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Batista, MMA. Paisagem Nordestina No Cine
Batista, MMA. Paisagem Nordestina No Cine
Resumo
Introdução
O presente artigo tem como tema as relações entre a paisagem nordestina e os ciclos
pelos quais passou o cinema nacional. Dentro dessa análise, passaremos por filmes dos
principais ciclos do cinema brasileiro começando pelos ciclos regionais da década de 203,
destacando como recorte o Ciclo do Recife. Em seguida comentaremos o ciclo das grandes
companhias privadas, representadas pela Atlântida e Vera Cruz na década 50; avançaremos
para abordar o cinema moderno, por meio do Ciclo do Cinema Novo, durante a década de
60; posteriormente, versaremos sobre a paisagem nos filmes do Ciclo da Embrafilme,
dentro do modelo de financiamento estatal que se distendeu nos anos 70 a 90; e, por fim, o
Ciclo da Retomada, que desembocou no cinema contemporâneo, com as produções mais
recentes.
1
Trabalho apresentado no GP Cinema do XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do
XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2
Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Estudos da Mídia – PPGEM da UFRN, email:
mmabmanoelmeirelles@gmail.com
3
Fernão Ramos separa o Cinema Paulistano e o Cinema Carioca, diferenciando-os dos Ciclos Regionais de Minas Gerais,
do Norte, do Nordeste e Sul-Sudeste, durante as décadas de 1910 a 1930, no Livro História do Cinema Brasileiro, 1987.
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Geografia4, sendo esse um dos elementos básicos utilizados para pesquisar as relações
sócio-espaciais e, em razão do aprofundamento desse estudo científico, os conceitos de
paisagem em Geografia tem sido usados como referencial teórico por outros ramos das
ciências humanas como sociologia, antropologia, história, comunicação, urbanismo,
arquitetura, paisagismo; tendo, portanto, íntima relação com formulações estéticas e
artísticas.
A origem do etimológica do termo paisagem remete ao período do Renascimento no
século XVI. A esse respeito Vicente P. Silva faz alusão a Roger Brunet para afirmar que:
“a palavra paisagem, no seu sentido etimológico, é aquilo que se vê
do país, o que pode ser compreendido como o que se tem ao alcance da
vista; aproxima-se da palavra italiana paesaggio, que surge na pintura
durante o Renascimento. Essa se refere ao que o olho abarca, ou capta, num
único golpe de vista, o campo do olhar” (SILVA, Vicente, p. 201, 2007).
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A esse respeito Corrêa e Rosendhal (2009, p. 09) esclarecem: A partir da renovação da geografia cultural, na qual
"significado" passou a constituir-se em "palavra-chave", cinema, música, literatura, pintura e outras artes tornaram-se
relevantes para os geógrafos, agora dotados de outras bases epistemológicas, teóricas e metodológicas que lhes permitem
interpretar as representações construídas pelos outros”.
7
Ver COSGROVE, Denis. In: SILVA, Vicente. Paisagem: concepções, aspectos morfológicos e significados. Uberlândia:
Revista Sociedade & Natureza, 19 (1), p. 210, jun. 2007.
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representações coletivas e estereotipadas sobre os lugares, pois cada filme enfatiza sempre
um determinado ‘olhar’ sobre o espaço”8.
Usando essas referencias, será feito um exame da paisagem nordestina no cinema
brasileiro (por meio do aprofundamento sucessivo dos seus elementos naturais, humanos,
subjetivos e simbólicos) visando relacioná-la aos ciclos do cinema nacional e ao contexto
de produção de seus filmes.
8 Ver AZEVEDO, Ana Francisca. Geografia e cinema. In: CORRÊA, Roberto Lobato e ROSENDHAL, Zeny (Org.). Cinema, Música e
Espaço, 2009, p. 99.
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filmes como O Cangaceiro,9 de Lima Barreto, lançado 1953, pela Vera Cruz, companhia de
filmes que buscava recriar o modelo de produção hollywoodiano no Brasil, tendo como
principal slogan “produção brasileira de padrão internacional”.
Quanto à crítica o filme é bastante elogiado em relação à forma e técnicas empregadas,
dadas as dificuldades da época. Mas, em contrapartida, há avaliações negativas em relação
ao seu conteúdo, as quais também podem ser analisadas a partir da estruturação da
paisagem cinematográfica.
Os aspectos naturais da paisagem revelam um Nordeste imaginado a partir do ponto de
vista de São Paulo, tanto que o filme foi rodado na cidade Vargem Grande do Sul, no
interior desse estado. Já na cena inicial apesar da fotografia de alto padrão, do inglês Chick
Fowle, é apresentado um céu bastante nublado que transporta o espectador pra longe da
paisagem sertaneja. Em outro momento, imagens de uma vegetação cerrada cada vez mais
densa e elevada também desmentem o pretenso realismo do filme, chegando ao ponto de
aparecer um índio trafegando semi-nú com um colar de dentes de onça em sua canoa para
encontrar os personagens do cangaço.
Em relação aos elementos da paisagem humana aparecem figuras típicas recortadas a
partir de referências construídas nos romances regionalistas da década de 3010, como o
padre ou beato, o sanfoneiro, danças de roda e um papagaio, mas esses elementos não tem
grande influência no desenrolar da narrativa, sendo usadas apenas como recursos
decorativos que ilustram a paisagem rural nordestina. Carregado de estereótipos, o filme
praticamente se limita a trazer os elementos indispensáveis para conseguir coesão lógica de
que a história se passa no ambiente do sertão. Glauber Rocha, foi uma das vozes que trouxe
críticas, desabonando o filme de Lima Barreto:
“Lima Barreto nada mais fez do que repetir um daqueles épicos
mexicanos nos planaltos paulistas vestidos de nordeste: e conservou o
espírito melodramático, o pitoresco fácil, a chantagem dos grandes planos
armados, numa montagem de choque, que aproveitava efeitos do velho
Cinema russo e outros mais imediatos do Cinema americano”. (ROCHA,
2003, p. 91 )
9
O filme de Lima Barreto é considerado o maior êxito da companhia Vera Cruz, tendo alcançado duas Palmas de Ouro no
festival de Cannes (de melhor canção e melhor filme de aventura) e distribuído para 84 países pela Columbia Pictures,
sendo considerado um modelo de filme industrial nacional bem sucedido.
10
Dentre os autores e romancistas da década de 30 que ajudaram a construir esse imaginário destacamos as oras: “O
Quinze” de Rachel de Queiroz, (CE); “São Bernardo”e “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, (AL); “Bangüê”, de José Lins
do Rego, (PB); “Mar Morto” e “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, (BA); “Casa-grande e Senzala”, de Gilberto Freyre
(PE).
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Além disso, a composição espacial das paisagens é feita de forma cartesiana, sendo
notada na fotografia geométrica que busca ângulos perfeitos e harmônicos. Essa tentativa de
controle absoluto da espaço - corolário da influência dominante do cinema clássico
americano - acaba criando uma atmosfera de artificialidade com rigidez excessiva e objetos
quase estáticos. Um exemplo disso é que mal se vê poeira no filme (falta mais poeira saindo
do chão nas danças de xaxado e nas cenas à cavalo), há carência de espontaneidade,
realismo e abertura maior ao acaso. Outro aspecto da paisagem que distoa é o uso excessivo
de cenas a cavalo, mas tal situação não passou despercebida por críticos como Adriano
Sousa:
“Como explicar os cangaceiros-centauros de Lima Barreto, quando
se sabe que os deslocamentos a pé eram característica vital do cangaço por
razões que incluem desde a origem sócio econômica dos cangaceiros até as
necessidades táticas impostas pelas peculiaridades do relevo e das
vegetações dos sertões? Os cangaceiros a cavalo equivalem a cowboys a pé
no western que serviu de modelo a Lima Barreto. (SOUSA, Adriano, 2009,
p 106)”
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É nessa época que surgem os filmes Os Fuzis, de Ruy Guerra (1964), Deus e o Diabo na
Terra do Sol, de Glauber Rocha (1964) e Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos (1963),
que compõem a chamada trilogia do sertão, considerado por muitos, a exemplo Ismail
Xavier (2001, p. 28), momento de auge do Cinema Novo. Em Deus e o Diabo na Terra do
Sol, a modernidade é percebida no uso de diversas influências cinematográficas e
artísticas11 para construir um universo atemporal, usando alegorias e imagens que tendem
ao mítico para caracterizar os personagens e os espaços que habitam. Ao mesmo tempo,
todo esse conglomerado de influências é envolto e amarrado pela linha popular da literatura
de cordel e repentista, a qual é fortemente sentida nas cenas em que cego cantador assume a
função de narrador ao cantarolar a trajetória de vida dos participantes da história.
Seguindo este diapasão, as paisagens construídas nesse filme dispõe de várias camadas
que se entrelaçam e vão do mítico ao real proporcionando a multiplicidade e simultaneidade
de visões sobre um mesmo objeto, em um processo de apreensão semelhante ao da pintura
cubista. A esse respeito, Pedro Pereira explica que:
“No processo de dramatização de determinados momentos
históricos do país, o filme reinventa a realidade, urdindo tempo, espaço,
biografia e geografia, sempre em novas configurações imaginativas, e
possibilitando visão alternativa dos personagens e dos episódios. Narrando
uma história do Brasil, a película não se contenta em apresentar o real, ou
identificar ‘personagens reais’; antes, prefere (re)criá-los alegoricamente.”
(PEREIRA, Pedro, p. 25, 2008)
Os elementos da paisagem natural são trazidos por Glauber Rocha de forma ampla,
com uso de muitos planos abertos, os quais enfatizam a dimensão vasta do sertão. Ele cria
a sensação de uma paisagem que parece infinita e intransponível, uma fardo pesado, na
medida em que a natureza se impõe ao homem rural de forma rústica, tornando-o pequeno
diante dessa força maior. Para reforçar essa sensação, usa como recurso -o qual demonstra a
11
“Deus e o Diabo instaura um novo paradoxo estético ao conjugar várias influências, começando pela tragédia grega (o
cego Júlio é o fio condutor), passando pelo western (a exploração dos grandes espaços) e por Luis Buñuel (o assassinato
de Sebastião), até chegar a Sergei Eisenstein (a matança dos beatos é influenciada pela escadaria de Odessa de O
Encouraçado Potenkin) e Akira Kurosawa (os rodopios dissonantes de Corisco, entre outros).”(SETARO, Andre, 2010, p.
79)
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Por outro lado, essa complexificação das camadas de significação em níveis cada
vez mais densas torna o conteúdo –bem como as paisagens- nos filmes do Cinema Novo
muito herméticos. Tal fato já aponta uma contradição no movimento cinemanovista
representada pelo descompasso entre a intenção de aproximar-se da cultura popular e o uso
de uma estética vanguardista pouco acessível às grande massas. Além disso, as contradições
inerentes ao Cinema Novo vão se ampliar a partir de 64 com o golpe militar, momento em
que, os militares reagem por meio de censura e dura repressão, especialmente a partir de 68,
com o AI-5, gerando a prisão e exílio de vários cineastas, dentre eles Glauber Rocha (entre
71 e 76). Isso coloca esses artistas em outra perspectiva em relação ao ideal revolucionário
e suas utopias, pois essa nova realidade, vai trazer modificações nas temáticas – e
consequentemente nas paisagens - de seus filmes que gradualmente passam a se afastar da
elemento popular regional para chegar em temas mais próximos da classe média, visando
maior alcance de público. A esse respeito Malafaia Wolney faz interessante reflexão:
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colocam em prática seus interesses em disputar o mercado interno de produtos culturais que
era amplamente dominado por empresas e estúdios estrangeiros. Nesse período muitos
cineastas, inclusive os do Cinema Novo, passam a ter uma posição dúbia ora criticando, ora
sendo coniventes com o regime militar. A partir desse contexto foram desenvolvidas
políticas de cotas para exibição filmes nacionais e foi criada a Embrafilme (Empresa
Brasileira de Filmes S/A), empresa estatal que se encarregou da produção distribuição
cinematográfica em todo território nacional. As produções dessa empresa estatal envolviam
filmes com temáticas populares, abordados por meio de uma linguagem simples, usando
diretores de prestígio, preferencialmente internacional, e atores que já tinham aproximação
com o público devido a participação na televisão. Foi uma abordagem que permitiu a
aproximação entre os diretores cinema autoral e o grande público.
Entre o surgimento da Embrafilme em 1969 e seu fechamento em 1990 foram
alcançadas muitas das maiores bilheterias nacionais. Um filme que se tornou símbolo desse
novo ciclo de produção foi Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto (1976),
sendo o segundo filme com maior público na história do cinema nacional, ultrapassado
apenas por Tropa de Elite 2, de José Padilha, em 2010. A respeito da produção de Dona
Flor e seus Dois Maridos, Malafaia Wolney afirma:
“O filme seguiu o modelo de sucesso já proposto anteriormente:
elenco televisivo, roteiro conhecido, trilha sonora de qualidade, técnica
aperfeiçoada e sexo, muito sexo. Obviamente, para esse sucesso contribuiu,
e muito, o fato de a atriz Sonia Braga protagonizá-lo.(...) A identificação do
público com a história e com suas personagens foi total.” (WOLNEY,
Malafaia, 2012, p. 150)
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Há autores que apontam a dificuldade em estabelecer um marco inicial para o cinema contemporâneo nacional: “Como
estabelecer um marco para o início do cinema brasileiro contemporâneo? A opção mais adotada tem sido datá-la a partir
de uma espécie de grau zero, que encerra um ciclo e não vai a parte alguma, pelo menos no início: o desmanche operado
no início do governo de Fernando Collor (1990-1992) [...]”(ORICCHIO, 2008, p. 139)
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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo:
Cortez, 2011.
AZEVEDO, Ana Francisca. Geografia e cinema. In: CORRÊA, Roberto Lobato e ROSENDHAL,
Zeny (Org.). Cinema, Música e Espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009.
PEREIRA, Pedro. O Sertão Dilacerado. São Paulo: Lua Nova, 74: p.11-34, 2008
RAMOS, Fernão. História do Cinema Brasilero. São Paulo: Art Editora, 1987.
ROCHA, Glauber. Revisão Crítica do Cinema Nacional. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
SOUSA, Adriano. Os cavalos de Lima Barreto (O cangaceiro). In: SILVA, Marcos e CHAVES,
Bené (Org.). Cenas brasileiras: o cinema em perspectiva multidisciplinar. Natal: EDUFRN, 2009
XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Paz e Terra, 2001. (2.ed. São Paulo:
Paz e Terra, 2004.
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