Você está na página 1de 10

Rito doméstico para a lua negra (*lītus trebākos dubu-ēskyōi)

Materiais

 Altar doméstico e o recipiente para o *trebā-aydu (com os devidos


materiais inflamáveis, pode ser uma vela cortada em três pedaços
iguais)
 Recipiente para oferendas (*lestro-; para vasilhames de madeira o nome
é *druχto-)
 Pátera ou chifre-de-beber (*φatnā; um chifre-de-beber valioso e distinto
para uso ritual – como insígnia – é chamado em IrA 'fethal' > *wet-alo-
etimologicamente ligado ao verbo *wet-o-  “estar familiarizado,
conhecer, perceber” que sugere que o termo tenha um significado mais
geral de “coisa distinta, facilmente percebida, insígnia”, na Irlanda, ao
menos, era comum dar nome aos chifres-de-beber pessoais de sujeitos
distintos)
 Oferendas (*ad-bertās) para a ocasião (1. azeite/perfume, 2.
farinha/tabaco/mel/objetos prateados/cerveja e 3. bolos/papas/o que
será jantado e bebido)
 Instrumento (*korno- corneta ou *klokko- sino)
 Opcionais: manto (*bratto- ou *brattino-, ou ainda
“capa” *tīg-  ou *sago-; o oficiante pode por uma túnica *ruk- própria,
caso deseje) para o oficiante (os demais adultos, caso desejem, podem
cobrir a cabeça com toucas, véus ou xales *linnās), lira ou instrumento
musical para acompanhamento, etc.

Pressupostos

 Uma pessoa deve assumir a liderança do rito, tradicionalmente o “chefe”


da casa – o pai de família (*φatīr wenyās → *wenyātīr ou *wiros
tegesos, IrA: fir tige ou *trebā(ta)kos IrA: treb(th)ach), ou na ausência
deste da mãe (*matīr wenyās → *wenyāmatīr), esta deve (considerando
que seja quem cozinha e lida como fogo doméstico mais
frequentemente) realizar as invocações, acender e ofertar no
(re-)acendimento da chama sagrada.
 É de se esperar que os filhos e demais moradores da casa participem do
rito
 O ideal é que toda as atividades das pessoas da casa (assistir TV,
trabalhos, etc.) sejam paradas para o rito
 As frases litúrgicas estão em Proto-Céltico, recomendo que se use as
versões em celtibérico ou galaico (no final há as versões)
 Ao final de cada oração pode-se dizer (eu e meu grupo mesmo sempre
utilizamos) *sua biyetod

Preparações

 Um dia de finalizações, faxinas e limpezas em geral


 Uma noite propícia para finalizações, enfraquecimentos, destruição e
términos em geral
 Organizar o local do rito, chama e oferendas
1. Ablução

O oficiante canta sobre a água pura:


*katos ud-es-kyos ando-φenās φolya kartā-ye

Asperge água sobre si (pode ser em três pontos formando um trisquele: testa,
mão direita e esquerda) enquanto diz:
*katos noybōi mī buyū

Asperge os demais participantes (em ordem de idade, do mais velho ao mais


novo) dizendo:
*katos noybōi tū buesi

E sobre a área do altar doméstico


*noybos nemetos-kwe esti

2. Início: (re-)acendimento do *trebā-aydu

Toca-se o sinal do início (3x)

Em posição de oração, em direção ao nascente, o responsável pelo


acendimento do *trebā-aydu diz:
*Wāri-deywa, φlenstus trebā-aydows, kom-ansed esi

Acende-se o fogo (caso este não permaneça constantemente aceso, se for o


caso de permanecer não é necessário esta parte pois) e se continua

*gwed-y-a-s-om-mī kom wesūd aydūd


e-kwe kom-ber-a-s-esi tū sām ad-bertām

Oferta-se no *trebā-aydu

O oficiante diz (e pode, ao dizê-lo, fazer os gestos específicos ou mesmo


segurar o fogo em mãos 1º erguendo-o, 2º abaixando-o, 3º girando levemente
e 4º centrando-o diante do altar para depois colocá-lo sobre; isto durante os
quatro primeiros versos, depois assume-se a posição de oração):

“O céu por cima nos cobre


A terra sob nós se estende
As águas circundam-nos
O fogo no meio se acende.
Que os Deuses abençoem-nos,
Que nosso louvor seja vero,
Que nossas ações sejam justas
E nosso valor sincero.
Força, honra e glória aos Deuses Imortais”

Depois, declara o propósito do rito e saúda os deuses e o *trebā-aydu

3. Oferendas

Aqui são realizados as invocações e oferendas aos Poderes da ocasião.

Às Entidades Locais
O oficiante recita:

"Espíritos e Entidades Locais


nesta noite aqui nos ouçais
pela aliança convosco assentada
recebei a oferenda ofertada"

Outra prece (improvisada/escrita) de agradecimento pode ser feita, pode-se


também rogar pela boa manutenção da aliança e proteção doméstica e nos
arredores (ou locais naturais frequentados constantemente), realizando a oferta
em seguida (toca-se um sinal 1x), todos saúdam as entidades.

Aos Ancestrais

O oficiante recita:

*Senākūs, wenyās senoy


s-noχtey ad snos an-k-ete
aw dubūd kaχsmanōy ēskyoyo
kom-ansed s-noχtey ib-ete.

Ou se pode utilizar uma outra, como esta:

Ancestrais, pais dos nossos pais


Mães das nossas mães,
Fonte vital dos mortais,
Da estirpe os guardiães:
Nossa casa a vós oferta
Em honra e gratidão,
Estejais com nossa família
No descanso e prontidão,
Nossa permanência assegurai,
Nosso sangue são ourai,
Nossa fortuna perdurai,
Nos confortos e alertas,
Para fazermos as coisas certas
Protegei-nos e augurai
Para que nossos dons sejam abençoados.

Caso deseje, mais uma prece (improvisada/escrita – em português mesmo) de


agradecimento e rogando por proteção familiar, paz e bem-aventurança,
enobrecimento da estirpe e pela vitalidade das qualidades herdadas pelos
familiares, realizando a oferta em seguida (toca-se um sinal 1x), todos saúdam
as entidades.

4. Encerramento

O oficiante agradece aos Poderes presentes e declara o encerramento do rito


doméstico, por fim agradece à Deusa que preside o *trebā-aydu e profere:
*ad-bertām φro-dā(-yta)s, φeri dedmatem, samalīd senoi de-dā-anti genoi-
kwe dā-s-ionti

Toca-se o sinal de encerramento (3x)


Finalizações

 As oferendas que ainda não foram depositadas são dispostas em seus


lugares adequados
 A água é libada no solo
 As insígnias, vestimentas e materiais são realocados e os participantes
dispersos.

Léxico do Proto-Céltico para o Celtibérico e o Galaico

*lītus trebākos dubu-ēskyōi


Galaico: lītus trebaecos dubuēsciō
Celtibérico: lītus trebākos dubueiskiūi

Termos gerais:

*ad-bertā (Galaico: abbertā; Celtibérico: abertā) “oferta, oferenda”


*bratto- ou *brattino- (Galaico: brattos, brattinos; Celtibérico: bratos,
bratinos) “manto”
*dawnā  (Galaico: daunā; Celtibérico: daunā) “poema de oferta, hino”
*deywā (Galaico: dēvā; Celtibérico: teiuā) “deusa”
*deywoi  (Galaico: dēvi; Celtibérico: teiuoi) “deuses”
*deywos (Galaico: dēvos; Celtibérico: teiuos) “deus”
*druχto- (Galaico: durtos; Celtibérico: derutos) “recipiente de madeira (de
carvalho)”
*klokko- (Galaico: cloccos; Celtibérico: klokos) “sino”
*korno- (Galaico: carnos; Celtibérico: kornos) “corno, chifre” no caso “corneta”
*lestro- (Galaico: lestrom; Celtibérico: lestrom) “vasilhame, vasilha”
*linnā  (Galaico: linnā; Celtibérico: linnā) “véu, xale”
*matīr wenyās → *wenyāmatīr  (Galaico: matīr veniās; Celtibérico: matīr
ueniās) “mãe da família”
*ruk-  (Galaico: rus; Celtibérico: ruz) “túnica”
*sago- (Galaico: sagom; Celtibérico: sagom) “capa, manto com capuz”
*sua biyetod (Galaico: sua biieto; Celtibérico: sua biietuz) “assim seja”
*tīg- (Galaico: tīs; Celtibérico: tīz) “capuz, capa”
*trebā-aydu (Galaico: trebāedu; Celtibérico: trebāidu) “fogo sagrado da casa”
*trebā(ta)kos (Galaico: trebaecos; Celtibérico: trebātakos) “caseiro, pai de
família”
*wet-alo- (Galaico: vetalos; Celtibérico: uetalos) “insígnia, chifre-de-beber
valioso ou para uso ritual”
*wiros tegesos (Galaico: vírus tegesos; Celtibérico: uiros tegesos) “homem da
casa, pai de família”
*φatīr wenyās → *wenyātīr  (Galaico: atīr veniās; Celtibérico: atīr ueniās) “pai
de família”
*φatnā (Galaico: ānā; Celtibérico: ānā) “copo, chifre-de-beber, pátera”

Frases litúrgicas:

*katos ud-es-kyos ando-φenās φolya kartā-ye


“pura água da fonte tudo purifica”
Galaico: cados udescios/catā aguā andonās olla cartāie
Celtibérico: katā akuā andonās olia kartāie
*katos noybōi mī buyū
“puro para o sagrado eu esteja”
Galaico: cados noebō mī buiū
Celtibérico: katos noibūi mī buiū

*katos noybōi tū buesi


“puro para o sagrado tu estejas”
Galaico: cados noebō tū buesi
Celtibérico: katos noibūi tū buesi

*noybos nemetos-kwe esti


“santo e sagrado está”
Galaico: noebos nemidosque esti
Celtibérico: noibos nemetoskue esti

*Wāri-deiwa, φlenstus trebā-aydows, kom-ansed esi


“Ó Deusa-da-Aurora, luz do fogo sagrado da casa, conosco estás”
Galaico: Vāridēva, lestus trebāedōs, comanse esi
Celtibérico: Uāriteiua, lestus trebāidōs, komansez esi

*gwed-y-a-s-om-mī kom wesūd aydūd


e-kwe kom-ber-a-s-esi tū sām ad-bertām
“que eu ore com um excelente fogo sagrado
e que tu recebas essa oferenda”
Galaico: guediasommī com vesū aedū
igo* comberases tū sām abbertām
Celtibérico: guediasommī kom uesuez aiduez
ekue komberases tū sām abertām

*Senākūs, wenyās senoy


s-noχtey ad snos an-k-ete
aw dubūd kaχsmanōy ēskyoyo
kom-ansed s-noχtey ib-ete.
“Ancestrais, antigos da família
esta noite a nós vinde
do negro caminho da lua
conosco esta noite bebei”
Galaico:
Senaecūs, seni veniās
ad nos ancete sanotē
au dubuē camanō ēscii
comanse ibete sanotē
Celtibérico: 
Senākūs, ueniās senoi
nos sanotei akete
au dubuez kamanūz Eiskio
kom·ansez sanotei ibete 

*ad-bertām φro-dā(-yta)s, φeri dedmatem, samalīd senoi de-dā-anti genoi-


kwe dā-s-ionti
“a oferta foi dada, conforme o costume sagrado, como os antigos deram e
como os filhos darão”
Galaico: abbertām ro·dās, eri dedmadem, samalīd seni dedānti igo* geni
dāsionti
Celtibérico: abertām ro·dās, eri dedimatem, samalīz senoi dedānti genoikue
dāsionti

---
*'igo' (atestado na inscrição de Viseu “Deibobor IGO Deibābor...”,
provavelmente para uma conjunção baseada em *e-kwe > 'eque' > 'ique' >
'iquo' > 'iguo' > 'igo') ou pode-se utilizar a conjunção lusitana 'indi'

Rito doméstico para a lua cheia (*lītus trebākos φlāno-ēskyōi)

Materiais

 Altar doméstico e o recipiente para o *trebā-aydu (com os devidos


materiais inflamáveis, pode ser uma vela cortada em três pedaços
iguais)
 Recipiente para oferendas (*lestro-; para vasilhames de madeira o nome
é *druχto-)
 Pátera ou chifre-de-beber (*φatnā; um chifre-de-beber valioso e distinto
para uso ritual – como insígnia – é chamado em IrA 'fethal' > *wet-alo-
etimologicamente ligado ao verbo *wet-o- “estar familiarizado,
conhecer, perceber” que sugere que o termo tenha um significado mais
geral de “coisa distinta, facilmente percebida, insígnia”, na Irlanda, ao
menos, era comum dar nome aos chifres-de-beber pessoais de sujeitos
distintos)
 Oferendas (*ad-bertās) para a ocasião (1. azeite, 2. manteiga/pão/pão
com manteiga/bebida alcoólica/incensos)
 Instrumento (*korno- corneta ou *klokko- sino)
 Opcionais: manto (*bratto- ou *brattino-, ou ainda
“capa” *tīg- ou *sago-; o oficiante pode por uma túnica *ruk- própria,
caso deseje) para o oficiante (os demais adultos, caso desejem, podem
cobrir a cabeça com toucas, véus ou xales *linnās), lira ou instrumento
musical para acompanhamento, etc.

Pressupostos

 Uma pessoa deve assumir a liderança do rito, tradicionalmente o “chefe”


da casa – o pai de família (*φatīr wenyās → *wenyātīr ou *wiros
tegesos, IrA: fir tige ou *trebā(ta)kos IrA: treb(th)ach), ou na ausência
deste da mãe (*matīr wenyās → *wenyāmatīr), esta deve (considerando
que seja quem cozinha e lida como fogo doméstico mais
frequentemente) realizar as invocações, acender e ofertar no
(re-)acendimento da chama sagrada.
 É de se esperar que os filhos e demais moradores da casa participem do
rito
 O ideal é que toda as atividades das pessoas da casa (assistir TV,
trabalhos, etc.) sejam paradas para o rito
 Ao final de cada oração pode-se dizer (eu e meu grupo mesmo sempre
utilizamos) *sua biyetod
Preparações

 Um dia de júbilo, festividade e descanso - momento de plenitude e auge,


sendo uma noite auspiciosa e consagrada aos deuses supremos
 Pode-se fazer uma pequena confraternização com os amigos, com
música e bebida; caso a data se dê em um dia de trabalho o ideal seria
que ao menos se aproveitasse o tempo livre com atividades recreativas e
piedosas
 Organizar o local do rito, chama e oferendas

1. Ablução

O oficiante canta sobre a água pura:


*katos ud-es-kyos ando-φenās φolya kartā-ye

Asperge água sobre si (pode ser em três pontos formando um trisquele: testa,
mão direita e esquerda) enquanto diz:
*katos noybōi mī buyū

Asperge os demais participantes (em ordem de idade, do mais velho ao mais


novo) dizendo:
*katos noybōi tū buesi

E sobre a área do altar doméstico


*noybos nemetos-kwe esti

2. Início: (re-)acendimento do *trebā-aydu

Toca-se o sinal do início (3x)

Em posição de oração, em direção ao nascente, o responsável pelo


acendimento do *trebā-aydu diz:
*Wāri-deywa, φlenstus trebā-aydows, kom-ansed esi

Acende-se o fogo (caso este não permaneça constantemente aceso, se for o


caso de permanecer não é necessário esta parte pois) e se continua
*gwed-y-a-s-om-mī kom wesūd aydūd
e-kwe kom-ber-a-s-esi tū sām ad-bertām

Oferta-se no *trebā-aydu

O oficiante diz (e pode, ao dizê-lo, fazer os gestos específicos ou mesmo


segurar o fogo em mãos 1º erguendo-o, 2º abaixando-o, 3º girando levemente
e 4º centrando-o diante do altar para depois colocá-lo sobre; isto durante os
quatro primeiros versos, depois assume-se a posição de oração):

“O céu por cima nos cobre


A terra sob nós se estende
As águas circundam-nos
O fogo no meio se acende.
Que os Deuses abençoem-nos,
Que nosso louvor seja vero,
Que nossas ações sejam justas
E nosso valor sincero.
Força, honra e glória aos Deuses Imortais”

Depois, declara o propósito do rito e saúda os deuses e o *trebā-aydu

3. Oferendas

Aqui são realizados as invocações e oferendas aos Poderes da ocasião.

Deuses da ocasião

Para os lusitanos: Ioviā ou Rēus e Dēvā


Para os vetões: Salāmās e Ilurbedā(?)
Para os galaicos: (do norte) Rēus e Rēvā (do sul) Rēus e Dēvās(?)
Para os astures: Peremustā(?) ou Candamos (epíteto) ou Tullonios e Eponā(?)
Para os celtibéricos: Berkūnez e Ekuonā ou Duillā(?)

Oferenda a Reu

O oficiante recita uma prece (improvisada/escrita) de agradecimento e rogando


por nutrição/sustância, saúde e força para a família durante o mês que se
inicia, realizando a oferta (no *trebā-aydu) em seguida (toca-se um sinal 1x),
todos saúdam as divindades.

Oferendas ao Casal Supremo

O oficiante recita:

“Poderes celestes vetustos,


De nomes tão pios e augustos,
Majestosos, brios tão justos,
Elevados em júbilo imortal,
Aqui sob nosso céu austral*,
Nossa casa a vós canta loas;
Em graças por vossas tão boas
Bênçãos e olhares serenos,
De boa mente em versos amenos
A vós rogamos na alvura,
Quando plena de alta candura
A lua ilumina as sendas,
Para que as nossas singelas oferendas,
Como no passado fora ofertado,
Vós aceiteis de bom grado.”

---
*Caso se esteja no hemisfério norte, trocar por “boreal”

O oficiante recita mais uma prece (improvisada/escrita – caso considere


necessário) de agradecimento e rogando por proteção familiar, fortaleza e
energia para a família durante o mês que se inicia, realizando a oferta
(no *trebā-aydu) em seguida (toca-se um sinal 1x), todos saúdam as
divindades.
4. Encerramento

O oficiante agradece aos Poderes presentes e declara o encerramento do rito


doméstico, por fim agradece à Deusa que preside o *trebā-aydu e profere:
*ad-bertām φro-dā(-yta)s, φeri dedmatem, samalīd senoi de-dā-anti genoi-
kwe dā-s-ionti

Toca-se o sinal de encerramento (3x)

Finalizações

 As oferendas que ainda não foram depositadas são dispostas em seus


lugares adequados
 A água é libada no solo
 As insígnias, vestimentas e materiais são realocados e os participantes
dispersos.

Léxico do Proto-Céltico para o Celtibérico e o Galaico

*lītus trebākos φlāno-ēskyōi


Galaico: lītus trebaecos lānoēsciō
Celtibérico: lītus trebākos lānoeiskiūi

Termos gerais:

*ad-bertā (Galaico: abbertā; Celtibérico: abertā) “oferta, oferenda”


*bratto- ou *brattino-  (Galaico: brattos, brattinos; Celtibérico: bratos,
bratinos) “manto”
*dawnā  (Galaico: daunā; Celtibérico: daunā) “poema de oferta, hino”
*deywā (Galaico: dēvā; Celtibérico: teiuā) “deusa”
*deywoi  (Galaico: dēvi; Celtibérico: teiuoi) “deuses”
*deywos (Galaico: dēvos; Celtibérico: teiuos) “deus”
*druχto- (Galaico: durtos; Celtibérico: derutos) “recipiente de madeira (de
carvalho)”
*klokko- (Galaico: cloccos; Celtibérico: klokos) “sino”
*korno- (Galaico: carnos; Celtibérico: kornos) “corno, chifre” no caso “corneta”
*lestro-  (Galaico: lestrom; Celtibérico: lestrom) “vasilhame, vasilha”
*linnā  (Galaico: linnā; Celtibérico: linnā) “véu, xale”
*matīr wenyās → *wenyāmatīr (Galaico: matīr veniās; Celtibérico: matīr
ueniās) “mãe da família”
*ruk- (Galaico: rus; Celtibérico: ruz) “túnica”
*sago- (Galaico: sagom; Celtibérico: sagom) “capa, manto com capuz”
*sua biyetod (Galaico: sua biieto; Celtibérico: sua biietuz) “assim seja”
*tīg- (Galaico: tīs; Celtibérico: tīz) “capuz, capa”
*trebā-aydu  (Galaico: trebāedu; Celtibérico: trebāidu) “fogo sagrado da casa”
*trebā(ta)kos (Galaico: trebaecos; Celtibérico: trebātakos) “caseiro, pai de
família”
*wet-alo-  (Galaico: vetalos; Celtibérico: uetalos) “insígnia, chifre-de-beber
valioso ou para uso ritual”
*wiros tegesos (Galaico: vírus tegesos; Celtibérico: uiros tegesos) “homem da
casa, pai de família”
*φatīr wenyās → *wenyātīr  (Galaico: atīr veniās; Celtibérico: atīr ueniās) “pai
de família”
*φatnā (Galaico: ānā; Celtibérico: ānā) “copo, chifre-de-beber, pátera”

Frases litúrgicas:

*katos ud-es-kyos ando-φenās φolya kartā-ye


“pura água da fonte tudo purifica”
Galaico: cados udescios/catā aguā andonās olla cartāie
Celtibérico: katā akuā andonās olia kartāie

*katos noybōi mī buyū


“puro para o sagrado eu esteja”
Galaico: cados noebō mī buiū
Celtibérico: katos noibūi mī buiū

*katos noybōi tū buesi


“puro para o sagrado tu estejas”
Galaico: cados noebō tū buesi
Celtibérico: katos noibūi tū buesi

*noybos nemetos-kwe esti


“santo e sagrado está”
Galaico: noebos nemidosque esti
Celtibérico: noibos nemetoskue esti

*Wāri-deiwa, φlenstus trebā-aydows, kom-ansed esi


“Ó Deusa-da-Aurora, luz do fogo sagrado da casa, conosco estás”
Galaico: Vāridēva, lestus trebāedōs, comanse esi
Celtibérico: Uāriteiua, lestus trebāidōs, komansez esi

*gwed-y-a-s-om-mī kom wesūd aydūd


e-kwe kom-ber-a-s-esi tū sām ad-bertām
“que eu ore com um excelente fogo sagrado
e que tu recebas essa oferenda”
Galaico: guediasommī com vesū aedū
igo* comberases tū sām abbertām
Celtibérico: guediasommī kom uesuez aiduez
ekue komberases tū sām abertām

*ad-bertām φro-dā(-yta)s, φeri dedmatem, samalīd senoi de-dā-anti genoi-


kwe dā-s-ionti
“a oferta foi dada, conforme o costume sagrado, como os antigos deram e
como os filhos darão”
Galaico: abbertām ro·dās, eri dedmadem, samalīd seni dedānti igo* geni
dāsionti
Celtibérico: abertām ro·dās, eri dedimatem, samalīz senoi dedānti genoikue
dāsionti

---
*'igo' (atestado na inscrição de Viseu “Deibobor IGO Deibābor...”,
provavelmente para uma conjunção baseada em *e-kwe > 'eque' > 'ique' >
'iquo' > 'iguo' > 'igo') ou pode-se utilizar a conjunção lusitana 'indi'

Você também pode gostar