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Dona Elda, Mãe Elda, Elda d’Oxóssi, rainha Elda, sacerdotiza Elda Viana, Elda de Porto
Rico, ialorixá Elda Viana, Elda da Macaia do Oxossi, títulos que escondem e desvelam
uma mulher guerreira de 81 anos, 40 deles como rainha de uma grande nação de baque
virado: Elda Ivo Viana, rainha da Nação do Maracatu Porto Rico.
No final da década de 60 a família voltou para o Recife e foi morar no bairro de Mangabeira, zona norte e
depois mudou para a comunidade do Bode, bairro do Pina.
Em 1969 com 30 anos foi mãe de Jailson Viana Chacon, Mestre Chacon:
Nascido em 06 de Fevereiro de 1969 em Recife – PE. Desde a adolescência já mestreava a Nação
do Maracatu Porto Rico em apresentações folclóricas como vice diretor de bateria pois na época
não existia o termo Mestre e sim Diretor e Vice Diretor de bateria, a partir do ano 2000 é o Mestre
do Maracatu. É Babalorixá e atualmente junto com sua irmã Edileuza de Oxum cuida da parte
espiritual da Macaia de Oxóssi. Todos os seus filhos - Jeisse, Jhayana, Jhadyel - foram/são
batuqueiros e a pequena Jhadyanna, nascida em 2018, com certeza estará na nação.
"Em Recife foi feita ainda na década de 1970, na nação nagô e mais tarde na década de 1980, na
nação jeje pelo renomado Babalorixá Raminho de Oxóssi, sendo que hoje ela afirma que seu terreiro
é traçado jeje-nagô." (ABZ Koslinski)
Dona Elda conta que o maracatu não a interessava, frequentava a casa de Eudes Chagas por causa da religião
para se aprofundar no nagô. Seu filho, Jailson Chacon Viana conta que conheceu o maracatu em 1976,
quando tinha sete anos.
Minha mãe, Dona Elda, me levava junto na casa de seu avô de santo Eudes, que estava lhe ensinando
o conhecimento do Ifá (Jogo de Búzios). Era depois da escola, nos finais de tarde. Eudes falava sobre
o maracatu e eu já criança, ouvia atento. Minha mãe começou a sair de baiana e eu de índio. Os
irmãos de lanceiro e outros personagens, todos envolvidos desde cedo.
Elda foi uma rainha inovadora, e revolucionária conseguindo inúmeras vitória e legitimidade dentro da
tradição do maracatu. Aos 41 anos estava morando no Pina e com seu terreiro instalado, com muitas filhas,
muitas moças bonitas, sempre com muita gente em torno dela como contou Armando Arruda a Ivaldo Lima e
a partir de uma iniciativa de alguns folcloristas amigos de Eudes Chagas, o Porto Rico do Oriente sai do
museu e dona Elda, que que iria participar como princesa, foi escolhida rainha.
O maracatu que ela herdou não passava de alguns tambores, 12 a 14, caixa e gonguê, uma corte pequena, um
estandarte antigo. Eudes Chagas não tinha conseguido manter o maracatu para fazer frente ao Indiano e
Elefante. Mestre Jaime foi contratado como diretor de apito e aparecia aos domingos de tarde para os ensaios
sem entrar em outros aspectos da nação. Dona Elda foi a única responsável pelas decisões que levaram Porto
Rico a ser a nação vitoriosa das duas últimas décadas do século passado. Recebeu uma ajuda inicial de
alguns folcloristas para fazer sua coroação e colocar o maracatu na rua, mas não se deixou prender por eles.
Depois de 3 anos a nação comandada por Elda ivo Viana passa a ganhar quase todos os anos e quando perde
fica em segundo. Inovando com mais brilho e saias com armações, introduzindo a corte mirim e a bruxa de
pano, provocando polêmicas.
Em 2 de agosto de 1985 funda o Urso Zé da Pinga no bairro do Pina junto com seus filhos do Ilê Axé Oxóssi
Gongobira, ligado à religião Jurema Sagrada.
Líder religiosa e gestora, durante 20 anos ela foi a única mola propulsora de toda a nação. Alem da
articulação política com as prefeitura e outras nações, ela fazia toda a gestão dos recursos para conseguir
colocar o maracatu na rua, um maracatu cada vez com mais brilho e beleza.
Sempre costurou e durante anos fez as fantasias da nação. Em vários documentários que registram alguns
cotidianos da nação ela aparece pilotando sua máquina de costura.
Dona Elda é funcionária pública aposentada. Trabalhou na escola Assis Chateaubriand, em Brasília Teimosa,
onde foi zeladora e professora de OSPB, matéria que poderia ser dada por leigos. Ela conta que o foco da
matéria era disciplina, ensinar as crianças se comportar, a falar corretamente, a cumprimentar as pessoas.
Manteve uma Escolinha de reforço na sua casa no Bode, onde ensinava o básico da matemática - as 4
operações e tabuada - e fazia as lições de casa com as crianças. Da escolinha de reforço pra Escolinha de
Baque foi um pulo. Ela já tinha sido a responsável pela introdução da corte mirim nos desfiles de maracatu e
agora montava a Escola de Batuque. As crianças que frequentaram essa escola nos anos 80, hoje são grandes
batuqueiros da nação.
A partir de 2000 seu filho Mestre Chacon passa a dividir com ela as responsabilidades e se torna o diretor de
apito, mestre de Porto Rico. Até 2010 (?) dona Elda ainda costurava as roupas da corte e continuava atuando
como líder religiosa e rainha.
"Dona Elda, apesar de continuar sendo a rainha do Maracatu, atualmente não é a responsável pela
manutenção e organização da sede por estar com a doença de Alzheimer e impossibilitada de
continuar em suas funções sendo substituída por sua filha, Edileusa Viana. Mesmo assim, ela
continua desfilando. “Quando ela sai na passarela, você não reconhece ela, não. Já é outra pessoa, já
fica com a proteção de todo mundo, os espíritos e orixás chegam modificando ela”, conta Amanda
Mariana, integrante da Nação. [Queiroz, Leandro. Coroado no Congo, no movimento Manguebeat ]
Alegre e dramática, sempre gostou de cantar boleros, quase de representá-los.
Uma mulher inteligente que sabia conversar e formar parcerias quando era necessário.