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Anais da XVIII Jornada de Iniciação Científica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Distribuição das veias testiculares em caprinos recém-natos da Raça Saanen


Magno dos Santos Roza1; Natália do Carmo Passos2; Marina Aparecida Lima2;
Paulo Oldemar Scherer3 & Marcelo Abidu Figueiredo3

1. Discente de Graduação em Zootecnia e monitor da área de Anatomia Animal/UFRRJ; 2. Discentes de Graduação em


Zootecnia e estagiários da área de Anatomia Animal/UFRRJ; 3. Docentes da área de Anatomia Animal/UFRRJ.

Palavras-chave: vascularização, gônada, pequeno ruminante.

Introdução
O conhecimento do desenvolvimento embrionário do testículo, e suas artérias e veias, fornece a base para
compreensão das variações anatômicas que são encontradas nessas estruturas. As veias testiculares são
responsáveis pelo retorno venoso do sangue dos testículos. Variações nas veias testiculares podem
influenciar o fluxo sanguíneo, termorregulação e espermatogênese no testículo tendo como resultado o
surgimento de algumas patologias como Varicocele, a qual é considerada como causa de infertilidade
(NARAYAN ET AL 1981, GAT ET AL 2004). Anatomicamente, as veias testiculares se originam do plexo
pampiniforme que é formado pela união das pequenas veias do testículo e epidídimo. O plexo pampiniforme
circunda a artéria testicular e segue cranialmente, formando dois ou três troncos venosos ao nível do anel
inguinal profundo. Nos animais mamíferos domésticos a veia testicular direita geralmente drena para a veia
cava caudal enquanto que a veia testicular esquerda drena para veia renal esquerda (SCHWARZE 1970,
NICKEL 1979, GETTY 1981, DYCE 1997). No entanto, o número, curso e local de drenagem das veias
testiculares são, por vezes, motivos de muita controvérsia. Estas variações anatômicas das veias
testiculares são ocasionalmente encontradas em estudos radiológicos e de rotina na dissecação da região
abdominal. Entretanto, ao consultar a literatura, em particular os textos de anatomia, verifica-se que as
informações referentes às veias testiculares em caprinos são escassas. O objetivo desta pesquisa é
fornecer o conhecimento detalhado da anatomia, que seja útil para a compreensão da condição clínica e as
várias situações patológicas relacionadas com as veias testiculares.

Material e Métodos
Vinte caprinos machos recém-natos da raça Saanem, provenientes de propriedades leiteiras localizadas no
Estado do Rio de Janeiro vieram a óbito por causas naturais e foram doados a Área de Anatomia Animal do
Instituto de Biologia da UFRRJ. Inicialmente foi feita a identificação, pesagem e a mensuração dos animais
tomando como referência a distância compreendida entre o plano nasal e a inserção da cauda
(comprimento rostro-sacral). A fixação dos cadáveres foi feita com solução de formol a 10%, injetando-se
volume variável (em função do peso do cadáver) da solução na artéria carótida comum. Após a injeção, os
animais foram acondicionados em cubas contendo a mesma solução por 07 dias. Após esse período os
animais foram lavados e através de laparotomia mediana os vasos testiculares e renais dissecados. Foram
observados os seguintes parâmetros: 1) o local de drenagem (2) a esqueletopia. Vinte caprinos machos
recém-natos da raça Saanem, provenientes de propriedades leiteiras localizadas no Estado do Rio de
Janeiro vieram a óbito por causas naturais e foram doados a Área de Anatomia Animal do Instituto de
Biologia da UFRRJ. Inicialmente foi feita a identificação, pesagem e a mensuração dos animais tomando
como referência a distância compreendida entre o plano nasal e a inserção da cauda (comprimento rostro-
sacral). A fixação dos cadáveres foi feita com solução de formol a 10 %, injetando-se volume variável (em
função do peso do cadáver) da solução na artéria carótida comum. Após a injeção, os animais foram
acondicionados em cubas contendo a mesma solução por 07 dias. Após esse período os animais foram
lavados e através de laparotomia mediana os vasos testiculares e renais dissecados. Foram observados os
seguintes parâmetros: 1) o local de drenagem (2) a esqueletopia. A veia testicular direita teve como local de
drenagem a veia cava caudal em 100% dos casos, corroborando com as descrições em outros mamíferos
(SCHWARZE 1970, NICKEL 1979 E GETTY 1981). Ainda em relação à veia renal direita observou se a
seguinte esqueletopia: 01 animal (5%) entre L4-L5, 09 (45%) em L5, 07 (35%) entre L5-L6 e em 03 animais
(15%) em L6.De acordo com NICKEL (1979), a veia testicular no cão pode drenar para a veia cava caudal
ou para a veia renal direita, enquanto que nos eqüinos pode drenar para o ângulo formado entre a veia cava
caudal e a veia renal direita. A veia testicular esquerda teve como local de drenagem a veia cava caudal em
11 (55%) animais e em 09 (45%) a veia ilíaca comum esquerda, sendo observada a seguinte esqueletopia:
01 animal (5%) em L5, 06 (30%) entre L5-L6, 08 (40%) em L6, 03 (15%) entre L6-S1 e em 02 (10%) animais
em S1. A maioria das informações referentes à drenagem da veia testicular esquerda se refere à veia renal
esquerda (SCHWARZE 1970, NICKEL 1979, GETTY 1981, E FAVORITO ET AL 2006). Apenas NICKEL
(1979) comenta que a veia testicular esquerda pode drenar para a veia ilíaca comum esquerda. Variações
no local de drenagem das veias testiculares apresentam importância fundamental nas nefrectomias totais e
no aparecimento da varicocele, pois tal patologia é caracterizada pelo aumento da pressão intravenosa e

CD-ROM, 2008. ISSN 1809-1342


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dilatação do plexo pampiniforme em decorrência da formação de uma coluna líquida entre as Veias
Testicular e Renal, quando há anastomose entre estes vasos (FAVORITO ET AL 2006).

Conclusões
Não houve variação no local de drenagem da veia testicular direita, enquanto que na veia testicular
esquerda houve prevalência da veia cava caudal como local de drenagem. O conhecimento das variações
no sistema vascular possui grande importância nos procedimentos clínicos, cirúrgicos e experimentais,
evitando dessa forma possíveis erros e complicações pós operatórias.

Referências Bibliográficas
1 .DYCE, K. M.; SACK, W. O. & WENSING, C. G. Tratado de Anatomia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 1997.

2. FAVORITO, L. A.; COSTA, WALDEMAR S; SAMPAIO, FRANCISCO JB . Applied anatomic study of


testicular veins in adult cadavers and in human fetuses. International Braz J Urol, v. 33, p. 176-180, 2007.

3. GAT Y, BACHAR GN, ZUKERMAN Z, GORNISH M (2004) Varicocele: a bilateral disease. Fertile Steril
81:424–429.

4.GETTY R. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1981.

5. NARAYAN P, AMPLATZ K, GONZALEZ R (1981) Varicocele and male subfertility. Fertil Steril 36:92–97.

6. NICKEL, R.; SCHUMMER, A. & SEIFERLE, E. The viscera of domestic mammals. 2. ed. Berlin, Verlag
Paul Parey, 1979.

7. SCHWARZE, E. Compendio de Anatomia Veterinária. 3. ed. Zaragoza, Acribia, 1970.

CD-ROM, 2008. ISSN 1809-1342

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