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MÉTODOS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO EM SALA

DE AULA

Geralmente os sintomas e consequências de condições como o PHDA não são


facilmente reconhecidas pelos professores ou outros profissionais que trabalhem com crianças
na área da educação, alem disso a literatura existente aponta para uma falta de conhecimento
geral no ramo da educação em relação as melhores formas de como lidar com a perturbação
(A. Gameiro. 2012) Esta falta de conhecimento acerca do PHDA pode muitas vezes contribuir
para que o problema com o aluno persista ou mesmo que se agrave, visto que as medidas
tomadas pelos professores sem um conhecimento apropriado da perturbação podem não ser
as mais corretas, muitas vezes assentando num modelo mais tradicional de castigo ou reforço
sobre o aluno. (Barkley. 2002)

É muito importante que, professores e responsáveis educacionais estejam cada vez


mais preparados para reconhecer e lidar com condições como o PHDA, para que assim, não se
venham a perder alunos com boas capacidades, mas que apenas precisam de uma forma de
lidar diferente e mais adequada.

Está constatado que as crianças que sofrem de PHDA podem beneficiar


substancialmente de programas de modificação comportamental. Estes programas muitas
vezes ajudam a aumentar o rendimento escolar pois focam se em âmbitos que ajudaram a
melhorar o comportamento das mesmas quando lidam com tarefas, capacidades de
organização, controlo na sala de aula e outros aspetos. (Parker, 2003).

Programas de Modificação comportamental

Existem alguns programas mais comuns de modificação comportamental para aplicar a


alunos que sofram de PHDA, estes programas, no entanto, devem sempre assentar numa base
de cooperação entre pais professores e aluno. Alguns destes programas mais gerais são por
exemplo o dos “Token”. Neste sistema o aluno é recompensado com uma espécie de ficha
sempre que conclua uma tarefa ou demonstre o comportamento ajustado á sala de aula.
Quando o aluno atinge um número de fichas ou Tokens pode então trocar as mesmas por uma
recompensa previamente estipulada por pais aluno e professor. Outros sistemas assentam
mais na punição ou reprimenda de comportamentos negativos, embora devam ser usados com
atenção e apenas em último caso, estes sistemas assentam em princípios de consequências
negativas visando diminuir comportamentos indesejados. Estas podem se fazer por meio de
reprimenda, perda de privilégios ou avisos para os pais. Outros programas de modificação
comportamental optam em certos casos por ignorar comportamentos indesejados de uma
forma oportuna e pertinente visando diminuir tais comportamentos. (Lopes. D.2016), (Rebelo.
1997).

Existem também de sistemas mais completos como o (Check in, Check out) em que o
aluno se apresenta diariamente, seja com um professor seja com um responsável educacional
competente, todos os dias de escola pela manha e onde as metas para o dia são traçadas. O
aluno deve ter estes encontros com dito adulto competente e fazendo sempre uma análise do
que esta a ser positivo ou menos positivos e se o aluno possui todos os elementos que o
permitam efetuar as tarefas e atingir as metas para os objetivos diários. No fim do dia em
conjunto com o aluno é feito uma pequena lista com as metas alcançadas ou que ficaram por
alcançar assim como as observações pertinentes. Esta informação poderá ser então depois
analisada ao fim de cada semana para ajudar a determinar que plano de ação a adotar para
cada aluno com PHDA. (Livro inserir)

Uma grande percentagem de alunos com PHDA também podem padecer de (TEA)
transtornos do espectro autista embora muitas vezes não seja diagnosticado, resultando que
os alunos careçam de maiores necessidades emocionais e sensoriais.

Abordagens de ensino para alunos com PHDA

Há várias abordagens de ensino comprovadas e respetivamente documentadas que


têm sempre um impacto positivo no aprendizado.

A evidência literária diz que todos os alunos precisam de professores que:

 Criem ambientes de aprendizagem encorajadores

 Incentivem o pensamento e a ação reflexivos.


 Destaquem a relevância de novas matérias.

 Facilitem o ensino conjunto.

 Façam conexões com as matérias e as experiências anteriores.

 Proporcionem oportunidades suficientes para aprender.

 Investiguem sobre a relação ensinar/aprender.

Para este trabalho procuramos focar em 3 aspetos importantes para técnicas a usar
em sala de aula. São estes aspetos os da Concentração e calma na sala de aula; Retenção e
compreensão de informação relevante; Regulação de emoções e socialização através de
identidade positiva. Estas estratégias foram adquiridas e acumuladas através de literatura já
existente na matéria.

Estratégias de sala de aula para alunos com PHDA

As estratégias a seguir são mais eficazes quando usadas no contexto de um bom


planeamento, conhecendo seus alunos e o que torna cada um deles único, estabelecendo
metas e investigações regulares sobre o que funciona e o que não funciona. Também
importante é o planeamento e cooperação entre pais e encarregados de educação, de modo
as manter praticas semelhantes tanto em casa como na escola visando manter um modificador
comportamental coerente. (Filipe. D. 2011)

Objetivo:

Estar calmo na aula e permanecer focado. Sentir-se calmo, organizado e pronto para
se concentrar é uma parte essencial da aprendizagem. Os alunos com PHDA podem achar um
desafio encarar o trabalho escolar, ficar alerta e terminar o que começaram para tal existem
algumas estratégias que os professores podem utilizar de modo a lidar com este problema.
ESTRATÉGIAS

Adaptações na sala de aula.

As seguintes mudanças na sala de aula darão aos alunos o apoio necessário para
manter o foco, o esforço e a persistência:

 Usar ferramentas visuais que identifiquem o que está acontecendo, quando e o que
será alcançado ao longo do dia ou da aula, por exemplo, um organizador ou
planeador diário no quadro.

 Tornar a turma estimulante, mas não muito perturbadora, por exemplo, colocando os
alunos com PHDA longe de áreas de com maior movimento e distração.

 Fornecer aos alunos uma estrutura clara para cada dia assim como as respetivas lições
e tarefas.

 Reduzir o barulho e distração da sala de aula no inico da lição. Uma sala de aula
silenciosa é um ambiente menos perturbador.

 Pedir aos alunos que desenvolvam a lista de verificação "coisas a fazer" todos os dias.

 Manter as instruções verbais simples e claras - controlar a velocidade do discurso.

 Dar atenção extra aos alunos com PHDA no início da aula para interessá-los e motivá-
los (alguns gostam do reconhecimento público, outros podem preferir um gesto co
como uma “palmadinha” silenciosa nas costas ou um gesto que não chame a atenção
ou os envergonhe).

 Pedir aos alunos verbalmente para se irem acomodando – começar 10 minutos antes
da aula e repita sua mensagem a cada poucos minutos como lembrete.

 Se um aluno não iniciou uma tarefa ou apresenta um comportamento menos focado


deve ser chamado à atenção recorrendo por exemplo a gestos visuais tais como:
apontar para onde ou como ele deveria estar. Deve-se também usar o contato visual
e descer ao nível do aluno para se envolver mais com ele. Dizer ao aluno
simplesmente o que é necessário e se for preciso, remodelar ligeiramente a tarefa
que é esperada de modo a que ele a consiga completar.

 Estabelecer metas alcançáveis. Definir um pequeno número de exemplos a serem


concluídos inicialmente e depois ir aumentado o número de atividades gradualmente
para assim aumentar a motivação para a aprendizagem e não deixar o aluno com
sentimentos de incapacidade.

 Chamar a atenção para datas e prazos assim como as expectativas para cada tarefa.
Escrever ou colocar em um local onde possam ser vistos com facilidade.

 Atribuir menos tarefas escritas e mais oportunidade de apresentar ideias visualmente


ou oralmente.

 Melhorar a perceção dos alunos em relação ao tempo utilizando um relógio na sala de


aula, verbalizando a passagem do tempo (por exemplo,” já passaram 10 minutos
desde que começaram, vocês têm cinco minutos para terminar”).

 Destacar os principais momentos para manter a atenção, por exemplo, cerca de um


quarto a caminho de completar uma tarefa pode ser um bom momento para verificar
o entendimento e fornecer orientação.

 Desenvolver alguns sinais particulares com os alunos que sinalizarão coisas como
quando precisam de se reorientar ou tirar um tempo da tarefa ou situação.

 Reiterar as instruções ou conteúdos fundamentais da aula com uma verificação de


entendimento ou instruções individuais.

 Evitar dar trabalhos de casa no final do dia escolar, quando os alunos estiverem
cansados e prontos para ir para casa. Isto pode fazer com que não entendam a
completamente a tarefa e que lidem com a mesma com maior ansiedade ou
descontentamento.

 Elogiar os alunos que permanecem calmos na sala de aula e que mantêm o foco. Os
elogios ajudarão a permanecer na tarefa e perseverar o comportamento.

Objetivo:

Entendimento e retenção de informação importante. Alunos com PHDA podem ter


dificuldade com memória funcional (retenção breve de factos na mente, fazendo manipulação,
sequenciamento e organização, anotando informação factual), resolução complexa de
problemas e desconstrução de um conceito através de uma análise, podem apresentar
dificuldades também.
Adaptar o programa da aula usando as estratégias que são apresentadas poderá dar
aos alunos o suporte necessário para captar e reter informações mais efetivamente.

 Ajudar a consolidar a matéria através da repetição e vinculação à experiência de vida.


Verificar a compreensão da matéria através de discussões gerais com os alunos no
decorrer de uma tarefa.

 Usar trabalhos de grupo e ensino de cooperação para reforçar e melhor compreender


informações, resolução de problemas e colaboração no momento de apresentar as
informações.

 Definir prioridades de ação, fornecendo uma sequência de ações ou etapas para


ajudar no envolvimento da tarefa e conclusão. Monitorar e fornecer feedback ao longo
da tarefa.

 Dar tempo extra aos alunos para processar a informação. Verificar se houve
entendimento perguntando ao aluno: "O que precisas de fazer agora?" (Em vez de:
“entendeste”?)

 Dividir as tarefas maiores ou mais longas em pequenos bocados mais gerenciáveis.

 Incentivar um aluno a falar sobre uma tarefa para ajudá-los a entender o que é
necessário fazer assim como a sequência de ações que eles precisam de executar.

 Fornecer auxiliares visuais das principais ideias de uma aula (fluxogramas, diagramas
ou um mapa de conceitos) para orientar e reforçar ideias.

Objetivo:
Regular emoções, fazer amigos e socializar. Os alunos com PHDA podem achar difícil
de regular e controlar as suas emoções, parar e pensar antes de agir ou falar. Às vezes, eles
podem falar excessivamente e impulsivamente nas aulas, responder a um professor e
apresentar comportamentos agressivos na escola.

Uma das estratégias de intervenção comportamental mais importante é o uso de


reforços, podendo ser de ordem material, social ou afetiva. No que se refere aos reforços
sociais, é basicamente considerar afetivamente e socialmente a criança, através de um sorriso,
de um sinal de aprovação, de um afeto (Parker, 2003).

ESTRATÉGIAS

Identidade positiva- Reforços Positivos

Estas estratégias darão aos alunos a oportunidade de desenvolver um senso próprio


mais positivo e ajudar a regular as suas emoções de forma mais eficaz.

 Incentivar os alunos com PHDA a sentirem-se mais positivos e menos stressados em


situações sociais usando comportamentos afáveis, paciência e bom humor (em
conjunto e com consistência) quando se fala e se comunica com eles.

 Cumprimentar cada aluno pelo nome todos os dias como uma maneira de construir
um relacionamento.

 Dar a alguns alunos atenção extra cada dia. Alguns alunos gostam de elogios públicos,
enquanto outros ficam envergonhados e preferem um gesto de reconhecimento
discreto.

 Reformular os rótulos criados devido ao PHDA, por exemplo, alguém “mandão” como
alguém com potencial de liderança, alguém que é hiperativo como energéticos.
 Identificar pontos fortes do aluno, como por exemplo, a criatividade, e usar esse
mesmo ponto forte como base de uma atividade de grupo em que o aluno pode
liderar ou contribuir.

 Responder e comunicar positivamente dando as instruções e comentários de uma


forma positiva, por exemplo, " Estas a trabalhar bastante bem”, “Sei que consegues
fazer isto sem problema” ou “Lê isto para mim. Parece-te certo?”.

 Elogiar os alunos por atingirem as metas estabelecidas a nível do comportamento -


apontando o que foi feito corretamente ajuda a melhorar o comportamento.

Outros desafios:

Pausas, exercício físico e movimento. Alguns alunos com PHDA podem parecer
inquietos e assim movimentarem-se muito. Isso pode dificultar uma postura calma e logo a
aprendizagem. Pausas regulares podem ter um efeito positivo. Outras estratégias incluem:

 Mudar o ritmo das aulas, usar atividades físicas e oportunidades para se


movimentarem, por exemplo, permitir intervalos curtos regulares durante a aula,
como encher garrafas de água ou mover mesas.

 Permitir acesso a algo tátil para mexer com foco e concentração, por exemplo, bolas
anti-stress.

 Adaptar cadeiras para o movimento sentado, por exemplo, colocar um elástico nas
patas da frente da cadeira para que os alunos movimentem as pernas sem se
movimentar do seu sítio.

Bibliografia
Arruda, M. (2006). Levados da breca: um guia sobre crianças e adolescentes com transtorno do défice de
atenção e hiperatividade. Sebo Poesia. São Paulo

Barkley, R. (2002). Internacional consensus statement on ADHA, Clinical and Family Psychology Review,
nº 5.

Fernandes, E. (2007). Perturbação de défice de atenção e hiperactividade no âmbito escolar.


Universidade de Aveiro. Aveiro,

Filipe, D. (2011). Práticas/estratégias educativas na perturbação de hiperatividade e défice de atenção.


Educação Especial. Lisboa: Escola Superior de Educação Almeida Garrett.

Filipe, M; Mónico, L; Castro, P (2015) Estratégias de intervenção em contexto escolar na perturbação de


hiperatividade com défice de atenção. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - versão.11,
n.20; p.436. Goiânia.

Gameiro, A. (2012). O papel do professor, na aprendizagem de crianças com perturbação de


hiperatividade e défice de atenção. Escola Superior de Educação de Coimbra. Coimbra

Lopes, D. (2016). Importância, os conhecimentos e as estratégias dos docentes do 1º e 2º ciclos do


ensino básico face à PHDA. Instituto Superior de Educação e Ciências. Lisboa

Lourenço, A. (2009), Hiperatividade e défice de atenção em contexto escolar: estudo comparativo das
perceções e atitudes dos professores do 1º, 2º e 3º Ciclo. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa

Parker, H. (2003). Desordem por Défice de Atenção e Hiperatividade-Um guia para pais, educadores e
professores. Porto Editora. Porto

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