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geológico-geotécnica
de solos para aplicação
em obra de reabilitação
de via ferroviária
Tuany Alessandra Rodrigues
Mestrado em Geologia
Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território
2019
Orientador:
Coorientadores:
Joana Ribeiro, Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
Eng.ª Cristina Alves Ribeiro, Senqual
Todas as correções determinadas
pelo júri, e só essas, foram efetuadas.
O Presidente do Júri,
Porto, ______/______/_________
“Troque suas folhas, mas não perca suas raízes.
Mude de opinião, mas não perca seus princípios.”
[Victor Hugo]
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AGRADECIMENTOS
A Deus.
Agradeço a minha mãe, que me ensinou a importância de sonhar e a ser uma
pessoa íntegra, com caráter, humildade, coragem e dignidade para enfrentar a vida. Uma
mãe que me deixou livre para seguir minhas escolhas e não mediu esforços para que elas
acontecessem, mesmo com toda a distância e saudade.
Agradeço ao meu pai, que me ensinou os valores que se deve ter na vida. Que do
seu jeito calado, demonstrava sua alegria a cada etapa que eu vencia, fazendo sempre o
impossível para suprir todas as minhas necessidades. Que da sua maneira me motivou a
batalhar e chegar aonde cheguei, com os pés no chão.
Ao Bruno, por me acompanhar nesta caminhada e estar da maneira mais linda me
apoiando a ir atrás dos meus objetivos.
Um agradecimento especial a Professora Joana, por toda orientação e
aprendizagem. Que partilhou comigo as suas ideias, conhecimento e experiência. Quero
expressar a minha admiração pela sua competência profissional e pela forma como
conduziu a minha orientação.
A empresa Senqual e toda sua equipe pela oportunidade da realização de um
estágio e por todo conhecimento e experiência a mim transmitido.
A todos os professores que dedicaram o seu tempo e sua sabedoria para que minha
formação acadêmica fosse mais um aprendizado de vida.
Aos amigos que Portugal me proporcionou, portugueses, brasileiros e tchecos, com
certeza vocês foram essenciais, se tornaram parte da minha família.
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RESUMO
ABSTRACT
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................1
1.1 ENQUADRAMENTO............................................................................................1
1.2 CONCEITOS TEÓRICOS ....................................................................................2
1.1.1 SOLOS .........................................................................................................2
1.1.2 CLASSIFICAÇÕES DE SOLOS....................................................................3
1.1.2.1 Classificação Textural ...................................................................................4
1.1.2.2 Sistema Unificado de Classificação de Solos ...............................................5
1.1.2.3 Sistema de Classificação Para Fins Rodoviários ..........................................7
1.1.3 PROJETOS DE ATERROS PARA INFRAESTRUTURAS LINEARES ..........9
2. CASO DE ESTUDO ..................................................................................................10
2.1 ENQUADRAMENTO DA OBRA .........................................................................10
2.2 ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DAS MANCHAS DE EMPRÉSTIMO ..........11
2.2.1 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 1 ..................................................................12
2.2.2 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 2 ..................................................................13
2.2.3 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 3 ..................................................................14
2.2.4 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 4 ..................................................................15
2.2.5 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 5 ..................................................................16
2.2.6 MANCHA DE EMPRÉSTIMO 6 ..................................................................17
2.3 ESPECIFICAÇÕES DO CADERNO DE ENCARGOS .......................................18
2.3.1 CONSTITUIÇÃO DOS ATERROS ..............................................................18
2.3.1.1 Solos para o Aterro .....................................................................................19
2.3.2 CONSTITUIÇÃO DOS BLOCOS TÉCNICOS .............................................21
2.3.2.1 Materiais Para o Bloco Técnico ..................................................................22
2.3.3 PREPARAÇÃO, TRANSPORTE, ESPALHAMENTO E COMPACTAÇÃO ..24
2.4 AMOSTRAGEM .................................................................................................25
2.5 ENSAIOS EM LABORATÓRIO ..........................................................................25
2.5.1 DETERMINAÇAO DO VALOR DE AZUL DE METILENO ...........................25
2.5.2 EQUIVALENTE DE AREIA .........................................................................28
2.5.3 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR PENEIRAÇÃO HÚMIDA ..................29
2.5.4 LIMITES DE CONSISTÊNCIA ....................................................................30
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LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
1.1 ENQUADRAMENTO
1.1.1 SOLOS
PROPRIEDADES IMPORTANTES
SÍMBOL RESISTÊNCIA AO COMPRESSIBILIDADE
TRABALHABILIDADE
O DO PERMEABILIDADE QUANDO CORTE QUANDO QUANDO
COMO MATERIAL DE
GRUPO COMPACTADO COMPACTADO E COMPACTADO E
CONSTRUÇÃO
SATURADO SATURADO
GW Permeável Excelente Desprezável Excelente
GP Muito permeável Boa Desprezável Boa
GM Semipermeável a impermeável Boa Desprezável Boa
GC Impermeável Boa a razoável Muito Baixa Boa
SW Permeável Excelente Desprezável Excelente
SP Permeável Boa Muito Baixa Razoável
SM Semipermeável a impermeável Boa Baixa Razoável
SC Impermeável Boa a razoável Baixa Boa
ML Semipermeável a impermeável Razoável Média Razoável
CL Impermeável Razoável Média Boa a razoável
OL Semipermeável a impermeável Fraca Média Razoável
MH Semipermeável a impermeável Razoável Alta Fraca
CH Impermeável Fraca Alta Fraca
OH Impermeável Fraca Alta Fraca
Pt - - - -
materiais para a base e sub-base de pavimentos. Foi proposto pelo Bureau of Public
Roads, revisto pelo HRB (1945) e normalizado pela AASHTO M145 (1973). A norma
utilizada como referência é a LNEC E 240-1970.
Este sistema classifica os solos em oito grupos, sendo três deles solos granulares
(A-1, A-2 e A-3), quatro grupos de solos finos (A-4, A-5, A-6 e A-7) e um grupo de solos
orgânicos (A-8). Esta classificação baseia-se na granulometria, no limite de liquidez e no
índice de plasticidade dos solos. A classificação é feita através da Tabela 4 e do Índice
de Grupo.
Onde:
a - Diferença entre o valor da percentagem de material que passa no peneiro 0,074mm
(nº 200) ASTM e 35; adotar-se-á a=40 se aquela percentagem for maior que 75 e a=0 se
for menor que 35.
b – Diferença entre o valor da percentagem do material que passa no peneiro 0,074mm
(nº 200) ASTM e 15; adotar-se-á b=40 se aquela percentagem for maior que 55 e b=0 se
for menor que 15.
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c – Diferença entre o valor do limite de liquidez e 40; porém, adotar-se-á c=20 se aquele
limite for maior que 60 e c=0 se for menor que 40.
d – Diferença entre o valor do Índice de Plasticidade e 10; porém, adotar-se-á d=20 se
aquele índice for maior que 30 e d=0 se for menor que 10.
2. CASO DE ESTUDO
O troço da Linha do Minho entre Porto e Valença começou a ser construído no início
da década de 1870 (Pereira, 2011). A Linha do Minho faz parte de uma ligação
transfronteiriça de carácter estratégico para o país, em particular para a região norte de
Portugal, já que serve de suporte aos movimentos de mercadorias e passageiros que
apresentam como destino a Espanha.
O caso de estudo compreende uma parte do troço entre Viana do Castelo e
Valença, com cerca de 48 km (Figura 3). Nesta área serão construídas novas
subestações, intervenções em túneis e pontes, instalação de sistemas de
telecomunicações, bem como a construção de uma segunda via para permitir o
cruzamento de comboios e a construção de uma estação técnica.
correspondem a praias antigas, e também terraços fluviais margeiam o troço jusante dos
rios Minho, Lima e Cávado.
As manchas de empréstimo e posteriormente as amostras foram numeradas da
seguinte forma: mancha de empréstimo 1 (amostra 1), mancha de empréstimo 2 (amostra
2), mancha de empréstimo 3 (amostra 3), mancha de empréstimo 4 (amostra 4), mancha
de empréstimo 5 (amostra 5) e mancha de empréstimo 6 (amostra 6).
De acordo com a folha 5-A da carta geológica de Portugal (Teixeira et al., 1970) a
mancha de empréstimo 1, localiza-se próximo a uma zona de contato entre o complexo
xisto-grauváquico e rochas eruptivas (Figura 5).
Em seus aspetos pedológicos, através da carta dos solos de Entre-Douro e Minho
(Folha 5 – Braga 1:100.000 (DRAEDM-1995)) identificou-se que a mancha de empréstimo
está situada em uma área com predominância de cambissolos dístricos, e é composta
por cambissolo dístrico crómico.
Figura 5. Mapa geológico e pedológico da mancha de empréstimo 1. Imagem do solo in situ obtida em 06/04/2019.
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Segundo a carta geológica de Portugal - folha 5-A (Teixeira et al., 1970), a mancha
de empréstimo 3 está localizada sobre granitos de grão grosseiro ou médio a grosseiro.
Assim como as outras manchas de empréstimo já citadas, também se encontra próximo
do complexo xisto-granítico (Figura 7).
O solo desta mancha de empréstimo é descrito segundo a carta de solos (Folha 5
– Braga 1:100.000 – DRAEDM (1995)) como antrossolo cumúlico dístrico em xisto, onde
predomina a acumulação de sedimentos com textura franco-arenosa ou mais fina e por
vezes franco-limoso.
Figura 10. Mapa geológico e pedológico da mancha de empréstimo 6. Imagem obtida em 08/11/2018.
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Figura 11. Estrutura ferroviária com um aterro zonado (Caderno de Encargos, 2017).
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Figura 12. Estrutura ferroviária com um aterro homogéneo (Caderno de Encargos, 2017).
SOLOS INCOERENTES
Ensaio de compactação de referência com energia pesada
0,8% 𝑊𝑜𝑝𝑡 ≤ 𝑊 𝑛𝑎𝑡 ≤ 1,2% 𝑊𝑜𝑝𝑡
SOLOS COERENTES
Ensaio de compactação de referência com energia leve
0,7% 𝑊𝑜𝑝𝑡 ≤ 𝑊 𝑛𝑎𝑡 ≤ 1,4% 𝑊𝑜𝑝𝑡
Wnat = teor em água natural do solo; Wopt = teor em água natural do solo.
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Quando não se verifique este requisito para o caso de solos coerentes, poder-se-
á recorrer a técnicas de regularização do teor em água, tais como arejamento,
humidificação, homogeneização e tratamento por adição de ligantes.
No caso de aterros zonados ou homogéneos, a utilização dos diversos tipos de
solos nas diversas zonas do aterro deve obedecer a regras gerais expressas nas tabelas
seguintes, baseadas no valor de CBR e na classificação unificada dos solos.
No caso de solos selecionados para a construção dos aterros, estes deverão ter
comportamento granular, percentagem de finos ≤ 15% e índice de plasticidade IP ≤ 6,
devendo garantir um módulo de deformabilidade de Ev ≥ 60 Mpa, após compactação.
As possibilidades de aplicação dos solos em aterros zonado ou heterogéneo são
definidas em diferentes classes, de acordo com a classificação dos mesmos (Tabela 6 e
a Tabela 7).
Figura 13. Projeto do Bloco Técnico e materiais a serem utilizados (Caderno de Encargos, 2017).
Tabela 8. Granulometria necessária para agregados na mistura agregado-cimento (Caderno de Encargos, 2017)).
O Caderno de Encargos refere que o material que irá para o aterro deverá ser
preparado na mancha de empréstimo, de modo a que o material a ser transportado seja
homogéneo e que o teor em água não precise ser corrigido. O aterro deve ser solidarizado
ao terreno natural. Para isso, é exigida a preparação do terreno com a adoção de
medidas, tais como, escarificação da superfície.
Na execução dos aterros, o espalhamento de solos far-se-á por camadas
horizontais sucessivas, ocupando toda a largura da secção transversal, respeitando a
respetiva inclinação e em comprimentos tais que permitam a humidificação e
compactação convenientes. A espessura das camadas de solo a compactar, será
condicionada pelos meios de compactação colocados na obra, mas genericamente não
deverá ser superior a 0,25 m.
A inspeção das camadas será visual, mas, fundamentalmente, com passagem de
equipamento pesado para deteção de possíveis zonas fracas ou instáveis. O grau de
compactação relativa a atingir, em todas as camadas, deverá ser igual ou superior a 95%
da densidade seca máxima.
Os parâmetros mínimos para o controlo em aterros deverão considerar os valores
apresentados da Tabela 9. Em blocos técnicos, a compactação deverá ser maior ou igual
a 98%.
Tabela 9. Parâmetros mínimos para o controlo de compactação em função do tipo de solo (Caderno de Encargos, 2017).
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2.4 AMOSTRAGEM
Figura 14. Recolha das amostras. A) Amostra 5 - recolha através de pá e armazenamento em balde. B) Amostra 6 -
recolha através de retroescavadora. C) Recolha através de pá e armazenamento em sacos.
Figura 15. Equipamentos utilizados para o ensaio de azul de metileno. A) Bureta para dosagem.
B) Recipiente cilíndrico. C) Agitador.
Figura 16. Análise de azul de metileno da Amostra 5. Nos pontos 5-1, 5-2 e 5-3 não aparece a auréola azulada. O ponto
de viragem está entre 5-3 e 10-1.
O valor de azul 𝑉𝐵𝑡𝑎 será expresso em gramas de azul por 100g de finos, dado
pela seguinte fórmula:
𝑣1 − 𝑣′
𝑉𝐵𝑡𝑎 =
𝑞
onde:
v1 = volume final da solução injetada, em ml;
v’ = volume de azul adsorvido pela caulinite (𝑣 ′ = 30 ∗ 𝑉𝐵𝑡𝑎𝐾 );
q = massa real de finos testados.
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ℎ2
𝐸. 𝐴. = ∗ 100
ℎ1
Figura 18. Peneiração húmida através da lavagem de jato no peneiro 0,074 mm.
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Figura 19. Ensaio de limites de liquidez. A) Material nivelado com espessura máxima de 1 cm e B) sulco aberto através
do riscador.
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Figura 21. Ensaio de compactação Proctor. A) Equipamento de compactação. B) Ensaio sendo realizado em molde
grande.
O ensaio CBR (California Bearing Ratio) está especificado na norma LNEC E 198-
1967, e é utilizado para avaliação indireta da resistência mecânica de um solo. Segundo
Cunha (2014), a sequência do ensaio inicia-se com a determinação do teor em água ótimo
(definido no ensaio Proctor) e do peso específico seco. Em seguida, determinam-se as
propriedades expansivas do material e determina-se o CBR.
O procedimento consiste em, primeiramente, compactar o solo com o Proctor, com
o teor em água ótimo. A expansibilidade da amostra é avaliada colocando o molde em
um recipiente embebido em água e adicionando um defletómetro (Figura 22). A leitura do
defletómetro é feita de 24 em 24 horas, durante um período de 96 horas (4 dias).
Posteriormente, o molde é retirado e pesado para determinação do peso volúmico e do
peso da quantidade de água absorvida.
Por fim, a penetração é realizada em uma prensa de CBR, onde é aplicada uma
carga com velocidade de 1 mm/min e anota-se a carga de penetração a cada 30
segundos. A curva de força-penetração é traçada. Quando a curva apresentar o troço
inicial côncavo, deve-se proceder a correção, traçando uma tangente à curva no ponto
de inflexão, tomando-se como nova origem, o ponto de interseção da tangente com o eixo
das penetrações.
O resultado do CBR é expresso em percentagem, obtida através da divisão entre
a pressão calculada/obtida (x) pela pressão padrão (y):
𝑥
𝐶𝐵𝑅 (%) = ∗ 100
𝑦
Figura 22. Determinação das propriedades expansivas do material em molde grande com defletómetro.
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O controlo de conformidade dos solos aplicados em obra foi realizado pelo método
radioativo, através de um gamadensímetro (ASTM D6938-17). O gamadensímetro mede
o grau de compactação de um solo, através dos valores de teor em água e baridade seca
do solo. Este método é não destrutivo, apresenta rapidez na execução e é um dos
métodos mais utilizados para controlo da compactação.
O gamadensímetro Troxler emite raios gama na camada a ensaiar, com uma
determinada energia, e contabiliza os raios que voltam ao receptor sem perda. Quanto
mais densa uma camada, maior o valor. Existem dois métodos de aplicação, o método A
e o método B. O método da transmissão direta (Figura 23-A) é realizado em profundidade,
através de um furo na camada que se pretende ensaiar e uma fonte. Já o método da
transmissão indireta (Figura 23-B), o equipamento é simplesmente colocado sobre
superfície, ou seja, a uma profundidade 0.
De acordo com Ferreira da Silva (2013) alguns fatores podem afetar os resultados.
A medição da baridade pode ser afetada pela composição química dos solos e pela
heterogeneidade dos solos. Além disso, as medições realizadas através do método de
transmissão indireta são mais influenciáveis pelo material mais próximo da superfície, por
partículas de grandes dimensões ou vazios, e presença de outras fontes radioativas no
local. O teor em água também pode ser afetado pela composição química do material,
pelo teor em água do material mais superficial e outras fontes de neutrões presentes no
local.
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Figura 24. Gamadensímetro Troxler utilizado no controlo de compactação em obra. Imagem obtida em 15/03/2019.
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2.7 RESULTADOS
Tabela 10. Resultados dos ensaios realizados em laboratório e classificação dos solos.
L. de Plasticidade (%) 20 - 23 19 - 19
Classificação Textural Areia argilo-siltosa Areia Areia siltosa Areia Areia siltosa Areia siltosa
SW-SM
SC-SM
SC-SM Areia bem SM (u) SM (d) SC-SM
Classificação Unificada Areia argilo-
Areia argilo-siltosa graduada com Areia Siltosa Areia Siltosa Areia argilo-siltosa
siltosa
silte
Classificação Rodoviária A-2-4 (0) A-2-4 (0) A-2-4 (0) A-2-4 (0) A-2-4 (0) A-2-4 (0)
Equivalente de Areia
17 58 23 29 18 21
(%)
Azul de Metileno (g) 0,3 0,3 1,8 0,3 0,5 0,9
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Amostra 1 Amostra 2
Amostra 3 Amostra 4
Amostra 5 Amostra 6
Amostra 2
Amostra 1
Amostra 3 Amostra 4
Amostra 5 Amostra 6
ϒdmax
AMOSTRA 1
1,90 g/cm³
W opt
11,0 %
ϒdmax
AMOSTRA 2
1,98 g/cm³
W opt
8,2 %
ϒdmax
AMOSTRA 3
1,88 g/cm³
W opt
11,5 %
ϒdmax
AMOSTRA 4
1,98 g/cm³
W opt
10,0 %
ϒdmax
2,08 g/cm³
AMOSTRA 5
corrigido
W opt
7,7 %
corrigido
ϒdmax
AMOSTRA 6
2,08 g/cm³
W opt
8,1 %
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Caracterização geológico-geotécnica de solos para aplicação em obra de reabilitação de via ferroviária
N (55) 47 57
CBR
38 45
(95%)
N (12) 15 21
AMOSTRA 2
N (25) 13 19
N (55) 23 38
CBR
18 27
(95%)
N (12) 5 7
AMOSTRA 3
N (25) 13 17
N (55) 13 19
CBR
13 18
(95%)
N (12) 17 22
AMOSTRA 4
N (25) 27 39
N (55) 27 41
CBR
25 36
(95%)
N (12) 18 21
AMOSTRA 5
N (25) 30 40
N (55) 39 52
CBR
39 52
(95%)
N (12) 3 4
AMOSTRA 6
N (25) 22 30
N (55) 42 57
CBR
35 47
(95%)
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1
2
3
4
5
6
Figura 27. Esquema representativo do controle de compactação no trecho entre o PK 89+750 e o PK 89+650.
Figura 28. Compactação da primeira camada para verificação. Imagem obtida em 02/02/2019.
Tabela 15. Resultados médios da baridade húmida, baridade seca e do teor em água por camada - aterro homogéneo.
Figura 30. Compactação no edifício técnico, solo da mancha de empréstimo 2. Imagem obtida em 07/12/2019.
Tabela 17. Resultados médios da baridade húmida e seca e do teor em água por camada - Edifício Técnico.
Com base nos resultados citados na Tabela 7, o único solo que apresenta as
propriedades para aplicação em Bloco Técnico é a amostra 2. Contudo, por indicação da
fiscalização, não se utilizou solo-cimento nos Blocos Técnicos, mas sim agregado-
cimento. A justificativa apresentada para esta mudança foi o facto de um agregado ser
mais homogéneo que um solo. O agregado que foi utilizado estava de acordo com as
especificações do caderno de encargos.
Através de um estudo específico realizado em laboratório, definiu-se a baridade
seca máxima (ϒdmax) igual a 2,29 g/cm³ e teor ótimo em água (W opt) igual a 6,40%.
O controlo de compactação do agregado-cimento em Bloco Técnico deu-se na
zona da PH (PK 89+725) (Figura 31). Os resultados referentes ao controlo de
compactação estão apresentados nas tabelas 19 e 20.
Figura 31. Aplicação e controlo do agregado-cimento no Bloco Técnico. Imagens obtidas em 15/03/2019.
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Tabela 19. Resultados médios da baridade húmida e seca e do teor em água por camada - Bloco Técnico.
3. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM - D6938 (2017). ASTM
D 6837-17: Standard Test Method for In-Place Density and Water Content of Soil and
Soil-Aggregate by Nuclear Methods (Shallow Depth).
CAPUTO, H. P., Mecânica dos Solos e Suas Aplicações: Fundamentos. 6 ed. Rio de
Janeiro: LTC – Livros Técnico e Científicos Editora S.A., 1988. 244p.
CHIOSSI, Nivaldo. Geologia de engenharia. 3 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.
421 p.
LNEC (1966). Especificação E 195-1966, Solos – Preparação por via seca de amostras
para ensaios de identificação. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
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Caracterização geológico-geotécnica de solos para aplicação em obra de reabilitação de via ferroviária
PINTO, C. S. Curso básico de mecânica dos solos. 3 ed. São Paulo: Oficina de Textos,
2006. 363 p.
TEIXEIRA, C.; MEDEIROS, A.; COELHO, A. Carta Geológica de Portugal. 5-A (Viana
do Castelo). Instituto Geográfico e Cadastral, Lisboa, 1970.
VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. 1 ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1977.
509 p.
VILLIBOR, D. F. et al. Pavimentos de baixo custo para vias urbanas: Bases alterativas
com solos lateríticos. 2 ed. São Paulo: Arte & Ciência, 2009. 196 p.
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