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Cálculo III

Rafael da Silva Valada

Organizado por Universidade Luterana do Brasil

Cálculo III

Rafael da Silva Valada

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA


Canoas, RS
2016
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Astomiro Romais,
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Cristina Gedrat
Kauana Rodrigues Amaral
Luiz Carlos Specht Filho
Mara Lúcia Salazar Machado
Maria Cleidia Klein Oliveira
Thomas Heimann

Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil.


Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

Dados técnicos do livro


Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Ane Sefrin Arduim
Apresentação

D esde muito tempo, a humanidade desenvolvera a ideia fundamental


do cálculo diferencial e integral. Arquimedes, em 300 A.C, já tra-
balhava intuitivamente com o conceito de limite ao tentar avaliar a área
de um círculo através da construção de polígonos internos e externos ao
círculo e calculando as médias entre as áreas dos mesmos. O limite estava
em ir aumentando o número de lados do polígono. É interessante observar
que um dos grandes feitos do cálculo diferencial foi a obtenção da área
abaixo de curvas num plano cartesiano, e, assim, a área exata do círculo
pôde ser apurada.

Issac Newton e Gotfilde Leibneiz desenvolveram o ferramental matemáti-


co para a construção do cálculo diferencial para funções de uma variável real
e, neste livro, veremos a extensão de seus trabalhos para funções de duas ou
mais variáveis. Para isso, começaremos por fazer uma definição apropriada
para funções de duas ou mais variáveis e objetos que as definem, como o do-
mínio de definição, bem como gráficos de funções de duas ou mais variáveis.

Posteriormente, repetindo os passos da construção do cálculo diferen-


cial e integral para uma variável, definiremos o processo de limite para
funções de duas variáveis e, subsequentemente, o operador da derivada
parcial, que é uma generalização das derivadas que já aprendemos em
cursos anteriores de cálculo. Veremos a aplicação das derivadas parciais
à obtenção de pontos críticos de funções multivariadas, e a construção de
um novo objeto matemático chamada derivada direcional. Mais geral que
a derivada parcial, a derivada direcional implica na definição do chamado
gradiente de uma função.

O gradiente é uma função vetorial que indica a direção em que ocorre


a maior taxa de crescimento de uma função, ou a menor taxa de cresci-
mento de uma função.
Apresentação  v

Por fim, estenderemos as operações de integrais anteriormente defini-


das para funções de uma variável e para funções de duas ou três variáveis,
levando às definições de integrais duplas e triplas.

Essas novas integrais herdam as propriedades de linearidade das inte-


grais simples, quando a operação é sobre constantes e somas.

Se a integral simples representa geometricamente a área abaixo de uma


curva contínua no plano cartesiano, a integral dupla representa geometrica-
mente o volume abaixo de superfície representado no espaço tridimensional.

Integrais duplas também são amplamente usadas na obtenção da área


entre curvas, bem como integrais triplas são usadas para obtenção do vo-
lume de sólidos.

Neste livro, procurou-se ser o mais objetivo possível quanto a defini-


ções e provas de teoremas, e também na resolução de exemplos resolvidos.
Tendo em vista que o aprendizado em Matemática se dá através do conhe-
cimento e do pleno exercício deste conhecimento, o livro apresenta uma
série de exercícios resolvidos, de modo que algumas questões de exemplo
são resolvidas no próprio corpo do livro, e outras são resolvidas através de
vídeos, chamados Videoexemplos, que serão devidamente disponibilizados
na plataforma virtual da disciplina.

Tenhamos um bom trabalho em nossos estudos, buscando sempre o


prazer e a diversão ao estudar Matemática. O matemático francês Hery Poin-
caré dizia que o matemático nasce matemático e que o estudo apenas revela
suas habilidades ocultas. Pois bem: deixemos, então, que nossas habilidades
mais naturais sejam afloradas ao estudarmos cálculo multivariado.
Sumário

1 Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital..........................1


2 Integrais Impróprias.............................................................19
3 Funções de duas ou mais Variáveis Reais.............................32
4 Limites de Funções de Duas Variáveis...................................61
5 Derivadas Parciais................................................................72
6 Regra da Cadeia e suas Aplicações......................................93
7 Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis.............115
8 Gradiente e Derivada Direcional........................................127
9 Integrais Duplas e suas Aplicações.....................................146
10 Integrais Triplas e suas Aplicações......................................164
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 1

Formas Indeterminadas
e Regra de L’Hôpital

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
2   Cálculo III

Introdução

Neste capítulo, estudaremos limites que recaem em formas in-


determinados. De certa maneira, já estudamos esses casos em
disciplinas iniciais de cálculo diferencial e integral, mas sem
aplicação de uma técnica robusta que funcionasse para todos
os casos. Indeterminações do tipo zero sobre zero, ou infinito
sobre infinito, eram resolvidas com alguns algoritmos de reso-
lução ou simplificações algébricas. Veremos que estes casos
eram expressões de uma regra mais geral, chamada de Regra
de L’Hôpital.

1 Formas indeterminadas

Admita o limite

sin ( x )
lim (1)
x →0 x

Neste caso, as técnicas já estudadas para obtenção de


limites, a saber, inspeção direta ou manipulações algébricas
apropriadas, não funcionam.

O que torna o limite 1 problemático é o fato de o numera-


dor e o denominador tenderem ambos a zero, levando a uma
0
indeterminação do tipo .
0
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    3

Neste caso específico, podemos construir um raciocínio


que levará à solução de nosso problema: sabemos que à me-
dida que x → 0 , a função seno pode ser próxima de seu pró-
prio argumento, ou seja, para x pequeno sin( x) ≈ x . Isso é
equivalente a obtermos aproximações lineares locais para a
função sin( x) .

Lembre que se uma função f ( x) for diferenciável em um


ponto x0 , então para valores x → x0 temos a aproximação:

f ( x) ≈ f ( x0 ) + f ' ( x0 )( x − x0 ) (2)

E quanto mais próximo x estiver de x0 melhor é a aproxi-


mação.

Admitindo que f ( x) = sin( x) e que x0 = 0 temos:

sin( x) ≈ sin ( 0 ) + cos(0) ( x − 0 ) = x

E, assim, podemos fazer:

sin ( x ) x
lim = lim = lim1 = 1 (3)
x →0 x x →0 x x →0

Resolvendo o limite. Observe que se aplicarmos a aproxi-


mação linear local ao denominador do limite 1, ou seja, a x
obtemos a própria função x .

Com intuito de obter uma regra geral que possa ser apli-
cada a qualquer caso vamos estender a ideia da aproximação
linear local para um grupo maior de funções.
4   Cálculo III

2 Regra de L’Hôpital

Admita que o limite:

f ( x)
lim (4)

x → x0 g ( x)
0
seja uma forma indeterminada do tipo , ou seja:
0
lim f ( x) = 0, lim g ( x) = 0.
x → x0 x → x0

Admita, também que as funções f ( x) e g ( x) sejam dife-


renciáveis em x = x0 e que f '( x) e g '( x) sejam contínuas em
x = x0 .
A diferenciabilidade de f ( x) e g ( x) em x = x0 garante a
continuidade das funções neste ponto e a implicação:

f ( x0 ) = lim f ( x) = 0, g ( x0 ) = lim g ( x) = 0.
x → x0 x → x0

Por fim, a continuidade de f '( x) e g '( x) em x = x0 im-


plica:

f '( x0 ) = lim f '( x), g '( x0 ) = lim g '( x).


x → x0 x → x0

Neste ponto, aplicaremos as aproximações lineares locais


de f ( x) e g ( x) , ao limite 4, analogamente ao que fizemos
com o limite 1 e, assim, obtém-se:
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    5

f ( x) f ( x0 ) + f ' ( x0 )( x − x0 )
lim = lim (5)
x → x0 g ( x) x → x0 g ( x0 ) + g ' ( x0 )( x − x0 )

Observe que f ( x0 ) = 0, g ( x0 ) = 0. e podemos fazer:

f ( x) f ' ( x0 )( x − x0 )
lim = lim (6)
x → x0 g ( x) x → x0 g ' ( x0 )( x − x0 )

Finalmente, simplificando os termos x − x0 que aparecem


no limite à direita da igualdade, temos:

f ( x) f ' ( x0 )
lim = lim (6)
x → x0 g ( x) x → x0 g ' ( x0 )

A equação 6 é conhecida como a Regra de L’Hôpital.

Observe que aplicando a regra de L’Hôpital ao limite 1,


obtemos imediatamente:

sin ( x ) cos( x)
lim = lim = lim cos( x) = 1 (7)
x →0 x x →0 1 x →0

Na prática, podemos aplicar a regra de L’Hôpital, enquan-


to as indeterminações acontecerem no limite, mas não sim-
plesmente.

Resta definirmos na forma de uma proposição ou teorema


o resultado acima para possíveis casos de indeterminação. A
seguir veremos tais casos.
6   Cálculo III

3 Tipos de formas indeterminadas


0
3.1 Forma do tipo
0
Teorema 1: suponha que lim represente um dos limi-
tes lim, lim+ , lim− , lim , lim , e que lim f ( x) = 0 e
x→a x→a x→a x →+∞ x →−∞

lim g ( x) = 0 . Se lim  f ' ( x0 ) g ' ( x0 )  tem um valor finito L ,


ou se este limite for +∞ ou −∞ , então:

f ( x) f ' ( x0 )
lim = lim (8)
x → x0 g ( x) x → x0 g ' ( x0 )

Exemplos:
1) Em cada questão, confirme a forma indeterminada do tipo
0
e use a regra de L’Hôpital para seu efetivo cálculo:
0
x2 − 4
a) lim
x→2 x−2

sin(2 x)
b) lim
x →0 x

1 − sin( x)
c) lim
x→
π cos( x)
2

−4
x 3
d) lim
x →+∞
( x)
sin 1
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    7

tan( x)
e) lim−
x →0 x2

1 − cos( x)
f) lim
x →0 x2

Resoluções:

x2 − 4 22 − 4 0 2x
a) lim ⇒ lim = ⇒ lim = lim 2 x = 4
x→2 x−2 x→2 2 − 2 0 x→2 1 x→2

b) Videoexemplo

π 
1 − sin  
lim
1 − sin( x)
= lim  2  = 0 ⇒ lim − cos ( x ) = lim cos ( x )
π  x → − sin ( x ) x → sin ( x )
π cos( x ) π 0 π π
x→ x→
2 2 cos   2 2
2
c)
π 
cos  
= lim  2 = 0 =0
x→
π π  1
2 sin  
2

d) Videoexemplo

e) tan( x) tan(0) 0 sec 2 ( x) sec 2 (0) 1


lim− 2
= lim− 2
= ⇒ lim− = lim− = lim− = ∃
x →0 x x →0 0 0 x →0 2x x →0 2⋅0 x →0 0

f) Videoexemplo


3.2 Forma do tipo

Teorema 2: suponha que lim represente um dos limi-
tes lim, lim+ , lim− , lim , lim , e que lim f ( x) = ∞ e
x→a x→a x→a x →+∞ x →−∞
8   Cálculo III

lim g ( x) = ∞ . Se lim  f ' ( x0 ) g ' ( x0 )  tem um valor finito L ,


ou se este limite for +∞ ou −∞ , então:

f ( x) f ' ( x0 )
lim = lim (8)
x → x0 g ( x) x → x0 g ' ( x0 )

Exemplos:
2) Em cada questão, confirme a forma indeterminada do tipo

e use a regra de L’Hôpital para seu efetivo cálculo:

a)

ln( x)
b) xlim
→ 0+  1 
 sin( x) 
 

x3 + 4 x 2 − x
c) lim
x →+∞ x3

d)

e3 x
e) lim
x →+∞ x 3

f)
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    9

Resoluções:
x ∞ 1 1
a) lim x
= ⇒ lim x = lim ∞ = 0
x →+∞ e ∞ x →+∞ e x →+∞ e

b) Videoexemplo

c)

d) Videoexemplo
e3 x ∞ 3e3 x ∞ 9e3 x ∞ 27e3 x
e) lim = ⇒ lim = ⇒ lim = ⇒ lim =∞
x →+∞ x 3 ∞ x →+∞ 3 x 2 ∞ x →+∞ 6 x ∞ x →+∞ 6

f) Videoexemplo

3.3 Forma do tipo 0 ⋅ ∞ e ∞ − ∞


As indeterminações do tipo 0 ⋅ ∞ e ∞ − ∞ podem ser resolvi-
das, às vezes, através de manipulações algébricas que levam
às formas indeterminadas 1.3.1 e 1.3.2, e então se utiliza a
regra de L’Hôpital para a conclusão.

Primeiro, vamos observar por qual razão 0 ⋅ ∞ e ∞ − ∞ são


formas indeterminadas:

ÂÂAdmita o limite:
10   Cálculo III

lim x ln( x) (1.9)


x → 0+

Aplicando propriedades de limites podemos escrever:


(1.10)

E daí segue a indeterminação, pois temos limites confli-


tantes: enquanto o primeiro tende a zero o segundo tende a
infinito.

ÂÂConsidere o limite:

1 1 
lim+  −  (11)

x →0
 x sin( x) 

Neste caso, também temos um caso de limites conflitantes,


pois enquanto um “puxa” para cima o outro “puxa” para baixo.

Exemplos:
3) Calcule os limites abaixo:
a) lim+ x ln( x)
x →0

b) lim+ (1 − tan( x) ) sec( x)


x →0

1 1 
c) lim+  − 
x →0
 x sin( x) 

d) lim  x 2 + x − x 
x →+∞  
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    11

1
e) lim+ ⋅x
x →0 x

 1
f) lim+  x ⋅ 
x →0  x

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo

c)

d) Videoexemplo

1 1 x
e) lim+ ⋅ x = ∞ ⋅ 0 ⇒ lim+ ⋅ x = lim+ = lim+ 1 = 1
x →0 x x →0 x x →0 x x →0

f) Videoexemplo
12   Cálculo III

3.4 Formas do tipo 00 , ∞ 0 , 1∞


As formas indeterminadas do tipo 00 , ∞ 0 , 1∞ também mos-
tram um caráter indeterminado por indicarem limites conflitan-
tes em sua essência.

Novamente, as soluções às vezes podem ser obtidas por


0 ∞
manipulações algébricas que recaiam nas formas ou .
0 ∞
g ( x)
Então, para calcularmos lim f ( x) , faremos:
x→a

y = lim f ( x) g ( x )
x →a

Aplicando logaritmo natural nos dois membros da igual-


dade:

Reescrevendo:

Aplicando a propriedade do logaritmo da potência:


Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    13

Transformando na forma de potência:

O problema consiste em resolver o expoente


.

Exemplos:
4) Calcule os limites abaixo:
1
a) lim (1 + x ) x
x →0

( )
1
b) lim e x + x x
x →0

x
 3
c) lim 1 − 
x →+∞
 x

1
d) lim+ ⋅x
x →0 x
x
e) lim+ x
x →0

 1
f) lim+  x ⋅ 
x →0  x
14   Cálculo III

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo

c)

d) Videoexemplo

e)

f) Videoexemplo
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    15

Recapitulando

Neste capítulo, estudamos operações com limites indetermina-


0 ∞
dos nas formas e . Vimos que tais indeterminações po-
0 ∞
dem ser resolvidas com a chamada regra de L’Hôpital, que
afirma que tais indeterminações são resolvidas ao calcularmos
as derivadas de numerador e denominador que geraram essas
indeterminações.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. Gabarito: 2, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v. 1. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx


16   Cálculo III

Atividades

Resolva os limites abaixo:


2
1) lim x − 49
x →7 x − 7

2
2) lim x − 6 x + 9
x →3 x 2 − 7 x + 12

3) lim
cos( x) + 2 x − 1
x →0 3x

4) lim+ x 2 ln( x)
x →0

5) lim+ ( 2 x − π ) sec( x)
π
x→
2

1
6) lim (1 + 3 x ) 2x
x → 0+

7) lim+ [ cossec( x) ]
sin( x )

x →0

8) lim+ x1 ln( x )
x →0

9) lim+ x sin( x )
x →0
Capítulo 1    Formas Indeterminadas e Regra de L’Hôpital    17

10) lim x1 x
x →∞

x2
11) lim
x → ∞ ln( x )

1 − cos( x)
12) lim
x →0 sen( x)

sen(1 / x)
13) lim
x →∞ arctg (1 / x)

14) lim ( x ( 1)cot g ( x )


x →0

15) lim x.[cos(m / x) − 1]


x →∞

x
 3
16) lim 1 ( 
x →∞
 x

17) lim( [( x − 1). ln( x − 1)]


x →1

Gabarito
1) 14
2) 0
2
3)
3
4) 0

5) −2
18   Cálculo III

6) e 3 2
7) 1
8) e
9) 1
10) 1

11) ∞

12) 0

13) 1

14) – e

15) 0

16) e 3

17) 0
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 2

Integrais Impróprias

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
20   Cálculo III

Introdução

Neste capítulo, veremos como podemos aplicar o teorema


fundamental do cálculo, mesmo que os limites de integração
sejam infinitos ou quando há pontos de descontinuidade da
função, a qual estamos integrando. A solução prevê utilizar-
mos a operação de limite juntamente com a operação de in-
tegral.

1 Integrais Impróprias

O teorema fundamental do cálculo afirma que se f for con-


tínua em [ a, b ] e F for uma antiderivada de f em a, b então

∫ f ( x)dx = F (b) − F (a) (1)


a

Observe que, caso nossa integral possua limites no infinito,


o teorema não se aplica, visto que o infinito não é um número,
mas, sim, uma ideia, e não está sujeito às operações básicas
da aritmética.

Outra questão é se a função f ( x) possui uma desconti-


nuidade infinita no intervalo fechado [ a, b ] , ou seja, a função
tende ao infinito para um ponto c pertencente a [ a, b ] . Para
esses casos, chamamos a integral de imprópria, por possuir
uma impropriedade invalidando a aplicação do teorema fun-
damental do cálculo.
Capítulo 2   Integrais Impróprias   21

Este aparente problema será resolvido com a inserção da


operação de limite em nossas integrais.

2 Integrais sobre intervalos infinitos

Uma integral imprópria com intervalos infinitos pode possuir as


seguintes formas:

∫ f ( x)dx (2)
a

∫ f ( x)dx (3)
−∞

∫ f ( x)dx (4)
−∞

3 Integrais com pontos de


descontinuidades infinitas

Uma integral imprópria com intervalos descontínuos infinitos


pode possuir as seguintes formas:

∫ f ( x)dx (5)
a
22   Cálculo III

quando f (c) representa uma descontinuidade infinita de


f ( x) e c pertence a [ a, b ] .
b

∫ f ( x)dx (6)
a

quando f (a ) representa uma descontinuidade infinita de


f ( x) .
b

∫ f ( x)dx (7)
a

quando f (b) representa uma descontinuidade infinita de


f ( x) .

4 Resolução de integrais impróprias

Para uma integral imprópria temos duas possibilidades:

ÂÂA integral converge: dizemos que a integral converge


quando suas partes constituintes convergirem para um
valor real.

ÂÂA integral diverge: dizemos que a integral diverge


quando suas partes constituintes divergirem, ou seja, re-
sultarem em um valor infinito.

Para a devida resolução, ou seja, para transformarmos as


impropriedades apresentadas nas equações 2 a 7, devemos
introduzir a operação de limites nas integrais:
Capítulo 2   Integrais Impróprias   23

ÂÂIntegrais sobre intervalos infinitos

∞ β

∫ f ( x)dx = βlim ∫ f ( x)dx (8)


→+∞
a a

b b

∫ f ( x)dx = lim
β →−∞ ∫β f ( x)dx (9)
−∞

∞ c β

∫ f ( x)dx = lim
β →−∞ ∫β f ( x)dx + βlim ∫ f ( x)dx (10)
→∞
c
−∞

onde c representa qualquer número real.

ÂÂIntegrais sobre descontinuidades infinitas

se f (a ) representa uma descontinuidade infinita de f ( x) .

se f (b) representa uma descontinuidade infinita de f ( x) .

b β b

∫ f ( x)dx = βlim ∫ f ( x)dx + lim ∫β f ( x)dx


a
→c −
a
x →c +
(10)

se f (c) representa uma descontinuidade infinita de f ( x) .


24   Cálculo III

Exemplos:
1) Calcule as integrais abaixo:

1
a) ∫ ( x − 1)
2
2
dx

0
b)
∫e
−x
dx
−∞


dx
c) ∫x
1
3

∫e
−x
d) sin( x)dx
0


x
e) ∫ dx
( x 2 + 1)
2
−∞

f) ∫ xdx
−∞

1
g) 1
∫ x dx
0

7
1
h) ∫ 2
dx
−2 ( x + 1) 3
Capítulo 2   Integrais Impróprias   25

3
1
i) ∫
0 3− x
dx

4
1
j) ∫ ( x − 3)
0
2
dx

k) ∫ dx

1
1
l) ∫
0 1− x
dx

Resoluções:
∞ β
1 1
∫ ( x − 1)
2
2
dx ⇒ lim ∫
β →∞
2 ( x − 1)
2
dx

____________________________________
1 du
∫ ( x − 1)2 dx ⇒ u = x − 1 ⇒ dx = 1 ⇒ du = dx
a) 1 1 u −1 −1 −1
∴∫ dx = ∫ du = ∫ u −2
du = = =
( x − 1)
2
u2 −1 u x − 1
____________________________________
β β
1  −1   −1   −1  
lim ∫ dx = lim   = lim  − 
2 ( x − 1) 2 β →∞  β − 1   2 − 1  
2 β →∞ x − 1
β →∞

1 1
= 0 + 1 = 1 ⇒ a integral converge
2 2
26   Cálculo III

b) Vídeoexemplo
∞ ∞
dx dx
∫1 x3 ⇒ βlim
→∞ ∫
1
x3
____________________________________
dx x −2 −1
∫ ∫
−3
3
= x dx = = 2
c) x − 2 2x
____________________________________
∞ β
dx  −1   −1   −1  1 1
lim ∫ = lim  2  =  2  −   = 0+ =
1  2β   2 ⋅1 
β →∞ x 3 β →∞ 2 x 2
1  2 2
⇒ a integral converge

d) Videoexemplo
∞ 1 β
x x x
∫ dx = lim ∫β dx + lim ∫ dx
(x + 1) (x + 1) (x + 1)
2 2 β →−∞ 2 2 β →∞ 2 2
−∞ 1

____________________________________
x du du
e) ∫ x 2 + 1 2 dx ⇒ u = x + 1 ⇒ dx = 2 x ⇒ dx = 2 x
2

( )
x x du 1 −2 1 u −1 −1 −1
∴∫ dx = ∫ = ∫ u du = = =
(x 2
+ 1)
2
(u ) 2x 2
2
2 −1 2u 2 ( x 2 + 1)
____________________________________
Capítulo 2   Integrais Impróprias   27

1 β
x x
lim ∫β dx + lim ∫ dx
(x + 1) (x + 1)
β →−∞ 2 2 β →∞ 2 2
1

1 β
 −1   −1 
= lim   + lim  
 ( )
β →−∞  2 x 2 + 1 
β ( )
β →∞  2 x 2 + 1 
 1

 −1   −1    −1   −1  
lim   −    + lim   − 
 ( )  ( )  β →∞  2 ( β 2 + 1)   2 (12 + 1) 
β →−∞  2 12 + 1   2 β 2 + 1 

−1 1
= + = 0 ⇒ a integral converge
4 4

f) Videoexemplo
1 1
1 1
∫ x dx = βlim ∫β x dx = βlim ( ln( x) )β = βlim ( ln(1) ) − ( ln(β ) ) = 0 + ∞ = ∞
1
+
→ 0+ → 0+
g) 0
→0

⇒ a integral diverge

h) Videoexemplo

i)
28   Cálculo III

j) Videoexemplo
2 2
1 1
( )
2
∫1 1 − x dx = βlim ∫
→1+ 1 − x
β
dx = lim
β →1+
− ln 1 − x β

k) lim
β →1+
{( − ln 1 − 2 ) − ( − ln(1 − 1) )} = ∞
⇒ a integral diverge

l) Videoexemplo

Recapitulando

Neste capítulo, estendemos a ideia fundamental de funções de


uma variável para funções de duas ou mais variáveis. Vimos
a descrição genérica do domínio de funções através de exem-
plos do domínio expressos em termos analíticos, bem como
gráficos. Por fim, vimos alguns exemplos de gráficos de fun-
ções de duas variáveis e tais gráficos representam superfícies
tridimensionais.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2, 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.
Capítulo 2   Integrais Impróprias   29

STEWART, J. Cálculo. v. 1 São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Resolva as integrais abaixo:



1
a) ∫x
1
4
3
dx


1
b) ∫x
−1
3
4
dx

2
1
c) ∫ 5 − 2 x dx
−∞


d) ∫ xdx
−∞

∫e
−2 x
e) dx
0

−1
1
f) ∫x
−∞
3
dx

7
1
g) ∫ 2
dx
−2 ( x + 1) 3
30   Cálculo III

10
1
h) ∫ ( x − 3)
0
2
dx

1
1
i) ∫
0 x −1
dx


dx
j) ∫ ( x + 1)( x + 2 )
0

Gabarito
a) Converge para 3

b) ∞ ⇒ diverge

c) ∞ ⇒ diverge
Capítulo 2   Integrais Impróprias   31

d) ∞ ⇒ diverge
e) Converge para 1/2

f) Converge para – 1/2

g) Converge para 9

h) ∞ ⇒ diverge

i) ∞ ⇒ diverge

j) Converge para ln(2)

k) Converge para 1 e

l) ∞ ⇒ diverge

m) Converge para – 1/4

n) Converge para – 3/2

o) ∞ ⇒ diverge
p) Converge para 1/2
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 3

Funções de duas ou
mais Variáveis Reais

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    33

Introdução

Neste capítulo, o objetivo principal é estender a ideia fun-


damental que temos de funções, uma variável real para fun-
ções de duas ou mais variáveis reais. Analisando aspectos
básicos de nossa compreensão de funções de uma variável,
obtemos domínios análogos para o domínio de funções de
duas variáveis, bem como representações gráficas destes
domínios.

Também estudaremos gráficos de funções de duas variá-


veis.

1F
 unções de duas variáveis 2 ou mais
variáveis

Admita uma placa fina e delgada, ou seja, a espessura da


chapa é muito menor que as dimensões x e y. Admita ain-
da que localmente houve a transferência de energia (calor)
para a placa. Neste caso, a temperatura de qualquer pon-
to da placa para cada intervalo de tempo t será dada por
duas coordenadas espaciais, a saber (x,y) e uma coordenada
temporal t. A função que descreve a temperatura da chapa
necessariamente será uma função de três variáveis u(x,y,t).
Dessa maneira, para cada entrada x, y, t haverá um único
valor de temperatura u.
34   Cálculo III

Figura 1  Distribuição de Temperaturas em uma chapa fina (FONTE,


2014).

Em nossos estudos, iremos nos deter nas funções de duas


ou três variáveis. Em cursos mais avançados de matemática há
o surgimento de funções n-dimensionais em espaços n-dimen-
sionais, e as propriedades estudadas serão casos mais gerais
do que estudaremos em nossa disciplina.

A seguir, temos as definições de funções de duas e três


variáveis:

ÂÂFunção de duas variáveis: uma função f de duas


variáveis, x e y , é uma regra que associa um número
real f ( x, y ) para cada ponto ( x, y ) de algum conjunto
D no plano xy .

z = f ( x, y ) (1)
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    35

ÂÂFunção de três variáveis: uma função f de três vari-


áveis x, y, z é uma regra que associa um número real
f ( x, y, z ) para cada ponto ( x, y, z ) de algum conjunto
D no espaço xyz .

w = f ( x, y, z ) (2)

2 Domínio de funções de duas variáveis


reais

Para o caso de uma função de duas variáveis z = f ( x, y ) , a


ideia de domínio de funções de uma variável é estendida natu-
ralmente. Vamos pensar um pouco: para uma função de uma
variável, y = f ( x) , o domínio representa o conjunto de valores
de x que “podem” ser utilizados na função, ou seja, o domínio
é constituído por pontos na reta dos reais que implica que tere-
mos a construção de retas sobre a reta dos reais. O conjunto
de todos estes pontos representa o domínio de f ( x) .

De forma resumida, o domínio de uma função y = f ( x)


será um conjunto de pontos dispostos em uma reta.

Quando temos uma função de duas variáveis, z = f ( x, y ) ,


é natural pensar que o domínio será o conjunto de pares x, y
que “podem” ser usados na função. Ora, como a disposição
destes pontos está no plano ( x, y ) , podemos dizer que o domí-
nio de funções de duas variáveis são regiões do plano ( x, y ) .
De forma resumida, o domínio de uma função z = f ( x, y ) será
um conjunto de pontos dispostos em um plano.
36   Cálculo III

De forma análoga, o domínio de uma função de três variá-


veis será um conjunto de pontos dispostos no espaço.

3.2.1 Problemas associados ao domínio de


z=f(x,y)
Podemos identificar alguns “problemas” associadas ao domí-
nio de funções conhecidas, como as funções racionais, funções
logarítmicas, funções trigonométricas e funções irracionais, ou
combinações das mesmas. Quando falamos em problemas
nos referimos a possíveis restrições que aparecem no domínio
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    37

de z=f(x,y) a própria estrutura da função. Abaixo citamos al-


guns desses casos:

1
z= ⇒ h( x, y ) ≠ 0 (3)
h ( x, y )

z = h( x, y ) ⇒ h( x, y ) ≥ 0 (4)

z = ln ( h( x, y ) ) ⇒ h( x, y ) > 0 (5)

A definição do domínio de uma função de duas variáveis


pode ser expressa de forma analítica ou de forma gráfica. Em
cada caso, as restrições do domínio devem ficar claras.

Exemplos:
1) Obtenha o domínio das funções abaixo, expressando sua
resposta de forma analítica e forma gráfica:

(
a) f ( x, y ) = 25 − x 2 + y 2 )
4 − x2 − y 2
b) f ( x, y ) = y

y
c) f ( x, y ) = x 2 + y 2 − 25

d) f ( x, y ) = y − x 2

e) f ( x, y ) = ln ( x − y − 1)
2 2
38   Cálculo III

xy − 5
f) f ( x, y ) =
2 y − x2

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    39

c)

d) Videoexemplo

e)
40   Cálculo III

f) Videoexemplo

3 Gráficos de funções de duas variáveis

Analogamente ao gráfico de f(x), que é definido como o grá-


fico da função y = f ( x) no plano xy , definimos o gráfico
de z = f ( x, y ) no espaço ( x, y, z ) como sendo o gráfico da
equação z = f ( x, y ) .

Abaixo, temos alguns exemplos de gráficos de funções de


duas variáveis:
1
ÂÂ z = 1 − x − y
2
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    41

Figura 2  Gráfico 1. Gráfico de um plano.


Fonte: autor, (2014).

ÂÂ z = 1 − x 2 − y 2

Figura 3  Gráfico 2 Fonte: autor (2014).


42   Cálculo III

2 2
ÂÂ z = x + y

Figura 4  Gráfico 3.
Fonte: autor (2014).

4C
 urvas de nível de funções de duas
variáveis

Seja uma função z = f ( x, y ) cortada por um plano


horizontal=k. Todos os pontos da intersecção f ( x, y ) = k pro-
jetados sobre o plano xy formam curvas que recebem o nome
de curvas de nível de altura k. Um conjunto de curvas de nível
é chamado de Mapa de Contorno da função z = f ( x, y ) .

Considere, por exemplo, o gráfico da função que plotamos


z = x 2 + y 2 acima, dada pela Figura 4:
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    43

Figura 5  Gráfico 3.
Fonte: autor (2014).

A representação da vista superior deste gráfico é dada na


Figura 6:

Figura 6  Vista superior do Gráfico 3.


Fonte: autor (2014).
44   Cálculo III

Agora, vamos plotar a função z = x 2 + y 2 um plano pa-


ralelo ao plano xy em alguma altura específica, por exemplo
z = 1 , neste caso temos as Figuras 7 e 8:

Figura 7  Gráfico 3 cortado por um plano de altura 1.


Fonte: autor (2014).

Figura 8  Vista superior da intersecção da função com o plano.


Fonte: autor (2014).
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    45

Observe a curva que aparece da intersecção da função


com o plano. Neste caso, temos a curva de nível de altura 1:

Figura 8  Curva de Nível k=1.


Fonte: autor (2014).

Caso incluamos vários planos de diferentes alturas, tere-


mos o mapa de contorno da função z = x 2 + y 2 dado na
Figura 9.
46   Cálculo III

Figura 9  Curvas de Nível da função z = x2 + y 2 .


Fonte: autor (2014).
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    47

Exemplos:
2) Esboce o mapa de contorno das funções abaixo:

a) f ( x, y ) = 25 − ( x 2 + y 2 ) , k = 0,1, 2,3, 4,5


2 2
b) f ( x, y ) = 4 x + y , k = 0,1,3
c) f ( x, y ) = y 2 − x 2 , k = −4, 0,9

d) f ( x, y ) = ( x − 2 ) + ( y − 3) , k = 1, 4,9
2 2

e) f ( x, y ) = x 3 − y, k = −1, 0,1, 2

f) f ( x, y ) = y − x 2 , k = 1, 2,3

Resoluções:

f ( x, y ) = 25 − ( x 2 + y 2 ) , k = 0,1, 2,3, 4,5

a) ∴ 25 − ( x + y ) = k ⇒ 25 − ( x + y ) = k
2 2 2 2 2

⇒ x 2 + y 2 = 25 − k 2
48   Cálculo III

b) Videoexemplo
2 2
c) f ( x, y ) = y − x , k = −4, 0,9
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    49

d) Videoexemplo

e) f ( x, y ) = x 3 − y, k = −1, 0,1, 2
50   Cálculo III

f) Videoexemplo

Recapitulando

Neste capítulo, estendemos a ideia fundamental de funções de


uma variável para funções de duas ou mais variáveis. Vimos
a descrição genérica do domínio de funções de tais funções
através de exemplos do domínio expressos em termos analí-
ticos, bem como gráficos. Por fim, vimos alguns exemplos de
gráficos de funções de duas variáveis e tais gráficos represen-
tam superfícies tridimensionais.
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    51

Referências

KREYSZIG, E. Matemática Superior para Engenharia v.1,


9.ed., LTC, 2009.

ZIll, D. G, Cullen, M. R. Equações Diferenciais. v.1, 3.ed,


Makron Books, 2001.

______. Matemática Avançada para Engenharia. v.1, 3.ed


Bookman, 2009.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Obtenha o domínio das funções abaixo, expressando sua


resposta de forma analítica e forma gráfica:

a) f ( x, y ) = 36 − ( x + y )
2 2

4 − x2 − y 2
b) f ( x, y ) =
y
52   Cálculo III

xy
c) f ( x, y ) = 2
x
+ y2 − 5
2

d) f ( x, y ) = y − x3

e) f ( x, y ) = ln ( x + y − 1)
2 2

x2 + y3
f) f ( x, y ) =
y−x

sin( x 2 )
g) f ( x, y ) =
y− x

2) Esboce o mapa de contorno das funções abaixo:


a) f ( x, y ) = y − x, k = −2, −1, 0,1, 2,3

b) f ( x, y ) = y − x , k = 0,1, 2,3, 4,5

c) f ( x, y ) = x 2 + y 2 , k = 4,9,16, 25

x2 y 2
d) f ( x, y ) = + , k = 1, 2,3, 4
2 3

( x − 2) ( y − 1)
2 2

e) f ( x, y ) = + , k = 1, 2,3, 4
2 3

f) f ( x, y ) = y 2 − x 2 , k = −4, 0, 4

g) f ( x, y ) = y 2 , k = 0,1, 4,9
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    53

Gabarito
1)

a)

b)
54   Cálculo III

c)
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    55

d)

e)
56   Cálculo III

f)
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    57

g)

2)
a) Imagem abaixo
58   Cálculo III

b) Imagem abaixo

c) Imagem abaixo
Capítulo 3    Funções de duas ou mais Variáveis Reais    59

d) Imagem abaixo

e) Imagem abaixo
60   Cálculo III

f) Imagem abaixo

g) Imagem abaixo
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 4

Limites de Funções de
Duas Variáveis

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
62   Cálculo III

Introdução

O processo de limite utilizado para funções de uma variável


real pode ser generalizado para funções de duas ou mais vari-
áveis. A ideia fundamental de limite se mantém invariante, po-
rém, os caminhos para os quais podemos chegar a um ponto
do qual queremos avaliar o limite, que para funções de uma
variável eram dois, se mostrará infinito para funções de duas
ou mais variáveis.

1 L imites de funções de duas ou mais


variáveis

Quando procuramos o limite de uma função de uma variável,


temos as seguintes operações:

lim f ( x). (1)


x → x0

Que implica em calcularmos os limites laterais

lim f ( x) (2)
x → x0+

lim f ( x) (3)
x → x0−

Dessa maneira, temos apenas dois sentidos nos quais x


pode se aproximar de x0 .
Capítulo 4    Limites de Funções de Duas Variáveis    63

Quando calculamos o limite de funções de duas ou mais


variáveis é um pouco mais complexo, tendo e vista que pode-
mos chegar até o ponto ( x0 , y0 ) , por infinitos caminhos.

Neste contexto, temos dois casos possíveis:

1.1 Limites ao longo de curvas


Neste caso, chegamos até o ponto ( x0 , y0 ) por uma curva
parametrizada por função da variável t. Esses limites ao lon-
go de curvas paramétricas podem ser obtidos substituindo as
equações paramétricas dentro da equação para a função f e
computando o limite apropriado da função resultante que será
de uma variável. Assim temos, para limites de funções de duas
e três variáveis, respectivamente:

lim f ( x, y ) = lim f ( x(t ), y (t ) )


( x , y )→( x0 , y0 ) t → t0
(4)
lim f ( x, y, z ) = lim f ( x(t ), y (t ), z (t ) )
( x , y , z )→( x0 , y0 , z0 ) t → t0

Exemplos:
xy
1) Calcule o limite da função f ( x, y ) = − 2 através das
x + y2
seguintes curvas:
a) y = 0

b) x = 0

c) y = x

d) y = − x
2
e) y = x
64   Cálculo III

Resolução:
y = 0 ⇒ ao longo do eixo x
a)  xy   0
lim  − 2 2  = lim f (t , 0) = lim  − 2  = lim ( 0 ) = 0
( x , y )→( x0 , y0 )
 x + y  t →0 t →0
 t  t →0

x = 0 ⇒ ao longo do eixo y
b)
 xy   0
lim − = lim f (0, t ) = lim  − 2  = lim ( 0 ) = 0
( x , y )→( x0 , y0 )  2  2
 x +y  t → 0 t → 0
 t  t →0

y = x ⇒ ao longo da reta y = x
 xy   t2   t2 
lim − = lim f (t , t ) = lim −
 2 2  t →0  − 2 
= lim
c) ( x , y )→( x0 , y0 )  x 2 + y 2  t →0
  t →0
 t +t   2t 
 1 1
= lim  −  = −
t →0
 2  2

d)

y = x 2 ⇒ ao longo da curva y = x 2
 
 xy  t3  = lim  − t 
3
lim − = lim f (t , t 2
) = lim −
e)  
 t + (t ) 
( ) ( 0 0)
x , y → x , y 2
 x +y 
2 t → 0 t → 0  2 2 2
 t → 0 2 4
 t +t 
 t 
= lim  − 2 
=0
t →0
 1+ t 
Capítulo 4    Limites de Funções de Duas Variáveis    65

1.2 Limites gerais


O limite de uma função de duas variáveis pode ser definido da
seguinte forma:

Seja f uma função de duas variáveis, então

lim f ( x, y ) = L (5)
( x , y )→( x0 , y0 )

se dado qualquer ε > 0 , podemos encontrar um número


δ > 0 de modo que f ( x, y ) satisfaça

f ( x, y ) − L < ε (6)

sempre que ( x, y ) estiver no domínio de f e a distância entre


( x, y ) e ( x0 , y0 ) satisfizer

( x − x0 ) + ( y − y0 ) < δ
2 2
0< (7)

O seguinte teorema relaciona a obtenção de limites de


duas variáveis através da definição geral e sua obtenção atra-
vés de curvas paramétricas:

Teorema:

(i) Se f(x,y) tende a L quando (x, y) tende a (xo, yo), então


f(x, y) tende a L quando (x, y) tende a (xo, yo) ao longo
de qualquer curva suave do domínio de f(x, y).

(ii) Se o limite de f(x, y) deixa de existir quando (x, y) tender


a (xo, yo) ao longo de alguma curva suave, ou se f(x, y)
tiver limites diferentes quando (x, y) tender a (xo, yo) ao
66   Cálculo III

longo de duas curvas suaves diferentes do domínio de


f(x, y), então o limite de f(x, y) não existe quando (x, y)
tender a (xo, yo).

Exemplos:
2) Calcule o limite das funções abaixo:

a) lim
( x , y )→( 2, −3)
(x 3
− 4 xy 2 + 5 y − 7 )

x2 − y 2
b) lim
( x , y )→( 3,4 ) x2 + y 2

x4 − y 4
c) lim
( x , y )→( 0,0 ) x 2 + y 2

xy − y
d) lim 3
( x , y )→(1,2 ) x − x + 2 xy − 2 y

2x2 − y 2
e) Mostre que o limite não existe ( x , y )→( 0,0) 2 lim
x + y2
x2 − y 2
f) lim
( x , y )→( −1, −1) x 2 + y 2

Resoluções:

a)
lim
( x , y )→( 2, −3)
(x 3
− 4 xy 2 + 5 y − 7 ) = 23 − 4 ⋅ 2 ⋅ ( −3) + 5 ( −3) − 7
2

= 8 − 72 − 15 − 7 = −86
Capítulo 4    Limites de Funções de Duas Variáveis    67

b) Videoexemplo

lim
x4 − y 4 0
= ⇒ lim
( x2 − y 2 )( x2 + y 2 ) = lim x2 − y 2 = 0
c) ( x , y )→( 0,0 ) x 2 + y 2 0 ( x , y )→( 0,0) x2 + y 2 ( x , y )→( 0,0 )

d) Videoexemplo
2x2 − y 2 0 2x2 − 0
lim 2 2
= ⇒ y = 0 ⇒ lim = lim 2 = 2
( x , y )→( 0,0 ) x + y 0 ( x , y )→( 0,0 ) x 2 + 0 ( x , y )→( 0,0 )

e) 2 ⋅ 02 − y 2 2 x2 − y 2
⇒ x=0⇒ lim 2 2
= lim − 1 = −1 ⇒ lim =∃
( x , y )→( 0,0 ) 0 +y ( ) ( )
x , y → 0,0 ( ) ( ) x2 + y 2
x , y → 0,0

f) Videoexemplo

2 Continuidade

Lembramos que definimos uma função de uma variável conti-


nua pela assertiva

lim f ( x) = f ( x0 ) (8)
x → x0

Estando o conceito de continuidade para funções de duas


e três variáveis temos

lim f ( x, y ) = f ( x0 , y0 ) (9)
( x , y )→( x0 , y0 )

lim f ( x, y, z ) = f ( x0 , y0 , z0 ) (10)
( x , y , z )→( x0 , y0 , z0 )

68   Cálculo III

Exemplos:
3) Determine se f ( x, y ) é contínua no ponto especificado:
a) f ( x, y ) = 3 x 2 + 2 xy em ( −1,3)

xy
b) f ( x, y ) = x 2 − y 2

c) f ( x, y ) = xy − 4

d)

f ( x, y ) = 5 x 2 + 3 xy em (1, 0 )
e)
2
f) f ( x, y ) = e x

Resoluções:
f ( x, y ) = 3x 2 + 2 xy em ( −1,3)

a) 1) f (−1,3) = 3 ( −1) + 2 ( −1)( 3) = −3


2

 ⇒ ( x , ylim f ( x, y ) = f (−1,3)
2) lim 3x 2 + 2 xy = −3 
)→( −1,3)
( x , y )→( −1,3)

b) Videoexemplo

f ( x, y ) = xy − 4 ⇒ xy − 4 ≥ 0 ⇒ xy ≥ 4
c)
⇒ A função é contínua para xy ≥ 4

d) Videoexemplo
Capítulo 4    Limites de Funções de Duas Variáveis    69

f ( x, y ) = 5 x 2 + 3 xy em (1, 0 )
e) 1) f (1, 0 ) = 5 ⋅12 + 3 ⋅1 ⋅ 0 = 5

2  ⇒ ( x , ylim f ( x, y ) = f (1, 0)
2) lim 5 x + 3 xy = 5 
)→(1,0 )
( x , y )→(1,0 )

f) Videoexemplo

Recapitulando

Repetindo os passos para a construção da derivada, estuda-


mos neste capítulo a generalização da operação de limite para
funções de duas ou mais variáveis. Vimos que a principal di-
ferença entre esses limites e os limites de funções de uma va-
riável são os caminhos pelos quais podemos chegar ao ponto
do qual pretendemos avaliar o limite. Também generalizamos
o conceito de continuidade de funções de uma variável para
funções de duas variáveis.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2, 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v. 1 São Paulo: Thomson, 2002.


70   Cálculo III

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Resolva os limites abaixo:

x6
d) ( x , ylim
( )
2
)→( 0,0 ) 3
x + y2

3x 2 y 3
e) ( x , ylim
)→( 0,0 ) 2 y 5 − 2 x 5

Gabarito
1)

a) 5
Capítulo 4    Limites de Funções de Duas Variáveis    71

b) 119
13
c) 0

d) ∃

e) ∃
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 5

Derivadas Parciais

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
Capítulo 5   Derivadas Parciais   73

Introdução

A derivada de uma função de duas ou mais variáveis será in-


troduzida neste capítulo. Veremos as definições, bem como
devemos proceder para computar tais derivadas. As regras an-
teriormente estudadas de derivação permanecem as mesmas,
porém, como estamos calculando derivadas de funções de no
mínimo duas variáveis, devemos também calcular a derivada
com respeito a cada variável.

1D
 erivadas parciais de funções de duas
variáveis

Analogamente ao limite que define a derivada de uma função


de uma variável, y = f ( x)

f ( x + ∆x) − f ( x)
f '( x) = lim , (1)
∆x → 0 ∆x

podemos estender a mesma ideia para uma função de duas


variáveis. Porém, quando derivamos uma função de duas va-
riáveis z = f ( x, y ) , temos duas opções; calcular a derivada
com respeito a variável x ou a variável y .

1.1 Derivada com respeito a x


Se z = f ( x, y ) , então a derivada parcial de f em relação a
x é a derivada com respeito a x da função que resulta quan-
74   Cálculo III

do y é mantido fixo e fazemos x variar. O limite 1 pode ser


estendido:

∂f f ( x + ∆x, y ) − f ( x, y )
= f x ( x, y ) = lim (2)
∂x ∆x → 0 ∆x

onde denota a derivada parcial de f ( x, y ) com res-


peito a variável x .

1.2 Derivada com respeito a y


Se z = f ( x, y ) , então a derivada parcial de f em relação a
y é a derivada com respeito a y da função que resulta quan-
do x é mantido fixo e fazemos y variar. O limite 1 pode ser
estendido:

∂f f ( x, y + ∆y ) − f ( x, y )
= f y ( x, y ) = lim (3)
∂y ∆y → 0 ∆y

onde denota a derivada parcial de f ( x, y ) com res-


peito a variável y .

Exemplos:
1) Calcule as primeiras derivadas parciais (com respeito a x e
a y) das funções abaixo:
3 2
a) f ( x, y ) = 2 x y + 2 y + 4 x

b) f (x,y) = x3 y + 5y3
Capítulo 5   Derivadas Parciais   75

2 2
c) f ( x, y ) = 3 x − 2 xy + y

d)

e) f ( x, y ) = sin( x) cos(7 y )

1
f) f ( x, y ) = 24 − x 2 − 2 y 2
2
x2 y3
g) z = 4e
xy 2
h) z = e sin(4 y )
y

i) z = ye x

2 x
j) z = y e + ln( xy )

k) z = ln( xy + 2)

l) z = 2 x 4 y 3 − xy 2 + 3 y + 1

Resoluções:

f ( x, y ) = 2 x 3 y 2 + 2 y + 4 x
a) f x = 6x2 y 2 + 0 + 4 ⇒ f x = 6x2 y 2 + 4
f y = 4 x3 y + 2 + 0 ⇒ f y = 4 x3 y + 2

b) Videoexemplo
76   Cálculo III

c)

d) Videoexemplo

f ( x, y ) = sin( x) cos(7 y )
e) f x = cos( x) cos(7 y ) ⇒ f x = cos( x) cos(7 y )
f y = sin( x) ( −7 sin(7 y ) ) ⇒ f y = −7 sin( x) sin(7 y )

f) Videoexemplo
2 3
f ( x , y ) = 4e x y

2 3 2 3

g) f x = 4 ⋅ 2 xy 3e x y
⇒ f x = 8 xy 3e x y

2 3 2 3
f y = 4 ⋅ x 2 3 y 2e x y
⇒ f y = 12 x 2 y 2 e x y

h) Videoexemplo
y
z = ye x
y
 −y  x y 2 xy
i) zx = y  2  e ⇒ zx = − 2 e
x  x
y
1 y y
y y
zy = e x + y e x ⇒ zy = e x + e x
x x

j) Videoexemplo
Capítulo 5   Derivadas Parciais   77

z = ln( xy + 2)
1 y
k) zx = y ⇒ zx =
xy + 2 xy + 2
1 x
zy = x ⇒ zy =
xy + 2 xy + 2

l) Videoexemplo

2 Taxas de variação e inclinações

Dada uma função de duas variáveis f ( x, y ) e suas respec-


tivas derivadas parciais f x ( x, y ) e f y ( x, y ) , a interpretação
geométrica das derivadas no ponto ( x0 , y0 ) , f x ( x0 , y0 ) e
f y ( x0 , y0 ) , mais uma vez, estende a interpretação geométrica
da deriva de uma função de uma variável:
f x ( x0 , y0 ) representa a inclinação da reta tangente no
ponto ( x0 , y0 ) da curva f ( x, y ) interceptada pela plano
y = y0

Figura 1  Derivada parcial com respeito a x.


Fonte: Wikipédia (2014).
78   Cálculo III

ÂÂ f y ( x0 , y0 ) representa a inclinação da reta tangente no


ponto ( x0 , y0 ) da curva f ( x, y ) interceptada pela pla-
no x = x0 .

Figura 2  Derivada parcial com respeito a y.


Fonte: Wikipédia (2014).

3 Notação

Como vimos nas definições de derivada parcial 2 e 3, temos


duas formas de representar as derivas parciais de uma função
z = f ( x, y ) .

Notação Compacta Notação Diferencial


Derivada com ∂z ∂f
z x = f x ( x, y )
respeito a x =
∂x ∂x
Derivada com ∂z ∂f
z y = f y ( x, y )
respeito a y =
∂y ∂y
Capítulo 5   Derivadas Parciais   79

4 Derivadas parciais de ordens superiores

Lembre-se que podemos calcular as derivadas sucessivas de


uma função de uma variável y=f(x), obtendo assim derivadas de
qualquer ordem, onde a ordem representa o número de deriva-
das calculadas. Assim, para uma função de uma variável temos:

dy
ÂÂPrimeira ordem: y ' =
dx

d2y
ÂÂSegunda ordem: y '' =
dx 2

d3y
ÂÂTerceira ordem: y ''' = 3
dx
e assim sucessivamente.

No caso das derivadas parciais, a cada derivada obtida


podemos calcular o resultado em função de x ou em função
de y, dessa maneira temos a seguinte árvore:

Figura 3  Derivada parcial até segunda ordem.


Fonte: autor (2014).
80   Cálculo III

Observe que a sequência das variáveis a serem derivadas


muda conforme a notação.

Exemplos:
2) Calcule as derivadas parciais de segunda ordem das fun-
ções abaixo:
2 3 4
a) f ( x, y ) = x y + x y

b) f ( x, y ) = ln ( x2 + y 2 )
c) f ( x, y ) = 2 x 3e5 y

x
d) f ( x, y ) = e cos( y )

e) f ( x, y ) = cos( x) sinh( y ) + sin( x) cosh( y )

f) f ( x, y ) = x 2 y 3 + x 4 y

g) f ( x, y ) = ln ( xy )

4 2 3 2
h) f ( x, y ) = xy − 2 x y + 4 x − 3 y

i) f (r , s) = r 2 + s 2

x
j) f ( x, y ) = x cos  
 y
2 2
k) f ( x, y, z ) = 3 x z + xy
Capítulo 5   Derivadas Parciais   81

l) f ( x, y, z ) = xet − ye x + ze − y

Resoluções:

f ( x, y ) = x 2 y 3 + x 4 y
3 3
 f xx = 2 y 3 + 12 x 2 y
a) f x = 2 xy + 4 x y ⇒  2 3
 f xy = 6 xy + 4 x
2 2 4
 f yy = 6 x 2 y
f y = 3x y + x ⇒  2 3
 f yx = 6 xy + 4 x

b) Videoexemplo

f ( x, y ) = 2 x 3 e 5 y
 f = 12 xe5 y
c) f x = 6 x 2 e5 y ⇒  xx 2 5y
 f xy = 30 x e
 f = 50 x e
3 5y

f y = 10 x 3e5 y ⇒  yy 2 5y
 f yx = 30 x e

d) Videoexemplo
82   Cálculo III

f ( x, y ) = cos( x) sinh( y ) + sin( x) cosh( y )


f x = − sin( x) sinh( y ) + cos( x) cosh( y )
e)  f xx = − cos( x) sinh( y ) − sin( x) cosh( y )
⇒
 f xy = − sin( x) cosh( y ) + cos( x) sinh( y )
f y = cos( x) cosh( y ) + sin( x) sinh( y )
 f yy = cos( x) sinh( y ) + sin( x) cosh( y )
⇒
 f yx = − sin( x) cosh( y ) + cos( x) sinh( y )

f) Videoexemplo

f ( x, y ) = ln ( xy )
 1
1  f xx = − 2
fx = ⇒  x
x 
g)  f xy = 0
 1
1  f yy = − y 2
fy = ⇒ 
y  f =0
 yx

h) Videoexemplo
Capítulo 5   Derivadas Parciais   83

i)


84   Cálculo III

j) Videoexemplo

k)

l) Videoexemplo

5D
 erivadas parciais de funções com mais
de duas variáveis

Quando calculamos a derivada de funções de mais de duas


variáveis, termos mais opções conforme o número de variáveis
que define as funções. No entanto, a ideia fundamental da
derivada parcial é a mesma, ou seja, quando derivamos a
função com respeito a uma variável, fixamos as demais.
Capítulo 5   Derivadas Parciais   85

Exemplos:
3) Calcule as derivadas parciais indicadas das funções abaixo:

a)

b)

∂  ∂2 
c)  ( ln( xy ) ) 
∂x  ∂ 2 y 

d)

∂3
e) 3 ( cos(xy )
2

∂ x

∂2  ∂2 
f)
∂ 2 x  ∂y∂x
( x+ y 

)

Resoluções:

∂3 2 3 ∂ ∂  ∂ 2 3 
3 (
x y + x4 y ) =   ( x y + x y ) 
4

∂x ∂x  ∂x  ∂x 
a) ∂  ∂ 2 xy 3 + 4 x 3 y  = ∂  2 y 3 + 12 x 2 y  = 24 xy
∂x  ∂x
( ) ∂x  
∂3 2 3
3 (
⇒ x y + x 4 y ) = 24 xy
∂x
86   Cálculo III

b) Videoexemplo

∂  ∂2  ∂  ∂ ∂ 
2 (
 ln( xy ) )  =   ( ln( xy ) )  
∂x  ∂ y  ∂x  ∂y  ∂y 
c)
∂  ∂ 1 ∂  1 
=   = −  = 0
∂x  ∂y  y   ∂x  y 2 

d) Videoexemplo

∂3 ∂ ∂  ∂ 
3 (
cos( xy 2 ) ) =   ( cos( xy ) )  
2

∂x ∂x  ∂x  ∂x 
∂ ∂  ∂
e)

∂x  ∂x
( − y 2 sin( xy 2 ) )  =
 ∂x
 − y 4 cos( xy 2 )  = y 6 sin( xy 2 )

∂3 2 3

∂x 3
( x y + x 4 y ) = y 6 sin( xy 2 )

f) Videoexemplo

Recapitulando

Neste capítulo, vimos a definição de derivada parcial de fun-


ções de duas ou mais variáveis. Percebemos que a derivada
simples, ou ordinária é um caso particular deste novo objeto.

Estudamos derivadas parciais de primeira ordem, segun-


da ordem e de ordens superiores. Interessantemente o cálculo
das derivadas é efetivamente o mesmo para a derivada com
respeito a determinada variável, ou seja, vimos que calcular
Capítulo 5   Derivadas Parciais   87

a derivada parcial se resume a calcular derivadas ordinárias


conforme o número de variáveis que define a função.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2, 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v. 1 São Paulo: Thomson. 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Calcule as derivadas de primeira ordem das funções abaixo:


2 2
a) f (r , ts)) = r + ts2

b) f ( x, y ) = xe y + y sin( x)

 x+ y
c) f ( x, y ) = ln  
 x− y
88   Cálculo III

x
d) f ( x, y ) = x cos  
 y

e) s (φ , θ ) = sin(φ ) cos(θ )

Ax + By
f) g ( x, y ) =
Cx + Dy

g) f ( x, y ) = x 2 y sec( xy )

h) z = 3 x 2 y 3 − 5 x 3 y 2

x
i) z=e y

j) z = x 3 cos( xy 2 )

2) Calcule as derivadas de segunda ordem das funções abaixo:

a) z = x cos( y )

b) f ( x, y ) = 3 x + 2 y

c) f ( x, y ) = e xy

d) f ( x, y ) = 5 x 2 y 3 + cos( xy 2 )

1
e) f ( x, y ) =
xy
Capítulo 5   Derivadas Parciais   89

x
f) f ( x, y ) = tan  
 y

3) Calcule as derivadas indicadas abaixo:

∂4
a) 4 ( x 4 y + y 4 x )
∂ y

x+ y
b) f xx de f ( x, y ) = e

∂  ∂2 
2 (
c)  sin(2 x 2 + 7 y ) ) 
∂x  ∂ y 

d) ∂2  ∂
∂ 2 x  ∂y
( )
x + y2 

e) f xxy de f ( x, y ) = cos( x + y )

f) f xyz de f ( x, y, z ) = sin( x + y + z )

Gabarito
1)
r s
a) f r = ; fs =
r 2 + s2 r 2 + s2
y y
b) f x = e + y cos( x); f y = xe + sin( x)
90   Cálculo III

−y
–2y 2xx
c) fx = 2 2
; fy = 2
x −y x − y2

d)

e) sφ = cos(φ ) cos(θ ); sθ = − sin(φ ) sin(θ )

fx =
( AD − BC ) y; fy =
( BC − AD ) x
f)
( Cx + Dy ) ( Cx + Dy )
2 2

f x = 2 xy sec( xy ) + x 2 y 2 sec( xy ) tan( xy );


g)
f y = x 2 sec( xy ) + x 3 y sec( xy ) tan( xy )

∂z ∂z
h) = 6 xy 3 − 15 x 2 y 2 ; = 9 x 2 y 2 − 10 x 3 y
∂x ∂y
x x
∂z 1 y ∂z − x y
i) = e ; = 2e
∂x y ∂y y

∂z ∂z
j) = 3 x 2 cos( xy 2 ) − x 3 y 2 sin( xy 2 ); = −2 x 4 y sin( xy 2 )
∂x ∂y

2)

1 cos ( y ) 1 sin ( y )
a) f xx = − 3/2
; f yy = − x cos ( y ) ; f xy = f yx = −
4 x 2 x

9 1 3
b) f xx = − ; f yy = − ; f xy = f yx = −
4 ( 3x + 2 y ) ( 3x + 2 y ) 2 ( 3x + 2 y )
3/2 3/2 3/2
Capítulo 5   Derivadas Parciais   91

2 xy 2 xy xy xy
c) f xx = y e ; f yy = x e ; f xy = f yx = e + xye
3 2 2
d) f xx = 10 y ; f yy = 30 x y; f xy = f yx = 30 xy

3 y2 3 x2 3 xy 1
e) f xx = ; f = ; f xy = f yx = −
4 ( xy )5/2 4 ( xy )5/2 4 ( xy )5/2 2 ( xy )3/2
yy

f)

3)

a) 24x

b)
1 ( x + y −1 e ) x+ y

( x + y)
3/2
4

(
c) −196 x cos 2 x 2 + 7 y )
3 y
d)
4 ( y 2 + x )5/2
92   Cálculo III

e) sin ( x + y )

f) − cos ( x + y + z )
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 6

Regra da Cadeia e suas


Aplicações

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
94   Cálculo III

Introdução

Neste capítulo, iremos perceber que a derivada parcial de uma


função de duas variáveis é um caso particular de um obje-
to matemático mais geral chamado Derivada Direcional. Tais
derivadas indicam a taxa de variação de nossa função com
respeito a qualquer direção arbitrária. Também neste capítulo,
aparecerá o gradiente de uma função de duas variáveis como
o indicativo das direções de maiores e menores taxas de cres-
cimento da função.

1 Funções Diferenciáveis de duas variáveis

Primeiramente, vamos recordar a definição mais intuitiva de


diferenciabilidade de funções de uma variável:

Uma função y = f ( x) , diferenciável em um ponto x = x0 é


aquela que satisfaz as seguintes propriedades:

ÂÂ f ( x) é contínua em x = x0 .

ÂÂO gráfico de f ( x) possui uma reta tangente não vertical


em x = x0 .

Podemos definir uma função diferenciável de uma maneira


mais formal: uma função f de uma variável é diferenciável em
x0 se existe um número f '( x0 ) tal que ∆f pode ser escrita na
forma

∆f = f '( x0 )∆x + ε ∆x (1)


Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    95

onde ε é uma função de ∆x tal que ε vai para zero se ∆x vai


para zero e ε = 0 se ∆x = 0 .

Para o caso de funções de duas variáveis, podemos esten-


der as definições acima, fazendo as devidas adequações:

(i) Uma função z = f ( x, y ) , diferenciável em um ponto


( x0 , y0 ) é aquela que satisfaz as seguintes proprieda-
des:

ÂÂ f ( x, y ) é contínua em ( x0 , y0 ) .

ÂÂA superfície z = f ( x, y ) tem um plano tangente não ver-


tical em ( x0 , y0 ) .

Uma função f de duas variáveis é diferenciável em ( x0 , y0 )


se f x ( x0 , y0 ) e f y ( x0 , y0 ) existirem e ∆f puder ser escrita
como

∆f = f x ( x0 , y0 )∆x + f y ( x0 , y0 )∆y + ε1 ∆x + ε 2 ∆y (2)



onde ε1 e ε 2 são funções de ∆x e ∆y tendendo a zero, se
cada quantidade respectiva tende a zero e são nulos se os
deltas são nulos.

2 Diferenciais

Quando estudamos a diferencial para funções de uma variável


y = f (x) , definimos a diferencial como uma variável inde-
pendente, podendo valer qualquer número real. A diferencial
de y foi definida como:
96   Cálculo III

(3)

Para uma função de duas variáveis, z = f ( x, y ) , definimos


as diferenciais e como variáveis independentes, podendo
valer qualquer valor. Logo, a diferencial , também chamada
de diferencial total, é definida como:

Exemplos:
1) Dada a função , se x varia de 3
para 3,02 e y varia de 2 para 1,95, determine:

a) A variação exata da função z = f ( x, y ) para as varia-


ções indicadas.

b) A variação aproximada, usando diferenciais.

2) O comprimento e a largura de um retângulo foram me-


didos com uma régua, encontrando-se 50 cm e 40 cm,
respectivamente, com um erro de medida de, no máximo,
0,1. Utilize diferenciais para estimar o erro máximo come-
tido no cálculo da área do retângulo e compare com o
erro exato.

3) Uma lata cilíndrica possui diâmetro da base medindo 10


cm e altura medindo 12 cm. Usando diferenciais, calcule
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    97

a variação no volume da lata quando o diâmetro aumenta


para 10,04 cm e a altura aumenta para 12,01 cm.

4) Um cone circular reto possui raio da base igual a 8 cm e


altura 20 cm. Utilize diferenciais para calcular a variação
no volume do cone, quando o raio aumenta 0,01 cm e a
altura diminui 0,01 cm.

Resoluções
1) a)

A variação exata é dada por ∆z = z − zo (final menos


inicial).

O valor inicial da função é calculado quando x = 3 e


y =2:

O valor final da função é calculado quando e

Então a variação exata será:

b) Usando diferencial, aplicamos


98   Cálculo III

Se x varia de 3 para 3,02, então

Se y varia de 2 para 1,95, então

Então:

Veja que , isto é, usando diferencial o valor


da variação, é próxima da variação exata. Quanto
menores as variações das variáveis independentes,
mais o valor da diferencial se aproxima do valor exato.
Normalmente, utilizamos a diferencial para calcular a
variação de funções ou de grandezas, pois o cálculo
se torna mais fácil.

2)
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    99

Área: A = x. y erro:

Usando diferencial: ou

Erro exato:

Veja que a diferença nos cálculo é de 0,01 cm².

3)
100   Cálculo III

4)
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    101

2.1 Igualdade das derivadas mistas


No capítulo 5, percebemos nos exemplos que as derivadas
mistas são idênticas para as questões-exemplo resolvidas.
Neste ponto, podemos enunciar o seguinte teorema: Seja f
uma função diferenciável de duas variáveis. Se f x , f y , f xx e
f yy são contínuas em um conjunto aberto, então

f xy = f yx (3)

102   Cálculo III

ou

∂2 f ∂2 f
=
∂y∂x ∂y∂x (4)

3 Regra da cadeia

Quando estudamos as regras de derivação, aparece a chama-


da regra da cadeia, que possibilita que calculemos a derivada
de uma função mesmo quando ela não está escrita em termos
da variável a qual estamos derivando. Dito de outra forma, se
y = f ( x) e x , por sua vez, é uma função de t , x = x(t ) , po-
demos calcular a derivada com respeito de t diretamente da
função y , usando a regra da cadeia que afirma:

dy dy dx
= (5)
dt dx dt

Desejamos, neste momento, desenvolver regras análogas


para funções de duas variáveis, e para tal enunciaremos dois
teoremas:

3.1 Teorema 1
Se x(t ) e y (t ) são diferenciáveis em t e se z = f ( x, y ) for
diferenciável no ponto ( x(t ), y (t ) ) , então z = f ( x(t ), y (t ) ) é
diferenciável em t e

dz ∂z dx ∂z dy
= + (6)
dt ∂x dt ∂y dt
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    103

Exemplos:
dz
1) Dado a função e x(t ) , y (t ) , determine :
dt
a) z = xy + y ; x = cos(t ), y = sin(t )
2 2 3
b) z = x y; x = t , y = t

2 3 4 2
c) z = 3 x y ; x = t , y = t

2
d) z = x sin( y ); x = t , y = t

Resoluções:
z = xy + y ; x = cos(t ), y = sin(t )
dz ∂z dx ∂z dy
= +
dt ∂x dt ∂y dt
∂z y dx 
= , = − sin(t ) 
∂x 2 xy + y dt  dz y x +1
a) ⇒ = ( − sin(t ) ) + cos(t )
∂z x +1 dy dt 2 xy + y 2 xy + y
= , = cos(t ) 
∂y 2 xy + y dt 
dz y x +1 x2 + x − y 2
⇒ = (− y) + x=
dt 2 xy + y 2 xy + y 2 xy + y
( cos(t ) ) + ( cos(t ) ) − ( sin(t ) )
2 2
dz cos 2 (t ) + cos(t ) − sin 2 (t )
= ⇒ =
2 ( cos(t ) )( sin(t ) ) + ( sin ( t ) ) dt 2 cos(t ) sin(t ) + sin(t )

b) Videoexemplo
104   Cálculo III

c)

d) Videoexemplo

3.2 Teorema 2
Se x(u , v) e y (u , v) são tiverem derivadas de primeira ordem
no ponto (u , v) e se z = f ( x, y ) for diferenciável no ponto
( x(u, v), y(u, v) ) , então z = f ( x(u, v), y(u, v) ) tem derivadas de
primeira ordem no ponto ( u , v ) dadas por:

∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + (7)
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u

∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + (8)
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    105

Exemplos:
2) Dada a função z = f ( x, y ) e x = x(u , v) , y = y (u , v) , de-
∂z ∂z
termine e ∂v
∂u
xy u
a) z = e , x = 2u + v, y = v
u
b) z = x − y tan ( x ) ; x = v , y = u v
2 2 2

2
c) z = 3 x − 2 y; x = u + v ln u , y = u − v ln v
2 2
d) z = cos( x) sin( y ) x = u , y = u + v
106   Cálculo III

Resoluções:
u
z = e xy , x = 2u + v, y =
v
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + ; = +
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
 ∂z xy
 ∂x = ye
 ∂z
 = xe xy
 ∂y
 ∂x ∂y 1
 ∂u = 2 =
∂u v

 ∂x = 1 ∂y = − u
 ∂v ∂v v2
a) ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z 1 x

∴ = + ⇔ = ye xy ⋅ 2 + xe xy = e xy  2 y + 
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u v  v
u  2 u 2 + uv   2 u 2 + uv 
( 2 u + v )  2u 2u + v   v

 4u + v  ∂z 
v

 4u + v 
=e v
 + =e

 ⇒ = e 
 
 v v   v  ∂u  v 
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z  u   xu 
∴ = + ⇔ = ye xy ⋅1 + xe xy  − 2  = e xy  y − 2 
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂v  v   v 
 2 u 2 + uv 
 u ( 2u + v ) u  
u
( 2u + v )  v   uv − 2u 2 − uv 
=e v
 − =e

 
v v2   v2 
 2 u 2 + uv   2 u 2 + uv 

v
  −2u 2  ∂z  v   −2u 2 
=e  
 2 ⇒ = e 
 2 
 v  ∂v  v 

b) Videoexemplo
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    107

z = 3 x − 2 y; x = u + v ln u , y = u 2 − v ln v
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z ∂x ∂z ∂y
= + ; = +
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
 ∂z
 ∂x = 3
 ∂z
 = −2
 ∂y
 ∂x v ∂y
 = 1+ = 2u
c)  ∂u u ∂u

 ∂x = ln u ∂y = − ln v − 1
 ∂v ∂v
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z  v
∴ = + ⇔ = 3 ⋅ 1 +  − 2 ⋅ 2u
∂u ∂x ∂u ∂y ∂u ∂u  u
 3u + 3v  3u + 3v − 4u 2 ∂z 3u + 3v − 4u 2
=  − 4u = ⇒ =
 u  u ∂u u
∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z
∴ = + ⇔ = 3 ⋅ ( ln u ) − 2 ⋅ ( − ln v − 1)
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂v
= 3ln u + 2 ln v + 2 = ln u 3 + ln v 2 + 2 = ln ( u 3v 2 ) + 2
∂z
⇒ = ln ( u 3v 2 ) + 2
∂v

d) Videoexemplo
108   Cálculo III

4 Taxas relacionadas em duas direções

Umas das mais importantes aplicações da regra da cadeia é a


determinação de taxas que se relacionam em duas direções. A
seguir, teremos alguns exemplos que contemplam tal aspecto.

Exemplos:
3) Resolva os problemas abaixo:

a) A que taxa está variando a área de um retângulo se


seu comprimento é de 8 metros e está crescendo a 3
m/s, enquanto que sua largura é de 6 metros e está
crescendo a 2 m/s?

b) Dois lados de triângulo têm comprimento a=5 cm e


b= 10 cm e o ângulo entre eles é π/3. Se a estiver
crescendo a uma taxa de 2 cm/s, e b estiver crescen-
do a uma taxa de 1 cm/s e θ mantendo-se constante,
a que taxa está crescendo ou decrescendo o terceiro
lado?

Resoluções:
a) A que taxa está variando a área de um retângulo se
seu comprimento é de 8 metros e está crescendo a 3
m/s, enquanto que sua largura é de 6 metros e está
crescendo a 2 m/s?
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    109

dA ∂A dx ∂A dy
A = xy ⇒ = +
dt ∂x dt ∂y dt
 ∂A dx
 ∂x = y dt
=3
dA dA m
 ∂A ⇒ = 3y + 2x ⇒ = 3 ⋅ 6 + 2 ⋅ 8 = 34
 =x dy dt dt x =8, y =6 s
=2
 ∂y dt
dA m
⇒ = 34
dt x =8, y =6 s

b) Videoexemplo

Recapitulando

Neste capítulo, vimos a extensão da definição de diferencia-


bilidade de funções de uma variável para funções de duas
variáveis. Obtemos regras equivalentes à regra da cadeia para
funções de duas variáveis através de dois teoremas fundamen-
tais. Por fim, aplicamos essa nova relação para o estudo de
problemas de variação bidimensional.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2, 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.
110   Cálculo III

STEWART, J. Cálculo. V.1. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades
dz
1) Dada a função z = f ( x, y ) e x(t ) , y (t ) , determine :
dt
2

( 2
)
a) z = ln 2 x + y ; x = t , y = t 3

1
b) z = 3cos( x) − sin( xy ); x = , y = 3t
t
c) z = 1 + x − 2 xy 4 ; x = ln(t ), y = t
1
d) z = e1− xy ; x = t 3 , y = t 3

t
e) z = cos ( xy ) ; x = , y = et
2

2
2) Dada a função z = f ( x, y ) e x = x(u , v) , y = y (u , v) , de-
∂z ∂z
termine e
∂u ∂v
a) z = 8 x 2 y − 2 x + 3 y; x = uv, y = u − v

x
b) z = ; x = 2 cos(u ), y = 3sin(v)
y
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    111

2
x y 1
c) z = e ; x = uv , y =
v
d) z = x 2 y − xy 3 ; x = u cos(v), y = u sin(v)

x
e) z = ; x = u 2 − v 2 , y = 4uv 3
y
3) Dois lados de triangulo têm comprimentos a=4 cm e b=3
cm, mas estão crescendo a uma taxa de 1 cm/s. Se a área
do triângulo permanece constante, a que taxa está varian-
do o ângulo θ entre a e b quando θ=π/6

4) Suponhamos que as dimensões de uma caixa retangular


variam de 9 cm, 6 cm e 4 cm, para 9,02 cm, 5,97 cm e
4,01 cm, respectivamente. Usando diferenciais, podemos
dizer que uma aproximação da variação do volume desta
caixa é:

a) 0,06 cm³ d) 2,10 cm³

b) – 0,06 cm³ e) 1,80 cm³

c) – 2,10 cm³

5) Um circuito elétrico simples consiste em um resistor R e


uma força eletromotriz V. Em certo instante, V é 80 volts
e aumenta à taxa de 5 volts/min, enquanto R é 40 ohms
e decresce à razão de 2 ohms/min. Usando a lei de Ohm,
V
I = , e a regra da cadeia, a taxa de variação à qual a
R
corrente I (em ampères) varia é:

a) – 0,225 ampères/min d) 0,025 ampères/min


112   Cálculo III

b) – 0,025 ampères/min e) 0,125 ampères/min

c) 0,225 ampères/min

6) A altura de um cone circular reto é 15 cm e está aumen-


tando a 0,2 cm/min. O raio da base é 10 cm e está de-
crescendo a 0,3 cm/min. Com que rapidez o volume está
variando?

7) O comprimento, a largura e a altura de uma caixa retan-


gular crescem a uma taxa de 1 pol/s, 2 pol/s e 3 pol/s, res-
pectivamente. A que taxa o volume está crescendo quando
o comprimento é 2 pol, a largura 3 pol e a altura 6 pol?

8) As dimensões de um bloco de madeira retangular foram


medidas como 10 cm, 12 cm e 20 cm, com um possível
erro de 0,05 cm em cada uma das medições. Usando di-
ferencial, calcule o erro aproximado na área superficial do
bloco.

9) A potência consumida numa residência elétrica é dada por


P = E²/R (em watts). Se E = 200 volts e R = 8 ohms, em
quanto a potência vai variar se E é decrescida de 5 volts e
R é decrescida de 0,2 ohm?

Gabarito
1)

a)
Capítulo 6    Regra da Cadeia e suas Aplicações    113

b)

c)

d)

e)

2)

a) 24u 2 v 2 − 16uv 3 − 2v + 3, 16u 3v − 24u 2 v 2 − 2u − 3

sin u 2 cos u cos v


b) − , −
3sin v 3sin 3 v

c) eu , 0

3u 2 sin v cos 2 v − 4u 3 sin 3 v cos v,


3 2 4 4 3 3 4 2 2
d) − 2u sin v cos v + u sin + u cos v − 3u sin v cos v

u 2 + v 2 v 2 − 3u 2
2 3
,
e) 4u v 4uv 4

7
3) − 3 rad/s
36

4) b

5) c
114   Cálculo III

6)

7) 60 pol³/s

8) 8,4 cm²

9) 125 watts
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 7

Máximos e Mínimos
de Funções de duas
Variáveis

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
116   Cálculo III

Introdução

Neste capítulo, estenderemos a ideia fundamental de obtermos


pontos críticos para funções de duas variáveis. Tais conceitos
já haviam sido desenvolvidos para funções de uma variável e
desempenhavam um papel central nas aplicações do cálculo
diferencial e integral, tendo em vista a grande quantidade de
problemas e a vastidão de suas aplicações na ciência, enge-
nharia, economia e outras áreas. Para tal, começaremos de-
finindo máximo e mínimo local de funções de duas variáveis.

1M
 áximos e mínimos locais de funções
de duas variáveis

ÂÂMáximo Local e Absoluto: uma função de duas variáveis


f ( x, y ) possui um máximo local ou relativo em um pon-
to ( x0 , y0 ) se ao definirmos um círculo com centro em
( x0 , y0 ) todos os pontos dentro desse círculo satisfazem
a condição f ( x0 , y0 ) ≥ f ( x, y ) . Um máximo global ou
absoluto estende o círculo de modo a cobrir todo o es-
paço bidimensional que definem o domínio de f .

ÂÂMínimo Local e Absoluto: uma função de duas variáveis


f ( x, y ) , possui um mínimo local ou relativo em um pon-
to ( x0 , y0 ) se ao definirmos um círculo com centro em
( x0 , y0 ) todos os pontos dentro desse círculo satisfazem
a condição f ( x0 , y0 ) ≤ f ( x, y ) . Um mínimo global ou
absoluto estende o círculo de modo a cobrir todo o es-
paço bidimensional que definem o domínio de f .
Capítulo 7    Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis    117

2 Extremo relativo

Tendo em vista a construção de máximos e mínimos relativos


de funções de uma variável, onde a derivada se anula em tais
pontos, implicando em retas tangentes horizontais no ponto
estudado, parece razoável supor que máximos ou mínimos re-
lativos em um ponto ( x0 , y0 ) aparecerão quando as derivadas
parciais naquele ponto forem nulas, implicando em planos
tangentes horizontais avaliados em ( x0 , y0 ) .

Dests maneira ,podemos enunciar o seguinte teorema:

Teorema: se f possuir um extremo relativo (máximo ou mí-


nimo relativo) em ( x0 , y0 ) e suas derivadas de primeira ordem
existirem neste ponto, então

f x ( x0 , y0 ) = 0 (1)

f y ( x0 , y0 ) = 0 (2)

3P
 ontos críticos e teste da segunda
derivada

Novamente estendendo a definição feita para funções de uma


variável, um ponto crítico de uma função de duas variáveis é
aquele onde as derivadas parciais de primeira ordem se anu-
118   Cálculo III

lam, ou a função não é diferenciável naquele ponto implican-


do que uma ou outra derivada parcial não exista no ponto
supracitado.

Tal definição indica um método para a obtenção de pontos


críticos, mas não demonstra como se pode avaliar se estamos
diante de um ponto de máximo ou mínimo relativo. Para fazer
a devida classificação devemos fazer o teste da segunda de-
rivada. A classificação pode ser em mínimo relativo, máximo
relativo ou ponto de sela.

Teorema: seja f uma função de duas variáveis tal que


suas segundas derivadas são contínuas em um círculo centra-
do em ( x0 , y0 ) , ponto crítico de f , e seja D o determinante
expresso por

f xx ( x0 , y0 ) f xy ( x0 , y0 )
D= (3)
f xy ( x0 , y0 ) f yy ( x0 , y0 )

Então, temos quatro possibilidades:

ÂÂSe D > 0 e f xx ( x0 , y0 ) > 0 então ( x0 , y0 ) é um mínimo


relativos de f .

ÂÂSe D > 0 e f xx ( x0 , y0 ) < 0 então ( x0 , y0 ) é um máximo


relativos de f .

ÂÂSe D < 0 então ( x0 , y0 ) é um ponto de sela de f .

ÂÂSe D = 0 nada pode ser afirmado.


Capítulo 7    Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis    119

4A
 lgoritmo de determinação de pontos
críticos de uma função de duas variáveis

A seguir, enumeramos uma sequência de passos para a deter-


minação de pontos críticos de uma função de duas variáveis:

1) Calcule f x ( x, y ) e f y ( x, y ) .

2) Faça f x ( x, y ) = 0 e f y ( x, y ) = 0 .

3) Observe que (2) leva a um sistema de duas incógnitas para


x e y ; resolva o sistema obtendo os pontos críticos de f .

4) Calcule f xx ( x0 , y0 ) , f yy ( x0 , y0 ) e f xy ( x0 , y0 ) onde ( x0 , y0 )
representa um ponto crítico de f .

5) Repita (4) para todos os pontos obtidos em (2).

6) Monte o determinante

f xx ( x0 , y0 ) f xy ( x0 , y0 )
D=
f xy ( x0 , y0 ) f yy ( x0 , y0 )

7) Classifique os pontos conforme:

ÂÂSe D > 0 e f xx ( x0 , y0 ) > 0 então ( x0 , y0 ) é um mínimo


relativos de f .

ÂÂSe D > 0 e f xx ( x0 , y0 ) < 0 então ( x0 , y0 ) é um máximo


relativos de f .

ÂÂSe D < 0 então ( x0 , y0 ) é um ponto de sela de f .

ÂÂSe D = 0 nada pode ser afirmado.


120   Cálculo III

Exemplos:
1) Localize todos os pontos críticos e pontos de sela das fun-
ções abaixo:
2 2
a) f ( x, y ) = 3 x − 2 xy + y − 8 y
4 4
b) f ( x, y ) = 4 xy − x − y
2
c) f ( x, y ) = x + xy − 2 y − 2 x + 1
2 4
f ( x, y ) = xy + +
d) x y
2 y
e) f ( x, y ) = x + y − e

Resoluções:
f ( x, y ) = 3 x 2 − 2 xy + y 2 − 8 y
fx = 6x − 2 y ∴ fx = 0 ⇒ 6x − 2 y = 0
f y = −2 x + 2 y − 8 ∴ f y = 0 ⇒ −2 x + 2 y − 8 = 0
6 x − 2 y = 0 6 x − 2 y = 0 6 x − 2 y = 0
 ⇔ ⇒ ⇒ 4 y = 24 ⇒ y = 6
 −2 x + 2 y − 8 = 0 −2 x + 2 y = 8 × ( 3) −6 x + 6 y = 24
Mas 6 x = 2 y ⇔ 3 x = y ⇒ 3 x = 6 ⇒ x = 2
a) Ponto Crítico: P : ( 2, 6 )
 f = 6∴ f
 xx xx ( 2,6 ) = 6

 f xx ( x0 , y0 ) f xy ( x0 , y0 ) 6 −2
 f yy = 2 ∴ f yy ( 2,6) = 2 ⇒D= = =8
 f xy ( x0 , y0 ) f yy ( x0 , y0 ) −2 2
 f xy = f yx = −2 ∴ f xy ⇒ −2
 ( 2,6 )

D = 8 > 0 e f xx ( 2,6) = 6 > 0 ⇒ P : ( 2, 6 ) é ponto de mínimo relativo

b) Videoexemplo
Capítulo 7    Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis    121

f ( x, y ) = x 2 + xy − f2(yx−
, y2)x=+x12 + xy − 2 y − 2 x + 1
f x = 2 x + y − 2 ∴ f xf x==02⇒
x +2 yx +
− 2y∴
− 2f x==00 ⇒ 2 x + y − 2 = 0
f y = x − 2 ∴ f y = 0 f⇒ x−2 =0
y = x − 2∴ f y = 0 ⇒ x − 2 = 0

2 x + y = 2 2x + y = 2
 ⇒ { y = −2 ⇒ { y = −2
x = 2 x = 2
c) ⇒
⇒ Ponto Crítico: ( 2, −2 )Crítico: P : ( 2, −2 )
P : Ponto
 f = 2∴ f  = 2∴ f
 xx xx ( 2, −2 ) =f2 xx ( 2, −2 ) = 2
 xx
  f xx ( x0 , y0 ) f xy ( x0f ,xxy(0x)0 , y02) 1f xy ( x0 , y0 ) 2 1
 f yy = 0 ∴ f yy ( 2,−2) =f0yy = 0 ∴⇒f yyD2,=−2 = 0 ⇒D= = = −1 = = −1
( ) f xy ( x0 , y0 ) f yy ( x0f , y(0x) , y 1) 0f ( x , y ) 1 0
  xy 0 0 yy 0 0
 f xy = f yx = 1∴ f xy f xy =⇒f yx1 = 1∴ f xy ⇒1
 ( 2,−2) ( 2, −2 )

) −1 < 0 e f xx ((2, −1) = )2 > 0 ⇒ P : ( 2, −2 ) é ponto de sela


D = −1 < 0 e f xx (D
2, −1=
= 2 > 0 ⇒ P : 2, −2 é ponto de sela

d) Videoexemplo
2 y
f ( x, y ) = x 2 + y − ef y( x, y ) = x + y − e
f x = 2 x ∴ f x = 0 ⇒f x2=x = 2 x0∴ f x = 0 ⇒ 2 x = 0
f y = 1 − e y ∴ f y = 0f ⇒ 1−−eeyy =
y =1 ∴0f y = 0 ⇒ 1 − e y = 0
x = 0 x = 0
 y ⇒ {y = 0  y ⇒ {y = 0
e = 1 e = 1
e) ⇒
⇒ Ponto Crítico: ( 0, 0 ) Crítico: P : ( 0, 0 )
P :Ponto
 f = 2∴ f  f = 2∴ f
xx ( 0,0 ) =
 2xx xx ( 0,0 ) = 2
 xx
  y f ( x , y ) f ( xf xx, y( x)0 , y02) 0f xy ( x0 , y0 ) 2 0
 f yy = −e ∴ f yy ( 0,0) f=yy −=1−e ⇒
y
∴D f yy= xx= −01 0 ⇒ Dxy= 0 0 = = −2 = = −2
( 0,0f) ( x , y ) f ( xf , y( x) , y 0) −f1 ( x , y ) 0 −1
  xy 0 0 yy 0 xy 0 0 0 yy 0 0

 f xy = f yx = 0 ∴ f xy f xy =⇒f yx0 = 0 ∴ f xy ⇒0


  ( 0,0) ( 0,0 )

D = −2 < 0 e f xx D = =−22 <> 00 ⇒ f xx: ((0,0


e P 0 ⇒ Pde: (máximo
0,) 0=) 2 é>ponto 0, 0 ) é ponto
sela de máximo relativo
relativo
( 0,0 )

2) Resolva os problemas abaixo:


a) Ache três números positivos cuja soma é 36, de modo
que o produto seja máximo.
b) Determine as dimensões de uma caixa retangular
aberta no topo com um volume de 64 m3, e que re-
quer uma quantidade mínima de material para a sua
confecção.
122   Cálculo III

Resoluções:
a) Ache três números positivos cuja soma é 36, de modo
que o produto seja máximo.

x + y + z = 36 xe+ xy⋅+y z⋅ z==36P e x ⋅ y ⋅ z = P


x + zy=+36
x + y + z = 36 ⇒ z =−36 ⋅ y−⋅ (x36
z =x36
x −⇒y ⇒ −− x −xy⋅)y=⋅ (P36 − x − y ) = P
y⇒
362 xy − x 2 y − xy 2
xyP−( xx,2yy)−=xy
∴ P( x, y ) = 36∴
2
Px = 36 y − 2 xyP−
x = ∴yP−x 2=xy
y 236 0⇒ − y36 ∴
y−Px2=xy0−⇒y 236=y0− 2 xy − y 2 = 0
2 2
Py = 36 x − x 2 −Py2=xy36
∴xP−y =x 0−⇒
2 xy
36∴
x−Pyx=2 −0 2⇒xy36
= x0− x − 2 xy = 0
36
2
36 x − x − 2 xy
2
= x0− x − 2 xy = 0
 2 2
36 y − 2 xy − y36=y0− 2 xy − y = 0
 x = 0 x=0
= x0−⇒x x−( 36
36 x − x 2 − 2 xy36
2
0 2⇒y )x=( 36
2 xy− =x − 0⇒ − x− 2 y ) = 0 ⇒ 
36 − x − 2 y =036⇒− xx +− 2 y = 306⇒ x + 2 y = 36
 y = 0 y=0
y (−36y − =2 x0 −⇒y )y=( 36 − 2x − y ) = 0 ⇒ 
2
36 y − 2 xy − y 236=y0−⇒
2 xy 0⇒
36 − 2 x − y = 36
0 ⇒ − 2
2 x
x −
+ y = 0 ⇒ 2 x + y = 36
36
 x + 2 y = 36  x+−2 yx −= 436y = −72 −2 x − 4 y = −72
 ⇒   ⇒  ⇒ {−3 y = −36⇒ ⇒{−y3=y1=2 −⇒ 36x⇒= 12y = 12 ⇒ x = 12
2 x + y = 36 2x +2yx=+36 y = 36 2 x + y = 36
P1 : (Críticos:
⇒ Pontos
⇒ Pontos Críticos: ( 0,,102)) e P12 : (12,12 )
0, 0 ) e P1P:1(:12
 P = −2 y ∴ f P = −=20y ∴ f
xx xx( 0,0) xx ( 0,0 ) = 0
 xx
  Pxx ( x0 , y0 ) PPxyxx((xx00, ,yy00)) P0xy ( x360 , y0 ) 0 36
P1 :  Pyy = −2 xP∴ f yyPyy = −
1 : =20x ∴ f yy ( 0,0) = 0 ⇒ D = ⇒D= = = −=1296 = −1296
 
( 0,0 ) Pxy ( x0 , y0 ) PPyyxy((xx0 ,
0 ,yy0 0)) P
36
yy ( x00, y0 ) 36 0
 Pxy = Pyx = 36−Pxy2 x=−P2yxy=∴36 Px− 2 x − 2 y ∴ Pxy
y ( 0,0 ) ⇒ 36
⇒ 36
  ( 0,0 )

D = −1296 < 0D e= −P1296 < 0 e Pxx :((0,00,) 0=)0 ⇒


xx ( 0,0 ) = 0 ⇒ P
P : ( 0,
é ponto de0 )selaé ponto de sela

 P = −2 y ∴ f P = −=
 xx xx xx(12,12) 2 y−∴24f xx (12,12) = −24
  Pxx ( x0 , y0 ) PPxyxx((xx00, ,yy00)) P y ( x0 ,−y
−x24 0)
12 −24 −12
P2 :  Pyy = −2 xP∴ f yyPyy = −=
2 : 2 x−∴
24f yy (12,12) = −24 ⇒ D = ⇒D= = == 432 = 432
 
(12,12 ) Pxy ( x0 , y0 ) PPyyxy((xx0 ,
0 ,yy0 0)) P
− 12
yy ( x0 ,−y
240 ) −12 −24
 Pxy = Pyx = 36−Pxy2 x=−P2yxy=∴36 Pxy− 2 x − ⇒ 2y−
∴1P
2xy (12,12) ⇒ −12
  (12,12 )

D = 432 > 0 eD P
=xx432
(12,12 )
: (12,12
> <0 0e⇒PxxP(12,12 )
< 0)⇒é P : (12,12
ponto de )máximo
é ponto
relat máximo relativo
deivo

Mas z = 36 − Ma z =z36
x −sy ⇒ − x⇒
= 12 − yP⇒ z = 12
: (12,1 ⇒ P : (12,12,12)
2,12)

b) Videoexemplo
Capítulo 7    Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis    123

Recapitulando

Neste capítulo, estudamos como obter pontos críticos de uma


função de duas variáveis através das primeiras derivadas par-
ciais da função, e subsequente identidade zero. Vimos como
classificar esses pontos em máximos relativos, mínimos relati-
vos e pontos de sela. Por fim, aplicamos essa nova técnica na
resolução de problemas sobre pontos críticos com funções de
duas variáveis.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2. 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v. I. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Localize todos os pontos críticos e pontos de sela das fun-


ções abaixo:
124   Cálculo III

a) f ( x, y ) = y 2 + xy + 3 y + 2 x + 3

b) f ( x, y ) = x 2 + xy + y 2 − 3 x

2
c) f ( x, y ) = x 2 + y 2 +
xy

d) f ( x, y ) = e sin ( y )
x

e) f ( x, y ) = 4 xy − x 4 − y 4

f) f ( x, y ) = − x 2 − 4 x − y 2 + 2 y − 1

g) f ( x, y ) = 2 x − x 2 − y 2

h) f ( x, y ) = x 2 + 4 y 2 − x + 2 y

i) f ( x, y ) = x3 + 3 xy − y 3

j) f ( x, y ) = e x cos ( y )

2) Ache três números positivos cuja soma é 24 de modo que


o produto seja máximo.

3) Determine as dimensões de uma caixa retangular aberta


no topo, com um volume de 32 m3 e que requer uma
quantidade mínima de material para a sua confecção.

4) Um tanque retangular deve ter 3 m³ de capacidade. O


custo do material das faces laterais é de R$ 20,00 o metro
quadrado, do fundo é de R$ 30,00 o metro quadrado e a
Capítulo 7    Máximos e Mínimos de Funções de duas Variáveis    125

tampa sozinha custa R$ 40,00. Calcule as dimensões mais


econômicas para este tanque.

5) (ENADE-2005) Considere em R³ uma bola de centro na


origem e raio 4. Em cada ponto ( x, y, z ) dessa bola, a
temperatura T é uma função do ponto, expressa por
Nessa situação, partindo-se de
um ponto ( x0 , y0 , z 0 ) da fronteira da bola e caminhando-
-se em linha reta na direção do ponto (− x0 ,− y0 ,− z 0 ) , ob-
serva-se que a temperatura:

a) Será máxima nos pontos da fronteira da bola.

b) Estará sempre aumentando durante todo o percurso.

c) Estará sempre diminuindo durante todo o percurso.

d) Atingirá o seu maior valor no centro da bola.

e) Assumirá o seu maior valor em 4 pontos distintos.

Gabarito
1)

a) Ponto de sela P (1, −2 ) ;

b) Ponto de mínimo P ( 2, −1) ;

c) Ponto de mínimo P ( −1, −1) ; Ponto de mínimo P (1,1)

d) Não existem pontos críticos.


126   Cálculo III

e) Ponto de sela P ( 0, 0 ) ; Ponto de máximo P ( −1, −1) ;


Ponto de máximo P (1,1)

f) Ponto de máximo P ( −2,1)

g) Ponto de máximo P (1, 0 )


1 1
h) Ponto de mínimo P  , − 
2 4
i) Ponto de sela P ( 0, 0 ) ; Ponto de mínimo P (1, −1)

j) Não existem pontos críticos.

2) x=y=z=8.

3) x=y=4, z=2

4) 1,587 m X 1,587 m X 1,191 m

5) d
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 8

Gradiente e Derivada
Direcional

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
128   Cálculo III

Introdução

As derivadas parciais de primeira ordem de uma função


f ( x, y ) definem as taxas de variação de f nas direções pa-
ralelas aos eixos x e . Neste capítulo, estudaremos objetos
mais gerais que as derivadas parciais que resultarão em taxas
de variação de f ( x, y ) em qualquer direção arbitrária. Tais
quantidades são chamadas Derivadas Direcionais.

1D
 erivada direcional com respeito a uma
direção arbitrária

A derivada direcional de uma função de duas variáveis f ( x, y )


será um caso geral das definições de primeiras derivadas de f .

Admita um vetor definido no espaço bidimensional



V = v1iˆ + v2 ˆj (1)

onde v1 e v2 representam as componentes do vetor nas dire-


ções x e y , respectivamente.

Existem uma infinidade de vetores que possuem a mesma



direção de V e tal direção pode ser obtida por um objeto de-
nominado versor

 v1iˆ + v2 ˆj v1 ˆ v2 ˆ
µV =  =  i+  j (2)
V V V

Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   129

 
onde V representa o módulo do vetor V e obtido por

V = v12 + v2 2 .

O versor indica informação apenas da direção de V e, por
isso, seu módulo é a unidade, ou seja, é um vetor unitário.
Desta maneira, podemos escrever

u = u1iˆ + u2 ˆj (3)
v v
fazendo as atribuições u1 = 1 iˆe u2 = 2 .
V V
A questão a ser respondida aqui é qual a taxa de variação
de uma função de duas variáveis f ( x, y ) na direção do vetor
 
V e representado por u = u1iˆ + u2 ˆj ?

Estamos em posição de definirmos a derivada direcional



f ( x, y ) de na direção de u = u1iˆ + u2 ˆj :

Se f for uma função diferenciável de x e y e se u for um
vetor unitário, então a derivada direcional de f na direção de

u será

Du f = f x ( x, y ) u1 + f y ( x, y ) u2 (4)

ou

Du f = f x ( x, y ) cos (φ ) + f y ( x, y ) sin (φ ) (5)


onde é o φ ângulo formado entre o vetor u e a direção x .

Observe que fazendo u = iˆ ⇒ φ = 0 e temos


130   Cálculo III

Dx f = f x ( x, y ) cos ( 0 ) + f y ( x, y ) sin ( 0 ) = f x ( x, y ) (6)



π
e fazendo u = ˆj ⇒ φ = que implica
2
π  π 
Dy f = f x ( x, y ) cos   + f y ( x, y ) sin   = f y ( x, y ) (7)
2 2

Em outras palavras as derivas parciais de primeira ordem


são casos particulares da derivada direcional quando impo-
mos direções paralelas aos eixos x e y .

Exemplos:
1) Determine as derivadas direcionais de f ( x, y ) na direção

do vetor a e no ponto P solicitado:


a) f ( x, y ) = 3 x y; a = 3iˆ + 4 ˆj; P : (1, 2 )
2


b) f ( x, y ) = x − 3 xy; a = iˆ + 2 ˆj; P : ( −2, 0 )
2

  π
c) f ( x, y ) = e cos ( y ) ; a = 5iˆ − 2 ˆj; P :  0, 
x

 4

d) f ( x, y ) = xe − ye ; a = 5iˆ − 2 ˆj; P : ( 0, 0 )
y x
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   131

Resoluções:
132   Cálculo III

2 O gradiente

A definição de derivada direcional desenvolvida e expressa


pela equação (4) motiva uma outra construção em termos do
produto escalar entre dois vetores, a saber

(8)

O segundo vetor do produto escalar (8) é nosso vetor uni-


tário e o primeiro vetor é definido como o gradiente da função
f ( x, y ) e denotado por

∇f ( x, y ) = f x ( x, y ) iˆ + f y ( x, y ) ˆj. (9)

Dessa maneira, a derivada direcional pode ser expressa


por

(10)

1) Determine o gradiente de f ( x, y ) das funções abaixo:

a) f ( x, y ) = 3 x 2 y

b) f ( x, y ) = x 2 − 3 xy

c) f ( x, y ) = e cos ( y )
x

d) f ( x, y ) = xe y − ye x
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   133

Resoluções:

f ( x, y ) = 3 x 2 y
∇f ( x, y ) = f x ( x, y ) iˆ + f y ( x, y ) ˆj
a)
 f x = 6 xy
 2
⇒ ∇f ( x, y ) = 6 xy iˆ + 3 x 2 ˆj
 f y = 3 x

b) Videoexemplo

f ( x, y ) = e x cos ( y )
∇f ( x, y ) = f x ( x, y ) iˆ + f y ( x, y ) ˆj
c)
 f x = e x cos ( y )
 ⇒ ∇f ( x, y ) = e x cos ( y ) iˆ − e x sin ( y ) ˆj
 f y = −e sin ( y )
x

d) Videoexemplo

3 Propriedades do gradiente

O gradiente de f ( x, y ) não é meramente uma ferramenta


operacional para o cálculo da derivada direcional, mas um
objeto matemático capaz de dar informações sobre as dire-
ções de maior crescimento de f . Abaixo, listamos algumas
propriedades do gradiente:

ÂÂSe ∇f ( x, y ) = 0 então todas as derivadas direcionais se-
rão nulas.
134   Cálculo III


ÂÂSe ∇f ( x, y ) ≠ 0 então dentre todas as derivadas direcio-
nais de f a derivada na direção e sentido de ∇f ( x, y )
possui o maior valor e é dada por

Du f = ∇f ( x, y ) (11)


ÂÂSe ∇f ( x, y ) ≠ 0 então dentre todas as derivadas direcio-
nais de f a derivada na direção e com sentido contrá-
rio de ∇f ( x, y ) possui o menor valor e é dada por

Du f = − ∇f ( x, y ) (12)


ÂÂSe f for diferenciável em ( x0 , y0 ) e se ∇f ( x, y ) ≠ 0 ,
então ∇f ( x0 , y0 ) é normal à curva de nível de f que
passa pelo ponto ( x0 , y0 ) .

1) Determine o vetor unitário na direção na f cresce mais


rapidamente no ponto P e obtenha a taxa de variação de
f em P nesta direção:

a) f ( x, y ) = x e ; P : ( −2, 0 )
2 y

b) f ( x, y ) = 3 x − ln( y ); P : ( 2, 4 )

x
c) f ( x, y ) = ; P : ( 0, 2 )
x+ y
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   135

Resoluções:

a)
136   Cálculo III

2) Determine o vetor unitário na direção em que f decresce


mais rapidamente no ponto P e obtenha a taxa de varia-
ção de f em P nesta direção:

a) f ( x, y ) = x e ; P : ( −2, 0 )
2 y

b) f ( x, y ) = e ; P : ( 2,3)
xy

x− y
c) f ( x, y ) = ; P : ( 3,1)
x+ y
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   137

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo
138   Cálculo III

c)

3) Esboce a curva de nível de f que passa pelo ponto P e


represente graficamente o vetor gradiente em P :
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   139

a) f ( x, y ) = x + y ; P : ( 3, 4 )
2 2

y
b) f ( x, y ) = ; P : ( −2, 2 )
x2
c) f ( x, y ) = x − y ; P : ( 2, −1)
2 2

Resoluções:
f ( x, y ) = x 2 + y 2 ; P : ( 3, 4 )
∇f ( x, y ) = f x ( x, y ) iˆ + f y ( x, y ) ˆj
 f x = 2 x
 ⇒ ∇f ( x, y ) = 2 x iˆ + 2 y ˆj ⇒ ∇f (3, 4) = 6 iˆ + 8 ˆj
a)  f y = 2 y
∇f (3, 4) = 6 iˆ + 8 ˆj
x 2 + y 2 = 25

b) Videoexemplo

c)

∇f (2,−1) = 4i + 2 j

4) Uma partícula que procura o calor está localizada no pon-


to de uma placa de metal, cuja temperatura é
140   Cálculo III

dada pela função Determine uma


equação para a trajetória da partícula:
a) Se ela se mover na direção do aumento máximo da
temperatura;

b) Se ela se mover na direção do decréscimo máximo da


temperatura.

Resoluções:
a) Se ela se mover na direção do aumento máximo da
temperatura;
T ( x, y ) = 10 − 8 x 2 − 2 y 2 ; P : ( 2,3) , ∇T ( x, y ) = Tx ( x, y ) iˆ + Ty ( x, y ) ˆj
{T x = −16 x, Ty = −4 y ⇒ ∇f ( x, y ) = −16 x iˆ − 4 y ˆj
dx ˆ dy ˆ dx ˆ dy ˆ
v(t ) = k ∇f ( x, y ), k = const ⇒ v(t ) = i+ j⇒ i+ j = −16 xk iˆ − 4 yk ˆj
dt dt dt dt
dy
= −4 yk
dx dy dy y
⇒ = −16 xk e = −4 yk ∴ dt ⇔ = , com y (2) = 3
dt dt dx dx 4 x
= −16 xk
dt
1 1
dy dx dy 1 dx 1 3
⇒ = ⇒ ∫ = ∫ ⇒ ln y = ln x + C ⇒ y = Cx 4 , y (2) = 3 ⇒ 3 = C ⋅ 2 4 ⇒ C = 1
y 4x y 4 x 4
24
1
1
3  x 4
⇒y= 1
x 4 ⇒ y = 3 
2
2 4

b) Videoexemplo

Recapitulando

Neste capítulo, definimos a chamada derivada direcional de


uma função de duas variáveis. Vimos que tal objeto possibilita
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   141

determinar a taxa de variação de uma função de duas variá-


veis em qualquer direção arbitrária. Neste contexto, a derivada
parcial é um caso particular da derivada direcional. Por fim,
definimos o gradiente de uma função de duas variáveis. Ob-
jeto matemático que aparece naturalmente em cursos de cál-
culo vetorial, o gradiente se mostrou como ferramenta para a
determinação da direção de maior crescimento de uma função
de duas variáveis.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2. 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v 1. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Determine as derivadas direcionais de f ( x, y ) na direção


 
do vetor a e no ponto P solicitado. Caso o vetor a seja

unitário, será representado por u :
142   Cálculo III

3  1 ˆ 1 ˆ
a) f ( x, y ) = (1 + xy ) 2 ; P : ( 3,1) ; u = i+ j
2 2

3 4
( ) 
b) f ( x, y ) = ln 1 + x + y ; P : ( 0, 0 ) ; u = − iˆ + ˆj
2

5 5

c) f ( x, y ) = 4 x y ; P : ( 2,1) ; a = 4iˆ − 3 ˆj
3 2


d) f ( x, y ) = y ln ( x ) ; P : (1, 4 ) ; a = −3iˆ + 3 ˆj
2

 y 
e) f ( x, y ) = arctan   ; P : ( −2, 2 ) ; a = −iˆ − ˆj
x

2) Determine o vetor unitário na direção na f cresce mais


rapidamente no ponto P e obtenha a taxa de variação de
f em P nesta direção:

a) f ( x, y ) = 4 x y ; P : ( −1,1)
3 2

b) f ( x, y ) = x 2 + y 2 ; P : ( 4, −3)

3) Determine o vetor unitário na direção na f decresce mais


rapidamente no ponto P e obtenha a taxa de variação de
f em P nesta direção:

a) f ( x, y ) = 20 − x − y ; P : ( −1, −3)
2 2

π π 
b) f ( x, y ) = cos ( 3 x − y ) ; P :  , 
6 4

4) Esboce a curva de nível de f que passa pelo ponto P e


represente graficamente o vetor gradiente em P :
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   143

a) f ( x, y ) = 4 x − 2 y + 3; P : (1, 2 )

b) f ( x, y ) = x + 4 y ; P : ( −2, 0 )
2 2

5) (ENADE-2003) Considere uma piscina e, em cada ponto


do água, a pressão hidrostática no ponto. Em cada ponto,
o gradiente de pressão:

a) É horizontal.

b) É vertical e aponta para cima.

c) É vertical e aponta par baixo.

d) É inclinado e aponta para cima.

e) É inclinado e aponta para baixo.

Gabarito
1)
a) 6 2

b)

c) 0
d) −8 2

e) 2
4
144   Cálculo III

2)

 3iˆ − 2 ˆj
a) u = ; ∇f ( −1,1) = 4 13
13

 4iˆ − 3 ˆj
b) u = ; ∇f ( 4, −3) = 1
5

3)

 −iˆ − 3 ˆj
a) u = ; − ∇f ( −1,3) = −2 10
10

 3iˆ − ˆj π π 
b) u = ; − ∇f  ,  = − 5
10 6 4

4)

a)
Capítulo 8   Gradiente e Derivada Direcional   145

b)

5)

c)
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 9

Integrais Duplas e suas


Aplicações

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    147

Introdução

Neste capítulo, analogamente ao que foi desenvolvido em


todo o livro, faremos a extensão do processo de integração
para funções de duas variáveis. Neste caso, voltamos à defi-
nição principal de integral de Riemann, implicada na soma de
Riemann, e obteremos um caso mais geral, onde há possibili-
dade de integrarmos funções de duas variáveis.

1 Definição de integral dupla

A integral de Riemann, estudada em disciplinas iniciais de cál-


culo, tem origem na chamada Soma de Riemann que expressa
uma integral definida da seguinte forma
b n

∫ f ( x)dx = lim ∑ f ( x*)∆xk (1)


n →∞
a k =1

Para estender essa ideia para funções de duas variáveis,


definimos uma região R tal que seja a projeção ortogonal de
nossa superfície z = f ( x, y ) sobre o plano ( x, y ) e fazendo a
devida generalização da equação 1 obtemos
n
lim ∑ f ( x*, y*)∆Ak . (2)
n →∞
k =1

Observe que nesse caso estamos admitindo incrementos


de área ao invés de incrementos de comprimento como foi
148   Cálculo III

feito em 1. O limite 2 define o que chamaremos de integral


dupla. Analogamente, a área sob a curva obtida pela integral
simples 1 a integral dupla representará o volume abaixo da
superfície z = f ( x, y ) e expresso por

∫∫ f ( x, y )dA = lim ∑ f ( x*, y*)∆Ak . (3)


n →∞
R k =1

Ou em termos do volume, temos

V = ∫∫ f ( x, y )dA (3)
R

Z = f(x,y)

Y
A

Figura 1  volume abaixo de uma superfície.


Fonte: Wikipédia, (2014).

A seguir definiremos uma série de propriedades para esse


novo objeto matemático.
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    149

2 Propriedades

Analogamente às propriedades de integração definidas para


funções de uma variável, temos as seguintes propriedades
para integrais duplas, que são uma expressão de que a line-
aridade das integrais simples se estendem naturalmente para
integrais duplas.

∫∫ c f ( x, y ) dA = c ∫∫ f ( x, y ) dA (4)
R R

∫∫  f ( x, y ) + g ( x, y ) dA = ∫∫ f ( x, y ) dA + ∫∫ g ( x, y ) dA (5)
R R R

∫∫  f ( x, y ) − g ( x, y ) dA = ∫∫ f ( x, y ) dA − ∫∫ g ( x, y ) dA (6)
R R R

∫∫ f ( x, y ) dA = ∫∫ f ( x, y ) dA + ∫∫ f ( x, y ) dA (7)
R R1 R2

Comentários sobre as propriedades:

ÂÂA equação 4 expressa que a operação de integral dupla


não opera sobre constantes, e assim podemos retirá-la
de “dentro da integral”.

ÂÂAs equações 5 e 6 afirmam que a integral de uma soma


de funções é idêntica à integral de parcela da soma,
independentemente das demais.

ÂÂPor fim, a equação 7 implica que temos liberdade, con-


forme a conveniência de dividirmos a região R em sub-
150   Cálculo III

-regiões menores e calcular a integral em cada região.


No final, somamos todas as contribuições de cada uma
dessas regiões e obtemos a integral completa.

3 Cálculo de integrais duplas

O cálculo efetivo de integrais duplas vai depender da região R


ao qual estamos trabalhando. De forma geral, podemos divi-
dir a forma da região R em duas categorias:

ÂÂRegiões retangulares: nesse caso, por mais que nossa


superfície z = f ( x, y ) seja irregular no interior de R sua
projeção sobre o plano será um retângulo.

ÂÂRegiões não retangulares: essas regiões normalmente


são definidas por funções de x ou y implicando em regi-
ões de qualquer formato.

A seguir, estudaremos cada caso com maior atenção.

4C
 álculo de integrais duplas em regiões
retangulares

Seja R um retângulo definido pelas desigualdades a ≤ x ≤ b e


c ≤ y ≤ d . Se z = f ( x, y ) for contínua nesse retângulo, temos

d b b d

∫∫ f ( x, y ) dA = ∫ ∫ f ( x, y ) dx dy = ∫ ∫ f ( x, y ) dy dx (1.7)
R c a a c
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    151

É importante observar que a ordem dos incrementos está


associada às desigualdades supracitadas, ou seja, se inver-
temos a ordem das integrais devemos inverter a ordem dos
infinitésimos.

Outra observação importante é que devemos calcular as


integrais de “dentro para fora”, ou seja, primeiro calculamos
a integral mais interna admitindo como variável o infinitésimo
mais interno e, subsequentemente, calcula-se a segunda inte-
gral. Em outras palavras, calculamos duas integrais simples,
uma de cada vez.

Exemplos:
1) Calcule as integrais duplas abaixo:
3 2

a) ∫ ∫ (1 + 8xy ) dy dx
0 1

2 3
b)
∫ ∫ (1 + 8xy ) dy dx
1 0

3 1

∫ ∫ (x − 4 y ) dy dx
2
c)
1 −1

0 2

∫ ∫ (x + y 2 ) dx dy
2
d)
−2 −1

2 1

e) ∫ ∫ ( y sin( x) ) dy dx
0 0
152   Cálculo III

6 7

f) ∫ ∫ dx dy
4 −3

π 2

g) ∫ ∫ ( x cos( xy) ) dy dx
π 1
2

Resoluções:
2
3 2 3
2  2
y2
∫ ∫ (1 + 8 xy ) dy dx = ∫  ∫ (1 + 8 xy ) dy  dx ∴ ∫ (1 + 8 xy ) dy = y + 8 x
0 1 0 1  1
2 1

a) = y + 4 xy 2 2
= ( 2 + 4 x ⋅ 2 ) − (1 + 4 x ⋅1 ) = 2 + 16 x − 1 − 4 x = 1 + 12 x
2 2
1

 3 2
 3
∴ ∫  ∫ (1 + 8 xy ) dy  dx = ∫ [1 + 12 x ] dx = x + 6 x 2 = ( 3 + 6 ⋅ 32 ) − ( 0 ) = 57
3

0
0 1  0

b) Videoexemplo
3 1 3 1 3
1 3
1  1
 1

∫ ∫ ( x −∫4∫y()xdy−dx4 y=)∫dy ∫dx( x= −∫ 4∫y()xdy− dx ) dy∫ (xdx−∴4∫y()xdy−=4xy )ydy− 2=yx


2 2 2 2 21 1
2 2
4 y∴ 2 2
y − 2 y2
−1 −1
1 −1 1 −1 1 −1 1  −1 −1 −1
c)
( (
= ( x 2 ⋅1 −=2( ⋅x122 ⋅)1−− 2x⋅21(2−)1−) −x22 ( −1) − 2=(x−21− ) )
) 2 += x 2 +− 2 += x22x+2 2 = 2 x 2
2 2

3 3
 3

1 3
2 
1
 2 3
22 3
3
22 3 3   2 3 52
∴ ∫  ∫ ( x∴
2
−∫ 4∫y()xdy 4 y =) dy
− dx ∫1   ∫1  3  01 33 0=−( 03 )3=183− ( 0 ) = 18
2dx
x 
= dx 2
= x 
x dx = x3
1  −1 1  −1 

d) Videoexemplo
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    153

1
2 1 2
1  1
y2
∫ ∫ ( y sin( x) ) dy dx = ∫  ∫ ( y sin( x) ) dy  dx ∴ ∫ ( y sin( x) ) dy =
0 0 0 0  0
2
sin( x)
0

 12   02  1
=  sin( x)  −  sin( x)  = sin( x)
e) 2   2  2
2

2 1
 2
1  1
∴ ∫  ∫ ( y sin( x) ) dy  dx = ∫  sin( x)  dx = − cos( x)
0 0  0
2  2 0

 1   1  1 1
=  − cos(2)  −  − cos(0)  = − cos(2)
 2   2  2 2

f) Videoexemplo

g)

2) Calcule as integrais duplas na região R definida pelas de-


sigualdades indicadas:
xy
a) ∫∫ dA; R = {( x, y ) : 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 1 }
R x + y2 +1
2

b)

c)
154   Cálculo III

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo

∫∫ y x dA;
2
R = {( x, y ) : − 3 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 1 }
R

3 1
c) ⇒
2 1
 2 2
 1 1
y 1
∫ ∫ y x dy dx = ∫  ∫ y x dy  dx =∴ ∫ y x dy = x
2 2
= x
−3 0 −3 0  0
3 0
3
1

2 1
 2
1  1  1
∴ ∫  ∫ y 2 x dy  dx = ∫  x  dx =  x 2  =
−3  0  −3 
3  6 0 6

5 Integrais duplas em regiões não


retangulares

Regiões não retangulares são casos gerais das regiões retan-


gulares. Por simplicidade, faremos a classificação de regiões
não retangulares em duas categorias:

1) Tipo I: limitada à direita e à esquerda por retas verticais x = a


e x = b e é limitada abaixo e acima por curvas contínuas
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    155

e expressas em termos da variável x , ou seja, y1 = g1 ( x) e


y2 = g 2 ( x) para a ≤ x ≤ b e com g1 ( x) ≤ g 2 ( x) .

2) Tipo II: limitada abaixo e acima por retas horizontais y = c


e y = d e é limitada à direita e à esquerda por curvas
contínuas e expressas em termos da variável y , ou seja,
x1 = h1 ( y ) e x2 = g 2 ( y ) para c ≤ y ≤ d .

Observe que para o caso particular de uma região defini-


da por duas retas horizontais e por duas retas verticais, temos
uma região retangular.

Tendo em vista cada tipo de região não retangular, pode-


mos definir duas classes de integrais duplas:

Para regiões do tipo I: Para z = f ( x, y ) continua, temos

b g2 ( x )

∫∫ f ( x, y ) dA = ∫ ∫ f ( x, y ) dydx (8)
R a g1 ( x )

Para regiões do tipo II: Para z = f ( x, y ) continua, temos

d h2 ( y )

∫∫ f ( x, y ) dA = ∫ ∫ f ( x, y ) dxdy (9)
R c h1 ( y )

Exemplos:
3) Calcule as integrais duplas abaixo:
2 x

∫ ∫ ( y x ) dy dx
2
a)
0 x2
156   Cálculo III

π cos( y )
b)
∫ ∫ ( x sin( y) ) dx dy
0 0

∫∫ ( 2 x − y ) dA ,
2
c) na região triangular definida pelas
retas y = − x + 1 , y = x + 1 e y = 3 .
R

3
2 3− y
d)
∫∫
1 y
y dx dy

1 x
x
e) ∫∫
1 x2 y
dy dx
4

2 1

∫∫
2

f) e x dx dy
0 y
2

1 x2

∫ ∫ (x − y ) dy dx
2
g)
−1 − x 2
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    157

Resoluções:
x
2 x 2 x
  x
xy 3
∫0 ∫2 ( y x ) dy dx = ∫0  ∫2 ( y x ) dy  dx ∴ ∫2 ( y x ) dy = 3
2 2 2

x x  x x2

 x ⋅ x 3   x ( x )  1 4 1 7
2 3

  − = x − x
a)  3   3  3 3


2 x
 2
1 1 
2
1 1 
⇒ ∫  ∫ ( y 2 x ) dy  dx = ∫  x 4 − x 7  dx ∴ ∫  x 4 − x 7  dx
 x2
0   0 
3 3  0 
3 3 
2
1 5 1 8 1 1  32 256 − 3072 128
= x − x =  25 − 28  − ( 0 ) = − = –1024= −
15 24 0  15 24  15 24 120360 15

b) Videoexemplo

∫∫ ( 2 x − y ) dA ,
2
c) na região triangular definida pelas
R
retas y = − x + 1 , y = x +1 e y = 3 .

∫∫ ( 2 x − y ) dA,
2
y = − x + 1, y = x + 1, y = 3
R

∴ y = −x +1 ⇒ x = 1− y e y = x +1 ⇒ x = y −1 ⇒ 1− y = y −1 ⇒ y = 1
⇒ R = {( x, y ) : (1 − y ) ≤ x ≤ ( y − 1) , 1 ≤ y ≤ 3 }
3 y −1 3  y −1  y −1
y −1
⇒∫ ∫ 2 x − y 2
dx dy = ∫  ∫ 2 x − y 2
dx  dy ∴ ∫ 2 x − y 2 dx = x 2 − y 2 x
1− y
1 1− y 1− y
1   1− y

= (( y − 1) 2
) (
− y 2 ( y − 1) − (1 − y ) − y 2 (1 − y )
2
)
= ( y 2 − 2 y + 1 − y 3 + y 2 ) − (1 − 2 y + y 2 − y 2 + y 3 )
= 2 y 2 − 2 y + 1 − y3 − 1 + 2 y − y3 = 2 y 2 − 2 y3
3  y −1  3 3
2 1 68
⇒ ∫  ∫ 2 x − y 2 dx  dy = ∫  2 y 2 − 2 y 3  dy = y 3 − y 4 = −
1− y
1   1
3 2 1 3

d) Videoexemplo
158   Cálculo III

1 x
x
1
x x  x
x
x
−1
∫∫
1 x2 y
dy dx = ∫  ∫
 x2
1  y
dy  dx ∴ ∫
 y
dy = x ∫ y 2 dy
x2 x2
4 4

( ) ( )
x x 3

e) = 2 x y 2
= 2 xy 2
= 2 x 2 − 2 x3 = 2 x − 2 x 2
x x

x1
x  1
4 52
1
9
 2
= 13
3
⇒ ∫ ∫ dy  dx = ∫ 2 x − 2 x dx = x − x
2

1  x2 y  1

 
 5 1 80
4 4 4

f) Videoexemplo

g)

6C
 álculo de área com uso de integrais
duplas

A operação de integral dupla pode ser utilizada como ferra-


menta para a obtenção da área da região R, que trabalhamos
neste capítulo. Para tal, o que fazemos é usar como superfície
a função constante f ( x, y ) = 1 na integral dupla que define
um volume qualquer V. Nesse caso, a integral resultante repre-
sentará a área da região R e será dada por
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    159

A = ∫∫ dA (9.10)
R

Exemplos:
4) Utilize a integral dupla para obter a área entre as curvas
solicitadas:
1 2
a) y = x ; y = 2x
2
2
b) y = − x; 3 y − x = 4

c) y = cosh( x); y = sinh( x); x = 0, x = 1

Resoluções:
1 2 1 1
y= x ; y = 2x ⇒ x2 = 2x ⇒ x2 − 2x = 0 ⇒ x2 − 4x = 0
2 2 2
 1 
⇒ x = 0, x = 4 ⇒ A = ∫∫ dA ⇒ R = ( x, y ) : 0 ≤ x ≤ 4, x 2 ≤ y ≤ 2 x 
a) R  2 
4 2x 4 4 4

⇒ A=∫  2x  dx =  2 x − 1 x 2  dx = x 2 − 1 x 3 = 16
∫ dy dx = ∫  y
0 1 x2 0
1 2
2
x 
 ∫0  2  6 0 3
2

b) Videoexemplo
y = cosh( x); y = sinh( x); x = 0, x = 1
⇒ A = ∫∫ dA ⇒ R = {( x, y ) : 0 ≤ x ≤ 1, sinh( x) ≤ y ≤ cosh( x) }
R
1 cosh( x ) 1

( )
1
c) ⇒ A = dy dx = ∫ y sinh( x ) dx = ∫ ( cosh( x) − sinh( x) ) dx
cosh( x )
∫ ∫
0 sinh( x ) 0 0
1
= sinh( x) − cosh( x) 0 = sinh(1) − cosh(1) + 1
160   Cálculo III

Recapitulando

Neste capítulo, vimos a definição de uma integral dupla, bem


como as propriedades que asseguram a linearidade desse
novo objeto matemático. Vimos o cálculo efetivo de integrais
duplas em regiões retangulares, bem como em regiões mais
gerais. Por fim, obtivemos um novo processo para a obtenção
da intensidade da área definida entre funções contínuas.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v.2, 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v 1. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Calcule as integrais duplas abaixo:


Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    161

1 x

∫ ∫ ( x y ) dy dx
2
a)
0 x2

3 9− y 2

b) ∫ ∫
0 0
y dx dy

2 x³
c) ∫∫
0 x²
dydx

π x2
1  y 
d) ∫
π
∫0  x  x   dy dx
 cos
2

1 x

e) ∫∫ y
0 0
x 2 − y 2 dy dx

2) Calcule a integral dupla nas regiões limitadas pelas cur-


vas:
16
∫∫ x
2
a) dA; y = , y = x, x = 8
R
x

∫∫ x (1 + y )
−1
2
b)
2
dA; y = x 2 , y = 4, x = 0
R

c) ∫∫ ( 3x − 2 y ) dA;
R
x2 + y 2 = 1

d) ∫∫ xy dA;
R
y = x , y = 6 − x, y = 0
162   Cálculo III

e) ∫∫ ( x − 1) dA;
R
y = x, y = x 3

3) Use a integral dupla para obter a área entre as curvas:

a) y = sin( x); y = cos( x); 0 ≤ x ≤ π


4
b) y 2 = 9 − x; y 2 = 9 − 9 x

Gabarito
1)
a) 1
35
b) 9
4
c)
3
d) 1
1
e)
12

2)
a) 576

b) 17 − 1
2

c) 0
Capítulo 9    Integrais Duplas e suas Aplicações    163

d) 50
3

e)
−7
60

3)

a) 2 −1
b) 32
Rafael da Silva Valada1

Capítulo 10

Integrais Triplas e suas


Aplicações

1  Professor de Matemática e Física, Mestre em Matemática Aplicada, Professor dos


Cursos de Física, Matemática e Engenharias da Universidade Luterana do Brasil –
ULBRA – Canoas (RS).
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    165

Introdução

Neste capítulo, estudaremos a definição e a aplicação de inte-


gral tripla que nada mais é do que um passo além das integrais
duplas. Tal procedimento mostra que podemos generalizar o
conceito de integral ao de infinito para espaços N dimensio-
nais. Os passos principais para a construção da integral tripla
repetem os mesmos passos que já vimos na construção das
integrais duplas.

1 Definição de integrais triplas

Começamos nossa construção da integral tripla pela visua-


lização de uma caixa subdividida em pequenos incrementos
de volume com intensidades ∆Vk . Admita também uma curva
definida pela função de três variáveis w = f ( x, y, z ) . Obser-
ve que o volume no interior da curva define uma região G
onde o volume pode ser computado pelo soma dos incremen-
tos ∆Vk . No entanto, como a região G é arbitrária e definida
pela função, os incrementos não caberão completamente den-
tro da região; seria necessário montar elementos de volume
cada vez menores até que tenhamos infinitésimos de volume.

É interessante lembrar a diferença entre incrementos e in-


crementos infinitesimais. Os incrementos são quantidades que
pertencem ao mundo real e podem ser medidos através de al-
gum instrumento real que, por sua vez, utiliza algum princípio
físico. Um incremento infinitesimal é um objeto abstrato que só
166   Cálculo III

pode ser visto em nossa mente levando à máxima que pode-


mos ter incrementos tão pequenos quanto queiramos.

Para avaliar o volume no interior da região G definido pela


curva w = f ( x, y, z ) devemos somar todos os incrementos infini-
tesimais de volume, ou seja, tornar as divisões tão pequenas
que obteremos a igualdade

∫∫∫ f ( x, y, z )dV = nlim


lim f ( xk , yk , zk )∆Vk (1)
n →∞
G

A integral que aparece à esquerda da equação (1) é cha-


mada integral tripla.

2 Propriedades

Analogamente às propriedades de integração definidas para


funções de duas variáveis temos as seguintes propriedades
para integrais triplas:

∫∫∫ c f ( x, y, z ) dV = c ∫∫∫ f ( x, y, z ) dV (1)


G G

∫∫∫  f ( x, y, z ) + g ( x, y, z ) dV = ∫∫∫ f ( x, y, z ) dV + ∫∫∫ g ( x, y, z ) dV (2)


G G G

∫∫∫  f ( x, y, z ) − g ( x, y, z ) dV = ∫∫∫ f ( x, y, z ) dV − ∫∫∫ g ( x, y, z ) dV (3)


G G G

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫∫∫ f ( x, y, z ) dV + ∫∫∫ f ( x, y, z ) dV (4)


G G1 G2
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    167

3C
 álculo de integrais triplas em caixas
retangulares

Seja R uma caixa retangular definida pelas desigualdades


a ≤ x ≤ b ,c ≤ y w
≤ d= fe( xk, ≤
y, yz )≤ l . Se w = f ( x, y, z ) for contínua
nessa caixa, temos
b d l

∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫ ∫ ∫ f ( x, y, z ) dzdydx (5)


G a c k

É importante observar que a ordem dos incrementos estão


associados às desigualdades supracitadas, ou seja, se inver-
temos a ordem das integrais, devemos inverter a ordem dos
infinitésimos.

Exemplos:
1) Calcule as integrais triplas abaixo:

a)

b)

π
4 1 5
c) ∫ ∫ ∫ x cos y dzdydx
0 0 0

2 3 9

∫ ∫ ∫ xy
3
d) z 3 dzdydx
1 1 3
168   Cálculo III

5 5 5

e) ∫ ∫ ∫ dzdydx
0 0 0

4 5 6

f) ∫ ∫ ∫ xyz dzdydx
3 4 5

3 4 2

∫ ∫ ∫ xe
xz
g) dzdydx
1 −1 0

Resoluções:
2 3 2 2 3
2  2
2
∫ ∫ ∫ 12 xy ∫ ∫  ∫ 12 xy z dz  dydx =∴ ∫ 12 xy 2 z 3 dz = 3 xy 2 z 4
2 3 2 3
z dzdydx =
0
−1 0 0 −1 0 0  0
2 3 3
= ( 3 xy 2 ⋅ 24 ) − ( 0 ) = 48 xy 2 ⇒
3
∫ ∫ 48 xy  dydx ∴ ∫ 48 xy  dy = 16 xy 0
2 2 3
a)
−1 0 0
2
2
= 16 x ⋅ 33 = 432 x ⇒ ∫ 432 x dx = 216 x 2 = 648
−1
−1

b) Videoexemplo
π π π
41 5 41 41

∫ ∫ ( 5 x cos y ) dydx
5
∫ ∫ ∫ x cos y dzdydx = ∫ ∫ zx cos y 0 dydx =
c) 0 0 0
π π
0 0 0 0
π
4 4
5sin1 2 4 5π 2 sin1
= ∫ 5 x sin y 0 dx = ∫ ( 5 x sin1) dx =
1
x =
0 0
2 0 32

d) Videoexemplo
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    169

5 5 5 5 5 5 5
dzdydx = ∫ ∫ z 0 dydx = ∫ ∫ ( 5 ) dydx
5
∫∫∫
0 0 0 0 0 0 0
e) 5 5
= ∫ 5 y 0 dx = ∫ ( 25 ) dx = 25 x 0 = 125
5 5

0 0

f) Videoexemplo
3 4 2 3 4 3 4

∫ ∫ ∫ xe
xz
dzdydx = ∫ ∫ e xz 2
dydx = ∫ ∫ ( e 2 x − 1) dydx
0
1 −1 0 1 −1 1 −1
3 3 3
5
g) = ∫ ( e − 1) y dx = ∫ 5 ( e − 1) dx = e 2 x − 5 x
4
2x 2x

1
−1
1
2 1

5  5  5
=  e6 − 15  −  e 2 − 5  = ( e6 − e 2 ) − 10
2  2  2

4C
 álculo de integrais triplas em regiões
gerais

Seja G um volume definido com superfície superior dada pela


função z = g 2 ( x, y ) e pela superfície inferior dada pela função
z = g1 ( x, y ) , e seja R a projeção de G no plano xy. Se a fun-
ção w = f ( x, y, z ) for contínua em G, então

 g2 ( x , y ) 
∫∫∫ f ( x, y, z ) dV = ∫∫  ∫ f ( x, y, z )dz  dA (6)
G  g1 ( x , y )
R  
170   Cálculo III

Observe que a equação (6) indica uma ordem para inte-


gração de modo a primeiro integrarmos com respeito a z e
subsequentemente com respeito as variáveis do plano xy.

Para o caso particular de g1 ( x, y ) = l e g 2 ( x, y ) = k temos


uma caixa retangular e recaímos na técnica dada na Seção
1.4.

Exemplos:
2) Calcule as integrais triplas abaixo:
π 2
4 1 x

a) ∫ ∫ ∫ x cos y dzdxdy
0 0 0

3 x 2 ln z

∫ ∫ ∫ xe dydzdx
b) y

1 x 0

Resoluções:
π 2 π π
4 1 x 4 1 4 1
x2
∫ ∫ ∫ x cos y dzdxdy = ∫ ∫ xz cos y 0 dxdy = ∫ ∫x
3
cos y dxdy
0 0 0 0 0 0 0
π π
a) 4
x 4 cos y
1
1 4
1 4
1 2
π
2
= ∫
0
4
dy =
4 ∫0 cos y dy = 4 sin y 0 = 4 2 = 8
0

b) Videoexemplo
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    171

5C
 álculo de volume com uso de integrais
triplas

A operação de integral tripla pode ser utilizada como ferra-


menta para a obtenção do volume de um sólido G ao qual
trabalhamos neste capítulo. Para tal, o que fazemos é usarmos
como superfície a função constante f ( x, y, z ) = 1 na integral
tripla. Neste caso, a integral resultante representará o volume
do sólido G e será dado por

V = ∫∫∫ dV (7)
G

Exemplos:
3) Utilize a integral tripla para obter o volume entre as curvas
solicitadas:
2 2
a) z = 1; z = 5 − x; x + y = 9

x2 y 2
b) z = 1; z = 6; + =1
4 9
2 2 2 2
c) z = 5 x + 5 y ; z = 6 − 7 x − y
172   Cálculo III

Resoluções:

a)

b) Videoexemplo

z = 5x2 + 5 y 2 ; z = 6 − 7 x2 − y 2
⇒ 5x2 + 5 y 2 < z < 6 − 7 x2 − y 2 ; 5x2 + 5 y 2 = 6 − 7 x2 − y 2

 y = 1− 2x
2
1 1
2 2
⇒ 2x + y = 1 ⇒  ⇒− <x<
 y = − 1− 2x
 2 2 2
c) 1
2 2
2 1− 2 x 2 6 − 7 x − y
V = ∫∫∫ dV = ∫ ∫ ∫ dzdydx
G 1 − 1− 2 x 2 5 x 2 + 5 y 2

2
1 1
1− 2 x 2
2 2

∫ ( 6 − 12 x − 6 y 2 ) dydx = ∫ (1 − 2 x )
3


2 2
= 2
dx =
1 − 1− 2 x 2 1 2
− −
2 2
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    173

Recapitulando

Neste capítulo, vimos a definição de uma integral tripla, bem


como as propriedades que asseguram a linearidade desse
novo objeto matemático. Vimos o cálculo efetivo de integrais
triplas em caixas retangulares, bem como em regiões mais ge-
rais. Por fim, obtemos uma novo processo para a obtenção da
intensidade do volume de sólidos definidos por funções con-
tínuas.

Referências

ANTON, Howard. Cálculo, um novo horizonte. v.1, 6.ed.


Porto Alegre: Bookman, 2000.

______. Cálculo, um novo horizonte. v. 2. 6.ed. Porto Ale-


gre: Bookman, 2000.

STEWART, J. Cálculo. v. I. São Paulo: Thomson, 2002.

Plataforma de simulações da Universidade do Colorado:


http://phet.colorado.edu/pt_ BR/

Plataforma Maplesoft: http://www.maplesoft.com/index.aspx

Atividades

1) Calcule as integrais triplas abaixo:


174   Cálculo III

1 2 1

∫ ∫ ∫(x + y 2 + z 2 ) dxdydz
2
a)
−1 0 0

2
2 y z

b) ∫ ∫ ∫ yz dxdzdy
0 −1 −1

3 9− z 2 x

c) ∫ ∫ ∫ xy
0 0 0
dydxdz

2 2
2 4 − x 2 3− x − y

d) ∫ ∫ ∫ x dzdydx
0 0 −5 + x 2 + y 2

e) ∫∫∫ xy sin ( yz ) dV , onde G é a caixa retangular definida


G
π
pelas desigualdades 0 ≤ x ≤ π ; 0 ≤ y ≤ 1; 0 ≤ z ≤ .
6

f) ∫∫∫ xyz dV , onde G é o sólido do primeiro octante li-


G
mitado pelo cilindro parabólico z = 2 − x 2 e os planos
z = 0; y = x; y = 0.
2) Calcule o volume sólido utilizando integrais triplas:

a) O sólido do primeiro octante limitado pelos planos


coordenados e o plano 3 x + 6 y + 4 z = 12.

b) O sólido limitado pela superfície y = x 2 e os planos


y + z = 4; z = 0.
Capítulo 10    Integrais Triplas e suas Aplicações    175

Gabarito
1)
a) 8

b) 47
3

c) 81
5

d)
128
15

e)
π 2 − 3π
2

f) 1
6

2)
a) 4

b) 256
15

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