na concretização das
medidas de política educativa em curso em Portugal.
Para além disso, destaca a importância da reflexão sobre os ambientes de aprendizagem – físicos e
virtuais –, numa aposta de valorização dos espaços exteriores e apresentando soluções para a sua
gestão com o apoio da tecnologia.
5
Modelo desenvolvido pela área da Educação da Microsoft, apresentado no Workshop “Education Transformation
Framework”, em colaboração com a DGE, por ocasião do evento “Build Bright Future – Ativar Portugal”, em Janeiro
de 2020.
3. A especificidade da mudança nas Organizações Educativas
No debate sobre a importância da adoção de novos modelos de Gestão nas Escolas e do contributo
das tecnologias para a sua modernização, a especificidade da realidade escolar é o argumento
recorrente para a não utilização de muitas das ferramentas de gestão, que a tecnologia hoje
disponibiliza às organizações (por exemplo, o designado “BI – Business Inteligence”).
Se é certo que as Escolas já utilizam algumas soluções para agilizar e modernizar a sua gestão escolar
(por exemplo, para a gestão de sumários, contatos com os pais, etc.), muitas outras áreas existem
ainda por desbravar para o investimento das tecnologias.
Em que medida os desafios das organizações educativas são diferentes dos enfrentados noutros tipo
de organizações?
o A COMPLEXIDADE das
mudanças que pretende
implementar
o As características da
sua ORGANIZAÇÂO
A dimensão da organização
O Plano de Capacitação Digital destina-se a 100,000 Professores, distribuídos por cerca de 800
Agrupamentos de escolas em todo o País.
Assegurar um bom ritmo e velocidade na sua implementação, garantindo consistência na sua
execução, é um desafio atendendo à dimensão dos intervenientes.
A complexidade da Mudança
A mudança associada ao Plano de Transformação Digital das Escolas exige alterações nas
abordagens de trabalho dos professores, mas também ruturas conceptuais, nas quais as
tecnologias digitais podem desempenhar um importante papel, em todo o processo de ensino e
aprendizagem.
.
Num inquérito recente aplicado a cerca de 2.000 Professores de vários concelhos da Região de
Lisboa e Vale do Tejo, foi pedido para identificarem as maiores dificuldades sentidas durante a
implementação do Ensino a Distância, durante o estado de emergência.
• A dificuldade número 1, escolhida por 34% dos professores, foi “o acesso dos alunos à
tecnologia” (espera-se que este obstáculo seja superado no curto prazo através do Programa
de Digitalização das Escolas)
• Em 2.º lugar, foi apontado o desafio da “construção de práticas pedagógicas para o E@D”,
por cerca de 23% dos professores
• Em 3.º lugar, surgiu “o envolvimento e motivação dos alunos“ com 17%
• A dificuldade relacionada com as “competências tecnológicas dos Professores” foi
identificada por apenas 13% dos professores
• E, finalmente, o “envolvimento dos Encarregados de Educação” foi apontado por 11% dos
professores
No âmbito mais vasto do Programa de Digitalização das Escolas e do Plano de Capacitação Digital
dos Professores, as transformações esperadas exercem impacto em diferentes domínios de
atividade das Escolas, múltiplos intervenientes e áreas de mudança, numa matriz de grande
complexidade.
A Organização Escolar
Por outro lado, a estrutura hierárquica das Escolas e as suas dinâmicas de liderança tornam também
mais desafiantes a construção de estratégias para a mobilização e a adoção das mudanças desejadas.
O modelo hierárquico, caraterizado pela grande autonomia dos professores no exercício das suas
funções, exige modelos de mobilização para a mudança assentes na responsabilidade e adesão
individuais, em vez de modelos de decisão prescritivos da organização.
Refletir e Aprender
Refletir sobre a história da “Educação Digital”6 em Portugal, numa análise objetiva e sem preconceitos,
é essencial para a construção do caminho do sucesso do Programa Digitalização das Escolas.
No que ao Plano de Capacitação Digital de Professores diz respeito, o desafio maior é o de tornar as atuais
propostas de formação verdadeiramente diferenciadoras das milhares de horas de formação em
tecnologias realizadas pelos professores nos últimos anos.
Essa diferenciação deve ser assente em múltiplos fatores e não apenas nos relacionados com os
conteúdos abordados e as estratégias formativas.
O foco nos resultados efetivos que a formação deve produzir ao nível das práticas dos professores,
traduzidos pelas evidências da criação de ambientes de aprendizagem mais estimulantes para os
seus alunos e com a utilização das tecnologias é um objetivo a perseguir.
Articular e Integrar
É dessa articulação que se poderão encontrar propostas de trabalho reais para os Professores no
contexto formativo. Por exemplo:
Os resultados a obter com o PDE e o Plano de Capacitação Digital dos Professores só terão o
sucesso se resultar do esforço conjugado dos vários grupos de pessoas envolvidas nos Projetos.
6
Conforme Sinopse Módulo 1 . JCF