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KICKBOXERS
Esportes de Combate e Identidade
Masculina.
KICKBOXERS
Esportes de Combate e Identidade
Masculina.
Orientação:
Profª Drª Ondina Fachel Leal
Resumo/Abstract 5
Introdução 7
Capítulo 1. As Artes Marciais 19
1.1 A Arte da Guerra 19
1.2 Artes Marciais e Esportes de Combate 25
1.3 Artes Marciais e Indústria Cultural 28
1.4 A Organização das Artes Marciais no Campo Esportivo 35
Capítulo 2. O Full-Contact 46
2.1 Generalidades 46
2.2 Universo de Pesquisa: Os Praticantes de Full-Contact 47
2.3 A Prática Esportiva em Grupos Sociais Diferenciados 53
2.3.1 Dois Casos 55
2.4 O Lado de Dentro das Academias 59
2.4.1 O Espaço: 61
2.4.2 Uma Aula: 66
2.4.3 Uma Tarde de Lutas 74
a. O Evento 74
b. O Público 78
c. Os Lutadores 85
d. Um Combate 86
Abstract
This etnographical research approaches the practice of a sportive
fight, the "full-contact", in the city of Porto Alegre, under the
perspective of the social construction of male identity. As this sport
is practiced almost exclusively by men, this work wishes to
understand how do the shaping elements of this male identity
articulate within the environment where this sport is practiced.
Lutar e vencer em todos os
combates não é a glória suprema;
a glória suprema consiste em
vencer o inimigo sem lutar.
Assim, o tema que este trabalho aborda são estas técnicas corporais
conhecidas como "artes marciais", sob o prisma da construção da identidade
masculina. As academias onde se ensinam e aprendem estas técnicas são
tomadas aqui como um locus privilegiado para o entendimento da construção
desta identidade de gênero.
1 O conceito e a discussão sobre "técnica corporal" encontram-se no capítulo 4 desta dissertação. Ver
também Mauss (1974).
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militares estão na origem das atuais artes marciais, estas lutas disputadas entre
"adversários" (e não "inimigos"), com regras determinando os golpes válidos
estão na origem dos atuais esportes de combate, e os próprios jogos olímpicos
da Grécia antiga serviram de modelo na idealização por Pierre de Coubertin
dos chamados "jogos olímpicos da era moderna", gênese do esporte como o
conhecemos hoje.
2 A origem da Maratona é atribuída a um soldado grego que correu os 42 Km que separavam a planície
de Maratona, local de uma batalha, até Atenas, onde, após dar a notícia da vitória grega sobre os
persas, caiu morto de exaustão.
3 A maioria das informações acerca da história das artes marciais foram obtidas em Virgílio, 1986 e
Chan e Veiga, 1995. Informações complementares sobre este tema, especialmente sobre as artes
marciais chinesas, foram obtidas através de entrevistas com o professor Ruben Vieira, professor de
artes marciais e presidente da Federação Gaúcha de Kung Fu, que prepara um livro sobre o assunto.
Informações adicionais, em especial sobre a história do full-contact, foram obtidas em entrevistas com
o professor Aimoré Goulart, professor de full-contact.
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começaram a testar uma nova modalidade de luta com uma regra tal que
permitisse o confronto entre lutadores de estilos diferentes. Esta tentativa de
fazer um estilo que unisse as particularidades dos demais acabou criando um
novo estilo, com suas próprias particularidades, o full-contact. No início, o
full-contact era praticado de modo bastante parecido com o karatê, as lutas
eram realizadas em um tablado e não num ringue e as luvas eram mais leves,
de modalidades de "semi-contact", como alguns estilos de karatê. O próprio
nome da nova modalidade indica o vínculo com o karatê na sua origem:
"karatê full-contact". Aos poucos, o full-contact foi se autonomizando em
relação ao karatê. Após as primeiras lutas, que se assemelhavam a um combate
de karatê com luvas de semi-contact, as regras foram se modificando, e em
poucos anos acabaram tomando a forma atual. A divisão dos lutadores por
categorias de peso, o uso de luvas idênticas às de boxe e a realização dos
combates dentro de um ringue aproximaram o full-contact da prática do boxe,
com a diferença dos golpes de perna, totalmente derivados do taekwondo e do
karatê.
4 Asespecificidades envolvendo este teste e seu significado simbólico para os praticantes serão
assuntos tratados mais adiante nesta dissertação.
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militar americano que, tendo aprendido os segredos das artes marciais com um
mestre oriental, vai ao extremo oriente participar de um torneio de artes
marciais.
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7Kati – kata, em japonês – é uma série de movimentos predeterminados que simulam os golpes
característicos de cada estilo de arte marcial.
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legitimidade dentro do campo esportivo são reflexo "do estado das relações de
força entre as frações das classes dominantes e entre as classes sociais no
campo das lutas pela definição do corpo legítimo e dos usos legítimos do
corpo" (Bourdieu, 1983a: 142). No "campo esportivo", como em todos os
outros campos, existe uma luta entre diferentes setores da sociedade pela
legitimidade dos espaços conquistados naquele campo. Como um exemplo,
pode ser vista a difícil relação estabelecida entre a realização dos jogos
olímpicos da era moderna e a prática esportiva profissional, apenas
recentemente permitida naqueles jogos. Durante quase um século – ou seja,
durante praticamente toda a história dos jogos olímpicos modernos – só
podiam competir nos jogos olímpicos (que representavam um ideal de "espírito
esportivo" caracterizado pela distância de vantagens materiais auferidas por
meio do esporte) atletas ditos "amadores". Esta categoria se opõe à categoria
modalidade de luta esportiva ou arte marcial segue uma hierarquia que vai da
academia ao MEC. O Ministério da Educação e Cultura regulamenta a prática
do esporte no Brasil através do Conselho Nacional de Desportos (CND). A este
órgão estão ligadas todas as confederações esportivas nacionais. Uma
confederação é formada a partir da adesão de no mínimo dez federações
estaduais de uma mesma modalidade. No caso dos esportes de combate, a
maioria deles está vinculada à Confederação Brasileira de Pugilismo, que
possui um departamento para cada modalidade. Modalidades que estejam
organizadas no país inteiro, entretanto, podem se autonomizar e fundar a sua
própria confederação, como é o caso da Confederação Brasileira de Judô, hoje
desvinculada da Confederação Brasileira de Pugilismo. A nível estadual, a
organização política das práticas esportivas é similar. As modalidades de luta
mais freqüentes possuem, em cada Estado, uma federação que regulamenta sua
prática, cabendo a ela emitir alvarás autorizando determinados praticantes a
lecionar, referendar testes para passagens de degraus hierárquicos para os
praticantes, organizar competições e estabelecer os rankings amador e
profissional daquela modalidade. Em princípio, uma modalidade nova no
10 As informações acerca da organização política das modalidades esportivas foram obtidas através de
entrevistas com o sr. Vinícius Guarilha, ex-presidente da Federação Gaúcha de Pugilismo e atual
presidente da Federação Gaúcha de Full-Contact.
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2.1 Generalidades
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12 Nos esportes de combate, o detentor de um título, campeão de uma determinada categoria de peso,
detém, como símbolo de sua posição, a posse de um "cinturão", que deve ser colocado anualmente em
disputa com outros lutadores.
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13Estes exemplos referem-se à cidade de Porto Alegre. No Rio de Janeiro, onde o jiu jitsu é
extremamente popular, a situação provavelmente é diferente.
52
masculinidade por esta via. As conseqüências de seu ato (que só não foram
mais graves porque ele era réu primário) fizeram com que ele se afastasse de
lutas fora do recinto da academia, ainda que ele justifique até hoje a sua atitude
naquela ocasião e mesmo tenha um certo orgulho em contar este caso. Ele
"resolveu" a situação não por ter reavido o relógio, motivo do confronto, mas
porque "vingou" seu primo derrubando o ofensor. Segundo Dundes (1994), a
derrota em um combate implica uma espécie de "feminilização simbólica" do
derrotado. Um conteúdo desta ordem pode ser visto na frase com que Severo
descreve o efeito de seu ataque: "foi o homem". Ele "foi" porque após ser
derrubado não "é" mais homem, neste sentido.
2.4.1 O Espaço:
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14 O termo "dojô" é uma palavra japonesa que refere-se ao local onde são realizados os treinos de arte
marcial, particularmente de karatê. Como na maioria das academias são praticadas várias modalidades
de técnicas de combate, o termo japonês pode ser aplicado a outras artes marciais não-japonesas.
Neste sentido, utilizarei este termo referindo-me ao espaço onde se realizam os treinos.
15 International Sports Karate Association, uma das federações internacionais que organizam a prática
do Full-Contact, cujas regras são as mais utilizadas no Brasil.
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luvas: normais, para a prática de combate e "de foco", uma luva acolchoada,
semelhante à luva de beisebol, utilizada como alvo para socos. Junto às luvas,
outro pôster de Van Damme e, no alto, quase no limite superior das janelas,
vários "nunchakus", armas tradicionais das artes marciais, que consistem em
um par de pequenos bastões de cerca de 30 cm ligados por uma corrente de
cerca de 10 cm. Os nunchakus não são utilizados no full-contact nem no
taekwondo. Sua função na parede desta academia, portanto, é apenas
decorativa, reforçando um vínculo com a origem oriental das técnicas de
combate ali praticadas. Na ilustração abaixo, pode ser vista a disposição dos
diversos elementos no recinto da academia.
aparelhos de
musculação
saco de
pôsters
pancada Área de Treinos
(dojô) espelho
Entrada
diplomas
halteres
fotografias Vestiários
"...se tu for dar aula, tu vai ser um exemplo pros teus alunos. Além
de tu ser um exemplo, tu vai ser o espelho de quem te ensinou,
então tu vai ter que mostrar que tu é capaz daquilo ali, que tu sabe
fazer, que tu tem condições de fazer."
(Lúcio, 30 anos, porteiro)
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perna mais aberta poderá desferir os chutes mais altos e com maior eficiência.
Para obter uma boa abertura são necessários treinos freqüentes e,
principalmente, suportar a dor do tendão sendo forçado além do seu limite. Se
o praticante forçar demais, pode causar uma lesão que levará semanas para
melhorar. Se forçar pouco, para não doer, o exercício será inútil, pois o tendão
não estará sendo alongado. A obtenção de uma grande abertura de perna,
assim, exige que o praticante não apenas suporte a dor, mas que a busque
voluntariamente como uma etapa necessária para seu desenvolvimento técnico.
Como diz um provérbio americano comum entre fisiculturistas: No pain, no
gain (Klein, 1993).
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a. O Evento
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entrada
1 a
ringue
2
jurados
cadeiras b 3
arquibancada
cadeiras
b. O Público
Pelas regras da ISKA, são necessários oito chutes por round para
cada lutador, sob pena de perda de pontos. Para tanto, existem dois auxiliares
"contadores de chutes" (ver figura 2, na pág @), um para cada lutador, com
cartazes de um a oito indicando em ordem decrescente o número de chutes
desferido por cada lutador. Em um determinado combate, um dos lutadores,
em péssima situação na luta, estava "devendo" seis chutes e se aproximava o
final do round. Seus amigos e familiares começaram a gritar desesperados:
"Chuta, Ricardo, chuta!!" Ricardo não chutou, mas por absoluta falta de
condições de terminar a luta. Ele completou o round de pé, nas cordas, sob
severo ataque do adversário. Cambaleou até seu canto, seu treinador
perguntou: "Tudo bem?" Ricardo, completamente grogue, agarrado nas cordas,
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c. Os Lutadores
coluna do salão (a coluna, parede, etc, em frente ao lutador serve para dar a
noção de distância do golpe) ou simplesmente conversando com seus colegas.
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d. Um Combate
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O caráter ambíguo da fase "liminar" dos rituais é ressaltado por Turner (1974),
uma vez que durante este período, os envolvidos "escapam à rede de
classificações que normalmente determinam a localização de estados e
posições num espaço cultural" (Turner, 1974: 117).
o adversário, mas não sustentava esse olhar por muito tempo. Na denominação
estabelecida por Goffman, chama-se "maneira" os estímulos que informam
sobre o papel que um ator espera desempenhar em uma situação que se
aproxima, as maneiras de um ator podem ser arrogantes e agressivas ou
humildes e escusatórias (Goffman, 1975: 31). Vendo as "maneiras" destes dois
lutadores, eu intuí qual seria o resultado da luta... Ao soar o gongo, o lutador
com uniforme de kung fu aproximou-se de seu adversário e começou um
ataque demolidor, o rapaz apenas se defendia do jeito que conseguia, um chute
frontal, um jab, mas acabou sendo levado para as cordas, onde continuou a ser
batido. Com um golpe que atingiu-o abaixo da linha da cintura o rapaz caiu,
mas não foi configurado o knockdown por ter se tratado de um golpe ilegal,
que valeu uma advertência ao oponente. Após este golpe, a luta foi
interrompida para que o lutador recém-derrubado colocasse um protetor de
genitais, o que lhe deu um tempo para respirar. Ao final da interrupção, o outro
lutador continuou a atacar violentamente, usando todo seu repertório de
golpes, cruzados, uppercuts, socos giratórios, até que o protetor de genitais do
lutador loiro começou a cair, pois estava muito frouxo: nova interrupção. Com
o protetor de genitais devidamente apertado, a luta continuou por mais alguns
segundos até soar o gongo. No intervalo, via-se claramente o esforço do
treinador do lutador em desvantagem para dar-lhe uma tática que pudesse
reverter sua situação desfavorável no combate. Ele repetiu várias vezes, por
gestos, a conduta a ser tomada: durante o ataque do adversário, um jab para
ganhar espaço seguido de um uppercut para surpreender o oponente. Soou o
gongo para começar o segundo round. Como era de se esperar, o lutador de
calça de kung fu começou novamente com seu ataque avassalador, e seu
oponente, preocupado em não apanhar, apenas fugia, jabeava e dava chutes
frontais para tentar afastar o adversário, não conseguindo nenhuma vez utilizar
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exemplo, que ele ofenda ao outro homem no caso de receber dele uma
provocação (Pitt-Rivers, 1979: 44-45).
* No original: "...manhood is an ambivalent proposition, a cultural construct based on group needs, that
overlays and counteracts a hesitant and resisting nature. (...) The manhood pose is the social negation of
an anti-social wish to flee the rigors of work-culture."
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pejorativo deste termo e sua forma diminutiva, como índice de desprezo, ilustram
bem a análise de Chodorow acerca da desvalorização da feminilidade como
aspecto da identidade masculina. Sob esta lógica, um menino que choraminga e
reclama está na verdade pedindo proteção aos demais, pois sua habilidade no
jogo não é suficiente para fazê-lo competir em condições de igualdade com eles.
Voltando aos termos de Chodorow, este menino pede "proteção" aos demais, isto
é, solicita uma relação de dependência por não possuir a autonomia necessária
para vencer por seus próprios meios. Sob esta ótica simbólica da masculinidade,
portanto, ele não é um homem, é uma "mulherzinha". A seguir, veremos como
estas abordagens teóricas se equacionam dentro das academias, na interação com
os praticantes.
* No original: "La boxe est pour les hommes, à propos des hommes, elle est les hommes. Des hommes
qui combattent des hommes pour déterminer leur valeur, c'est-à-dire leur masculinité, excluent las
femmes."
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papel passivo. O outro, o "comedor" (geralmente o próprio ofensor) tem por esta
via um acréscimo na avaliação social de sua masculinidade por conta da
submissão de outro homem à penetração anal simbólica, como se a masculinidade
que ele nega ao outro fosse acrescida à sua própria.
* No original: "...a peculiar combination of friendliness and antagonism. The behavior is such that in
any other social context it would express and arouse hostility; but it is not meant seriously and must not
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be taken seriously. There is a pretence of hostility and a real friendliness. To put it in another way, the
relationship is one of permitted disrespect."
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Outro tema que surge com freqüência nas conversas e entrevistas com
os praticantes de full-contact pesquisados neste trabalho, é a afirmação de que a
prática do esporte de combate seria para eles uma ocasião de "botar pra fora" uma
agressividade que estaria "no sangue". Cabe ressaltar que apesar de recorrente,
esta afirmação não é unânime. Muitos praticantes procuram a academia por
motivos os mais diversos, embora eu creia que a escolha deliberada por uma
modalidade de luta esportiva indica a busca pelo confronto com outros homens,
uma maneira de aceitar desafios, correr riscos. Afinal de contas, um bom
"condicionamento físico" – motivo para praticar full-contact freqüentemente
ressaltado por praticantes deste esporte em entrevistas – também pode ser
adquirido caminhando diariamente em um parque...
"O professor tenta dar uns toques de conscientização, tipo, 'não usa
isto pro mal', ou, se o cara te chamar de pau no cu, tu diz, 'sou pau no
cu mas tou feliz, fica na tua'. Agora, se ele encostar o dedo em ti, aí,
sim, aí tu desmonta..."
(Severo, 20 anos, funcionário de transportadora)
"...depois que tu aprende uma arte marcial, uma luta, tu sabe lutar, e
tu sabe que tu sabe fazer e o que tu é capaz de fazer. Por incrível que
pareça, se tu é consciente, tu até evita de brigar, porque tu sabe o que
tu pode fazer com uma pessoa, então tu jamais vai querer fazer
aquilo ali." (Lúcio, 30 anos, porteiro)
cortesia faz parte das regras, pois, sem fazer mal ao adversário deve-
se derrubá-lo, provar-lhe que se é momentaneamente mais forte.
(Ballery, 1954: 13) *
"Ali dentro é cada um por si, no caso eu vou lá e falo com ele: 'Olha,
sinto muito, tu é meu amigo, mas ali dentro tu vai ser o meu pior
inimigo, depois na rua eu espero que a gente continue amigos...'
Amizade acima de tudo, mas dentro do ringue o negócio é outro..."
(Salomão, 22 anos, padeiro)
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mesmo menino, com um chute frontal, derrubou seu oponente, que não levantou
até o fim da contagem. Nocaute. O juiz-professor declarou o nocaute para os
jurados, levantou o braço do menino vencedor, para os aplausos do público, e,
retirando o capacete do menino nocauteado, passou-lhe a mão na cabeça e,
discretamente, abraçou-o junto à lateral do corpo, falando-lhe em voz baixa,
consolando-o. No combate seguinte, entre dois lutadores mais velhos, de cerca de
dezoito anos, após uma seqüência de chutes por cobertura de um dos lutadores, o
outro, recuando, esperou a distância certa e, com um direto fulminante no queixo,
nocauteou seu adversário. Após a sagração do vencedor, este foi abraçar seu
oponente e ambos desceram abraçados do ringue. Consolar o adversário
derrotado é considerado uma manifestação de espírito esportivo e grandeza de
caráter entre os lutadores.
16 O conceito de "fato social total"refere-se a fenômenos sociais que a um só tempo mobilizam toda
espécie de instituições de uma dada sociedade: religiosas, jurídicas, morais, políticas, econômicas, etc. O
caráter agonístico destes fenômenos faz parte deste "sistema de prestações totais", como no kula
trobriandês ou no potlatch norte-americano. Ver, neste sentido, Mauss, 1979.
113
e seus tradicionais inimigos, os Toba, deriva de uma luta "esportiva" entre dois
jovens, quando os dois grupos eram indivisos. Ao ser atingido por um golpe um
pouco mais forte do que o combinado, ou seja, ao "violar a regra", o contendor
atingido acusa o golpe desleal e vinga-se atingindo o outro com um pedaço de
pau. Do conflito gerado a partir da crescente violência entre os dois contendores,
surgiu a guerra entre as duas sociedades, que desde então rivalizam-se
mutuamente. A prática de lutas é uma das atividades preferidas deste grupo.
Segundo Clastres, ela consiste mais de agilidade do que de força, e seu objetivo é
deitar o adversário ao chão, como na modalidade olímpica chamada de "luta
greco-romana".
desistir, a menos que uma delas fique seriamente ferida. Neste povo, no caso de
alguém se sentir prejudicado em alguma questão, não há outra instância a recorrer
que os próprios punhos: os meninos são instados a lutar desde muito cedo.
Segundo Evans-Pritchard, tendo aprendido desde pequenos a resolver todas as
suas questões lutando, "eles crescem considerando a habilidade de lutar como a
realização mais necessária, e a coragem, como a virtude mais elevada" (Evans-
Pritchard, 1993: 162).
Os duelos verbais são uma das formas que os homens encontram de,
através da comparação e competição, compartilharem alguns dos
significados associados à masculinidade. (...) Responder a um jogo
verbal é reconhecer o outro enquanto um igual e, ao mesmo tempo,
assumir um papel ativo, ser agressivo, responder na hora ao
adversário. (Jardim, 1991: 198)
* No original: "El hombre es capaz de llevar su competitividad hasta el mismíssimo y más abstracto
plano intelectual: ¿qué otra cosa es la 'dialéctica' sino la lucha, a golpes de silogismos, para
(con)vencer al adversário?"
17 Os Jogos Olímpicos da Antigüidade, convém lembrar, eram uma atividade exclusivamente masculina,
ao contrário dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Na Grécia, as mulheres sequer podiam assistir aos
jogos.
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na Grécia durante cerca de doze séculos, de 776 a.C. até 393 d.C., incluíam
modalidades competitivas as mais diversas, como corridas, arremessos e luta. As
provas de luta dividiam-se em pugilato ("luta com os punhos") e pancrácio
(literalmente, "vale tudo"). Não raro, lutas de pancrácio terminavam com a morte
de um dos contendores, já que todo tipo de chaves, fraturas e estrangulamentos
eram permitidos pelas regras. Para os gregos daquela época, entretanto, a vitória
nos Jogos era um caminho para a imortalidade, uma maneira de "permanecer no
pensamento dos parentes e na recordação dos homens, através de êxitos
extraordinários" (Durantez, 1987: 8).
3.4.2 O Jogo
* No original: "Hoy, en nuestra civilización, prima, sobre todo como ejercício de la competitividad
agonal, el deporte."
118
18Ver também, neste sentido, Suárez-Orozco (1982), Gilmore (1990), Leal (1992b e 1992c) e Dundes
(1994).
120
refere-se aos desafios verbais entre meninos de modo similar a Carvalho, isto é,
os jogos (no caso, os por ela chamados "duelos verbais") proporcionariam uma
oportunidade para a manifestação simbólica de aspectos da construção da
identidade do gênero masculino. Nestes desafios entre meninos nota-se muitas
vezes a dicotomia estabelecida entre "comer" e "ser comido", isto é, entre tomar o
papel ativo e o passivo numa virtual relação homossexual entre esses meninos. O
papel ativo, como já foi visto, é sempre identificado com a atitude masculina,
sendo socialmente reconhecida como "homossexual" apenas a atitude
homossexual passiva.
* No original: "Physical strength and physical courage become identified with moral strength and moral
courage, and the willingness to fight other boys for one's rights is an emblem of manliness."
* No original: "Bragging about the size of grants won or the number of publications one has is the same
tjing, in this respect, as showcasing a massive chest with a skin-tight T-shirt."
123
uma variante mais "regrada" dos jogos e disputas infantis. Jackson (1990) associa
a prática de esportes com a infância e adolescência, "uma etapa da vida de um
homem onde a masculinidade é construída e confirmada" (Jackson, 1990: 207).
Este autor descreve a sua experiência nos esportes como carregada de valores
socialmente atribuídos à conduta masculina, como a coragem, a determinação e o
estoicismo. Segundo ele, para que um atleta seja bem-sucedido, deve desenvolver
uma personalidade bastante determinada, que o encorage a ver seu corpo "como
uma ferramenta, uma máquina ou mesmo uma arma utilizada para derrotar o
oponente" (Jackson, 1990: 210). Este autor acentua que a valorização do caráter
19
não) e de outros esportes competitivos seria uma maneira de criar uma espécie de
"hierarquia de poder entre os homens". Em relação ao mesmo tema, Lévi-Strauss
(1976) refere-se ao jogo como uma atividade "disjuntiva", isto é, ele resulta na
criação, pelos fatos do jogo, de uma "divisão diferencial" entre os jogadores. No
início de uma partida, os competidores encontram-se em igualdade de condições.
Quando esta chegar ao fim, os participantes estarão distinguidos entre vencedores
e perdedores (Lévi-Strauss, 1976: 54). Cria-se assim uma hierarquia de valor num
dado domínio entre os adversários, ainda que temporária.
Para este autor, a lógica interna dos combates singulares é uma lógica
de destruição real ou simbólica do corpo do adversário. O sistema de pontuação
se baseia de modo inequívoco sobre a demonstração direta desta superioridade
corporal: a vitória é dada ao maior número de toques no corpo do oponente
(como na esgrima e kendô), por queda, estrangulamento, projeção ou
imobilização (como no judô ou jiu-jitsu) ou por colocar o adversário fora de
combate, por nocaute (como no caso do boxe e do full-contact).
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adversário (nos mitos, este conteúdo aparece muitas vezes de forma literal). No
caso dos esportes de combate, uma derrota por nocaute pode representar de modo
quase literal este conteúdo simbólico inerente ao espírito do jogo: por vezes, um
dos lutadores fica estirado no piso do ringue, inconsciente da vitória de seu
oponente.
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Assim, pode ser visto como através de uma prática esportiva podem
ser traçadas divisões hierárquicas acerca da identidade masculina, uma espécie de
ranking simbólico da masculinidade.
* No original: "Because it symbolizes all other skills, wrestling ability is, above all, the measure of a man
and a symbolic arena for self-promotion. (...) Among the Mehinaku, defeat and victory in sports are
therefore more than tickets in an inconsequential lottery; nor is wrestling simply a recreation. The
contests indicate a man's worth as a functioning adult and are undelible signals of his potential."
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"...eu pratico Full-Contact porque me sinto bem com isso, não pra
mim sair agredindo os outros na rua nem pra mim ficar dizendo: 'Ah,
eu sou mais do que tu, tu é mais um otário'".
(Alexandre, 22 anos, auxiliar de escritório)
"Eu faço full-contact pra me sentir bem, é um hobby. Tem três tipos de
pessoa, um que faz luta pra ser o cara, outro que faz luta pra
campeonato, pra ser o campeão e outro que faz pra se sentir bem."
(Salomão, 22 anos, padeiro)
"Eu sempre gostei de lutar com cara melhor que eu, um cara que tem
fama, já, porque aí, vá que dê uma casualidade de perder a luta, não
vai 'ficar xarope' ['pegar mal'], agora, se tu ganhar, melhor ainda.
Acho que é por isso que eu subi tão rapidamente, os adversários que
eu peguei sempre estavam acima, sempre cara com fama. Eu luto há
quatro anos e já tenho este título aí, agora tô começando no
profissional." (Carlos, 20 anos, cobrador de ônibus)
dentro destes grupos, mas a busca da glória alcançada pelos feitos militares, cada
vez mais audaciosos. A busca de suplantar seus pares em feitos gloriosos leva
estes guerreiros invariavelmente à morte em combate. Assim, para este autor – no
que pode ser traçado um paralelo com a análise de Chodorow –, o modo de vida
do guerreiro opõe-se de modo radical à condição feminina. As mulheres nestas
sociedades seriam "seres para a vida", que concebem, fazem nascer e conservam
vivos os filhos destes grupos, enquanto que os guerreiros seriam "seres para a
morte", onde o objetivo de sua existência é a morte dos inimigos, de modo cada
vez mais audacioso e destemido, que acaba conduzindo-os a uma morte
prematura. Pode ser notado que na sociedade primitiva o preço da audácia
crescente perante o inimigo é a morte do guerreiro.
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Sob este mesmo prisma, pode ser visto o sinal pelo qual é entendido
que um lutador está em condições de continuar o combate após um knockdown,
uma queda que não resulta em nocaute. Ao cair um dos lutadores, o árbitro afasta
o contendor que derrubou o oponente para um canto neutro do ringue. Inicia,
então, a chamada "contagem protetora", em voz alta, de um até oito. Neste
intervalo de tempo, o lutador derrubado deve levantar do chão e manifestar ao
árbitro suas condições de permanecer no combate, levantando as luvas até a
altura do rosto, ou seja, mostrando que a sua "guarda" está "alta". Não aquela
demontração incontestável de superioridade, o braço erguido do vencedor, mas a
recusa em ficar no chão, o desejo de prosseguir até o fim, manifestado pelo
braço/arma erguido, em posição de voltar ao combate. A recusa de um lutador em
abandonar o combate contra um adversário mais qualificado, tentando levar a luta
para uma derrota por pontos ou mesmo "vingar-se" do knockdown nocauteando o
oponente, é valorizada pelos espectadores que, como já foi visto, interpretam
como "valentia" esta atitude. Levantar após um knockdown e prosseguir de pé até
o fim da luta significará na certa uma derrota por pontos, mas concede ao lutador
que soube superar a queda a fama de "valente", um valor de ordem moral:
independente da derrota no combate, sua "honra" está assegurada.
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protegendo o lutador.
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cintura dos praticantes, neste sentido, são indicadores da posição relativa de cada
lutador neste processo de culturalização da natureza.
assistentes, mas seu possuidor também, como se ele em pessoa tivesse fugido ao
combate. Esta relação simbólica do galo como "representante" ou "duplo" do seu
20 Devido a um traumatismo craniano, um galo pode "piar feito galinha", isto é, cacarejar. Isto se deve
exclusivamente ao traumatismo sofrido, e não por uma eventual "perda dos atributos masculinos", que,
além dos biologicamente dados, animal algum possui. Os "galistas" (possuidores dos galos) são cientes de
que o "piar feito galinha" é decorrência de um dano fisiológico, mas o evidente conteúdo simbólico de
"feminilização do adversário" é mais forte: se um galo "piar feito galinha" ele e seu dono estão
desonrados.
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possuidor é notada por diversos autores que analisaram este evento, como Geertz
(1978), Teixeira (1992), Cook (1994) e Dundes (1994).
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21 O termo "fazer", no sentido de ensinar e treinar um lutador, é êmico e, no meu entender, bastante
significativo. Ele implica no fato de que o desempenho do lutador é, em grande parte, "obra" do treinador,
que, assim, encontra-se "representado" dentro do ringue pelo "seu" lutador, de modo análogo ao "galista"
cujo galo está na rinha.
143
ambos os times foram "penetrados" desta forma simbólica; então, para manter os
termos desta interpretação, ambos os times foram, a seu tempo, "feminilizados"
pelo oponente. Neste caso, seria "mais macho" o time que foi "menos
penetrado"? Assim, creio que tal "feminilização simbólica", conforme descrita
nas análises de Dundes e Suárez-Orozco, seja efetivamente uma interpretação
procedente, embora ela seja aplicável com mais propriedade em alguns casos.
lugar do próprio país ("A Argentina jogou hoje contra a Colômbia"). Assim,
usando dos termos da análise de Suárez-Orozco, naquela ocasião "a Argentina"
foi simbolicamente "feminilizada" pela Colômbia, perdendo, além do jogo, um
importante fator simbólico da sua identidade masculina. Como no campo de jogo,
único local onde a "vingança" desta "ofensa" poderia ocorrer, a seleção argentina
não fez mais do que ser dominada pelo time adversário, a analogia do cronista
tem sua razão de ser.
isto suficiente para afirmar que estes eventos esportivos na verdade simbolizam
uma relação entre dois homossexuais em que ambos são "penetrados"? Não creio.
que se refere aos usos e consumos sociais referentes ao corpo, não apenas em
termos de necessidade e consumo médicos, mas também em atividades de lazer,
como o uso do tempo de férias e a prática de esportes (Boltanski, 1984: 117).
Para este autor, o consumo de bens e serviços esportivos será diferenciado em
função do pertencimento a diferentes classes sociais:
e eficácia próprias, com toda uma estrutura de reprodução de seus valores, como
as "escolinhas" de futebol e as academias de arte marcial.
"A pessoa que faz fisiculturismo, ela não pratica artes marciais, acho
muito difícil, fica muito dura, endurece muito, ela fica lenta. (...)
Fisiculturismo pra disputa termina ficando grande só em cima, e em
baixo fica fininho, as pernas ficam grossas, só que fica lento, eu acho
que não vai ter desenvoltura nenhuma em artes marciais, seja qual
for." (Lúcio, 30 anos, porteiro)
"... eu já fiz uns hematomas, mas nunca quebrei nada, só tomei umas
pancadas, resolve com um pedaço de gelo. Normal, eu não esquento a
cabeça com isso, faz parte, tu pode acertar um colega e machucar
como pode ele te acertar e machucar, eu levo tudo no coleguismo,
porque eu sei que ele não vai me machucar por querer, e eu também
ajo da mesma forma." (Benedito, 24 anos, funcionário público)
156
"vamos lá, isso aqui é uma luta, tem que se bater, depois toma uma
cervejinha junto, faz as pazes, mas agora tem que se bater".
Dessa forma, vemos que a prática do combate oscila entre o "tem que
bater" e o "não pode sangrar", um limite estreito, mas que os praticantes
reconhecem e mantêm-se inseridos nele. Entre todos os participantes
entrevistados, existe um consenso sobre a idéia de que eventuais lesões
decorrentes da luta "fazem parte", assim como a resistência à dor, "assimilar o
golpe", é uma virtude necessária a um bom lutador.
que deve mostrar estoicismo durante sua realização. Este dado é recorrente em
entrevistas, especialmente dos faixa-pretas mais antigos, que realizaram este teste
em São Paulo, sob a supervisão do próprio Sérgio Batarelli, criador desta prova.
Apesar do candidato estar treinado e, é claro, disposto a não ser surrado, sua
desvantagem em relação a três adversários descansados e que, além disso, não
arriscam nada, é mais do que evidente, como mostra o depoimento de um
professor entrevistado, que prestou este exame em São Paulo:
"O objetivo deste exame é ver se o cara está preparado. E também faz
pra sofrer, tem que sofrer, porque depois que passa o exame, a coisa
fica mais fácil. (...) Tem que saber os limites, ver até onde o cara
agüenta." (Nicolau, 44 anos, professor de full-contact)
"É como se fosse uma provação, como se fosse assim uma cerimônia,
no final quase se torna uma cerimônia. (...) É um ritual assim, sádico;
sadismo ou não, prazeroso, só pra tu chegar no final vendo que tu
conseguiu passar por aquilo ali. Passar por aquilo é necessário, é a
prova." (Lúcio, 30 anos, porteiro)
Desta forma, vemos que o exame para a passagem à faixa preta, nestas
academias, mutatis mutandi, apresenta várias das características associadas a
rituais de iniciação de sociedades primitivas, como a valorização social do
estoicismo, a submissão às regras tradicionais e o pertencimento social decorrente
da passagem pela "prova".
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"essa parte é meio bruta, mas eu acho certo. Eu nunca parei pra
pensar nisso, eu nunca questionei. Na verdade, eu penso assim, se eu
estou nesta arte marcial, eu estou aqui pra obedecer às regras que me
foram impostas, então por exemplo, eu estou pensando em entrar pro
taekwondo, tem um cara que é faixa-preta, que eu conheço, o cara me
disse que pra faixa-preta ele quebrou não sei quantas telhas. Eu
nunca dei soco em madeira, tô me imaginando quebrando telha, pra ti
ver que estranho, mas é uma característica da arte deles, se pra ti ser
preta, tem que fazer aquilo, então se faz."
(Severo, 20 anos, funcionário de transportadora)
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Conclusão
uma aula ministrada pelo candidato. Ao fazer o teste para a faixa-preta nestas
academias, em geral o lutador já possui diversas passagens "oficiais" pelo ringue
da federação. Seu objetivo não é a faixa em si, mas a busca do "cinturão" de sua
categoria de peso e, mesmo a associação do exame a uma aula manifesta uma
relação "profissional" com o esporte, na qualidade de professor, alternativa
profissional considerada válida entre os praticantes deste grupo.
qualidades valorizadas num lutador) nada mais é do que agir como se o golpe não
tivesse ocorrido, ou seja, desprezar a dor. Freqüentemente, os praticantes
referem-se a contusões e lesões diversas derivadas do combate, mas com um
vago desinteresse, e mostram as cicatrizes obtidas na luta com orgulho, como
medalhas de guerra, emblemas de uma atitude masculinizante.
Referências Bibliográficas
W
Wacquant, L. J. D., 68; 100; 154
Z
Zen-budismo, 26; 161
Anexo: Glossário de Termos Usuais no Full-Contact
ASHIBARAI: Golpe que consiste em uma rápida rasteira pelo lado interno do pé
do oponente, aplicado no pé que está à frente do lutador. É usado visando
provocar uma queda por desequilíbrio.
ASSALTO: ver ROUND
CANTO NEUTRO: O ringue tem quatro cantos. Em dois deles, diametralmente
opostos, ficam o treinador e o "segundo" (v.) de cada lutador. Os outros dois
são os cantos neutros, para onde vão os lutadores quando se abre uma
contagem protetora. (v.)
CHUTE GIRATÓRIO: É um chute alto, aplicado com o peito do pé, que atinge o
adversário após o lutador completar uma volta completa sobre si mesmo, de
modo a acrescentar velocidade ao chute.
CHUTE GIRATÓRIO COM SALTO: Semelhante ao anterior, com a diferença
que o lutador, antes de começar o giro, salta, de modo a realizar todo o
movimento enquanto está no ar. Golpe difícil de ser aplicado com sucesso.
CHUTE POR COBERTURA: Consiste em um chute alto, com um pé apoiado no
chão. O pé que chuta descreve um movimento circular lateral, visando atingir
o adversário com a lateral do pé.
CLINCH: Recurso de defesa que consiste em "abraçar" o adversário, agarrando
seu corpo e braços de modo a evitar a continuação de um ataque ou para
quebrar o ritmo de uma luta.
CONTAGEM PROTETORA: Interrupção de uma luta pelo árbitro, quando um
lutador é derrubado ou está sem condições de se proteger do ataque
adversário. Os lutadores são levados para os "cantos neutros" (v.) do ringue e
o árbitro conta de um até oito. Se, ao chegar a oito, o lutador manifestar
condições de prosseguir na luta, erguendo os punhos, a luta prossegue. Caso
contrário, é declarado o nocaute (v.)
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